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PODER LEGISLATIVO ÍNDICE 1. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO .........................................................................3 2. CONGRESSO NACIONAL .................................................................................................5 3. CÂMARA DOS DEPUTADOS ............................................................................................8 Eleições para Deputados ..................................................................................................................................................8 Mandato ...................................................................................................................................................................................9 Requisitos para se candidatar ao cargo de Deputado Federal ........................................................................9 Competências da Câmara dos Deputados ...............................................................................................................9 4. SENADO FEDERAL ..........................................................................................................11 Eleições para o Cargo de Senador ............................................................................................................................... 11 Mandato .................................................................................................................................................................................. 11 Requisitos para se Candidatar ao Cargo de Senador .......................................................................................... 11 Competências Privativas do Senado Federal .........................................................................................................12 5. SESSÕES LEGISLATIVAS ..............................................................................................14 SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA ............................................................................................................................. 14 SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA ............................................................................................................... 14 SESSÃO CONJUNTA ......................................................................................................................................................... 14 SESSÃO PREPARATÓRIA ................................................................................................................................................ 15 6. COMISSÕES PARLAMENTARES ..................................................................................16 COMISSÕES TEMÁTICAS ................................................................................................................................................. 16 COMISSÕES TEMPORÁRIAS .......................................................................................................................................... 16 COMISSÕES REPRESENTATIVAS .................................................................................................................................17 7. COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO .......................................................18 CPI – COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO ............................................................................................... 18 www.trilhante.com.br 3 1. Estrutura do Poder Legislativo O federalismo é a forma de organização de Estado adotada pelo Brasil, na qual há separação dos poderes em Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. O Poder Legislativo é tratado na Constituição Federal, dos artigos 44 ao 69, sendo conside- rado um dos poderes mais importantes da federação. A organização do Poder Legislativo, em âmbito Federal, estrutura-se pela forma bicameral. Isso significa que é composto por duas Casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Já nas esferas estaduais e municipais, vigora o sistema denominado unicameralismo, uma vez que o Poder Legislativo é exercido por apenas uma Casa Legislativa. Nos estados, as Casas que representam o poder em questão são as Assembleias Legislativas e Câmara do Distrito Federal. Nos municípios, as