Buscar

Patricia Assuf Nechar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 177 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 177 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 177 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO 
PUC-SP 
 
 
 
 
 
PATRÍCIA ASSUF NECHAR 
 
 
 
 
 
CULTURAS E COMUNICAÇÕES DO UNIVERSO PLUS SIZE: UMA 
CARTOGRAFIA DAS IMAGENS DE CORPO NOS DISCURSOS NAS REDES 
SOCIAIS 
 
 
 
 
MESTRADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2015 
	
  
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO 
PUC-SP 
 
 
 
PATRÍCIA ASSUF NECHAR 
 
 
 
 
CULTURAS E COMUNICAÇÕES DO UNIVERSO PLUS SIZE: UMA 
CARTOGRAFIA DAS IMAGENS DE CORPO NOS DISCURSOS NAS REDES 
SOCIAIS 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 
como exigência parcial para obtenção do título de 
MESTRE em Comunicação e Semiótica, sob a 
orientação da Profa. Dra. Lucia Isaltina Clemente 
Leão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2015 
	
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
______________________________________ 
 
 
______________________________________ 
 
 
______________________________________ 
 
 
	
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta dedicatória era para você mesmo mamãe, mas era para ser com você em 
vida na Terra. Hoje, dedico não só esta pesquisa, mas a minha vida às lindas lembranças 
que tenho suas, minha mãe, minha melhor amiga, irmã e confidente. Nadia Sônia Assuf 
Nechar, a pessoa que mais celebrava a vida! Até o final você acreditou em mim, me 
incentivou em tudo na vida com muita alegria, carinho e amor que não existe igual no 
mundo. Você me ensinou a viver e me passou tanto conhecimento que não cabe em 
nenhum livro já escrito. Prometo viver os momentos da minha vida como você me 
ensinou: com muita alegria, total entrega e coragem. Vou te orgulhar como sempre fiz. 
Meu amor por você transcende o céu, o mar, a terra. Sei que além do arco-íris um dia 
vou te encontrar... Te amo muito! 
	
  
AGRADECIMENTOS 
 
À memória da minha mãe e a Deus por me dar forças. 
Agradeço a meu pai Raul e a meus irmãos Raul Jr e Ricardo por me apoiarem no momento 
mais difícil da minha vida. 
À minha orientadora Lucia Leão pelos ensinamentos, acolhimento e incentivo em todos 
os momentos deste trabalho. 
Ao professor José Amálio por seu um grande amigo e acreditar em minha competência. 
A Cida Bueno, a “guardiã” da COS que me ensinou e direcionou com muito carinho todos 
o processo do mestrado. 
A Helena Custódio por me iniciar e me apresentar ao mundo plus size. 
A Elisangela Munhoz Peña por dividir todos momentos felizes e difíceis desta 
dissertação. 
A Bernardo Queiroz e Ana Luiza Aguiar pelo acolhimento quando eu mais precisei. 
À amiga e professora Paula Carolei por me ensinar a nobre missão de lecionar. 
Ao prof. Rogério Costa pelo acolhimento nos meus primeiros passos da minha vida 
acadêmica. 
Aos ensinamentos dos professores José Aidar Prado e Cecília Salles. 
A Luís Fernando Pereira pela compreensão e paciência. 
Aos meus amigos e companheiros do grupo de pesquisa CCM que sempre me apoiaram: 
Guilherme E. Rocha, Adriana Pereira, Alessandra Marassi, Thiago Silva, Pablo 
Villavicencio, Fernanda Cereta, , Mirian Meliani, Gabriel Dualiby, Bruno Tavares, 
Janaina Oliveira, Christian Petrini, Juliana Caetano, Micheline Penafort, Roseli 
Demercian, Silvio Anaz, Daniel Amadei, Emerson. Otavio Donasci e você. 
Aos meus amigos da PUC que ajudaram nesta caminhada: Alexandre Sbabo, Tatiana 
Lunardeli e Kina, Gilmar Pereira, Cyntia Calhado e Daniel Libanori, Thiara Ribeiro, 
Pablo Garran, Regina Helena Giannotti e Roberto  Schmidt. 
 
	
  
Aos meus amigos que nunca deixaram de me apoiar: Regina Golden Barbosa, Dulce 
Spinelli, Giuliana Vitti, Luiz Fernando Misukami, Keka Demétrio Ana Cris Maia, 
Fernanda Perini, Lucy Aihara, Rosana Britto, Romilda Germano, Lorenza Calefi, Josiani 
Ometto, Marlene Matos, Mirian Rother, Valéria Moro, Dr. Rodolfo Oliveira, Dr. Cley 
Rocha de Farias, Camila da Silva Gonçalo, Cilene de Lima Oliveira, Raquel Roma, Dani 
Maggah. 
Às meninas do “Sou Gordinha Sim”. 
Aos meus colegas da UNIMEP e FDDJ. 
E à CAPES. 
 
	
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O mito da beleza na realidade sempre determina o 
comportamento, não a aparência. 
Naomi Wolf, O mito da Beleza 
 
é perfeitamente possível ser gordo e saudável. Assim como é 
possível ser baixo e saudável. Criou-se uma espécie de 
superstição em torno da gordura. Se você é gordo nunca se 
casará, nunca terá um emprego, nunca terá uma vida sexual 
satisfatória. 
Frequentemente os gordos adoecem não por causa da gordura, 
mas sim pelo stress, pela opressão a que são submetidos. 
Ninguém assume que está incomodado com a gordura, dizem que 
estão preocupados com nossa saúde. 
Marylin Wann 
 
	
  
NECHAR, Patricia Assuf. Culturas e comunicações do Universo Plus Size: uma 
cartografia das imagens de corpo nos discursos nas redes sociais. 2015. Dissertação 
de Mestrado em Comunicação e Semiótica. Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo. Bolsa: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. 
Orientador: Profa. Dra. Lucia Isaltina Clemente Leão. 
 
RESUMO 
 
Esta dissertação de mestrado tem como objeto de estudo os discursos das redes sociais 
em relação ao corpo gordo, em especial, aqueles que circulam no ciberespaço, nos blogs 
do universo Plus Size. Inserida no campo da comunicação, na linha de pesquisa processos 
de criação nas mídias e na cultura, nossa pesquisa tem como foco o mapeamento e análise 
crítica dos processos de criação e construção de uma imagem do corpo que problematiza 
e subverte as representações e os discursos hegemônicos. Atualmente, o corpo é objeto 
de discussão frequente no universo das mídias. Observa-se a predominância de dois tipos 
de discursos: nas mídias de massa, os discursos assumem um caráter imperativo e pregam 
a valoração de um corpo ideal. Nas mídias digitais, no entanto, é possível observar a 
emergência de um contra-discurso que defende a valoração de outros tipos de corpos que 
fogem às normatizações que regem o corpo ideal. Nesse contexto, esta dissertação de 
mestrado tem como objetivo cartografar as imagens e discursos que emergem no 
ciberespaço, em suas multiplicidades. Entende-se o conceito de ciberespaço tal como foi 
definido por Leão: um labirinto gigantesco e quase-infinito de interações da era 
contemporânea, uma rede composta por hardwares, softwares, pessoas e grupos. Entre os 
temas que circulam nas discussões elencamos: cotidiano, aceitação do corpo, moda, 
saúde, autoestima, preconceito e respeito. A pesquisa tem como referencial teórico: 
teorias de análise e crítica de processos (Salles e Leão); corpo, imagem e poder 
(Foucault); redes sociais (Costa); dispositivos comunicacionais (Prado); imagens do 
corpo (Sant’Anna, Ortega e Vigarello). A metodologia é composta por revisão 
bibliográfica; coleta, seleção e análise de documentos das redes sociais elencadas; 
pesquisa imagens (iconologia) vinculada a projetos artísticos que se relacionam com o 
conceito de corpos obesos; e cartografia de imagens e imaginários como método de 
produção de conhecimento (Leão). Fundamentada na ideia de imagem, espaços de 
conversações e poder (Foucault), a pesquisa demonstra a importância da construção de 
um imaginário. Através da análise dos documentos que circulam nessas redes (imagens 
fotográficas, registros de discussões em rede, entre outros) foi possível mapear as 
complexidades das questões de natureza relacional que constituem os autores e os grupos 
do universo plus size. Entre os resultados alcançados, a cartografia de imagens e discursos 
desenvolvida em nossa pesquisa demonstra que a criação de um imaginário alternativo, 
subversivo e politicamente engajado é fundamental na valoração aos direitos de expressão 
e comunicação vinculados ao corpo situado fora dos padrões estabelecidos. 
 
Palavras-chave: processos de criação na comunicação e na cultura; cartografias do 
imaginário;imagens do corpo plus size; ciberespaço; redes sociais e discursos de poder. 
 
 
 
	
  
ABSTRACT 
The purpose of this Master’s thesis is to study the social media’s discourses regarding the 
fat body, especially those circulating in blogs associated with the plus size universe. 
Inserted in the field of communication and following the “processes of creation in media 
and culture” line of research, this study focuses on mapping out and conducting a critical 
analysis of the processes of creating and building a body image that questions and 
subverts the hegemonic representations and discourses. Nowadays, the body is a frequent 
object of discussion in the media. Two types of discourses prevail: in the mass media, the 
discourse takes on an imperative note, preaching the importance of having a perfect body. 
In the digital media, however, it is possible to notice the emergence of a counter discourse 
that defends other types of bodies, which escape the rules that govern the “ideal body”. 
This Master’s thesis aims to map out the multiplicity of images and discourses emerging 
in the cyberspace. The concept of cyberspace adopted was the one defined by Leão: a 
gigantic, almost endless maze of interactions typical of contemporary times, a network 
composed of hardware, software, people and groups. The research focuses on the 
following topics of discussion: daily life, body acceptance, fashion, health, self-esteem, 
prejudice, and respect. The theoretical frameworks adopted were: process analysis and 
criticism theories (Salles and Leão); body, image and power (Foucault); social networks 
(Costa); communication devices (Prado); body images (Sant’Anna, Ortega and 
Vigarello). The methodology consisted of literature review; identification, selection and 
analysis of documents published in the social networks included in the study; image 
research (iconology) associated with art projects related to the concept of obese bodies; 
and mapping of images and imaginary as a method of knowledge production (Leão). 
Grounded in the idea of image, talk spaces and power (Foucault), the research shows the 
importance of building an imaginary. Through the analysis of documents published in 
these networks (photographs, records of discussions, among others), it was possible to 
map out the complexities of the issues involving the authors and groups in the plus size 
universe. Among the findings, the mapping of images and discourses conducted in this 
research shows that the creation of an alternative, subversive and politically engaged 
imaginary is essential to promote the freedom of expression and communication 
regarding the body that does not conform to established standards. 
 
