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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4 2 BIOSSEGURANÇA......................................................................................... 5 2.1 Princípios de Biossegurança .................................................................... 8 2.2 Níveis de Biossegurança ........................................................................ 10 2.3 Portaria 2616 do Ministério da Saúde de 12/05/1998 ............................ 11 2.4 PCIH e CCIH .......................................................................................... 16 2.5 Definições .............................................................................................. 18 2.6 Higiene e hábitos pessoais .................................................................... 21 2.7 Descontaminação .................................................................................. 22 2.8 Equipamento de proteção individual – EPI............................................. 22 2.9 Precauções padrão ................................................................................ 26 2.10 Classificação de risco dos agentes biológicos .................................... 31 3 PROCESSOS DE DESCONTAMINAÇÃO E ESTERELIZAÇÃO .................. 32 3.1 Recursos humanos ................................................................................ 33 3.2 Materiais de acabamento da CME ......................................................... 35 3.3 Processos desenvolvidos na Esterilização............................................. 36 3.4 Os microrganismos ................................................................................ 38 3.5 Os germes e a origem das infecções ..................................................... 39 3.6 Classificação dos Artigos Hospitalares .................................................. 40 3.7 Esterilização por calor úmido ................................................................. 43 3.8 Esterilização por calor Seco ................................................................... 46 3.9 Microbiologia da pele ............................................................................. 48 4 RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE .................................................... 49 4.1 Regulamentações .................................................................................. 51 4.2 Riscos dos RSS ..................................................................................... 54 4.3 Classificação .......................................................................................... 57 4.4 Exposição a agentes biológicos ............................................................. 59 4.5 Coleta seletiva dos resíduos sólidos de saúde ...................................... 60 4.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS ................................................................. 63 4.7 O adoecimento dos trabalhadores e sua relação com o trabalho .......... 64 5 ACIDENTES COM MATERIAL BIOLÓGICO ................................................ 73 5.1 Fatores de risco para ocorrência de infecção ........................................ 74 5.2 Cuidados ao manusear material pérfurocortante e biológico ................. 74 5.3 Procedimentos recomendados pós-exposição a material biológico ....... 75 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 77 7 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS .................................................................... 82 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 BIOSSEGURANÇA Fonte: br.linkedin.com O termo Biossegurança pode ser definido como conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando a saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida. A Biossegurança é tratada pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), que foi instituída pela Portaria GM/MS nº 1.683, de 28 de agosto de 2003. Desde sua criação, o objetivo da CBS é definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das ações ligadas à Biossegurança de forma a ter o melhor entendimento entre o Ministério da Saúde com órgãos e entidades relacionadas ao tema. O interesse em biossegurança é manifestado no crescente número de regulamentações nacionais e internacionais para controle dos procedimentos de biotecnologia. A biossegurança tem várias normas que preconizam a diminuição da exposição de trabalhadores a riscos e a prevenção de contaminação ambiental. (HAMBLETON 1992, apud PENNA 2010, p. 556). As medidas de biossegurança devem ser adotadas e associadas a um plano de educação, garantindo assim a integridade vital dos profissionais, sendo que, esta, possui um papel fundamental na promoção à saúde, através da abordagem de medidas de 6 controle de infecção, além de colaborar para a preservação do meio ambiente e para a redução de riscos à saúde. A biossegurança inclui procedimentos de armazenamento, esterilização, proteção individual e coletiva e normas para evitar acidentes. Biossegurança é definida como um conjunto de estudos e ações destinados a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o meio ambiente. (MOLINARI 2009, apud MINISTÉRIO DA SAÚDE 2010, p. 29). O ambiente hospitalar é considerado complexo, sendo composto por pessoas, soluções, equipamentos, material contaminado com variados microrganismos, papéis, o que favorece a ocorrência de acidentes. Para o perfeito funcionamento destes ambientes, é necessário ter disciplina, ética, adesão às normas e legislação, pois a ausências desses fatores em um ambiente extremamente hostil, tornam-se vulneráveis aos riscos que o permeia. A partir de doenças como o HIV e Hepatites, começaram as necessidades de se discutir e adotar mecanismos de proteção, tanto para os profissionais envolvidos no atendimento em saúde, quanto para os usuários, como focos principais na prevenção da exposição a materiais biológicos potencialmente infecciosos, bem como a proteção através da imunização. A combinação de procedimentos padrão, mudanças na prática de trabalho, uso dos diversos recursos tecnológicos e educação continuada são as melhores alternativas para reduzir exposições ocupacionais, devendo estar disponível para os profissionais atuantes, as normas e procedimentos que facilitem pronta comunicação, avaliação, aconselhamento, tratamento e acompanhamento dos acidentes de trabalho com material biológico. Essas normas devem estar de acordo com as exigências federais, estaduais e municipais, sendo necessária uma rotina clara e objetiva, seguida por todos os profissionais envolvidosno atendimento em saúde buscando manter a cadeia asséptica, para minimizar a contaminação cruzada e os riscos de acidente. O caráter multidisciplinar da biossegurança, com limites amplos e em constante construção, deve ser entendido, como um campo de estudos que vai além do ambiente de trabalho, interagindo de forma dinâmica com as Ciências da Natureza, na qual se encontra fortemente inserida. 7 O princípio básico da biossegurança é o controle de riscos, um elemento considerável do esforço gradual da busca de proteção contra as ameaças à vida humana. A responsabilidade legal pelo controle de riscos e pela segurança em ambientes de trabalho cabe aos administradores, no entanto os funcionários devem incorporar em sua rotina de trabalho boas técnicas microbiológicas e normas de biossegurança. Esta ação é realizada de forma constante, com treinamentos e alertas, sempre com a preocupação de manter as condições de saúde e observar os riscos potenciais associados ao trabalho. Risco é definido como qualquer situação que aumenta a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à saúde. Estes são possíveis danos pessoais, infecções ou outras consequências negativas ao ser humano e meio ambiente. Fator de risco são todas as características ou circunstâncias que acompanham um aumento de probabilidade de ocorrência do fato indesejado sem que este fator tenha intervenção necessariamente em sua causalidade. Agente de risco é qualquer componente de natureza física, química ou radioativa que possa comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Mapa de risco é a expressão gráfica de distribuição dos riscos envolvidos em um processo de trabalho realizado em um ponto específico. Tais riscos têm origem nos diversos elementos do processo de trabalho e a forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento, dentre outros). Análise de risco é a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e ao ambiente. As análises dos riscos de acidentes constituem o primeiro passo para compreender as causas efetivas que motivam as perdas humanas e materiais. A partir daí, aplicando-se os conhecimentos acidentários é possível operar os sistemas, especialmente os produtivos, dentro das faixas de segurança aceitáveis, permitindo o convívio das pessoas com os riscos, que previamente conhecidos, serão eliminados ou controlados. (CARMELLO 2008, apud BARROS 2013, p. 13). 8 Os profissionais da saúde sempre estarão expostos a algum tipo de risco, sendo estes classificados em cinco grupos: Risco de acidente: É quando há um evento negativo e indesejável, causando lesão pessoal ou dano material. Alguns exemplos são queimaduras, cortes e perfurações. Risco ergonômico: Quando há qualquer fator interferente na característica psicomorfológica do trabalhador, afetando sua saúde. Por exemplo transporte manual de peso, movimento repetitivo, postura inadequada que pode gerar doença relacionada ao trabalho. Risco físico: Está relacionado a diversas formas de energia que o trabalhador está submetido, como pressões anormais, temperatura extrema, ruído, vibrações, radiações ionizantes, ultrassom. Risco químico: É a exposição a agentes ou substâncias químicas presentes no ambiente ou processo de trabalho que possam penetrar no organismo por via respiratória, ser absorvido pela pele ou mesmo por ingestão. Risco biológico: Está associado ao manuseio ou contato com materiais biológicos ou animais infectados com agentes biológicos que possam produzir efeitos nocivos sobre os seres humanos, animais e meio ambiente. Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas foram classificados pelo Ministério da Saúde por meio da Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS). Os critérios de classificação têm como base diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador. (BRASIL 2006, apud PENNA 2010, p. 557). 2.1 Princípios de Biossegurança O objetivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho com promoção da contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos ao trabalhador, pacientes e meio ambiente, de modo que este risco seja minimizado ou eliminado. O termo “contenção” é usado para descrever os métodos de segurança utilizados na manipulação de materiais infecciosos ou causadores de riscos no meio laboral, onde estão sendo manejados ou mantidos. 9 As ações de biossegurança em saúde são primordiais para a promoção manutenção do bem-estar e proteção à vida. A evolução cada vez mais rápida do conhecimento científico e tecnológico propicia condições favoráveis, que possibilitam ações que colocam o Brasil em patamares preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à biossegurança e saúde. No Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada quando o Brasil tomou parte do Programa de Treinamento Internacional em Biossegurança ministrado pela OMS que teve como objetivo estabelecer pontos focais na América Latina para o desenvolvimento do tema. (CBS 2010 apud MINISTÉRIO DA SAUDE 2010, p. 36). Os agentes biológicos obedecem uma classificação de acordo com seu potencial de risco: Classe de risco 1: Agentes biológicos que oferecem baixo risco individual e coletivo, definidos como não patogênicos para pessoas ou animais adultos sadios. Classe de risco 2: Agentes biológicos que oferecem moderado risco individual e limitado risco para a comunidade, que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente seja limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Classe de risco 3: Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e moderado risco para a comunidade, que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem medidas de tratamento e prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Classe de risco 4: Agentes biológicos que oferecem alto risco individual e comunitário com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Nem sempre está disponível um tratamento eficaz ou medidas de prevenção contra esses agentes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Classe de risco especial: Agentes biológicos que oferecem alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio ambiente de doença animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e redução na produção de alimentos. 10 2.2 Níveis de Biossegurança O nível de Biossegurança de um procedimento é determinado segundo o agente biológico de maior classe de risco envolvido. Quando não se conhece a patogenicidade do agente biológico deve-se realizar uma avaliação do risco para estimar o nível de contenção. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) é responsável pelas atribuições relativas ao estabelecimento de normas, análise de risco, definição dos Níveis de Biossegurança e classificação de Organismos Geneticamente Modificados(OGM). As características físicas, estruturais e de contenção determinam o tipo de microrganismo que pode ser manipulado nas dependências onde estão presentes riscos ocupacionais. Nível de Biossegurança 1: É o nível básico de contenção, que se baseia nas práticas padrões de microbiologia. Não é requerida nenhuma característica de desenho, além de bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas laborais. Nível de Biossegurança 2: Diz respeito aos microrganismos pertencentes a classe de risco 2. É necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras físicas primarias como cabines de segurança biológica e equipamentos de proteção individual e secundárias. Nível de Biossegurança 3: Destinado aos trabalhos com microrganismos de classe de risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco 2. São requeridos, além dos itens do nível de biossegurança 2, o desenho e a construção especial. Deve ser rígida a operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos. Além disso o suporte técnico deve receber treinamento específico. Nível de Biossegurança 4: É o nível de contenção máxima, destinado a manipulação de microrganismos de classe de risco 4, onde há o mais alto grau de contenção, representando uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras áreas. Esses laboratórios além de requerer requisitos físicos e operacionais dos níveis de contenção 1, 2 e 3, também pedem barreiras de contenção como instalações, desenho dos equipamentos de proteção e procedimentos especiais de biossegurança. Os quatro níveis de biossegurança estão em ordem crescente no maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção. 11 Sabendo analisar o risco biológico ao qual se está exposto, pode-se decidir em qual nível de biossegurança o agente infeccioso se encaixa, quais os equipamentos de segurança utilizar e dessa forma, pode-se proteger o profissional, a comunidade e o meio ambiente ao risco exposto. Há ainda os manuais de Biossegurança, que são de responsabilidade de comissões formadas, que preparam normas dentro da legislação vigente, com revisões quando necessárias. São alguns setores envolvidos com o desenvolvimento de manuais de biossegurança: CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), comissão criada por funcionários de todos os níveis. SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) e PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) sob responsabilidade de um médico do trabalho. O SESMT protege a integridade do trabalhador e promove sua saúde. PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) está sob responsabilidade direta da Comissão de Biossegurança, avaliando os riscos biológicos e o local de trabalho. A preservação da saúde e da segurança no ambiente de trabalho constituem uma das principais bases para o desenvolvimento adequado da força de trabalho, sendo indispensável quando se espera ter um ambiente produtivo e de qualidade. O sucesso na obtenção dos resultados está intimamente relacionado com a valorização do recurso humano dentro da empresa, como um dos fatores primordiais. (CHIAVENATTO 1989, apud MONTEIRO 2005, p. 3). 2.3 Portaria 2616 do Ministério da Saúde de 12/05/1998 Fonte: anvisa.gov.br 12 Esta portaria do Ministério da Saúde, dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção pelos hospitais do país, de programa de controle de infecções hospitalares (PCIH), devido aos riscos significativos à saúde dos usuários. As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções nos hospitais, compõem o Programa de Controle de Infecções Hospitalares. O PCIH é um conjunto de ações desenvolvidas com a finalidade de reduzir ao máximo a incidência e gravidade das infecções hospitalares. Para a adequada execução do PCIH, os hospitais deverão constituir CCIH, órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar, que deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. Os membros da CCIH serão consultores e executores, sendo que o presidente ou coordenador da CCIH será um dos membros da mesma, indicado pela direção do hospital. A equipe de CCIH será composta de profissionais consultores, será assim disposta e representada pelos seguintes serviços: médico, enfermeiro, farmacêutico, profissional de laboratório de microbiologia e administração, e de membros executores, representando o Serviço de Controle de Infeção Hospitalar sendo encarregados da execução das ações programadas de controle de IH e serão, no mínimo, 2 técnicos de nível superior da área de saúde para cada 200 leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínimas de 6 horas para o enfermeiro e 4 horas para os demais profissionais. Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. O monitoramento constante das práticas de saúde deve focar em custos e qualidade para segurança do paciente. A utilização de indicadores clínicos, definidos como medidas quantitativas contínuas ou periódicas de variáveis, características ou atributos de um dado processo ou sistema, vem se tornando uma ferramenta útil para avaliar os serviços de saúde. (LACERDA 2006, apud MENEGUETI 2015, p.99). Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser acrescida de outros profissionais de nível superior da área de saúde. Pacientes críticos são aqueles em terapia intensiva adulto, pediátrico e neonatal, pacientes de berçário de alto risco, queimados, submetidos a transplantes de órgãos, hemato oncológicos, com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida dentre outros. 13 À CCIH do hospital compete elaborar, implementar, manter e avaliar PCIH de acordo com as características e necessidades da instituição, contemplando ações relativas a implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares, adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico operacionais, visando à prevenção e controle das infecções hospitalares. Cabe a ela também a capacitação do quadro de funcionário e profissionais da instituição, uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares, avaliação periódica das informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovação de medidas de controle propostas pelos membros executores da CCIH. Preconiza-se que um dos membros executores seja, preferencialmente, enfermeiro. Dessa forma, mesmo estando diante da premissa de interdisciplinaridade profissional e do trabalho em equipe, com frequência o enfermeiro representa ser o “carro-chefe” para a realização de atividades a serem desenvolvidas pelos membros executores. (GIAROLA 2012, apud SANTOS 2014, p. 411). Deverá também realizar investigação epidemiológica de casos e surtos e implantar medidas imediatas de controle, elaborar e divulgar relatórios e comunicar à autoridade máxima da instituição e às chefias de todos os setores do hospital a situação do controle das infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na comunidade hospitalar. Cabe a ela também a elaboração, implementação e supervisão de normas e rotinas técnico operacionais, visando limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de medidas de precaução e de isolamento. Adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico operacionais, a fim de prevenir e tratar as IH, definindo em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, a política de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição, é papel da CCIH, alémde cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com vistas a obter capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao controle das infecções hospitalares, também se destacam entre as competências. A ela compete elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes, notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, os casos diagnosticados ou 14 suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica, a notificação compulsória, atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital e atuar cooperativamente com os serviços de saúde coletiva, notificando ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções. Ressalta-se que o não cumprimento das normas da CCIH pode estar relacionado à falta de informação dos clientes e profissionais sobre as tecnologias e os métodos de prevenção e, também, ao desconhecimento da gravidade de doenças. Um outro aspecto a considerar é a questão de ordem socioeconômica e cultural, que está intimamente relacionada com a ocorrência e transmissão da doença. (MARTINEZ 1992, apud GUERRA 2003, p. 48). Caberá à autoridade máxima da instituição constituir formalmente a CCIH, nomear os componentes da CCIH por meio de ato próprio, propiciar a infraestrutura necessária à correta operacionalização da CCIH, aprovar e fazer respeitar o regimento interno da CCIH, garantir a participação do Presidente da CCIH nos órgãos colegiados deliberativos e formuladores de política da instituição, como, por exemplo, os conselhos técnicos, independente da natureza da entidade mantenedora da instituição de saúde, garantir o cumprimento das recomendações formuladas pela Coordenação Municipal, Estadual de Controle de Infecção Hospitalar e fomentar a educação e o treinamento de todo o pessoal atuante no âmbito hospitalar. À CCIH/MS, compete definir diretrizes de ações de controle de infecção hospitalar, apoiar a descentralização das ações de prevenção e controle de infeção hospitalar, coordenar as ações nacionais de prevenção e controle, estabelecer normas gerais para a prevenção e controle das infecções hospitalares, estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle de infecção hospitalar, promover a articulação com órgãos formadores, com vistas à difusão do conteúdo de conhecimentos do controle de infecção hospitalar, cooperar com a capacitação dos profissionais de saúde, identificar serviços municipais, estaduais e hospitalares para o estabelecimento de padrões técnicos de referência nacional, prestar cooperação técnica, política e financeira aos Estados e aos Municípios, para aperfeiçoamento da sua atuação em prevenção e controle de infecção, acompanhar e avaliar as ações implementadas, respeitadas as competências estaduais e municipais de atuação, na prevenção e controle das infecções hospitalares, estabelecer sistema nacional de informações sobre infecção hospitalar na área de vigilância epidemiológica, estabelecer sistema de avaliação e divulgação 15 nacional dos indicadores da magnitude e gravidade das infecções hospitalares e da qualidade das ações de seu controle, planejar ações estratégicas em cooperação técnica com os Estados, Distrito Federal e os Municípios, acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar. Às Coordenações do Estado e Distrito para o Controle de Infecção Hospitalar, compete a elaboração de diretrizes de ação, baseadas na política nacional de controle de infecção hospitalar, estabelecer normas para a prevenção e controle de infecção hospitalar, descentralizar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar dos municípios, prestar apoio técnico, financeiro e político aos municípios, executando ações e serviços de saúde, coordenar, acompanhar, controlar e avaliar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar do Estado e Distrito Federal, acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar, informar, sistematicamente, à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da Saúde, a partir da rede distrital, municipal e hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos. Às Coordenações compete ações de prevenção e controle de infecção hospitalar na rede, participação no planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do SUS, em articulação com a Coordenação Estadual, colaboração e acompanhamento juntamente com os hospitais na execução das ações de controle de infecção hospitalar, prestação de apoio técnico à CCIH dos hospitais, informando à Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar do estado, a partir da rede hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos. A OMS preconiza que as autoridades em âmbito nacional e regional desenvolvam ações com vistas à redução do risco de aquisição de infecções. Os objetivos devem ser estabelecidos em âmbito nacional ou regional em consonância com demais objetivos de saúde nestas esferas. O engajamento entre as agências de saúde pública federal, estadual e local e os profissionais de saúde das instituições torna-se vital para a implantação, sustentabilidade e expansão de um programa de vigilância e prevenção de infecções. (ANVISA 2013, apud ANVISA 2016, p. 8). 16 2.4 PCIH e CCIH Fonte: ipog.edu.br A Infecção Hospitalar (IH) é definida como doença adquirida após admissão do paciente e que se manifesta após a internação ou alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. A base da prevenção de infecção hospitalar é a nomeação de um grupo de trabalho, chamado Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), capaz de desenvolver um programa eficiente com impacto na melhoria da qualidade assistencial e na segurança dos pacientes e profissionais da saúde. (PUCCINI 2010, apud MPSP 2010, p.11). A vigilância epidemiológica ativa é um dos pilares do controle das IH, pois permite a determinação do perfil endêmico das instituições, a identificação de eventos inesperados, como surtos e o direcionamento das ações de prevenção e controle. Os órgãos estaduais de saúde no exercício da atividade fiscalizatória devem observar a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de formas de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes e pacientes. As dificuldades para uma definição de infecção hospitalar adequada aos tempos modernos e as polêmicas sobre os indicadores que devem ser considerados e o modelo de intervenção para o seu controle, tornam obrigatório a implementação da CCIH e PCIH em todas unidades hospitalares. O PCIH, Programa de Controle de Infecção Hospitalar é definido como o conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução máxima 17 possível da incidência e da gravidade das IH, adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando relacionada a hospitalização. Somente através de uma equipe de saúde intensivamente educada, treinada e cobrada quanto às recomendações de precauções universais é que será possível a prevenção das infecções hospitalares, sendo necessário que, todos os profissionais aceitem, respeitem e cumpram todas as normas estabelecidas pela CCIH. (DESTRA 2002 apud CONSTANTINO 2007, p.3). A CCIH fiscaliza e regulamenta normas de segurança e controle das infecções hospitalares. Tais medidas somente podem ser tomadas se existir estrutura adequada, incluindo profissionais qualificados e participação nas reuniões deliberativas do hospital. As reuniões da CCIHdevem ser periódicas e suas resoluções devem ser repassadas ao corpo clínico e à direção do hospital, seguindo diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares, reunidas da seguinte forma: Qualquer pessoa física ou jurídica que desenvolva atividades hospitalares de assistência à saúde, seja de direito público ou privado, tem a obrigação de instalar a comissão e desenvolver o PCIH, A CCIH deve ser composta por profissionais da área de saúde de nível superior formalmente designados. Os hospitais podem se consorciar para executar o programa de controle de infecções hospitalares, mas devem ter CCIH própria pelo menos com membros consultores. O PCIH deve ser adaptado à realidade de cada hospital, mas suas ações devem ser desenvolvidas deliberada e sistematicamente, conforme determinados conceitos e critérios diagnósticos, Este programa deve conter um protocolo de utilização dos antibióticos estabelecido pela comissão, que deve ser rigorosamente seguido por todos os médicos, A responsabilidade para a constituição, implementação e fornecimento de adequada estrutura da CCIH é da autoridade máxima da instituição, que deve aprovar e fazer respeitar o regimento interno da comissão, propiciar o efetivo cumprimento de suas determinações, fomentar a educação e o treinamento e repassar as informações pertinentes às autoridades estaduais e municipais. 18 As Coordenações Nacional, Estadual, Municipal e do Distrito Federal de Controle de IH planejam e executam as políticas públicas relacionadas a tais infecções, que devem ser respeitadas pelos responsáveis. Diversos estudos têm demonstrado que as taxas de infecção hospitalar podem ser reduzidas, ou mesmo chegarem a valores próximos de zero em alguns sítios como a infecção da corrente sanguínea, quando se adota um programa de vigilância associado à implantação e gerenciamento de medidas de controle de infecção. (FERNANDES 2007, apud MPSP 2010, p. 12). A busca constante destas comissões e programas de controle e prevenção, é diminuir a um número insignificante as infecções, através da educação principalmente da equipe de saúde e educação do paciente e acompanhante. Para tal, é sempre válido a aplicação de medidas de educação em todos os âmbitos cotidianos, inclusive no ambiente domiciliar, pois adotando medidas rotineiras muito se pode prevenir. A segurança no local de trabalho depende de toda a equipe, que deve planejar a tarefa a ser executada, verificar o funcionamento da aparelhagem a ser utilizada e conhecer o material a ser manipulado, visando à prevenção de acidentes de trabalho. A Biossegurança e a importância dos mecanismos de proteção individual e coletiva, visam a competência em realizar atividades de forma a prevenir, controlar, reduzir e eliminar os fatores de risco inerentes aos processos de trabalho que possam comprometer a saúde humana, o meio ambiente e a qualidade do trabalho. 2.5 Definições Acidente: É todo evento anormal no local de trabalho com danos ao patrimônio da entidade ou empresa, ferimentos leves ou graves em colaboradores e que deve ser investigado, para evitar que a repetição acarrete outras vítimas. Acidente de trabalho: É aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional, causando morte e perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. 19 Agente de Risco: Qualquer componente de natureza física, química, biológica ou radioativa que possa vir a comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Análise de risco: É o processo de levantamento, avaliação e comunicação dos riscos, considerando o ambiente e os processos de trabalho, para implementar ações de prevenção, controle, redução ou eliminação dos mesmos. Classe de risco: É o grau de risco associado ao material biológico que se manipula. Os critérios de classificação têm como base diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador. Os agentes biológicos foram classificados em classes de 1 a 4, incluindo também a classe de risco especial. (BRASIL 2006, apud PENNA 2010, p. 557). Contenção: O termo descreve os métodos de segurança que devem ser utilizados na manipulação de agentes de risco no local onde estão sendo manejados ou mantidos. Incidente: É uma circunstância acidental passível de ocorrer durante o trabalho, sem danos imediatos ao trabalhador, porém, com possibilidades de agravos futuros se não houver medidas urgentes de bloqueio. Material biológico: É todo material que contenha informação genética e seja capaz de auto reprodução ou reprodução em um sistema biológico. Inclui os organismos cultiváveis e agentes infecciosos, como vírus, bactérias, fungos filamentosos, leveduras e protozoários, células humanas, animais e vegetais, as partes replicáveis destes organismos e células, príons e os organismos ainda não cultivados. Níveis de Biossegurança: É o grau de contenção necessário para permitir o trabalho com materiais biológicos de forma segura para os seres humanos, os animais e o ambiente. Consiste na combinação de práticas e técnicas de laboratório, equipamentos de segurança e instalações laboratoriais. Patogenicidade: Capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível. 20 Risco Ocupacional: Probabilidade de ocorrência de acidentes ou agravos à saúde ou à vida do trabalhador, decorrentes de condições inadequadas durante suas atividades no trabalho. Riscos de Acidentes: Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de perigo e possa afetar sua integridade, bem-estar físico e moral. Riscos Biológicos: Probabilidade de ocorrência de danos ou agravos à saúde humana, animal ou ao meio ambiente decorrentes da exposição a agentes ou materiais considerados perigosos do ponto de vista biológico, como manuseados nos laboratórios. São distribuídos em quatro classes, por ordem crescente de riscos. Os agentes biológicos apresentam um risco real ou potencial para o homem e para o meio ambiente, por esta razão, é fundamental montar uma estrutura que se adapte à prevenção de tais riscos. (CASTRO 1996, apud PENNA 2010, p. 557). Riscos Ergonômicos: Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. Riscos Físicos: São as diversas formas de energia a que possam estar expostas os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperatura externas, radiações. Riscos Químicos: São substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases. 21 2.6 Higiene e hábitos pessoais Fonte: cristofoli.com As atividades laborais requerem do profissional uma série de cuidados, justificada pelo risco à saúde, em função do manuseio de material biológico contaminado, bem como da utilização de vidraria, equipamentos e produtos químicos. As boas práticas são fundamentais e referem-se às normas de conduta que regem o trabalho, de modo a garantir a segurança individual e coletiva, bem como a reprodutibilidade da metodologia e dos resultados obtidos. Manter cabelos presos, uso de sapatos fechados, o ideal é não usar lentes de contato, porém se for indispensável usá-las, não as manusear durante o trabalho e protege-las por óculos de segurança, não aplicar cosméticos quando estiver em área de pacientes, retirar piercing, manter as unhas cortadas e limpas, retirar acessórios e adornos duranteas atividades, são cuidados básicos para manter a higiene e segurança no trabalho. A higiene do trabalho propõe-se combater, no ponto de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os fatores que podem afetar o ambiente do trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afetar a saúde, segurança e bem- estar do trabalhador). (NASCIMENTO 2002, apud BRITO 2012, p. 9). 22 As mãos devem ser lavadas, aplicando antissépticos, preferencialmente álcool a 70% ao entrar no ambiente de trabalho, após realizar qualquer procedimento, depois de retirar luvas e jaleco e antes de sair para o ambiente externo. O uso de luvas não substitui a necessidade da lavagem das mãos porque elas podem ter pequenos orifícios inaparentes ou danificar-se durante o uso, podendo contaminar as mãos quando removidas. É inconveniente o uso de fumo, bebidas e alimentos, armazenar alimentos e artigos de uso pessoal, segurar o telefone ou manipular qualquer outro objeto calçando luvas, usar telefones celulares durante as atividades laborais no ambiente hospitalar e receber pessoas estranhas ao serviço, inclusive crianças. 2.7 Descontaminação As superfícies e bancadas de trabalho devem ser limpas e descontaminadas antes e após os trabalhos e sempre após algum respingo ou derramamento utilizando álcool a 70%, ou hipoclorito de sódio. Todo material potencialmente contaminado por agentes biológicos, como vidraria e equipamentos, deve ser armazenado com segurança antes de removê-los para autoclavação ou descarte. 