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UniAGES Centro Universitário Bacharelado em Nutrição MILLENA CAROLLINA ALVES BEZERRA ISOLAMENTO SOCIAL: o impacto da COVID-19 no comportamento alimentar Paripiranga 2021 MILLENA CAROLLINA ALVES BEZERRA ISOLAMENTO SOCIAL: o impacto da COVID-19 no comportamento alimentar Monografia apresentada no curso de graduação do Centro Universitário AGES como um dos pré- requisitos para obtenção do título de bacharel em Nutrição. Orientador: Prof. Me. Igor Macedo Brandão Paripiranga 2021 MILLENA CAROLLINA ALVES BEZERRA ISOLAMENTO SOCIAL: o impacto da COVID-19 no comportamento alimentar Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de bacharel em Nutrição à Comissão Julgadora designada pela Coordenação de Trabalhos de Conclusão de Curso do UniAGES. Paripiranga, 8 de julho de 2021. BANCA EXAMINADORA Prof. Igor Macedo Brandão UniAGES Prof. Fabio Luiz Oliveira de Carvalho UniAGES Prof. Dalmo Moura Costa UniAGES AGRADECIMENTOS Venho por meio deste, expressar os meus agradecimentos, primeiramente quero agradecer a Deus, pela minha vida, e por me permitir ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo desses 4 anos, onde achei que não tivesse forças para concluir essa extensa e dificultosa jornada da minha vida, sempre que fraquejei me estendeu a mão, me dando forças e mostrando-me o caminho certo para continuar e não desistir dos meus sonhos. Quero agradecer a minha família, em especial a minha avó materna Nair, que é uma mulher guerreira e tenho muito orgulho de ser sua neta e mesmo com todas as dificuldades não mensurou esforços para me ajudar e sempre me deu forças para nunca desistir, me educou, para que acima do profissionalismo, ser uma pessoa humilde e tratar com dignidade e respeito a todos. Palavras seriam insuficientes para agradecê-la nesse momento, assim deixo que a minha felicidade expresse o quanto eu a amo. Aos meus pais, Márcia e Edson pelo apoio que serviu de alicerce para as minhas realizações, muito obrigada por sempre me incentivarem e acreditarem que eu seria capaz de superar os obstáculos que a vida me apresentou. A minha irmã Bruna Gabriella, por toda cumplicidade, amizade e amor existente entre nós. Ao meu esposo, Tibúrcio Júnior, por ter sido tão presente em cada momento da minha vida, jamais me negou apoio, carinho e incentivo, obrigada por aguentar tantas crises de estresse e ansiedade. Sou grata por me ajudar a alcançar essa conquista. Eu te amo. Aos meus colegas de graduação Winícius, Isabella, Lucas, Wanessa, Ernandes, Augusto, Virginia, Alexandre, Reinara, Bianca, Taynara e Waléria, obrigado por todo companheirismo, por descontraírem essa tensão toda e tornarem essa jornada difícil um pouco mais divertida. Em especial a minha eterna dupla de estágio Maiara Oliveira, por todo companheirismo, respeito, amor e sintonia. Aos professores Jamylle Araújo, Rôas de Araújo, Augusto Teixeira, por esses anos de aprendizado e amizade, inclusive o orientador deste trabalho, Igor Brandão pela paciência, dedicação e compromisso no desenvolvimento do meu TCC. Para finalizar, agradeço aos preceptores, Jeovani Santana e Kauan Melo, que apesar dos tempos difíceis nunca mediram esforços para compartilhar os seus conhecimentos de forma online, sempre com excelência, sendo assim essencial para minha formação, enfim, a todos que diretamente ou indiretamente me ajudaram para que eu chegasse até aqui. RESUMO A COVID-19 é uma patologia infecciosa que já acometeu diversos indivíduos no Brasil e no mundo. Seus sintomas incluem febre, tosse, fadiga, hemoptise e dispneia, e em casos graves pneumonia, síndrome do desconforto respiratório, falência de vários órgãos e dentre outras, sendo sua forma de transmissão as gotículas respiratórias. Dessa maneira, o isolamento social tornou-se um método essencial de impedimento de transmissão para a doença, no entanto, também desencadeou no desenvolvimento de mudanças nos hábitos alimentares dos indivíduos, através da ocorrência de depressão, estresse ou ansiedade. Assim, o presente estudo objetivou tratar sobre o impacto do isolamento social no comportamento alimentar dos indivíduos no Brasil. Foi realizado o mesmo por meio de uma Revisão Bibliográfica a partir do uso das palavras-chave: “isolamento social”, “COVID-19”, “comportamento social”, “comportamento alimentar” e alocadas nas bases de pesquisa Google Acadêmico, SciELO (Scientific Eletronic Library) e PubMed (Public Medline). Aplicados os critérios de exclusão e inclusão totalizaram em torno de 7 artigos para leitura final e análise de estudos. Constatou-se que o isolamento social desencadeou o desenvolvimento de práticas alimentares não- saudáveis nos indivíduos, de modo que foram ocasionadas pelo estresse, depressão ou ansiedade. Ademais, afirma-se que a alimentação equilibrada auxilia no aumento da imunidade e na prevenção de morbidades tidas como grupo de risco da COVID-19. Pode-se dizer, portanto, que a nutrição tem papel importante para a redução de riscos provenientes da COVID-19 e no tratamento multiprofissional de compulsões alimentares por disfunções mentais. PALAVRAS-CHAVE: COVID-19. Comportamento alimentar. Mudanças alimentares. Isolamento social. ABSTRACT COVID-19 is an infectious pathology that has already affected several individuals in Brazil and worldwide. Its symptoms include fever, cough, fatigue, hemoptysis and dyspnea, and in severe cases pneumonia, respiratory distress syndrome, failure of various organs and others, its form of transmission being respiratory droplets. Thus, social isolation has become an essential method of preventing transmission to the disease, however, it has also triggered in the development of changes in the eating habits of individuals, through the occurrence of depression, stress or anxiety. Thus, the present study aimed to deal with the impact of social isolation on the eating behavior of individuals in Brazil. The same was accomplished through a Bibliographic Review based on the use of the keywords: "social isolation", "COVID-19", "social behavior", "eating behavior" and assigned in the Google Scholar, SciELO (Scientific Electronic Library) and PubMed (Public Medline) search bases. The exclusion and inclusion criteria totaled around 7 articles for final reading and analysis of studies. It was found that social isolation triggered the development of unhealthy eating practices in individuals, so that they were caused by stress, depression or anxiety. Moreover, it is stated that balanced feeding helps to increase immunity and prevent morbidities seen as a covid-19 risk group. It can be said, therefore, that nutrition plays an important role in reducing risks from COVID-19 and in the multiprofessional treatment of binge eating disorders for mental dysfunctions. KEYWORDS: COVID-19. Eating behavior. Food changes. Social isolation. LISTAS LISTA DE FIGURAS 1: Fatores determinantes para o comportamento alimentar........................................14 2: Criança assistindo propaganda de sorvete.............................................................17 3: SARS- CoV-2, vista microscópica...........................................................................19 4: Principais fatores de risco associados à COVID-19................................................21 5: Representações da testagem do COVID-19 com teste rápido(A) e PCR (B)..22-23 6: Esquema da propagação viral.................................................................................24 7: Prática correta da higienização das mãos...............................................................25 8: Diferenciação entre isolamento social versus quarentena......................................27 9: Categorias principais das “comfortfoods”................................................................31 10: A- Principais alimentos ultraprocessados consumidos; B- Representação desses principais alimentos comercializados....................................................................34-35 11: Influências positivas no equilíbrio da imunidade corporal......................................37 12: Opções de suplementação par auxiliar no tratamento de infecções por vírus.......40 13: Porcentagem de artigos escolhidos para a leitura final em detrimento das bases de dados.....................................................................................................................41 14: Principais sentimentos relatados das pessoas em isolamento social....................45 15: Principais alimentos não-saudáveis consumidos durante a pandemia de COVID- 19................................................................................................................................46 LISTA DE QUADROS 1: Relação dos artigos escolhidos para leitura final e suas referências, títulos, objetivos e resultados...............................................................................................................42-44 2: Principais alimentos em que pode ser encontradas os nutrientes descritos............47 LISTA DE SIGLAS EPI Equipamentos de Proteção Individual OMS Organização Mundial de Saúde RT-PCR Reação em Cadeia da Polimerase com Transcrição Reserva SARS-CoV-2 Síndrome Respiratória Aguda Grave de Coronavírus 2 TC Tomografia Computadorizada SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................... ................................10 2 METODOLOGIA......................................................................................................12 3 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................13 