Keywords: processes of creation in communication and culture; mapping of imagery; 
plus size body image; cyberspace; social networks; power discourses. 
  
  
  
  
 
	
  
Abreviaturas 
ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade da Síndrome Metabólica. 
ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e 
Cosméticos 
ABNT – Associação Brasileira de normas técnicas 
ABRAVEST – Associação Brasileira do Vestuário 
BM – Blog Mulherão 
CCPS – Cheias de Charme Plus Size 
DEXA – Composição Corporal Medida pela Densitometria 
EPS – Espaço Plus Size 
FSP – Faculdade de Saúde Pública 
FWPS – Fashion Weekend Plus Size 
IEMI – Inteligência de Mercado 
IMC – Índice de massa corpórea 
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia 
JR – Blog Ju Romano 
MGG – Maggnificas 
Nedic – National Eating Disorder Information Centre 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SGS – Sou Gordinha Sim 
TCAP –Transtorno da compulsão alimentar periódica 
TP – Tamanho P 
Unicef – O Fundo das Nações Unidas para a Infância 
USP - Universidade de São Paulo	
   	
  
	
  
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 13 
CAPITULO 1 ............................................................................................................................. 22 
1.1 O que é Plus Size .............................................................................................................. 22 
1.1.2 Propagação do termo Plus Size ................................................................................... 26 
1.2 Padrões de beleza no mundo ........................................................................................... 35 
1.3 As construções dos padrões de beleza no Brasil ............................................................ 37 
1.4 1970: O corpo e mente saudáveis .................................................................................... 47 
1.5 1980: Início da malhação ................................................................................................. 49 
1.6 O corpo como inimigo ...................................................................................................... 57 
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................. 62 
2.1 Temas encontrados blogs do Universo Plus Size ........................................................... 62 
2.2 Temas do mundo plus size ............................................................................................... 76 
2.2.1 Artes nas esculturas, nas telas e nas ruas .................................................................... 76 
2.2.2 Vênus de Willendorf ................................................................................................... 77 
2.2.3 Peter-Paul Rubens ....................................................................................................... 78 
2.2.4 Fernando Botero .......................................................................................................... 79 
2.2.5 Alguns artistas nacionais ............................................................................................. 80 
2.2.6 As gordas de Eliana Kertész ....................................................................................... 81 
2.2.7 O mundo das fofas de Beto França ............................................................................. 82 
2.2.8 O Imaginário Mundo Plus Size de Edull .................................................................... 83 
2.2.9 Ativista e artista “Negahamburguer” .......................................................................... 85 
2.2.10 Fernanda Magalhães ................................................................................................. 86 
2.3 Mídia ................................................................................................................................. 88 
2.3.1 Televisão – Atores e Apresentadores .......................................................................... 88 
2.4 Mercado De Moda Plus Size ............................................................................................ 93 
2.4.1 A Ascenção das roupas de tamanhos grande no Brasil ............................................... 93 
2.4.2 Moda Plus Size nos Blogs – Look do Dia .................................................................. 95 
2.4.3 FWPS – Fashion Weekend Plus Size .......................................................................... 98 
2.4.4 Grupo Mulheres Reais ................................................................................................ 98 
2.5 Beleza .............................................................................................................................. 100 
2.5.1 Concursos de beleza .................................................................................................. 100 
2.6 Sexo..................................................................................................................................102 
2.6.1 Gordinhos na Cama ................................................................................................... 102 
2.6.2 Eles preferem as gordinhas? ..................................................................................... 107 
2.7 Gordofobia ...................................................................................................................... 110 
2.7.1 Bem-estar social ........................................................................................................ 113 
2.7.2 Gordofobia nas redes sociais .................................................................................... 115 
2.7.3 Feminismos e gordofobia .......................................................................................... 119 
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 123 
3.1 Os discursos e narrativas das blogueiras plus size ...................................................... 123 
3.2 Blogueiras Nas Redes Social – Capital Social ............................................................. 126 
3.2.1 Laços Entre Seguidoras E Blogueiras ....................................................................... 128 
3.2.2 Cultura Interativa Entre Blogueiras E Seguidoras .................................................... 130 
3.3 Exemplos de narrativas das blogueiras plus size ......................................................... 132 
3.4 A presença do Outro ...................................................................................................... 135 
3.4.1 Exemplo .................................................................................................................... 137 
	
  
3.4.2 Exemplo de Felicidade .............................................................................................. 147 
DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 157 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 163 
ANEXO ..................................................................................................................................... 172 
 
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
13	
  
INTRODUÇÃO 
 
O corpo atualmente é um dos objetos de desejo mais ostentados em nossa cultura. 
Vivemos em uma sociedade em que o “culto ao corpo ideal”, os discursos do culto às 
imagens corporais invadem diferentes mídias. Assim, nossa cultura e esses discursos 
excessivos são capazes de desencadear doenças psicológicas em busca de um corpo 
idealizado. A busca pelo padrão de beleza é um assunto hegemônico em todas as mídias 
e hoje em dia é comum vislumbrar corpos com medidas mínimas, magros, em todos os 
lugares que nos cercam. Já é comum em nosso cotidiano nos depararmos incessantemente 
com discursos (textos, imagens e vídeos) que falam de dietas miraculosas, práticas de 
exercícios físicos, plásticas, tratamentos estéticos, fármacos e cremes milagrosos em 
busca do corpo descrito socialmente e pela mídia como perfeito. E este tem o perfil magro. 
Esse padrão de beleza, além de ser sinônimo de felicidade em nossa sociedade, se 
transformou em uma indústria que faturou em 2014 R$ 101,7 bilhões1, e o setor só tende 
a crescer. Podemos ver nesse fenômeno uma característica da época da corpolatria.2 
 Por outro lado vivemos o que os médicos dizem ser a epidemia da obesidade, 
nunca tivemos o corpo tão gordo como atualmente. Conforme a Associação Brasileira 
para o estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) cita, a “Organização 
Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública 
no mundo”. E faz uma projeção de que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam 
com sobrepeso; e mais de 700 milhões obesos devido a inúmeros fatores, desde uma 
alimentação cotidiana calórica, fatores genéticos, fatores psicológicos, dentre outros. 
 Mas então que corpo é esse que temos/vivenciamos atualmente? Se por todos os 
lados somos cercados por questões sociais, culturais, midiáticas, psicológicas e de saúde 
para nos encaixarmos dentro de um padrão de corpo, mas na realidade não possuímos 
esse corpo exigido socialmente, não sabemos definir qual é o nosso corpo. Vivemos uma 
época em que o corpo é incerto (ORTEGA, 2008) inserido em uma cultura repleta de 
paradoxos onde o corpo por um lado é supervalorizado socialmente dentro de suas 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
	
  
1 Fonte: Negócio e Estética <http://www.negocioestetica.com.br/setor-de-higiene-perfumaria-e-
cosmeticos-fatura-r-1017-bi-em-2014/>. Acesso em: set. 2015. 
2 A “Corpolatria” é uma espécie de “patologia da modernidade” caracterizada pela preocupação e cuidado 
extremos com o próprio corpo não exatamente no sentido da saúde (ou presumida falta dela, como no caso 
da hipocondria) mas particularmente no sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico. - 
Wanderley Codo e Wilson Senne, "O que é Corpolatria" - Col. Primeiros Passos, Ed. Brasiliense, 1985. 
	
  
	
  
14	
  
práticas físicas e por outro lado desvalorizado por não atender as necessidades sociais 
pelo fato dele ser visto como gordo e ser completamente depreciado. 
 A questão tratada nesse trabalho não é a doença da obesidade em si, mas sim as 
alternativas de sobrevivência em busca de um corpo mais visto socialmente e pesquisar 
o indivíduo com um corpo fora dos padrões midiáticos e como esse corpo vive sob as 
influências sociais que estão ao seu redor, como ele se identifica em meio a tantos 
bombardeios midiáticos de um padrão de corpo magro, já que ele não o tem. 
 Conforme Dra Joana Vilhena Novaes autora de vários livros e textos sobre a 
autoestima e o corpo da mulher, fala em seu livro o O intolerável peso da feiura que “Nas 
mulheres, a beleza vem na forma de trabalho sobre o corpo – ser bela cansa e dói. 
Portanto, mais importante do que ganhar dinheiro é estar em forma: seca, sarada e 
definida.” (NOVAES, 2006, p. 71) 
 Com os auxílios das ferramentas disponíveis no ciberespaço, como as redes 
sociais, iremos investigar usuários que se identificam com a denominação plus size. Esse 
corpo pelo que percebemos não é visto com frequência nos meios de comunicação como 
revistas e televisão, pelo fato de não terem um corpo padronizado por convenções 
midiáticas. A imagem simbólica que a sociedade tem sobre o gordo é que ele é visto como 
feio, preguiçoso, desleixado e sujo. 
Nos guiando pelos caminhos apresentados por Georges Vigarello, historiador 
francês, sociólogo e diretor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (École 
des Hautes Études en Sciences Sociales, EHESS), em seu livro “As metamorfoses do 
gordo: história da obesidade no ocidente”, percebemos que este corpo que no passado era 
tido como sinônimo de prestigio, fortaleza, robustez, um sinal de vigor na idade média, 
ao longo do tempo começou a ser mais vigiado por conta da sua silhueta. O gordo se torna 
“incapaz, mole e inerte” no século XVII. Os olhares para o corpo passam a julgar sua 
aparência e o problema com o peso, passa ser mais crítico até que no século XVIII a 
imagem do corpo passa a ser tão avaliada como a imagem do rosto. Tanto corpo gordo 
como o magro, as “silhuetas contratantes” (2012, p. 218), passam a ser um paradoxo nas 
descrições dos perfis descritos na Europa. Com o avanço dos estudos na medicina na 
química e na fisiologia em relação a saúde no século XIX, a gordura passa a ser vista 
como um perigo e catalogada pelos seus diversos graus, relacionando-a as várias doenças 
e assim tornado o corpo gordo mais “sensível as morbidades” em 1830.(2012, p. 230). 
Vigarello nos mostra em seu livro que a busca pelo corpo sem gordura começa no 
século XIX a partir das dietas. Alimentos como açúcar, a farinha e o amido, considerados 
	
