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SUMÁRIO 1.Definição e Epidemiologia ....................................... 3 2. Adaptação Parasitária .............................................. 4 3. Conceitos Gerais em Parasitologia ..................... 5 4.Tipos de Associações ................................................ 9 5. Ciclos Biológicos ......................................................11 6. Ação dos Parasitos sobre o Hospedeiro ........12 7. Resposta do Hospedeiro as Infecções Parasitárias .................................................15 8. Classificação Taxonômica dos Organismos .....17 Referências Bibliográficas ........................................20 3INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA 1.DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA As doenças parasitárias sempre esti- veram presentes durante a evolução humana. Com o avanço do conhe- cimento e as modificações no pro- cesso de saúde-doença no mundo, houve uma transição epidemiológica, caracterizada pela mudança no per- fil de mortalidade e diminuição da taxa de doenças infecto parasitárias e aumento concomitante da taxa de doenças crônico-degenerativas. No entanto, esse processo não se de- senvolveu adequadamente em paí- ses não desenvolvidos e em desen- volvimento. Sendo assim, as doenças parasitárias apresentam maior preva- lência em países emergentes, devido as más condições higiênicas, sanitá- rias, de moradia e dietéticas. De acordo com a OMS acredita-se que cerca de 14% da população mundial possui algum tipo de doen- ça parasitárias. Apesar da redução da mortalidade nas últimas décadas devido as doenças parasitárias, es- tima-se que no Brasil, a prevalência dessas doenças continue alta, devi- do principalmente as condições so- cioeconômicas da população. Esses números são mais preocupantes nas regiões Norte e Nordeste do país, so- bretudo nos extremos de idade, es- pecialmente em menores de 1 ano. Nessa perspectiva, surge a parasito- logia como ferramenta para o estudo dos hospedeiros, seus parasitas e suas formas de interação. CONCEITO! • Parasitologia é definida como o es- tudo dos parasitas, animais e vege- tais, e suas relações com os seus hospedeiros. • Hospedeiro é definido como aque- le organismo que abriga um outro agente, seja no seu interior ou no seu exterior. • Parasitismo é a relação ecológica en- tre indivíduos de espécies diferentes. O termo parasitologia envolve o es- tudo dos organismos incluídos na relação biológica de parasitismo. En- tretanto, para fins didáticos, o estudo da parasitologia médica se restringe apenas a relação entre os organismos eucariotos espoliadores e o homem. Com isso, dentro da parasitologia médica temos os Protozoários, Hel- mintos e Artrópodes. É importante que se entenda que para que ocorra o parasitismo, é necessário que ocorra uma relação íntima e duradoura. O relacionamento entre os seres vi- vos visa dois aspectos fundamentais: a obtenção de alimento elou prote- ção. Sendo assim, essa relação fun- damentalmente deve ter algum grau de dependência metabólica, em que o hospedeiro fornece nutrientes e con- dições fisiológicas para sobrevivência do parasito. Nesse contexto, parasito geralmente provoca algum dano ao 4INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA hospedeiro, mas raramente leva a sua morte. E isso é bem lógico, visto que devido a intensa relação entre os dois seres, a morte do hospedeiro, levaria também a morte do parasita. 