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1 Disciplina: Gestão estratégica, Flexibilização e Transformação Organizacional no Setor Público Autores: D.ra Jezuína Kohls Schwanz Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Jezuína Kohls Schwanz Gestão Estratégica, Flexibilização e Transformação Organizacional no Setor Público 1ª Edição 2017 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA SCHWANZ, Jezuína Kohls. Gestão Estratégica, Flexibilização e Transformação Organizacional no Setor Público / Jezuína Kohls Schwanz – Curitiba, 2017. 56 p. Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Gestão Estratégica, Flexibilização e Transformação Organizacional no Setor Público – Faculdade São Braz (FSB), 2017. ISBN: 978-85-5475-040-4 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da Disciplina A gestão do setor público no país no início do século XXI passou por uma crise de paradigmas. Questões mais ortodoxas da área de gestão foram dando espaço a novas formas de se fazer gestão. Dentro dos diversos temas que abrangem as Políticas Públicas, a gestão com foco no setor público tem sido bastante explorada por profissionais e pesquisadores da área, a fim de que esse setor tenha a mesma eficiência que o setor privado vem alcançando. A disciplina passará pela natureza do setor público, as demandas enfrentadas e suas configurações, abordando as diferentes modalidades de gestão. Serão apresentadas também os objetivos do setor público, sua estrutura organizacional, focando a gestão nas organizações públicas, teorias, tecnologias gerenciais e transformação organizacional. Entrará no planejamento com foco orientado ao cidadão, sendo o planejamento estratégico e seus desdobramentos. Por último serão abordadas as dimensões gerenciais e democráticas, assim, entrando em detalhes no Balanced Score Card, sistema que mede o desempenho das empresas e organizações em todas as suas esferas. Ao final das quatro aulas você será capaz de entender as principais tendências relacionadas à Gestão Estratégica no Setor Público a fim de colaborar para o crescimento e eficácia do mesmo, seja no Brasil ou fora dele. Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 6 AULA 1 – NATUREZA DO SETOR PÚBLICO: CULTURA ORGANIZACIONAL Apresentação da Aula 01 Na aula será abordado sobre a natureza do setor público com ênfase no cenário brasileiro. Diante das novas demandas enfrentadas pelo setor público torna- se importante o conhecimento a fundo do setor público em suas novas configurações. Também serão abordadas diferentes modalidades de gestão nas organizações públicas: teorias, técnicas de gerenciamento e de transformação organizacional. 1.1 Contextualizando O Setor Público (SP) caracteriza-se por ser um complexo sistema que depende de uma cultura organizacional eficiente para que sua engrenagem funcione da maneira desejada. Fonte: http://www.macroplan.com.br/Artigo_Item.aspx?Id=39 Para contextualizar o setor público é necessário que se conheça as raízes históricas do termo. A princípio os ramos de direito eram divididos em dois setores: O Setor Público e o Setor Privado. A partir da década de 1990 foi acrescido a esse um Terceiro Setor. O foco da aula é o Setor Público, mas para entendê-lo precisa-se entender os outros dois setores, semelhanças e diferenças. Conforme o Código Civil de 2002, as pessoas jurídicas são divididas em: 7 Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias. Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: Estados Estrangeiros. Pessoas Jurídicas de Direito Privado: Associações, Fundações, Sociedades, Partidos Políticos, entre outras. Essas divisões jurídicas são importantes para conhecer as particularidades de cada setor. O Primeiro Setor ou Setor Público pode ser considerado o próprio Estado, entendendo ele como o ente com personalidade jurídica de direito público. Sendo este designado das funções públicas consideradas essenciais e que não podem, em hipótese alguma, ser delegadas ao privado. São elas: A justiça; A segurança pública; A fiscalização pública; As políticas públicas, entre outras. Nesse sentido a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 2º esclarece que: “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. E complementa explicando que cada um deles possui uma função típica. O Poder Legislativo é o que elabora as leis que regulam o estado. O Poder Judiciário é o que possui a prerrogativa e capacidade de julgar de acordo com as regras constitucionais e leis que o Poder Legislativo elabora. O foco desta aula será no Poder Executivo, o qual fica incumbido da Administração Pública, bem como da prestação de serviços públicos que visam às necessidades coletivas e se dá através da arrecadação de tributos. Em outras palavras, são as atividades desenvolvidas pelo Estado, quando ligadas à prestação de serviços públicos, são realizadas sem fins lucrativos. Quanto a sua organização, o Setor Público poderá desenvolver suas atividades de maneira direta ou indireta. 8 A Administração Direta corresponde aos órgãos ligados à estrutura das pessoas federativas que exercem atividade administrativa de forma centralizada, podendo integrar o Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. A Administração Indireta corresponde às pessoas jurídicas criadas pelos entes federados e que vinculam-se às Administrações Diretas, que tem como objetivo exercer a função administração de forma descentralizada. Como exemplo desse tipo de administração tem as empresas públicas, as autarquias, as sociedades de economia mista e as Fundações Públicas. Principais funções do setor público: Fiscalizar, estabelecer e cobrar impostos; Regular a atividade econômica mediante leis específicas; Provedorade bens e serviços; Estabilizadora; Redistributiva (distribuição de renda e riqueza entre os sujeitos). 1.2 Diferenças entre Setor Público e Setor Privado Para que possa entender melhor o que distingue o Setor Público do Setor Privado precisa estar atento as características com relação à administração e gestão de bens, bem como aos processos relacionados a iniciativa privada e a pública. Com relação à administração, na iniciativa privada se tem o cuidado pelo interesse de um determinado grupo que tem como objetivo principal o lucro. Já o Setor Público visa o bem-estar social, atender o cidadão, ou ao menos deveria. Dito isso, as diferenças entre os dois setores que tem como ponto em comum a mesma sociedade partem de princípios diferentes e possuem finalidades distintas. Nesse sentido, o Setor Público tem primazia em relação ao setor privado no que diz respeito ao bem-estar coletivo, sendo este necessário ao bom funcionamento da sociedade. 9 SETOR PÚBLICO SETOR PRIVADO Interesse social, a coletividade Interesse de um determinado grupo ou indivíduo Dinheiro público Dinheiro da iniciativa privada Objetivo principal o bem-estar social Objetivo principal o lucro Fins sociais Fins lucrativos Diferentes relações de emprego e trabalho - concurso público Diferentes relações de emprego e trabalho - contratação/processo seletivo Fonte: Elaborado pelo autor (2017) Conforme a tabela, as diferenças entre o Setor 1 e 2 são bem marcadas, em algumas áreas mais que nas outras. Conforme Mello (2011, s/p.): Exemplificando a esfera pública, a cobrança de impostos é uma atividade operacional imperativa do Estado, não sendo passível ser realizada pela esfera privada, como também, diversas taxas de serviços essenciais que, mesmo estando nas mãos da iniciativa privada, necessita da regulação governamental. Nesse sentido, os impostos são diretamente geridos pelos entes governamentais e as taxas podem ser administradas por empresas ou organizações privadas, através de concessões, permissões, autorizações. O mesmo autor aponta ainda para uma questão crucial entre as duas esferas que está relacionado ao emprego e ao trabalho. Seja na forma de ingresso, no tipo de gestão de pessoas, no processo de desligamento de cargos e funções. Sem deixar de mencionar também os planos de previdência social, questões salariais e o vínculo empregatício. No setor público a forma de contratação se dá (na maioria das vezes) por concurso público. Uma vez concursado esse funcionário passa a ter certas “regalias” que divergem bastante do setor privado. Uma delas é a estabilidade no emprego. Para Mello (2011, s/p.): No processo de administração e gestão de pessoal, como as garantias de direitos sociais são similares entre setores públicos e privadas: garantia do salário mínimo, isonomia salarial para cargos semelhantes, direito previdenciário, décimo terceiro salário, férias, padrão de horas trabalhadas, horas-extras, proteção contra despedida arbitrária, entre inúmeros outros direitos. 