  
	
  
15	
  
fonte de energia, passaram a ser restrição obrigatória dos hábitos alimentares. A cozinha 
então começa a ser mais vigiada e os pratos como “assados, saladas e legumes começam 
a serem melhores preparados (2012, p. 232). 
Conforme Vigarello (2012, p. 249-253) narra, a exigência do emagrecimento só 
aumenta com a ascensão do costume do banho de mar, os regimes ficam mais evidentes. 
O corpo magro e jovem também, principalmente em relação as mulheres. Com a 
exposição do corpo na praia a admiração aumentou, com isso se exigia mais da silhueta. 
Quem não possuía um corpo perfeito para a época era tratado com “desdém” e 
“zombaria”, principalmente as mulheres gordas, conhecidas como “esferas, bolas, boias, 
baleias, e as muito magras como “tábuas” e estacas.” “As novas formas de lazer deixam 
entrever “monstruosidades”. Daí o aumento das pressões pelo emagrecimento.” 
(VIGARELLO, 2012, p. 252). 
Vigarello relata sobre a infelicidade que os obesos do século XIX passavam. Neste 
século, é a primeira vez que se tem conhecimento do sofrimento do obeso em relação a 
sua condição corporal, em relação as dificuldades sociais e o desprezo da pessoa amada. 
Essa infelicidade só aumentava com as infrutíferas tentativas de emagrecimento. Devido 
à falta de conhecimento sobre a obesidade naquela época, os relatos sobre as sensações 
emocionais eram relacionados com as questões do corpo. "As interrogações sobre as 
sensações e os sofrimentos “morais”, para que a obesidade viesse a ser mencionada mais 
como um mal de que se era acometido, um sofrimento incoercível, uma queda mal 
controlada" (VIGARELLO, 2012, p. 240). 
Percebemos então que a medicina da época não possuía a devida compreensão 
para chegar a ponto de ignorar tais sofrimentos relacionados ao perfil do corpo gordo. 
Conforme Vigarello diz em seu livro, a partir do final do século XIX o corpo gordo se 
torna monstruoso, a gordura era considerada uma anomalia e os gordos eram expostos 
em feiras e circos, conhecidos como freak show3 (show de aberrações), como uma atração 
de aberração, por isso a monstruosidade. 
 
Após algumas décadas, aliás, a insigne gordura já não pertence mais ao mundo 
do gordo, mas à categoria do monstruoso. Anatomias fortemente 
desproporcionais não passavam de exemplos “grotescos”, de curiosidades 
expostas na feira, em tendas tipo “entra e sai”. (VIGARELLO, 2012, p. 297) 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
	
  
3 Freak Show, ou show de aberrações são datados aproximadamente de 1840 a 1940 conforme cita 
BOGDAN, 1988 p. IX 
	
  
	
  
16	
  
 
Vigarello nesse caso se refere aos casos de obesidade mórbida que conhecemos 
hoje, como por exemplo pessoas que pesam quase 300 quilos, mas isso deixou marcas 
sociais que se tornaram referências em relação às pessoas gordas. “A existência do muito 
gordo já não passa de um desvio, um descaminho: sua aparência é apenas 
‘monstruosidade’”. (VIGARELLO, 2012, p. 298). 
 Com a entrada do século XX, a sociedade, junto com a comunicação acelerada, 
conforme Vigarello, transforma o monstro gordo em fenômeno social, aquilo que era uma 
“esquisitice tolerada” agora passa ser uma preocupação cotidiana. O corpo é “confrontado 
com o outro” (p. 298), como por exemplo o mais gordo com o mais magro, o mais alto 
com o mais baixo. Com o passar dos anos, aproximadamente no início dos anos de 1920, 
esse freak show de padrões diferentes passa a ser simplesmente um sofrimento em relação 
à aparência. O “muito gordo” não é mais um caso para se expor em feiras e circos, mas 
sim em clinicas médicas, a gordura se transformou em um caso clínico, médico, que só 
os “cientistas conseguem encarar”. O corpo gordo se torna uma “uma visão insuportável”. 
(VIGARELLO, 2012, p. 299) 
Com a dissipação dos males causados pela obesidade, a preocupação dos médicos 
com a gordura se torna ímpar e nasce portanto a cultura do corpo magro. Da preocupação 
em emagrecer e manter-se magro a qualquer custo emerge o estigma do gordo. Nasce 
então não somente a questão das dificuldades com as dietas, mas sim a questão 
psicológica da luta de um corpo gordo para se encaixar em um padrão magro. 
 
O gordo, longe de ser o glutão ou estupido, é antes de mais nada aquele que se 
“esquiva”, que se recusa a emagrecer, negligente em trabalhar o próprio corpo. 
Sua falha é o desleixo, sua responsabilidade é uma falta intima, menos as 
paixões que a indiferença, menos entusiasmo que o descontrole, a 
impossibilidade de se regrar ou se transformar. O fracasso adquire uma nova 
figura reforçada pela banalização do tratamento e pela ascensão do 
psicológico. Crescem os relatos dolorosos. Como crescem na cultura 
contemporânea as autoavaliações e os testemunhos sobre a experiência 
própria. O lugar assumido pelo magro reforça duplamente a estigmatização. O 
Obeso não é mais apenas o gordo. É também aquele que não consegue mudar: 
identidade desfeita numa época em que o trabalho sobre si mesmo e a 
adaptabilidade se tornam critérios obrigatórios. O que a obesidade revela é na 
verdade um fracasso em se transformar. (VIGARELLO, 2012, p. 300) 
 
Compreender a obesidade como um fracasso na capacidade de se transformar em 
magro é dar à obesidade um caráter discriminatório, transformar a gordura corporal em 
marca de incompetência, em estigma. A estigmatização do gordo é tanta nos anos de 1920 
	
  
	
  
17	
  
e 1930 que as questões patológicas em relação à obesidade se proliferam de uma maneira 
avassaladora, tanto que se começa a fazer uma generalização das doenças em relação à 
gordura corporal. A gordura se torna uma vilã implacável e traz consigo um emaranhado 
de doenças nocivas desde o câncer, o envenenamento, a intoxicação isso sem falar em 
todas as questões culturais e psicológicas que, de certo modo, se infiltraram nas relações 
das pessoas e acabaram sendo alvo de opiniões divergentes, de referências éticas e morais 
e até que conseguiram transformar a gordura de um modo extremo “em um mal 
universal”. 
O gordo passa a ser uma ameaça estética e vital à sociedade. Esse corpo gordo se 
torna o doente do século XX, a busca em combater a gordura torna-se o principal objetivo 
de vários setores da saúde (médicos, nutricionistas, treinadores físicos, etc.) além de 
pesquisadores, membros diversos da sociedade e principalmente das pessoas. Os 
tratamentos químicos e pesquisa em relação à gordura tornam-se um grande desafio, pois 
acredita-se que a gordura é imutável apesar dos avanços das inúmeras pesquisas para 
combatê-la. No entanto, apesar dos esforços com dietas e remédios, muitas pessoas se 
tornam resistentes aos regimes e às manipulações do tratamento, assim o corpo obeso, 
apesar de muita luta contra a gordura, não consegue emagrecer. Assim, esse corpo gordo 
se transforma em símbolo de fracasso apesar das inúmeras tentativas de emagrecê-lo. A 
gordura torna-se uma doença envolta em muita tensão e isso acarreta sofrimento em 
vários âmbitos do ser. Entre eles, podemos falar das dificuldades de aceitação social, a 
dificuldade de aceitar o corpo gordo e a dificuldade em eliminar a gordura corporal. A 
cura, ou seja, o emagrecimento e se manter magro, torna-se um martírio pessoal. 
A dor vivida é a exposição do corpo. Como ela, o ser parte em busca de discursos 
milagrosos, e dedica-se, muitas vezes com afinco, a seguir todas as instruções que recebe 
para cumprir sua meta. Mas, o ser tem que conviver com várias dores: infelicidade da 
rejeição social, a sensação de fraqueza e impotência tanto nos aspectos físicos como no 
seucotidiano, a infelicidade nos relacionamentos românticos ou com as pessoas da 
família e seu círculo de amizade, os vergonhosos momentos que envolvem simples ações 
como sentar-se em uma cadeira, ou mesmo vestir uma roupa, a sensação de fracasso o 
tempo todo, a rejeição e por fim a solidão. 
A experiência de viver em um corpo gordo torna-se viver em um corpo humilhado, 
fadado ao seu próprio fracasso. Como viver em um corpo não aceito socialmente, fora 
dos padrões sociais, um corpo negado socialmente? A obesidade é um fenômeno 
altamente complexo: não é somente uma questão médica, é também um distúrbio social. 
	