2.8 Equipamento de proteção individual – EPI EPIs são elementos de contenção de uso individual utilizados para proteger o profissional do contato com agentes biológicos, químicos e físicos no ambiente de trabalho. A utilização do EPI torna-se obrigatória durante todo atendimento e procedimento. Os equipamentos de proteção individuais e coletivos são considerados elementos de contenção primária ou barreiras primárias e podem reduzir ou eliminar a exposição da equipe, de outras pessoas e do meio ambiente aos agentes potencialmente perigosos. As luvas devem ser utilizadas para prevenir a contaminação da pele, das mãos e antebraços com material biológico, durante a prestação de cuidados e na manipulação 23 de instrumentos, superfícies e cuidado direto ao paciente, sendo de uso exclusivo e descartável, não dispensando, porém, a necessidade de lavar as mãos. As luvas devem ser usadas em atividades que ofereçam riscos químicos, físicos e biológicos, conferindo proteção contra dermatites, queimaduras químicas e térmicas, bem como as contaminações ocasionadas pela exposição repetida a pequenas concentrações de numerosos compostos químicos. Enquanto estiver de luvas, o trabalhador não deve manusear maçanetas, telefones fixos ou celulares, puxadores de armários e outros objetos de uso comum, sendo contraindicado o uso destas fora da área de trabalho. Para lavar ambientes e utensílios contaminados, bem como em todo e qualquer procedimento junto ao paciente, deve-se fazer o uso de luvas e sempre descartá-las de forma segura. Elas fazem parte do equipamento de proteção individual, e seu uso na precaução de contato em situações pertinentes é determinado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Então, faz-se necessário que os profissionais tenham um conhecimento sobre elas e as usem de forma adequada para que o controle das infecções seja eficaz. (SANTOS, OLIVEIRA 2013, apud PADILHA 2016, p. 633). As luvas de proteção para o manuseio de material biológico, deve ser de látex, e deve ser usada sempre que houver chance de contato com sangue, fluídos do corpo, secreções, dentre outros. Para pessoas alérgicas ao látex, estão indicadas as luvas de PVC, vinil ou nitrila. A higienização das mãos deve ser realizada antes e depois do uso das luvas, uma vez que estas podem apresentar pequenos defeitos, não aparentes ou serem rasgadas durante o uso, provocando contaminação das mãos durante a sua remoção. São empregados para proteger profissionais da saúde do contato com agentes infecciosos, tóxicos ou corrosivos, calor excessivo, fogo e outros perigos. Também servem para evitar a contaminação do material, utensílios e procedimentos em geral. O jaleco fornece uma barreira e proteção e reduz a oportunidade de transmissão de microrganismos e contaminação química. Previne a contaminação das roupas, protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, salpicos e derramamentos de material infectado. O jaleco ou avental descartável deve ser resistente e impermeável. Seu uso é obrigatório durante a jornada de trabalho quando o funcionário estiver em procedimento. Jalecos nunca devem ser colocados no armário onde são guardados objetos pessoais. 24 Devem ser descontaminados antes de serem lavados e não devem ser utilizados nas áreas administrativas, banheiros, refeitórios e outras áreas comuns. Os óculos de segurança devem ser usados em atividades que possam produzir respingos ou aerossóis, projeção de estilhaços pela quebra de materiais, bem como em procedimentos que utilizem fontes luminosas intensas e eletromagnéticas, que envolvam risco químico, físico ou biológico. Após sua utilização, lavar com água e sabão. No caso de trabalho com agentes biológicos, utilizar solução desinfetante de hipoclorito, evitar o uso de solução alcoólica por danificar o equipamento. Os óculos oferecem proteção contra respingos de agentes corrosivos, irritações e outras lesões oculares decorrentes da ação de trabalho. Devem proporcionar visão transparente e sem distorções. As máscaras de proteção são indicadas para as vias respiratórias e mucosa oral durante a realização de procedimentos em que haja possibilidade de respingos ou aspiração de agentes patógenos eventualmente presentes no sangue e outros fluidos corpóreos. Deve ser escolhida de modo a permitir proteção adequada, portanto, no atendimento de pacientes com infecção ativa, particularmente tuberculose, devem ser usadas máscaras especiais, tipo N95 com capacidade para filtrar partículas maiores que 0,3μm com uma eficiência de 95%, N99 ou N100. Os profissionais que trabalham com amostras potencialmente contaminadas com agentes biológicos classe 3, como Mycobacterium tuberculosis ou Histoplasma capsulatum, por exemplo, devem utilizar máscaras com sistema de filtração que retenha no mínimo 95% das partículas menores que 0,3μm. As máscaras de proteção são equipamentos, confeccionados em tecido ou fibra sintética descartável. O doente ou portador, quando fala, tosse ou espirra, dispersa agentes etiológicos de doenças de transmissão aérea. Deste modo, qualquer pessoa pode ser exposta a esses agentes quando entre em contato com o doente ou portador, ao entrar em ambientes contaminados, ou ainda ao realizar procedimentos nestas pessoas. (BRASIL 2005, apud MOURA 2014, p. 13). As máscaras ou respiradores N95 ou PFF2 possuem filtro eficiente para retenção de pequenas partículas, vapores tóxicos e contaminantes presentes na 25 atmosfera sob a forma de aerossóis, tais como o bacilo da tuberculose e outras doenças de transmissão aérea. Dessa forma, aumentam a proteção dos profissionais. Cuidados na utilização e preservação possibilitam a reutilização da máscara N95/PFF2, tais como: não utilizar cosméticos, pois os produtos podem manchar e obstruir os filtros das máscaras, diminuindo a eficiência de proteção, não guardar em bolsos de jalecos, não dobrar, nem amassar. Guardá-las sempre em local seco entre folhas de papel absorvente. As máscaras de proteção respiratória são necessárias quando se manipulam gases irritantes (cloreto de hidrogênio, dióxido de enxofre, amônia, formaldeído), que produzem inflamações ao contato direto com tecidos, pele, conjuntiva ocular e vias respiratórias.São usadas nas atividades que utilizam gases anestésicos e solventes orgânicos que tem ação depressiva sobre o sistema nervoso central e gases asfixiantes como hidrogênio, nitrogênio e dióxido de carbono, potencialmente agressores ao cérebro. As toucas ou gorros devem ser utilizadas dependendo da atividade desenvolvida, para proteger os cabelos de contaminação de aerossóis e respingos de líquidos ou evitar que os cabelos contaminem uma área estéril. Os trabalhadores com sandálias, calçados abertos ou de pano estão sujeitos a acidentes e lesões nos pés. O calçado deve ser compatível com o tipo de atividade e devem ser resistentes à ação de agentes químicos e proteger contra respingos e materiais contaminados e que causam queimaduras. Para trabalhos de limpeza, são indicadas botas de borracha de PVC. Em situações de emergência, como o derrame de líquidos ou qualquer material perigoso, o responsável pela limpeza deve estar com os pés devidamente protegidos. Quando o piso é escorregadio, é recomendável o uso de calçados com solado antiderrapante. Os pró-pés, sapatilhas esterilizadas confeccionadas em algodão para áreas estéreis, que podem ser reutilizadas conforme o tipo de material de sua confecção e a atividade desenvolvida, sendo indicadas para áreas estéreis como bloco cirúrgico e laboratórios. 26 2.9 Precauções padrão Fonte: rioenfermagem.com As Precauções Padrão representam um conjunto de medidas que devem ser aplicadas no atendimento de todos os pacientes hospitalizados, independente do seu estado infecioso presumível ou confirmado, e na manipulação de equipamentos e artigos contaminados ou sob suspeita de contaminação. Estas precauções deverão ser utilizadas quando existir o risco de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções. A adesão depende, todavia, da oferta e disponibilidade de EPIs pelas instituições, e do conhecimento e atitude por parte dos profissionais. Assim, conhecer o nível de adesão às PPs de seus profissionais, a fim de planejar e realizar estratégias educativas que busquem garantir a segurança no ambiente laboral e redução de doenças ocupacionais, é essencial para os serviços de saúde. (PEREIRA 2013, apud FERREIRA 2016, p. 97). Lavagem das mãos: A lavagem rotineira das mãos com água e sabão, elimina além da sujidade visível, todos os microrganismos que se aderem à pele durante o desenvolvimento de atividade mesmo estando a mão enluvada, sendo a principal medida de bloqueio da transmissão de germes. Deve-se lavar as mãos sempre, antes de uma atividade e logo após seu término, assim como no dia a dia antes das refeições e após a ida ao banheiro. É ideal que se mantenha unhas curtas e as mãos sem anéis para diminuir a retenção de germes. Para a realização da lavagem das mãos são necessárias pia, saboneteira suspensa e vazada para sabonete em barra ou dispensador de sabonete líquido, com rotina de limpeza semanal, toalhas de papel, torneira com fechamento automático, preferivelmente. 27 A sequência de esfregação das partes da mão com maior concentração bacteriana que são as pontas dos dedos, meio dos dedos e polegares, se dá através da seguinte técnica: não encostar na pia, abrir a torneira, administrar o sabão na mão, friccionar as mãos dando atenção às unhas, meio dos dedos, polegar, palmas e dorso das mãos pelo tempo aproximado de 15 segundos, enxaguar as mãos deixando a torneira aberta, enxugar as mãos com papel toalha, fechar a torneira com a mão protegida com papel toalha, caso não tenha fechamento automático. É importante lembrar que para melhor remoção da flora microbiana as mãos devem estar sem anéis e com as unhas curtas, caso contrário, uma carga microbiana ficará retida nestes locais sendo passíveis de proliferação e transmissão. Na lavagem rotineira das mãos o uso de sabão neutro é o suficiente para a remoção da sujeira, da flora transitória e parte da flora residente. O uso de sabões com antissépticos devem ficar restritos a locais com pacientes de alto risco e no desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos e invasivos ou em situações de surto de infecção hospitalar. Manipulação de instrumentos e materiais: Os instrumentos e materiais contaminados com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções devem ser manuseados de modo a prevenir a contaminação da pele e mucosas, roupas, e evitar a transferência de microrganismos para outros pacientes e ambiente. Cuidado na manipulação de materiais cortantes e de punção: Ao manusear, limpar, transportar ou descartar agulhas, lâminas de barbear, tesouras e outros instrumentos de corte é necessário extremo cuidado para evitar acidentes. A estes materiais dá-se o nome de instrumentos pérfurocortante, devendo serem descartados em caixas apropriadas, rígidas e impermeáveis e colocadas próximo à área de sua manipulação. Nunca se deve reencapar agulhas após o uso, nem remover com as mãos agulhas usadas de seringas descartáveis e não realizar a quebra da mesma. Seringas e agulhas reutilizáveis devem ser transportadas para a área de limpeza e esterilização em caixa de inox ou bandeja. Ambiente e equipamentos: Toda unidade de saúde deve ter rotinas de limpeza e desinfecção de superfícies do ambiente e de equipamentos. 28 Deve-se proteger as superfícies do contato direto, como botões, alças de equipamentos, teclados, mouses e monitores com barreiras do tipo filme plástico (PVC), papel alumínio ou outros materiais próprios a este fim. As roupas e campos de uso no paciente devem ser manipuladas e transportadas, quando sujas com sangue, fluidos corporais, secreções e excreções, com cuidado em sacos plásticos para o sistema de lavanderia, própria ou terceirizada com garantia de desinfecção das mesmas. Todos os profissionais de saúde devem estar vacinados contra a hepatite B e o tétano. Vacina é proteção específica de doenças. A medida que se toca em objetos e pacientes com as mãos ocorre o contato com enorme quantidade de microrganismos, que aderidos as mãos são repassados para outros objetos e pacientes, assim como para outras partes do corpo, como olhos e nariz, sendo de suma importância a lavagem das mãos com água e sabão, evitando assim a transferência de microrganismos para outras superfícies. Uso do álcool glicerinado: Para substituir a lavagem das mãos, indica-se a aplicação do álcool glicerinado, composto de álcool 70%, a fim de destruir a flora aderida, porém as mãos não devem apresentar sujidade visível. Neste caso indica-se a lavagem das mãos com água e sabão. O uso do álcool deve proceder com a aplicação do álcool na quantidade de 3 a 5 ml friccionando todas as faces da mão até secar naturalmente, podendo também ser usado como antisséptico após a lavagem das mãos. Neste caso, a lavagem das mãos e posterior antissepsia está indicada antes de procedimentos invasivos como punções, sondagens, cateterizações e entubações. Outra indicação de aplicação do álcool após a lavagem das mãos é em caso de exposição da pele ao contato direto com sangue e secreções. As novas recomendações para a higienização das mãos ratificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), propõem o uso de preparações alcoólicas como procedimento padrão para a antissepsia das mãos pelosprofissionais da saúde em substituição a tradicional lavagem das mãos com água e sabão, quando estas não estiverem visivelmente ou contaminadas com material orgânico. (WHO 2002, apud PRADO 2014, p. 545). Antissepsia das mãos: A antissepsia é uma medida para inibir o crescimento ou destruir os microrganismos existentes nas superfícies e nas camadas externas da pele 29 ou mucosa, através da aplicação de um germicida classificado como antisséptico. A descontaminação depende da associação da degermação e a antissepsia. A degermação é a remoção de detritos, impurezas e bactérias que se encontram na superfícieda pele, através da utilização de antisséptico com ação bactericida ou bacteriostática que irá agir na flora residente da pele. Existem antissépticos com diferentes princípios ativos e diferentes veículos de diluição como degermante sólido ou cremoso, aquoso ou alcoólico. Variam também na ação, concentração e tempo de efeito residual. Os antissépticos são indicados para a antissepsia das mãos dos profissionais e para pele ou mucosa do paciente em áreas onde serão realizados procedimentos invasivos ou cirúrgicos. Antissepsia das mãos antes de procedimentos cirúrgicos: Realizada com escova de cerdas macias estéril e de uso individual ou descartável, sabão neutro ou antisséptico degermante, antisséptico alcoólico e compressas esterilizadas. Para a técnica da escovação das mãos deve-se retirar jóias e adornos das mãos e manter unhas aparadas e sem esmalte, realizando a aplicação do sabão ou antisséptico degermante nas mãos, iniciando a escovação nas unhas e espaços interdigitais, durante 01 minuto. Esfregar sem uso de escova, a palma, dorso e antebraço do membro durante 04 minutos, estabelecendo uma sequência sistematizada para atingir toda a superfície da mão e antebraço num tempo total de 05 minutos, para cada membro, e após, enxaguar abundantemente as mãos e antebraço com água corrente, mantendo os braços elevados com as mãos acima do nível dos cotovelos. Fechar a torneira com o cotovelo, caso não tenha fechamento automático e secar as mãos e antebraço com compressa estéril, seguindo com a aplicação de antisséptico alcoólico. O antisséptico cirúrgico deve ser capaz de eliminar totalmente a microbiota transitória das mãos e reduzir significativamente a residente no começo do procedimento, e inibir o seu crescimento em mãos enluvadas até o final da cirurgia. Os antissépticos mais utilizados atualmente são a clorexidina (CHG) e o polivinilpirrolidona iodo (PVPI) aplicados com esponja e/ou escova, apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomendar o uso de escovas para essa finalidade pelo seu efeito abrasivo. (WHO 2009, apud GONÇALVES 2011, p. 1485). A limpeza do Ambiente: É a remoção ou retirada de sujeira através de fricção de uma superfície com água e sabão ou detergente. Quanto maior o acúmulo de sujidade em uma superfície, maior será o tempo e força de fricção para sua remoção. Em 30 ambiente fechado de assistência à saúde utiliza-se a varredura úmida, feita através de rodo e panos úmidos, não se utiliza varrer ou espanar as superfícies para não dispersar partículas de poeira que podem se depositar nos artigos hospitalares, serem inaladas pela equipe e usuários, ou ainda, contaminar ferimentos expostos. O ambiente de trabalho é dividido em áreas. A área física consiste no piso, mesas, paredes, balcões, teto, macas, portas, cadeiras, janelas, pias. A limpeza deve obedecer a princípios básicos, como a periodicidade e a limpeza concorrente realizada diariamente e logo após exposição à sujidade. Inclui o recolhimento do lixo, limpeza do piso e superfícies do mobiliário geralmente uma vez por turno, além da limpeza imediata do local quando exposto à material biológico. A limpeza terminal é geral, realizada semanal, quinzenal ou mensalmente conforme a utilização e possibilidade de contato e contaminação de cada superfície. Inclui escovação do piso, limpeza de teto, luminárias, paredes, janelas e divisórias. Inicia-se a limpeza do local mais alto para o mais baixo, próximo ao chão, a partir do local mais limpo para o mais sujo ou contaminado. Preparo dos materiais para uso no atendimento ao paciente: O preparo dos materiais para uso no atendimento aos pacientes prevê a elaboração de uma rotina do responsável pelo controle de infecções na unidade de saúde. Para tal, faz-se necessário que se estabeleça a identificação dos tipos de materiais para utilização nas diversas ações de saúde básicas ou especializadas prestadas ao usuário. Estes materiais incluem equipamentos eletroeletrônicos, mobiliário médico-odontológico, instrumentais de uso permanente, materiais específicos, artigos médico-hospitalares e equipamentos de proteção individual não descartáveis. 