10 O tipo de gestão organizacional nesses dois setores são basicamente diferentes. O setor público tende a ser mais burocratizado e com uma estrutura menos flexível, causando entraves no que tange a gestão de pessoas. Pois possui um regime próprio de funcionalismo público e previdência. Já no setor privado “[...] as relações de trabalho são determinadas pela CLT (Lei de Consolidação das Leis do Trabalho) e regime geral de previdência” (MELLO, 2011, s/p.). Deve-se enfatizar que a gestão pública visa o interesse da coletividade nas suas prestações de serviço. Com relação aos recursos públicos, devem ser empregados buscando a economia e a eficiência das atividades. A produção do setor público é destinada a cumprir a função social do Estado, seja na oferta de programas ou na execução de projetos. Portanto, o bem-estar social é o principal objetivo desse setor. Importante O setor público é o campo da economia que tem como principal protagonista o estado. Apresenta-se em oposição ao setor privado, em que o segmento empresarial configura-se como motor dessa economia. Nesse sentido, o setor público tem uma dimensão política e social que o distingue do setor privado. Tendo no estado o seu bem feitor, o setor público regulamenta as leis, bem como os sistemas organizacionais que atingem a saúde, educação e a segurança social. 1.3 Definindo conceitos: organizações e cultura organizacional A fim de que possa conhecer um pouco mais sobre o setor público e a cultura organizacional, serão abordadas as definições de organizações, cultura e cultura organizacional. Essa base teórica servirá para que se tenha mais segurança na abordagem dos conteúdos das próximas aulas. 11 1.3.1 O que são Organizações? As últimas décadas têm suscitado constantes reflexões acerca da teoria organizacional voltada para o setor público. Autores conceituados na área têm demonstrado em suas pesquisas a importância de se compreender conceitos, princípios e modelos de gestão já existente, suas falhas e êxitos. Criando assim novos paradigmas para esse setor que, na maioria das vezes, tem se mostrado ineficiente. Toda organização insere-se em um espaço cultural e social determinado, sendo esses espaços que determinam o modo de administração dessa organização. Sendo assim, há uma troca de informações entre essa organização e o meio, por isso o contexto cultural na qual está inserida é muito importante para entender como elas se estruturam. Pode-se comparar a organização a uma máquina que depende do local em que está inserida, mas principalmente de pessoas para atingir seus objetivos e metas. De acordo com Morgan (1996, p. 35) são realidades sociais construídas de forma compartilhada, e ainda: [...] a estrutura organizacional, regras, políticas, objetivos, missões, descrições de cargos e procedimentos operacionais padronizados desempenham uma função interpretativa [...] atuam como pontos primários de referência para o modo pelo qual as pessoas pensam e dão sentido aos contextos nos quais trabalham. Os sujeitos que fazem a organização, ou seja, seus funcionários e gestores em diferentes setores, podem contribuir para o crescimento ou para o fracasso da mesma. A troca de saberes que se estabelece no ambiente organizacional, seus valores, hábitos e crenças, contribuem para a formação de uma cultura organizacional própria. Para Smircich (1993), a organização caracteriza-se por ser um organismo adaptável que está em constante troca com o ambiente e com os sujeitos que a compõe. Podendo ser considerada como um sistema de produção e troca de conhecimentos. Se a organização troca informação e cultura com o meio, nada mais óbvio que utilizar o termo cultura para caracterizar essas organizações. “Mas afinal, o que é cultura?” 12 A palavra cultura é conhecida pela sua diversidade de significados. Nesse sentido, fica difícil estabelecer um único conceito. Sua origem é latina, bastante difundida entre os romanos, tinha o sentido de cultivo e estava ligada ao cultivo da terra para o plantio. A palavra cultura é aqui entendida como um conjunto de fazer humano, o modo com que age e interage com o meio a sua volta, pode-se então compreender a cultura como toda e qualquer expressão coletiva do homem dentro de um determinado contexto social. Para Hall (1978, p. 80): (...) a cultura possui três características: ela não é inata, e sim aprendida; suas distintas facetas estão inter-relacionadas; ela é compartilhada e de fato determina os limites dos distintos grupos. A cultura é o meio de comunicação do homem. Pode-se aqui destacar alguns elementos fundamentais que compõem a cultura, como: O conhecimento - adquirido, acumulado e transmitido através das gerações. Crenças e valores - Ligados ou nãoa fé religiosa, tem a ver com o modo de agir e de se relacionar com o outro, a partir de valores adquiridos socialmente ou pela religião. Costumes e tradições - padrões de conduta adquiridos socialmente e que ganham valor para serem passados de pai para filho, perpetuando os saberes de uma comunidade, estado ou país. Pode-se também citar as normas, usos, leis, hábitos, símbolos e personagens que fazem parte do imaginário social. Logo, a cultura é o resultado das ações humanas sobre o meio, como ele interpreta e se comunica com o mundo a sua volta, seja através da dança, da linguagem, de sua alimentação ou de seus comportamentos. Trazendo o conceito de cultura para as organizações se tem: [...] a cultura é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos expresso em elementos simbólicos, que em sua capacidade 13 de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto age como elemento de comunicação e consenso, como oculta e instrumentaliza as relações de dominação (FLEURY E FISCHER 1989, p.117). 1.3.2 Cultura organizacional Fonte: http://laticsufcg.blogspot.com.br/2016/03/desafios-para-implantacao-de-uma- gestao.html A utilização do conceito de cultura organizacional é relativamente recente na historiografia Brasileira. Na década de 1960, no inglês, tinha o sinônimo de clima. Já na década de 1970, do século XX, tem o surgimento “cultura corporativa”, que hoje seria o equivalente a cultura organizacional. A partir daí, o termo cultura organizacional passou a ter diferentes significados, como o próprio conceito de cultura. Autores como Morgan (1996), Carbone (1991; 2000) e Mintzberg (2000), afirmam que a cultura organizacional é a base de toda e qualquer organização. Os valores, hábitos e tradições construídos e trazidos pelos sujeitos é que definem o que fazer organizacional. Importante 14 Por mais que inúmeros autores critiquem a utilização da expressão “cultura organizacional”, não se pode ignorar que ela tem o seu valor e sentido na vida das organizações, as quais, nada mais são, que sociedades formalmente constituídas por pessoas. Dito isso a cultura de uma organização é a soma desses valores, e isso a faz diferente de outras organizações. A cultura organizacional é um conceito essencial à construção das estruturas organizacionais. Percebe-se, então, que a cultura de uma organização será um conjunto de características que a diferencia em relação a qualquer outra. A cultura assume o papel de legitimadora do sistema de valores, expressos através de rituais, mitos, hábitos e crenças comuns aos membros de uma organização, que assim produzem normas de comportamento genericamente aceitas por todos (PIRES & MACEDO, 2006, p.88). Segundo alguns autores, a cultura vem de fatores diferentes, como: • Regularidades observadas no comportamento (Goffman, Van Maanen); • Normas envolvendo grupos de trabalho (Homans); • Valores dominantes numa organização (Deal e Kennedy); • A filosofia que guia as políticas da organização (Ouchi, Pascale e Athos). A Cultura Organizacional pode ser designada como o padrão básico que um dado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu no processo de aprender a resolver seus problemas de adaptação externa e de integração interna e que funcionaram bem o suficiente a ponto de serem considerados válidos e, portanto, de serem ensinados a novos membros do grupo como a maneira correta de perceber, pensar e sentir com relação a esses problemas. O século XXI trouxe algumas questões relacionadas aos problemas das organizações, principalmente relacionadas às organizações públicas. Então, compreendeu-se que a força da organização cultural vem da homogeneidade e estabilidade de seus membros, além da duração e intensidade 15 das experiências compartilhadas do grupo, sendo que alguns aspectos são importantes lembrar: ● Líderes definem a cultura; ● Insucesso (grupo desaparecerá ou buscará um novo líder); ● Sucesso: suposições verdadeiras = cultura compartilhada (determina comportamento); ● Agora a cultura define a liderança; ● Se o grupo enfrenta problemas: líder reformula e adequa a cultura ao objeto da organização. Chiavenato (1999) classifica a Cultura Organizacional em: Adaptativa: culturas organizacionais flexíveis que buscam a inovação aceitando mudanças como um processo natural; Não-adaptativas: cultura fechada, não disposta a alterações, rígida e voltada para a manutenção do status quo e do conservadorismo. Ainda, deve-se compreender que há certos elementos formadores, que são essenciais de se conhecer, como as Regras e regulamentos, que são usados para determinar as ações das pessoas, o que pode ou não ser feito, exemplificando quando diversos tipos de ações são adequados e qual a posição dos membros individuais no sistema social; Ambiente organizacional, aquele que engloba aspectos informais, como os sentimentos pessoais e a maneira com que interagem entre si, com os clientes ou elementos externos, e; a Microculturas, uma cultura é formada por diferentes microculturas cada qual com uma filosofia própria, mas, nem por isso, é contra os princípios da organização. Assim, para resumir como as culturas das organizações de formam: 16 Fonte: Acervo do Autor (2017) A cultura é