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NOTAS DE AULA Informações: Ano: 2021 Disciplina: Laboratório de Materiais de Construção Civil Curso: Engenharia Civil Professora: Dra. Rudiele Aparecida Schankoski OBS.: Esta apostila foi baseada na apostila escrita pelo Prof. Luiz Roberto Prudêncio Jr. para uso na Disciplina de Materiais de Construção Civil I do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, e adaptada pela Prof.ª Giovanna Patrícia Gava Oyamada (Universidade Estadual do Oeste do PR - UNIOESTE). Para este documento, foram feitas algumas alterações e inclusões de capítulos, no entanto o mérito e os direitos autorais dos capítulos 1 – 2 e 4 – 9 são do referido professor. Nome: _____________________________________________________________________ Contato: ___________________________________________________________________ 2 1 ROCHAS A ABNT define: “Rochas são materiais constituintes essenciais da crosta terrestre provenientes da solidificação do magma ou de rochas vulcânicas ou da consolidação de depósitos sedimentares, tendo ou não sofrido transformações metamórficas.” Estes materiais apresentam elevada resistência mecânica, e são somente modificáveis por contatos a água e ar em casos muito especiais. Da rocha podem ser extraídos blocos, matacões, agregados e pedras de construção; nestas últimas encontram-se pedras de alvenaria, guias, paralelepípedos, lajotas e placas de revestimento. As rochas são os materiais mais antigos utilizados pelo homem pelo fato de poderem ser empregadas sem grandes transformações em relação ao seu estado original. É estimado que em 3.000 AC., as rochas já eram utilizadas em formas primitivas de construções. Ainda na idade antiga, destacavam-se construções vultuosas como as pirâmides do Egito erguidas com blocos de rochas calcárias. Na Idade Média a rocha foi o material estrutural mais importante. A construção de suntuosos castelos medievais e grandes catedrais é prova disto. Posteriormente, com o aparecimento das estruturas metálicas no século XIX e o desenvolvimento do concreto armado no século XX, a rocha, como material estrutural, sofreu forte impacto principalmente por não ter uma resistência à tração da mesma ordem de grandeza de sua resistência à compressão. Os novos materiais, em contrapartida, por possuírem boa resistência à tração e à compressão propiciaram uma verdadeira revolução nas formas e concepções arquitetônicas. Diante da situação criada, a rocha de construção passou a ter seu campo de aplicação bem definido e limitado: muros de arrimo, fundações pouco profundas, blocos de pavimentação descontínua e agregado componente do concreto de cimento Portland ou da mistura betuminosa usada em pavimentação. Mais adiante, a rocha foi utilizada sob novas formas de aplicação, como por exemplo placas de revestimentos de paredes e pisos funcionando, neste caso, não como material suporte ou de base, mas como elemento de acabamento e proteção, devido à sua grande durabilidade e efeito estético inigualável pela cor e textura. Mas, é ainda como agregado em argamassas e concretos que hoje o material ocupa novamente a primeira linha em importância dentre os materiais de construção. 1.1 Classificação das rochas 1.1.1 Classificação Geológica ü Rochas ígneas ou magmáticas: Formadas pela consolidação do material proveniente de uma fusão total ou parcial do magma. Ex.: basalto, granito e diabásio. ü Rochas sedimentares: Formadas pela consolidação de sedimentos transportados e depositados pela água ou pelo vento, ou seja: resultam, em geral, da degradação físico-química de outras rochas que podem ser aglutinadas por cimentos naturais ou pela dissolução e subsequente precipitação de minerais solúveis, ou ainda pela ação biológica de determinados organismos vivos. Ex.: arenito, argilito, calcário, gipsita, turfa. ü Rochas metamórficas: Formadas pela alteração gradual das rochas sedimentares ou das rochas ígneas pela ação de calor e altas pressões. Ex.: gnaisse, mármore, xisto, filito. 1.1.2 Classificação Tecnológica ü Rochas silicosas: São rochas em que predomina a sílica (SiO2), têm as maiores resistências mecânicas e maior durabilidade. ü Rochas calcárias: Predomina o CaCO3. São rochas de boa resistência, mas durabilidade considerada média. 3 ü Rochas argilosas: Predomina a argila, têm baixíssima resistência mecânica e baixíssima durabilidade. 1.2 Rochas mais comumente empregadas em construção civil: 1.2.1 Granito Rocha ígnea, muito dura, de textura cristalina e de grãos finos ou médios. Tem fratura irregular ou concóide (conchoidal) e é muito comum na natureza. Compõe-se de quartzo, feldspato ou mica. A cor predominante do granito depende principalmente do feldspato e pode ser rósea, marrom, amarelada, cinza ou azulada. Sua massa específica varia de 2,5 a 3,0 kg/dm3 e sua resistência à compressão é, em média, 150 MPa. O granito é excelente rocha de construção, desde que não se apresente alterado. Sua resistência mecânica e durabilidade são as maiores dentre as demais rochas utilizadas em construção. Sua dureza, entretanto, dificulta o trabalho da rocha, sendo por isso vantajoso executar-se este trabalho próximo à extração, porque a água da pedreira que permanece em seus interstícios e vazios facilita muito a ação das ferramentas. É muito indicado para calçamento, por resistir excepcionalmente bem ao choque e ao desgaste. Em todas as obras em que predomina os esforços de compressão é aconselhável o seu uso, tais como muros de arrimo, alvenaria e mesmo pontes em arco. Sua utilização principal é como agregado (base de pavimentos, concretos asfálticos e de cimento Portland). Atualmente, tem sido muito utilizado como revestimento de pisos e paredes na forma polida, por sua aparência estética (textura, coloração), resistência ao desgaste e durabilidade. 1.2.2 Basalto Rocha ígnea constituída à base de feldspato. É uma rocha de coloração cinza escuro que tem grande resistência e dureza. Como agregados apresentam algumas características importantes: a primeira, a grande dureza que provoca desgastes importantes dos britadores (menos importantes dos que os observados nos granitos); a segunda, a forma dos grãos predominantemente lamelares. Em compensação devido ao seu fraturamento natural, exige menos explosivos na exploração das pedreiras para a produção de agregados o que faz com que o seu custo de produção seja geralmente inferior aos agregados graníticos. A sua massa específica é da ordem de 2,8 a 3,0 kg/dm3 e sua resistência à compressão pode alcançar valores da ordem de 200MPa. Pode ser empregado em forma de placas polidas para o revestimento de pisos onde haja grande trânsito de pedestre, por sua grande resistência à abrasão. Em forma bruta (sem polimento), é usado como piso em placas esquartejadas para jardins em torno de piscinas. 1.2.3 Calcários São rochas sedimentares compostas basicamente por carbonatos de cálcio associados, em certos casos, aos carbonatos de magnésio. Os calcários formados predominantemente por carbonato de cálcio são denominados “calcários calcíticos” e aqueles que apresentam quantidade expressiva de carbonato de magnésio são conhecidos por “calcários dolomíticos ou magnesianos”. Estas rochas podem ser facilmente distinguidas das demais por três propriedades importantes: 1º) Calcinam-se pela ação do calor, liberando gás carbônico. CaCO3 + calor = CaO + CO2 2º) São atacadas pelos ácidos, desprendem CO2 com efervescência. 4 3º) São facilmente riscadas pelo canivete (grau 3 na escala de Mohs). São utilizadas como revestimento, na produção de aglomerante (cal e cimento Portland) e, em algumas regiões, como agregados. 1.2.4 Mármores São rochas originadas do metamorfismo dos calcários. Apresentam as mesmas propriedades anteriormente descritas pelo calcário. Sua principal utilização em construção civil é no revestimento de interioressob a forma de placas. Apresentam durabilidade e resistência à abrasão inferiores às do granito. 1.2.5 Gnaisses Rochas metamórficas que se caracterizam pela xistosidade particular que constitui a estrutura gnáissica. Representam o último grau de alteração de rochas sedimentares e constituem o grupo dos paragnaisses ou então provêm do metamorfismo dos granitos e são chamados ortognaisses. Apresentam aspecto e características físicas e mecânicas semelhantes às dos granitos e, portanto, possuem praticamente os mesmos usos. 1.2.6 Informações Complementares A Tabela 1 apresenta algumas características médias das principais rochas empregadas na construção civil. Tabela 1: Características de rochas. Tipo de rocha Resistência à Compressão (MPa) Absorção (%) Módulo de Elasticidade (GPa) Granito 150 0,1-0,8 40-70 Basalto 200 0,1-0,6 60-100 Gnaisse 150 0,2-0,8 40-70 Calcário 120 0,2-0,45 30-50 Arenito 70 1,2-8,5 20-40 5 2 AGREGADOS 2.1 Definição e aplicação Entende-se por agregado o material granular, sem forma e volume definidos, geralmente inertes, de dimensões e propriedades adequadas para o uso em obras de engenharia. São agregados as rochas britadas, os fragmentos rolados no leito dos cursos d’água e os materiais encontrados em jazidas, provenientes de alterações de rochas (areias). Geralmente eram classificados como naturais, aqueles que já são encontrados na natureza sob a forma de agregados (ex.: areias e seixos) e artificiais os que necessitem de um trabalho de afeiçoamento pela ação do homem a fim de chegar à situação de uso como agregado (ex.: britas e pó-de- pedra). Contudo, Sbrighi Neto (2012) classifica os agregados quanto à origem da seguinte forma: a) naturais, são aqueles que se encontram na natureza prontos para o uso, sem necessitar de beneficiamento que não seja a lavagem, sua classificação é feita por peneiramento, como exemplo desses agregados, podemos citar: areia de rio, pedregulho, areia de cava; b) britados, estes agregados são provenientes do processo de cominuição de rochas, geralmente por britagem, para que possam ser utilizados como agregados para concreto, como exemplo: pedra britada, pedrisco, pedregulho britado; c) artificiais, derivados de processos industriais, tais como a argila expandida e pelotizada, o folheto expandido por tratamento térmico, a vermiculita expandida; d) reciclados, que podem ser resíduos industriais granulares que tenham propriedades adequadas ao uso como agregado ou proveniente do beneficiamento de entulho de construção ou demolição selecionado para esta aplicação, exemplo: escória de alto forno, entulho de construção/demolição. Os agregados são utilizados em lastros de vias férreas, bases para calçamentos, entram na composição de material para revestimentos betuminosos, como material de drenagem e para filtros e, finalmente, como material granuloso e inerte na confecção de argamassas e concretos. Sem dúvida, é a sua utilização em concreto a considerada mais importante e foco das atenções neste documento. 