31 2.10 Classificação de risco dos agentes biológicos Fonte: segecompany.com.br A classificação de risco dos agentes biológicos, se dá a partir dos critérios virulência, modo de transmissão, estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material potencialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profiláticas e de tratamento eficazes, dose infectante, tipo de ensaio e fatores referentes ao trabalhador, que afetam pessoas, animais e meio ambiente, e estão classificados a seguir: Classe de risco 1: Baixo risco individual e coletivo. Inclui os agentes que não provocam doenças em humanos ou animais adultos sadios. Classe de risco 2: Moderado risco individual e limitado risco coletivo. Inclui os agentes que podem provocar infecções ou doenças no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no ambiente é limitado, além de existirem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes Classe de risco 3: Inclui os agentes biológicos que se transmite por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas eficazes. Representam risco se disseminados na comunidade e no ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Classe de risco 4: Alto risco individual e coletivo. Inclui os agentes biológicos que causam infecções ou doenças graves ao homem ou animais, e representam um sério risco para os profissionais e para a coletividade. São agentes patogênicos altamente 32 infecciosos, que se propagam com facilidade pela via respiratória ou de transmissão desconhecida. Podem causar a morte, devido escassez de medidas profiláticas ou terapêuticas eficazes. 3 PROCESSOS DE DESCONTAMINAÇÃO E ESTERELIZAÇÃO Fonte: gagaflies.weebly.com A preocupação com o risco de transmissão de doenças a partir de microrganismos patogênicos, originou o processo de esterilização. Com a descoberta da bactéria e a busca da morte microbiana muito se evoluiu neste sentido e consequentemente no processo de esterilização. Até meados da década de 40, a limpeza, preparo e armazenamento dos materiais era realizado pela equipe de enfermagem das próprias unidades. A dinâmica do serviço era descentralizada. Na década de 50, surgiram os Centros de Materiais parcialmente centralizados e a CME semicentralizada na qual parte dos instrumentos e materiais começou a ser preparado e esterilizado. Cada unidade preparava seus materiais e encaminhava para serem esterilizados em um único local. Com o avanço tecnológico e a evolução do edifício hospitalar, especificadamente na CME surgiu a necessidade de um aprimoramento das técnicas e dos processos de limpeza, preparo, esterilização e armazenamento de materiais e roupas. 33 Percebe-se a importância do CME no controle das infecções hospitalares, tendo em vista que a infecção de sítio cirúrgico é uma das principais complicações causadas em pacientes que necessitam de procedimentos cirúrgicos, representando um desafio para os hospitais no controle e na prevenção. Assim, o instrumental a ser utilizado no paciente deve ser processado adequadamente, a fim de que esse material não se torne uma fonte de contaminação e transmissão de microrganismos. (BEZERRA 2005, apud OURIQUES 2013, p. 696). Como consequência, a CME torna-se centralizada, com a supervisão de um enfermeiro e passa a ser definida como uma unidade de apoio técnico a todas as unidades assistenciais, responsável pelo processamento dos materiais, como instrumental e roupas cirúrgicas e a esterilização dos mesmos. A CME, é uma unidade de apoio técnico, que tem como finalidade o fornecimento de materiais médico-hospitalaresadequadamente processados, proporcionando, assim, condições para o atendimento direto e a assistência à saúde dos indivíduos enfermos e sadios. Com as CME funcionando eficazmente, as taxas de mortalidades e de infecções hospitalares caem e resultados positivos ficam bastante visíveis. A padronização de normas e rotinas técnicas e a validação dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial no controle de infecção. As CME são consideradas áreas críticas, ou seja, ambientes onde existem riscos aumentados de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. O planejamento da CME consiste no recebimento de roupa e material, descontaminação, separação, lavagem, preparo, esterilização, guarda e distribuição destes materiais para os demais setores. 3.1 Recursos humanos A equipe de enfermagem da CME presta assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à assistência direta. O quadro de pessoal de uma CME deve ser composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão descritas abaixo: Enfermeiro Supervisor: Atua na coordenação do setor, prever os materiais necessários para prover as unidades consumidoras, elabora relatórios mensais 34 estatísticos, tanto de custo quanto de produtividade, planeja e faz anualmente o orçamento do CME com antecedência de 4 a 6 meses, elabora e mantem atualizado o manual de normas, rotinas e procedimentos do CME, que deve estar disponível para a consulta dos colaboradores. O trabalho do enfermeiro do CME é bastante complexo, pois acumula características técnico-assistenciais, como a gestão de pessoas e da área física, atividades privativas ao setor, manuseio de novas tecnologias, além da capacidade de visualizar as necessidades de outras áreas que dependem do seu trabalho. (TAUBE 2007, apud OURIQUES 2013, p.696). O enfermeiro atua no desenvolvimento de pesquisas e trabalhos científicos que contribuem para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, participando dos projetos e colaborando com seu andamento, mantem-se atualizado acerca das tendências técnicas e científicas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem artigos processados pelo CME e participa de comissões institucionais que interfiram na dinâmica de trabalho do CME. Técnico Administrativo: Gerencia o serviço de Enfermagem da unidade, planeja, coordena e desenvolve rotinas para o controle dos processos de limpeza, preparo, esterilização, armazenagem e distribuição dos artigos, desenvolve processo de avaliação dos serviços prestados ao cliente interno e externo, estabelece rotinas para a manutenção preventiva dos equipamentos existentes no CME, realiza os testes necessários e emite pareceres técnicos antes da aquisição de novos artigos e equipamentos, verifica os relatórios de manutenção de artigos e equipamentos para aprova-los mediantes as evidências do serviço prestado, controla o recebimento, o uso e a devolução dos artigos consignados, confecciona relatório diário com informações sobre as atividades desenvolvidas e pendentes e outros fatos importantes ocorridos durante a jornada de trabalho, participa da passagem de plantão, mantem atualizado o inventário do instrumental cirúrgico dos artigos e dos equipamentos do CME e participa ativamente dos processos de aquisição de materiais, instrumental cirúrgico e equipamentos. Técnico de enfermagem: Realiza leitura dos indicadores biológicos, de acordo com as rotinas da instituição, recebe, confere e prepara os artigos consignados, realiza limpeza, preparo, esterilização, guarda e distribuição de artigos, de acordo com 35 solicitação, prepara os carros e caixas cirúrgicas, realiza cuidados com artigos endoscópicos em geral, monitora os lotes nos processos de esterilização, realiza revisão da listagem de caixas cirúrgicas, bem como à sua reposição e realiza listagem e encaminhamento de artigos e instrumental cirúrgico para conserto. Auxiliar de Enfermagem: Recebe e limpa os artigos, prepara roupas limpas, prepara e esteriliza os artigos e instrumentais cirúrgicos e procede com a guarda e distribuição dos artigos esterilizados. 3.2 Materiais de acabamento da CME Com o propósito de evitar a ocorrência de infecção hospitalar, os pisos e paredes da CME devem ser laváveis, resistentes, de cor clara, de fácil limpeza, lisos e sem características que favoreçam o acúmulo de sujidades. O teto e portas devem ser de superfície lisa, clara, lavável, sem juntas, cantos e saliências dispensáveis, devendo estas, dispor de visores. Na sala de lavagem e descontaminação, as bancadas devem ter cubas fundas para evitar respingos no trabalhador, torneiras com disponibilidade de água quente e fria, adaptações para possibilitar a limpeza de tubulações e artigos com lumens e balcões em aço inoxidável, onde os materiais serão depositados para posterior secagem e separação. De acordo com a RDC nº. 50 da ANVISA, 2004, a prestação de serviço de apoio técnico da CME, conta com os seguintes ambientes: Área de lavagem e descontaminação: Local para receber, conferir e anotar a quantidade e espécie do material advindo dos demais setores, desinfetar e separar os materiais, verificar o estado de conservação do material, proceder a limpeza e encaminhamento para a área de preparo. A limpeza de um instrumental cirúrgico deve ser rigorosa, sendo uma das etapas mais importantes do processo de esterilização. Nessa etapa deve ser removida toda a sujidade, pois as cargas microbianas formam barreiras e protegem os microorganismos, impedindo que os agentes esterilizantes penetrem nos artigos, tornando as etapas subsequentes ineficientes e comprometendo a esterilização. (SILVA 2007, apud OURIQUES 2013, p. 697). 36 Área de preparo de materiais: Área destinada a revisar e selecionar os materiais, verificando condições de conservação e limpeza, preparar, empacotar ou acondicionar os materiais e roupas a serem esterilizados e encaminhar para esterilização devidamente identificado. Área de esterilização: Área destinada para execução do processo de esterilização nas autoclaves, conforme instrução do fabricante, observação dos cuidados necessários com o carregamento e descarregamento das autoclaves, controle microbiológico e de validade dos produtos esterilizados e manutenção dos equipamentos, mantendo-os sempre em bom estado de conservação e uso. Área de armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizados: Destinada ao estoque de material esterilizado, para proceder à distribuição às unidades e registro de saída do material. 3.3 Processos desenvolvidos na Esterilização Limpeza: Consiste na remoção da sujidade visível mediante o uso da água, sabão e detergente neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Quando o artigo não é adequadamente limpo, ocorre dificuldade nos processos de desinfecção e esterilização. As limpezas automatizadas, realizadas através das lavadoras termo desinfetadoras com jatos de água quente e fria, realizando enxágue e drenagem automatizada, a maioria, com o auxílio dos detergentes enzimáticos, possui a vantagem de garantir um padrão de limpeza e enxágue dos artigos processados em série, diminuem a exposição dos profissionais aos riscos ocupacionais de origem biológica, que podem ser decorrentes dos acidentes com materiais perfuro- cortantes. As lavadoras ultrassônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para complementar a limpeza dos artigos com lumens. Descontaminação: É o processo de eliminação total ou parcial da carga microbiana de artigos e superfícies. Desinfecção: É o processo de eliminação e destruição demicroorganismos, patogênicos ou não em sua forma vegetativa, que estejam presentes nos artigos e 37 objetos inanimados, mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em um intervalo de tempo operacional de 10 a 30 minutos. Após a limpeza, os artigos devem ser secos rigorosamente com pano limpo e sem fiapos, de cor branca, para visualizar possíveis sujidades. Também pode ser utilizado ar comprimido, em tubos, lumes de difícil acesso e, ainda uso de álcool, éter e benzina. (POSSARI 2003, apud OURIQUES 2013, p. 698). Alguns princípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a eliminação de todo os esporos. São usados os seguintes princípios ativos permitidos como desinfetantes pelo Ministério da Saúde: aldeídos, compostos fenólicos, ácido paracético. Preparo: Consiste em embalar o material. As embalagens utilizadas para o acondicionamento dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril após o reprocessamento, garante a integridade do material. A técnica correta para a embalagem do material tem grande importância, pois deve contemplar a organização das bandejas e manutenção do produto, que será manuseado e transportado até o uso. Além disso, deve ser fácil de abrir, fornecer identificação quanto ao nome do produto, data e quem embalou, permitindo assim a utilização segura. (SILVA 2007, apud OURIQUES 2013, p. 698). Esterilização: É o processo de destruição de todos os microorganismos, a tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o contaminavam é menor do que 1:1.000.000. Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização disponíveis para processamento de artigos no dia a dia são calor, sob a forma úmida e seca, e agentes químicos sob a forma líquida, gasosa e plasma. 38 3.4 Os microrganismos Fonte: oarquivo.com.br Os germes são seres vivos microscópicos infinitamente pequenos, não visíveis a olho nu. São classificados em protozoários, fungos, vírus e bactérias. Dentre as doenças mais importantes causadas por protozoários, destacam-se a Giardíase, Doença de Chagas e a Toxoplasmose. Das doenças causadas por fungos, destacam-se as micoses de pele e a Candidíase oral e vaginal, e as doenças causadas por vírus destacam-se a Gripe, Hepatites e AIDS. As doenças bacterianas, destacam- se a furunculose, amigdalite, cistite, diarreia e pneumonia. O período de industrialização europeia fez emergir vários agentes infecciosos, até então esparsos na humanidade. Os séculos XVIII e XIX conheceram o período da Revolução Industrial. Milhares de camponeses migraram para cidades europeias e americanas em busca de empregos nas fábricas. Um exército de pessoas depauperadas ficou vulnerável aos microrganismos, tornando importante o estudo desses pequenos seres. (LOCKYER 2003, apud UJVARI 2008, p. 178). Dessa forma, fica claro que os microrganismos, também chamados de agentes infecciosos, podem causar infecção, doença caracterizada pela presença de agentes infecciosos que provocam danos em determinados órgãos ou tecidos do organismo causando febre, dor, eritema, edema, alterações sanguíneas e secreção purulenta do local afetado. 39 3.5 Os germes e a origem das infecções O contato com microrganismos não significa obrigatoriamente o desenvolvimento da doença, pelo contrário, o homem, animais e plantas não apenas convivem com os germes, mas dependem direta ou indiretamente deles. Todas as áreas da Terra, que reúnem condições de vida, são habitadas por microrganismos e sempre houve convivência, inclusive no corpo, onde auxiliam na proteção da pele e mucosas contra a invasão de outros germes mais nocivos. Estes seres minúsculos decompõem matéria orgânica transformando-a em sais minerais prontos para serem novamente sintetizados em substratos nutritivos que formarão os vegetais do qual homem e animais se alimentam. O homem e os germes convivem em pleno equilíbrio. Somente a quebra desta relação harmoniosa poderá causar infecção. A doença infecciosa é uma manifestação clínica de um desequilíbrio no sistema parasito-hospedeiro-ambiente, causado pelo aumento da patogenicidade em relação aos mecanismos de defesa anti-infecciosa do hospedeiro, ou seja, quebra-se a relação harmoniosa entre as defesas do corpo e o número e virulência dos germes, propiciando a invasão aos órgãos. Pessoas aglomeradas e depauperadas forneceram terreno ideal para as doenças contagiosas transmitidas pelas vias respiratórias. Os séculos XVIII e XIX foram dominados por tuberculose, coqueluche, difteria e escarlatina. As cidades industriais forneciam um caldeirão produtor de microrganismos. (LOCKYER 2003, apud UJVARI 2008, p. 178). Alguns microrganismos possuem virulência elevada podendo causar infecção no primeiro contato, independente das defesas. Outros, usualmente encontram-se na microbiota normal, apresentando menos virulência, porém podem infectar o organismo diante da redução capacidade de defesa. A capacidade de defesa anti-infecciosa é multifatorial, influenciada pela idade, estado nutricional, doenças e cirurgias, stress, uso de corticoides, quimioterapia, radioterapia, doenças imunossupressoras, fatores climáticos e precárias condições de higiene e habitação. 40 Na natureza, o estado de esterilidade, definido como ausência de microrganismo vivo, é excepcional e transitoriamente encontrado no feto durante a gestação, excluindo os casos de bebês contaminados via placentária pela mãe. O contato com os microrganismos começa com o nascimento, durante a passagem pelo canal vaginal do parto, onde a criança se contamina com os germes da mucosa e então se coloniza mantendo-se por toda a sua existência, até a decomposição total do organismo após a morte. 3.6 Classificação dos Artigos Hospitalares Além do tipo de material é necessário classificá-lo de acordo com sua utilização direta ou indireta no paciente, o que resultará em três grupos de artigos que determinará a forma de processamento. Artigos críticos: São os que penetram em mucosas ou pele, invadindo sistema vascular e tecidos subepiteliais e expondo os materiais ao contato direto com sangue ou outros fluidos contaminantes. Fica indicado sempre a esterilização com todas as etapas que incluem este processo. Artigos semicríticos: São os que tem contato com pele ou mucosa íntegras, mas que para garantir seu múltiplo uso devem passar pelo reprocessamento na forma de desinfecção de alto nível ou esterilização. Artigos não críticos: São de uso externo ao paciente, entrando em contato apenas com pele íntegra, de manipulação pelos profissionais de saúde, o que exige que tenham um processamento específico na forma de limpeza ou desinfecção de baixo nível. O processamento dos artigos, obedece às seguintes etapas: Limpeza: Remoção da sujidade da superfície de artigos e equipamentos, através da ação mecânica utilizando água e detergente, com posterior enxágue e secagem. A grande carga microbiana está concentrada na matéria orgânica, que consequentemente, será removida de uma superfície durante a remoção da sujidade. A limpeza deve ser sempre realizada como primeira etapa de desinfecção ou esterilização, pois vai garantir a qualidade destes processos. 