3.1 Comportamento Alimentar................................................................................13 3.1.1 Ambiente Familiar......................................................................................15 3.1.2 Fatores Psicológicos.................................................................................16 3.1.3 Influência da Mídia.....................................................................................16 3.1.4 Influências Culturais..................................................................................17 3.2 Pandemia do COVID-19 (SARS-CoV-2)...........................................................18 3.2.1 Caracterização e Origem...........................................................................18 3.2.2 COVID-19: A Doença................................................................................20 3.2.2.1 Epidemiologia, Sintomas, Fatores de Risco, Diagnóstico e Transmissão...20 3.2.2.2 A Prevenção e o Isolamento Social.........................................................24 3.2.2.2.1 A Prevenção........................................................................................24 3.2.2.2.2 Isolamento Social: principal medida do enfrentamento ao COVID-19...26 3.2.3 Impactos da COVID-19 nos aspectos Econômicos e Socioculturais..........28 3.2.3.1 Principais Impactos Econômicos............................................................28 3.2.3.2 Principais Impactos Socioculturais ........................................................29 3.3 Alimentação versus COVID-19 (SARS-CoV-2).................................................30 3.3.1 Principais Alimentos Não-Saudáveis Consumidos no Isolamento Social: Ultraprocessados...................................................................................................32 3.3.2 Imunidade versus COVID-19: Definições Gerais...........................................36 3.3.3 Alimentação e sua Importância para Imunidade............................................38 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................41 4.1 Caracterização dos Resultados........................................................................41 4.2 Discussão.........................................................................................................44 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................49 REFERÊNCIAS..........................................................................................................51 10 1 INTRODUÇÃO A COVID-19 é uma patologia ocasionada pelo coronavírus (SARS-CoV-2), sendo identificada pela primeira vez na China, no final de 2019. A partir do dia 11 de março do ano de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou uma pandemia mundial. Em relação especificamente ao Brasil, a partir de fevereiro, a doença já era considerada uma Emergência de Saúde Pública no país (OLIVEIRA et al., 2020). Dessa maneira, os sintomas causados pela COVID-19 incluem: febre, tosse, fadiga, hemoptise e dispneia; em casos mais graves, pode ocorrer: pneumonia, síndrome do desconforto respiratório, problemas cardíacos agudos e falência de vários órgãos. Tem-se como forma de transmissão as gotículas respiratórias (NUNES et al., 2020). Dentre as medidas não farmacológicas para evitar o avanço do novo vírus, a OMS considerou como medida mais eficiente o isolamento social, trazendo novas configurações sociais, permitindo apenas serviços essenciais ou que não gerassem aglomeração (DOS REIS VERTICCHIO; DE MELO VERTICCHIO, 2020). No entanto, cumpre-se em afirmar que, à mesma medida que o isolamento social contribui para o não avanço da doença, também gera diversas implicações no comportamento social dos isolados, a exemplo de: mudanças no sono; ingestão de bebidas alcoólicas; prática de atividade física ou sedentarismo; mudanças alimentares e dentre outras (DOS REIS VERTICCHIO; DE MELO VERTICCHIO, 2020). Em relação especificamente às mudanças alimentares, observadas em muitos indivíduos durante a pandemia, pode-se dizer que alterações psicoemocionais e ambientais estão ligadas a essa problemática (DURÃES et al., 2020). Assim, podem ser citadas algumas motivações, como: o estresse de maneira prolongada, que faz o indivíduo procurar alimentos não-saudáveis; a segurança alimentar, bastante comprometida com a incidência do vírus, gerando maior consumo de produtos industrializados; a produção, comercialização, oferta e consumo dos alimentos naturais foram afetados; maior acesso a comidas industrializadas (DURÃES et al., 2020). No entanto, por ser um fenômeno novo, o isolamento social e suas implicações relacionadas ao comportamento alimentar do indivíduo nesse período pandêmico ainda é pouco explorado pela literatura. Assim, têm-se como perguntas norteadoras: 11 quais foram as principais modificações na vida em sociedade nesse período? Quais as principais mudanças alimentares ocorridas? Quais as principais causas para essas mudanças alimentares? Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo geral analisar, por meio de uma Revisão Bibliográfica, em detrimento ao contexto da pandemia de COVID-19, a implicação do isolamento social e da pandemia em geral no comportamento alimentar dos indivíduos. Ademais, podem ser citados os objetivos específicos: descrever as principais modificações sociais ocorridaspor conta da pandemia; apresentar quais as principais mudanças alimentares ocorridas nesse período, principalmente após o acontecimento do isolamento social; delimitar as principais causas para essas mudanças alimentares. 12 2 METODOLOGIA A presente monografia se trata de uma Revisão Bibliográfica, realizada por meio de coletas de trabalhos em bases de dados. Para realização desse estudo, foram utilizados os seguintes descritores: “isolamento social”, “COVID-19”, “comportamento social”, “comportamento alimentar”, limitando a pesquisa ao idioma inglês e português, com artigos disponíveis para leitura, como também, aqueles que possuíam relevância com o tema, com limitações temporais de 2011 a 2021, consultados nas bases de dados: SciELO (4 artigos), PubMed (21 artigos) e Google Acadêmico (49 artigos). Como primeira fase da seleção de artigos para leitura final buscou-se fazer a retirada de artigos que estavam duplicados ou que não estavam disponíveis para leitura, restando 63 artigos. Logo após, foram lidos os títulos e resumos dos trabalhos restantes, de modo que restaram 30 trabalhos. Para a leitura final foram selecionados esses 16 artigos restantes, e escolhidos 7, de acordo com sua relevância ao tema, para realização do estudo. 13 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Comportamento Alimentar A alimentação não se resume apenas à necessidades biológicas, mas sim como um ato composto de significados adentrados aos alimentos, de modo que acompanhem do preparo até o consumo. Em sua percepção relacionada à antropologia, entende-se que a alimentação se constitui em duas áreas: a do conhecimento e a do natural e cultural (ATZINGEN, 2011). No campo do conhecimento sua importância se dá pela simbologia dos seus costumes; como também, pelos valores culturais e familiares; e, por fim, à sua naturalidade, ou seja, às condições fisiológicas do corpo, o fornecimento do alimento pela natureza e entre outras situações (MORAES, 2014). Dessa forma, o mesmo autor trata da relação existente entre alimentação e fatores sociais, econômicos, culturais e familiares: O ato de alimentação, além de suprir a demanda nutricional, hoje está agregado de valores e necessidades, sofreu mudanças em níveis culturais, familiares, econômicos. Assim, a escolha está direcionada conforme sistema social-cultural, condicionada pelo ambiente ao qual o indivíduo está inserido (MORAES, p.13, 2014). Para que seja entendida a relação do indivíduo e a alimentação espera-se delimitar a concepção de comportamento alimentar. Contudo, primeiramente, Vaz e Bennemann (2014), apresentam a definição de comportamento como sendo: Enquanto que a definição de comportamento tem origem latina: porto, que significa levar, em português passou à forma reflexiva “portar-se” que se trata do conjunto de ações do indivíduo com base nas informações recebidas, que são caracterizadas através da mudança, do movimento ou da reação de qualquer entidade ou sistema em relação a seu ambiente ou situação. Conceito que pode ser complementado pela ideia de Aurélio (2008), que traz a definição de comportamento, como a maneira de se comportar, procedimento, conduta, ato (VAZ; BENNEMANN, 2014). Desse modo, a conceituação de comportamento diz respeito à forma como o indivíduo se comporta, a sua conduta, suas ações perante os seus costumes e o que 14 foi ensinado. Assim, busca-se elucidar acerca do comportamento alimentar, como também, a sua diferenciação com o hábito alimentar. Hábito e comportamento são conceituações que se diferem, mas que se relacionam. Enquanto que os hábitos alimentares dizem respeito à percepção de consumo ou ingestão de alimentos; o comportamento alimentar, em muitas das vezes, corresponde aos fatores psicológicos da alimentação (KLOTZ-SILVA; PRADO; SEIXAS, 2016). O comportamento ambiental é considerado como uma ação complexa, que abrange tanto fatores internos quanto externos relacionados aos indivíduos, sendo representados, principalmente, pelos fatores: biológicos, sociais, psicológicos, ambientais, culturais, assim como apresenta a figura 1 (MORAES, 2014). Figura 1: Fatores condicionantes para o comportamento alimentar. Fonte: Elaboração do autor (criado em 2021). Primeiramente, cumpre-se em falar dos fatores intrínsecos: o modo do preparo do alimento; os aspectos; as texturas; temperatura; cor; sabor e entre outros. Quanto aos fatores extrínsecos: fatores do ambiente; de acordo com as situações; publicidade; variações sazonais. Em relação ao aspecto biológico: de acordo com o sexo; idade; condições fisiológicas, a exemplo de doenças; fatores psicológicos (VAZ; BENNEMANN, 2014). FATORES PESSOAIS FATORES ECONÔMICO S FATORES CULTURAIS FATORES BIOLÓGICO S FATORES INTRÍSECOS FATORES EXTRÍNCEC OS 15 Em detrimento dos aspectos econômicos pode-se afirmar que são principais condicionantes as situações econômicas e o custo dos alimentos. Os fatores pessoais correspondem às especificidades de cada indivíduo, a dizer: o grau de expectativa; o humor; a influência das outras pessoas; a personalidade; as emoções; ambiente familiar; forma de educação (VAZ; BENNEMANN, 2014). No entanto, podem ser destacados alguns condicionantes do comportamento alimentar como sendo os mais abordados e discutidos atualmente, podendo citar: o ambiente familiar, os fatores psicológicos, a influência da mídia, as influências culturais. Sendo o enfoque do estudo aqui desenvolvido, os fatores correspondentes à psicologia, de modo que seja apresentada a influência do isolamento social frente às mudanças de comportamento alimentar. 