Câmaras Municipais são responsáveis por desempenhar as atividades legislativas. Quanto às Casas Legislativas de competência da União, a Câmara dos Deputados é composta pelos deputados federais, os quais somam-se, atualmente, no país, em 513. Cada estado possui de 8 a 70 representantes, regra presente no art. 45, §1º, da Constituição Federal. CF, Art 45, §1° O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. A variação na quantidade de deputados federais de um estado para o outro é diretamente proporcional ao número de habitantes. Ou seja, estados mais populosos possuem mais deputados, podendo ter até 70 representantes, e estados menos populosos, 8 deputados. Por sua vez, o Senado Federal é composto pelas figuras dos senadores. Essa Casa Legislativa é composta por 81 membros, sendo 3 representantes de cada Unidade Federativa, incluindo- se o Distrito Federal, cada um dos senadores dispondo de 2 suplentes. Diferentemente do que ocorre na Câmara dos Deputados, não há diferenciação no nú- mero de senadores por estado, mas equidade entre eles, uma vez que não depende do tamanho da população de cada um. Há, então, número fixo de representantes para o cargo de senador. www.trilhante.com.br 4 Ainda, a doutrina denomina a Câmara dos Deputados como Casa Iniciadora e o Senado Federal como Casa Revisora. Na grande maioria das vezes ocorre dessa forma, mas há exceções! Apesar de tais intitulações darem uma falsa impressão de hierarquia entre o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, já que, em tese, o Senado revisaria os atos exercidos pela Câmara dos Deputados, não existe predominância de uma Casa para a outra. Tanto a Câmara dos Deputados como o Senado Federal possuem igual importância no exercício do Poder Legislativo. Assim, chama-se o Senado Federal de Casa Revisora porque, em regra, a elaboração de um projeto de lei inicia-se na Câmara dos Deputados e, após ser aprovado por essa Casa Legislativa, é encaminhado para o Senado Federal. Nada impede, contudo, que um projeto de lei inicie-se no Senado, ocupando, este, o lugar de Casa Iniciadora, e a Câmara ocupe o papel de Casa Revisora. A união das duas Casas legislativas (Senado e Câmara) configura o Congresso Nacional. Nos termos do art. 44 da CF, o Poder Legislativo seria exercido, dessa forma, pelo Congresso Nacional. Cumpre-se destacar que, apesar de o Congresso Nacional ser formado pela união da Câmara dos Deputados e do Senado, cada um desses três organismos, responsáveis por exercer o Poder Legislativo, possuem competências próprias e bem delimitadas pelo texto constitucional. ATENÇÃO! No que tange ao processo eleitoral, o número de deputados estaduais depende do núme- ro de deputados federais eleitos para a correspondente unidade federativa (fórmula de cálculo no art. 27, “caput”, da CF.) Como já visto, o número de deputados federais varia de estado para estado. Dessa forma, é esse o critério definidor para que seja calculado, também, o número de deputados estaduais. Nos estados com até 12 deputados federais, o cálculo é direto: multiplica-se o número de deputados federais por três e tem-se o número de vagas na Assembleia Legislativa; já nos estados com mais de 12 deputados federais, cada deputado federal equivale a um estadual. Daí conclui-se que, para qualquer estado da federação cujo número de deputados federais exceda a 12, basta adicionar 24 a esse número e tem-se o total de deputados estaduais”. Exemplo: São Paulo tem 70 deputadosfederais -> 70 - 12 resulta em 58 -> que somado a 36 dá 94 deputados estaduais (70 +24) -> Assim, o mínimo de parlamentares estaduais é 24 (3 multiplicado por 8) e o máximo é de 94. www.trilhante.com.br 5 2. Congresso Nacional Órgão do Poder Legislativo, o Congresso Nacional, nos termos do art. 44 da CF, é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. A despeito disso, tem funções que devem ser exercidas só por ele, previstas na CF. Isto é, a Constituição designou competências que devem ser única e exclusivamente atribuídas ao Congresso. As atribuições do Congresso Nacional estão discriminadas nos incisos do art. 48, da CF: Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas; VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal. XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. Além do art. 48 da CF, o art. 49, do mesmo texto legal, dispõe sobre as competências exclusivas do Congresso: www.trilhante.com.br 6 