  
	
  
18	
  
O corpo gordo é colocado à margem da sociedade. E como conviver com esse corpo fora 
dos padrões sociais? Os discursos midiáticos afirmam: não existe a possibilidade de ser 
feliz com tal corpo. Ouvindo e seguindo essas afirmações, o ser sofre. 
 
Objeto e Objetivos 
O objeto desta pesquisa são os discursos a respeito do corpo feminino nas redes sociais 
em relação à questão do corpo acima do peso que permeiam o universo plus size. Os 
objetivos da pesquisa são: (1) interpretar e analisar algumas narrativas dos discursos do 
corpo; (2) pesquisar o imaginário da mulher que convive com bombardeios midiáticos de 
estereótipos femininos, as conquistas e dificuldades vividas, interpretando, comparando 
e relacionando alguns símbolos que exemplificam os elementos das narrativas do 
comportamento feminino. 
 
Problema 
As redes sociais apresentam uma infinidade de narrativas e relação ao corpo. Elas 
discursam sobre um mundo de corpos perfeitos e inalcançáveis, apresentando 
propagandas de fórmulas mágicas para emagrecer, tirar as rugas, sumir com varizes; 
prometendo um corpo lindo como o das artistas ou a top models do momento e tudo isso, 
claro, com rapidez e sem sacrifícios. Por outro lado, nesse mesmo ambiente midiático, 
encontramos comunidades virtuais com um discurso oposto, que discorre sobre a 
aceitação do corpo como ele é, idolatrando e acolhendo uma figura oposta citada acima. 
Mostrando corpos volumosos e curvilíneos de mulheres aparentemente felizes, 
igualmente das top models estampadas em algum veículo de comunicação, mesmo 
estando fora de um padrão midiático. 
Assim algumas questões aparecem: Até que ponto os discursos das redes podem 
libertar o imaginário feminino em buscar um corpo padronizado pela sociedade, como 
por exemplo, os corpos esbeltos das artistas que estampam as capas da revista, 
protagonizam as novelas, desfilam as marcas famosas, são construções do imaginário 
feminino ser magra, linda, bem-sucedida, sempre bem arrumada de uma perfeição física 
imaginária impecável. 
Desse modo questiona-se: Quais são os discursos em relação ao imaginário do 
corpo gordo que caracterizam os blogs plus size, em um mundo em que se discutem 
estigmas do corpo feminino perfeito; e se as fanpages e blogs do mundo plus size 
incentivam a autoestima? 
	
  
	
  
19	
  
 
Hipótese 
Os meios de comunicação têm forte presença na construção do imaginário coletivo, o 
comportamento da mulher que está fora de um padrão de corpo publicitário é 
diferenciado, devido ao fato que socialmente seu corpo não é bem aceito, ela aprendeu a 
valorizar o corpo que tem, se aceitar e viver bem ele. Sua autoestima aumentou e esta 
mulher vem lutando para a mudança do padrão social de beleza seja mais curvilíneo. 
As mudanças nas formas de pensar da sociedade em relação à diversidade dos 
corpos ainda são pouco expressivas. O que se observa são discursos de controle e pressão 
da mídia pela perfeição física ainda é maior do que a aceitação de um corpo mais cheio. 
Os discursos midiáticos têm um longo caminho a percorrer em relação a aceitação de um 
corpo fora dos padrões idealizados. 
A mulher, buscou, conquistou sua autonomia, liberdade de expressão, a inserção 
em espaços políticos, mas ainda existem lacunas e em relação ao corpo. O corpo como 
identidade também traz formas diferenciadas. É preciso discutir certos estereótipos, 
vivenciar a experiência única que só pode advir do próprio corpo. 
 
Método 
Para investigar os discursos a respeito do corpo feminino no contexto das redes sociais, 
iremos utilizar como metodologia as análises relacionadas aos documentos que circulam 
nas redes, como imagens fotográficas, registros de discussões entre outros eventos 
específicos. A partir de acontecimentos que afetam o universo plus size, iremos investigar 
as questões que envolvem os discursos das blogueiras, o discurso do outro e as questões 
da busca da felicidade através do corpo. O corpo em discussão é aquele que está fora dos 
padrões sociais estéticos. 
 
Justificativa 
A pesquisa contribuirá para fomentar as discussões sobre o corpo feminino nas fanpages, 
nos blogs e nos sites. A partir daí, talvez ampliar os conceitos de identidade feminina e 
suas dinâmicas de autoestima e aceitação, fortalecendo a diversidade nos discursos de 
emancipação do corpo nas redes sociais. 
	
  
	
  
20	
  
Procuramos neste trabalho investigar nos discursos os dispositivos de poder, saber 
e subjetividade nas redes sociais que abordam aceitação do corpo das pessoas que não se 
encaixam com modelos pré-definidos. 
Assim, iremos investigar as transformações que visam desconstruir o imaginário 
do corpo feminino na atualidade via rede social. 
Essa pesquisa atualiza procedimentos da cartografia e, analisando os discursos das 
redes, fará três tipos de mapeamentos lógicos: (1) discursos do corpo saudável, corpo 
magro, e corpo atlético; (2) discursos do corpo plus size e (3) discursos de valoração e 
construção da subjetividade feminina. 
A pesquisa tem caráter multidisciplinar de analise empírica dos blogs e fanpages 
do universo plus size e irá relacionar conceitos ligados ao o corpo, as redes sociais e os 
discursos midiáticos sobre o comportamento contemporâneo. 
Fará parte do estudo a pesquisa exploratória, o levantamento bibliográfico, as 
entrevistas com profissionais que produzem site do comportamento feminino e com as 
pessoas que passaram por experiências identitárias com relação ao corpo. 
 Nossa hipótese é que podemos buscar essas respostas investigando um novo 
acontecimento social que, desde 2009, está invadindo o ciberespaço: o conceito de plus 
size. No primeiro capítulo deste trabalho iremos investigar o que é o plus size – um 
movimento a favor da aceitação do corpo como ele é. Pelo fato de ser um conceito novo 
e pouquíssimo explorado academicamente, o investigaremos pelo viés dos registros 
jornalísticos para mapear como esse novo padrão de beleza está se fixando no território 
nacional. 
 Continuaremos a nossa investigação fazendo um apanhado histórico do padrão de 
beleza para conseguimos desvendar como são as construções desses padrões no mundo 
até chegarmos ao Brasil. Como foi construído o nosso padrão de beleza desde 1920 até 
os dias atuais, até a inserção do padrão plus size. 
 Com o surgimento do padrão plus size, iremos explorar no segundo capítulo esse 
universo que acontece dentro e fora do ciberespaço, tentando desvendar cada aspecto que 
o engloba como, por exemplo, as artes, a entrada e influência do gordo na mídia, a beleza, 
a moda, o sexo, discutiremos o mercado plus size. Um ponto importante a ser explorado 
é em relação à saúde desse corpo, o bem-estar social, até passarmos pelas dificuldades, o 
preconceito social e a luta para superar esse preconceito. 
 Ao chegarmos nessa luta, percebemos então que nas redes sociais existem pessoas 
que incentivam as pessoas gordas a se identificarem com o corpo e a se gostarem, com o 
	
  
	
  
21	
  
corpo que possuem. Aqui nomeadas como blogueiras plus size, que escrevem em seus 
blogs e redes sociais sobre a autoestima do corpo fora dos padrões de beleza, e sua luta 
diária contando suas dificuldades, suas superações e assim tentando incentivar seus 
leitores a se amarem do modo que são.O terceiro capítulo apresenta os discursos e narrativas das blogueiras, falaremos 
sobre o potencial que as blogueiras possuem em agregar pessoas, das interações entre 
blogueiras e leitoras nas redes sociais e sobre os discursos do outro e suas possíveis 
influências e sobre a felicidade em relação ao corpo. 
 
 
	
  
	
  
22	
  
CAPITULO 1 
 
O primeiro capítulo dessa dissertação de mestrado tem como objetivo apresentar os 
conceitos fundamentais da pesquisa, fazendo um resgate histórico para compreendermos 
o conceito plus size no Brasil e no mundo. 
Iremos discorrer sobre o movimento plus size, sua reivindicação pelo direito à 
diversidade e inclusão de um estilo diferente de corpo que não é visto nas mídias 
hegemônicas. 
A partir da leitura que fizemos da pesquisa de Sant’Anna, iremos discorrer sobre 
as transformações da beleza na história do Brasil a partir de 1920, buscando paralelos 
com a questão das transformações do corpo e a progressão dos discursos em relação à 
busca de um ideal de corpo que está em constante transformação. 
Nossa pesquisa está sustentada pela ideia de que o corpo é linguagem, um lugar 
de disputa, um locus político, onde os desejos são disciplinados e os corpos docilizados. 
Para tanto, utilizaremos os conceitos de Foucault. 
 