2.2 Agregados obtidos de jazidas naturais. Os agregados naturais são derivados de rochas existentes na crosta da Terra que estarão sujeitas a processos denominados genericamente de intemperismo, resultantes da diferença de temperatura noturna e diurna, ciclos de umedecimento e secagem e de dissolução/precipitação dos compostos solúveis e outros processos decorrentes de situações particulares que dependem, por exemplo, da topografia. A qualidade dos agregados obtidos de jazidas naturais está intimamente ligada à sua origem geológica. De acordo com esta origem, as jazidas classificam-se em: ü Residuais – São os depósitos encontrados nas proximidades da rocha matriz. Possuem, em geral granulometria contínua, mas também grande quantidade de impurezas. ü Eólicas – São depósitos de materiais finos, com granulometria fina e uniforme, porém com grande pureza. Os grãos possuem formato esférico. São formados pela ação do vento (dunas). ü Aluviais – São depósitos formados pela ação transportadora das águas podendo ser fluviais ou marítimos. Os marítimos, em geral, apresentam granulometria uniforme (fina ou grossa). Os fluviais são normalmente os melhores agregados encontrados na natureza por possuírem uma granulometria razoavelmente contínua e pouca impureza, porém, geralmente, possuem uma deficiência de grãos muitos finos. 6 2.3 Agregados naturais de britagem Os agregados naturais britados, provenientes dos processos de cominuição de rochas, são destinados a aplicações diversas na construção civil, tais como concreto de cimento Portland, pavimentação, enrocamento, aterros, etc. 2.3.1 Etapas de produção dos agregados britados Agregados naturais de britagem são agregados obtidos através da redução de tamanho de pedras grandes, geralmente por trituração em equipamentos metálicos (britadores). A produção dos agregados britados é realizada nas pedreiras em três fases distintas: o desmonte, a britagem e o beneficiamento. A sequência da operação de produção dos agregados naturais de britagem é, em geral: 1. Extração da rocha – Produz-se blocos de grandes dimensões. Para obtenção destes blocos o primeiro passo no desenvolvimento da pedreira é a remoção do chamado capeamento ou capa de solo e rocha decomposta que pode ter espessuras muito variáveis e recobre o maciço de rocha sã. Nessa operação, chamada de decapagem, é preciso deixar uma face limpa e aberta para a etapa seguinte que é a perfuração espaçada da rocha, convenientemente distribuída para que os furos originados, quando preenchidos com explosivos, possam proporcionar na detonação fragmentação adequada da rocha em tamanho aos equipamentos de britagem disponíveis. 2. Fragmentação secundária – Necessária quando os blocos obtidos na etapa de extração tenham tamanho incompatível com a entrada do britador primário. Reduz-se o tamanho dos blocos a dimensões adequadas para o britamento primário, geralmente de mandíbula. Podem-se utilizar fogachos ou massas metálicas em queda nesta etapa. 3. Transporte – Da pedreira, os fragmentos são transportados por meio de correias ou transporte rodoviário (mais oneroso) para o britador primário. 4. Britador primário – Reduz o tamanho dos fragmentos. Geralmente são utilizados britadores de mandíbula (movimento alternado). Os britadores de mandíbula fragmentam a pedra, esmagando-a de encontro à superfície triturante fixa, por meio de superfície triturante de movimento alternado (mandíbula móvel). A pedra, sendo triturada, vai baixando pelo funil a cada afastamento da mandíbula móvel. 5. Transporte – Do britador primário, os fragmentos de rocha são levados ao britador secundário, normalmente por meio de correias transportadoras. 6. Britador secundário – Leva os fragmentos à sua dimensão final. Normalmente são empregados britadores de movimento contínuo (girosféricos ou cone, de rolo ou martelo). Nos britadores girosféricos, a superfície triturante fixa é a superfície interna da cavidade cônica e a móvel é a parte externa do pinhão côncavo, que se afasta e se aproxima da cavidade cônica, devido a um excêntrico. Nos britadores de rolo, a britagem é feita por dois rolos separados por um pequeno intervalo que giram em sentidos contrários, podendo ter as superfícies lisas, corrugadas ou dentadas (uma ou as duas). Nos britadores de martelo, o material é jogado por pás móveis contra a superfície interna do britador, dando-se, no choque, o fracionamento. Atualmente, principalmente no caso das rochas basálticas, existe uma tendência ao uso dos britadores girosféricos de impacto vertical (VSI), conhecidos comercialmente como ciclone, tornado, barmaq, que se caracterizam por britar a rocha contra rocha o que torna os grãos dos agregados mais regulares (menos lamelares) e aumentam a produção de material fino (abaixo de 4,8mm) e de pó. 7. Britador terciário ou quaternário– Quando o material obtido da britagem secundária não atinge as dimensões necessárias para a obtenção de agregados classificados, é necessária uma nova britagem. Os britadores terciários e quaternários são do tipo cone ou de impacto vertical (VSI), conhecido comercialmente como ciclone, tornado ou 7 barmaq. O VSI caracteriza-se por provocar o choque entre as rochas, o que torna os grãos dos agregados menos lamelares e aumentam a produção de material fino (abaixo de 4,8mm) e de pulverulento (inferior a 0,075mm). O britador VSI se diferencia dos convencionais pela utilização de acúmulos de rocha dentro da máquina minimizando o desgaste metálico. Um aumento da friabilidade do material ou da rotação produz maior cominuição com consequente aumento na produção de finos e o formato das partículas britadas é geralmente arredondado ou cúbico. 8. Peneiramento – Separa os grãos em tamanhos diferentes, conforme exigências de norma ou comerciais. As peneiras empregadas na classificação da pedra britada podem ser: Peneiras Cilíndricas Rotativas: A peneira cilíndrica rotativa é constituída de chapas de aço perfuradas e enroladas em forma cilíndrica, com inclinação de 4 a 6 graus. O refugo sai pela parte de baixo e pode ser rebritado. A peneira é formada por várias seções, com diâmetro de furo crescente, da boca para a saída. Apresenta os seguintes inconvenientes: - Pequena fração da superfície é aproveitada: a área útil é de 1/10 da total; - Lenta: velocidade de 10 a 15 rpm. Não pode ter velocidade maior porque a força centrífuga prejudica a classificação; nem menor, senão o material não escoa através do peneirador; - Custo e manutenção elevados devido ao desgaste uma vez que as peneiras de diâmetro menor e, portanto, as menos resistentes recebem as maiores cargas; - Classificação deficiente; - Paradas frequentes para a manutenção. Peneiras Planas Vibratórias: São mais modernas, com inclinação de aproximadamente 15 graus. São formadas de caixilhos superpostos. Apresentam as seguintes vantagens: - Frações de rocha maiores não vão às peneiras mais fracas (menor desgaste); - Classificação rigorosa; - Pequeno espaço ocupado; - Fácil substituição das telas; - Maior aproveitamento da superfície; - Menor potência necessária. 9. Lavagem – Operação executada quando existe uma quantidade excessiva de finos e principalmente quando a rocha matriz se encontra parcialmente alterada (presença de argila). 10. Estocagem – Os agregados vão para depósitos a céu aberto ou para silos. 2.3.2 Produção de areia industrial ou areia de britagem O processo de produção de areia de britagem pode ser realizado pela via seca ou úmida. A matéria-prima utilizada é o material passante na peneira 4,8 mm proveniente do britamento de rochas, denominado comercialmente como pó-de-pedra. Em condições normais de produção da pedreira, este material, que é o resíduo da produção de britas, é estocado em pilhas e sua utilização principal é em pavimentação. No caso da produção de areia de britagem, é coletado diretamente debaixo da peneira 4,8 mm e conduzido, através de uma calha, para um sistema de eliminação do excesso de material pulverulento, que geralmente ultrapassa 10% para rochas graníticas e aproximadamente 15% nas rochas basálticas. O sistema a seco é realizado por meio de peneiramento. O sistema por via úmida é formado por um tanque dotado de uma roda d’água. Este tanque, que é alimentado continuamente com água, possui um extravasor que mantém o nível da água constante. A roda d’água possui câmaras cujo fundo é formado por telas de pequena abertura. O giro da roda d’água faz com que as câmaras captem 8 porções de material imerso que, ao elevarem-se acima do nível da água do tanque, permitem a drenagem através das peneiras. No líquido drenado é eliminado parte do pó. O material remanescente das câmaras é basculado sobre uma calha que conduz a uma pilha. Esta pilha é removida periodicamente e o material transferido para um depósito maior. A água contaminada com o material pulverulento que sai continuamente do extravasor é conduzida a um tanque de sedimentação. Na saída deste tanque, é feito o bombeamento da água reciclada para o sistema de lavagem do agregado. Esse processo de produção traz alguns problemas: o principal é a dificuldade de destinação da lama captada nos tanques de sedimentação e além disso, é de baixa produtividade. Se os agregados assim produzidos forem depositados imediatamente em silos para a utilização posterior (exs.: fábricas de pré-moldados e centrais de concreto) apresentam dificuldade de serem manipulados devido à sua angulosidade e umidade excessiva dificultando operações de pesagem. Algumas pedreiras já têm adotado outros sistemas para recolherem o material pulverulento a seco por meio de exaustores instalados na linha de britagem levando a uma maior produção e tornando mais fácil o uso da areia industrial. 