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. XVIII - decretar o estado de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. Dentre as várias atribuições reservadas ao Congresso Nacional, destaca-se uma para melhor explicação. O art. 49, I da CF, define que compete única e exclusivamente ao Congresso Nacional aprovar tratados internacionais na forma do art. 5, §3, da CF. Destarte, não é suficiente a assinatura de um tratado internacional para que este seja integrado ao ordenamento jurídico brasileiro. É necessário, além da assinatura, a ratificação do tratado pelo Congresso Nacional, www.trilhante.com.br 7 por meio de um decreto legislativo, para que o tratado internacional firmado passe a fazer parte do ordenamento jurídico do país. ATENÇÃO! As atribuições do Congresso Nacional, previstas no art. 48 da CF, dependem de sanção presidencial para o seu aperfeiçoamento. Ou seja, é necessário que o Presidente da República referende as questões aprovadas pelo Congresso Nacional para que aquelas passem a produzir efeitos. Enquanto isso, as competências exclusivas do Congresso, descritas no art. 49, da CF, não dependem de manifestação do Presidente da República para se consumar, materializando-se por meio de decreto legislativo. Ainda em relação ao art. 48, da CF, nota-se uma aparente oposição em seus incisos X e XI, em relação ao art. 84, VI, “b”, da Carga Magna. Entretanto, enquanto o art. 48, X e XI delibera que cabe ao Congresso Nacional a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, o art. 84, VI, “b”, da CF, designa ao Presidente da República a função privativa de decidir quando a organização e funcionamento da administração federal, desde que, não haja implicação no aumento de despesas, nem criação e/ou extinção de órgãos públicos. Em síntese, as funções do Congresso Nacional estão dispostas em dois artigos da Carta Magna, o art. 48 e o art. 49. No art. 48, estão descritas as competências que se sujeitam à sanções presidenciais, ou seja, que só se materializam após ratificação do Presidente da República. Já no art. 49, estão presentes as funções que devem ser exercidas tão somente pelo Congresso Nacional, não sendo necessário o aval presidencial, concretizadas mediante decreto legislativo. www.trilhante.com.br 8 3. Câmara dos Deputados A Câmara dos Deputados é formada pelos deputados federais, classificados como “representantes do povo”. Os deputados recebem tal denominação pois são eleitos de acordo com as causas/bandeiras que defendem e não de acordo com o estado a que estão vinculados. Logo, quando eleitos, passam a ser representantes da parcela da população que os elegeram, sendo a Câmara dos Deputados o ramo popular do Poder Legislativo. IMPORTANTE! Apesar de não existir hierarquia entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal for- malmente, a Câmara desfruta de certa primazia referente à iniciativa legislativa, pois é diante dela que o Presidente da República, o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça e os cidadãos promovem a iniciativa do processo de elaboração das leis (art. 61 §2º e art. 64, ambos da CF). Eleições para Deputados As eleições para o cargo de deputado federal ocorrem pelo sistema proporcional (art. 45 §1º, da CF), pelo qual não necessariamente o deputado mais votado de fato será eleito. Pelo sistema proporcional, surge a figura dos “puxadores devotos”. Alguns deputados recebem este nome pois conseguem, durante as eleições, muitos votos e, assim, ajudam a eleger companheiros de partido ou coligação que não atingiram a quantidade suficiente de votos para serem eleitos. Esses “puxadores de votos” geralmente são político conhecidos e, dessa forma, cobiçados por diferentes partidos, pois suas participações nas eleições garantem que outros deputados do mesmo partido venham a ser eleitos juntos. Existem vários exemplos de eleições anteriores que mostram esse tipo de situação. Caso conhecido ocorreu em 2002, com o deputado Enéas Carneiro, que conquistou 1,5 milhão de votos na eleição para deputado federal em São Paulo e levou para a Câmara outros quatro deputados do Prona, partido ao qual era filiado. O último eleito do Prona, naquela ocasião, recebeu 382 votos. Em outras chapas no estado, candidatos que alcançaram mais de 100 mil votos não conseguiram se eleger devido à concorrência interna. Em suma, não necessariamente os deputados mais votados serão eleitos, existindo uma