1.1 O que é Plus Size 
Quando nos propomos a estudar os blogs que discorrem sobre o corpo gordo e o 
comportamento plus size, é importante levar em consideração os aspectos culturais que 
regem o padrão de beleza, assim como as transformações que esse padrão passou na 
história da humanidade. Sendo assim, o primeiro passo para entendermos o que é o plus 
size e como iremos defini-lo no contexto deste trabalho consiste em realizar reflexões 
sobre o padrão de beleza da cultura atual e como ele se desenvolveu em nosso país. 
O termo plus size está ligado diretamente à indústria da indumentária. O primeiro 
relato que se tem notícia sobre a utilização do termo plus size vem dos anos de 1970 no 
setor de vestimenta norte-americano. Entretanto, considerando que pessoas acima do peso 
padrão sempre existiram, esse mercado vinha sendo pouco explorado. As roupas acima 
da modelagem regular que equivalentes a numeração até 44/46 que eram feitas sob 
medida. 
 A empresa de indumentária Lane Bryant, fundada em 1904, por Lena Bryant, 
costureira e viúva é um caso histórico nesse setor. A empresária começou sua loja muito 
timidamente e com pouco investimento. Uma de suas clientes que estava grávida, 
incentivou Lena a produzir roupas mais confortáveis para gestantes e ao mesmo tempo 
	
  
	
  
23	
  
elegantes (roupa para passeio) e assim criou vestidos com cós e saias plissadas. O vestido 
ficou muito conhecido e logo tornou-se o carro chefe da empresa. Antes da Primeira 
Grande Guerra, em 1909, o segundo marido de Lena, Albert Malsin assumiu a empresa 
modernizando sua produção e organizando as questões contábeis. A empresa ia bem e 
tinha um produto inovador no mercado que eram os vestidos para mulheres grávidas, mas 
na publicidade em jornais naquela época não era tradicional fazer anuncio falando sobre 
gravidez. Mesmo assim, seu atual marido convenceu o jornal New York Herald a fazer a 
propaganda dos vestidos. O sucesso foi tão grande que, no dia seguinte da publicidade, 
todos os vestidos do estoque foram vendidos. 
Na década de 1920, Lena percebeu a lacuna existente no mercado para as mulheres 
que vestiam tamanhos grandes, pois não havia empresa alguma que fizesse isso, e esse 
público precisava adquirir suas roupas através do trabalho de costureiras particulares. 
Bryant então desenhou três tamanhos grandes diferentes para mulheres “stout-figured”, 
ou seja, uma configuração mais robusta, para mulheres mais “corpulentas” chamadas 
também de chubbies. Essas roupas “plus size” rapidamente ultrapassaram as vendas dos 
vestidos maternos e em 1923 o faturamento da loja chegou a U$ 5 milhões, já que 
anteriormente, em 1911 aproximadamente, o seu rendimento era de U$ 50.000 por ano, 
ou seja, em 12 anos o faturamento da empresa aumentou não só a sua visão de mercado 
de Lena Bryant, mas também pelo pulso firme de seu marido Albert Malsin como já 
citado anteriormente. Com a expansão dos negócios e com 100 unidades da loja 
espalhadas pelos Estados Unidos em 1969 o faturamento da empresa foi de U$200 
milhões4. 
Lane Bryant, não foi só pioneira em vendas de roupas de tamanhos grandes ou 
para gestantes. Devido às tradições da época era muito difícil fazer anúncios em jornal, 
assim, buscando alternativas para a divulgação de seus produtos, Lane desenvolveu um 
catálogo de vendas roupas pelo correio. Atualmente a Lane Bryant é uma grande cadeia 
de varejo presente em várias cidades dos Estados Unidos e com o advento da internet, a 
empresa consegue abranger inúmeros países. O Brasil está incluído na sua rede de varejo 
on line. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
	
  
4 Fonte: <http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/biography/Bryant.html>. Acesso em: ago. 2015. 
	
  
	
  
24	
  
 
Figura 1: Um dos primeiros anúncios de moda plus size de Lane Bryant datados da década de 1920. 
Fonte: <https://chanceseales.files.wordpress.com/2010/04/lane-bryant-vintage.gif>. Acesso em: 26 ago. 2015. 
 
 
 
Figura 2: Print da página Lane Bryant. Fonte: <http://www.lanebryant.com/apparel/21288/index.cat>. Acesso em: 26 
ago. 2015. 
	
  
	
  
25	
  
A história de uma outra empresa, a marca britânica Evans Clothing surgiu nos 
anos de 1930, fundada por Jack Green. Foi a segunda marca a produzir roupas de tamanho 
maior. Por 40 anos a empresa foi administrada pela família e em 1971 foi vendida para o 
Burton Group (atualmente como Arcadia Group). Com a venda para o grupo, Evans 
expandiu-se com 77 filiais e em 1988 se tornou a marca mais famosa e líder de mercado 
em roupas outsize da Europa. Interessante observar que os britânicos não usam o termo 
plus size e sim outsize. A respeito disso, poderíamos pensar o quanto na cultura inglesa o 
fato de ter medidas maiores das padronizadas leva o indivíduo a ser classificado como 
excluído à medida que o termo indica um posicionamento “out”, isto é, fora do tamanho 
industrial. No caso do termo norte-americano, o termo indica algo adicional à medida que 
plus significa adição, além, a mais. 
Voltando à discussão a respeito da marca inglesa, somente em 2011 a marca se 
lançou no mercado Americano e atualmente vende para mais de 100 países via internet. 
Em 1997 a Evans foi a pioneira em desenvolver uma linha de roupas fashion para seus 
clientes mais jovens e se tornou a primeira marca da Arcadia Group a vender roupas on 
line 
 
Figura 3: A logomarca da Evans descreve Goodbye size Zero, hello size Hero, fazendo uma brincadeira com as palavras 
Zero e Hero. trocando o Z, pelo H. Pela nossa tradução seria adeus tamanho zero, olá tamanho herói. Fonte: 
<https://www.arcadiagroup.co.uk/about-us/our-brands/evans>. Acesso em: 26 ago. 2015. 
	
  
	
  
26	
  
 
Figura 4: Site da loja Evans UK. Fonte: 
<http://www.evans.co.uk/webapp/wcs/stores/servlet/TopCategoriesDisplay?storeId=12553&catalogId=33054>. 
Acesso em: 26 ago. 2015. 
 
1.1.2 Propagação do termo Plus Size 
Em meados de 1970 que o termo plus size efetivamente começou a ser difundido pelo 
mundo devido a modelo Mary Duffy que foi apontada pelos jornais americanos da década 
de 1970 1980 como uma das mais expoentes modelos plus size no mundo. Duffy gostou 
tanto da profissão de modelo que em 1979 comprou a agencia de modelos de Beth Kramer 
que só trabalhava agenciando modelos pequenos (Little Women) e incluiu em seu quadro 
de modelos as plus size, renomeando a agência para a Big Beauties / Little Women 
A agência fez tanto sucessoque acabou sendo comprada pela Ford Models em 
1988 sendo a diretora executiva dos tamanhos especiais da agencia até 2010. Mary Duffy 
atualmente tem uma empresa chamada Fashion 4 The Rest Of Us direcionada ao mercado 
plus size, ela ministra palestras sobre como é o funcionamento do mercado plus size, 
orientando empresários e comerciantes a direcionarem seus investimentos para o público 
	
  
	
  
27	
  
plus size, ministra palestras motivacionais para mulheres acima do peso, escreveu vários 
livros entre eles o Hoax Fashion Formula sobre os diversos tipos de formatos de corpos 
femininos e como esta mulheres de tamanhos diversos podem se vestir bem reformulando 
seu guarda-roupa sabendo combinar texturas de tecidos, cores, linhas e formas à seu 
favor. 
 
Figura 5: Mary Duffy fotografando para a grife Jordan Marsh. Fonte: 
<http://fashion4therestofus.com/photoarchive1.html>. Acesso em: 26 ago. 2015. 
	
  
	
  
28	
  
 
Figura 6: Mary Duffy desfilando. Fonte: <http://fashion4therestofus.com/photoarchive1.html>. Acesso em: 26 ago. 
2015. 
 
Figura 7: Página inicial do site de Mary Duffy, mostrando-a com 60 anos de idade. Fonte: 
<http://fashion4therestofus.com/index.html>. Acesso em: 26 ago. 2015. 
 
	
  
	
  
29	
  
 
Figura 8: Livro HOAX editado em 1987. Fonte: 
<https://img0.etsystatic.com/038/0/7952082/il_fullxfull.603050746_rzvb.jpg>. Acesso em: 26 ago. 2015. 
 No campo das produções de revistas, destaca-se a MODE, que embora tenha tido 
um tempo de vida curto, foi a primeira revista de moda plus size a ser lançada no mercado 
internacional. Idealizada por editores de revistas famosas como Vogue, Mademoiselle e 
Marie Claire, a primeira edição foi em 1997 com 250.000 cópias e logo foi um sucesso. 
Após seu lançamento, agências de modelos aumentaram a lista de modelos plus size e os 
varejistas aumentaram suas produções. Mas o tempo de vida da revista foi pequeno, em 
2001 a editora Advance Publications fez uma parceria com a Lewit e Le Winter e os 
negócios não foram tão bem como o esperado. Tanto que os designs da Versace e 
Valentino pararam de produzi para a revista, ocasionando assim um grande déficit entre 
outros problemas incluindo o mercado publicitário. O fechamento da revista se deu no 
final de 2001 com 600.000 exemplares de sua última edição. 
No cenário atual, a revista Plus Model Magazine, fundada em 01 de julho de 2006 
pela editora chefe Madeline Figueroa-Jones é primeira revista virtual do mundo da plus 
size e líder de mercado. Conforme descrito no site, Plus Model Magazine, não é somente 
uma revista voltada para o público plus size, é também blog e mídia social que fala de 
moda, beleza, eventos e comportamento. Designada, desenvolvida e escrita também por 
mulheres plus size, portanto as editoras entendem o coração das leitoras, pois elas também 
consomem e vivem o plus size. 
	