2. ADAPTAÇÃO PARASITÁRIA Ao longo dos anos, os parasitas evo- luíram através de adaptações morfo- lógicas, fisiológicas e biológicas para fortalecer sua relação com os hos- pedeiros. Em relação as adaptações morfológicas, alguns parasitas so- freram degenerações com perdas ou atrofias de alguns órgãos. Um exem- plo disso, são as pulgas que perderam as asas ao longo na evolução. Outros parasitas, ao contrário, apresenta- ram hipertrofia principalmente de ór- gãos reprodutivos, de fixação ou re- sistência. Exemplo disso, são alguns helmintos que desenvolveram uma enzima, chamada antiquinase que neutraliza a ação dos sucos digesti- vos, fazendo-os resistirem à ação de anticorpos ou de macrófagos, e com isso resistindo à agressão do hospe- deiro. Em termos biológicos, esses seres reforçaram suas capacidades reprodutivas, passando a produzir grandes quantidades de ovos, cistos ou outras formas infectantes (Figura 1). Com isso, conseguiram ter maior sucesso em perpetuar a espécie e driblar as dificuldades em atingir seu hospedeiro. Figura 1. Vários ovos de helmintos. Fonte: Atlas de parasitologia. Fonte: [Internet] http://atlasdeparasitologia.blogspot.com, 2020. 5INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA Outro fator que se desenvolveu ao longo do tempo foi o hermafroditis- mo, a partenogênese e a poliembrio- nia, mecanismos de reprodução que facilitam a fecundação e assegura a reprodução da espécie. No entanto, vários fatores inerentes ao hospedei- ro ou ao parasito interferem nessa re- lação e determina a ocorrência de um paciente sintomático ou assintomáti- co, como o número de parasitos, viru- lência, resposta imune do hospedei- ro e hábitos de vida. Por exemplo, a infecção por 10 ancilostomídeos está associada a doença clínica branda ou inexistente, enquanto 1.000 ancilos- tomídeos consomem quantidade de sangue suficiente para causar uma anemia severa. De todo modo, para garantir a sua sobrevivência, os para- sitas evoluíram para reduzir sua capa- cidade de agressão aos seus hospe- deiro. E isso se dá por seleção natural, em que quanto maior for à agressão, menos adaptado é este parasita a es- pécie que o hospeda, e consequente corre a possibilidade de morrer junto com o seu hospedeiro. 3. CONCEITOS GERAIS EM PARASITOLOGIA Alguns conceitos fazem a diferença na hora de estudar a parasitologia. Por isso, vamos destrinchá-los antes de entendermos a fisiopatologia das doenças parasitárias. Endoparasitas X Ectoparasitas: Em relação a localização do parasita em relação ao hospedeiro, podemos divi- di-los em endoparasitas e ectopara- sitas. Um endoparasita é aquele que está presente no interior de uma ca- vidade ou no interior de alguma cé- lula. Exemplo disso, é a Taenia so- lium que pode estar presente dentro do intestino humano. Enquanto isso, a Leshimania, parasita causador da leshimaniose, popularmente conheci- da como Calazar, é um parasita intra- celular (Figura 2). Já os ectoparasitas ficam fora do corpo do hospedeiro, como por exemplo o Piolho. 6INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA Figura 2. Leshimanias no interior de macrófagos Fonte: Anatpat/ Unicamp. In: [Internet] anatpat.unicamp.br, 2020. Estenoxenos X Eurixenos: Em rela- ção ao número de hospedeiros que um parasita pode infectar, podemos dividir em estenoxenos e eurixenos. Os parasitas estenoxenos são aque- les específicos de uma determinada espécie. Por exemplo, o Ascaris lum- bricoides é um parasita que acomete exclusivamente o seres humanos. Já os Eurixenos são parasitas que po- dem acometer uma grande variedade de hospedeiros. Como o Toxoplasma gondii que além de acometer os seres humanos, também pode infectar ga- tos, carneiros, aves e outras espécies. SAIBA MAIS! O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório, causador da Toxoplasmose. Acredita-se que cerca de 70% dos adultos já tiveram contato com esse parasita, sendo sua infecção principalmente assintomática. O hospedeiro definitivo do toxoplasma é o gato e a infecção humana pode ocorrer por ingestão de água, verduras, insetos ou carne mal cozida. O grande problema é quando ocorre a infecção de mulheres gestante, podendo levar a toxo- plasmose congênita, transmitida ao feto por via placentária. Nesses casos, a gravidade muito variada. Estenotrófico x Euritrófico: Esses ter- mos dizem respeito a forma de alimen- tação do parasito. Entende-se como es- tenotrófico