combinação de cálculos de coeficientes eleitorais, nos quais consideram-se os votos atribuídos ao deputado votado, mais também ao seu partido político. Trata-se de sistema muito criticado pelos brasileiros. A partir do sistema proporcional adotado nas eleições dos deputados federais, o número de deputados eleitos será proporcional à população de casa: estado ou distrito federal, e não pode nunca esse número ser menor que 8 ou maior que 70. Assim, estados muito populosos, www.trilhante.com.br 9 como o de São Paulo, possuem 70 deputados federais, já Roraima, menos populosa, tem apenas 8. IMPORTANTE! Apesar de, atualmente, o Brasil não apresentar nenhum Território Federal, caso algum seja criado, a este serão atribuídos quatro deputados. Mandato O mandato de cada deputado federal é de 4 anos, correspondente a uma legislatura. A renovação da candidatura é permitida de maneira irrestrita, ou seja, a cada quatro anos um deputado pode se candidatar novamente e ser eleito. Requisitos para se candidatar ao cargo de Deputado Federal Para se candidatar ao cargo de deputado federal existem requisitos a serem cumpridos: 1. Ser brasileiro(a), nato(a) ou naturalizado(a). Para o cargo de Presidente da Câmara, é necessário que o candidato(a) seja brasileiro(a) nato(a), uma vez que o presidente da Câmara pode vir a substituir o Presidente da República; 2. Ser maior de 21 anos; 3. Estar do exercício dos direitos políticos; 4. Possuir alistamento eleitoral; 5. Ter domicílio eleitoral da circunscrição. Ou seja, se o indivíduo quiser se candidatar a deputado federal de determinado estado, deve ter seu domicílio eleitoral no estado em questão; 6. Ser filiado a um partido político. O Brasil, ao contrário de alguns países, não admite as chamadas candidaturas independentes. Competências da Câmara dos Deputados O art. 51 da CF dispõe sobre as competências privativas da Câmara dos Deputados. Essas funções exclusivas dos deputados federais não dependem da manifestação do Presidente da República, ou seja, de sanção presidencial para produzir os efeitos esperados. Os atos praticados pelos deputados federais, descritos no art. 51 da CF, materializam-se em resoluções. www.trilhante.com.br 10 Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. Um caso exemplificativo do exercício de uma das funções desempenhadas única e exclusivamente pela Câmara dos Deputados foi o processo de Impeachment contra a ex- presidente Dilma Rousseff. Foram os deputados federais, na função de julgar a admissibilidade dos crimes políticos praticados pelo Presidente da República, competência expressamente prevista no art. 51, I, da CF, que executaram a primeira fase do julgamento de Dilma Rousseff, materializado por meio de uma resolução. ATENÇÃO! Quando se fala de competência única e exclusivamente desempenhada pela Câmara dos Deputados, não se está referindo a processos legislativos que passam pela Câmara e pelo Senado Federal. www.trilhante.com.br 11 4. Senado Federal O Senado Federal é composto por senadores. Estes não representam a parcela da população que os elegeram, mas sim o estado ou Distrito Federal em que foi eleito. Apesar de ser chamado de Casa Revisional, o Senado Federal encontra-se hierarquicamente no mesmo nível em relação a Câmera dos Deputados, como visto em aula anterior. As duas Casas Legislativas são, portanto, igualmente importantes no desempenho do Poder Legislativo, em âmbito Federal, possuindo cada uma suas determinadas funções. Eleições para o Cargo de Senador As eleições para o cargo de senador não se dão pelo sistema proporcional adotado nas eleições do deputados federais. Utiliza-se, nesse caso, o sistema majoritário, a partir do cálculo simples dos votos, ou seja, os candidatos a senadores mais votados, em turnos únicos de votação, são eleitos. Não há segundo turno nas eleições para senadores. Pelo contrário, um candidato ao cargo de senador pode ser eleito com apenas 11% dos votos se for o candidato mais votado, por exemplo. Isso quer dizer que o mais votado é eleito, independentemente do número de votos que recebeu. Como o Senado Federal representa os estados membros e o Distrito Federal, cada Unidade Federativa apresenta 3 senadores. Portanto, um total de 81 senadores. Cada um dos senadores eleitos apresenta 2 suplentes para seu cargo. Mandato O mandato do senador é de 8 anos, que corresponde a duas legislaturas, e não de 4 anos como a dos deputados