transmitida através de declarações formais, projetos, esquemas das estruturas, sistemas e procedimentos, assim como por histórias, lendas e mitos. Ou seja, a cultura é um processo dinâmico. Resultado da crise atual, a qual teve sua evolução gerenciada sob a gerência hábil e sofisticada. A organização falha ao repetir a tentativa de resolver problemas como sempre tentou. Deve-se adaptar-se ao mundo globalizado, de forma a solucionar problemas e evitar futuras falhas, assim, alguns fatores são percebidos que devem ser repensados: ● Estagnação; ● Baseada em modelos de gestão ultrapassados; ● Centralização de poderes; ● Mito do servidor com estabilidade eterna; ● Necessita de mudanças urgentes. Para concluir, o setor público tem passado por grandes mudanças nos últimos anos, principalmente no que se refere à gestão de pessoas. Mesmo com essas mudanças vemos organizações extremamente burocratizadas e estagnadas devido a forte cultura organizacional. Então, para que esta mudança aconteça, deve-se ansiar as mudanças, definindo metas concretamente e termos de problemas específicos para resolver, além de que a mudança cultural é uma mudança culturalmente, que requer um período de desaprendizagem, para então se ter a nova aprendizagem, processo que pode ser “doloroso” para as pessoas da instituição. Resumo da Aula 01 17 Na aula foi abordado sobre o Setor Público em suas principais configurações, suas semelhanças e diferenças do Setor Privado. Também foi informado um pouco sobre cultura e organização, a fim de entender melhor como funcionam as organizações e a cultura organizacional. Atividade de Aprendizagem De acordo com o exposto, discorra sobre o que você entende sobre Cultura Organizacional. AULA 2 - MODALIDADES DE GESTÃO NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS Apresentação da Aula 02 As organizações públicas têm como objetivo primordial prestar serviços à sociedade. Caracterizam-se como sistemas dinâmicos e bastante complexos, que envolvem informações, estruturas organizacionais, tecnologias e, acima de tudo, pessoas. Conforme as, deve-se ter percebido que as organizações públicas visam o cumprimento de suas funções buscando uma maior eficácia da máquina pública no atendimento a sociedade. O foco dessa aula será a gestão nas organizações públicas, as teorias, tecnologias gerenciais e transformação organizacional. 2 ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E GESTÃO As organizações públicas são sistemas complexos e dinâmicoscriados para atender as necessidades do Estado com vistas ao bem-estar social, podendo ser de ordem social ou econômica, voltadas para a saúde pública, entre outras. 18 Conforme Carbone (2001), essas organizações tem como missão a prestação de serviço à sociedade da qual faz parte. Mas nem sempre os recursos públicos destinados a ela são suficientes, e quando o são dependem da decisão política e das flutuações da capacidade econômica do Estado. E isso sem mencionar o mau uso do dinheiro público. Para Dussault (1992, p. 13) as organizações de serviços públicos: [...] dependem em maior grau do que as demais do ambiente sociopolítico: seu quadro de funcionamento é regulado externamente à organização. As organizações públicas podem ter autonomia na direção dos seus negócios, mas, inicialmente, seu mandato vem do governo, seus objetivos são fixados por uma autoridade externa. Percebe-se que as organizações públicas são mais vulneráveis à interferência do poder político, pois são geridas pelo poder público. No Brasil, a história da administração pública possui características próprias que as distingue das demais, historicamente o uso da diplomacia nas relações de trabalho serve para amenizar as falhas de gestores que não possuem competência para o gerenciamento de pessoas. Para Carbone (2000, s/p), “Nas organizações públicas, são as relações de estima e os jogos de influência os verdadeiros indicadores de poder no Brasil”. A burocracia envolvida no setor público tem gerado grande insatisfação por parte de quem depende do mesmo. Isso ocorre devido ao alto índice de burocracia existente no seu funcionamento, nesse sentido o tipo de regulamento desenvolvido pela burocracia do Estado tende a ser aplicado indiscriminadamente a qualquer organização pública. Sendo assim, a organização do trabalho no setor público tende a seguir um padrão específico com relação às atividades laborais, de hierarquização e organização do trabalho. As decisões costumam ser centralizadas na figura de um gestor que tem obrigação de reportar-se a uma autoridade externa a organização. Dito isso, as organizações públicas possuem, em sua essência, características semelhantes às outras organizações, no entanto existem algumas particularidades quanto a regras, rotinas, hierarquização, subordinação, paternalismo nas relações e assim por diante. Carbone (2000) traz uma extensa lista contendo características que tem impossibilitado a mudança no setor público, são elas: 19 O burocratismo: excesso de controle com relação aos procedimentos; O autoritarismo e a centralização: excesso de verticalização da estrutura hierárquica e centralização do processo de tomada de decisões; A ausência de comportamento empreendedor para modificar e se opor ao modelo de produção vigente, paternalismo: resultando no excesso de controle da gestão de pessoas, obedecendo a lógica dos interesses políticos vigentes; O levar vantagem em tudo: a lógica de querer levar vantagem em todo e qualquer processo e a qualquer custo; O reformismo: total desvalorização dos avanços conquistados, falta de continuidade na administração. O corporativismo como entrave à mudança e mecanismo de proteção à tecnocracia. De acordo com essa lógica, pode-se perceber que o setor público brasileiro necessita de mudanças urgentes. Os serviços prestados ao público em geral não tem sido satisfatórios, a gestão de pessoas é ineficiente e os índices de corrupção aumentam a cada dia. 2.1 O Modelo de Gestão Estratégica De acordo com o que foi visto, nas últimas décadas surgiram diferentes modalidades de GESTÃO, muitas delas tiveram sua origem no setor privado e agora estão sendo utilizadas também no setor público. Para Motta (2007), o modelo de gestão estratégica das organizações públicas nasceu com uma proposta de modernização da administração pública brasileira, dentro de um contexto de democratização e de consciência crítica por parte dos cidadãos, cansados de ter um serviço medíocre ofertado por essas organizações. 20 Vocabula rio De acordo com Ferreira (2000), o termo ‘gestão’ significa o ato de gerir, administrar, dar gerencia. A palavra vem do latim gestio, que se refere à ação e ao efeito de gerir ou de administrar. Logo, gerir significa realizar ações que conduzem à realização de um negócio ou de um desejo qualquer. Já o significado administrar, consiste em governar, dirigir, ordenar ou organizar. Nesse sentido, envolve todo um conjunto de trâmites que são utilizados para resolver um assunto ou concretizar um determinado projeto. Por gestão entende-se também a direção ou administração de uma empresa ou de um negócio qualquer. Os desafios enfrentados pelas organizações públicas para adaptarem-se as novas demandas impostas pela sociedade fez com que novos propósitos passassem a ser traçados para a área da educação, saúde e segurança pública, visando uma mudança na infraestrutura e no desenvolvimento econômico e sociocultural. A partir de referenciais trazidos do exterior, a busca pela eficiência nos serviços prestados em prol da melhoria da qualidade de vida impulsionou o debate que tem levado as organizações públicas buscarem novas soluções para os processos de gestão. Mais precisamente a partir de 1990, a gestão do setor público vem passando por mudanças significativas, utilizando-se de práticas já consolidadas pelo setor privado. De acordo com Motta (2007), o setor público tem seguido uma lógica de mercado, onde os cidadãos são clientes, tornando assim a organização pública competitiva. As organizações públicas se deparam com a necessidade do novo tanto em aspectos administrativos quanto em políticos. Mais que isso, necessitam criativamente integrar aspectos políticos e técnicos, sendo essa junção inerente e fundamental para as ações nesse campo. Entretanto, essa busca de forças torna-se necessária para se conduzir a uma reflexão, onde se possa obter as melhores estratégias para descrever organizações públicas capazes de atingir seus objetivos, que consistem em serviços eficientes à sociedade (CALIXTO & MACEDO, 2006, p. 87) É nesse cenário que surge a Gestão Estratégica. 