3.1.1 Ambiente Familiar A relação existente entre o comportamento alimentar e a família se dá na perspectiva da alimentação infantil. Ao nascerem os indivíduos vivem as primeiras relações sentimentais e de relação, de modo que se tornam extremamente necessárias para o desenvolvimento infantil. Dessa forma, a família tem interferência direta na construção da personalidade (COELHO; PIRES, 2014). Ao mesmo tempo em que as crianças crescem podem obter o controle dos seus gostos, das suas preferências, de modo que os pais são deixados mais de lado nas escolhas. Dessa forma, para que haja um equilíbrio nessas duas situações, os agentes familiares devem dar lugar à alimentação apropriada e uma prática educativa voltada para que isso se estabeleça (MORAES, 2014). Outro aspecto importante a ser relatado é que, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, na maior parte das situações, as crianças ou adolescentes adquirem a maior parte de suas vivências em espaços como escolas ou creches, que em busca da comodidade e praticidade, também formam um comportamento alimentar inadequado, com consumo de produtos industrializados ou lanches. Assim, pode-se entender que a família é um fator decisivo nessa questão, que também pode ser estimulada com determinantes culturais (VAZ; BENNEMANN, 2014). 16 3.1.2 Fatores Psicológicos Em detrimento dos fatores psicológicos, é entendido que a autoconfiança na realização de escolhas saudáveis e não-saudáveis influencia no comportamento alimentar. Dessa forma, o indivíduo reage às escolhas de acordo com o alimento, as opções que são ofertadas, o contexto na sociedade em que está vivendo e dentre outras condições (VAZ; BENNEMANN, 2014). França et al. (2014), tratam por meio de seus estudos, que os aspectos psicológicos influenciam na manutenção de uma alimentação saudável, especialmente no que diz respeito aos sentimentos, que repercutem negativamente na concepção de uma nutrição saudável, como por exemplo: tristeza, angústia, depressão, ansiedade, problemas familiares ou baixa autoestima. Ainda em concordância comFrança et al. (2014), é dito que outras emoções como alegria e motivação foram aliadas para que o comportamento alimentar saudável seja seguido. Dessa forma, entende-se que esses sentimentos são imprescindíveis para que haja hábitos alimentares apropriados. 3.1.3 Influência da Mídia A mídia se torna um meio essencial para que seja induzido o comportamento humano, por meio do modo como se direciona ao público-alvo, seja para definir padrões ou expectativas. No comportamento alimentar pode influenciar no consumo de produtos industrializados e na percepção de beleza para os indivíduos, principalmente no que se diz respeito à influência desses comportamentos com as crianças e adolescentes (MORAES, 2014). Não obstante apenas a essa questão, a mídia também pode produzir padrões de beleza como uma identidade cultural, de maneira que seja influenciado pelos meios de comunicação e financiado pelas indústrias de produtos de beleza. Os padrões envolvem a percepção de boa forma, que seja o corpo livre das gorduras indesejadas (BARBOSA; SILVA, 2016). 17 Aborda Santos et al. (2014) que as propagandas de televisão surgem como principal método da mídia para disseminar esse tipo de informação. Com a propaganda e divulgação de alimentos, de maneira atrativa, e, principalmente, em horários em que sejam propícios para a reunião de família, como o horário do almoço ou janta, podem influenciar o indivíduo por motivações emocionais, psicológicas e anseios individuais. Assim como se apresenta na figura 2, provocando influência, na maior parte das vezes, no público infantil. Figura 2: Criança assistindo propaganda de sorvete. Fonte: https://www.infoescola.com/comunicacao/influencia-da-publicidadenodesenvolvimento-da- crianca/ Assim como divulgam produtos industrializados também realizam a mesma ação para comercialização de produtos “milagrosos”, light, receitas e entre outras intervenções, que por muita das vezes não são eficientes, a fim de apresentar estratégias para o “corpo perfeito” (BARBOSA; SILVA, 2016). 3.1.4 Influências Culturais Sendo a cultura uma conjuntura de regras, planos, receitas e paradigmas que regram o comportamento humano, sendo que suas simbologias e significados são partilhados com a coletividade, não se restringindo apenas ao plano individual. O plano da interferência cultural diz respeito aos gostos, preferências, tradições e entre 18 outros. A identidade social em que o indivíduo está inserido dá sentido às preferências alimentares (MORAES, 2014). Dessa forma, Klotz-Silva, Prado e Seixas (2016) relacionam que o hábito alimentar é definido com base no contexto em que as pessoas vivem, sendo formado com base nas experiências individuais. Não é algo definido apenas na subjetividade, mas sim no envolvimento de diversas simbologias, no seu cotidiano. Assim, a diferenciação entre hábito e comportamento alimentar pode ser entendida na esfera dos aspectos culturais, já que o comportamento é uma conceituação mais particular, enquanto que o hábito é a interseção entre o particular e o social, delimitando a partir de quando o indivíduo adquire suas vivências (KLOTZ- SILVA; PRADO; SEIXAS, 2016). 3.2 Pandemia do COVID-19 (SARS-CoV-2) 3.2.1 Caracterização e Origem Os coronavírus (CoV) são membros de um agrupamento de vírus conhecido desde a década de 60 e recebem tal nomenclatura por conta de suas espículas superficiais em forma de coroa. Estudos apresentam que existiam relatos científicos da noção de seis espécies do vírus que desencadeavam em doenças, sendo o SARS- CoV-2 a sétima espécie de coronavírus, que causa a COVID-19 (SILVA et al., 2021). Em relação a etiologia do vírus, tem-se que os da espécie CoV são compostos de RNA fita simples, em seu sentido positivo, não sendo dividido e envolvido por meio de um envelope de proteínas, composto principalmente da proteína E. Em relação às suas partículas, a estruturação é caracterizada como sendo de forma redonda e oval, geralmente polimórficas, com diâmetro variando entre 60 e 140 mm. Através da visão microscópica (figura 3) podem-se observar grandes projeções na sua superfície, parecidas com uma coroa, que como já dito, deu origem ao nome (BRITO et al., 2020). 19 Figura 3: SARS- CoV-2, vista microscópica. Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2020/06/sars-cov-2- pode-ser-evolucao-de- coronavirus-em-morcegos-e-pangolins.html A COVID-19 é uma patologia infectocontagiosa ocasionada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). Conforme publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sua primeira aparição se deu no dia 31 de dezembro de 2019, em Wuhan, na China. Na época, eram sabidos de casos de uma pneumonia provocada por um agente patológico até então desconhecido e que foi, posteriormente, repassado para as autoridades de saúde (BRITO et al., 2020). Os casos relatados na cidade de Wuhan estavam relacionados, de maneira geral, ao Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, que fazia também a comercialização de animais vivos, fazendo surgir a hipótese de que o novo coronavírus tenha surgido por meio de parasitos de animais. Estudos mais recentes apresentam que um desses animais seriam os morcegos (SOUTO, 2020). Em 30 de janeiro de 2020, foi decretada emergência de saúde pública pela OMS; em fevereiro a OMS retratou a infecção como sendo COVID-19, que antes era denominada 2019-nCoV; já em março de 2020 o órgão anunciou que os casos já se comportavam como uma pandemia, afetando o mundo inteiro em seus diversos aspectos, principalmente no que diz respeito ao número elevado de mortes (SILVA et al., 2021). 