  
	
  
30	
  
 
Figura 9: Plus Model Magazine do mês de julho/agosto de 2006 que estampa na capa a top model Fluvia Lacerda. 
Fonte: <https://www.pinterest.com/pin/162200024050209378/>. Acesso em: 26 ago. 2015. 
A expressão plus size é considerada como uma categoria de modelagem de 
indumentária que comporta uma padronagem de tamanho grande a partir da numeração 
46. O segmento plus size engloba peças que vão do tamanho 46 ao 56, podendo chegar 
até o 62 e também aos tamanhos maiores G, GG, EG e EGG, como são classificados em 
muitas empresas. Entretanto, é importante observar que a padronização é bastante 
irregular e falha, pois algumas peças GG não vestiriam o número 44 em algumas 
modelagens. Aparentemente a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) está 
estudando junto às associações ligadas ao vestuário para estabelecer um padrão mais 
assertivo. É tão falho e confuso as questões da numeração da roupa plus size que a 
superintendente do Comitê Brasileiro de Normatização Têxtil, Maria Adelina Pereira, não 
sabe ao certo a partir de qual numeração de vestuário podemos considerar que inicia-se o 
plus size, como ela comenta em entrevista no mês de junho de 2012 para o blog Chic de 
Glória Kalil: “Alguns acreditam que o padrão plus size começa a partir do 44, já outros 
	
  
	
  
31	
  
46”5 (PEREIRA, 2012). Portanto nesta dissertação de mestrado para podermos 
desenvolver o conteúdo iremos considerar a numeração 46. 
 O ano de 2009 marca o início do movimento no Brasil, com a vinda da top model 
plus size Fluvia Lacerda, junto com sua assessora de imprensa Joyce Matsushita, que 
trouxe a brasileira que mora e trabalha como modelo plus size nos Estados Unidos para 
divulgar o nome de algumas marcas nacionais de roupas de tamanho grande no mercado. 
Fora do país, Fluvia é conhecida como a "Gisele Bündchen plus size". Já com uma 
mudança no comportamento do mercado diante da entrada da influência de roupas 
tamanhos grandes e a vinda de a consolidação de alguns blogs de moda de tamanhos 
grandes na internet, em 2009 a expressão plus size começou a ser mais difundia e 
começou a ser agregada na cultura da moda com maior visibilidade em nosso país. 
A vinda da modelo ao Brasil não significa e nem exclui que antes desta data não 
existissem roupas para as pessoas que vestem acima do 46. Sempre existiram catálogos e 
roupas voltadas para este perfil de consumidor, mas não era ainda um movimento voltado 
aos padrões sociais de corpo, como veremos adiante. 
O uso do termo plus size no Brasil já era utilizado para roupas grandes, mas teve 
maior consolidação a partir destes acontecimentos. Conforme já apontamos de modo 
rápido anteriormente, a palavra em inglês “plus" transmite a ideia de adição. O mesmo 
se dá com o “plus” do idioma francês. Estamos no universo semântico da somatória, da 
inclusão, das qualidades positivas e afirmativas: 
 
plus6 
1 sinal de adição (+). 2 qualidade positiva (a plus). 3 saldo positivo. 
• adj 1positivo. 2 adicional, extra. • prep mais, acrescido de. two plus two 
equals four dois mais dois igual a quatro. 
Para adjetivos7 
Also: positive (prenominal) indicating or involving addiction = a plus sing 
Another word for positive 
plus8 
adv 
comparatif ou superlatif indiquant la supériorité 
adv 
 
 employé en corrélation avec ne, indique la cessation d'une action, d'un état 
Mathématique - signe qui indique l'addition ou qu'un nombre est positif 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
	
  
5 Fonte: <http://chic.uol.com.br/moda/noticia/medidas-plus-size-abnt-e-abravest-lancam-discussao-para-
estabelecer-novo-codigo-de-normas-e-tamanhos>. 
6 Disponível em <http://michaelis.uol.com.br/escolar/ingles/definicao/ingles-portugues/plus_21240.html>. 
7 Disponível em <http://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/plus?showCookiePolicy=true>. 
8 Disponível em <http://dicionario.reverso.net/frances-definicao/plus>. 
	
  
	
  
32	
  
 
 Como observamos podemos utilizar o conceito de plus entendendo como uma 
riqueza adicional, acrescentando a diversidade. 
 O significado do plus size não se limita somente a um número, ele também é 
relacionado a movimentos sociais que se formaram a partir de pessoas que possuem um 
perfil estereotipado e negativo de corpo, consideradas socialmente como pessoas gordas, 
fora do peso e de um padrão ideal de corpo. Estes movimentos sociais são grupos de 
pessoas que buscam na sociedade a inclusão de padrões corporais mais amplos, militam 
a favor de uma aceitação em relação ao tamanho do seu corpo, discutem sobre a 
segregação e o estigma em relação ao corpo estereotipado de tal forma e questionam sobre 
os padrões corporais apresentados nos meios midiáticos como revistas e televisão e 
internet. Essas pessoas se dedicam com fervor para que a sociedade perceba que 
independente de possuir um corpo gordo, ou seja,fora de um padrão tido como ideal, ela 
continua sendo capaz de exercer funções físicas e intelectuais como qualquer outra pessoa 
preparada para tal, de maneira que seu caráter não muda em relação ao seu peso e 
principalmente que seu corpo é tão belo como outro qualquer. 
 Atualmente, o plus size é um movimento difundido pelo ciberespaço, dentro das 
redes sociais e blogs que defende o direito e o respeito a um corpo que está fora de um 
padrão social e midiático, um corpo mais curvilíneo, arredondado ou mesmo gordo 
comparado aos padrões. 
A definição do ciberespaço nesta dissertação está relacionada o conceito de Leão 
(2004) 
um território em constante ebulição. Camaleônico, elástico, ubíquo e 
irreversível, o ciberespaço não se reduz a definições rápidas. Partindo de um 
olhar tríplice, percebemos que o ciberespaço engloba: as redes de 
computadores, integradas no planeta (incluindo seus documentos, programas 
e dados); as pessoas, grupos e instituições que participam dessa 
interconectividade e, finalmente, o espaço (virtual, social, informacional, 
cultural e comunitário) que emerge das inter-relações homem-documentos-
máquinas. (LEÂO, 2004, p. 09) 
 
Entendemos nessa citação que ocorre uma interação entre os usuários das redes a 
partir da máquina. 
Voltando a questão do corpo, a beleza está diretamente ligada a padrões sociais e 
o corpo plus size aparece como um paradigma deste, ou seja, tão bonito como um corpo 
magro, mas gordo. 
	
  
	
  
33	
  
 Denise Bertuzzi de Sant’anna, em seu livro A História da Beleza no Brasil, de 
2014, sistematizou em sua obra os costumes utilizados pelo povo brasileiro em busca da 
beleza, mapeando diferentes realidades em relação ao tempo, espaço e costumes sociais. 
Em seu livro, encontramos uma afirmação que afirmam os ideais definidos pelo 
movimento: 
Para um significativo público masculino, as cheinhas não são feias. Dividem-
se em diversas categorias: cheinhas, gordinhas, gordas ou em estrelas GG e 
beldades plus size. Algumas novelas da Rede Globo contribuíram para torná-
las famosas, assim como blogs e sites. Os movimentos sociais em prol da 
aceitação sem preconceito da diversidade corporal também favorecem o valor 
de uma beleza mais redonda do que longilínea. (SANTANNA, 2014, p. 182) 
 
Em suma, a historiadora, nesse pequeno trecho, nos fala dos movimentos de 
valorização de uma diversidade de corpos, apesar de uma visão do público masculino, 
esta afirmação nos ajuda a compreender que o plus size também está inserido na categoria 
de valor de gosto e já apresenta traços de aceitação de um corpo gordo na mídia televisiva, 
mas discutiremos isso no segundo capítulo desta dissertação. 
O plus size visto como movimento encontrado no ciberespaço tende a agregar 
pessoas que possuem um corpo que não comumente visto nas capas de revistas e nem nas 
mídias televisivas. Este corpo que é diferente e não possui um formato desejado pela 
sociedade. Este corpo que é colocado as margens da sociedade. Na cultura que vivemos, 
observa-se uma série de discursos e imagens que valorizam o corpo magro, jovem e 
atlético e os que não se enquadram neste perfil torna-se invisível para a sociedade. Em 
nosso contexto cultural, conforme Matos, Fábio Zoboli e Mezzaroba em seu texto “O 
corpo Obeso: Um corpo deficiente? Considerações a partir da mídia”, descrevem que o 
corpo gordo é visto como: "doente, impossibilitado, limitado e indesejado, ou seja, é 
percebido como deficiente no sentido que não ser eficiente o suficiente para ser adequado 
nos padrões de normalidade, bem como se refere à esfera do mundo produtivo" (MATOS; 
ZABOLI; MEZZAROBA, 2012, p. 92). 
Desta forma, o movimento plus size veio para tentar fazer um resgate do corpo 
indesejado, como citado acima, pelo respeito ao corpo e a inclusão deste corpo gordo na 
sociedade, tentando mostrar que todo imaginário social construído em volta do gordo não 
condiz com a pratica do cotidiano de uma pessoa gorda. 
O movimento plus size tende a agregar pessoas que possuem um corpo fora dos 
padrões midiáticos e isso faz com que de uma certa maneira o plus size seja um 
movimento que social que luta por pessoas que possuem corpos estereotipados, podendo 
	
  
	
  
34	
  
se comparar a algumas formas de inclusão social de corpos igualmente marginalizados 
como os dos deficientes físicos que lutam por uma aceitação social. Esses corpos são 
marginalizados, conforme José Luiz Aidar Prado em seu livro “Convocações biopolíticas 
dos dispositivos comunicacionais” que reflete sobre a política comunicacional 
contemporânea, pretende nos mostrar que houve uma construção glamorosa em torno da 
aparência a partir de 1970 no que ele nomeia de mundo pós-moderno, comenta: 
 
a sociedade constrói regimes de visibilidade e de pseudointegração em que se 
apresenta somente o lado glamoroso [...] que brilha nos corpos soltos, bonitos, 
jovens, rejuvenescidos e turbinados, preocupados em cuidar da qualidade de 
vida, da beleza, da saúde e do prazer efêmeros. (PRADO, 2013, p. 35) 
 