21 De acordo com Kaplan & Norton (2006), o modelo de gestão ESTRATÉGICA tem sido avaliado como condição fundamental para a implementação de estratégias de organização. Nesse sentido aponta para a ineficiência que os antigos modelos de gestão baseados no paternalismo e na burocratização acarretaram ao setor público. Sendo assim, a gestão estratégica de pessoas visa assegurar à instituição, o senso de direção, a continuidade no longo prazo, a flexibilidade e agilidade ao setor público. Vocabula rio A palavra estratégia tem sua origem grega da palavra strategía. No contexto organizacional tem sido utilizada como sinônimo de planejamento, a partir de modelos e posicionamentos predefinidos a fim de dar sentido as atividades desenvolvidas internamente pelas organizações. Para Ghemawat (2000), o conceito de estratégia originou-se em organizações militares ligadas à guerra, sendo posteriormente adaptado ao uso por diferentes organizações. Nesse contexto, o uso do conceito no ambiente das organizações tem sido tratado como de grande complexidade, englobando um conjunto de atividades organizacionais. Esse conjunto de atividades desenvolvidas sob a ótica da gestão estratégica, quando bem executado, em longo prazo, promove o senso de coesão e de propósito que tem como intuito garantir as mudanças necessárias ao setor público. Mas sua aplicação no setor público não tem sido tarefa fácil, pois exige dos gestores determinadas competências e habilidades. Entre elas pode-se mencionar o espírito de mudança, a capacidade de dialogar com outros setores e com seus próprios subordinados bem como a capacidade de enxergar a longo prazo.Além dessas características já mencionadas temos a capacidade de se utilizar de diferentes fontes de recursos, sejam eles: financeiros, materiais, humanos, tecnológicos ou informacionais. Acima de tudo precisa estar aberto a 22 mudança, conhecendo a fundo as particularidades do setor público, com ênfase as partes legais, sendo suas principais características: ● Fiscalizadora, estabelecer e cobrar impostos; ● Reguladora de atividade econômica mediante leis específicas; ● Provedora de bens e serviços; ● Estabilizadora; ● Redistributiva (distribuição de renda e riqueza entre os sujeitos); ● Gerenciadora de projetos estratégicos; ● Implementadora de planos de metas de trabalho; ● Efetivadora do orçamento estratégico. Sendo assim, os conhecimentos e práticas de estratégia equipam os gestores para a o trabalho a partir da competência de orientação, das prioridades a serem alcançadas, bem como o uso correto e racional dos recursos públicos. O conceito de organização estratégica para Hitt (2003) possui a intenção de alavancar os recursos internos de cada organização, utilizando ao máximo suas capacidades e competências, visando a melhoria e cumprimento de seus propósitos. Para Mintzberg (1998), nenhum outro processo aplicado as organizações demanda mais para a cognição humana do que a formulação de estratégias, pois necessita de conhecimento implícito e conhecimento explícito, numa abordagem interdisciplinar. Além de uma boa percepção e interpretação dos fatos e acontecimentos provenientes de fontes distintas, além de uma série de habilidades comportamentais. A Gestão Estratégica de Pessoas implica na amarração das políticas e da gestão das soluções de treinamento, de desenvolvimento, e captação de recursos humanos; de um plano de gestão das carreiras que possibilite o uso de sistemas de recompensa e de reconhecimento dos funcionários às estratégias globais da empresa. Pode-se pensar a estratégia organizacional como uma importante ferramenta gerencial que se utiliza do planejamento para orientar suas ações, a fim de dar-lhe uma coerência interna (Teixeira, 2005). Para tanto os gestores devem se orientar para a realização de um conjunto de ações como: 23 “gerenciamento de projetos estratégicos, implementação de planos de metas de trabalho, e para a efetividade do orçamento estratégico”. Logo, os conhecimentos e práticas de estratégia equipam os gestores para a o trabalho a partir da competência de orientação, das prioridades a serem alcançadas, bem como o uso correto e racional dos recursos públicos. O planejamento estratégico auxilia na capacidade de elaborar e garantir que se alcance objetivos de curto, médio e longo prazo, possibilitando assim uma melhoria nos serviços ofertados a população. Devido ao ser caráter empreendedor em busca da realização de metas, a gestão estratégica tende a se opor ao modelo tradicional de se fazer gestão no Brasil, modelo esse que esteve durante muito tempo engessado no excesso de burocracia (no sentido corporativo) na forma de operar o aparelho do Estado. Nesse sentido Guimarães (2000, p.127) salienta que: [...] no setor público, o desafio que se coloca para a nova administração pública é como transformar estruturas burocráticas, hierarquizadas e que tendem a um processo de insulamento em organizações flexíveis e empreendedoras. Para ele só será possível uma transformação desse modelo vigente se ocorrer uma ruptura com os modelos tradicionais de administração dos recursos públicos, introduzindo assim uma nova cultura de gestão. 2.2 Gestão Estratégica – Gestão por Competências Conforme já mencionado anteriormente, o setor público vem, ao longo dos anos, enfrentado sérios problemas no que tange a área de Gestão de Pessoas. A Gestão por Competências surge como uma saída para a crise enfrentada pelo setor, a fim de que se possa pensar em instituições com mais eficiência. A Gestão por Competências é considerada um modelo de gestão estratégica que já conquistou a esfera privada e atualmente já é adotado em grande parte das empresas, principalmente a partir dos anos 2000. Mas esse modelo tem enfrentado resistência no setor público, embora já se tenha algumas iniciativas com sucesso. 24 Acredita-se que essa disparidade entre os dois setores citados tem ocorrido devido à forte cultura organizacional tão presente no poder público: onde os servidores têm estabilidade no emprego e nem sempre estão em uma função que condiz com suas competências. Os autores Fleury e Fleury (2001), Dutra (2004) e Parry (1996) definem competência como a entrega e as características da pessoa que podem ajudá- la a entregar com maior facilidade. Suas características e habilidades que possam vir a colaborar para seu crescimento pessoal e profissional. Conforme Dutra (2004, s/p) o modelo de Gestão por Competências: Um sistema de gestão de pessoas integrado e estratégico favorece maior sinergia entre suas partes. Desse modo, os vários processos de gestão do sistema reforçam-se mutuamente e garantem ao sistema maior efetividade, coerência e consistência. Ao mesmo tempo, se o sistema de gestão de pessoas está articulado com as estratégias organizacionais e com as expectativas das pessoas, ele ganha legitimidade e credibilidade por agregar valor tanto para a organização como um todo, quanto para as pessoas que com ela mantêm relações de trabalho. Apesar do uso do termo competência nas organizações, ter sua origem atrelada aos estudos de MCceelland, a tipologia da gestão por competências surge a partir da necessidade que as organizações privadas passam a ter para conseguirem se manter no mercado competitivo e com novas exigências da sociedade num contexto de economia mundial marcada pela globalização (GRAMIGNA, 2012 apud GIUDICE, 2012, p.191). O novo modelo de estratégia organizacional é na área de gestão de pessoas, na qual se possa orientar suas políticas e se tenha planos táticos e ações, com foco no reconhecer e ampliar os conhecimentos. Esse foi pensado para agregar valor à organização e ao servidor, tendendo colaborar para um maior conhecimento da equipe de trabalho e suas aptidões, refletindo a eficácia dos serviços prestados. O modelo de Gestão por Competências foi implantado no Brasil no ano de 2006, a partir de Decreto Lei nº 5.707/2006. Esse decreto instituiu a Política e as diretrizes para o desenvolvimento de pessoal no país. Nesse decreto lei a Gestão por Competências é entendida como a “gestão da capacitação orientada para o desenvolvimento do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes 25 necessárias ao desempenho das funções dos servidores, visando ao alcance dos objetivos da instituição”. Inicialmente conquistou o setor privado, pois foi de difícil implementação no setor público por diversos fatores, como resistência dos gestores, por requerer participação coletiva e por precisar compartilhar a tomada de decisões, dividindo a responsabilidade pelo sucesso institucional de todos os envolvidos. Nas definições se tem o consenso de que esse tipo de gestão estratégica tem sido de suma importância para que as instituições identifiquem as competências do seu pessoal, permitindo assim que se alcance objetivos e se cumpram metas de trabalho. Nesse sentido, Carbone (2005, p.17), salienta que muitas organizações vêm adotando esse modelo na sua gestão “visando orientar os seus esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização” as principais competências de seu pessoal a fim de alcançaram seus objetivos. Autores como Dutra (2004) e Gramigna (2007), apontam para as implicações ao se adotar a Gestão por Competências, pois esse modelo requer participação coletiva, compartilha a tomada de decisões, dividindo a responsabilidade pelo sucesso institucional de todos ossujeitos envolvidos no processo. A respeito das competências serem organizacionais e individuais Dutra (2007) esclarece: A organização transfere seu patrimônio para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para enfrentar novas situações profissionais e pessoais, na organização ou fora dela. As pessoas, ao desenvolverem sua capacidade individual, transferem para a organização seu aprendizado, capacitando-a. Ao utilizarem, de forma consciente, o patrimônio de conhecimento da organização, as pessoas validam-no ou implementam as modificações necessárias para aprimorá-lo (DUTRA, 2007, p. 24). Nesse sentido fica claro que para que haja sucesso de uma organização é necessário que ambas trabalhem a fim de desenvolver suas competências, aumentando assim o sucesso da empresa e o bem-estar do funcionário. 