2.4 Propriedades dos agregados Os agregados possuem diversas características e propriedades cujo conhecimento e entendimento são fundamentais para a sua aplicação em concretos e argamassas. Dentre elas, pode-se destacar: composição granulométrica, massa específica, massa unitária, umidade, inchamento, impurezas, forma das partículas e reatividade. 2.4.1 Formação de amostras para os ensaios de caracterização dos agregados A determinação das propriedades físicas dos agregados deve ser procedida em amostras. Esta amostra deve ser representativa de um lote, ou seja, deve possuir todas as características do mesmo, principalmente sob o ponto de vista de granulometria. Desta forma, para a formação da amostra, deve-se coletar materiais em diversos pontos do depósito ou silo, agrupá-los e homogeneizá-los. As NBR NN 26 (2009) e NBR NM 27 (2001) descrevem detalhadamente os procedimentos para a formação das amostras. A primeira etapa do processo de formação da amostra consiste no quarteamento. Na pilha de agregado a ser caracterizado, forma-se uma pilha menor no formato de cone com o material previamente homogeneizado, em seguida achata-se este cone até obter uma pilha de formato tronco cônico com a maior base possível. Divide-se o tronco de cone em 4 partes aproximadamente iguais segundo 2 eixos ortogonais. Toma-se então duas partes opostas, homogeniza-se e repete-se a operação até obter-se a amostra desejada. A Tabela 2 e Tabela 3 apresentam as quantidades mínimas de amostras para a caracterização dos agregados e para estudos de dosagem do concreto. O material, nas quantidades mínimas necessárias estabelecidas nas Tabelas 2 e 3, deve ser transportado para o laboratório bem acondicionado, evitando sua descaracterização. Em laboratório, no caso do agregado graúdo, é feito um quarteamento até obter-se o tamanho de amostra para ensaio desejado. Quanto ao agregado miúdo, a amostra vinda do campo passa por um separador de amostras. A Figura 1 mostra o quarteamento manual de agregados. 9 Tabela 2: Quantidade de amostras a serem coletadas para os ensaios químicos e físicos dos agregados. Fonte: NBR NM 26 (2009) Tamanho nominal do agregado Número mínimo de amostras parciais Quantidade total da amostra de campo (mínimo) Em massa (kg) Em volume (dm3) £ 9,5 mm 3 25 40 >9,5 mm£ 19 mm 25 40 >19 mm£ 37,5 mm 50 75 >37,5 mm£ 75 mm 100 150 >75 mm£ 125 mm 150 225 Obs.: amostras parciais são parcelas de agregado obtidas de uma só vez do lote de agregado, em um determinado plano ou local, obedecendo a um plano de amostragem. Tabela 3: Quantidade de amostras a serem coletadas para estudos em concreto (dosagem e comprovação da resistência). Fonte: NBR NM 26 (2009) Tipo de agregado Emprego Massa total da amostra de campo mínima (kg) Agregado miúdo Apenas um agregado 200 Dois ou mais agregados 150 (por unidade) Agregado graúdo Apenas um tipo de graduação 300 Duas ou mais graduações 200 (por unidade) Obs.: quando se deseja fazer os ensaiosde caracterização, as quantidades indicadas devem ser acrescidas daquelas apresentadas na Tabela 2. Figura 1: Quarteamento manual de agregados. 2.4.2 Material Pulverulento O material pulverulento presente nos agregados é constituído por partículas com dimensão inferior a 0,075mm, inclusive por materiais solúveis em água. Em geral, as areias naturais contêm uma pequena porcentagem de material fino, constituído de silte e argila e, portanto, passante na peneira 0,075 mm. Os finos, de um modo geral, quando presentes em grande quantidade, aumentam a exigência de água dos concretos 10 para uma mesma consistência. Os finos de certas argilas em particular, além disso propiciam maiores alterações de volume nos concretos, intensificando sua retração e reduzindo sua resistência. O efeito da presença de argila em um agregado que se destina a ser utilizado em concreto depende também do modo que ela está distribuída. A argila pode ser eliminada por lavagem, mas esta operação pode trazer alguns inconvenientes. Se, de um lado, a água pode eliminar esta impureza, aumentando a resistência da argamassa ou do concreto, por outro podem ser arrastados os grãos mais finos da areia, aumentando o índice de vazios da areia. Para a resistência do concreto, o material pulverulento é muito mais nocivo quando é encontrado formando uma fina película que cobre os grãos do agregado, do que quando se acha uniformemente distribuído em toda a massa. No primeiro caso, a aderência entre a pasta de cimento e o agregado fica reduzida, enquanto no segundo é algumas vezes favorável. A determinação do material pulverulento (passante na peneira 0,075 mm) é feita conforme a NBR NM 46 (2003), com os seguintes procedimentos: - Coletar uma amostra representativa do agregado de acordo com a NBR NM 26 (2009) e formar uma amostra de ensaio ligeiramente superior a apresentada na Tabela 4, sempre que possível com o material úmido a fim de evitar a segregação da fração pulverulenta. Tabela 4: Massa mínima da amostra para o ensaio de material pulverulento. Dimensão máxima característica do agregado (mm) Massa mínima da amostra de ensaio (g) 2,36 100 4,75 500 9,5 1000 19 2500 ³37,5 5000 - Secar a amostra em estufa entre 105 e 110°C. - Determinar a massa seca do agregado (mcp). - Colocar o material num recipiente e adicionar água em abundância misturando a amostra nesta água frequentemente. Verter a solução (água suja com pó) sobre um conjunto de peneiras superpostas (#1,2 e #0,075mm). Colocar nova porção de água e repetir a operação de lavagem tantas vezes quantas forem necessárias para que se obtenha uma solução praticamente limpa; - Coletar o material restante no recipiente e retido nas duas peneiras para uma bandeja metálica e secar em estufa até constância de massa (msp). O teor de material pulverulento da amostra (MP), em porcentagem, será determinado pela seguinte expressão: 𝑀𝑃(%) = ' 𝑚!" −𝑚#" 𝑚!" * × 100 Onde: MP = teor de material pulvelurento (%) mcp = massa de agregado com pó, ou seja, antes da lavação (gramas) msp = massa de agregado sem pó, ou seja, após a lavação (gramas) O resultado de material pulverulento do agregado deve ser a média aritmética de duas determinações (duas amostras do agregado). A diferença obtida nas duas determinações com relação à média não deve ser maior que 0,5% para agregado graúdo e 1,0% para agregado miúdo. Quando esta condição não for atendida deve ser realizada uma terceira determinação, adotando como resultado do ensaio a média aritmética dos dois resultados mais próximos. A NBR 7211 (2009) fixa os teores máximos de material pulverulento em: 11 Para agregado miúdo: - Em concretos submetidos a desgaste superficial ................................................... 3,0 % - Nos demais concretos ............................................................................................ 5,0 % Nota: Estes limites podem ser aumentados para 10 e 12% em massa respectivamente, quando o material que passa na peneira 0,075 mm for constituído totalmente de grãos gerados durante o britamento de rocha. Para agregado graúdo: 1,0 % O porquê de a norma ser mais tolerante com os agregados oriundos da britagem reside no fato de que os agregados miúdos de britagem são constituídos por grãos angulosos e a presença de finos ajuda a reduzir o atrito entre as partículas melhorando a trabalhabilidade do concreto. Além disso, estes grãos geralmente não são tão finos quanto os de natureza argilosa, comuns nos agregados naturais, que são, em muitos casos, até expansivos. 