41 Na realização da limpeza de artigos ocorre exposição à fluidos contaminados e produtos químicos, sendo imprescindível a utilização de equipamentos de proteção como óculos, máscara cirúrgica, avental plástico, braçadeiras plásticas e luvas de borracha. A limpeza se dá com a utilização de produtos como detergente líquido, neutro e biodegradável, com aplicação utilizando pano úmidoou escova, ou diluído em água. O detergente enzimático é utilizado para objetos que contem luz tubular para melhor descontaminação. A secagem de materiais tubulares pode ser com jatos de ar comprimido. O uso do detergente enzimático está indicado para artigos com maior possibilidade de aderência de sujidade e com difícil acesso para limpeza. Desincrostante está indicado para remoção de crostas em vidros, papagaios, comadres e instrumental cirúrgico, e contraindicado o uso em plásticos, látex ou borrachas. O mais comum é o peróxido de hidrogênio, conhecida com água oxigenada líquida. Seu uso está indicado para facilitar a remoção de sangue ressecado. Os lubrificantes são geralmente de uso em procedimentos cirúrgicos médicos e odontológicos. A aplicação do lubrificante deve ser orientada pelo fabricante. Os desoxidantes, também chamados de anti-ferrugem, são indicados em instrumentos médicos e odontológicos metálicos, quando apresentam pontos de oxidação ou alteração da cor original do metal, devendo ser aplicado após a limpeza e após seu uso deve-se proceder nova limpeza para evitar resíduo do produto. Desinfecção: É o processo de destruição de microrganismos como bactérias na forma vegetativa (não esporulada), fungos, vírus e protozoários, sendo dividida em três níveis de acordo com o espectro de destruição dos microrganismos: Desinfecção de alto nível: Destrói todas as formas vegetativas de microrganismos, inclusive Mycobacterium tuberculosis, vírus lipídicos e não lipídicos, fungos e uma parte dos esporos. Desinfecção de médio nível: Inativa o bacilo da tuberculose, bactérias na forma vegetativa, a maioria dos vírus e fungos, exceto esporos bacterianos. Desinfecção de baixo nível: Elimina a maioria das bactérias, alguns vírus como o HIV, hepatite B e C e fungos. Não destrói microrganismos resistentes como bacilo da tuberculose e esporos bacterianos. 42 Esterilização: É o processo utilizado para completa destruição de microrganismos, incluindo todas as suas formas, inclusive as esporuladas, com a finalidade de prevenir infecções e contaminações decorrentes de procedimentos cirúrgicos e invasivos com utilização de artigos críticos. Pode ser realizada por: Processos químicos: Glutaraldeído, formaldeído, ácido paracético. Processos físicos: Vapor saturado, autoclave calor seco, estufa raios gama. Processos físico-químicos: Óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, vapor de formaldeído, são indicados para materiais termossensíveis, porém seu uso fica restrito para hospitais de maior porte e pelo alto custo e necessidade de terceirização. Esterilização por processo químico: Indicada para artigos críticos e termossensíveis, por não resistirem às altas temperaturas dos processos físicos, através do ácido peracético, por apresentar vantagem em relação ao Glutaraldeído, devido sua rápida ação, solubilidade em água, biodegradabilidade e atoxicidade. Também é realizada com o Glutaraldeído, produto com boa eficácia, baixo custo e baixo poder corrosivo, porém exige tempo de contato maior, não é biodegradável e é irritante para as mucosas das vias aéreas exigindo proteções adicionais. As vantagens do Glutaraldeído são excelentes propriedades microbicidas, atividade na presença de proteína e ação não destrutiva para borrachas, plásticos ou lentes. O Glutaraldeído é um dialdeído, que apresenta rápida e efetiva ação, além de um grande espectro de atividade contra bactérias gram-positivas e negativas, esporos bacterianos, micobactérias, alguns fungos e vírus, sendo o mesmo considerado um desinfetante de alto nível. (SALMON 2008, apud BARBOSA 2013, p. 146). O uso deve ser realizado em imersão mergulhando completamente o artigo previamente limpo e seco, por um período de 8 a 10 horas, conforme indicação do fabricante. Em artigos tubulares, injetar a solução internamente com seringa. Após o término da exposição, retirar os artigos com pinça ou luva estéril, promovendo um enxágue em água esterilizada, até remoção total da viscosidade na superfície do artigo e secar com compressas estéreis e acondicionar em invólucro estéril até o uso. Pela dificuldade de processamento da técnica asséptica e enxágue abundante com água estéril, além do tempo prolongado de exposição, este método de esterilização tem seu uso restrito. Pelo seu efeito tóxico e liberação de vapores deve ser realizado em 43 local ventilado, caso contrário torna-se necessário o uso de protetor respiratório com carvão ativado. Utilizar sempre óculos de proteção, máscara cirúrgica e luva estéril. O Ácido Peracético 0,2%, é caracterizado por rápida ação contra todos os microrganismos, incluindo esporos bacterianos em baixas concentrações. Sua especial vantagem é sua biodegradabilidade e atoxicidade, além de ser efetivo na presença de matéria orgânica, apresentando odor forte avinagrado. É corrosivo para metais como bronze, cobre, ferro galvanizado e latão, para tal deve-se ter o cuidado de adicionar solução inibidora de corrosão. Seu uso consiste em colocar a solução, após adição do inibidor de corrosão, em recipiente plástico com tampa, em volume que permita a total imersão dos artigos limpos e secos, com tempo de ação esterilizante de 60 minutos de contato, sendo retirados promovendo um enxágue em água esterilizada, secagem com compressa estéril e acondicionamento em invólucro estéril até o uso, não excedendo a imersão por mais de 1 hora para evitar a corrosão de partes metálicas dos artigos, mesmo na presença de inibidor de corrosão. A adesão aos procedimentos de esterilização validados e padronizados para instrumentais cirúrgicos, equipamentos médicos, soluções para marcação da pele e suprimentos de água, assim como a antissepsia da pele do paciente antes da cirurgia, podem prevenir infecções. (ANVISA 2007, apud BARBOSA 2013, p. 142). Esterilização por Processos Físicos: Ocorre através de calor úmido, calor seco ou radiação. A esterilização por radiação tem sido utilizada em nível industrial, para artigos médico-hospitalares, pois permite esterilização a baixa temperatura, porém é um método de alto custo. Para materiais que resistam a altas temperaturas a esterilização por calor é o método de escolha, pois não forma produtos tóxicos, é seguro e de baixo custo. 3.7 Esterilização por calor úmido É realizada por autoclave, sendo o método de 1ª escolha tratando-se de esterilização por calor. Esta preferência se justifica por preservar a estrutura dos instrumentos metálicos e de corte, por permitir a esterilização de tecidos, vidros e líquidos, desde que observados diferentes tempos de exposição e invólucros. 44 O mecanismo de ação biocida é feito pela transferência do calor latente do vapor para os artigos, que age coagulando proteínas celulares e inativando os microrganismos. Os artigos termossensíveis não devem sofrer autoclavagem, pois a temperatura mínima do processo é de 121º C, bem como os óleos que não permitem a penetração do vapor. Nas autoclaves, os microrganismos são destruídos pela ação combinada do calor, da pressão e da umidade, que promovem a termo coagulação e a desnaturação das proteínas da estrutura genética celular. O vapor sob pressão, ao entrar em contato com a superfície fria dos materiais colocados na autoclave, se condensa liberando o calor latente, que é o responsável pela desnaturação dos microrganismos. A esterilização está fundamentada nessa troca de calor entre o meio e o objeto a ser esterilizado. (ANVISA 2000, apud BARBOSA 2013, p. 142). As etapas para o processamento incluem limpeza, secagem e separação dos artigos que deverão ser acondicionados em invólucros próprios e submetidos ao ciclo de esterilização. Os instrumentos articulados, como tesoura, porta-agulha, devem ser embalados abertos no interior do pacote. Os invólucros utilizados para este processo, são de papel grau cirúrgico, filmeplástico de polipropileno, algodão cru duplo, papel crepado, caixas metálicas forradas internamente com campos simples e com orifícios para permitir a entrada do vapor. Os invólucros sem visor transparente deverão ser identificados quanto ao conteúdo, e todos deverão ter escrito a data de validade da esterilização. Todas as embalagens deverão portar um pedaço de fita de indicação química externa para diferenciar e certificar que os pacotes passaram pelo processo. O invólucro de papel grau cirúrgico com filme de poliamida e plásticos podem vir em forma de envelopes prontos ou rolos de diferentes tamanhos e larguras e já vem com indicadores químicos. Se utilizados em rolo, deverão ser selados a quente com seladoras próprias. Os invólucros de papel crepado, papel Kraft ou tecido deverão obedecer a um método de dobradura para possibilitar abertura asséptica do pacote. As cargas de tecidos (gazes e campos) devem ser processados em cargas diferentes dos metais, caso contrário os têxteis devem ficar na prateleira superior para facilitar a penetração do calor. Os pacotes não podem encostar nas paredes internas da câmara, assim como a carga não pode ultrapassar 70% da capacidade interna. A fita indicadora química de processo deverá ser colocada em todos os pacotes ou caixas em local visível, em pequenos pedaços. 45 Ciclo da esterilização: Consiste na retirada do ar e entrada do vapor, esterilização, secagem e admissão de ar filtrado para restauração da pressão interna, variando de acordo com cada equipamento, que têm diferentes formas de programação de ciclos, quanto a tempo de exposição, utilização de água destilada em diferentes quantidades, portanto, devem ser seguidas as orientações do fabricante. Qualificação do processo de esterilização: Tem o objetivo de validar a eficácia do processo de esterilização, mediante variados meios indicadores para tal, podendo ser internos ou externos. Os indicadores químicos internos avaliam os parâmetros vapor, temperatura e pressão. São fitas que reagem quimicamente alterando sua cor e são colocadas no interior de cada pacote, e conferidas na abertura. Os indicadores químicos externos, na forma de fita adesiva são utilizados apenas para diferenciar os pacotes que passaram pelo processo de esterilização daqueles que ainda não passaram, através da mudança da cor da fita por sensibilidade a temperatura. Este indicador não avalia a qualidade da esterilização, apenas a passagem pelo processo. Os indicadores biológicos são utilizados para testar a eficácia do processo quanto a destruição dos microrganismos, através da utilização de tubetes com fitas impregnadas de Bacillus stearothermophillus, colocados dentro de alguns pacotes- teste em locais estratégicos da autoclave conforme seu tamanho. Em autoclaves pequenas, pode-se utilizar apenas em um pacote próximo à área de exaustão. Em autoclaves grandes distribui-se em três pacotes colocados na porta, no meio e no fundo. O monitoramento da esterilização deve abranger as avaliações física, química e biológica dos processos de esterilização. O controle físico compreende o monitoramento dos parâmetros críticos de cada processo, por meio de registro manual ou por impressora interligada ao esterilizador. Para o controle químico são utilizados indicadores e integradores com diferentes apresentações no mercado. Os indicadores biológicos são caracterizados por uma preparação padronizada de esporos bacterianos. (CUNHA 2000, apud TIPPLE 2010, p. 752). Se o resultado for positivo, com crescimento bacteriano, toda a carga daquele equipamento deverá ser bloqueada e a autoclave deverá ser checada por um técnico, que após retorno da manutenção, deverá ser realizado novo teste biológico, com periodicidade ideal de uma vez por semana. 46 Estocagem e Prazo de Validade: É variável e depende do tipo de invólucro, eficiência do empacotamento, local de estocagem quanto a umidade e se são prateleiras abertas ou fechadas que indicará a circulação de poeira. O manuseio externo destas embalagens deve ser com as mãos limpas e a abertura de cada pacote ou caixa esterilizada deve ser feita com técnica asséptica utilizando luva esterilizada ou pinça estéril exclusiva para este fim, sendo que, considera- se contaminada toda a embalagem rompida ou manchada. Para papel Kraft, a rotina de estocagem é de 7 dias e para tecido, 15 dias. Para papel crepado, 2 meses em armário fechado e para papel grau cirúrgico ou polietileno 6 meses em armário fechado. Semanalmente o estoque deve ser revisado quanto ao prazo de validade, encaminhando para reprocessamento os pacotes vencidos. Ao estocar os pacotes, deve-se observar para os que estiverem próximo ao vencimento fiquem mais na frente dos recém esterilizados, seguindo uma ordem pela data de validade. 3.8 Esterilização por calor Seco O equipamento utilizado é o Forno de Pasteur, usualmente conhecido como estufa. A esterilização é gerada através do aquecimento e irradiação do calor, que é menos penetrante e uniforme que o calor úmido, requerendo um tempo de exposição mais prolongado e maiores temperaturas, sendo inadequado para tecidos, plásticos, borrachas e papel. Este processo é mais indicado para vidros, metais, pós, ceras e líquidos não aquosos como vaselina, parafina e bases de pomadas. As etapas para processo incluem a limpeza, secagem e separação dos artigos, que posteriormente deverão ser acondicionados para esterilização. Os instrumentos articulados, como tesoura, porta-agulha, devem ser acondicionados abertos no interior da caixa metálica. Como invólucros para este processo utilizam-se as caixas metálicas, vidros temperados e lâminas de papel alumínio. Os artigos contidos no interior das caixas devem ter um limite de volume que proporcione a circulação do calor e preferentemente as caixas devem conter kits de instrumentos a serem usados integralmente em cada procedimento. 47 Todos os invólucros deverão conter um pedaço de fita indicadora química do processo de esterilização, bem como a indicação de validade e o nome do kit ou instrumento e as caixas metálicas devem ser lacradas com fita adesiva após a exposição ao calor para evitar a queima da fita. Para a colocação da carga na estufa, deve-se observar pontos principais como a não sobrecarga de materiais, deixando espaço suficiente entre eles para haver uma adequada circulação de calor, evitando empilhamento de caixas em cada prateleira da estufa. O ciclo da esterilização inclui três fases, sendo o aquecimento da estufa à temperatura de esterilização pré-estabelecida, a esterilização da carga propriamente dita, incluindo tempo de penetração do calor e tempo de exposição e o resfriamento da carga. Após o término do ciclo a estufa deve ser desligada para o resfriamento gradual e lento da carga. Para retirada de materiais após o ciclo, recomenda-se uso de pinças próprias para remoção de bandejas, ou luvas especiais resistentes a calor. Qualificação do processo: Tem o objetivo de validar a eficácia do processo de esterilização. Os indicadores químicos externos, na forma de fita adesiva, são utilizados apenas para diferenciar os pacotes que passaram pelo processo de esterilização daqueles que ainda não passaram, através da mudança da cor da fita. Este indicador não avalia a qualidade da esterilização. Os indicadores biológicos são utilizados da mesma forma da esterilização por calor úmido. Considerando a complexidade e importância dos controles para a garantia dos processos de esterilização, bem como sua contribuição para a prevenção e controle de infecções a realização deste estudo pretende fornecer um diagnóstico situacional quanto à realização desses indicadores. (ANVISA 2002, apud TIPPLE, 2010, p. 752). 48 3.9 Microbiologia da pele Fonte: cosmeticinnovation.com.br A pele consiste no revestimento do organismo,indispensável à vida, pois isola componentes orgânicos do meio exterior, impede a ação de agentes externos de qualquer natureza, evita perda de água, eletrólitos e outras substâncias do meio interno, oferece proteção imunológica, faz termo regulação, propicia a percepção e tem função secretória. A estrutura básica da pele inclui, da camada externa para a mais interna: estrato córneo, epiderme, derme e hipoderme. A barreira à absorção percutânea está no interior do estrato córneo que é o mais fino e menor compartimento da pele, um órgão dinâmico, pois a sua formação e integridade estão sob controle homeostático, e qualquer alteração resulta em aumento da proliferação de suas células. Devido à sua localização e extensa superfície, a pele é constantemente exposta a vários tipos de microrganismos do ambiente. Os diversos locais do organismo constituídos por flora comensal tendem a sofrer alterações na composição dos microrganismos. Estas alterações devem- se tanto a fatores ambientais, como variações na idade, dieta, estilo de vida do hospedeiro, higiene e terapêutica com antibióticos. (SOMMER 2013, apud CHAVASCO 2017, p. 4). 49 Flora residente: Formada por microrganismos que colonizam a pele. Nas mãos, estes germes localizam-se em maior quantidade em torno das unhas e entre os dedos, sendo também encontradas nas camadas externas da pele, fendas e folículos pilosos. Os microrganismos da flora residente não são facilmente removíveis, entretando são inativados por antissépticos. É de baixa virulência e raramente causa infecção, contudo pode ocasionar infecções sistêmicas em pacientes imunodeprimidos e após procedimentos invasivos. Flora transitória: É adquirida no contato com pacientes e superfícies contaminadas, permanecendo na pele podendo ser transferidas ou eliminadas com a lavagem das mãos, sendo facilmente removidas com água e sabão, por estarem aderidas a superfície da pele, junto à gorduras e sujidades. É composta pelos microrganismos frequentemente responsáveis pelas infecções hospitalares, o Pseudomonas sp, Acinetobacter sp, Klebsiella sp, o que demonstra a importância das mãos como veículo de transmissão. 