26 Importante As competências técnicas estão relacionadas com a habilidade na execução de tarefas, como produtividade e flexibilidade. Já a competência comportamental está relacionada aos seus atos como a capacidade de liderança, perfil inovador e proatividade. Essas características são fundamentais para a organização. (LEME, 2005). Nesse cenário o gestor público passa a ter um papel preponderante, e é a partir de sua visão e dedicação que as mudanças passam a serem implantadas. Mas mudar de um sistema tradicional para um outro mais complexo nem sempre é uma tarefa simples, requer empreendedorismo e vontade de superar as possível dificuldades ao longo do processo de implantação da Gestão Pública por Competências. De acordo com Wolynec (2005), para a implantação da GPC é necessário que se revise e automatize os processos, apontando estratégias de redimensionamento, capacitação e valorização do servidor público. Bem como na parte financeira na redução de custos, otimização da arrecadação e a melhoria dos serviços prestados. A vontade de mudança parte da visão e dedicação que o gestor público tem em relação as mudanças que serão implantadas, assim, requer empreendedorismo, vontade de superar possíveis dificuldades durante o processo. Requer também carisma, estar aberto ao diálogo e ter estratégias de redimensionamento, capacitação e valorização do servidor público. Para que essas mudanças estruturais sejam devidamente implantadas no setor público, tendo o mesmo êxito do setor privado, é necessário que ocorra uma ruptura com os modelos tradicionais de administração, até então utilizados no setor público, introduzindo assim, uma nova cultura de gestão. (GUIMARÃES, 2000). Para Carvalho (2006, p.25) o modelo de GPC visa à valorização dos talentos dos indivíduos “baseado na premissa de que o domínio de determinadas competências é o que faz com que profissionais e organizações se diferenciem, se sustentem e tenham vantagem competitiva no mercado”. 27 Para que a o modelo seja implantado, é necessário que cada empresa crie seu próprio referencial de desempenho baseado no dia a dia da organização, valorizando as competências individuais de seus servidores, a capacidade de se trabalhar em equipe, além de estratégias de motivação ao servidor. Para Dutra (2007), a implantação do modelo de GPC é desenvolvida a partir de quatro fases distintas. 1ª fase: levantamento das necessidades; 2ª fase: determinação de novas direções e possibilidades, a construção de um novo modelo e o desenvolvimento do programa e a definição do grau de envolvimento dos colaboradores; 3ª fase: definição do plano de ação, das estratégias de execução e a criação de um plano piloto. 4ª fase: definição dos resultados em longo prazo, mantendo a mudança, ou seja, a publicação oficial do programa e o estabelecimento de uma avaliação contínua do processo. Ví deo Assista ao vídeo Gestão por competências, na qual a doutora Odete Rabaglio fala sobre a gestão por competências em uma conferência em Moçambique. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=l7Mwrcc2_ho&feature=yout u.be A respeito da descrição das competências humanas importantes a cada organização Carbone (2000) recomenda que se seja bastante cauteloso e com foco naquilo que a empresa realmente almeja, para isso os cuidados metodológicos são fundamentais. A esse respeito o autor cita a descrição das competências na forma de referenciais de desempenho a serem observados no dia a dia de trabalho. 28 Os gestores devem ter em mente que as potencialidades de cada indivíduo dentro de uma organização podem ser facilmente identificadas mediante sua capacidade de assumir e executar atribuições e responsabilidades de maior complexidade, agregando assim mais valor à organização. Outro ponto fundamental a ser considerado é a questão da remuneração, que deve ter uma ligação direta com o rendimento de cada funcionário, o que não é uma tarefa fácil de realizar no setor público. A Gestão por Competência na administração pública vem ganhando um espaço considerável dentre os modelos de gestão adotados, mas também tem seus desafios a serem transpostos. A cultura organizacional brasileira foi alicerçada em modelos tradicionais de gestão e a incorporação de uma nova cultura vem sofrendo resistência de alguns gestores e funcionários. Resumo da Aula 02 Na aula foram abordados aspectos fundamentais relacionados aos modelos de gestões existentes, tendo como foco o modelo de gestão estratégica, como exemplo desse tipo de gestão se tem a gestão de pessoas por competências, que embora já tenha conquistado o setor privado ainda tem tido certa resistência no setor público, foco da aula. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a definição de gestão por competências. 29 AULA 3 - PLANEJAMENTO E GESTÃO DO SETOR PÚBLICO: O PLANEJAMENTO ORIENTADO AO CIDADÃO Apresentação da Aula 03 Na aula será abordada a questão do planejamento no setor público, com foco no planejamento orientado ao cidadão. Conforme visto até aqui a satisfação do cidadão deve ser o objetivo maior das organizações públicas. Assim, serão abordados os Planejamentos estratégicos e seus desdobramentos no setor público. 3 MUDANÇA ORGANIZACIONAL A administração pública brasileira tem passado por grandes desafios nesses últimos anos, alguns deles já abordados nas primeiras aulas. Mas para atender os desafios impostos pelo século XXI, são necessárias mudanças drásticas no setor, a fim de que atinja a eficiência desejada e a satisfação do cidadão. Mas isso não tem sido uma tarefa simples. Modernizar o setor dando-lhe mais eficácia requer uma ruptura com os modelos de administração utilizados até então. Para tanto, é preciso grandes investimentos no setor, tanto orçamentário quanto no investimento nas pessoas que fazem parte das organizações públicas. Fonte: http://www.formatopublico.com.br/?page_id=1071 30 Deve-se ter consciência que toda mudança requer vontade e capacitação. Vontade de sair da inércia que manteve o setor público estagnado durante muitos anos. Capacitação para que a equipe gestora e de funcionários possa ter competência para levar adiante as mudanças propostas. Uma das principais mudanças a serem alcançadas é a desburocratização do setor, seguida pela modernização, receptividade e transparência nas ações. Essas mudanças passam necessariamente pela capacitação dos funcionários e gestores e recolocação dos mesmos, de acordo com suas competências. Nesse sentido, Bertero (1976), esclarece que a mudança vem sempre aliada a tomada de decisão e se desenvolve a partir de uma ampla alteração estrutural e de modificações de cunho comportamental. A partir dessas premissas o setor público passará a abranger ao mesmo tempo as diversidades internas e a dinâmica organizacional. Matos (1998), considera que para haver uma mudança organizacional do setor público é necessário que essa venha amparadanas concepções teóricas de transformação social. Partindo de um processo complexo que envolve diferentes dimensões que tem como principal objetivo transformar as relações de trabalho e de poder, democratizando o processo e os resultados. São elas: Políticas Estruturais E Educacionais O item a seguir traz questões relativas a importância do planejamento estratégico para as organizações públicas. 3.1 Tecnologias Gerenciais: O Planejamento Estratégico no Setor Público Recentemente as organizações públicas vêm transpondo diferentes tecnologias gerenciais até então só utilizadas no setor privado. Guimarães et al. (2004) afirma que esse fenômeno tem demonstrado importantes limitações no processo de transposição de tecnologias gerenciais tanto nas suas fases de introdução e implementação, quanto na de manutenção (sustentabilidade) da tecnologia na organização. 31 Ainda de acordo com os autores, o sucesso na aplicação dessas inovações gerenciais dá-se principalmente pelas questões de liderança e a comunicação entre os sujeitos envolvidos. Esses dois aspectos contribuem para diminuir a resistência quanto à introdução dessas inovações. Fonte: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/04/03/921562/6-habitos- dos-lideres-estrategicos.html Importante Planejar é organizar uma atividade de forma consciente para se atingir um objetivo da melhor maneira possível. Já o Planejamento Estratégico é uma técnica de organização que procura definir qual a melhor maneira (estratégia) de se atingir um objetivo. Dentre as tecnologias gerenciais aplicadas ao setor público pode-se citar uma das que mais se destacou nos últimos anos: o PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO. Embora o planejamento estratégico já tenha uma longa trajetória no setor público, o que vem sendo utilizado tem seguido os conceitos empresariais e empregados de forma inovadora. Vocabula rio O Planejamento Estratégico pode ser resumido como um processo gerencial que se refere à formulação de objetivos para a seleção de programas de ação e para sua execução, 32 levando em conta as condições internas e externas à empresa e sua evolução esperada. Estudiosos da área de gestão pública apontam que o planejamento, a médio e longo prazo é a saída para a crise no setor público brasileiro. Essa