2.4.3 Composição Granulométrica Denomina-se composição granulométrica de um agregado a proporção relativa, expressa em percentagem, dos diferentes tamanhos de grãos que constituem o material. Pode ser expressa pelo material que passa ou pelo material retido acumulado, por peneira. Esta composição granulométrica tem uma grande influência nas propriedades futuras das argamassas e concretos confeccionados com este agregado. É determinada por peneiramento, através de peneiras com determinadas aberturas, constituindo uma série padrão. No Brasil são utilizadas peneiras com malhas de forma quadrada, e uma sequência tal que o lado de cada abertura tenha sempre o dobro do lado da abertura da malha da peneira anterior, começando pela peneira de 0,15 mm. Estas são denominadas peneiras da série normal. Existem outras peneiras com aberturas diferentes das da série normal utilizadas para a caracterização de dimensões características máximas e mínimas das partículas, estas constituem a série intermediária. As peneiras das séries normal e intermediária são definidas pela NBR 7211 (2009), conforme apresentado na Tabela 5. Tabela 5: Sequência de peneiras das séries normal e intermediária, de acordo com a NBR 7211 (2009). Série normal – abertura (mm) Série intermediária – abertura (mm) 76 64 50 37,5 31,5 25 19 12,5 9,5 6,3 4,75 2,36 1,18 0,6 0,3 0,15 12 Quanto à sua composição granulométrica, os agregados podem são classificados pela NBR 7211 (2009) da seguinte forma: Miúdos: aqueles cujos grãos passam pela peneira 4,75 mm e ficam retidos na peneira 0,15 mm. Graúdos: aqueles cujos grãos passam por uma peneira de malha quadrada com abertura nominal de 75 mm e ficam retidos na peneira de 4,75 mm. Agregado total: agregado resultante da britagem de rochas cujo beneficiamento resulta em uma distribuição granulométrica constituída por agregados graúdos e miúdos; ou por mistura intencional de agregados britados e areia natural britada, possibilitando o ajuste da curva granulométrica em função das características do agregado e do concreto a ser preparado com este material. A determinação da composição granulométrica é feita através de procedimento da NBR NM 248 (2003). A coleta da amostra deve ser feita de acordo com a NBR NM 26 (2009). Da amostra remetida ao laboratório, depois de umedecida para evitar a segregação e cuidadosamente misturada, formar duas amostras para o ensaio de acordo com a NBR NM 27 (2001). A massa mínima por amostra de ensaio é indicada na Tabela 6. Deve-se, entretanto, observar a massa máxima que, durante o ensaio, pode estar depositada sobre a malha de cada peneira, conforme o determinado na Tabela 7. Por exemplo, areias com granulometria extremamente uniforme devem ser ensaiadas com amostras muito próximas da mínima estabelecida pela Tabela 6, para poderem atender a condição definida na Tabela 7. Tabela 6: Massa mínima por amostra de ensaio. Dimensão máxima característica do agregado (mm) Massa mínima da amostra de ensaio (kg) < 4,75 0,3 após a secagem 9,5 1 12,5 2 19 5 25 10 37,5 15 50 20 63 35 75 60 90 100 100 150 125 300 Tabela 7: Máxima quantidade de material sobre as peneiras. Abertura da peneira (mm) Máxima quantidade de material sobre a tela (kg) 50 3,6 37,5 2,7 25 1,8 19 1,412,5 0,89 9,5 0,67 4,75 0,33 < 4,75 0,20 13 Procedimento do ensaio de granulometria: - As amostras para a realização do ensaio de granulometria são provenientes do ensaio de material pulverulento, ou seja, devem ser amostras limpas sem pó. - Após lavar as amostras na peneira 0,075mm, recolher o material retido nesta peneira e secar as duas amostras de ensaio em estufa (105 a 110ºC), esfriar a temperatura ambiente e determinar suas massas (M1 e M2). Tomar a amostra M1 e reservar a outra. - Encaixar as peneiras da série normal e intermediária, previamente limpas, numa sequência crescente de aberturas da base para o topo do conjunto. Sob a peneira inferior (0,15 mm) encaixar o fundo. - Colocar a amostra sobre o conjunto de peneiras tampando, a seguir, a peneira superior. - Promover a agitação mecânica do conjunto até que se atinja constância de peso nas frações retidas em cada peneira. A tolerância admitida é de 1% em relação à massa do material retido na peneira, verificada em duas pesagens sucessivas. - Remover o material retido em cada peneira para uma bandeja identificada. Escovar a tela em ambos os lados para limpar a peneira. O material removido pelo lado interno é considerado como retido (juntar na bandeja) e o desprendido na parte inferior como passante deve se juntar com o material retido na peneira imediatamente inferior. O material passante durante esta etapa deve ser incluído na peneira imediatamente inferior antes do início de peneiramento desta. A tolerância admitida é de 1% em relação à massa do material retido na peneira verificada em duas pesagens sucessivas. - Determinar a massa total de material retido em cada uma das peneiras e no fundo do conjunto. O somatório de todas as massas não deve diferir mais de 0,3% de M1 - Repetir todo o procedimento para a amostra com M2. Cálculos: Para cada uma das amostras de ensaio (M1 e M2), calcular a porcentagem retida, em massa, em cada peneira, com aproximação de 0,1%. As amostras devem apresentar necessariamente a mesma dimensão máxima característica e, nas demais peneiras, os valores de porcentagem retida individualmente não devem diferir em mais de 4%. Caso isto ocorra, repetir o peneiramento para outras amostras de ensaio até atingir esta exigência. As porcentagens médias retidas acumuladas devem ser calculadas, para cada peneira, com aproximação de 1%. Com a massa de agregado sem pó (msp) deve ser feito o ensaio de granulometria, porém para efeitos de cálculos a massa do agregado a ser considerada deverá ser a massa total, ou seja, a massa inicial com pó do agregado e a quantidade de pó determinada no ensaio de material pulverulento devem ser somadas a quantidade de material que ficou no fundo quando do ensaio de granulometria. Do ensaio de granulometria determina-se os seguintes parâmetros: Dimensão Máxima Característica: Corresponde à abertura de malha, em mm, da peneira da série normal ou intermediária, a qual corresponde uma percentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa. Dimensão Mínima Característica: Corresponde à abertura de malha, em mm, da peneira da série normal ou intermediária, a qual corresponde uma percentagem retida acumulada igual ou imediatamente superior a 95% em massa. 14 Módulo de Finura: É o valor da soma das porcentagens retidas acumuladas nas peneiras da série normal, divido por 100. Deve ser determinado com aproximação de 0,01. Exemplos práticos: Análise granulométrica de um agregado miúdo. Amostra 1 Amostra 2 Peneiras Massa retida (g) Porcentagens Massa retida (g) Porcentagens % Média acumulada Retida Acumulada Retida Acumulada 4,75 0,87 0,69 2,36 3,92 4,75 1,2 30,25 32,25 0,6 53,58 57,83 0,3 198,84 205,25 0,15 250,06 256,73 Fundo + pó 22,76 21,42 Soma Dimensão máxima característica: Dimensão mínima característica: Módulo de Finura: Classificação: Exemplo prático: Análise granulométrica de um agregado graúdo. Amostra 1 Amostra 2 Peneiras Massa retida (g) Porcentagens Massa retida (g) Porcentagens % Média acumulada Retida Acumulada Retida Acumulada 19 0 592,8 12,5 4258,1 4190,8 9,5 1473,4 1406,8 4,75 937,6 543,8 Fundo + pó 45,5 27,3 Soma Dimensão máxima característica: Dimensão mínima característica: Módulo de Finura: Classificação: O resultado da análise granulométrica é mais facilmente interpretado graficamente (Figura 2) com o auxílio de curvas granulométricas, nas quais as ordenadas representam as porcentagens acumuladas passantes e a abscissa mostra a abertura das peneiras ou o diâmetro dos grãos em escala logarítmica. Note-se, na Figura 2, que as aberturas das peneiras da série normal obedecem a uma progressão geométrica de razão 2 e, portanto, ficam igualmente espaçadas em uma escala logarítmica. Quanto à forma da curva granulométrica, existem várias denominações. Diz-se que uma curva é contínua quando apresenta partículas de todos os diâmetros intermediários desde um valor mínimo (d0) até um valor máximo (D); apresentam a forma de um “S” suave e alongado na horizontal. Em contraposição, diz-se que a curva é descontínua se faltar alguma fração intermediária – nesse caso a curva tende a apresentar um 15 patamar horizontal na fração ausente. Uma curva é dita uniforme quando a maior parte das partículas pertencem a apenas uma fração granulométrica, com d0 »0,5D. Curvas uniformes apresentam uma forma de um “S” alongado na vertical. A Figura 2 ilustra os vários tipos de curvas granulométricas. Figura 2: Exemplos de curvas granulométricas (Fonte: FARIAS e PALMEIRA, 2007). 2.4.3.1 Limites granulométricos do agregado miúdo para a utilização em concretos. A granulometria, determinada segundo a NBR NM 248, deve atender aos limites estabelecidos na Tabela 8. A ABNT NBR 7211 (2009) apresenta curvas de distribuição granulométrica correspondentes à zona utilizável e à zona ótima, que especifica limites granulométricos dos agregados para concretos convencionais. Essa limitação tem diversas razões, as mais importantes são sua influência na trabalhabilidade e custos do concreto. Na Figura 3 é apresentado um gráfico com os limites granulométricos para agregado miúdo. Tabela 8: Limites granulométricos de agregado miúdo (NBR 7211, 2009) Porcentagens Retidas Acumuladas Abertura (mm) Zona Utilizável Zona Ótima Limite inferior Limite superior Limite inferior Limite superior 9,5 0 0 0 0 6,3 0 7 0 0 4,75 0 10 0 5 2,36 0 25 10 20 1,18 5 50 20 35 0,6 15 70 35 55 0,3 50 95 65 85 0,15 85 100 90 95 Notas: 1. O módulo de finura da Zona Ótima varia da 2,20 a 2,90. 2. O módulo de finura da Zona Utilizável Inferior varia de 1,55 a 2,20. 3. O módulo de finura da Zona Utilizável Superior varia de 2,90 a 3,50. De um modo geral, pode-se afirmar que é possível utilizar-se areias fora das faixas recomendadas pela NBR 7211 (2009). Entretanto, durante o processo de dosagem do concreto, esta deficiência em granulometria deve ser compensada na definição da relação entre agregado graúdo e miúdo que deve ser tanto maior quanto mais fino o agregado miúdo. Além disso, o uso de agregados miúdos mais grosseiros produz misturas mais ásperas e é necessário um teor elevado de areia para se conseguir maior trabalhabilidade. Areias mais grossas são mais apropriadas para misturas mais ricas em cimento ou para uso em concretos de baixa 16 trabalhabilidade. O uso de areias muito finas, geralmente implica num aumento da demanda de água nos concretos e argamassas, mas pode-se reduzir o teor de argamassa nos concretos, o que, de certa forma, diminui o problema. Figura 3: Limites granulométricos das Zonas Ótima e Utilizável da ABNT NBR 7211 (2009). 