4 RESÍDUOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Fonte: realbrasil.com.br 50 A Biossegurança no Brasil trata da minimização dos riscos em relação aos microrganismos, além de ter uma abrangência bem ampla por ter ligação na promoção de saúde no ambiente de trabalho, no meio ambiente e na comunidade. Devido às condições precárias de gerenciamento dos resíduos de forma geral, vários problemas podem decorrer afetando a saúde da população, como por exemplo a contaminação da água, do solo, da atmosfera e a proliferação de vetores afetando a saúde, aliado ao descaso por parte das instituições gerenciadoras, principalmente dos resíduos de serviços de saúde. Os resíduos de serviços de saúde são aqueles provenientes de hospitais, clínicas médicas e outros grandes geradores, sendo por vezes chamados de lixo hospitalar. Resíduos de natureza semelhante são produzidos também por farmácias, clínicas odontológicas e veterinárias, assistência domiciliar, necrotérios, instituições de cuidado para idosos, hemocentros, laboratórios clínicos e de pesquisa, instituições de ensino na área da saúde, entre outros, requerendo, portanto, cuidados iguais aos resíduos hospitalares, sendo de extrema necessidade a segregação de tais resíduos. A segregação tem como objetivo minimizar a contaminação a partir de resíduos, permitir a adoção de procedimentos específicos para o manejo de cada grupo de resíduos, possibilitando o tratamento específico para cada categoria de resíduos, diminuindo os custos no manejo dos resíduos ou reciclando e reaproveitando parte desses. (BRASIL 2002, apud LUZ 2013, p. 18). Parte dos resíduos domiciliares possui características que fazem com que se assemelhem aos resíduos de serviços de saúde, a exemplo de pacientes diabéticos que administram insulina injetável diariamente, usuários de drogas injetáveis, gerando resíduos perfuro cortantes, que são depositados juntamente com os resíduos domiciliares comuns, exigindo assim, uma educação e conscientização constantes para redução desta realidade. ...tem-se notado um progressivo aumento da taxa de geração dos resíduos de serviços de saúde, devido ao contínuo incremento da complexidade da atenção médica e ao uso crescente de materiais descartáveis. Além disso a população está cada vez mais concentrada em áreas urbanizadas e a expectativa média de vida vem crescendo de forma consciente. (FORMAGGIA 1995, apud LUZ 2013). Os resíduos de serviços de saúde são de natureza heterogênea, sendo necessária uma classificação para sua segregação. Diferentes classificações foram 51 propostas por várias entidades, incluindo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), governos estaduais e municipais. Em 1993, o CONAMA publicou a Resolução n° 5, que classifica os resíduos de serviços de saúde em quatro categorias: A: Risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos como secreções e líquidos orgânicos, e materiais perfurantes ou cortantes, B: Resíduos químicos, C: Rejeitos radioativos e D: Resíduos comuns. A Resolução n°283/2001 do CONAMA, que atualiza e complementa a Resolução n°5, determina que caberá ao responsável legal pelo estabelecimento gerador a responsabilidade pelo gerenciamento de seus resíduos desde a geração até a disposição final. Alguns estados e municípios possuem legislações próprias específicas sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, com normas para a classificação, segregação, armazenamento, coleta, transporte e disposição final desses resíduos. A ANVISA publicou em 4 de julho de 2000 a Consulta Pública n°48, visando discutir o regulamento técnico sobre diretrizes gerais de procedimentos de manejo de resíduos de serviços de saúde, desde a geração até a disposição final. O prazo para discussão era de quarenta dias, contudo, o assunto gerou bastante polêmica, houve muitas contribuições e críticas, e o texto original foi bastante modificado. Finalmente, em 5 de março de 2003, foi publicado no Diário Oficial da União o texto final da Resolução RDC n° 33, de 25 de fevereiro de 2003. A resolução foi adotada pela ANVISA "considerando os princípios da biossegurança de empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes ao ser humano e ao meio ambiente". A classificação dos resíduos de serviços de saúde proposta pela resolução da ANVISA complementa a classificação do CONAMA. (ANVISA-RDC 33, 2003 apud GARCIA, 2004, p.746). 4.1 Regulamentações Os resíduos dos serviços de saúde ganharam destaque legal no início da década de 90, quando foi aprovada a Resolução CONAMA no 006 de 19/09/1991 que desobrigou a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde e de terminais de transporte e deu 52 competência aos órgãos estaduais de meio ambiente para estabelecerem normas e procedimentos ao licenciamento ambiental do sistema de coleta, transporte, acondicionamento e disposição final dos resíduos, nos estados e municípios que optaram pela não incineração. De acordo com a RDC Anvisa nº 306/2004 e a Resolução Conama nº 358/2005, compete a todo gerador de RSS elaborar seu Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), que consiste em um documento que descreve as ações relativas ao manejo dos RSS, devendo contemplar as etapas referentes à geração, segregação, acondicionamento, identificação, coleta interna, armazenamento, tratamento, coleta e transporte externos, disposição final e ações de proteção ao ambiente. (BRASIL 2005, apud SANCHES 2017, p. 2509). Posteriormente, a Resolução CONAMA no 005 de 05/08/1993, fundamentadanas diretrizes da resolução anterior, estipulou que os estabelecimentos prestadores de serviço de saúde e terminais de transporte deveriam elaborar o gerenciamento de seus resíduos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos. Esta resolução sofreu um processo de aprimoramento e atualização, o qual originou a Resolução CONAMA no 283/01, publicada em 12/07/2001 que dispõe especificamente sobre o tratamento e destinação final dos resíduos de serviços de saúde, não englobando mais os resíduos de terminais de transporte. Esta resolução implantou o Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, impondo responsabilidade aos estabelecimentos de saúde em operação e àqueles a serem implantados, para implementarem o PGRSS. Definiu também os procedimentos gerais para o manejo dos resíduos a serem adotados na ocasião da elaboração do plano, o que, desde então, não havia sido contemplado em nenhuma resolução ou norma federal. A ANVISA, cumprindo sua missão de regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam riscos à saúde pública, também chamou para si esta responsabilidade e passou a promover grande debate público para orientar a publicação de uma resolução específica. Em 2003 foi promulgada a Resolução de Diretoria Colegiada, RDC ANVISA no 33/03, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. A resolução passou a considerar os riscos aos trabalhadores, à saúde e ao meio ambiente. 53 Esta situação levou os dois órgãos a buscarem a harmonização das regulamentações. O entendimento foi alcançado com a revogação da RDC ANVISA no 33/03 e a publicação da RDC ANVISA no 306 de 12 de 2004, e da Resolução CONAMA no 358, em maio de 2005. A sincronização demandou um esforço de aproximação que se constituiu em avanço na definição de regras equânimes para o tratamento dos RSS no país, com o desafio de considerar as especificidades locais de cada estado e município. Com a Política Nacional de Resíduo Sólido (PNRS), por meio da Lei 12.305, que dispõe diretrizes aplicáveis aos resíduos sólidos, estabeleceu-se proteção da saúde e qualidade ao meio ambiente. (BRASIL 2010, apud CAFURE 2014, p. 302). O progresso alcançado com as resoluções em vigor relacionou-se, principalmente, a definição de procedimentos seguros, consideração das realidades e peculiaridades regionais, classificação e procedimentos recomendados de segregação e manejo dos resíduos de serviço de saúde (RSS). Por outro lado, a RDC ANVISA no 306/04 concentra sua regulação no controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de saúde. São definidos como geradores de resíduos de serviço de saúde todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo, laboratórios analíticos de produtos para a saúde, necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação, estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses, distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde, serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares. O PGRSS deve ser elaborado com base nas características e volume dos resíduos de serviços de saúde gerados, estabelecendo as diretrizes de manejo, incluindo as medidas de segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento intermediário, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento 54 externo, coleta e transporte externo e destinação final. Cada uma dessas etapas é indicada de maneira específica para cada tipo de resíduos de serviços de saúde, com o intuito de proteger a saúde dos trabalhadores envolvidos no manuseio, da comunidade em geral e do meio ambiente. A fiscalização de todo esse processo é de responsabilidade das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. O PGRSS é uma Resolução baseada em uma sociedade sustentável, que a cada dia exige atividades mais limpas e comprometidas com o meio ambiente, e com todas as leis e resoluções que tratam da necessidade de uma gestão eficiente dos resíduos gerados em um ambiente de trabalho, exigindo ações como profissionais comprometidos em atender as exigências das leis que figuram no ambiente laboral e mais íntegros e capazes de atender de maneira clara e eficiente às necessidades de ambiente. (CUSSIOL 2008, apud CAMARGO 2017, p. 635). 4.2 Riscos dos RSS Na avaliação dos riscos potenciais considera-se que os estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolução quanto ao desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento, tendo como resultado a geração de novos materiais, substâncias e equipamentos, com presença de componentes mais complexos e muitas vezes mais perigosos para o homem que os manuseia, e ao meio ambiente que os recebe. Estes ocupam lugar de destaque pois merecem atenção especial em todas as fases de manejo em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, devido seus componentes. Os RSS compõem parte importante do total dos Resíduos Sólidos Urbanos não pela quantidade gerada, mas pelo potencial risco que afeta à saúde ambiental e coletiva. O risco ambiental é o risco que ocorre no meio ambiente e pode ser submetido à classificação de acordo com o tipo de atividade; exposição instantânea, crônica; probabilidade de ocorrência; severidade; reversibilidade; visibilidade; duração e possibilidade de ocorrência de seus efeitos em vários locais ao mesmo tempo. (SCHNEIDER 2004, apud CAFURE 2014, p. 302). Dentre estes componentes, destacam-se os químicos, substâncias ou preparados químicos, tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, 55 mutagênicos, produtos mantidos sob pressão, quimioterápicos, pesticidas, solventes, ácido crômico, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias, óleos e lubrificantes usados. Dentre os biológicos destacam-se os que contêm agentes patogênicos que possam causar doenças, e dentre os componentes radioativos utilizados em procedimentos de diagnóstico e terapia, os que contêm materiais emissores de radiação ionizante. Quanto aos riscos ao meio ambiente destaca-se o potencial de contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de resíduos em lixões ou aterros controlados que também proporcionam riscos aos catadores, principalmente por meio de lesões provocadas por materiais cortantes e perfurantes, e por ingestão de alimentos contaminados, ou aspiração de material particulado contaminado em suspensão. A tomada de medidas para o correto gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, deve ser determinada por meio das legislações específicas, uma vez que, elas possuem papel de agente normatizador, protetor e promotor da saúde pública. Fatores demográficos, como a destinação inadequada dos resíduos sólidos, estão envolvidos na determinação da emergência e reemergência de doenças infecciosas, sendo assim, o tratamento adequado dos resíduos de serviços de saúde, especialmente aqueles contendo material biológico de pacientes acometidos por doenças novas ou emergentes, de fundamental importância para a contenção da propagação dessas doenças. Com o aumento dos RSS e o gerenciamento inadequado de resíduos infectantesproduzidos diariamente pelos serviços de saúde, aliado ao aumento significativo de sua produção, vem agravando os riscos à saúde da população, impactando o meio ambiente através da destruição de áreas de preservação ambiental, poluição dos recursos hídricos e consequente degradação da qualidade de vida. (ZAMONER 2008, apud CAMARGO 2017, p. 634). Os perfuro cortantes são os resíduos que apresentam maior risco de acidentes durante a manipulação. Os acidentes de trabalho com perfuro cortantes, geralmente ocorre no momento da disposição, sendo que as agulhas apresentam risco significativo associado com injúrias, e os procedimentos de reencape e erros no ato do manuseio. 56 A subnotificação dos acidentes de trabalho é uma realidade que infelizmente impossibilita a detecção dos riscos potenciais a que os trabalhadores dos serviços de saúde estão expostos. As pessoas envolvidas no gerenciamento dos resíduos devem ser capacitadas na ocasião de sua admissão e mantido sob treinamento periódico, incluindo os trabalhadores dos serviços de saúde e também as firmas terceirizadas de limpeza e trabalhadores das companhias municipais de limpeza que manuseiam os resíduos de serviços de saúde e estão expostos aos riscos inerentes de contaminação. A primeira providência para um melhor gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde é a redução no momento da geração. Evitar o desperdício é uma medida que tem um benefício duplo de economizar recursos não só em relação ao uso de materiais, mas também no tratamento diferenciado desses resíduos, lembrando que, quanto mais perigoso é considerado o resíduo, maiores os cuidados necessários, e como consequência, maiores os custos envolvidos. A classificação da ANVISA adota critérios mais relacionados aos possíveis riscos que podem ser gerados através do contato com os resíduos e para tanto a classificação serve como base para a segregação por classe. Já o CONAMA se preocupa com os possíveis impactos ambientais que podem ser gerados por eles. (BRASIL 2002, apud LUZ 2013, p. 18). A segregação é o ponto fundamental de toda a discussão sobre a periculosidade ou não dos resíduos. Apenas uma parcela é potencialmente infectante, contudo, se ela não for segregada, todos os resíduos que a ela estiverem misturados também deverão ser tratados como potencialmente infectantes, exigindo procedimentos especiais para acondicionamento, coleta, transporte e disposição final, elevando assim os custos do tratamento desses resíduos. O treinamento para a correta segregação dos resíduos é compensador, pois resulta no encaminhamento para coleta, tratamento e disposição final especial apenas resíduos que realmente necessitam desses procedimentos, reduzindo as despesas com o tratamento. Após a segregação adequada, os resíduos de cada categoria deverão ser acondicionados corretamente, identificados e encaminhados para coleta, transporte e destinação final específicos. O profissional de enfermagem, considerado um dos principais geradores de resíduos, além de estar diretamente relacionado com a segregação de resíduos, tem um papel importante no desenvolvimento de um manejo adequado de RSS 57 e na implementação do PGRSS, colaborando com as mudanças estruturais, a formação profissional e as políticas para a orientação da gestão de resíduos. (PEREIRA 2016, apud SANCHES 2017, p. 2514). Um caminho para solucionar a questão dos resíduos de serviços de saúde é o exercício do bom-senso, aliado à educação e o treinamento dos profissionais de saúde, e o esclarecimento da população. A tomada de medidas no contexto da biossegurança, aliando economia de recursos, preservação do meio ambiente, ética e responsabilidade poderá garantir mais qualidade de vida no presente e um futuro mais saudável para as próximas gerações. 4.3 Classificação A classificação dos RSS vem sofrendo um processo de evolução contínuo. Na medida em que são introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e como resultado do conhecimento do comportamento destes perante o meio ambiente e a saúde, surgem formas de estabelecer uma gestão segura com base nos princípios da avaliação e gerenciamento dos riscos envolvidos na sua manipulação. Os RSS são de natureza heterogênea, e diferentes classificações já foram propostas por várias entidades, como o CONAMA, a ANVISA e ainda governos estaduais e municipais, já que se faz necessária uma classificação e separação desses tipos de resíduos, além da preocupação com os manipuladores desse material e com o meio ambiente. (GARCIA 2004, apud CAFURE 2014, p. 302). Os RSS são classificados em função de suas características e consequentes riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde: Grupo A: São resíduos com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, possam apresentar risco de infecção, como lâminas, carcaças, peças anatômicas, tecidos, bolsas transfusionais com sangue, dentre outros. Grupo B: São aqueles que contêm substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Enquadram-se nesta categoria os seguintes grupos de compostos: Produtos hormonais e produtos antimicrobianos, citostáticos, antineoplásicos, imunossupressores, digitálicos, imuno-moduladores, antirretrovirais, medicamentos e resíduos e insumos farmacêuticos de medicamentos 58 controlados, resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados, reagentes para laboratório, efluentes de processadores de imagem radiológica, efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínica e demais produtos considerados perigosos. A periculosidade é avaliada pelo risco que esses compostos representam à saúde ou ao meio ambiente, levando em consideração as concentrações de uso. Na exposição imediata ou aguda, estes agentes provocam nas vias aéreas superiores: rinite, faringite, laringite, com quadro clínico de dor, coriza, espirros, tosse e irritação. Nas vias aéreas inferiores, eles provocam: bronquite, broncopneumonia e edema pulmonar, com quadro clínico de tosse e dispneia. (TEIXIERA 2011, apud CORREA 2016, p. 20). Grupo C: Materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como dos serviços de medicina nuclear e radioterapia. São considerados rejeitos radioativos quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista, sendo todos os resíduos contaminados com radionuclídeos. Os rejeitos radioativos são classificados de acordo com o tipo de emissão do radioisótopo, forma física, concentração e taxa de exposição na superfície do recipiente que o contém. Grupo D: Não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares, como sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas. Grupo E: Materiais pérfurocortante ou escarificantes, como lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares. Todos os materiais, limpos ou contaminados por resíduo infectante deverão ser acondicionados em recipientes com tampa, rígidos e resistentes à punctura, ruptura e vazamento. Em geral, são utilizadas caixas tipo descartex e descarpack. É proibido o reencape de agulhas da seringa para descarte. A categoria profissional mais afetada por acidentes com perfuro cortante são os trabalhadores de enfermagem (principalmente os que atuam em ambiente 59 hospitalar), pois sua rotina de trabalho envolve o cuidado emuma perspectiva do fazer. (MARZIALE 2002, apud NOWAK 2013, p. 420). 