20 3.2.2 COVID-19: A Doença 3.2.2.1 Epidemiologia, Sintomas, Fatores de Risco, Diagnóstico e Transmissão Desde quando surgiu, em Wuhan, na China, o coronavírus apresentou alta taxa de transmissão. Segundo a OMS, até a data de abril de 2020 o COVID-19 já tinha acometido cerca de 2 milhões de pessoas em 202 países ao redor do mundo, sendo o foco dos casos os Estados Unidos, totalizando, até essa data, em torno de 630 mil infectados (BEZERRA et al., 2020). Em junho do mesmo ano, dentre os principais países mais afetados pelo vírus estava o Brasil, acompanhado dos Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, Itália, França, Índia, Alemanha e Peru (SOUTO, 2020). No Brasil, o primeiro caso a ser datado foi no período de 07 de janeiro de 2020, e no dia 17 do mesmo mês já foi formulado e publicado o primeiro boletim epidemiológico do país. Até o mês de março de 2020 foram constatados 3.904 casos no país, com total de 114 mortes, ou seja, num total de 2,4% de letalidade (NETTO; CORRÊA, 2020). Nesse mesmo período se observava maior incidência de casos na região Sudeste (concentrando 57% dos casos), seguida da região Nordeste (com 16% dos casos), do sul (13% dos casos), centro-oeste (9% dos casos) e norte (5% dos casos) (NETTO; CORRÊA, 2020). No entanto, o que se pode afirmar é que essas quantidades se relativizam com o passar do período, bem como as colocações regionais. O período de incubação após a pessoa contrair o vírus é de aproximadamente 14 dias. Sua infecção pode ter aspectos clínicos em três principais condições: acometidos assintomáticos; com doença respiratória aguda; paciente com diferentes graus de pneumonia. Os principais sintomas dos portadores incluem febre, tosse, dores musculares, cansaço, diarreia, expectoração, cefaleia e hemoptise (XAVIER et al., 2020). Os pacientes assintomáticos somente podem obter a confirmação do acometimento do vírus com testes sorológicos, no entanto, torna-se difícil o acesso de forma pública. Já os pacientes com a doença leve ou moderada apresentam sintomas típicos de um resfriado, síndrome da gripe ou pneumonia leve, de maneira 21 que não necessitamde suporte de oxigênio ou hospitalização. A doença torna-se grave com a presença de sintomas mais complexos, que necessitam de suporte médico. Como também, tem a doença de forma crítica, possuindo insuficiência no trato respiratório ou choque séptico, necessitando de ventilação mecânica (DIAS et al., 2020). Por outro lado, embora os sintomas se confundam com outras patologias virais, como Norovirose e Influenza, os sintomas como dispneia e febre a tornam como diferente. Alguns estudos apresentam que em torno de 86% dos pacientes não desenvolveram sintomas mais graves, sendo necessária a oxigenação para apenas 14% e menos de 5% necessitou de terapia intensiva (XAVIER et al., 2020). Os sintomas têm sua primeira aparição após 3 a 5 dias de contato com o vírus. Apresentam-se como principais complicações: insuficiência do trato respiratório, lesão hepática, lesão no miocárdio, lesão aguda do trato renal, sepse e até pode desencadear falência de múltiplos órgãos (MENDES et al., 2020). Em relação aos fatores de risco da doença, a figura 4 apresenta os principais. Figura 4: Principais fatores de risco associados à COVID-19. Fonte: Elaboração do autor (criado em 2021). Como retratado pelo esquema da Figura 3, dentre os principais fatores de risco da COVID-19, ou seja, relato comum de piora no quadro clínico, em pacientes com faixa etária entre 49 a 56 anos, portadores de patologias como hipertensão, diabetes, FAIXA ETÁRIA- 49 A 46 ANOS IMUNIDADE COMPROMETIDA DOENÇAS CRÔNICAS DO PULMÃO HIPERTENSÃO DIABETES 22 com doenças no pulmão de forma crônica, pacientes com câncer e com a imunidade comprometida (JÚNIOR, 2020). Em pacientes com casos mais graves podem ocorrer spse, choque séptico, pneumonia, com observância de dispneia, do 5 ao 10 dia de doença. Nesses casos, por meio de estudos, tem-se que a letalidade pode chegar a 49% e em sintomáticos com casos mais leves ou moderados, a letalidade pode alcançar 2,3%. Em relação à necessidade de hospitalização, o contingente fica em torno de 19% (DIAS et al., 2020). Para que seja detectada a doença devem ser realizadas algumas avaliações com o paciente, sendo necessário, primeiramente, analisar o histórico epidemiológico deste, informações sobre possíveis contatos com outros infectados ou viagens recentes a outras localidades (MENDES et al., 2020). A partir disso, caso o paciente desenvolva sintomas ou sinais da patologia o profissional de saúde responsável pode solicitar o exame de Reação em Cadeia da Polimerase com Transcrição Reserva (RT-PCR) (figura 5-B), sendo coletada sua amostra por meio de excreções retiradas da região respiratória superior, como também, das vias respiratórias; bem como pode solicitar o teste rápido (IgM/ IgC) (figura 5-A), identificando a imunidade contra o vírus; como também, a imunoabsorção enzimática. Quando se torna necessário analisar complicações provenientes da infecção pode-se solicitar uma Tomografia Computadorizada (TC) (MENDES et al., 2020). A - 23 Figura 5: Representações da testagem do COVID-19 com teste rápido (A) e PCR (B). Fonte: https://www.farmasesi.com.br/pagTexto/teste-covid. A propagação e transmissão do vírus estudado ainda se apresentam como incertas quanto à sua totalidade. Dessa forma, são utilizadas algumas pesquisas com vírus similares para que sejam adotadas algumas medidas de retenção à contaminação. Pode-se afirmar que o agente patológico pode ser transmitido através de contato com outra pessoa infectada; por gotículas da saliva ou por partículas emitidas pelas vias respiratórias (ALBUQUERQUE; SILVA; ARAÚJO, 2020). Como também, por aglomerações, principalmente quando diz respeito às famílias ou ambiente laboral. A partir de pesquisas, constatou-se que mais da metade dos casos confirmados surgiram a partir de aglomerações. Dessa forma, em relação à uma pessoa infectada, pode-se inferir que esta tem possibilidade de transmissão para 1 a 2 pessoas (figura 6), e assim sucessivamente (SENHORAS, 2020). B 24 Figura 6: Esquema da propagação viral. Fonte: (SENHORAS, 2020). Quando acometido por meio da transmissão o paciente com COVID-19 deve procurar auxílio médico assim que necessário, no entanto, não existem tratamentos específicos para a cura, pois se trata de uma patologia relativamente nova. Atualmente, foram criados dois processos de tratamento, o medicamentoso e a vacinação (SILVA et al., 2021). O medicamentoso se valeu de estudos para delimitar protocolos clínicos acerca do tratamento e quais medicamentos podem ser utilizados. Tornou-se prioridade identificar tratamentos precoces ou prevenção para o novo coronavírus, no entanto, ainda não se encontrou um consenso para essas discussões, sendo apenas aprovada e realizada com segurança a aplicação das vacinas em diversos locais no mundo (SILVA et al., 2021). 3.2.2.2 A Prevenção e o Isolamento Social 3.2.2.2.1 A Prevenção As estratégias impeditivas de transmissão para o novo coronavírus torna-se essencial, tanto para estancar o quantitativo de casos, quanto para evitar, 25 principalmente, o acometimento de indivíduos que participam dos grupos de risco da doença. A adoção da medida tem outro objetivo essencial, que é diminuir o impacto realizado pela pandemia nos ambientes de saúde em todo país e no mundo (SENHORAS, 2020). Pode-se afirmar que os indivíduos que tem maior possibilidade de infecção são os que possuem contato com outros doentes. Assim, medidas de prevenção como higienização das mãos com álcool em gel 70 % de maneira correta, assim como trata a figura 7, ou com lavagem através de sabão neutro; evitar tocar com a mão na região dos olhos, nariz e boca (BAPTISTA; FERNANDES, 2020). Figura 7: Prática correta da higienização das mãos. Fonte: https://vidasaudavel.einstein.br/coronavirus/aprenda-a-higienizar-as-maos-para-se-proteger- do-novo-coronavirus/ Ademais, tossir ou espirrar na região do cotovelo ou com panos e/ou lenços descartáveis, sendo preciso descartá-los posteriormente; utilizar máscara e, se possível, manter distância de 1 metro das pessoas; uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), essencialmente para profissionais de saúde; desinfecção de ambiente (BAPTISTA; FERNANDES, 2020). Como também, deve-se higienizar materiais que sejam constituídos de plástico ou aço inoxidável, pois possuem maior viabilidade com o vírus, com o período de 72 horas. Ademais, é entendido que o vírus possui alta taxa de transmissão em ambientes hospitalares, sendo necessária a adoção de outras práticas mais severas 26 como barreiras físicas, uso de máscara do modelo N95, todo o material de EPI’s, diminuindo a possibilidade de exposição ao vírus (SENHORAS, 2020). No entanto, na maior parte das vezes, não se torna suficiente a adoção somente dessas medidas, a aplicação da quarentena ou isolamento social foi e é uma das medidas mais utilizadas no combate ao coronavírus, tendo como principal finalidade a diminuição dos índices de transmissão da referida doença. Por isso é essencial tratar dos seus aspectos individuais, que serão apresentados na próxima seção. 3.2.2.2.2 Isolamento Social: principal medida do enfrentamento ao COVID-19 O isolamento social, no contexto da pandemia do COVID-19, se difere no que diz respeito ao isolamento realizado nos ambientes ambulatoriais, já que neste as pessoas internadas com alguma morbidade específica são separadas daquelas que não a contém, como forma de proteção e prevenção para não transmitir a doença. Assim, o isolamento social é definido como uma medida de orientação para que os indivíduos só saiam de casa caso seja necessário, com o objetivo de impedir a disseminação do vírus, observada, principalmente, com as aglomerações (DIAS et al., 2020). Por outro lado, é importante também diferenciar o isolamentoda quarentena, assim como comparado pela figura 8, sendo a última conceituada como o tempo de 14 dias, tempo preciso para que seja superada a transmissão do vírus, proposto para que pessoas com sintomas, com suspeita ou que tenha tido contato com infectados esperem a realização de testes para ter contato com o mundo externo, seja evitando sair ou de ter contato direto com as pessoas (DIAS et al., 2020). 