 
 Desta forma, Prado nos mostra que a sociedade diante o capitalismo pós-moderno, 
somente tende a indicar em suas propagandas corpos bonitos, cheios de saúde, beleza e 
nos passa uma falsa sensação de bem-estar, e que as revistas são como “mapas rumo ao 
sucesso” (PRADO, 2013, p. 35) para alcançar esta qualidade de vida. E quem não possui 
este padrão ou não segue este mapa estão fadados ao fracasso. Esses corpos bonitos, 
devem permanecer sempre em evidencia, os outros corpos que não possuem este padrão, 
devem permanecer invisíveis. "Isso deve permanecer invisível, junto com a vida e o corpo 
dos gordos, dos mulçumanos, dos terroristas, dos transexuais, das lésbicas não 
consumistas, das ativistas pobres, dos deprimidos e tantos outros." (PRADO, 2013, p. 35) 
 Conforme a citação, não somente o corpo gordo torna-se invisível, mas também 
todos os quais de certa maneira geram uma forma de preconceito. Até mesmo uma pessoa 
que não é animada, feliz, ou seja, o deprimido é excluído. 
Mas esses discursos hegemônicos vistos nas mídias, como televisão e revista, as 
vezes apresentam falhas e não conseguem capturar a todos. A internet, com sua estrutura 
poli-centralizada e aberta, é um espaço que permite que os discursos da diversidade 
prosperem, com o é o caso dos discursos que orbitam em torno do universo plus size. No 
ciberespaço, universo plus size, com toda sua carga de realidade e seu tom político, pode 
se fazer mais visível, abrindo espaço para que esse corpo seja representando e apresentado 
em uma gama maior de manifestações, podendo influenciar em diversas linguagens, 
como no campo das artes – música, cinema, artes plásticas; na mídia televisiva – inclusão 
de atores gordos, nas capas de revistas; em relação a comportamento – o caso dos 
militantes “antigordofobia”, ao movimento feminista e acima de tudo blogs voltados à 
	
  
	
  
35	
  
autoestima do homem e da mulher gorda, que até este momento eram como que invisíveis 
para si mesmos e para a sociedade. 
 
1.2 Padrões de beleza no mundo 
A frase “A beleza está nos olhos de quem a vê”, do poeta espanhol do estilo Realismo 
Ramón de Campoamor, exprime o que podemos entender aqui como beleza, ou seja, que 
é algo de uma simplicidade dos sentidos. Sabemos que a beleza se manifesta através dos 
sentidos, culturais, sociais, históricas, políticas e subjetivas. 
A beleza, entre outras definições, é algo que agrada os sentidos e, como é um 
conceito de gosto e valor, quando nos deparamos com culturas diferentes o sentido do 
belo se molda conforme a cultura de cada país. Quase todas as culturas apresentam 
padrões específicos de beleza, mas o que é belo para um povo pode não ter a mesma 
qualificação em outro. É muito variável a questão da beleza. Em cada lugar do mundo os 
elementos de influenciam na beleza, como cultura, sociedade, economia entre outros 
trabalham este conceito de formadiferente, e também é mutável conforme tempo vai 
passando. Achar um denominador comum em relação a isso, definir o belo, algo ou 
alguém que possui uma beleza impar é algo impossível devido as diferenças pois a cultura 
de cada país apresenta um ideal de beleza diferente de outros países e culturas. Até mesmo 
dentro de um mesmo país o padrão pode se diferenciar em relação à região e aos costumes. 
Iremos apontar a seguir de modo a ilustrar neste trabalho como a beleza possui avaliações 
e classificações diferentes. Lucia Marques Stenzel em seu livro “Obesidade, o peso da 
exclusão” de 2003 comenta que a beleza não é universal e que ela varia em uma mesma 
sociedade ao logo do tempo conforme a citação abaixo: 
 
As representações de beleza e os valores a ela conferidos foram mudando ao 
longo do tempo. O que consideramos belo hoje, pode não ter sido no passado, 
assim como os padrões de beleza do passado já não servem mais para a 
sociedade moderna. Da mesma forma ocorre nas diferentes culturas, cada qual 
com suas especificidades no que se refere à beleza do corpo. (STENZEL, 2003, 
p. 22) 
 
 A citação de Stenzel refere-se as mudanças sócias e culturais que passamos ao 
longo do tempo e que a beleza acompanha essas mudanças. 
É interessante observar que na África Ocidental, o padrão de beleza adotado pelas 
mulheres é a obesidade, como é o caso na Mauritânia, uma vez que o problema do local 
é a fome, a desnutrição e a pobreza. A comida é escassa, portanto é considerado um 
	
  
	
  
36	
  
privilégio ser gordo e, de certa forma, isto representa saúde e prosperidade. As mulheres 
obesas desse país transmitem um sinal de prestigio e riqueza. As meninas desde cedo são 
condicionadas a comer bastante. Tal costume é muito antigo, de séculos atrás: os Moors, 
população nômade que povoou o país, dizem que, se um homem se casa com uma mulher 
gorda, isso significa fartura e riqueza. O ideal de beleza remete a questões políticas e 
econômicas deste país, ser gorda que significa melhores condições sociais, mas existe 
uma corrente querendo mudar isso. O próprio governo se preocupa e muito com esse tipo 
de costume, pois vivem um paradoxo: de um lado o país luta contra a desnutrição, 
principalmente na região sudeste que, junto com a Unicef, a OMS e outras entidades, 
intervém em ações sustentáveis para melhorar a segurança alimentar, o comportamento 
alimentar e o fortalecimento contra a desnutrição. Por outro lado, já foram constatados 
inúmeros casos de abuso contra as crianças, por obrigarem-nas a comer muito (mais do 
que podem), e obesidade infantil. E, para finalizar, com a influência do Ocidente, os 
jovens que vivem nas grandes cidades e têm acesso a outros costumes questionam os 
padrões de beleza de corpos grandes. 
 No Irã, mais especificamente em Teerã, devido ao uso do véu islâmico deixar 
somente à mostra os olhos e o nariz da mulher, o cuidado com essas partes do rosto 
tornam-se primordiais. O excesso de maquiagem nos olhos e o aumento de cirurgias 
plásticas do nariz acabou ganhando uma atenção especial. A genética árabe possui um 
padrão de nariz que costuma ser grande e muitas vezes adunco. O desejo de um nariz com 
proporções menores e mais delicados fez crescer o número de cirurgias de um nariz mais 
ocidentalizado fazendo com que a rinoplastia (cirurgia plástica do nariz) crescesse muito 
e se tornasse símbolo de status e beleza. 
 Outro exemplo da variação nos padrões de beleza pode ser encontrado em países 
como Malásia, Coréia do Sul, Hong Kong, Índia e Tailândia. Nesses países a pele alva é 
sinônimo de beleza, diferente do que acontece em alguns lugares na América do Norte e 
do Sul, em que a pele bronzeada é sinônimo de saúde e vivacidade. 
 O exemplo de beleza das mulheres girafas remete também às questões de 
adequação as normais sociais dos costumes de Myanmar, ao norte da Tailândia. As 
mulheres da etnia karen-padaungs usam anéis de bronze ou latão em volta do pescoço. 
As mulheres da tribo, em sinal de beleza, desde jovens, usam esses anéis no pescoço. 
Quanto mais alto o pescoço, mais bela é a mulher. Sinal de beleza, adaptação as normas 
e costumes sociais, os anéis no pescoço começam a ser colocados nas meninas por volta 
dos 5 ou 6 anos de idade. A cada ano que passa, outros anéis são adicionados. Uma mulher 
	
  
	
  
37	
  
adulta usa 37 anéis de bronze em volta do pescoço – esse é considerado o número ideal. 
Apesar do que se pensa, as mulheres não morrem se os anéis forem retirados (elas 
costumam fazer isso para se lavar), mas a musculatura do pescoço é enfraquecida. 
 
1.3 As construções dos padrões de beleza no Brasil 
Conforme discutimos até agora, as culturas têm padrões específicos relativos ao que é 
atrativo ou desejável. A beleza pode, então, se expressar de forma semelhante em muitas 
delas. Em contrapartida, o que é belo para um povo pode não receber a mesma 
qualificação para outro povo. Entretanto, é algo que desperta a curiosidade e causa 
agrado, satisfação, admiração ou prazer por meio dos sentidos do observador. 
 Em nosso país não é diferente do resto do mundo, a beleza para a mulher sempre 
esteve relacionada com a nossa cultura, ambos caminham juntos principalmente no que 
tange às representações do corpo feminino. Conforme Joana de Vilhena Novaes em seu 
livro O intolerável peso da Feiura, sobre as Mulheres e seus corpos, onde ela fala sobre a 
ditadura da estética nos corpos femininos discorre que: "A imagem da mulher na cultura 
confunde-se com a da beleza. Este é um dos pontos mais enfatizados no discurso sobre a 
mulher: ela pode ser bonita, deve ser bonita, do contrário não será totalmente mulher." 
(NOVAES, 2006, p. 85) 
 Entendemos pela citação de Novaes que a imposição da beleza em relação a 
mulher sempre existiu e caso ela não compactue com isso, ela não é totalmente mulher. 
 A preocupação com a beleza sempre existiu. Mas os discursos imperativos sobre 
padrão de beleza no Brasil ao longo do século XX foram brutais. Segundo o livro de 
Denise Sant’Anna (2014), as mudanças principais ocorreram a partir de 1920, com o uso 
de cosméticos, mudanças na alimentação, saúde, atividades esportivas, a preocupação 
com a aparência física torna-se de extrema importância. Essas mudanças estão ligadas 
também ao crescimento das mídias impressas, radiofônicas, televisivas e ao cinema que 
ajudaram muito nas transformações sociais durante todo esse período. 
 Sant’Anna narra diferentes tipos de comportamento diante da beleza, como foi a 
evolução da beleza e quais eram os meios que mais disseminavam e idealizavam as 
informações sobre a beleza. Em 1920 por exemplo, o cinema era o grande influenciador 
de estilos, tendências e, até no comportamento com suas divas hollywoodianas. 
Propagandas em jornais e farmácias também eram (e continuam sendo) de grande 
importância para a disseminação de um padrão de saúde e beleza (SANT’ANNA, 2014). 
	