4.4 Exposição a agentes biológicos Fonte: academysst.com.br A exposição dos trabalhadores de saúde ao risco ocupacional biológico é uma realidade. Mesmo quando os acidentes são notificados e os trabalhadores orientados para a realização do protocolo de monitoramento biológico, ainda existe significativa não- adesão por parte desses trabalhadores. O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho complexo, insalubre e com maior risco de exposição ocupacional a agentes biológicos, por admitir indivíduos portadores de diversas doenças infectocontagiosas, realizar procedimentos invasivos e ter contato direto a sangue e outros fluídos orgânicos potencialmente contaminados. (NOGUEIRA 2014, apud NEGRINHO 2016, p. 134). A saúde do trabalhador é entendida como um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como à recuperação e reabilitação da saúde de trabalhadores submetidos a riscos e agravos decorrentes de tais condições, abrangendo a assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho. 60 Cabe ressaltar a importância da composição multiprofissional e da abordagem interdisciplinar nas análises de risco. As análises de risco envolvem não apenas sistemas tecnológicos e agentes biológicos perigosos manipulados e/ou produzidos, mas também seres humanos, animais, complexos e ricos em suas naturezas e relações, não apenas biológicas, mas também sociais, que também se constituem em riscos, e devem ser considerados durante o processo de avaliação. (BRASIL 1997, apud TAPAJÓS, 2006, p. 12). Para a implementação das ações relativas à saúde do trabalhador, dificuldades como a descentralização, financiamento, controle social e gestão de trabalho são fundamentais, sendo que a mais complexa é a gestão, dado o processo de desregulamentação do trabalho. 4.5 Coleta seletiva dos resíduos sólidos de saúde Fonte: riograndetem.com.br O gerenciamento de resíduos deve ser implantado como rotina e devem ser oferecidas condições necessárias para seleção dos resíduos, recolhimento para um local de armazenamento até a coleta. No contexto atual de desenvolvimento humano, há uma crescente geração de resíduos, o que desencadeia sérios problemas relacionados à sua disposição final, exigindo esforços de gestores públicos de diferentes áreas, como saúde, meio ambiente, planejamento e saneamento, para o alcance de um gerenciamento adequado. (SILVA 2011, apud SANCHES 2017, p. 2509). 61 Para tal, faz-se necessário à Comissão de Gerenciamento de Resíduos incluindo em sua rotina um programa de treinamento para os profissionais geradores de resíduos e para os responsáveis pela limpeza e dispensação final destes. Recomenda-se que, em todo o ambiente, cada lixeira contenha a identificação do tipo de resíduo, com adesivo, com o uso de cores para identificar os recipientes e programação visual padronizando símbolos e descrições utilizadas. Resíduos Comum: São resíduos nos estados sólidos ou semissólidos, semelhantes aos resíduos domiciliares que resultam de atividades diversas de alimentação, limpeza, não oferecendo nenhum risco à sua manipulação ou à saúde pública. Tais resíduos devem ser acondicionados em lixeira com tampa e pedal identificada como lixo comum, com saco preto. Os sacos destas lixeiras menores deverão ter seu recolhimento ao final de cada turno. Resíduos Recicláveis: São resíduos sólidos que, após o uso, podem ter sua matéria prima reaproveitada, gerando economia de recursos naturais e financeiros, além gerar novos empregos através das usinas de reciclagem. São resíduos de plástico, vidro, papel, papelão e metal sem sujidade biológica visível. Compreende os frascos de soro, papeis de embrulho, caixas ou tubos plásticos de medicamentos, rolos vazios de esparadrapo, caixas de papelão, vidros, frascos- ampola vazios, copos descartáveis, tubos de alvejantes e detergentes, sacos plásticos, embalagens de água, refrigerantes, embalagens de alumínio, latas em geral. Os vidros grandes, frágeis ou quebrados devem ser protegidos em caixa de papelão antes do descarte no saco plástico. Acondicionar em lixeira com tampa e pedal identificada como lixo reciclável com recolhimento ao final de cada turno ou com 2/3 de sua capacidade preenchida. Resíduos Infectantes: São resíduos que resultam das atividades de assistência, laboratório ou atos cirúrgicos, que promovam liberação de material biológico, oferecendo risco à saúde pública ou à manipulação. Dentro deste grupo incluem-se os pérfurocortante que devem ter o descarte em recipiente apropriado antes de serem agregado ao restante dos resíduos infectantes. 62 Compreende as gazes, esparadrapo, sondas, drenos, cateteres, luvas, máscaras, gorros, bolsas coletoras de drenagens, papel contaminado, campos protetores de superfícies, dentre outros. Deve-se acondicionar estes resíduos em lixeira com tampa e pedal identificada como lixo infectante, com saco branco, devendo estas serem recolhidas ao final de cada turno ou com 2/3 de sua capacidade preenchida. As peças anatômicas e bolsas de sangue devem ser descartadas, em saco branco leitoso duplo dentro do recipiente para resíduos infectantes. Resíduos infectantes compreendem os perfuro cortantes, como seringas agulhadas, fios agulhados, lâminas de bisturi, lâmina de barbear, ampolas de medicação, scalp, gelcos, agulhas de sutura, dentre outros, devendo serem descartados em caixa apropriada rígida e impermeável), lacrar quando atingir 2/3 da capacidade indicada na caixa, descartar dentro do saco branco do lixo infectante até o recolhimento. Resíduos Farmacêuticos e Químicos: São resíduos tóxicos compostos por medicamentos vencidos, resíduos corrosivos, inflamáveis, explosivos, reativos, genotóxicos ou mutagênicos, reatores sorológicos vencidos, quimioterápicos e antineoplásicos, germicidas fora da validade, solventes, mercúrio líquido, soluções para revelação e fixação de radiografias. No Brasil, devido às condições precárias do sistema de gerenciamento de resíduos, não há estatísticas precisas a respeito do número de geradores, nem da quantidade de resíduos de serviços de saúde gerada diariamente. (TEIXEIRA 1996, apud GARCIA 2004, p.745). 63 4.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS Fonte: pt.slideshare.net A saúde dos trabalhadores constitui uma importante área da saúde pública com objetivo de promover e proteger a saúde, através do desenvolvimento de ações de acompanhamento dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, a organização e prestação de assistência, compreendendo procedimentos de diagnósticos, tratamento e reabilitação de forma integrada. O avanço científico da Medicina Preventiva, da Medicina Social e da Saúde Pública, durante os anos 1960/70, ampliou o quadro interpretativo do processo saúde-doença, inclusive em sua articulação com o trabalho. Essa nova forma de apreender a relação trabalho-saúde e de intervir no mundo do trabalho introduz, na Saúde Pública, práticas de atenção à saúde dos trabalhadores, no bojo das propostas da Reforma Sanitária Brasileira. (BRASIL 2001, apud GOMEZ 2018, p. 1964). Trabalhadores são todos que exercem atividade para sustento próprio ou de seus dependentes, qualquer que seja sua atividade executada no mercado de trabalho. Estão incluídas nesse grupo as pessoas que trabalham assalariado, domésticos, avulsos, agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores. Entre os fatores determinantes da saúde do trabalhador estão compreendidas as condições sociais, econômicas e os fatores de risco ocupacionais, físicos, químicos, 64 biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da organizaçãolaboral presentes nos processos de trabalho. 4.7 O adoecimento dos trabalhadores e sua relação com o trabalho Trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao trabalho, em consequências da profissão que exercem ou pelas condições adversas do trabalho. Destacam-se: Doenças infecciosas e parasitarias: Apresentam características, que as distinguem dos demais grupos, pois os agentes originários não são de natureza ocupacional. A ocorrência da doença depende das condições ou circunstancias em que o trabalho é executado e da exposição ocupacional que favorece o contato, o contagio ou transmissão e podem ser causadas por bactérias, vírus, riquétsias, clamídias e fungos. As parasitoses estão associadas a protozoários, helmintos e artrópodes. Dentre estas, tem destaque a Tuberculose, Carbúnculo, Brucelose, Leptospirose, Tétano, Dengue, Febre amarela, Hepatites virais, HIV, Candidíase, Paracoccidioidomicose, Malária, Leishmaniose cutânea ou cutaneomucosa. Neoplasias (Tumores): O termo neoplasia ou tumores designa um grupo de doenças caracterizadas pela perda de controle do processo de divisão celular, por meio do qual os tecidos normalmente crescem ou se renovam, levando a multiplicação celular desordenada. A inoperância dos mecanismos de regulação e controle de proliferação celular, além do crescimento incontrolável, pode levar, no caso do câncer, a invasão os tecidos vizinhos e a propagação para outras regiões do corpo, produzindo metástase. Apesar de não serem conhecidos como mecanismos envolvidos, estudos experimentais têm demonstrado que a alteração celular responsável pela produção de tumor pode se originar numa única célula e envolve dois estágios. No primeiro, denominado de iniciação, mudanças irreversíveis (mutações) ocorrem no material genético da célula. No segundo estágio, denominado de promoção, mudanças intra e extracelulares permitem a proliferação da célula transformada, dando origem a um nódulo que, em etapas posteriores, pode se disseminar para regiões distintas do corpo. Estes podem ter ligação com condições de trabalho para seu aparecimento, desenvolvimento e mau prognóstico. 65 Doenças do Sangue e dos Órgãos Hematopoiéticos: O sistema hematopoiético constitui um complexo formado pela medula óssea, outros órgãos hemoformadores e pelo sangue. Na medula óssea são produzidas, continuamente, as células sanguíneas, como eritrócitos, neutrófilos e plaquetas, sob rígido controle dos fatores de crescimento. Para que cumpram sua função fisiológica, os elementos celulares do sangue devem circular em número e estruturas adequados, sendo impressionante a capacidade produtiva da medula óssea. Toda a intensa atividade, torna a medula óssea muito sensível a infecções, aos agentes químicos, metabólicos e ambientais que alteram a síntese do DNA ou a formação celular. Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas: As prevenções das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho baseiam-se nos procedimentos de vigilância dos agravos à saúde, dos ambientes e das condições de trabalho, em conhecimento médico clínico, epidemiológico, de higiene ocupacional, toxicologia, ergonomia, psicologia, entre outros nas percepções dos trabalhadores sobre o trabalho e a saúde, envolvendo o conhecimento prévio das atividades e locais de atuação, onde existam substâncias químicas, agentes físicos ou biológicos e fatores de risco decorrentes da organização do trabalho, potencialmente causadores de doenças. Das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas ao trabalho destacam-se o Hipotireoidismo devido a substâncias exógenas e outras porfirias. O Hipotireoidismo é uma síndrome clinica resultante da deficiência de hormônios tireoidianos ocasionando a redução dos processos metabólicos com deposição de glicosaminas nos espaços intracelulares, particularmente na pele e músculos, produzindo um quadro clinico de mixedema, com sintomas em adultos reversíveis com tratamento. O hipotireoidismo é uma das doenças endócrinas mais comuns. O seu diagnóstico é feito usualmente por clínicos e atualmente também por outros especialistas, como ginecologistas e cardiologistas, conscientes dos seus efeitos indesejáveis. (COOPER 2012, apud BRENTA 2013, p. 268). O Hipotireoidismo pode ser classificado em primário (falência tireoidiana), secundário (déficit pituitário de TSH), terciário (deficiência hipotalâmica de TRH) e resistência periférica a ação do hormônio tireoidiano. 66 A deficiência de hormônio tireoidiano afeta todos os tecidos do corpo e provoca cansaço fácil, aumento de peso, frio, constipação intestinal, irregularidades menstruais e cãibras musculares. Transtornos Mentais e do Comportamento: A contribuição do trabalho para as alterações da saúde mental das pessoas e dada a partir de ampla gama de aspectos de fatores pontuais, como a exposição a determinado agente toxico, até a completa exposição de fatores relativos a organização do trabalho, como a divisão e parcelamento das tarefas, as políticas de gerenciamento das pessoas e a estrutura hierárquica organizacional. Os transtornos mentais e de comportamento relacionados ao trabalho resultam, assim, não de fatores isolados, mas de contexto de trabalho em interação com o corpo e aparato psíquico dos trabalhadores. As ações implicadas no ato de trabalhar podem atingir o corpo dos trabalhadores, produzindo disfunções e lesões biológicas, mas também reações psíquicas as situações de trabalho que provocam doenças, além de poderem desencadear processos psicopatológicos especificamente relacionados as condições do trabalho desempenhado pelo trabalhador. O trabalho na modernidade é marcado pela flexibilização e pela precarização social, ambos possuem diversos aspectos que repercutem negativamente na subjetividade do trabalhador. A precarização no mundo do trabalho é caracterizada por ritmos intensos e aumento da competitividade, falhas na prevenção e diluição das responsabilidades em relação a acidentes de trabalho, falta de reconhecimento e valorização social, fragilização dos vínculos, rupturas de trajetórias profissionais, banalização da injustiça social, dentre outras características que degradam as condições de trabalho e podem levar o trabalhador ao adoecimento físico e mental. (FRANCO 2010, apud SILVA 2016, p. 2). Os transtornos desse segmento, são caracterizados por demência em outras doenças especificas classificadas em outros locais, delírio, não-sobreposto à demência, transtorno cognitivo leve, transtorno orgânico de personalidade, transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado, alcoolismo crônico, episódios depressivos, estado de estresse pós-traumático, neurastenia (inclui síndrome de fadiga), outros transtornos neuróticos especificados, transtorno o ciclo vigília-sono devido a fatores não orgânicos e sensação do estar acabado (síndrome de burn-out, síndrome do esgotamento profissional). 67 Doenças do Sistema Nervoso: A vulnerabilidade do sistema nervoso aos efeitos da exposição ocupacional e ambiental a substanciais químicas, agentes físicos e fatores causais de adoecimento, decorrentes da organização do trabalho, tem ficado cada vez mais evidente, traduzindo-se em episódios isolados ou epidêmicos de doenças nos trabalhadores. Neste grupo de doenças destacam-se a ataxia cerebelosa, parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos, outras formas especificadas de tremor, transtorno extrapiramidal do movimento não-especificado, distúrbios do clico vigília- sono, transtornos do nervo trigêmeo, transtornos do nervo olfatório, transtorno do plexo braquial (síndrome de saída do tórax, síndrome do desfiladeiro torácico), mononeuropatias dos membros superiores síndrome do túnel do carpo, mononeuropatias do membro inferior, lesão do nervo poplíteo lateral, polineuropatia devidaa outros agentes tóxicos e polineuropatia induzida pela radiação e encefalopatia tóxica aguda. Doenças do Olho e Anexos: O aparelho visual é vulnerável a ação de inúmeros fatores de risco para a saúde presentes no trabalho como, agentes mecânicos, físicos, químicos, biológicos e ao sobre-esforço que leva a debilidade induzida por algumas atividades de monitoramento visual. O efeito de substâncias tóxicas sobre o aparelho visual tem sido reconhecido como um importante problema de saúde ocupacional. Destacam-se entre as doenças que acometem os olhos: blefarite, conjuntivite, queratite e queratoconjuntivite, catarata, inflamação coriorretiniana, neurite óptica, distúrbios visuais subjetivos. Doenças do ouvido: As doenças otorrinolaringológicas relacionadas ao trabalho são causadas por agentes ou mecanismos irritativos, alérgicos ou tóxicos. No ouvido interno, os danos decorrem da exposição a substâncias neurotóxicas e fatores de natureza física como ruído, pressão atmosférica, vibrações e radiações ionizantes. Os agentes biológicos estão frequentemente associados as inflamações do ouvido externo, aos eventos de natureza traumática e a lesão do pavilhão auricular. A exposição ao ruído, pela frequência e por suas múltiplas consequências sobre o organismo humano, constitui um dos principais problemas de saúde ocupacional e ambientais na atualidade. 