2.4.3.2 Composição de agregados miúdos Como visto no item anterior, areias das mais diversas granulometrias podem ser utilizadas para concreto.Dever ser lembrado que a escolha de um agregado miúdo deve ser baseada também em critério econômico, ou seja, muitas vezes é preferível utilizar uma areia com uma granulometria menos favorável, mas mais barata do que trazer uma areia de melhor granulometria de uma jazida distante, pois o custo de transporte passa a ser determinante na escolha. Entretanto, volta-se a enfatizar que existem certos limites ou faixas granulométricas em que se obtém melhores resultados em termos de dosagem, quer sob o ponto de vista técnico ou econômico. Devido a isto, sempre que possível, é interessante que se façam composições de agregados miúdos de modo a obter uma mistura com características granulométricas o mais próximo possível das especificações da Zona Ótima (NBR 7211, 2009). Isto quer dizer que, às vezes, é possível conseguir-se um bom agregado miúdo a partir de uma mistura de dois materiais inadequados ou menos adequados (um fino e um grosso). Exemplo: Compor uma mistura entre duas areias de modo a se obter um agregado miúdo mais adequado para o uso em concreto. Usar como referência a curva da NBR 7211. AREIA A AREIA B Peneira Massa retida (g) % retida % retida acumul. Peneira Massa retida (g) % retida % retida acumul. 9,5 0 0 0 9,5 0 0 0 6,3 0 0 0 6,3 50 10 10 4,75 0 0 0 4,75 20 4 14 2,36 0 0 0 2,36 80 16 30 1,2 28 7 7 1,2 100 20 50 0,6 92 23 30 0,6 110 22 72 0,3 100 25 55 0,3 115 23 95 0,15 100 25 80 0,15 25 5 100 Fundo 80 20 100 fundo 0 0 100 Soma 400 100 soma 500 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,10 1,00 10,00 Po rc en ta ge m r et id a ac um ul ad a Abertura de peneiras (mm) Limites da Zona Ótima da NBR 7211 Limites da Zona Utilizável da NBR 7211 17 Figura 4: Diagramas da composição dos agregados. Como pode ser visto na Figura 4, nenhuma composição se enquadraria totalmente na faixa granulométrica recomendada. Uma mistura aceitável seria então 60% da areia A e 40% da areia B, uma vez que se obteria uma curva granulométrica aproximadamente centrada, sendo ligeiramente mais fina do que a desejável na peneira 0,15 e ligeiramente mais grossa nas peneiras 4,75 mm e 6,3 mm. No caso de não existir nenhuma composição que caia inteiramente na faixa granulométrica recomendada, deve-se escolher aquela que se enquadre pelo menos na faixa correspondente as peneiras de menor diâmetro (0,15 e 0,3) e que fuja o menos possível na faixa correspondente as peneiras de maior abertura. 2.4.3.3 Limites granulométricos do agregado graúdo para a utilização em concretos. A amostra representativa de um lote de agregado graúdo deve satisfazer os limites prescritos na Tabela 9. A designação das faixas e os limites impostos na Tabela 9 substituíram os constantes na Tabela 10 e ainda causam confusão em termos comerciais. Ainda é comum se especificar os agregados graúdos pela sua graduação (brita 0, brita 1, etc). Tabela 9: Limites granulométricos de agregado graúdo (NBR 7211, 2009) Peneiras (mm) Porcentagem em massa retida acumulada Zona granulométrica (d/D)** 4,75/12,5 9,5/25 19/31,5 25/50 37,5/75 75 - - - - 0 – 5 63 - - - - 5 – 30 5 - - - 0 – 5 75 - 100 37,5 - - - 5 – 30 90 – 100 31,5 - - 0 – 5 75 – 100 95 – 100 25 - 0 – 5 5 – 25* 87 - 100 - 19 - 2 – 15* 65* – 95 95 – 100 - 12,5 0 – 5 40* – 65* 92 – 100 - - 9,5 2 – 15* 80* – 100 95 – 100 - - 6,3 40*– 65* 92 – 100 - - - 4,75 80* – 100 95 - 100 - - - 2,36 95 - 100 - - - - 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,1 1 10 Abertuda de peneiras (mm) P or ce nt ag em re tid a ac um ul ad a Zona Ótima da NBR 7211:2005 Areia A Areia B 80%A e 20%B 60%A e 40%B 40%A e 60%B 20%A e 80%B 18 ** Classificação de Zona Granulométrica correspondente à menor (d) e a maior (D) dimensão do agregado graúdo. * Em cada zona granulométrica deve ser aceita uma variação de no máximo cinco unidades percentuais em apenas um dos limites marcados com *. Esta variação pode também estar distribuída em vários destes limites. Tabela 10: Limites granulométricos de agregado graúdo (NBR 7211, 1983) Graduação (brita) Porcentagem retida acumulada, em peso, nas peneiras de abertura nominal (mm) 152 76 64 50 38 32 25 19 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4 0 0 0-10 80-100 95-100 1 0 0-10 80-100 92-100 95-100 2 0 0-25 75-100 90-100 95-100 3 0 0-30 75-100 87-100 95-100 4 0 0-30 75-100 90-100 95-100 Pode-se observar nos valores da Tabela 10 que os limites granulométricos das diferentes graduações sugerem granulometrias uniformes, ou seja, que numa determinada peneira, o valor desejável é zero e na próxima peneira (ou subsequente) seja 100%. Por exemplo, uma brita 1 ideal deveria apresentar 0% retido na peneira 19 mm e 100% retido na peneira 9,5 mm. Neste caso, a faixa especificada 0-10% na peneira 19 mm indica o nível de tolerância por contaminação de grãos maiores que ocorre normalmente nas pedreiras por deficiências no processo de peneiramento. Do mesmo modo, na peneira 9,5 mm, a faixa 80- 100% indica que o nível de contaminação por grãos menores, decorrentes de peneiramento incipiente (excesso de material sobre a peneira) é de no máximo 20%. A atual designação mantém esse mesmo enfoque, apenas trabalhando com dimensões características máximas e mínimas. 2.4.3.4 Composição de agregados graúdos Em alguns tipos de obra, é recomendável a composição de dois ou mais agregados graúdos. Isto é particularmente interessante em concreto massa destinado às obras de grandes volumes, onde a dimensão máxima característica destes agregados é de 76 mm ou até mais. Neste caso, existem faixas granulométricas recomendadas e processos de composição de agregados que levam à mistura que se enquadram nestas faixas. Em concretos estruturais convencionais, a dimensão máxima característica dos agregados graúdos dificilmente ultrapassa 25 mm. Neste caso, é comum apenas, em certas situações, compor-se misturas de agregados de graduação 0, 1 e 2 (ou 4,75/12,5; 9,5/25 e 19/31,5). O critério mais utilizado é o da máxima massa unitária, ou seja, a mistura ideal entre os dois agregados será aquela que proporcionar um menor volume de vazios intergranulares a ser preenchido posteriormente por argamassa de concreto. 2.4.4 Massa Específica A NM 52 (2009) apresenta definições de vários parâmetros relativos à massa específica dos agregados: • Massa específica aparente do agregado seco (d1): É a relação entre massa de um agregado seco e seu volume (volume de grãos incluindo os poros permeáveis). 19 • Massa específica aparente do agregado saturado superfície seca (d2): É a relação entre a massa de um agregado na condição saturado superfície seca e seu volume (volume de seus grãos incluindo os poros permeáveis). • Massa específica (d3): É a relação entre a massa de um agregado seco e seu volume (volume de seus grãos excluindo os poros permeáveis). • Massa específica relativa: É aquela relacionada à massa específica da água. É uma grandeza adimensional, seria o que na Física denomina-se de densidade. Em tecnologia do concreto, é a massa específica aparente do agregado seco (d1) o parâmetro de maior importância. Seu valor é utilizado no cálculo de consumo de materiais em concretos e argamassas. Segundo esta propriedade, os agregados podem ser assim classificados: • Leves: Aqueles que possuem a massa específica aparente menor que 2 kg/dm3. Ex.: pedra-pome, vermiculita e argila expandida. • Normais: Aqueles cuja massa específica aparente esteja na faixa de 2 a 3 kg/dm3. Ex.: areias quartzozas, seixos, britas de granito. • Pesados: Aqueles com massa específica acima de 3 kg/dm3. Ex.: minérios de barita, limonita e magnetita. Além de apresentar as definições para massa específica, a NBR NM 52 (2009) apresenta os procedimentos de ensaio para a determinação destas propriedades para os agregados miúdos. 2.4.4.1 Determinação da massa específica para agregados miúdos o Procedimentoda NM 52 (2009): - Colocar uma amostra de aproximadamente 1 kg de agregado miúdo em uma bandeja e submergir em água por 24 horas (24±4ºC). - Retirar a amostra da água e estendê-la sobre uma superfície plana, submetendo-a ação de uma suave corrente de ar, revolvendo a amostra com frequência para assegurar uma secagem uniforme. Prosseguir a secagem até que os grãos de agregado miúdo não fiquem fortemente aderidos entre si. - Colocar o agregado em um molde tronco cônico (metálico, de 40±3 mm de diâmetro superior, 90±3 mm de diâmetro inferior e 75±3 mm de altura, com espessura mínima de 1 mm) sem comprimi-lo. Compactar sua superfície suavemente com 25 golpes da haste de socamento (metálica, com 340±15 gramas de massa, tendo a superfície de compactação circular plana de 25±3 mm de diâmetro), e então levantar verticalmente o molde. Se ainda houver umidade superficial, o agregado conserva a forma do molde. - Nesse caso, continuar a secagem, revolvendo a amostra constantemente e fazer ensaios a intervalos frequentes de tempo até que o cone de agregado miúdo desmorone ao retirar o molde. Neste momento, o agregado terá chegado à condição saturado superfície seca. - Pesar 500 g de amostra na condição saturada superfície seca (msss). - Colocar a amostra no frasco e registrar a massa do conjunto (m1). - Encher o frasco com água até próximo da marca de 500 ml. Movê-lo de forma a eliminar as bolhas de ar e depois colocá-lo em um banho mantido a temperatura constante de 21 ± 2ºC. - Após 1 h, aproximadamente, completar com água até a marca de 500 ml e determinar a massa total do conjunto (m2). - Retirar o agregado miúdo do frasco e secá-lo a 105 ± 5ºC até massa constante. Esfriar à temperatura ambiente em dessecador e pesar (m). 