aquele parasita que se nutre apenas um tecido. Um exemplo disso, é o mosquito Anopheles darlingi, trans- missor da malária no Brasil. As fêmeas desses mosquitos se alimentam exclu- sivamente de sangue. Já os euritróficos,nutre-se de vários tipos de tecido; como 7INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA a Cochliomyia hominivorax que é uma espécie de mosca parasítica que se ali- menta de qualquer tipo de tecido de animais de sangue quente. Hospedeiro Definitivo x Intermediá- rio: Nos casos em que o parasita apre- senta uma forma sexuada e outra as- sexuada, entende-se que hospedeiro definitivo é aquele onde se desenvol- vem as formas sexuadas do parasito. Enquanto isso, no hospedeiro interme- diário que ocorre o ciclo assexuado. Hospedeiro Vertebrado x Inverte- brado: Essa divisão é feita quando o parasitismo exige mais de um hos- pedeiro, mas as formas sexuadas não existem ou estão presentes em ambos hospedeiros. Por exemplo, o Trypano- soma cruzi tem reprodução sempre de maneira assexuada. Nesses casos, o humano é o hospedeiro vertebrado e o barbeiro é o hospedeiro invertebrado. Infecção x Infestação: A infecção ocorre quando há invasão do organis- mo por agentes patogênicos micros- cópicos. Já a infestação, é a invasão do organismo por agentes patogênicos macroscópicos. Reservatório x vetor: O reservatório é onde o parasita permanece viável, mas sem causar a doença. Podemos ter como reservatório do Trypanoso- ma cruzi, o gambá que não se infecta pelo protozoário. Enquanto isso, o vetor ou transmissor é qualquer organismo responsável pela transmissão do pató- geno. Exemplos de vetores que levam a doenças em humanos são artrópodes, molúsculos e a água. Isso mesmo! É importante lembrar que um veículo de transmissão, como água ou alimentos, também é considerado um vetor. Portador: Um portador é um indivíduo susceptível a um patógeno, manifes- tando a parasitíase em maior ou menor grau. Quer um exemplo? Muitas vezes o homem é portador assintomático da Trichomonas vaginalis. Independen- temente de ser sintomático ou assinto- mático, ele pode transmitir a doença. Zoonose: Entende-se como zoonose as doenças que circulam em animais e podem ser transmitidas ao homem. Um exemplo de zoonose é a Leshimaniose que pode acometer tanto os cães e ou- tros animais, como os seres humanos. Doenças tropicais negligenciadas (NTD): Esse termo pode ser muito citado durante as discussões de al- gumas doenças parasitárias. O NTD se refere a doenças endêmicas de re- giões tropicais e subtropicais que ge- ralmente atingem populações de bai- xa renda. As indústrias farmacêuticas têm pouco interesse em desenvolver novos medicamentos para o comba- te dessas doenças típicas de países pobres. Um belo exemplo disso é a Doença de Chagas que pouco é vista em livros oriundos de países desen- volvidos e possui um limitado arsenal de medicamentos para tratamento, mesmo após décadas da sua fisiopa- togenia já ter sido descrita. 8INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA PARASITOLOGIA Ciclo assexuado Ciclo sexual Invertebrado Patogênicos microscópicos Onde o parasita permanece viável, mas sem causar a doença. EctoparasitaEndoparasita Eurixenos Estenoxenos Patogênicos macroscópicos Definitivo IntermediárioVertebrado Hospedeiro Número de hospedeiros Localização do parasita Infestação Reservatório Infecção MAPA MENTAL: CONCEITOS GERAIS 9INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA 4.TIPOS DE ASSOCIAÇÕES Em busca de alimento e abrigo, di- ferentes espécies se associam e in- teragem entre si. Essas associações podem ser harmônicas ou positivas, quando há benefício mútuo ou ausên- cia de prejuízo mútuo; ou desarmôni- ca ou negativa, quando há prejuízo para algum dos participantes. Exem- plos de relações harmônicas são o comensalismo, mutualismo e simbio- se. Já as relações desarmônicas são a competição, canibalismo, predatismo e o parasitismo. Competição: Nesses