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OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA DE DAR, COISA INCERTA, DE FAZER E DE NÃO-FAZER E OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA Curso: Direito. Disciplina: Direito Civil – Obrigações. Professor: Roberto Nelson Brasil Pompeo Filho. Aluna: Julia de Paiva. Turma: 3MB. 1) João e Mário são devedores de Pedro, em obrigação cujo objeto é a entrega de uma fazenda no interior do Paraná ou de um apartamento na cidade de São Paulo, a critério de Pedro. Ocorre que entre a assunção do compromisso e o seu vencimento, em razão de fatos alheios à vontade das partes e por estas imprevisíveis, a fazenda sofreu melhoramentos que lhe aumentaram sobremaneira o valor. Conhecedor desses fatos, Pedro obviamente optou pela fazenda, notificando ambos os devedores dessa escolha. Estes responderam que para a entrega da fazenda exigiam aumento no preço. Responda justificando e indique as referências legais para cada resposta. PERGUNTAS: a) É válida a cláusula que atribui a Pedro a escolha entre o apartamento e a fazenda? A cláusula é válida por se tratar de uma obrigação alternativa, visto que Pedro pode escolher entre um apartamento em São Paulo ou uma fazenda no interior do Paraná (pode-se observar que essa é a natureza da obrigação por conter o prefixo “ou”), tal afirmativa baseia-se no artigo 252 do Código Civil. b) É justificada legalmente a posição dos devedores quanto à exigência de aumento no preço? Sim, os devedores podem exigir um aumento no valor para a aquisição, pois, enquanto não realizarem a entrega, a fazenda ainda pertence a eles. Essa afirmação está presente no Art. 237, CC: “Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.” c) Caso Pedro optasse pelo apartamento, haveria ainda assim algum ajuste de preço a ser realizado? Não, pois foi somente a fazenda que passou por melhorias. Se Pedro optasse pelo apartamento, não haveria nenhum acréscimo no valor. d) Caso o apartamento tivesse sido destruído em razão de caso fortuito ou de força maior, antes da escolha, ainda seria cabível a exigência de aumento no preço? Seria cabível pois, em razão de força maior, a obrigação alternativa se tornaria uma simples, cabendo ao Pedro adquirir a fazenda se pagasse o valor do acréscimo. 2) Alexandros, Cástor e Pólux são devedores de Ulisses, em obrigação cujo objeto é a entrega de uma fazenda no interior do Paraná ou de 500.000 sacas de soja, a critério dos devedores. Ocorre que entre a assunção do compromisso e o seu vencimento Cástor, sem conhecimento de Pólux, vendeu a fazenda. Posteriormente, as sacas de soja que deveriam ser entregues ao credor se perderam por razão de força maior. Não cumprida a obrigação, Ulisses, que não sabia das impossibilidades, constituiu em mora os devedores, mas ajuizou ação somente contra Pólux. PERGUNTAS: a) É válida a cláusula que atribui aos devedores a opção entre a soja e a fazenda? A cláusula é válida por se tratar de uma obrigação alternativa, visto que os devedores podem escolher realizar a entrega de uma fazenda no interior do Paraná ou de 500.000 sacas de soja (pode-se observar que essa é a natureza da obrigação por conter o prefixo “ou”), tal afirmativa baseia-se no artigo 252 do Código Civil. b) É possível a cobrança da dívida toda somente de Pólux? Por se tratar de um objeto divisível (500.000 sacas de soja), Pólux poderá pagar somente por 1/3 do valor da cobrança da dívida, não sendo correto a cobrança integral. c) Em sua defesa Pólux alegou que a obrigação se extinguira, pois quando uma das prestações (entrega da fazenda) se impossibilitou a obrigação recaiu sobre a outra prestação, já que a escolha era dos devedores, tornando-se obrigação simples. Como a segunda prestação se perdeu por força maior, extinguiu-se a obrigação. Procede a defesa? A alegação não procede visto que as sacas de soja configuram-se como sendo coisa incerta. Baseando-se nessa informação e no que o dispositivo legal afirma (“Art. 246,CC: Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito), os devedores deverão entregar as 500.000 sacas de soja para Ulisses, independente da perda por força maior, pautando-se no princípio genus nunquam perit, a soja deverá ser substituída e entregue. 3) Marcos, Antônio e César são credores de Caio em um apartamento registrado sob a matrícula nº. 12.345, no 36o . Cartório de Registro de Imóveis de Curitiba-PR. PERGUNTAS: a) Qualquer um dos credores pode cobrar a dívida de Caio? Por se tratar de um objeto indivisível, qualquer credor poderá cobrar de Caio, cabendo aos outros credores, posteriormente, cobrar sua parte diretamente do credor-comprador, conforme afirma o Art. 261, CC. b) Como Caio se exonera da obrigação entregando o bem ao credor que lhe cobrou a dívida? Dando a este uma caução de ratificação dos outros credores. Essa ação se caracteriza como sendo um “fundo de garantia” para os demais credores (o comprador deverá depositar as partes dos outros credores), sendo encontrada no Art. 260, II do Código Civil. c) Se Marcos remitiu a dívida de Caio, como poderiam os demais credores cobrar-lhe a dívida ou este fica exonerado da obrigação? Por se tratar de uma obrigação indivisível, quando Marcos remitiu a dívida, Caio passou a ser proprietário de 1/3 do apartamento e Antônio e César se tornaram donos de 2/3. Para que os dois credores restantes possam possuir a totalidade do bem, é necessário que realizem o pagamento da parte pertencente a Caio. d) Se a obrigação se resolver em perdas e danos, qualquer um dos credores pode cobrar a dívida toda de Caio? Não, pois nesse caso, a prestação perderia o caráter de indivisibilidade, conforme dita o Art. 263, CC. Dessa forma, cada credor poderia cobrar de Caio somente a sua parte da dívida.