20 Massa específica aparente do agregado seco (d1): onde: m = massa seca da amostra V = volume do frasco Va = água adicionada ao frasco para completar o volume total m1 = massa do conjunto (frasco + agregado) m2 = massa total (frasco + agregado + água) ra = massa específica da água na temperatura do banho Massa específica aparente do agregado saturado superfície seca (ds): onde: msss = massa saturada superfície seca da amostra V = volume do frasco Va = água adicionada ao frasco para completar o volume total ra = massa específica da água na temperatura do banho m1 = massa do conjunto frasco mais agregado m2 = massa total (frasco + agregado + água) Massa específica (d3): onde: m = massa seca da amostra msss = massa saturada superfície seca da amostra V = volume do frasco Va = água adicionada ao frasco para completar o volume total ra = massa específica da água na temperatura do banho m1 = massa do conjunto frasco mais agregado m2 = massa total (frasco + agregado + água) Comentários sobre os procedimentos da NM 52 (2009): filosoficamente, o procedimento adotado pela NM 52 é correto. Entretanto, a forma para se obter o agregado saturado superfície seca é, no mínimo, questionável, principalmente em se tratando de agregados de britagem, onde a angulosidade dos grãos interfere sobremaneira no ensaio de cone. Alternativas que vêm sendo utilizadas a muitos anos com sucesso para a determinação da massa específica aparente, que é o parâmetro de real interesse na tecnologia do concreto, são os ensaios do Picnômetro e do Frasco de Chapman, conforme os procedimentos descritos na sequência. aVV md - =1 a a mmV r 12 -= a sss VV md - =2 a a mmV r 12 -= a sss a mmVV md r - -- = )( 3 a a mmV r 12 -= 21 o Processo do Picnômetro: O Picnômetro é um recipiente de vidro que possui uma rolha esmerilhada com um tubo capilar. Quando repleto por um líquido, obtêm-se um volume bem definido e preciso. Procedimento: - Pesa-se o picnômetro com água (Pag) - Retira-se um pouco da água do picnômetro e pesa-se a água que ficou no picnômetro (mA). - Coloca-se uma pequena quantidade da amostra de agregado a ser ensaiada no interior do picnômetro com o auxílio de um funil e pesa-se (mB). - Remove-se o ar aderido nas partículas do agregado por agitação ou, preferencialmente, com o auxílio de uma bomba de vácuo e completa-se o restante do espaço com água. - Pesa-se o picnômetro com amostra e água (Pag+a) onde: m = massa seca da amostra Pag = massa do picnômetro com água Pag+a = massa do picnômetro com água mais amostra No caso de desejar-se calcular d2 e d3, seria possível também utilizar-se deste procedimento. No caso de d2, seria necessário determinar a massa satura superfície seca (msss). Poder-se-ia utilizar a seguinte expressão: onde: m = massa seca da amostra msss = massa saturada superfície seca da amostra Pag = massa do picnômetro com água Pag+a = massa do picnômetro com água mais amostra A = absorção (%) Am = absorção em massa (g) h = umidade total do agregado hsup = umidade superficial do agregado o Processo do Frasco de Chapman: O Frasco de Chapman consiste em um recipiente de vidro, composto de dois bulbos e um gargalo graduado. No estrangulamento existente entre os dois bulbos deve haver uma marcação que corresponde a 200 cm3 e acima do segundo bulbo situa-se o tubo graduado de 375 a 450 cm3. A execução do ensaio, compreende as seguintes etapas: ))((1 mPP md aagag -- = + AB mmm -= ))((2 mPP md aagag sss -- = + ÷ ø ö ç è æ += 100 100Amms maagag AmPP md +-- = + ))(( 3 suphhA -= mmA sssm -= 22 - Coloca-se água no frasco até a marca de 200 cm3, deixando-o em repouso para que a água aderida às paredes escorram totalmente. - Pesar, exatamente, 500 g de agregado miúdo. - Introduzir no frasco toda a quantidade de agregado miúdo, cuidando para que não fique agregado aderido às paredes do frasco. - Agitar o frasco, cuidadosamente, para eliminar as possíveis bolhas de ar. - Deixar o frasco descansar, por alguns minutos, para estabilizar. - Faz-se a leitura do volume final, no gargalo graduado (L). A massa específica aparente do agregado seco (d1) é cálculo mediante a expressão: Deve-se fazer duas determinações com amostras do mesmo agregado miúdo e estas determinações não devem diferir entre si mais de 0,05 g/cm3 (kg/dm3). 2.4.4.2 Determinação da massa específica para agregados graúdos A determinação da massa específica dos agregados graúdos pode ser feita de várias formas, de acordo com a precisão necessária. Um método expedito, de baixa precisão, mas útil em muitos casos é o do frasco graduado. o Processo do frasco graduado: Coloca-se uma certa quantidade de água em uma proveta graduada e faz-se a leitura inicial (Li). Determina-se a massa de uma certa porção da amostra seca (m) e coloca-se esta porção na proveta. Faz-se então a leitura final (Lf). 𝑑 = 𝑚 𝐿𝑓 − 𝐿𝑖 Este procedimento é indicado para cálculos rápidos, para amostras com geometria irregular. A precisão é pequena, pois depende da sensibilidade de leitura da proveta utilizada e, portanto, não tem sentido a diferenciação entre os diversos tipos de massa específica citados (d1, d2 e d3) o Processo da balança hidrostática: Este é o método preconizado pela norma NBR NM 53 (2009). O princípio deste ensaio baseia-se na lei de Arquimedes: “Todo corpo imerso em um fluido está sujeito a uma força de baixo para cima igual ao peso do líquido por ele deslocado”. O valor do empuxo pode ser determinado pela diferença entre a massa de uma amostra em condições normais e a sua massa imersa. Se o fluido em questão for a água (densidade igual a 1) o valor desta força em kgf será numericamente igual ao volume da amostra (em dm3). Procedimento de ensaio: - Para a realização do ensaio, a amostra deve possuir a massa mínima definida na Tabela 11. 200 500 1 - = L d 23 Tabela 11: Massa mínima por amostra de ensaio de massa específica e absorção de agregado graúdo.Dimensão máxima característica do agregado (mm) Massa mínima da amostra de ensaio (kg) 12,5 2 19 3 25 4 37,5 5 50 8 63 12 75 18 90 25 100 40 112 50 125 75 150 125 - Lavar completamente o agregado para remover o pó ou outro material aderido na superfície dos grãos. - Secar a amostra de ensaio a temperatura de 105±5 ºC e deixar esfriar em temperatura ambiente durante 1 a 3 horas. - Pesar uma amostra (m) de acordo com a massa mínima exigida na Tabela 10. - Submergir o agregado em água por 24 horas (24±4 ºC). - Retirar a amostra da água e envolver em um pano até que toda a água visível seja eliminada, ainda que a superfície apresente úmida. Enxugar cada grão durante a operação e pesar (msss). - Tara-se a balança com o recipiente que conterá a amostra quando imersa na água. Este recipiente deverá ser feito de tela com 3,35 mm de abertura e possuir volume de 4 a 7 dm3. - Coloca-se a amostra no recipiente imerso e faz-se a pesagem imersa (mi). Massa específica aparente do agregado seco (d1): onde: m = massa seca da amostra msss = massa saturada superfície seca da amostra mi = massa imersa Massa específica aparente do agregado saturado superfície seca (d2): onde: msss = massa saturada superfície seca da amostra mi = massa imersa Massa específica (d3): onde: m = massa seca da amostra mi = massa imersa isss mm md - =1 isss sss mm md - =2 imm md - =3 24 Este método de determinação tem grande precisão e é recomendado para medida de laboratório. 2.4.5 Massa unitária É a massa por unidade de volume, incluindo neste o volume aparente dos grãos e dos vazios intergranulares. A massa unitária tem grande importância na tecnologia de argamassas e concretos pois é por meio dela que se convertem as composições dadas em peso para volume e vice-versa. O teor de umidade influencia grandemente o peso unitário dos agregados miúdos devido ao fenômeno do inchamento, que será abordado a seguir. A massa unitária é a relação entre a massa de um agregado no estado seco e o seu volume, compreendendo o volume aparente e o volume de vazios intergranulares (Vunit). Na prática é a relação entre a massa de um agregado seco e o volume de um recipiente que o contém. Podendo ser obtida a massa unitária do agregado no estado solto ou no estado compactado. d = m / Vunit É comum, no caso de agregados miúdos, também se determinar a relação entre a massa úmida e o volume do recipiente. Essa relação é conhecida como massa unitária úmida. dh = mh / Vunit Procedimento para determinação de acordo com a NBR NM 45 (2006): Utiliza-se um recipiente cilíndrico, de material não atacável pela umidade e suficientemente rígido e provido de alças, e de volume não inferior aos valores constantes na Tabela 12. Tabela 12: Requisitos de dimensão para o recipiente utilizado no ensaio de massa unitária. Recipiente Diâmetro máximo do agregado (mm) Capacidade mínima (dm3) Diâmetro interno (mm) Altura interna(dm3) d ≤ 37,5 10 220 268 37,5 < d ≤ 50 15 260 282 50 < d ≤ 75 30 360 294 Procedimento para determinação da Massa Unitária Compactada: - Determinar e registrar a massa do recipiente vazio (mrec) e o volume do recipiente (Vrec). - Encher o recipiente com material até um terço de sua capacidade e nivelar a superfície com os dedos. - Efetuar o adensamento da camada de agregado mediante 25 golpes com uma haste de adensamento (16 mm de diâmetro) distribuídos uniformemente em toda a superfície do material. - Continuar o enchimento do recipiente até completar dois terços de sua capacidade e proceder o adensamento. - Terminar de encher totalmente o recipiente e proceder o adensamento novamente. 