casos, indivídu- os de espécies diferentes ou mesma espécie lutam entre si pelo mesmo abrigo ou alimento. Os mais “fracos” perdem, regulando o nível ou número populacional de certas espécies. Neutralismo: Ocorre quando duas espécies ou populações não intera- gem ou afetam uma a outra. Acredi- ta-se que o neutralismo não existe, pois todas as espécies são interde- pendentes de algum modo. Canibalismo: Nesses casos, um ani- mal se alimenta de outro da mesma espécie ou da mesma família. Geral- mente isso ocorre devido à superpo- pulação ou deficiência alimentar. Predatismo: É quando uma espécie se alimenta de outra espécie. Isso nada mais é do que a nossa conheci- da cadeia alimentar. Parasitismo: Nessa associação, exis- te benefício apenas para um dos lados. Sendo assim, o hospedeiro é espolia- do pelo parasito, pois fornece alimen- to e abrigo para este. Quase nunca isso resulta em morte, já que a morte do hospedeiro é prejudicial para o pa- rasito. Aceita um exemplo famoso? O nosso velho conhecido Ancylostoma duodenale, que retira os nutrientes dos seres humanos, levando a anemia e outras complicações, mas raramente a morte (Figura 3). Figura 3. Verme adulto de Ancylostoma duodenale. Fonte: Atlas de parasitologia. In: [Internet].http://atlasdeparasitologia.blogspot.com, 2020. 10INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA Comensalismo: Essa relação ocor- re entre duas espécies, na qual uma obtém vantagens, o hóspede, sem prejuízos para o outro, o hospedeiro. Exemplo disso é o Entamoeba cozi que vive comensalmente vivendo no intestino grosso humano. Mutualismo: Nesses casos obri- gatoriamente ocorre quando duas, espécies se associam para viver, e ambas são beneficiadas. Simbiose: É a associação entre seres vivos, na qual há uma troca de vanta- gens a nível tal que esses seres são incapazes de viverem isoladamente. Nesse tipo de associação, as espécies realizam funções complementares, in- dispensáveis a vida de cada uma. SAIBA MAIS! A ancilostomose é uma infecção intestinal popularmente conhecida como Amarelão. Essa doença é causada por parasitas nematoides que geralmente causa infecção branda ou as- sintomática. No entanto, em crianças com grande população desses parasitas, pode ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental. Além disso, frequentemente, pode causar anemia ferropriva em crianças ou adultos, pois são vermes hematófagos. A in- fecção nos seres humanos se dá pela penetração de larvas de solos contaminados através da pele. Após penetrarem, as larvas dos ancilóstomos percorrem vários locais do corpo humano até chegarem ao intestino delgado. Nesse local, eles se fixam, se alimentam e produzir milha- res de ovos por dia que são eliminados nas fezes. TIPOS DE ASSOCIAÇÃO CanibalismoPredatismo Mutalismo Neutralismo Parasitismo ComensalismoSimbiose Competição MAPA MENTAL: TIPOS DE ASSOCIAÇÃO 11INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA 5. CICLOS BIOLÓGICOS Qualquer ser vivo possui um ciclo de vida responsável pelo seu nascimen- to, multiplicação e morte. Nos parasi- tos isso não é diferente. Eles possuem um ciclo biológico que compreende um conjunto de transformações que acontece em um único hospedeiro ou em vários, com ou sem passa- gem pelo meio exterior e que permi- tem ao parasito atingir a forma adulta da geração seguinte. Portanto, são determinados dois principais tipos de ciclo de vida parasitária, levando em conta o número de hospedeiros ne- cessários para que o mesmo ocorra: Ciclo monoxênico: Esse ciclo acon- tece quando apenas um hospedeiro está envolvido durante toda a vida do parasita. Um exemplo disso é o ciclo biológico do Ascaris lumbricoi- des e Trichomonas vaginalis (Figu- ra 4). Note que o homem é o único agente envolvido no ciclo do Ascaris lumbricoides. Ovos Vermes adultos Homem Larvas Ciclo de Loss Contaminam os alimentos Acasalam e fazem oviposição Ingestão de ovosTransformem-se em vermes adultos