importante ferramenta de gestão quando bem aplicada pode alcançar os resultados que se espera para esse setor. Ou seja: otimização de recursos, humanos e financeiros; cumprimento de metas e a satisfação do cidadão. Saiba Mais Por que planejar? • Para assegurar que o futuro da organização seja considerado: entender as implicações futuras de decisões presentes, preparar-se para o inevitável, controlar o controlável; • Para controlar: minimizar ou eliminar as influências de fatores externos a organização; • Para coordenar as atividades da organização. Planejamento, dessa forma, é um processo contínuo e dinâmico que consiste em um conjunto de ações intencionais, integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente. De natureza complexa e dinâmica, o planejamento requer um amplo e contínuo processo de avaliação em todas as suas etapas. Os principais elementos que compõem um projeto são assim descritos: Missão; Visão de futuro; Objetivos estratégicos; Perspectivas de desempenho; Valores da cultura; Indicadores de desempenho; 33 Portfólio de projetos. Assim, dentre as funções do planejamento, deve-se determinar o propósito organizacional, delimitar os domínios de atuação, verificar a capacidade de resposta da organização às mudanças do ambiente externo, alinhar os objetivos dos setores com a missão da organização e definir um caminho a ser seguido para que os objetivos sejam alcançados. De acordo com Antunes e Gonçalves (2010) existem diferentes correntes que abordam o planejamento voltado ao setor público. Os autores destacam a corrente da reforma social, a qual considera o Estado como orientador da sociedade visando à institucionalização e a eficácia da ação do Estado. A outra corrente a ser analisada é a política que busca as melhores ações do Estado por meio da racionalidade limitada. De qualquer forma o planejamento é uma prática social fundamental para a administração pública, pois pode trazer inúmeros benefícios as organizações, como a desburocratização das estruturas e uma maior flexibilização do trabalho. 3.2 Planejamento Estratégico em Busca da Eficiência A importância do planejamento estratégico (PE) nas organizações públicas tem sido comprovada a partir de inúmeras iniciativas de seu uso em diferentes partes do país, acompanhando uma tendência mundial. O PE vem sendo utilizado como uma importante ferramenta de gestão estratégica a fim de melhorar a eficiência e eficácia na gestão pública. 34 Saiba Mais Estratégia tem origem grega, e quer dizer “arte do general”, referindo-se às habilidades dos militares em comandar e definir as ações das tropas, designando o caminho da vitória em uma guerra; É um plano: direção, guia, curso de ação para o futuro; É um padrão: consistência em comportamento ao longo do tempo. O planejamento estratégico no ramo empresarial surgiu em oposição ao planejamento tradicional, que efetuava planos fixos, determinados. Esses se mostraram ineficientes ao tentar apreender a realidade de um único ponto de vista. Em um ambiente econômico de constantes mudanças, a concepção estratégica do planejamento foi inserida no contexto da abertura dos mercados e no aumento da competitividade econômica. Saiba Mais De acordo com Mintzberg e Quinn (2000) existem cinco definições de estratégia quais sejam: como plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva. Estratégia como plano: caracteriza-se como um conjunto de diretrizes que visam os objetivos gerais da organização sejam alcançados; Estratégia como pretexto: Caracteriza-se como uma manobra específica com a intenção de superar o concorrente; Estratégia como padrão: Surgida da consistência no comportamento, quer seja pretendido ou não; Estratégia como posição: Definida como o posicio- namento da organização no ambiente competitivo; Estratégia como perspectiva: É um conceito, uma perspectiva compartilhada pelos membros de uma organização através de suas intenções ou ações. 35 Para Drucker (1998, p.136) planejamento estratégico pode ser definido como: Um processo contínuo de tomar decisões atuais que envolvam riscos, organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução dessas decisões e medir o resultado dessas decisões com as expectativas almejadas. De acordo com o mesmo autor, o planejamento estratégico não é uma ferramenta recente, mas no que diz respeito às técnicas e conceitos, esses mudaram muito com o passar dos anos, chegando nesta visão focada na importância de formular estratégias baseadas na análise de ambiente. Assim como o planejamento, o planejamento estratégico (PE) requer etapas bem definidas e inter-relacionadas, são elas: Definição da missão a partir de objetivos claros - desenvolver a nova missão ou revisar a antiga; Análise do ambiente identificando os pontos negativos e positivos; Objetivos e metas a serem alcançadas a curto e longo prazo, identificando as prioridades; Formulação de estratégias; Plano de ação desenvolvidos a fim de implementar as estratégias previamente escolhidas; Execução das ações planejadas e a realização de atividades de controle estratégico (WADSWORTH e STAIERT, 1993). É importante salientar que cada etapa descrita deve ser executada seguindo um padrão de eficiência e na ordem preestabelecida. Após o cumprimento de cada etapadeve haver uma avaliação para depois passar para a etapa seguinte. Evitando assim que possíveis erros se acumulem ao longo do processo. Para se planejar, deve-se ter: ● Consciência de sua necessidade; ● Decisão pela sua utilização; ● Envolvimento efetivo da Direção; ● Clima propício; 36 ● Informações relevantes para o planejamento; ● Participação organizada. Deve-se ter consciência que não existe uma metodologia específica para a construção de um planejamento estratégico, no entanto, todos os tipos de planejamento possuem necessariamente alguns elementos em comum. Fases do Planejamento Estratégico: Fase de preparação: - Conhecimento do sistema como um todo; - Determinação dos objetivos e prazos; - Estabelecimento de prioridades; - Seleção dos recursos disponíveis. Fase de desenvolvimento: - Desenvolvimento do programa; - Aprovação; - Execução. Fase de aperfeiçoamento: - Avaliação (controle e supervisão); - Replanejamento. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA O Livro A Arte da Guerra de Sun Tsu/Sun Pin (3ª ed. 2014), contém a sabedoria dos dois sábios quanto ao pensamento chinês de estratégia, organização e comando. Leia o livro e compreenda mais sobre essa arte. 37 Wadsworth e Staiert (1993) salientam que, em relação aos objetivos e metas, devem se configurar como alvos a serem atingidos pela organização, para eles os objetivos servem para indicar as áreas em que se deseja progredir e as metas são a mensuração dos objetivos propostos. Alguns princípios básicos de gestão podem favorecer a implantação das estratégias propostas, são eles: O comprometimento dos gestores em executar as mudanças; O alinhamento de toda a instituição com a estratégia; A motivação dos funcionários; E o gerenciamento da implementação das estratégias (Kaplan e Norton, 2006). Para Refletir Devido ao forte paternalismo e a burocratização excessiva do setor público, para que qualquer mudança aconteça é necessário, antes de tudo, que haja uma mudança comportamental. Essa mudança deve partir dos gestores e se espalhar para todos os funcionários da organização. Só assim que se terá uma mudança capaz de democratizar o setor público. Como benefícios da implantação do planejamento estratégico pode-se citar: Aumento da eficácia organizacional; Melhoria no entendimento ao público; Melhoria no processo decisório; Desenvolvimento de competências organizacionais; Desenvolvimento da comunicação e relações públicas; Ampliação do suporte público; Aumento de eficiência; Agilidade na tomada de decisões; 38 Melhora na comunicação entre a equipe; Aumento da consciência coletiva; Maior visão de conjunto; Maios delegação (descentralização); Direção única para todos; Orientação e programas de qualidade; Melhora no relacionamento da organização com o ambiente externo; Controle apropriado; Satisfação na exigência dos clientes; Melhora na coordenação interfaces do projeto; Possibilidade de resolução antecipada de problemas e conflitos. 