27 Figura 8: Diferenciação entre isolamento social versus quarentena. Fonte: https://www.p5.pt/2020/03/17/quarentena-e-isolamento-social-qual-a-diferenca/. Algumas medidas são adotadas pelos governos do Brasil e do mundo para o cumprimento do isolamento social, dentre elas estão as mais recorrentes: proibição de viagens, fechamento de fronteiras entre cidades, fechamento de comércios e serviços não essenciais. O intuito da medida tem por objetivos reduzir os casos e índices de transmissão; reduzir os casos mais graves e que necessitem de assistência média, com o fim de não ocasionar a superlotação de hospitais (SENHORAS, 2020). Ademais, a combinação da medida com a adoção da quarentena e da aplicação das recomendações de prevenção, a exemplo do uso de máscara e da lavagem das mãos, também podem auxiliar na questão das vagas hospitalares, visto que, observa- se um acentuado número de pessoas que morrer por conta da espera na fila de tratamento intensivo ou na busca de tratamento (BAPTISTA; FERNANDES, 2020). Embora tenham sido apresentadas no tópico anterior do presente capítulo as formas escassas e ainda indeterminadas para o enfrentamento da pandemia, 28 deixando de lado a vacina, considerou a OMS que o distanciamento social e o isolamento são as maneiras mais eficientes de evitar a transmissão e contágio do vírus. Cumpre-se em afirmar, também, que o isolamento se torna importante para diminuir o contágio de pessoas assintomáticas, já que não é possível realizar o controle através de testes em massa (SILVA et al., 2021). Contudo, embora o isolamento social desempenhe significativa contribuição nos índices de transmissão, também gera diversas consequências negativas, assim como a aparição do vírus como um todo, principalmente no que se diz respeito aos aspectos econômicos e socioculturais. Dessa forma, no tópico a seguir serão apresentadas algumas consequências da pandemia de COVID-19 em relação aos principais fatores econômicos e socioculturais. 3.2.3 Impactos da COVID-19 nos aspectos Econômicos e Socioculturais 3.2.3.1 Principais Impactos Econômicos Em primeiro momento tem-se que o COVID-19 trouxe diversos impactos na área econômica, de modo que elas sejam negativas assimétricas, de classe transescalar e intertemporal, gerando efeitos significativos nos mercados mundiais e locai, como também, gerou disfunções associadas às relações internacionais, já que vários países também vivenciavam a crise num mesmo contexto (SENHORAS, 2020). Assim, os mercados, sejam eles internacionais, regionais, locais tiveram que se adequar ao contexto da pandemia, tendo observância a quatro desafios principais para que a saúde e a vida das pessoas sejam preservadas sem prejuízo ao econômico destas, são eles: aumento da oferta dos serviços de saúde; aplicação das medidas de isolamento social; delimitação de mecanismos para evitar danos à longo prazo, tendo observância ao contexto psicológico, social e político em que a sociedade vive; fornecimento de políticas públicas para manter setores como família, empresas, autônomos, moradores de rua, desempregados e quaisquer outros que sejam lesados financeiramente pela pandemia (SANTOS; RIBEIRO, 2020). 29 Tratam Junior e Santa (2020), que o isolamento social/quarentena influencia diretamente na relação entre as pessoas e alguns serviços. Houve um aumento significativo do modo de trabalho homeoffice, como também, a redução na equipe de várias empresas e a falência de muitas delas, por conta do choque entre a demanda e a oferta. Por conta da acentuada crise financeira, houve um aumento nos índices de trabalhadores informais, como forma de complementar ou suprir a renda familiar ou individual. 3.2.3.2 Principais Impactos Socioculturais Tendo o isolamento social como foco, já que se considera como a medida mais importante no enfretamento da doença, assim como foi apresentado anteriormente, pode gerar além dos impactos na economia, consequências na vida em sociedade e na cultura. Medidas como essa nunca tinham sido usadas de forma tão abrangente, assim, ao restringir o contato social e ao delimitar medidas sanitárias, podem estar gerando conflitos éticos, legais, sociais e econômicos. No que diz respeito à ética, entende-se que as medidas devam ser pautadas em cinco valores: pela liberdade do indivíduo, a proteção da coletividade, a proporcionalidade, o sentimento recíproco e a transparência quanto aos órgãos governamentais (GARRIDO; RODRIGUES, 2020). Outro ponto importante relacionado aos impactos da pandemia diz respeito à saúde mental dos indivíduos. Isso pode ocorrer através do medo ser infectado; do sentimento de solidão (isolamento social/quarentena); da perda de familiares ou do agravamento de seus estados; a insegurança de frequentar lugares; e entre outras motivações. Entende-se que seja necessário o acompanhamento dessas pessoas a fim de evitar complicações ulteriores (FARO et al., 2020). Como também, pode-se citar como outro impacto a acentuação das desigualdades sociais. As camadas populacionais com menos recursos financeiros, com falta de acesso à informação ou os trabalhadores autônomos e os que encontram dificuldade para o acesso à saúde se caracterizam como sendo as mais impactadas com a pandemia e o isolamento social (FREITAS; PENA, 2020). Sendo, no Brasil, a desigualdade social intimamente ligada à raça é observado que a pandemia só tornou mais claro o racismo estrutural no país. Em outra 30 perspectiva, é entendido que o isolamento social não é aplicado, de maneira eficiente, para os que carecem de renda, já que precisam sair de suas casas para garantir a comida na mesa (GARRIDO; RODRIGUES, 2020). 3.3 Alimentação versus COVID-19 (SARS-CoV-2) Como já visto anteriormente, o isolamento social/quarentena se apresenta como uma forma eficaz para estancar o avanço do novo coronavírus, no entanto, pode gerar implicações no estilo de vida do indivíduo, de maneira inevitável, a dizer algumas delas como sendo: modificações no sono; maior ingestão de bebidas alcoólicas; sedentarismo; e interferências nos hábitos alimentares. Não somente a esse fenômeno, entende-se que a falta do convívio social, a separação da família ou perda de algum componente dela, a incerteza sobre as questões envolvendo a doença, tédio, combinadas com o acesso recorrente à mídia também contribuem para sentimentos negativos relacionados à pandemia (DURÃES et al., 2020). Conforme apresenta Malta et al. (2020), a mudança no estilo de vida e nos costumes alimentares dos indivíduos tornou-se notória, e, de acordo com sua pesquisa, o consumo de vegetais e frutas diminuiu de 37,3% para 33% até o período pesquisado de isolamento social. Já em detrimento do consumo de produtos industrializados, como biscoitos, salgadinhos, bolos, chocolates e entre outros houve um aumento de 54,2% para 63%. Esse acúmulo de informações do contexto atual de pandemia gera no indivíduo uma sobrecarga emocional, fazendo com que o mesmo desconte na alimentação. Dessa forma, desencadeia no comer de maneira exacerbada e especialmente alimentos que provocam a mudança positiva no humor, como alimentos compostos por açúcar ou carboidratos simples, denominados de “comfortfoods”. Estas provocam consolo no indivíduo que as ingere, ocasionando emoções positivas, trazendo de volta, em muitas das vezes, lembranças da infância (OLIVEIRA et al., 2021). Pode-seafirmar que as alterações envolvendo o comportamento alimentar podem ser entendidas à luz da psicopatologia e das influências ambientais. O estresse contínuo, podendo ser associados a sintomas depressivos e ansiosos, eleva os níveis 31 de cortisol no corpo, provocando o aumento da vontade de alimentos doces e ricos em carboidratos, ou “comfortfoods” (DURÃES et al., 2020). Desejos específicos como esse são tratados pela psicologia como sendo conceitos explicados por múltiplas dimensões: emocional, comportamental, cognitiva e fisiológica. Dessa maneira, podem ser citadas algumas categorizações de sua conceituação, que explicam, de certa forma, a motivação psicológica para seu consumo. Assim, são apresentadas na Figura 9 essas principais divisões. Figura 9: Categorias principais das “comfortfoods”. Fonte: (PRÓPRIO AUTOR, 2021). Conforme o que a figura retrata, pode-se entender que as comidas nostálgicas são aquelas que caracterizam uma localidade ou uma lembrança própria do indivíduo; as de indulgência correspondem as que instigam a percepção de indulgência no indivíduo; comidas de convivência dizem respeito às que são preparadas com facilidade; por fim, em relação às de conforto físico, desprende-se que suas composições químicas e/ou físicas desencadeiam em boas sensações (GIMENES- MINASSE, 2016). Não somente a isso, entende-se que a falta de hábitos saudáveis no isolamento pode ser explicada pela hipótese da falta de alguns alimentos, assim as pessoas compram os mantimentos em quantidade maior do que o normal e com maior validade. No entanto, alimentos com essas especificações traduzem composições "COMFORT FOODS" COMIDAS DE CONFORTO FÍSICO COMIDAS NOSTÁLGICAS COMIDAS DE INDULGÊNCIA COMIDAS DE CONVENIÊNCIA 32 ricas em gorduras saturadas, sal, açúcar, com elevado valor energético, contribuindo para o desenvolvimento de complicações como a obesidade (DURÃES et al., 2020). O isolamento está intimamente relacionado a uma alimentação carente de vegetais e frutas