Migram para o intestino delgado Larvas sobem a ávore brônquica 12INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA Ciclo heteroxênico: Nesses casos, dois ou mais hospedeiros estão en- volvidos nas fases de desenvolvi- mento do parasita. Dentro desse ciclo, quando existem dois hospedei- ros, é denominado ciclo dixeno, como na Taenia e Trypanosoma cruzi, em que o protozoário passa pelo barbeiroe pelo seres humanos (Figura 5). Já quando são necessários mais de dois hospedeiros, chamamos de ciclo poli- xeno. Um exemplo disso, é o ciclo dos Diphyllobothrium latum, que pode infectar artrópodes, depois peixes e, por fim, pode infectar seres humanos que consomem o peixe infectado pela larva. 1. O inseto pica e defeca ao mesmo tempo. Os tripomastigotas alcançam a corrente sanguínea. 2. Os tripomastigotas invadem os tecidos onde se transformam em amastigotas 3. Os amastigotas multiplicam-se. 4. Os amastigotas transformam- se em tripomastigotas e retornam ao sangue. 5. Os tripomastigotas sanguíneos são absorvidos por outro inseto em nova picada. 6. Transformam-se em epimastigotas no intestino do inseto. 7. Os epimastigotas se multiplicam 8. Transformam-se em tripomastigotas. Figura 5. Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi . Fonte: Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios de saúde. Vol 5., 2012. (Adaptado) 6. AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE O HOSPEDEIRO Como foi dito, nem sempre ocorre do- ença no hospedeiro na presença de um parasita. O grau de patogenia vai depender de diversas variáveis tanto do parasita, quanto do hospedeiro. Em geral, os distúrbios que ocorrem são de pequena monta, pois há uma tendência de equilíbrio entre a ação do parasito e a capacidade de resis- tência do hospedeiro. De um modo geral, podemos dividir a ação pa- togênica dos parasitos de algumas maneiras: 13INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA AÇÃO ESPOLIATIVA: A espoliação ocorre quando o parasito absorve nu- trientes ou mesmo sangue do hos- pedeiro. O nosso caso mais famoso é dos Ancylostomideos, que inge- rem sangue da mucosa intestinal e deixam pontos hemorrágicos na mu- cosa, quando abandonam o local da sucção. Outro exemplo é o hemato- fagismo dos triatomíneos ou de mos- quitos (Figura 6). Figura 6. Triatomíneos, também conhecidos como Barbeiros. Fonte: Conceitos e métodos para a formação de profis- sionais em laboratórios de saúde. Vol 5., 2012. AÇÃO TÓXICA: Nesses casos ocorre a produção de enzimas ou metabóli- tos por parte dos parasitas que lesam de algum modo o hospedeiro. Exem- plos disso são as reações alérgicas provocadas pelos metabólitos do A. lumbricoides ou as reações teciduais produzidas pelas secreções no mi- racídio dentro do ovo do S. mansoni (Figura 7). Figura 7. Miracídio do S. mansoni. Fonte: Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios de saúde. Vol 5., 2012. 14INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA AÇÃO MECÂNICA: Algumas es- pécies podem impedir o fluxo de alimento, bile ou absorção alimentar, agin- do mecanicamente como pontos de obstrução. Um dos mais clássicos exemplos disso é o enovelamento de A. lumbricoides dentro de uma alça intestinal, obstruindo-a, ou a ação da Giardia lambia que pode atapetear a mucosa intestinal gerando diarreias. SAIBA MAIS! O abdome agudo obstrutivo é causado pela oclusão da luz do intestino impedindo a pas- sagem de seu conteúdo. Devido a não progressão do alimento, ocorre acúmulo de gases e líquidos entéricos proximais à obstrução. Principalmente em criança, uma das causas impor- tantes de obstrução intestinal é a presença de bolo de ascaris lumbricoides. Muitas vezes é necessário cirurgia para retirada dos parasitas. AÇÃO TRAUMÁTICA: Em alguns casos, certos tipos de parasitas, prin- cipalmente, na forma larvária, podem causar lesões traumáticas em órgãos ou estruturas. Um bom exemplo dis- so é o rompimento das hemácias pelos Plasmodium