3.3 Integração do Planejamento no Setor Público Agora que já se sabe o que é planejamento e planejamento estratégico, será abordado como eles se inserem no contexto do setor público. O planejamento deve ser voltado para a solução dos problemas da sociedade, de interesse da maioria, que não encontram solução nas forças de mercado. São sujeitos a prescrições constitucionais e legais. Os princípios de um planejamento estratégico em empresa privada e instituições públicas são semelhantes, ambos tem que analisar seu ambiente interno e externo, formular uma missão, verificar seus objetivos, desenvolver planos e projetos para execução, controlar e avaliar a execução do planejamento. Porém, existem diferenças estruturais básicas (propriedade, custeio, ramo de atuação) que são importantes no momento de se apresentar um planejamento estratégico, pois as instituições públicas possuem missão e objetivos distintos. Fonte: Elaboração do Autor (2017) 39 Foi com a Constituição Federal de 1988, que o planejamento passou a ter uma relevância no setor público. O documento evidenciou a integração das ferramentas de planejamento no setor público a partir do: Plano Plurianual (PPA); Da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); Da Lei Orçamentária Anual (LOA). Eles estão interligados, logo, para se ter uma boa execução orçamentária, o PPA deve ser elaborado de forma adequada. A esse respeito à Constituição Federal de 1988, em seu artigo 165 sobre as Leis de Iniciativa do poder Executivo estabelece regras que levam à elaboração do PPA: [...] §1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Andrade et al. (2005, p.27) define Plano Plurianual como: “[...] o instrumento que conduz os gastos públicos de maneira racional a fim de assegurar a manutenção do patrimônio público e a realização de novos investimentos”. Nesse sentido, faz-se necessária salientar que as ações do governo só podem ser executadas se estiverem previamente inseridas no PPA da organização. Dando continuidade, a Lei de Diretrizes Orçamentárias é a ligação entre o Plano Plurianual e a Lei Orçamentária Anual, ela é a responsável por definir as prioridades e metas da administração pública municipal, além de orientar a preparação da LOA. Conforme Andrade et al. (2005) a LDO dispõe a respeito das mudanças na legislação tributária dos municípios, sobre a política de gestão de pessoas e encargos sociais. Já a LOA é a lei que estabelece as despesas e as receitas, estimando as receitas e fixando as despesas do governo para o ano seguinte. O orçamento fiscal referente aos poderes da União, o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maior parte do 40 capital social com direito ao voto. Determina também o orçamento da seguridade social. Para concluir a aula, enfatiza-se que, diante da complexidade atual advinda da escassez de recursos, do despreparo dos funcionários e a crescente insatisfação da sociedade, é necessário atuar de maneira estrategicamente planejada nas instituições públicas. A fim de que se possa minimizar a crise do setor público que tem acarretado na prestação de serviços inadequados para a população. Resumo da Aula 03 Na aula foram abordadas as principais características do planejamento estratégico e como aplicá-lo no setor público. Foram vistos também que a qualificação dos funcionários e o comprometimento dos gestores e equipe de trabalho podem levar esse tipo de estratégia ao êxito. O contrário também pode acontecer: equipes despreparadas, desmotivadas e sem uma liderança forte tem perpetuado uma cultura organizacional essencialmente burocrática e com pouca eficiência. Atividade de Aprendizagem De acordo com a aula, discorra sobre os principais desafios das organizações públicas na atualidade. 41 AULA 4 – INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO: DIMENSÕES GERENCIAIS E DEMOCRÁTICAS Apresentação da aula A aula irá abordar sobre algumas dimensões gerenciais e democráticas no setor público, dando ênfase ao Balanced Score Card, que é um sistema, o qual mede o desempenho das empresas em todas as suas áreas. 4 BALANCED SCORE CARD E SUA APLICABILIDADE NO SETOR PÚBLICO De acordo com o que foi visto até aqui, o setor público necessita de mudanças estruturais a fim de que possa cumprir sua missão de forma satisfatória. Nesse sentido, diferentes estratégias vêm sendo adotadas, buscando utilizar práticasgerenciais já adotadas pelo setor privado. Fonte: http://www.strategicthinking.eu/wp-content/uploads/2016/06/business-vision-strategic- thinking-600x632px.jpg Para Kaplan e Norton (2004), o emprego da metodologia de Balanced Score Card (BSC) e a utilização de mapas estratégicos tem tido ótimos resultados no setor público, pois vem garantindo a explicitação de estratégias e ações de governo com o foco voltado para os recursos disponíveis. Mas afinal, “em que consiste o Balanced Score Card (BSC)?” Essa metodologia surgiu em 1992, como uma proposta de criação de um sistema de que medisse o desempenho das empresas, contemplando as medidas 42 contábeis, financeiras (mensuração de estratégias e ações) e, além disso, outras medidas relacionadas aos ativos intangíveis. Criada por Robert Kaplan e David Norton com o intuito de aumentar a eficiência das empresas privadas, traduzindo a visão estratégica das organizações em um contexto abrangente de medidas de desempenho. Importante O Balanced Score Card ou Painel de Desempenho Balanceado é um modelo de gestão que auxilia as organizações a traduzir a estratégia em ações operacionais que direcionam o comportamento e o desempenho organizacional. Sua transposição para o setor público não tem sido tarefa fácil, pois exige atenção especial para sua customização. O BSC, quando bem empregado, pode contribuir para criação de uma cultura de medição e avaliação do desempenho no serviço público, permitindo o aumento da capacidade de reação frente às demandas externas. Existem três modelos de critérios de avaliação das políticas públicas (ARRETCHE, 2001): Eficiência - tem o foco na produção e na otimização de recursos; Eficácia - mede o atendimento aos requisitos; Efetividade - visa satisfazer as necessidades e o papel institucional da organização. O BSC, para ser aplicado no setor público precisa necessariamente passar por um processo de customização em todas as suas etapas. Pois o foco das organizações públicas deve ser a otimização de resultados e orientada para o cidadão. Nesse sentido, precisa contemplar os três modelos acima citados, voltados para a prestação de serviços com a máxima excelência, cumprindo assim sua função social (efetividade), com qualidade na prestação de serviços (eficácia), com o mínimo de utilização de recursos (eficiência). 43 Por caracterizar-se como uma ferramenta de avaliação, o BSC, quando voltado para a gestão do setor público, deve possuir mecanismos que avaliem a satisfação do cidadão. Assim, para se compreender, deve-se compreender que originalmente, o conceito da BSC eram vinculados aos objetivos estratégicos e divididos em quatro categorias: Financeira – estratégia de crescimento, rentabilidade e risco sob a perspectiva do acionista; Clientes/Mercado – estratégia de criação de valor e diferenciação sob a perspectiva do cliente; Processos Internos – prioridade estratégica de vários processos de negócio que criam satisfação para clientes e acionistas; Aprendizado e Crescimento – prioridade para criação de clima propício à mudança organizacional, à inovação e ao crescimento. Fonte: https://www.treasy.com.br/blog/perspectivas-do-bsc-balanced-scorecard#post/0 44 A figura traz uma relação de causa e efeito com relação à aplicação do BSC e deve ser lida da direita para esquerda de baixo para cima. Agora responda rapidamente. “Quem é o cliente do setor público?” Nas organizações públicas o destaque recai sobre o foco da missão, formada pela perspectiva financeira a partir da perspectiva dos cidadãos (clientes). Essas questões quando transpostas para as organizações públicas devem ser pautadas de acordo com as leis e regulamentos que as regem, de acordo com a máquina do Estado. Assim, quando se ampliou a abrangência do mesmo para o setor público, ampliou esses conceitos/objetivos, passando assim a vincular mais 6 quesitos: Responsabilidade Social; Força de Trabalho; Agente Regulador; Saúde e Segurança; Fornecedores; Ambiente Político. Quando se fala no desenvolvimento do BSC, pode-se colocar em forma de pirâmide para melhor entendimento. Lida de cima para baixo, a pirâmide traz uma perspectiva detalhada de como o BSC funciona. No caso, em busca dos objetivos dos cidadãos (clientes). Portanto, na base tem o financeiro ao lado do cliente e das perspectivas internas da organização. E nessa mesma base tem a capacitação focada na aprendizagem e no crescimento da organização. 45 Fonte: https://pt.slideshare.net/wgonsalez/bsc-balance-score-card-9471094 Nesse sentido, Norton e Kaplan (2004) asseguram que na perspectiva aprendizado e crescimento são englobados: Os servidores (pessoas); O aperfeiçoamento da gestão interna a partir da utilização das tecnologias de informação, bem como da melhoria das práticas gerenciais. Deve-se ter em mente que nas organizações públicas a perspectiva do crescimento e da aprendizagem é ainda mais importante do que no setor privado, pois a gestão de pessoas não é flexível. Dessa forma, deve-se cuidar com alguns pontos críticos, e há quatro pontos estratégicos para se evitar erros (Robert S. Kaplan e David P. Norton (1999): 1. Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia; 2. Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas; 3. Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas; 4. Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico. Para saber se está se atingindo os objetivos propostos pelas organizações, há certos indicadores de desempenho, são eles: 46 ● Indicadores de Resultados – também chamados de indicadores de ocorrências. São itens de controle de resultados. ● Indicadores de Tendência – também chamados vetores/indicadores de desempenho. São itens de verificação ou itens de controle de causas. ● Indicadores operacionais – também chamados de medidas de diagnóstico. Salienta-se que o setor público no Brasil ainda está longe de alcançar a excelência no quesito crescimento e aprendizagem. Não existem recursos públicos suficientes, nem tampouco interesse no incentivo a formação continuada dos servidores públicos. Porém, há quatro passos que devem ser seguidos: ● Arquitetura do programa de medição; ● Definição dos objetivos estratégicos; ● Escolha dos indicadores estratégicos; ● Elaboração do plano de implementação. 