frescas. Alimentos como grãos não refinados, verduras, frutas, peixe, azeite de oliva contribuíram para o não aparecimento de sintomas depressivos e ansiosos, no entanto, no que diz respeito aos alimentos gordurosos e doces houve maior desenvolvimento desses sistemas (DALTOE; DEMOLINER, 2020). Por outro lado, afirma-se que outro impacto vivenciado aos hábitos alimentares relacionados ao isolamento e pandemia do COVID-19 corresponde à segurança do alimento, de como ele é produzido, manuseado e comercializado, assim, pode ser observado o impacto econômico relacionados aos alimentos naturais, já que as pessoas dão preferência aos industrializados, pela procedência confirmada e pela facilidade de acesso. Entende-se que a população mais suscetível às essas condições, em termos econômicos, sociais e sanitários foi a mais impactada (DURÃES et al., 2020). Outra problemática encontrada diz respeito à exposição do indivíduo nas redes sociais, relacionados, principalmente, aos treinos e dietas milagrosas propostos por empresas, “blogueiras” ou por outros meios. Esses programas podem servir como gatilho para os isolados, que de certa forma, possivelmente apresentam vulnerabilidades mentais e se tornam mais suscetíveis para que ocorra a influência (DURÃES et al., 2020). As consequências geradas por essa inadequação dos hábitos alimentares incluem a disfunção da função imunológica, a ocorrência ou fator predisposto à obesidade, contribui também para o aumento da morbidade e mortalidade de infecções. No entanto, se alimentação for conduzida de maneira correta pode beneficiar os mecanismos de defesa nas fases de prevenção ou recuperação de doenças infecciosas (LIMA; SOARES, 2020). 3.3.1 Principais Alimentos Não-Saudáveis Consumidos no Isolamento Social: Ultraprocessados Como forma de expor os alimentos não-saudáveis mais consumidos durante a pandemia, espera-se explicar acerca daqueles que mais foram relatados durante o 33 processo de Revisão Bibliográfica, a dizer dos alimentos ultraprocessados. Estes são caracterizados como alimentos industrializados, que são dispostos para o comprador de forma pronta ou quase pronta para o consumo, e que para serem produzidos passam por diversas fases e mecanismos de processamento. Ademais, constituem- se de matérias-primas como oleaginosas, gorduras, açúcares e dentre outros (BELTRÃO, 2016). Essa classe de alimentos se difere bruscamente da dos alimentos in natura, como frutas, verduras, legumes e entre outros, que não passam por nenhuma fase de processamento até estarem prontos para o consumo (CORREIA, 2016). Assim como, pode-se diferenciar dos ingredientes culinários processados, a exemplo do sal, azeite ou amido milho, que também passam por processos de industrialização, mas com menos interferência para com o alimento, como realização de pesagem ou moagem (ALMEIDA, 2017). Por fim, também é distinto dos alimentos processados, em que o seu processo de fabricação envolve técnicas de conservação do alimento ou cocção, a exemplo de ervilhas em conserva ou frutas em calda ou cristalizadas. Dessa forma, ao tratar de alimentos propriamente ultraprocessados, são levados em conta diversos mecanismos até que ganhe forma, diferentes dos que são feitos em casa (ALMEIDA, 2017). Nas fases de processamento algumas técnicas são introduzidas, como: uso de corante ou produtos que realcem o sabor do alimento; uso de outros componentes extraídos de outros alimentos, a exemplo de óleos, como já citado anteriormente (CORREIA, 2016). Dessa maneira, são consumidos com maior frequência por conta da facilidade de consumo, sem que haja preparo anterior, para refeições como lanche, sobremesa ou até para as principais (BELTRÃO, 2016). Observou-se essa maior influência na ingestão de comidas ultraprocessadas no Brasil, atualmente, por conta da mudança no estilo de vida dos indivíduos, que dão preferência à uma alimentação rica em gorduras saturadas e açúcares, como também, na facilidade do preparo e na busca da praticidade. Assim, foram diminuídos os índices do consumo de alimentos in natura, como frutas ou leguminosas (BELTRÃO, 2016). Estimou-se que entre os anos de 1999 e 2013 a venda de alimentos ultraprocessados aumentou em relação aos anos anteriores nos países da América Latina. Em relação ao Brasil, pode-se dizer que também houve esse aumento de 34 consumo, no entanto, também foi relatada maior ocorrência de consumos de alimentos feitos fora de casa. Ademais, tratou-se dos maiores públicos relacionados a esse consumo, que são as crianças e os adolescentes (ALMEIDA, 2017). O aumento desse consumo se deve ao fato de que os alimentos se tornam mais baratos, mais fáceis de preparar e geralmente são prazerosos. Ademais, é afirmado que a tendência desse consumo só vai aumentar em referência ao consumo de produtos in natura, induzindo à indústria alimentícia a produção de mais alimentos pré-cozidos, pré-temperados ou congelados, já que, tornam-se mais fácil para o preparo da população (CORREIA, 2016). Conforme o Guia Alimentar da População Brasileira, existem diversos alimentos ultraprocessados vendidos nos mercados do Brasil. Conforme é apresentado na figura 10 (A-esquema dos principais alimentos; B-representação desses alimentos), podem ser citados: biscoitos, sorvetes, doces em geral, bebidas com açúcar artificial, salgadinhos, barras de cereais, congelados, pães doces, macarrão e temperos instantâneos, energéticos, bolos e misturas para este e entre outros (BELTRÃO, 2016). DOCES EM GERAL PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO CONGELADOS SALGADINHOS 35 Figura 10: A- Principais alimentos ultraprocessados consumidos; B- Representação desses principais alimentos comercializados. Fonte: A- Elaboração do autor (criado em 2021); B- https://www.bbc.com/portuguese/geral-48451985.O consumo desses alimentos é bastante complexo, pois é discutida a relação do aumento do seu consumo com a ocorrência e desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis em indivíduos, como obesidade, doenças relacionadas ao sistema cardiovascular e diabetes mellitus. Essa relação entre o consumo de alimentos supridos em gorduras saturadas, sódio e ultraprocessados, reflete nessas consequências maléficas à saúde (ALMEIDA, 2017). As patologias crônicas que não são transmissíveis se apresentam como sendo um dos piores problemas relacionados à saúde pública mundial, levando em consideração fatores como ingestão de bebidas alcoólicas, sedentarismo e alimentação inadequada, assim como já visto. Conforme trata a Organização Mundial de Saúde, essas doenças compreendem 63% do total de mortes em todo o mundo; no ano de 2011, no Brasil, estimou-se que essas doenças eram causadoras de 72,7% das mortes no país (CORREIA, 2016). O consumo exacerbado desses alimentos pode desenvolver desnutrição ou obesidade em crianças e adolescentes, e, principalmente obesidade em indivíduos adultos; com a diminuição do consumo de fibras, pode gerar o desenvolvimento das doenças relacionadas ao trato vascular, como também, câncer do cólon, reto e mamário; a diminuição do consumo do potássio pode desencadear no acometimento 36 da hipertensão arterial; o aumento do consumo de gordura trans tem a possibilidade de desenvolver a obesidade, a diabetes; a alimentação como um todo pode diminuir as taxas de imunidade do corpo e entre outras patologias (CORREIA, 2016). Dessa forma, em relação ao COVID-19, se pode afirmar que, uma alimentação baseada, principalmente, em ultraprocessados, como também contribuir para o desenvolvimento de outras patologias consideradas como comorbidades para esta, a exemplo da obesidade ou hipertensão, também contribui para as taxas de imunidade do corpo, importantes para reduzir complicações provenientes do contágio com o vírus. Em vista disso, espera-se tratar nas próximas seções acerca do conceito de imunidade e a importância da alimentação para desenvolvê-la no corpo. 3.3.2 Imunidade versus COVID-19: Definições Gerais O sistema imunológico possui como funcionalidade fisiológica principal a prevenção do acometimento de infecções e o desaparecimento das que já estão dispostas no corpo humano. Esse trato tem a destreza de diferenciar o que pode ser prejudicial ao organismo, o que já faz parte do próprio corpo e o que não faz, mas não resulta em danos, assim como os alimentos, por exemplo. Dessa maneira, a resposta do que ocorre no sistema imunológico é denominada de resposta imune (SILVA, 2011). Esse sistema é dividido entre respostas imunológicas inatas e adaptativas. A inata compreende-se como sendo barreiras físicas que impedem o acesso de agentes patológicos nas ameaças, principalmente por meio de processos de inflamação em que agem de maneira rápida para o seu desaparecimento e das suas consequências. Já a adaptativa, ocorre logo após da ocorrência da inata, considerando-se mais lenta, e é destinada ao desenvolvimento da “memória imunológica” (COSTA; SILVA; FERREIRA, 2020). Quando há falha na resposta imune do corpo, o indivíduo está mais propício ao desenvolvimento de infecções sérias, fazendo com que a sua vida entre em risco. Para que tal situação seja evitada, torna-se necessário que haja um estímulo externo, especialmente por meio de vacinas (SILVA, 2011). Esse processo torna-se complexo 37 e envolve uma série de células e ações. Quando ocorre a infecção pelo novo coronavírus, por exemplo, existem diversos cenários (GOMES; PAULA, 2020). O primeiro cenário corresponde às pessoas assintomáticas e que eram, anteriormente, saudáveis. Nesses casos, o sistema imunológico consegue