68 Doenças do Sistema Circulatório: Apesar da crescente valorização dos fatores pessoais como sedentarismo, tabagismo e dieta, na determinação das doenças cardiovasculares, pouca atenção tem sido dada aos fatores de risco presentes na atividade ocupacional atual ou anterior dos pacientes. O aumento dramático da ocorrência de transtornos agudos e crônicos do sistema cardiocirculatório na população faz com que as relações das doenças com o trabalho mereçam maior atenção. As doenças cardiovasculares representam a primeira causa de óbito, correspondendo a cerca de um terço de todas as mortes no país. Dentre elas merecem destaque a hipertensão arterial e doença renal hipertensiva ou nefrosclerose, angina pectoris, infarto agudo do miocárdio, doença cardiopulmonar crônica, placas epicárdicas ou pericárdicas, parada cardíaca, arritmias cardíacas, aterosclerose e doença aterosclerótica do coração, síndrome de Raynaudg, acrocinianose e acroparestesia. Vários são os fatores de risco associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, os quais podem ser modificáveis e não modificáveis. Os fatores de riscos modificáveis incluem hiperlipidemia, tabagismo, etilismo, hiperglicemia, obesidade, sedentarismo, má alimentação e uso de contraceptivos; e os não modificáveis incluem história familiar de doenças cardiovasculares, idade, sexo e raça. (SMELTZER 2009, apud MAGALHÃES 2012, p. 395). Doenças do Sistema Respiratório: O sistema respiratório constitui uma comunicação importante do organismo humano com o meio ambiente, particularmente com o ar e seus constituintes. A poluição do ar no ambiente de trabalho associada a uma extensa gama de doenças do trato respiratório acometem desde o nariz até o espaço pleural. Entre os fatores que influenciam os efeitos da exposição a esses agentes estão as propriedades químicas, físicas dos gases e as características próprias do indivíduo, como herança genética, doenças persistentes e hábitos de vida, como tabagismo. O diagnóstico das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho baseia-se na história clínica-ocupacional completa, explorando os sintomas respiratórios, sinais clínicos e exames complementares, o estabelecimento de relação temporal adequada entre o evento e as exposições a que foi submetido o trabalhador. Considerando a dificuldade na identificação de certas doenças como, por exemplo, as neoplasias de 69 pulmão e pleura, são importantes as informações sobre a história ocupacional do indivíduo e de seus pais. Os exames complementares mais utilizados no diagnóstico destas doenças são a radiografia do tórax, provas de função pulmonar (espirometria, volumes pulmonares, difusão de gás carbônico), broncoscopia com lavado broncoalveolar, biopsia, testes cutâneos, gasometria arterial, hemograma, entre outros. Doenças Digestivas: Entre os fatores importantes para ocorrência das doenças digestivas relacionadas ao trabalho estão os agentes físicos, substâncias tóxicas, fatores da organização do trabalho, como estresse e situações de conflito, tensão, trabalho em turnos, fadiga, posturas forçadas, horários e condições inadequadas para alimentação, atrelados a radiações ionizantes, vibrações, ruído, temperaturas extremas e exposição a mudanças rápidas e radicais de temperatura ambiente. Os fatores relacionados à organização do trabalho são responsáveis pela crescente ocorrência de problemas e queixas gastrintestinais entre os trabalhadores, como as condições de fadiga física em trabalho muito pesado, trabalho em turnos, situações de conflito e de estresse, exigência de produtividade e controle excessivo podem desencadear quadros de dor epigástrica, regurgitação e aerofagia, diarreia e ulcera péptica. Doenças da pele: Compreendem as alterações da pela mucosa e anexos, direta ou indiretamente causadas, mantidas ou agravadas pelo trabalho. São determinadas pela interação de fatores predisponentes ou causas indiretas, como idade, gênero, etnia, antecedentes mórbidos e doenças concomitantes, fatores ambientais, como clima e hábitos de higiene. É fundamental aos trabalhadores a garantia de condições para a limpeza e higiene pessoal nos locais de trabalho, como o acesso fácil à água corrente, quente e fria, em abundancia, com chuveiros, torneiras, toalhas e agentes de limpeza apropriados, disponibilidade de limpadores e toalhas de mão para a limpeza sem agua para óleos, graxas e sujeiras aderentes, creme hidratante para ser usado nas mãos, especialmente se for necessário lava-las com frequência, roupas protetoras com a finalidade de bloquear substâncias com a pele, uniformes e aventais devem estar limpos e serem lavados e trocados diariamente. 70 A roupa deve ser escolhida de acordo com o local da pele que necessita de proteção e com o tipo de substancia química envolvida, incluindo luvas de diferentes comprimentos, sapatos e botas, aventais e macacões de materiais diversos como plástico, borracha natural ou sintética, fibra de vidro, metal ou combinação de materiais. Capacetes, bonés, gorros, óculos de segurança e proteção respiratória também podem ser necessários. A LER/DORT: As transformações em andamento no mundo do trabalho, decorrentes da introdução de novos modelos organizacionais e de gestão, tem, repercussões ainda pouco conhecidas sobre a saúde dos trabalhadores dentre as quais destacam-se as Lesões por Esforço Repetitivo e os distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT). Parece haver um considerável consenso de que o ritmo acelerado imposto pelo capitalismo aos trabalhadores é o fator primordial para o desencadeamento da epidemia dessa síndrome. (SILVA 2010, apud MORAES 2017, p. 626). Esse grupo de transtornos apresenta como características comuns o aparecimento e evolução de caráter traiçoeiro, origem multifatorial complexa, na qual se entrelaçam inúmeros fatores casuais, entre eles exigências mecânicas repetidas por períodos de tempo prolongados, utilizando de ferramentas vibratórias, posições forcadas, fatores de organização do trabalho como, exigência de produtividade, competitividade, programas de incentivo à produção e de qualidade. Essas utilizam estratégias de intensificação do trabalho e de controle excessivo dos trabalhadores, sem levar em conta as características individuais dos trabalhadores, os traços de personalidade e sua história de vida. O diagnóstico anatômico preciso desses eventos é difícil, particularmente em casos subagudos, crônicos, e o nexo com o trabalhotem sido objetivo de questionamento, apesar das evidencias epidemiológicas e ergonômicas. Os sinais, sintomas de LER/DORT são múltiplos e diversificados, destacando- se a dor espontânea ou à movimentação passiva, ativa ou contra resistência, alterações sensitivas de fraqueza, cansaço, peso, dormência, formigamento, sensação de diminuição, perda ou aumento de sensibilidade, agulhadas, choques, dificuldades para o uso dos membros, particularmente das mãos, e, mais raramente, sinais flogísticos e áreas de hipotrofia ou atrofia. 71 A compreensão dos mecanismos fisiopatológicos de LER/DORT é importante, para orientar as condutas terapêuticas a serem adotadas. Doenças Renais: A exposição ambiental ou ocupacional a agentes biológicos, químicos e farmacológicos pode lesar, de forma aguda ou crônica, os rins e o trato urinário. O sofrimento, o comprometimento da qualidade de vida, a morte do trabalhador vítima de uma doença renal ou do trato urinário, o custo social decorrente de sua incapacidade para o trabalho, os tratamentos dispendiosos a que deverá ser submetido, como os procedimentos de dialises ou transplante dos rins, entre outros, aumenta a importância do controle, o monitoramento dos ambientes e condições de trabalho em que estão presentes fatores de risco de lesão para o sistema geniturinário. Esta prevenção baseia-se nos procedimentos de controle e acompanhamento da saúde do trabalhador pautada na vigilância epidemiológica de agravos e vigilância sanitária de ambientes de trabalho. A nefrite é o resultado de um processo inflamatório difuso dos glomérulos renais tendo por base um fenômeno imunológico, que ocorre quando uma substância estranha (antígeno) entra na circulação e é levada aos setores de defesa do corpo. O organismo, para se defender do antígeno agressor, produz um anticorpo. A reunião do antígeno com o anticorpo forma um complexo solúvel antigenoanticorpo que, circulando pelo organismo, pode se depositar nos tecidos, criando as lesões inflamatórias. A nefrite é o resultado de um processo inflamatório difuso dos glomérulos renais tendo por base um fenômeno imunológico. Quando o glomérulo é o tecido atingido, a lesão inflamatória chama-se glomerulonefrite. As lesões inflamatórias do rim podem ser mínimas ou de tal intensidade que esclerosem totalmente o glomérulo. Quanto maiores as lesões, maiores serão as manifestações clinicas e laboratoriais da doença. Os sinais da nefrite, como a presença de sangue e de proteínas na urina e comprometimento da função renal dependem do tipo, da localização e da intensidade da reação imune. No entanto, os vários distúrbios que lesam os rins podem produzir tipos diferentes de lesão, de sintomas e consequências. Os distúrbios renais nos quais a inflamação afeta principalmente os glomérulos são denominados glomerulopatias. Embora as causas variem, as glomerulopatias são 72 semelhantes porque os glomérulos sempre respondem de modo similar, independentemente da causa. Existem quatro tipos principais de glomerulopatias. A síndrome nefrítica aguda começa repentinamente e, geralmente, apresenta uma resolução rápida. A síndrome nefrítica rapidamente progressiva inicia subitamente e piora rapidamente. A síndrome nefrotica acarreta a perda de uma grande quantidade de proteínas na urina. A síndrome nefrítica crônica apresenta um início gradual e piora muito lentamente, frequentemente ao longo de vários anos. Quando o glomérulo é lesado, as substâncias presentes no sangue, que normalmente não são filtradas e podem passar através do glomérulo e serem eliminadas na urina, acarretam a formação de minúsculos coágulos sanguíneos nos capilares que irrigam o glomérulo. Esses coágulos, juntamente com outras alterações, podem reduzir enormemente a quantidade de urina produzida, tornando os rins incapazes de concentrar a urina, de excretar ácido do organismo, ou de equilibrar a excreção de sais. Inicialmente, o glomérulo pode compensar parcialmente essa situação, mas o comprometimento progressivo acarreta a diminuição da produção de urina e o acumulo de produtos tóxicos da degradação metabólica no sangue. Para todas as glomerulopatias, o diagnóstico é estabelecido através da realização de uma biopsia renal, com coleta de uma pequena amostra do tecido renal, comumente através da inserção de uma agulha da pele até o rim. A amostra e submetida ao exame microscópico antes e após ser corada, para se observar o tipo e a localização das reações imunes no interior do rim. Um exame de urina ajuda no diagnóstico e os exames de sangue de rotina sugerem a extensão do comprometimento da função renal. A determinação dos níveis de anticorpos em amostras de sangue pode ajudar a determinar se os níveis estão aumentando ou caindo. As doenças renais crônicas (DCR) têm recebido maior atenção dos profissionais da área da saúde nas últimas décadas. Isso se deve ao importante papel desempenhado da população mundial e brasileira, tornando- se um problema de saúde pública. (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2009, apud SOUZA 2014, p. 3). A evolução e prognóstico de uma glomerulopatia varia de acordo com a causa subjacente. Através de tratamento pode-se modificar a reação imune removendo o antígeno, o anticorpo ou o complexo antigenoanticorpo através de procedimentos como a plasmaferese, a qual remove substâncias nocivas do sangue, ou tentam suprimir a 73 reação imune com medicamentos antiinflamatorios e imunossupressores como os corticosteroides, a azatioprina e a ciclofosfamida. A Doença Renal Crônica (DRC) consiste em lesão renal e geralmente perda progressiva e irreversível da função dos rins. É definida pela presença de lesão renal mantida há pelo menos 3 meses com ou sem redução da função de filtração e classificada em estágios de acordo com a evolução. Efetivamente o trabalho é influenciado por vários e diversos elementos de índole contextual, entre os quais se destacam por exemplo: a estrutura macroeconómica; o grau de desenvolvimento socioeconómico e cultural; o nível e o modelo de industrialização; o modelo organizativo, as características dominantes dos serviços e da prestação de cuidados de segurança, higiene e saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho; o sistema nacional de prestação de cuidados de saúde e a maior ou menor (des)valorização do trabalho pelas sociedades e por quem trabalha. Todos esses elementos influenciam e condicionam as complexas relações entre o trabalho e a saúde/ (doença). (SOUZA 2009, apud UVA 2013, p. 44). 5 ACIDENTES COM MATERIAL BIOLÓGICO Fonte: www.ebserh.gov.br A exposição a material biológico potencialmente contaminado pode resultar em infecção por patógenos como o vírus da imunodeficiência humana e os vírus das hepatites B e C. Os acidentes ocorrem habitualmente através de ferimentos com agulhas, material ou instrumentos cortantes ou a partir do contato direto da mucosa 74 ocular, nasal, oral e pele não íntegra com sangue ou materiais orgânicos contaminados, sendo, portanto, potencialmente preveníveis. Caracterizam-se pelo contato de mucosas e pele não íntegra ou acidente percutâneo com sangue ou qualquer outro material biológico potencialmente infectante, como sêmen, secreção vaginal, nasal e saliva, líquor, líquido sinovial, peritoneal, pericárdico e amniótico. As exposições ocupacionais podem ser percutâneas: lesões provocadas por instrumentos perfurantes e/ou cortantes (agulhas, bisturi, vidrarias), em mucosas: respingos em olhos, nariz, boca e genitália, e em pele não-íntegra: dermatites. 5.1 Fatores de risco para ocorrência de infecção A ocorrência da infecção depende da patogenicidade do agente infeccioso, do volume e o material biológico envolvido, da carga viral/bacteriana da fonte de infecção, da forma de exposição e da susceptibilidade do profissional de saúde. O sangue é o fluido corpóreo que contém a concentraçãomais alta de agentes patogênicos, como do vírus da hepatite B e é o veículo de transmissão mais importante em estabelecimentos de saúde. O HBsAg (antígeno de superfície da hepatite B) também é encontrado em vários outros fluidos corpóreos incluindo o sêmen, secreção vaginal, leite materno, líquido cefalorraquidiano, líquido sinovial, lavados nasofaríngeos e saliva. O contágio do vírus HIV, se dá pelo contato com sangue, líquido orgânico contendo sangue visível e líquidos orgânicos potencialmente infectados. Fezes, secreção nasal, saliva, escarro, suor, lágrima, urina e vômitos, se não conterem sangue, são consideradas não-infectantes. Para Hepatite B e C os materiais biológicos como escarro, suor, lágrima, urina, e vômitos são considerados não-infectantes. 5.2 Cuidados ao manusear material pérfurocortante e biológico É necessária muita atenção durante a realização de procedimentos invasivos, sendo totalmente contraindicado o uso dos dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam material pérfurocortante, nunca reencapar, entortar, quebrar ou desconectar agulhas de seringas. Deve-se proceder sempre com o descarte 75 de agulhas, scalp, lâminas de bisturi e vidrarias, mesmo que estéreis, em recipientes rígidos, utilizando EPIs próprios para o procedimento, sapatos fechados de couro ou material sintético. 5.3 Procedimentos recomendados pós-exposição a material biológico Após exposição em pele íntegra, lavar o local com água e sabão ou solução antisséptica com detergente abundantemente. O contato com pele íntegra minimiza a situação de risco. Nas exposições de mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água ou solução salina fisiológica, se o acidente for percutâneo, lavar imediatamente o local com água e sabão ou solução antisséptica com detergente. Não fazer espremedura do local ferido, pois favorece um aumento da área exposta. A utilização de soluções irritantes (éter, hipoclorito de sódio) também está contraindicada. A avaliação do acidente deve ocorrer imediatamente após o fato e, inicialmente, basear-se em uma adequada anamnese, caracterização da paciente fonte, análise do risco, notificação do acidente e orientação de manejo e medidas de cuidado com o local exposto. A exposição ocupacional a material biológico deve ser avaliada quanto ao potencial de transmissão de HIV, HBV e HCV com base no tipo de exposição, tipo e quantidade de fluido e tecido, situação sorológica da fonte, situação sorológica do acidentado e susceptibilidade do profissional exposto. Sempre que possível o paciente-fonte deverá ser avaliado quanto à infecção pelo HIV, Hepatite B e C, no momento da ocorrência do acidente. Caso a fonte seja conhecida, mas sem informação de seu status sorológico, é necessária realização de exames diagnósticos. Em caso de recusa ou impossibilidade de realizar os testes, considerar o diagnóstico médico, sintomas e história de situação de risco para aquisição de HIV, HBC e HCV. O profissional de saúde deve desenvolver um sentido de responsabilidade com relação à sua própria segurança e à segurança de seu paciente. Para tal, é necessário obter conhecimentos específicos acerca de como podem ocorrer os acidentes de trabalho, bem como ser responsável pela manutenção da segurança do ambiente através das ações educativas. São responsáveis também, em casos de acidentes com materiais perfuro cortantes, pelo registro do acidente, devendo ainda levar em consideração as condições do paciente, 76 bem como deve ser realizado acompanhamento sorológico (Anti-HIV, Ag Hbs, Anti-HBS, Anti-HCV) deste e do funcionário que se acidentou, com acompanhamento após 2 e 6 meses da ocorrência do acidente. (AMARAL 2003, apud SANTOS 2014, p. 70). Quando a fonte é desconhecida levar em conta a probabilidade clínica e epidemiológica de infecção pelo HIV, HCV, HBV através da prevalência de infecção naquela população, local onde o material perfurante foi encontrado, procedimento ao qual ele esteve associado, presença ou não de sangue, dentre outros. Quando não houver informações sobre a fonte, realizar quimioprofilaxia, que deve ser tratada como emergência médica, sendo iniciada o mais precocemente possível, quando indicada, idealmente até duas horas após o acidente e, no máximo, até 72 horas. A duração da quimioprofilaxia é de 28 dias. Diante de uma intercorrência, atentar sempre para a verificação da caderneta de imunização da pessoa exposta ao risco, para a vacinação para hepatite B, e realizar comprovação através do Anti-HBs e realização de sorologia do acidentado para HIV, HBV e HCV. A conduta com relação ao paciente acidentado será definida de acordo com os resultados de cada pessoa, no caso de um paciente-fonte HIV positivo, prosseguir com análise do acidente e indicação de quimioprofilaxia antirretroviral. No caso de paciente- fonte HIV negativo não está indicada a quimioprofilaxia antirretroviral. Em paciente- fonte com situação sorológica desconhecida, realizar o teste para o vírus HIV, HBV e HCV. Quando indicada, a Profilaxia Pós Exposição deverá ser iniciada o mais rápido possível. Mulheres em idade fértil deverão realizar o teste de gravidez, principalmente as que não sabem informar sobre a possibilidade de gestação em curso. 77 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. RDC N° 50. Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, DF, 21 de fevereiro de 2002. ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. 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