25 - Ao compactar a primeira camada do agregado, a haste de adensamento não deve tocar o fundo do recipiente. Ao compactar a segunda e terceira camada, evitar que a haste penetre na camada anterior. - Nivelar a camada superficial do agregado com as mãos ou utilizando uma espátula, de forma a rasá-la com a borda superior do recipiente. - Determinar e registrar a massa do recipiente mais seu conteúdo (mra). - A massa unitária compactada do agregado é calculada pela seguinte expressão: dcomp = (mra – mrec) / Vrec Procedimento para determinação da Massa Unitária Solta: - Determinar e registrar a massa do recipiente vazio (mrec) e o volume do recipiente (Vrec). - Encher o recipiente até que o mesmo transborde, utilizando uma pá ou uma concha, despejando o agregado de uma altura que não supere 50 mm acima da borda superior do recipiente. Evitar ao máximo a segregação dos agregados que compõem a amostra. - Nivelar a camada superficial do agregado com as mãos ou utilizando uma espátula, de forma a rasá-la com a borda superior do recipiente. - Determinar e registrar a massa do recipiente mais seu conteúdo (mra). - A massa unitária solta do agregado é calculada pela seguinte expressão: d = (mra – mrec) / Vrec A massa unitária do agregado solto ou compactado é a média dos resultados individuais obtidos em pelo menos três determinações, dividindo-se a massa do agregado pelo volume do recipiente utilizado, expressa em quilogramas por metro cúbico. O resultado individual de cada ensaio não deve apresentar desvio maior que 1% em relação à média. O índice de vazios de um agregado pode ser calculado utilizando a massa unitária e a massa específica aparente seca do agregado, empregando a seguinte expressão: 𝐸$ = 3 𝑑% − 𝛿 𝑑% 5 × 100 Ev = índice de vazios de agregado (%) d1 = massa específica aparente seca do agregado (kg/m³) d = massa unitária do agregado (kg/m³) 2.4.6 Umidade e absorção dos agregados O conhecimento do teor de umidade é de suma importância no estudo dos agregados, principalmente dos miúdos devido ao fenômeno do inchamento. O teor de umidade é definido como a razão entre a massa de água contida numa amostra e a massa desta amostra seca. O resultado é normalmente expresso em porcentagem. De acordo com o teor de umidade, podemos considerar o agregado nos seguintes estados: 26 Figura 5: Diferentes condições de umidade dos agregados. • Seco em estufa: Toda a umidade, interna ou externa, foi eliminada por um aquecimento a 100ºC; • Seco ao ar: Quando não apresenta umidade superficial, tendo, porém, umidade interna sem estar saturado; • Saturado superfície seca: Quando a superfície não apresenta água livre estando, porém, preenchidos de água os vazios permeáveis das partículas dos agregados; • Saturado: Quando apresenta água livre na superfície. O teor de umidade no estado saturado superfície seca é denominado Absorção. Essa pode ser definida como a diferença entre a umidade total e a umidade superficial de um agregado. É geralmente muito baixa podendo atingir, em casos excepcionais, a 2%. Conceitualmente, umidade é a relação entre a massa de água que contém uma amostra de agregado e a massa desse agregado no estado seco, e pode ser expressa pela seguinte expressão. onde: m = massa seca da amostra mag = massa de água contida na amostra A determinação da umidade pode ser feita pelos seguintes meios: ü Secagem em estufa ü Secagem por aquecimento ao fogo ü Frasco de Chapmann ü Picnômetro ü Aparelhos especiais (ex.: Speedy moisture tester) ü Microondas ü Sensores elétricos o Processo de secagem em estufa – determinação da umidade total: Coletada uma amostra e depois de levada a laboratório, deve-se executar o seguinte procedimento: - Pesagem da amostra no estado úmido (mh); - Secagem em estufa a uma temperatura de 105ºC a 110ºC até constância de peso; - Pesagem da amostra no estado seco (m). m m h ag= 27 ℎ (%) = 8 𝑚& −𝑚 𝑚 9 × 100 Este método apresenta boa precisão, mas é muito demorado e exige equipamento caro (estufa) o que só se recomenda para trabalhos de laboratório. o Processo de secagem rápida ao fogo ou nomicroondas – determinação da umidade total: Este método é utilizado quando se necessita de determinações rápidas em campo. - Colhe-se uma amostra representativa do material (aproximadamente 500g) e pesa-se (mh); - Coloca-se o material numa frigideira e leva-se ao fogo ou em um recipiente de vidro e leve ao microondas, até que toda a água evapore; - Pesa-se a amostra seca (m). ℎ (%) = 8 𝑚& −𝑚 𝑚 9 × 100 o Speedy moisture tester Este equipamento é composto por uma garrafa metálica com uma tampa provida de um manômetro. O teste consiste em colocar a umidade do agregado em contato com carbureto de cálcio gerando um gás dentro da garrafa. O gás formado provoca um aumento de pressão interna na garrafa que é registrada no manômetro da tampa. A pressão lida no manômetro está associada a um determinado grau de umidade uma vez que a amostra colocada tem massa padronizada (5, 10 ou 20g). Procedimento: - Pesar uma amostra na balança do próprio aparelho; - Colocar a amostra na garrafa, juntamente com 2 ampolas de carbureto de cálcio; - Colocar duas esferas de aço que servem para romper as ampolas; - Fechar a garrafa e agitar o conjunto até que se observe uma estabilização na leitura da pressão no manômetro; - Verificar na tabela de calibração do aparelho que umidade corresponde a pressão observada. o Processo do Frasco de Chapman (NBR 9775, 2011) – determinação da umidade superficial: Para execução do ensaio, é necessário que se conheça a massa específica aparente do agregado. Esta massa específica pode ser determinada pelo próprio frasco de Chapman. Procedimento: - Pesar 500 g da amostra (estado úmido) - Preencher o frasco com 200 ml de água (marca inferior do frasco); - Colocar a amostra e fazer a leitura final correspondente ao volume da amostra mais água (L). hsup = {100 [d1 (L - 200) - 500]} / [d1 (700 - L)] onde: hsup = umidade superficial d1 = massa específica aparente seca do agregado L = leitura feita no frasco o Processo do Picnômetro – determinação da umidade superficial: Para a execução do ensaio, também é necessário que se conheça a massa específica aparente do agregado. Esta massa específica pode ser determinada pelo próprio picnômetro. 28 Procedimento: - Pesa-se o picnômetro cheio de água (Pag). - Retira-se um pouco da água do picnômetro e pesa-se (mA). - Coloca-se uma pequena quantidade de amostra úmida do agregado miúdo com o auxílio de um funil e pesa-se (mC). - Remove-se o ar aderido nas partículas do agregado por agitação ou, preferencialmente com o auxílio de uma bomba de vácuo e completa-se o restante do espaço com água. - Pesa-se o picnômetro com a amostra e a água (Pag+a). - Determinação da umidade superficial (hsup). onde: mh = massa úmida da amostra Pag = massa do picnômetro com água Pag+a = massa do picnômetro com água mais amostra d1 = massa específica aparente seca Absorção: A determinação da absorção de um agregado miúdo (A) pode ser feita segundo o procedimento descrito no item relativo a determinação da massa específica do agregado miúdo pelo procedimento da NBR NM 30 (2001), usando a seguinte expressão: Am = absorção em massa (g) m = massa seca da amostra ms = massa saturada superfície seca da amostra Entretanto, este procedimento pode levar a valores questionáveis como já explicado. Uma maneira simples e mais precisa de determinar este parâmetro seria tomar uma amostra de areia úmida saturada perfeitamente homogeneizada e determina-se a umidade total pela estufa e a umidade superficial pelo processo do Picnômetro ou do Frasco de Chapman. Neste caso, a absorção do agregado pode ser assim determinada: A = absorção (%) h = umidade total do agregado hsup = umidade superficial do agregado 2.4.7 Inchamento Uma areia, quando usada em obra, apresenta-se geralmente úmida. Os teores de umidade normalmente encontrados giram em torno de 4 a 8%. A experiência mostra que a água livre aderente aos grãos provoca um afastamento entre eles, do que resulta o inchamento do conjunto. Este inchamento depende da composição granulométrica e do grau de umidade do agregado, sendo maior para as areias finas que apresentam maior superfície específica. )(* )(*100 1 1 sup Kmd mKd h h h - - = ACh mmm -= )( haagag mPPK --= + mmA sm -= suphhA -= 29 O inchamento das areias aumenta com o acréscimo de umidade até que esta atinja 4 a 7%. Nesta faixa (que é a que normalmente se encontra nas areias em obra) se dá o inchamento máximo. Depois destes teores, o inchamento decresce (saturação). A curva da Figura 6 é a representação gráfica do fenômeno de inchamento para uma areia de graduação média, onde na abscissa estão marcados os teores de umidade e, na ordenada, os coeficientes de inchamento (relação entre os volumes unitários úmido e seco de uma mesma massa de areia). Figura 6: Curva de inchamento de uma areia. Através deste gráfico, pode-se caracterizar uma areia, do ponto de vista de seu inchamento, por dois índices: a umidade crítica e o coeficiente médio de inchamento, assim definidos: Umidade crítica: É o teor de umidade acima do qual o inchamento permanece praticamente constante. A umidade crítica é obtida pela seguinte construção gráfica: - Traça-se uma tangente à curva paralela ao eixo das abcissas. - Traça-se uma nova tangente à curva, paralela à corda que une a origem ao ponto de tangência da reta anterior. - A umidade correspondente ao ponto de interseção das duas tangentes é a umidade crítica. - A média dos coeficientes de inchamento no ponto correspondente à umidade crítica e coeficiente máximo observado, é definido como coeficiente médio de inchamento. Como já citado, o valor da umidade crítica representa o ponto a partir do qual o inchamento permanece praticamente constante, ou seja, se a umidade do agregado miúdo na obra estiver acima deste valor, não haverá variações significativas do seu volume. Deste modo, no caso de proporcionamento dos agregados em volume, é preciso projetar e utilizar uma padiola com volume constante, utilizando-se como valor de inchamento o coeficiente médio de inchamento. Se a umidade estiver abaixo da umidade crítica têm-se duas opções: conceber uma padiola com possibilidade de alteração de volume (regulagem de altura) em função da umidade medida no dia da concretagem ou, o que é mais prático, manter o agregado acima da umidade crítica através da molhagem. 