4.1 Inovação do Setor Público Brasileiro Quando se fala em inovação no setor público, deve-se pensar no Octógono da inovação do setor público: 47 Fonte: https://innoscienceblog.com.br/2014/11/10/inovacao-no-setor-publico- experiencias-e-o-octogono-da-inovacao/ Será abordado sucintamente, questões relativas à inovação no Setor Público brasileiro, partindo dos mecanismos de incentivos que o diferenciam do Setor Privado. O termo inovação, voltado às administrações do setor público e privado, surge no século XXI, tendo como foco as transformações visando a melhoria dessas organizações a partir de uma ampla revisão do papel dos sujeitos que as compõem. A inovação pode ser radical ou incremental, porém o conceito no setor público e no privado são distintos. No setor provado se refere a novos paradigmas, já no público é associado aos processos de melhoria, e pode ocorrer em nível macro governamental e organizacional. No nível organizacional a inovação é mais factível, e geralmente acontece de baixo para cima, envolvendo a adoção de princípios de gestão pública contemporânea, baseado em uma pluralidade institucional e de instrumentos. No sentido lato a palavra é utilizada para designar o novo, original e ou inusitado. Dito isso, o termo engloba aceitação, geração e implementação de novos referenciais, processos, produtos e serviços que visam à melhoria do setor organizacional das empresas.48 De acordo com Alencar (1995), a palavra inovação pode vir atrelada a criatividade, ingrediente fundamental para o sujeito que almeja mudanças na organização. Ruas (1999), aponta que o fenômeno da inovação deu-se inicialmente a fim de responder as necessidades de ações governamentais apropriadas para associar políticas de tecnologia e ciências com as políticas econômicas a fim de atingir uma maior competitividade na economia internacional. Atualmente, esse conceito engloba a busca por formas inéditas de se fazer gestão, incluindo além das tecnologias e das ciências, as relações entre capital/trabalho e organização/cliente (cidadão). Nesse sentido: Em termos de administração pública, na maior parte dos países e especialmente na América Latina, o conceito de inovação assume uma dimensão bastante ampla, até porque corresponde, em um primeiro momento, a alguma coisa que funciona efetivamente em um ambiente caracterizado por reduzida funcionalidade, seja em decorrência do modelo de administração burocrática, dos resquícios do modelo patrimonialista e/ou das combinações desses dois (GRAÇAS RUAS, 1999, p. 285). De acordo com West e Farr (1995), inovação é uma introdução intencional realizada em determinada organização, de processos, ideias, produtos e procedimentos que agregam valores a mesma. Para Motta (1995, p. 176): A inovação se origina da necessidade de sobrepor-se ou de adaptar- se aos obstáculos ambientais, ao crescimento e ao desenvolvimento dos mesmos e da necessidade de lutar pela sobrevivência das organizações. Para que o Estado mantenha-se atualizado frente às mudanças impostas pelo cenário mundial é necessário que a inovação seja uma constante, a fim de que possa acompanhar os anseios da sociedade. Nesse sentido, a inovação é fator indispensável para a manutenção do Estado, otimizando os recursos disponíveis por meio de uma gestão inovadora. 49 Importante É preciso mudanças qualitativas e quantitativas em relação às práticas anteriores, tanto em atividade-meio como em atividade- fim, com a melhoria do processo, serviço e resultados de usuários, e uma forma de ocorrer essas melhorias, é através do diálogo entre agentes públicos e a sociedade civil. Como visto até aqui, o engessamento do setor público, principalmente no que tange a gestão de pessoas, vem propagando uma crise no setor, gerando cada vez mais a insatisfação por parte do cidadão. Saiba Mais Sobre a Origem e principais fatores da inovação na Gestão Pública: Origem - Indução dos governos (políticos e burocracia); - Agenda de Partido Político; - Origem na sociedade (atores da sociedade civil). Principais fatores - (Re)democratização e Controle Social; - Processo de Descentralização (ampliação dos campos de atuação); Crise Fiscal; Competição Político-Eleitoral. Para recapitular, as formas de administração do setor público brasileiro, sob uma perspectiva histórica passaram por três fases distintas e serão sucintamente descritas a seguir: Patrimonialismo; Burocracia; Administração Gerencial. 50 Esses modelos foram sendo adaptados, por hora privilegiando mais uma forma do que outra e por vezes coexistindo, sendo que para se ter uma boa gestão estratégica, estes devem ser abolidos. Esse sistema bastante peculiar caracteriza-se por práticas clientelistas que usam a máquina do Estado para atenderem seus objetivos pessoais em detrimento ao coletivo/cidadãos. Além de um excesso de rigidez e burocratização quanto ao cumprimento de normas e processos tornando o sistema moroso e falho. A partir do exposto, fica evidente a necessidade do Estado implementar sistemas inovadores de gestão, a fim de fugir dessas formas viciosas de fazer gestão no país. Como resultado disso se tem um sistema de gerenciamento no setor público, que é único. Portanto, existem inúmeros desafios para que haja inovação no sistema organizacional brasileiro. De acordo com Alencar (1996), deve-se levar em conta três componentes básicos, quais sejam: Recursos (fundos, pessoas, materiais e informações); Técnicas (competência no gerenciamento da inovação, voltadas para a concepção de ideias criativas); Motivação (papel primordial sendo necessária tanto no nível individual quanto organizacional. Classificação de tipos de inovação (Copenhagen, 2010): 51 TIPOLOGIA DEFINIÇÃO PRODUTO Introdução de um serviço novo ou aperfeiçoado em relação a suas características ou usos. Incluindo melhorias significativas no acesso de clientes, facilidade de uso, especificações técnicas e/ou outras características funcionais que visam a melhoria dos serviços prestados. PROCESSO Implementação de novos métodos de criação e provisão de produtos e serviços. Incluindo mudanças nos métodos, equipamentos e/ou habilidades com o intuito de aprimorar a qualidade ou reduzir custos no tempo de entrega. ORGANIZACIONAL Implementação de mudanças na forma em que o trabalho é organizado ou gerenciado. Incluindo mudanças significativas no gerenciamento de sistemas, local de trabalho e/ou programas para aperfeiçoamento e/ou aprendizagem e a capacidade inovadora. COMUNICAÇÃO Implementação de métodos de promoção da organização ou de seus produtos e serviços, ou, ainda, novos métodos para influenciar o comportamento de indivíduos e outras organizações. Fonte: Copenhagen, 2010, Adaptação da autora (2017). Para concluir, salienta-se que a inovação é o resultado de processos sistemáticos que envolvem mudanças de comportamentos, valores e crenças de todo o sistema organizacional. Por isso, nem sempre se tem sucesso na sua implantação. Logo, fica mais fácil aos gestores reproduzirem padrões que já foram a muito enraizados no setor público brasileiro. Nesse sentido, quem mais perde com essa estagnação é a sociedade brasileira, que tem que arcar com o prejuízo quando precisa se fazer valer de serviços oferecidos pelo setor público. 52 Ví deo Assista ao vídeo A Inovação no Serviço Público, o qual é uma entrevista com Roberto Meize Agune, o qual fala sobre a ciência da administração e a gestão nas organizações. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7f0RShAI- PE&feature=youtu.be Resumo da Aula 04 Na aula pode-se aprofundar seus conhecimentos a respeito de sistemas de gestão pública no Brasil. Foi visto que para que haja mudanças consideráveis nesse setor, gestores, servidores e sociedade devem estar abertos a mudança e a implementação de novas ideias. “Mas como buscar inovação se temos uma cultura organizacional fechada e parada no tempo?” Buscando a satisfação do cidadão, foco dos serviços prestados pelo setor público, e conteúdo da aula. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre as reformas que aconteceram no setor público, qual a importância delas e qual o objetivo principal dessas mudanças. 53 Resumo da Disciplina Na disciplina foram abordados aspectos relevantes para se compreender a gestão estratégica. Dessa forma se iniciou adentrando no setor público, suas principais configurações, as semelhanças e diferenciações com o setor privado, chegando então à cultura organizacional. Então foram abordados os aspectos dos modelos de gestão existentes, focando na gestão estratégica, assim como a gestão por competências, a qual é sucesso na gestão privada, porém ainda possui resistência na gestão pública. Outros fatores abordados foram sobre as características do planejamento estratégico e sua aplicabilidade no setor público, adentrando à qualificação profissional e comprometimento, o qual resultam na eficácia da instituição. Por último foram vistos sobre os sistemas de gestão no Brasil, e que para se ter uma boa inovação, é preciso buscar alternativas, como o Balanced Score Card, que é um sistema de desempenhos
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