  
	
  
38	
  
Na leitura de Sant’Anna, as revistas Fon-Fon, Revista da Semana e o Almanaque 
Eu sei Tudo recebem destaque em suas pesquisas ilustrando os acontecimentos 
relacionados a beleza e seu comportamento. Com o fechamento destas revistas, outras 
continuaram fazendo o mesmo papel, como O Cruzeiro, Claudia, Querida, Capricho até 
mesmo a 4 Rodas e almanaques direcionados aos esportes. As pesquisas de Sant’anna 
não ficaram somente nas revistas, existe um profundo levantamento em relação as 
propagandas, o comercio de cosméticos, cinema, jornais, outros historiadores, artigos 
acadêmicos nacionais e internacionais. Por isso a grande relevância para esta dissertação 
de mestrado. 
Nas décadas de 1920/30, os famosos periódicos, possuíam uma aura de glamour, 
neles escreviam médicos renomados e pessoas muito influentes da época, os artigos 
escritos repercutiam de modo a influenciar seus leitores a tal ponto de eles seguirem à 
risca os seus conselhos descritos. As revistas ditavam como aspessoas deveriam se 
comportar, “mapas rumo ao sucesso”, (PRADO, 2013, p. 35) Conforme citado 
anteriormente, mesmo não sendo da mesma época, as revistas de 1920 com as atuais 
funcionam da mesma maneira, mostrando novos comportamentos. No percurso do livro 
de Sant’Anna, percebemos várias influências desse tipo e principalmente uma mudança 
de comportamento e de padrão de beleza durante as décadas, a tal ponto de subestimarem 
a inteligência em relação à beleza, como percebemos nesta passagem de uma propaganda 
da revista Fon-Fon ironizando a beleza em relação a inteligência: "Enquanto isso, 
mundanismo carioca revelava o charme das mulheres afeitas à beleza com boa dose de 
humor e malícia '- Preferes ser bonita ou inteligente? – Muito bonita - Ah!... – Sim, 
porque há mais homens tolos do que cegos'." (SANT’ANNA, 2014, p. 28) 
Esta citação foi veiculada na Revista Fon-Fon em 04 de janeiro de 1913, p.66, 
esse trecho, podemos perceber a relevância da beleza em relação a inteligência, mesmo 
de forma irônica, não deixa de ser uma forma velada de dizer que a beleza feminina tende 
a se destacar em relação a sua beleza, direcionado assim para agradar ao gosto masculino. 
 O corpo nos anos de 1920, 30, 40 e 50 era considerado como um corpo social. 
“Costumavam servir como instrumento de gestão para a vida coletiva, pertencentes a uma 
comunidade, ficando assim dependentes da aprovação dela” (SANT’ANNA, 2014, p. 58). 
Percebemos então que a comunidade se importava naquela época com padrões do corpo, 
principalmente com a beleza. Um grande influenciador de regras de beleza, corpo e 
ensino religioso em relação a sua alma, foi o médico Hernani de Irajá, especialista em 
“psicopatologia sexual da mulher brasileira” (SANT’ANNA, 2014, p. 51) que escrevia 
	
  
	
  
39	
  
em um almanaque chamado “Eu sei tudo” que descrevia mandamentos sobre os cuidados 
com a beleza, os cuidados com as questões religiosas, o caráter e as emoções. 
Ainda segundo Sant’anna (2014) Entre vários mandamentos, nota-se bem que a 
mulher precisava cuidar do corpo e realçar os traços naturais de sua beleza utilizando 
cosméticos e outros recursos da época, mas sem deixar de valorizar sua “beleza espiritual” 
(SANT'ANNA, 2014, p. 51), já que as chamadas virtudes morais e espirituais refletiam 
um bom caráter e beleza de espírito para aquelas que eram consideradas como 
desprovidas de beleza física. Contudo não se comenta em momento algum sobre a questão 
do intelecto da mulher, deixando isso a cargo dos homens, dando a impressão de que as 
atividades intelectuais da mulher, consideradas reduzidas e menosprezadas, se dirigiam 
somente para as funções dos cuidados domésticos, com o corpo e o espírito. 
(SANT’ANNA, 2014, p. 51-54). 
O corpo social para a década de 1920 não era nem o gordo e nem o magro, e sim 
o que na época “eram considerados feios porque habitavam os extremos de uma linha 
imaginária cujo maior valor era o meio termo” (SANT’ANNA, 2014, p. 30). Em relação 
a beleza feminina, os exercícios físicos não eram bem vistos, pois pessoas daquela época 
costumavam associar as atividades em relação ao gênero, portanto o balé clássico era 
muito voltado a figura feminina. Outros exercícios que faziam o corpo suar eram 
tendencialmente voltados ao corpo masculino (SANT'ANNA, 2014, p. 39). 
Ainda em 1920, conforme Sant’anna, o culto ao corpo e ao emagrecimento 
começaram nesta época. O corpo era uma “maquina energética” (SANT’ANNA, 2014, 
p. 60) O sangue era como um fluído e o motor corporal representados pelo coração ou 
pulmões, e as pessoas eram goras pois esses “motores” não trabalhavam direto, conforme 
citação: 
 
Nos anos 1920, o corpo era representado pelo coração ou pelos pulmões. Os 
muito gordos o eram sobretudo porque seus “motores” não trabalhavam 
suficientemente bem, daí o excesso de gordura em seus corpos. Aliás, o culto 
ao emagrecimento foi inserido na propaganda e nas imagens impressas 
principalmente a partir da dessa década, quando o Brasil contava com cerca de 
186 laboratórios farmacêuticos. Vários deles fabricavam medicamentos para 
emagrecer. Nos Estados Unidos, a exigência do emagrecimento recaía mais 
sobre as moças do que sobre os rapazes. Para o sexo masculino, o maior 
problema era a falta de peso, e não o seu excesso. No Brasil ocorria o mesmo; 
mas tanto para as mulheres como para os homens os rigores dos regimes não 
incluíam ainda o detalhamento das normas hoje amplamente conhecidas. 
(SANT’ANNA, 2014, p. 60) 
 
	
  
	
  
40	
  
Podemos entender nesta citação que o corpo é comparado a uma máquina e que 
suas peças eram valorizadas para fazer o motor funcionar. O mesmo que David Le Breton, 
professor de Sociologia na Universidade de Estrasburgo na França, e membro do Institut 
Universitaire de France e autor de vários livros e entre eles “Adeus ao Corpo” onde 
comenta: “não se compara a máquina ao corpo, compare-se o corpo à máquina” (LE 
BRETON, 2013, p. 19). A busca da beleza pelo corpo magro começa a se evidenciar 
estudioso sendo que tanto nos Estados Unidos como no Brasil a busca por um corpo 
magro se intensifica, desta vez a cobrança não era somente do lado feminino, mas sim do 
lado masculino também. 
 
 Figura 10: Praia em 1920. Fonte: <http://superstars.kids.sapo.pt>. Acesso em: ago. 2015. 
Percebemos na foto que as vestes cobriam bastante o corpo. O padrão de corpo 
em 1920 tem um formato mais volumoso, com um pouco de gordura. Com ao aumento 
de frequência da ida à praia, em 1930, tais corpos ficaram mais expostos. 
Ao discorrer a respeito dos anos de 1930, Sant’anna afirma que o sorriso e a 
felicidade eram sinônimos de beleza e saúde. Assim, cuidados com o corpo começaram 
a surgir com mais frequência, principalmente em relação às mulheres. Como podemos 
exemplificar, a mulher que se cuidava em relação ao seu período menstrual mostrava 
um sinal de saúde, portanto, de beleza, já que na época não havia tanto conhecimento em 
relação a este período menstrual, percebemos que o bem-estar e a beleza já estavam 
relacionados. A tristeza injustificável da mulher era atribuída aos hormônios femininos, 
como se o útero fosse a causa de todos os problemas. (SANT’ANNA, 2014, p. 82-88) Na 
verdade conforme Fabíola Rohdenas, pesquisadora do Centro Latino-americano em 
Sexualidade e Direitos Humanos Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado 
	
  
	
  
41	
  
do Rio de Janeiro, em seu artigo “O império dos hormônios e a construção da diferença 
entre os sexos”, Rohdenas faz um levantamento histórico em relação aso hormônios 
femininos e as conditas médicas e em sua linha do tempo apresenta que a partir de 1920 
os estudos em relação aos hormônios começaram a avançar, pois anteriormente as 
mulheres com muitas oscilações hormonais eram consideradas histéricas e na maioria das 
vezes internadas em hospícios. 
Continuando com a narrativa de Sant’anna (2014, p. 82-93), nas décadas de 
1930/40 a beleza se resumia de certa forma no rosto. A necessidade de sempre estar feliz 
e mostrar o sorriso bonito para disfarçar as dores abdominais fez com que os cuidados 
com o rosto e cabelos aumentassem. As propagandas de produtos de higiene pessoal, 
como sabonete para o rosto, xampu, pasta de dente, aumentaram, e o mesmo aconteceu 
com as vendas de batom. 
Em sua narrativa histórica, Sant’anna afirma que em 1940 e 50 a mulher bela 
deveria conter-se emocionalmente, como por exemplo: “gritos, conter risos longos, 
choros compulsivos, bocejos (SANT’ANNA, 2014, p. 92) e com o corpo a mesma 
premissa era seguida, deveria ouvir os conselhos de “manter a linha” 
em relação ao corpo, “cremes e regimes embelezadores” pois a mulher bonita era aquela 
que mantinham um “lar feliz”, a cultura era delineada por conselhos para ser uma boa 
esposa e mãe primorosa. A virgindade e bons modos eram regra geral de beleza para as 
moças nas décadas de 1940 e 50 (SANT’ANNA, 2014, p. 93). 
 
Figura 11: Banhistas

Continue navegando