federais. A renovação dos senadores ocorre a cada 4 anos, nas proporções de 1/3 e 2/3. Ou seja, em determinada eleição elege-se 1 senador e, na seguinte, 2. Um exemplo ilustrativo para elucidar a forma como os senadores são eleitos: se, hoje, eu elejo João para o cargo de senador de determinado estado, daqui a 4 anos, na próxima eleição, eu elejo Maria e Joana. Passando-se mais 4 anos, o mandato de João finaliza-se, e este precisará candidatar-se novamente caso queira concorrer para ocupar o cargo de senador mais uma vez, já que seu cargo será objeto de um novo pleito, uma nova eleição. Requisitos para se Candidatar ao Cargo de Senador Para candidatar-se ao cargo de senador, o indivíduo deve cumprir alguns requisitos pré- determinados: 1. Ser brasileiro(a), nato(a) ou naturalizado(a). Para o cargo de Presidente do Senado também é necessário que o candidato(a) seja brasileiro(a) nato(a), uma vez que o este pode vir a substituir o Presidente da República; www.trilhante.com.br 12 2. Ser maior de 35 anos. Essa é a mesma idade exigida para se candidatar à Presidência da República. 35 anos é a maioridade exigida para ocupar determinados cargos políti- cos; 3. Estar no exercício dos direitos políticos; 4. Possuir alistamento eleitoral; 5. Ter domicílio eleitoral da circunscrição. Ou seja, se o indivíduo quiser se candidatar a senador de determinado estado, deve ter seu domicílio eleitoral no estado em questão; 6. Ser filiado a um partido político. O Brasil, ao contrário de países como os EUA, não admite as chamadas “candidaturas independentes”, nas quais o indivíduo se candidata sem estar filiado a qualquer partido político. Competências Privativas do Senado Federal As competências privativas do Senado Federal estão determinadas no art. 52 da CF.Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f) titulares de outros cargos que a lei determinar; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; www.trilhante.com.br 13 I VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; X - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. As funções referidas no artigo supracitado não dizem respeito às atribuições exercidas tanto pelo Senado como pela Câmera dos Deputados. O art. 52 da CF apenas dispõe sobre aquelas funções que apenas podem ser executadas pelos senadores. Um exemplo retirado do art. 52 da CF, é ser de competência do Senado a aprovação da nomeação de determinadas autoridades, como Ministros do STF, realizada pelo Presidente da República. Ou seja, o Presidente da República nomeia e o Senado Federal sabatina e aprova. Tais competências, de iniciativa única e privativa dos senadores, não dependem de manifestação do Presidente da República para produzir os efeitos esperados. Essas funções se materializam por meio de resoluções. www.trilhante.com.br 14 5. Sessões legislativas SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA O art. 57 da CF, estabelece que o Congresso Nacional reunir-se-á anualmente, em Brasília, nos períodos de 2 de Fevereiro a 17 de Julho e de 1º de Agosto a 22 de Dezembro. Esses períodos do ano em que o Congresso Nacional se reúne são chamados de Sessão Legislativa Ordinária. Essa sessão ordinária é relativa ao ano legislativo em que o exercício do poder de legislar é exercido pela Câmara dos Deputados e Senado Federal. As épocas do ano que não estão compreendidas nos períodos acima referidos são chamadas de recessos parlamentares. Durante o recesso parlamentar, é eleita uma comissão representativa do Congresso Nacional, com atribuições definidas em regimento comum (vide art. 57, §2ºda CF). Essas comissões representativas respondem pelo Congresso Nacional no período em que os membros desde estão sob recesso. De maneira bastante exemplificativa, as comissões representativas seriam um grupo de deputados e senadores selecionados para exercerem o papel do Congresso Nacional, ficando, estes, de “plantão” em Brasília enquanto os demais estariam de “férias” durante os períodos de recesso parlamentar. SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA Já a Sessão Legislativa Extraordinária ocorre mediante convocação, nos termos do art. 57, §6º da CF. A sessão extraordinária ocorre apenas em situações muito específicas em que o Congresso somente pode deliberar sobre matérias para as quais fora convocado (art. 57, §8ºda CF). Não se admite o pagamento de parcela indenizatória a deputados federais ou senadores que