ou a migração cutânea e pulmonar pelas larvas de Ancylostomatidae. AÇÃO IRRITATIVA: Deve-se a pre- sença constante do parasito que, sem produzir lesões traumáticas, irri- ta o local parasitado. Como exemplo, temos a ação das ventosas dos Ces- toda na mucosa intestinal. AÇÃO ENZIMÁTICA: Nesses casos, os parasitas produzem substâncias que possuem ação enzimática em alguma estrutura do hospedeiro. É o que ocorre na penetração da pele por cercárias de S. rnansoni, permitin- do a entrada desses parasitas. Outro exemplo é a ação da E. histolytica para lesar o epitélio intestinal para obter seus alimentos. ANOXIA: A anoxia pode ocorrer quando há a infecção de um parasita que consume oxigênio da hemoglo- bina ou leva a anemia. Com isso, a in- fecção é capaz de provocar uma anó- xia generalizada. O melhor exemplo disso, é do Plasmodium causador da malária. 15INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA 7. RESPOSTA DO HOSPEDEIRO AS INFECÇÕES PARASITÁRIAS Diante de uma infecção parasitária, o corpo do hospedeiro forma respostas na tentativa de eliminar o patógeno. Apesar de existir muitos parasitas que infectam os seres humanos, possuí- mos padrões limitados de respostas teciduais aos parasitas. Sendo assim, muitos patógenos produzem padrões semelhantes de reação, e poucas ca- racterísticas são únicas ou patogno- mônicas de um parasita em particular. Com isso, para tentar reduzir ou neu- tralizar esses agentes, o organismo humano lança mão de mecanismos de resistência. Na presença de falhas nessa resistência, a infecção pode se alastrar e afetar gravemente o hospe- deiro, ou até levá-lo a morte. Diante do contato de parasitas com o corpo humano, uma resposta inata ou inespecífica exerce a primeira frente de combate, independente de conta- to anterior com o agente parasitário. Desse grupo fazem parte meios de barreira, células e proteínas. As pri- meiras barreiras encontradas pelos parasitas são do tegumento cutâneo que exerce função de barreira mecâ- nica, impedindo, ou dificulta a pene- tração de agentes parasitários. Além disso, há a barreira química realizada pelo pH ácido da pele humana que dificulta a penetração de patógenos. Esse pH é fruto dos produtos das glândulas sebáceas e pela microbio- ta local. Os pêlos com suas vibrissas também reduzem a infecção parasi- tária. As mucosas também exercem esse papel por meio de substâncias secretadas, como a mucosa gástrica que produz HCl e enzimas digestivas, mas também por microrganismos competidores que existem nesses lo- cais. Nesses locais, outros mecanis- mos colaboram com a resistência aos patógenos como o muco, cílios. AÇÃO PARASITÁRIA IrritativaEspoliação Mecânica Enzimática AnóxiaTraumática Tóxica MAPA MENTAL AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE O HOSPEDEIRO 16INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA Nessa perspectiva, após a entrada de parasitos, leucócitos, fagócitos, célu- las natural killer (NK) e várias proteí- nas plasmáticas circulantes, como os complementos, assumem o papel de tentar destruir os patógenos. Portan- to, a resposta imune inata é capaz de prevenir e controlar muitas infecções. No entanto, muitos patógenos evolu- íram para superar as defesas iniciais, e a proteção contra essas infecções requer mecanismos mais especia- lizados e poderosos da imunidade adaptativa, formada principalmente pelo sistema linfocitário. Existem dois tipos de resposta imune adaptativa: imunidade humoral, mediada por pro- teínas solúveis chamadas anticorpos que são produzidos por linfócitos B, e imunidade mediada por células, me- diada por linfócitos T (Figura 8). Além de combater o agente infeccioso, esse sistema também gera memória imunológica e posterior alteração de resposta nos contatos com o parasita em situações subsequentes, gerando a adquirida. Figura 8. Seta verde mostrando Ovo de Schistosoma mansoni, rodeado por uma cápsula de fibrina (indicada na seta azul) e um halo linfocitário ao redor (indicado pela seta amarela). Fonte: Anatpat/ Unicamp. In: [Internet] anatpat.uni- camp.br, 2020. 17INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA 8. CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DOS ORGANISMOS No planeta existe um número enorme de seres vivos que são classificados como integrantes dos reinos Monera, Plantae, Fungi, Protista e Animalia. Para uma sistematização desse gran- de número de seres, foi necessário agrupá-los. Assim, usamos a taxô- nomia para descrevê-los. A unidade taxonômica corresponde a diversos níveis de classificação ou catego- ria taxonômica,que em zoologia são sete: reino, filo, classe, ordem, família, gênero, espécie. A nomenclatura de um ser vivo é obrigatoriamente bi- nominal. O primeiro nome é a desig- nação do gênero, como por exemplo, gênero Giardia. E o segundo nome é a designação da sua espécie em si, por exemplo, G. Lamblia. Note que tanto a escrita do gênero, como da espécie deve ser feita em desta- que representando-as por letras em itálico ou sublinhado. Além disso, a nomenclatura das espécies deve ser latina, com o nome do gênero tendo a primeira letra maiúscula, e o nome da espécie toda em letras minúscu- las, mesmo quando for nome de pes- soa. Caso a nomenclatura daquela especia já tenha sido citada no texto, as demais vezes em que for escrita, poderá ser colocada de forma que a primeira letra do gênero seja seguida de ponto. Como por exemplo, G. lam- blia. Quando a espécie possui subes- pécie, essa palavra virá em seguida a da espécie, sem nenhuma pontuação. Por exemplo, Culex pipiens fatigam (Culex = gênero; pipiens = espécie; fatigans = subespécie). Já nos casos em que a espécie possui subgênero, este virá interposto entre o gênero e a espécie, separado por parênteses. Com o exemplo ficará fácil de com- preender Anopheles (Kerteszia) cru- zi. (Anopheles = gênero; (Kerteszia) = subgênero; cruzi = espécie). Quando queremos nos referir a um grupo de espécies, sem identificá-las individu- almente, usamos o gênero mais o su- fixo “sp“ para o singular ou “spp” para o plural. Por exemplo, Aedes sp. 18INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA MAPA MENTAL: CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA TAXONOMIA Sempre em destaque: itálico ou sublinhado Primeira letra maiúscula e as outras minúsculas Nomes em latim Ascaris lumbricoides Classificação, descrição e nomenclatura dos seres vivos Reino Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie 19INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA INTRODUÇÃO A PARASITÓLOGIA Classificação, descrição e nomenclatura dos seres vivos Endoparasita Ectoparasita Eurixenos EstenoxenosTipo de hospedeiro Definitivo/Intermediário Monoxênico Heteroxênico Mecânica Traumática Espoliação Tóxica Estudo dos parasitas, animais e vegetais, e suas relações com os hospedeiros. Ação parasitária Taxonomia Conceitos geraisCiclos de vida reprodutiva Parasitologia MAPA GERAL: INTRODUÇÃO A PARASITOLOGIA 20INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Neves, David Pereira. Parasitologia humana / David Pereira Neves. - 13. ed. -- São Paulo: Editora Atheneu, 2016. Molinaro, Etelcia Moraes. Conceitos e métodos para a formação de profissionais em labora- tórios de saúde: volume 5 /. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2012. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. de Souza HP, de Oliveira WTGH, Dos Santos JPC, et al. Doenças infecciosas e parasitárias no Brasil de 2010 a 2017: aspectos para vigilância em saúde. Rev Panam Salud Pública. 2020;44:e10. Atlas de parasitologia. In [Internet] http://atlasdeparasitologia.blogspot.com/p/helmintos. html. Acesso em maio de 2020. Site didático de Anatomia Patológica, Neuropatologia e Neuroimagem- UNICAMP. In: [In- ternet] anatpat.unicamp.br, 2020. 21INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA
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