fazer o equilíbrio das respostas imunes e dos hormônios; O segundo cenário corresponde às pessoas que contém alguma comorbidade, a dizer das doenças crônicas não transmissíveis. Nessas situações, o corpo não se torna capaz de reproduzir uma resposta imunológica eficiente, tendo a possibilidade de tornar intensos os sintomas da infecção e gerar um estado mais grave (GOMES; PAULA, 2020). É entendido que a imunidade é influenciada positivamente por diversos fatores na vida humana, conforme apresenta na figura 11 a dizer: alimentação saudável, prática de exercícios físicos, alimentação balanceada em relação aos nutrientes, boas noites de sono, boa relação familiar e social. Estes condicionantes podem ajudar na prevenção de patologias associadas à imunidade (MINUSSI et al., 2020). Figura 11: Influências positivas no equilíbrio da imunidade corporal. Fonte: Elaboração do autor (criado em 2021). Dentre os principais fatores que influenciam positivamente no sistema imunológico pode-se citar a alimentação saudável e balanceada, como também, a prática de exercícios físicos. Quanto à alimentação, que será tratada na seção posterior, já que é o foco do estudo, sabe-se que essa prática pode auxiliar na prevenção do desequilíbrio imunológico, contudo, não é constatado cientificamente que seja capaz de reduzir as contaminações provenientes de vírus (GOIS, 2020). INFLUÊNCIAS POSITIVAS RELACIONADAS À IMUNIDADE Alimentação saudável Prática de exercícios Alimentação balanceada Bom sono Boa relação familiar e social 38 Quanto à prática de exercício físicos, pode-se afirmar que diversos estudos tratam dos benefícios dos exercícios físicos para o envelhecimento e para a imunidade, englobando tanto a inata quanto a adaptativa. Considera-se como uma prática comportamental essencial para melhora das taxas imunológicas corporais em casos de obesidade, em idosos, infecções crônicas virais ou câncer (MINUSSI et al., 2020). 3.3.3 Alimentação e sua Importância para Imunidade Vários condicionantes podem influenciar na imunidade, a exemplo do sono, da prática de atividades físicas, emoções e a alimentação, assim como já apresentado. Para que o corpo seja nutrido não necessita somente da saciedade, mas sim das vitaminas e nutrientes essenciais para que o corpo se desenvolva da melhor maneira possível. Associa-se com o crescimento adequado da criança, melhor resposta imunológica, menor suscetibilidade ao desenvolvimento de patologias e uma expectativa de vida mais elevada. Uma dieta balanceada torna-se essencial para que haja saúde e prevenção de diversos acometimentos (SOUSA et al., 2021). A alimentação e a nutrição andam em conjunto para que o sistema imunológico funcione de maneira eficiente, bem como delimitam o risco e grau de complexidade das doenças infecciosas. Ou seja, se a alimentação for ruim, as respostas imunológicas também serão. Entretanto, não é sabido de compostos ou nutrientes administrados de maneira isolada que possa vir a prevenir as infecções virais, como a do COVID-19 (SOUSA et al., 2021). A alimentação deve ocorrer de maneira diversificada e constituída por produtos com boa qualidade nutricional, sendo necessária a quantidade adequada para que não ocorra tanto a insuficiência de nutrientes quanto a nutrição acelerada, tornando- se prejudiciais de qualquer maneira. Para a população do Brasil, a dieta tem que ser formada através de alimentos naturais e pouco processados. Alguns nutrientes como vitamina A C e D; ferro; zinco auxiliam na eficiência do trato imunológico (JUNIOR, 2020). A vitamina A, tanto pode ser encontrada em alimentos de origem animal como vegetal, a exemplo de alimentos como leite, queijos, fígado, verduras e legumes de 39 cor laranja e verde-escuro. Sua principal funcionalidade relativa ao sistema imunológico corresponde ao aumento da resistência corporal quando entram em contato com agentes infecciosos (JUNIOR, 2020). Já a vitamina C é considerada a mais conhecida, por conta de sua funcionalidade antioxidante. Dessaforma, resguarda as células e os tecidos corporais de lesões ou anormalidades oxidativas. Pode ser encontrada, principalmente, em alimentos cítricos como laranja, limão, acerola e dentre outros. Em relação à vitamina D pode-se afirmar que esta tem por objetivo aumentar a imunidade das células inatas, devendo ser adquirida através de óleo de fígado, gemas de ovos, luz do sol e entre outros condicionantes (DALTOE; DEMOLINER, 2020). Como também, por meio de diversas formas de atuação, a vitamina D pode diminuir o risco de infecção por agente viral, tendo como principal sinal de sua deficiência nessas síndromes o desconforto respiratório de forma aguda. Já o ferro é constituído de diversas proteínas, podendo sua deficiência gerar anormalidades na resposta imune da pessoa ou em sua resposta inata. O ferro pode ser obtido, principalmente, em carnes vermelhas e as vísceras, como fígado ou coração (JUNIOR, 2020). Por fim, o zinco é tido como um antioxidante essencial, de modo que trabalha na distinção das células imunes, as quais apresentam diferenciação e renovação acelerada. A sua insuficiência pode ser percebida na redução da produção de anticorpos e sua obtenção se dá por meio de ingestão de carnes, peixes (como a sardinha), feijão, lentilha e entre outros alimentos (DALTOE; DEMOLINER, 2020). Por outro lado, tratam Gois et al. (2020) que o uso de suplementos pode auxiliar na imunidade, com a prevenção de infecções. Dessa forma, são constituídos de plantas ou seus componentes, como vitamina, minerais ou aminoácidos e visam, literalmente, suplementar a disposição de nutriente a fim de melhorar a taxas imunológicas e diminuir consequências das infecções. A figura 12 apresenta algumas opções de suplementações apresentadas pelos autores, o vírus alvo e as funções relacionadas. 40 Figura 12: Opções de suplementação par auxiliar no tratamento de infecções por vírus. Fonte: (GOIS, 2020). Dessa maneira, observa-se que diversas vitaminas e nutrientes apresentados anteriormente estão incluídos para o aumento da imunidade no corpo em pacientes acometidos por COVID-19, no entanto, ainda não são existentes complexos ou nutrientes capazes de prevenir a doença. 41 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Caracterização dos Resultados O estudo contou com a reunião, ao total, de 7 artigos para a leitura final, coletados através de três bases de dados, a dizer: Google Acadêmico, SciELO e PubMed. Nessa pesquisa, aproveitaram-se: 4 trabalhos recolhidos do Google Acadêmico; 2 trabalhos encontrados no SciELO; 1 trabalho coletado no PubMed, conforme apresenta a figura 13. Figura 13: Porcentagem de artigos escolhidos para a leitura final em detrimento das bases de dados. Fonte: Elaboração do autor (criado em 2021). Conforme apresentado pelo gráfico proposto na figura 13, observou-se que a base de dados com maior influência para a disposição de artigos escolhidos para a leitura final foi o Google Acadêmico, com 57%; seguido do SciELO, com 29%; e do Pubmed, com 14%. O quadro 1 demonstra a análise dos 7 artigos coletados para a leitura final, com observância aos parâmetros de análise, tais como: autor, título, objetivos e resultados. Posteriormente, serão relacionadas as principais modificações sociais apresentadas pelos autores com a implementação do isolamento social como impedimento de contágio da COVID-19; delimitação das principais causas para estas mudanças alimentares e quais são. Google Acadêmico 57% SciELO 29% PubMed 14% RELAÇÃO DE ARTIGOS X BASE DE DADOS 42 N° REFERÊNCIA TÍTULO OBJETIVOS RESULTADOS 1 VERTICCHIO; MELO VERTICCHIO, 2020 Os impactos do isolamento social sobre as mudanças no comportamento alimentar e ganho de peso durante a pandemia do COVID-19 em Belo Horizonte e região metropolitana, Estado de Minas Gerais, Brasil. Teve por finalidade analisar os sentimentos ocorridos com o isolamento social e a relação existente entre a mudança na alimentação na cidade de Belo Horizonte e na região metropolitana. Estimou-se que o isolamento social contribuiu para a mudança de hábitos alimentares não- saudáveis. 2 STEELE et al., 2020. Mudanças alimentares na coorte NutriNet Brasil durante a pandemia de COVID-19. O estudo consistiu em analisar as características dos hábitos alimentares dos participantes da coorte NutriNet Brasil antes e depois da pandemia de COVID-19 no Brasil. Foi-se observado o aumento acentuado de prática de alimentação não- saudável durante a pandemia, de modo que se apresentaram como regiões com maior incidência a Norte e Nordeste. 3 MALTA et al., 2020 A pandemia da COVID-19 e as mudanças no estilo de vida dos brasileiros adultos: um estudo transversal, 2020. Identificar mudanças nos hábitos alimentares ocorridos durante o período de pandemia da COVID-19 no Brasil. Por meio da pesquisa solicitada, afirma- se que houve uma diminuição, entre os participantes, da prática de atividade física, aumento do tempo frente às telas e dispositivos digitais e 43 consumo de alimentação não- saudável. 4 JUNIOR, 2020. Alimentação saudável e exercícios físicos em meio à pandemia da COVID-19. Destacar a importância da prática de exercício físico e da alimentação saudável durante a pandemia de COVID-19. A alimentação saudável e a prática de exercícios físicos podem garantir o bom funcionamento do organismo em meio à situação delicada, como também, fortalecer o sistema imunológico. 