𝑖 = 𝑉& 𝑉# Onde i= inchamento Vh= volume unitário úmido Vs = volume unitário seco Como 𝛿 = ' $!"#$ → 𝛿& = '% $% 𝑒 𝛿# = '& $& ∴ 𝑉& = '% (% 𝑒 𝑉# = '& (& 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40 1,45 1,50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 umidade (%) in ch am en to 30 𝑖 = 3𝑚&𝛿& 5 3𝑚#𝛿# 5 sendo ℎ (%) = 8'%)'& '& 9 × 100 → 𝑚& = 𝑚# 8 &*%++ %++ 9 𝑖 = 𝛿# 𝛿& × 3 ℎ + 100 100 5 Para o ensaio, como se utiliza uma caixa de volume constante para a determinação de d, a expressão acima pode ser simplificada para: !! !" = "! #!$ "" #"$ → !! !" = "! "" (No caso, e somente no caso, do ensaio: Vs=Vh ) Logo: 𝑖 = "! "" × &%&'(( '(( ' Procedimentos para determinação do inchamento de agregados miúdos, e o ensaio é normalizado pela ABNT NBR 6467 (2006): 1 - Preencher a caixa padronizada (Volume = Vc e massa = Mc) com agregado seco, segundo procedimento descrito para a determinação da massa unitária solta. 2 - Determinar a massa do conjunto (Mc+a). 3 - Determinar a massa da amostra (m): m = (Mc+a) - (Mc) 4 - Calcular a massa de água necessária para obter-se 1% de umidade (ms/100). 5 - Colocar a amostra do agregado numa caixa metálica de grandes dimensões, adicionar a água e homogeneizar o conjunto. 6 - Preencher a caixa padronizada com o agregado úmido, proceder a arrasadura. O material excedente deve retornar a caixa maior. Pesar a caixa contendo a amostra úmida (Mc+ah) 7 -Determinar a massa da amostra úmida (mh): mh = (Mc+ah) - (Mc). 8 - Calcular o coeficiente de inchamento (i) pela fórmula acima. 9 - Repetir os procedimentos 4 a 8 para teores de umidade crescente de 1 em 1% até que o valor do coeficiente de inchamento apresente uma diminuição em duas determinações consecutivas. 10 - Traçar o gráfico de inchamento determinando a umidade crítica e coeficiente de inchamento médio. Exemplo numérico: Umidade (%) Água adicionada (ml) Massa úmida (Kg) i 0 11,25 1,00 1 112,5 10,53 1,08 2 112,5 9,56 1,20 3 112,5 8,92 1,30 4 112,5 8,52 1,37 5 112,5 8,46 1,40 6 112,5 8,48 1,41 7 112,5 8,50 1,42 8 112,5 8,62 1,41 31 2.4.8 Substâncias nocivas em Agregados Miúdos A NBR 7211(2009) fixa os teores máximos de substâncias nociva em: a) Torrões de argila e materiais friáveis, determinado segundo a NBR 7218............... 3,0 % b) Materiais carbonosos, determinado de acordo com a ASTM C 123 .................... - Em concretos cuja aparência é importante................................................................ 0,5% - Nos demais concretos ............................................................................................... 1,0% c) Material pulverulento, determinado de acordo com a NBR NM 46: - Em concretos submetidos a desgaste superficial ................................................... 3,0 % - Nos demais concretos ............................................................................................ 5,0 % Nota: Estes limites podem ser aumentados para 10 e 12% em massa respectivamente, quando o material que passa na peneira 0,075 mm for constituído totalmente de grãos gerados durante o britamento de rocha, desde que seja possível comprovar por apreciação petrográfica, que os grãos constituintes acima de 0,15mm não gerem finos que interferem nas propriedades do concreto. São exemplos de materiais prejudiciais os materiais micáceos, ferruginosos e argilo expandidos. Torrões de Argila: São assim denominadas todas as partículas de agregado desagregáveis sob pressão dos dedos (torrões friáveis). Sua presença é bastante nociva para a resistência de concretos e argamassas, uma vez que se constituem em materiais de pouca resistência e, em certos casos, expansivos. A porcentagem de torrões de argila é determina de acordo com os procedimentos da ABNT NBR 7218 (2010). Materiais Carbonosos: São partículas de carvão, linhito, madeira e material vegetal sólido presente no agregado. Sua determinação é feita por processo de separação por decantação do agregado em um líquido de massa específica igual a 2 kg/dm3 (cloreto de zinco ou tetrabromoetano). As partículas de baixa densidade são consideradas inconvenientes, pois são inclusões de baixa resistência. Além de afetarem a resistência, prejudicam o concreto quando submetido à abrasão. As partículas de carvão e linhito podem desagregar o concreto, bem como perturbar o endurecimento do cimento. Não há uma norma Brasileira para descrever o ensaio de 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40 1,45 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 In ch am en to Umidade (%) 32 determinação do teor de materiais carbonosos, sendo recomendado o ensaio da norma Americana ASTM C 123. Material Pulverulento: Material passante na peneira de 0,075 mm. Os finos, de um modo geral, quando presentes em grande quantidade, aumentam a exigência de água dos concretos para uma mesma consistência. Impurezas orgânicas: A matéria orgânica é a impureza mais frequente nas areias. São detritos de origem vegetal na maior parte que, geralmente sob a forma de partículas minúsculas, mas em grande quantidade, chegam a escurecer o agregado miúdo. A cor escura da areia é indício de matéria orgânica, a menos que se trate de agregado resultante de rocha escura, como é o caso do basalto. As impurezas orgânicas da areia, normalmente formadas por partículas de húmus, exercem uma ação prejudicial sobre a pega e endurecimento das argamassas e concretos. Uma parte de húmus, que é ácida, neutraliza a água alcalina das argamassas e a parte restante envolve os grãos de areia, formando uma película sobre eles, impedindo, desta forma, uma perfeita aderência entre o cimento e as partículas de agregado. Por estas razões, as argamassas e concretos preparados com areias que contenham uma proporção de matéria orgânica têm baixas resistências. Esta influência será maior quanto mais pobre for a mistura e menor a idade. A determinação do teor de matéria orgânica de um agregado úmido deve ser feita através do procedimento da norma NBR NM 49 (2001), denominado também de ensaio colorimétrico. O procedimento deste ensaio é descrito na sequência: Coletada uma amostra representativa do agregado de acordo com a NBR NM 26 (2009), formar uma amostra de ensaio de 200 g, sempre que possível com o material úmido a fim de evitar a segregação da fração pulverulenta. Para o ensaio são necessárias duas soluções químicas: - Solução de hidróxido de sódio a 3%: Hidróxido de sódio: 30g Água destilada: 970g - Solução de ácido tânico a 2% Ácido tânico: 2g Álcool: 10ml Água destilada: 90ml. Num frasco Erlenmeyer adicionar 200 g de agregado úmido seco ao ar e 100 ml da solução de hidróxido de sódio. Agitar vigorosamente e deixar em repouso durante 24 horas. Simultaneamente, preparar uma solução padrão, adicionando a 3 ml da solução de ácido tânico, 97 ml da solução de hidróxido de sódio. Agitar e deixar em repouso durante 24 horas. Após este período, transferir esta solução para um tubo de ensaio e, a seguir, realizar a filtragem da solução que contém a amostra de agregado, usando um papel filtro qualitativo. Transferir o material filtrado para um tubo de ensaio de mesmo diâmetro que o utilizado para armazenar a solução padrão. Executar a comparação das cores das duas soluções: - Se a solução padrão tiver cor equivalente à da solução da amostra, o teor de matéria orgânica será de 300ppm. - Se a solução da amostra for mais escura: teor de matéria orgânica > 300ppm. - Se a solução da amostra for mais clara: teor de matéria orgânica < 300ppm. O ensaio colorimétrico, de acordo com a NBR NM 49, indica a existência ou não de impurezas orgânicas em quantidades significativas. Em caso afirmativo, segundo a própria NBR 7211 (2009), a areia será considerada suspeita, devendo os possíveis efeitos danosos da matéria orgânica serem comprovados pelo ensaio de qualidade (NBR 7221). 33 O ensaio de qualidade consiste em se preparar duas argamassas, uma com a areia suspeita e outra com areia conhecida e de qualidade satisfatória, de mesma granulometria (composta em laboratório). Moldam-se 3 séries de corpos de prova para cada argamassa com traço 1 : 3 : 0,48 (ou consistência normal) e rompe-se a 3, 7 e 28 dias. Se o decréscimo de resistência apresentado for muito pequeno (abaixo de 10%) a areia poderá ser empregada. Por outro lado, se este decréscimo for maior, poderão ser adotados os seguintes procedimentos: ü Colocar a areia em lugar seco e exposta ao ar livre, já que, desta forma, neutraliza- se parte da acidez. ü Lavar a areia com água de cal. A lavagem da areia com água pura não tem eficácia porque os ácidos húmus são pouco solúveis em água e aderem fortemente aos grãos de areia. ü Substituir 5% do cimento por igual proporção em peso de cal. O concreto executado com areias impuras, deve ser mantido úmido durante longo tempo, pois seu endurecimento é mais lento. Cloretos: Os cloretos quando em presença excessiva podem ocasionar certos problemas. Os revestimentos de argamassa feitos com agregados contendo cloretos são higroscópicos, gerando o aparecimento de eflorescências e manchas de umidade. No caso de concretos armados e protendidos, podem acelerar o fenômeno da corrosão da armadura. Por isso, certos aceleradores de pega à base de cloreto de cálcio têm seu uso proibido para concretos protendidos. A norma Brasileira
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