tenham sido convocados a comparecer e participar de sessões extraordinárias. Assim, fica o senador e/ou deputado obrigados, em tese, a comparecer à Brasília, se convocados para sessão extraordinária, independentemente de onde estejam, sem receberem por isso qualquer quantia extra. O risco de eventualmente serem chamados para esse tipo de sessão já está previsto e calculado no salário dos senadores e deputados, não sendo permitido o pagamento de quantia aquém desse salário. SESSÃO CONJUNTA As Sessões Conjuntas são aquelas em que se verifica a reunião do Senado Federal e da Câmara dos Deputados para discutir sobre assuntos dispostos no art. 57, §3ºda CF. Entre as causas a serem discutidas nesse tipo de sessão legislativa estão: a inauguração de sessão www.trilhante.com.br 15 legislativa, elaboração de regimento comum das duas Casas (Câmara e Senado), recebimento de compromisso do Presidente da República e do Vice Presidente e o conhecimento do veto, e sobre ele deliberar (refere-se ao veto que o Presidente do país pode se opor à projetos de lei). SESSÃO PREPARATÓRIA No dia 1º de Fevereiro de cada ano, ou seja, no dia que antecede o início da Sessão Legislativa Ordinária, cada uma das duas Casas Legislativas se reúnem em Sessão Preparatória para que seus membros tomem posse e para que ocorra a eleição das Mesas Diretoras. As Mesas do Senado e da Câmara têm mandato de 2 anos, sendo vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. As Mesas são órgão de direção da atividade legislativa desenvolvidas pela Câmara dos Deputados, Senado Federal e Congresso Nacional. Deve-se levar em conta que a com- posição de tais Mesas deve exteriorizar a representação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participam do Poder Legislativo. www.trilhante.com.br 16 6. Comissões Parlamentares Foi estudado anteriormente que o Poder Legislativo é composto, atualmente, por 513 deputados e 81 senadores. Para que fosse dispensada a deliberação de todas as questões levadas a discussão por todos os membros do Poder Legislativo, foram criadas as Comissões Parlamentares. Essas comissões são compostas por um número geralmente restrito de membros, deputados e/ou senadores, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres. É por meio dessas comissões que o Congresso Nacional, Senado e Câmera exercem, direta e indiretamente, a função de legislar e de deliberar. Por exemplo: um projeto de lei que, paraser aprovado, necessite de aprovação da Câmera e do Senado, é apreciado, preliminarmente, por uma comissão parlamentar. De acordo com o art. 58 da CF, as comissões parlamentares podem ser dividas em: 1. Comissões temáticas; 2. Comissões temporárias; 3. CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito); 4. Comissões mistas; 5. Comissões representativas. COMISSÕES TEMÁTICAS As comissões temáticas são permanentes, ou seja, não se extinguem com o cumprimento de sua finalidade. Essa comissões são organizadas em função da matéria a ser deliberada. São exemplos de comissões temáticas: Comissão de Direitos Humanos, Comissão de Constituição e Justiça. As competências atribuídas a esse tipo de comissão estão previstas no art. 58, §2º da CF. COMISSÕES TEMPORÁRIAS As comissões temporárias são criadas para a apreciação de matéria específica. Extinguem- se com o término da legislatura (período de 4 anos) ou, antes dela, quando tenham cumprido a finalidade a que foram destinadas. As CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) são espécies de comissões temporárias. COMISSÕES MISTAS As comissões mistas são aquelas que se formam de Deputados e Senadores. Sua finalidade é estudar assuntos expressamente fixados, com destaque para aqueles que devam ser decididos pelo Congresso Nacional em sessão conjunta de suas Casas. Podem ser permanentes ou temporárias. www.trilhante.com.br 17 COMISSÕES REPRESENTATIVAS As comissões representativas são constituídas durante o recesso parlamentar, tendo como função representar o Congresso Nacional durante tal período. Os parlamentares elegem na última sessão legislativa, para cada um dos períodos já estudados anteriormente (a sessão legislativa ordinária é constituída nos períodos de 2 de Fevereiro à 17 de Julho e de 1º de Agosto à 22 de Dezembro), os membros que representarão o Congresso durante o recesso parlamentar. Por esse motivo chama-se comissão, pois, durante os períodos de recesso parlamentar, determinados