5 DALTOE; DEMOLINER, 2020 COVID-19: nutrição e comportamento alimentar no contexto da pandemia. Tem-se como objetivo delimitar a importância da alimentação saudável para o fortalecimento da imunidade do corpo e as consequências do comportamento alimentar no contexto da pandemia. Entende-se que o estresse ocasionado pelo isolamento social torna o corpo mais propício para desejo de alimentos com açúcares e ultraprocessados . 6 RIBEIRO-SILVA et al., 2020. Implicações da pandemia COVID- 19 para a segurança alimentar e nutricional no Brasil. Tem por objetivo identificar quais as modificações existentes com a pandemia da COVID-19 na segurança alimentar do Brasil. Estima-se que os principais impactos relacionados à segurança alimentar correspondem à disponibilidade de alimentos, acesso dos alimentos, consumos destes, e sua 44 utilização biológica. 7 DIAS et al., 2020. A importância da alimentação saudável e estado nutricional adequado frente a pandemia de COVID-19. Por meio de uma Revisão Bibliográfica, busca-se apresentar as medidas de prevenção e manutenção da saúde, através da alimentação saudável, frente à pandemia de COVID-19. Com a alimentação saudável pode- se afirmar que o consumo de micronutrientes e micronutrientes pode contribuir para o fortalecimento do sistema imunológico e para prevenir doenças crônicas não transmissíveis. Quadro 1: Relação dos artigos escolhidos para leitura final e suas referências, títulos, objetivos e resultados. Fonte: Elaboração do autor (criado em 2021). 4.2 Discussão Primeiramente, trata Verticchio, Melo Verticchio (2020), que a pandemia de COVID-19 trouxe diversas modificações sociais e econômicas, como o fechamento dos comércios. Dessa forma, com a implementação do isolamento social, observou- se, por meio da aplicação de um questionário, que essa prática ocasionou, principalmente, em consequências físicas e emocionais, sendo as mais relevantes a tristeza perante o isolamento, angústiao desenvolvimento de depressão e de ansiedade, como pode ser observado na figura 14. 45 Figura 14: Principais sentimentos relatados das pessoas em isolamento social. Fonte: (VERTICCHIO; MELO VERTICCHIO, 2020). Por meio da pesquisa, tem-se que a maior parte dos indivíduos do campo de estudo relatou aumento de peso; sentimentos relacionados à angústia, incerteza quanto ao futuro, preocupação em ser infectado com o vírus. Estas foram as principais observações contidas nas percepções dos indivíduos. Como também, pode-se afirmar que os indivíduos participantes da pesquisa relataram que por meio de 55% destes comem com maior frequência, e ingerem alimentos não-saudáveis, sendo destacados, principalmente, os doces, massas e itens de padaria. Por outro lado, aborda Steele et al. (2020), que os grupos mais recorrentes da aplicação de alimentação não-saudável, não se modificou drasticamente, tornando a quantidade mais estável dentre os aspectos demográficos, tendo maior incidência na Região Nordeste do Brasil, com a ingestão de alimentos ultraprocessados, passando de 77,9% para 79,6%. Corroborando a ideia, Malta et al. (2020), através de uma pesquisa formulada através de questionário, percebeu-se uma elevação do consumo de alimentos congelados, salgadinhos, doces (como abordado na figura 15) e a diminuição excessiva da pratica de atividade física, sendo os dados constatados tanto no sexo masculino quanto no feminino. Observou-se também o aumento do tempo do uso da TV e dispositivos eletrônicos, como o uso de celular, computador ou tablets amparado por meio dos hábitos sedentários. Os autores confirmam, assim como os demais 46 apresentados anteriormente, que tais práticas podem resultar em obesidade e na alteração do balanço energético. Figura 15: Principais alimentos não-saudáveis consumidos durante a pandemia de COVID-19. Fonte: (PRÓPRIO AUTOR, 2021). Daltoe, Demoliner (2020), a partir de uma Revisão Bibliográfica, tratam que uma alimentação saudável, como consumo maior de frutas e hortaliças, pode influenciar diretamente na imunidade do corpo, diminuindo o risco de infecções, assim como a COVID-19. No entanto, com a admissão do isolamento social em vários locais do mundo, os autores especificam que alimentos com alto teor de açúcar, gorduras trans, saturadas, com alto valor de energia, podem resultar em obesidade ou síndrome metabólica. Assim, apresentam-se como fatores de risco para a infecção da doença especificada. Outrossim, Dias et al. (2020) abordam, por meio de uma Revisão Literária, a observância de que uma alimentação saudável frente ao período de pandemia torna-se essencial para o sistema imunológico do corpo, assim como constatado por outros autores. Essa concepção torna-se importante para que auxilie na prevenção de complicações provenientes da infecção da COVID-19, principalmente nos indivíduos acometidos por comorbidades cientificamente comprovadas que interfiram no estado de saúde do infeccionado pela doença. Estima-se que os principais micronutrientes que auxiliam no aumento da imunidade são: vitamina A, C, D, ferro e zinco, e podem ser PRINCIPAIS ALIMENTOS NÃO- SAUDÁVEIS CONSUMIDOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NO BRASIL Ultraprocessados Doces Salgadinhos Congelados 47 encontrados em diversos alimentos, conforme apresenta o quadro 2, especificando os principais. VITAMINAS/ MINERAIS PRINCIPAIS ALIMENTOS ONDE SÃO ENCONTRADOS Vitamina A Leite; ovos; verduras de cor laranja ou verde- escuro. Vitamina C Alimentos cítricos, como laranja ou limão. Vitamina D Carne; peixe; frutos do mar e entre outros. Ferro Carnes vermelhas; frango; feijão e entre outros. Zinco Peixes; ovos; feijão; lentilha. Quadro 2: Principais alimentos em que pode ser encontradas os nutrientes descritos. Fonte: Elaboração do autor (criado em 2021). Ademais, Junior (2020), apresenta acerca dos benefícios da atividade física nesse tempo pandêmico, demonstrando que a prática correta pode influenciar positivamente no sistema imunológico. Não somente tratando disso, pode provocar a redução de complicações provenientes da doença, com o auxílio na redução da obesidade, por meio da restrição calórica leve. O sedentarismo e a alimentação não- saudável podem acarretar em acometimento de doenças crônicas não transmissíveis, a exemplo da hipertensão, diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e entre outras. Por fim, Ribeiro-Silva et al. (2020), expõem outra perspectiva acerca da alimentação e a pandemia da COVID-19: a segurança alimentar e nutricional. Assim, introduziram-se diversas consequências da doença nesses quesitos, a dizer: dificuldade na disponibilidade e acesso dos alimentos; redução de vendas de alimentos in natura; redução do consumo de alimentos in natura, sedentarismo e alimentação não-saudável; redução de programas referentes à ingestão de água, acompanhamento de saúde de grupos como idosos, gestantes e crianças. Entende-se, assim, que podem ser definidos esses parâmetros como sendo motivações para que a alimentação saudável durante a pandemia de COVID-19 não 48 seja seguida, deixando de lado condições referentes ao desenvolvimento de alterações da mente, a exemplo de depressão ou ansiedade. Cumpre-se dizer que para serem acentuadas tais desigualdades sociais, o governo deve levar em consideração a saúde e a dignidade humana como referencial do tratamento do indivíduo. 49 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se observar que os artigos coletados por esta Revisão Bibliográfica possibilitaram analisar a influência do isolamento social, delimitado em quase todas as regiões do mundo por conta da pandemia da COVID-19, para o comportamento alimentar e seus hábitos. No entanto, constatou-se que, por conta da atualidade do tema, não existiu uma diversidade maior de estudos tratando acerca do assunto. Pode-se afirmar que a doença ocasionada pelo novo coronavírus pode gerar diversos sintomas, incluindo dispneia, febre, síndrome de gripe, em casos leves ou moderados, que não precisam de hospitalização ou auxílio médico. No entanto, a maior parte das pessoas que contraíram o vírus desenvolveu sintomas mais graves, e precisaram de suporte médico, fazendo com que ocorresse a superlotação de hospitais em diversas fases da pandemia. Dessa maneira, pôde-se observar que, para evitar o contágio e transmissão, as entidades médicas relataram que o isolamento social se apresentava como medida principal. Dessa forma, com a aplicação em massa do isolamento social foi apresentado que pandemia de COVID-19 desencadeou diversas consequências econômicas, sociais e políticas, tendo como uma das razões para tais a aplicação do isolamento social. Com essa medida, que até então se tornou como a mais eficiente no combate e no impedimento da transmissão da COVID-19, estabelecimentos foram fechados, as pessoas passaram a se isolar em suas casas, deixaram de trabalhar, praticar exercícios físicos e dentre outros acontecimentos. Trataram os autores que o comportamento alimentar foi bruscamente modificado pela população brasileira, em específico, abordando que a principal motivação para a prática do sedentarismo e da alimentação não saudável foi o desenvolvimento de episódios como ansiedade e depressão nos indivíduos, desencadeando no desejo de alimentos ultraprocessados, incluindo doces, salgados, congelados e entre outros. Combinado com o sedentarismo, alguns autores abordaram que houve o aumento de casos como obesidade ou compulsões alimentares. Ademais, outra causa delimitada para essa alimentação não-saudável é a falta de disposição de alimentos in natura para a venda, visto que a produção destes foi reduzida por conta do fechamento de vários estabelecimentos ou acontecimento da
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