parlamentares eleitos pelos seus próprios pares passaram a representar o Congresso Nacional como um todo, sem prejuízo das sessões extraordinárias que podem vir a ocorrer (as quais são convocados todos os parlamentares, sejam eles senadores e/ou deputados). www.trilhante.com.br 18 7. Comissões parlamentares de inquérito CPI – COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO As Comissões Parlamentares de Inquérito são um tipo de comissão parlamentar temporária do Poder Legislativo. As CPIs podem ser criadas tanto pela Câmera dos Deputados como pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de pelo menos um terço de membros de cada Casa, o que corresponde a 171 deputados e 27 senadores. A formação de uma CPI tem como finalidade a apuração de um fato determinado, ou seja, não se pode criar uma CPI para investigar qualquer fato. As CPIs, dessa forma, não possui poderes universais, mas limitados à fatos determinados. Exemplo: não é permitido instaurar- se uma CPI para iniciar uma apuração da corrupção no país. Esse fato não é considerado um fato determinado, mas sim genérico. Entretanto, pode-se criar uma CPI com o intuito de investigar a corrupção praticada por determinados agentes públicos em um determinado momento e em uma determinada repartição da administração pública. O prazo para a conclusão de uma CPI também deve ser determinado, certo. Assim, a investigação realizada por meio de uma CPI não pode se estender por prazo indeterminado. Uma vez que a CPI é classificada como uma comissão parlamentar temporária, deve ter um prazo certo para concluir-se, não podendo ultrapassar, contudo, o período de uma legislatura (4 anos). Ainda, a Comissão Parlamentar de Inquérito é instaurada para que seja realizada uma apuração de determinado fato e que, ao seu término, é redigido relatório final. Esse relatório é encaminhado para um membro do Ministério Público que poderá, eventualmente, de acordo com as circunstâncias do caso, buscar a responsabilização civil e/ou criminal dos infratores em questão. Quanto aos poderes de atuação conferidos a uma CPI, estão relacionados a tudo que é permitido e possível no âmbito de um inquérito. Assim, as CPIs tem poderes de atos investigativos, não podendo, contudo, oferecer denúncia, uma vez que este é um procedimento de competência do Ministério Público. Além do mais, os atos de jurisdição reservados exclusivamente ao poder judiciário ficam vedados de serem realizados no contexto de uma CPI. A seguir, uma lista de atos impossíveis de serem praticados por uma comissão de inquérito: 1. Diligência de busca domiciliar; 2. Quebra de sigilo das comunicações telefônicas (o chamado “grampo”); 3. Ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito, situação em que qualquer cidadão pode decretar a prisão; 4. Medidas assecuratórias (Exemplos: sequestro de bens, arresto, etc.). www.trilhante.com.br 19 Diante desses impedimentos, as CPIs tem poderes para efetuar: 1. Quebra de sigilo fiscal; 2. Quebra de sigilo bancário; 3. Quebra de sigilo de dados telefônicos. Como elencado acima, as CPIs não podem quebrar o sigilo das comunicações telefônicas, ou seja, ter acesso ao conteúdo das conversas travadas pelas pessoas as quais investiga, no entanto, elas podem quebrar o sigilo dos dados telefônicos do indivíduo investigado, ou seja, buscar informações, tais como: para quem a pessoa investigada telefonou, com quem ela se comunicou, etc.; 4. Ouvir testemunhas, sob pena de condução coercitiva; 5. Ouvir investigados ou indiciados. Em suma, para se instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito é necessário o requerimento de, pelo menos, um terço dos membros das duas Casas Legislativas, ter por objeto de apuração um fato determinado e ter um prazo certo de funcionamento. Por fim, as CPIs devem ser consideradas instrumentos políticos que desempenham papel de grande relevância na fiscalização e controle da Administração Pública, sendo bastante benéficas para a sociedade. Dentre as CPIs que receberam grande destaque no país, está aquela que resultou no processo de Impeachment do ex-presidente Fernando Collor. www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante Poder Legislativo http://www.facebook.com/trilhante http://www.instagram.com/trilhante http://www.facebook.com/trilhante http://instagram.com/trilhante http://www.youtube.com/trilhante
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