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Bianca Barreto Fragilidade no idoso Familiar da Sra I.S.P. solicita à equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF) acompanhamento para idosa. Caso: I. S. P. Feminino. 76 anos. Aposentada. Anamnese Queixa principal Idosa com dificuldade de alimentar-se, cansaço, mal-estar geral e dificuldade de locomoção. Histórico do problema atual A enfermeira e o técnico de enfermagem realizam visita domiciliar à I.S.P, que está com 76 anos de idade. Estes são recebidos pela filha de I.S.P., sua cuidadora, que refere necessitar de orientações para o cuidado. No quarto, a equipe encontra a idosa, e observam que o espaço de circulação entre a cama, parede e guarda-roupa é muito restrito. Na avaliação, a idosa refere diminuição da força muscular, baixo nível de atividade física e perda de peso há alguns meses, cansaço/fadiga e dificuldade para locomover-se há um mês. Há dois dias, iniciou com mal-estar e dificuldade de alimentar-se, permanecendo desde então acamada, necessitando de auxílio da filha para alimentar-se e locomover- se. Histórico História social I.S.P. morava sozinha em uma residência na área de abrangência da ESF de um bairro periférico da cidade. Há um mês a filha foi morar com a mãe, devido à dificuldade da idosa em realizar suas atividades básicas da vida diária, como alimentar-se, locomover-se e necessidade de auxílio para aplicação da insulina. A casa é de alvenaria, possui sala, cozinha, dois quartos. No quarto de I.S.P. tem banheiro, mas possui um degrau e não disponibiliza barras de segurança na pia, assento sanitário e box. O outro banheiro fica próximo à sala e quarto de sua filha, a residência apresenta bom aspecto de higiene. A renda mensal da família https://dms.ufpel.edu.br/ma-idoso Bianca Barreto é proveniente da aposentadoria e dos serviços de pedagoga de sua filha, representando cerca de quatro salários-mínimos. I.S.P. participava de um grupo de convivência, em que realizava algumas atividades físicas. No momento, mobiliza-se somente com auxílio, o que a levou a deixar de participar dessa interação social. Antecedentes pessoais Hipertensa há 23 anos e diabética há 15 anos. Não possui alergia. Possui hábitos alimentares irregulares, não adere adequadamente à dieta prescrita pela nutricionista. Apresenta Caderneta do Idoso com registro das três doses de Vacina Dupla Tipo Adulto (dT), sendo última dose em 2002 e Vacina Influenza sazonal anualmente. Medicações em uso Captopril 12,5 mg, 2 cp/dia - manhã e noite Atenolol 25 mg, 1cp às 8 horas Insulina NPH, 20 UI pela manhã e 10 UI à noite. Antecedentes familiares Pai faleceu de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) com 72 anos e mãe era diabética. Exame Físico Mucosas úmidas e hipocoradas, apresenta discreta desidratação. Cavidade oral: gengivas edemaciadas, hiperemiadas, sangrantes e com pequenas úlceras, próteses dentárias mal adaptadas e com mau aspecto de higiene, halitose. Tórax: Ausculta pulmonar com murmúrios vesiculares presentes em ápice e base bilaterais, sem ruídos adventícios e taquipneica. Ausculta cardíaca com ritmo regular, bulhas cardíacas normofonéticas e sem sopros. Abdome: ruídos hidroaéreos presentes e indolor à palpação. Sistema genitourinário: Eliminações fisiológicas vesicais presentes, em baixo volume, com aspecto escurecido e com odor fétido. Coluna vertebral e extremidades: Extremidades aquecidas, perfundidas e sem edemas, pulsos periféricos cheios e simétricos. Presença de pequena úlcera na região lateral externa de hálux direito, com discreta secreção serosa e presença de tecido de granulação. Bianca Barreto Sinais Vitais: Frequência cardíaca: 72 bpm Frequência respiratória: 26mrpm Pressão arterial: 140X80 mm/hg Glicemia capilar: 120mg/dl Temperatura = 36,8ºC Peso: 64kg Estatura: 1,60 m IMC: 26,5 kg/m² Questão 1 – Diante do caso da Sra. I.S.P. quais os problemas observados durante a visita domiciliar? • Incontinência urinária • Presença de pequena lesão inicial em hálux direito • Presença da síndrome da fragilidade no idoso • Dificuldade de realizar a aplicação da insulina • Presença de pequenas úlceras na gengiva • Vacina Dupla Tipo Adulto (dT) com reforço em atraso • Próteses dentária mal adaptadas e com aspecto de higiene inadequado. A presença da síndrome da fragilidade no idoso verifica-se pela diminuição da força muscular, baixo nível de atividade física e emagrecimento há alguns meses, cansaço/fadiga, dificuldade para locomover-se há mais ou menos um mês, mal-estar e dificuldade de alimentar-se. A lesão no hálux direito é um problema para as pessoas com diabetes, assim como a dificuldade para realizar a aplicação da insulina. Outro problema detectado é a presença de lesões na gengiva, próteses dentárias mal adaptadas e com aspecto de higiene inadequado, pois dificulta a alimentação do idoso. Também necessita realizar o reforço da vacina Dupla Tipo Adulto(dT) cuja última dose foi há mais de 10 anos. Não apresenta incontinência urinária. Questão 2 – Quais os fatores predisponentes da síndrome da fragilidade do idoso apresentados pela Sra. I.S.P.? • Higiene da cavidade oral inadequada • Idade superior a 75 anos • Déficits em múltiplos sistemas, principalmente no sistema musculoesquelético • Incapacidade funcional Bianca Barreto A fragilidade está associada à idade, embora não seja resultante exclusivamente do processo de envelhecimento, a maioria dos idosos não se torna frágil obrigatoriamente. Ela está relacionada com a presença de comorbidades, pois as doenças crônicas surgem nas fases mais avançadas da vida, além dos déficits em múltiplos sistemas, principalmente no sistema musculoesquelético, que provoca um declínio na capacidade funcional ou incapacidade. A higiene da cavidade oral não pré-dispõe a síndrome da fragilidade do idoso. Questão 3 – Quais os sintomas da síndrome da fragilidade no idoso que a Sra. I.S.P. apresenta? • Cansaço • Perda de peso • Diminuição da velocidade de marcha • Diminuição da força de preensão • Baixo nível de atividade física Cansaço/fadiga, perda de peso, baixo nível de atividade física, diminuição de força de preensão e diminuição da velocidade da marcha são sintomas da síndrome da fragilidade no idoso. A Sra I.S.P. não apresenta diminuição de força de preensão, que é um dos sintomas da síndrome. Para verificar os sinais e sintomas da síndrome da fragilidade têm-se um fenótipo relacionado à fragilidade (FRIED, 2001) que inclui cinco componentes possíveis de serem mensurados, desse modo, para verificar a síndrome da fragilidade o idoso deve apresentar: Bianca Barreto 1. perda de peso não intencional: = 4,5 kg ou = 5% do peso corporal no último ano. 2. fadiga auto referida utilizando duas questões: com que frequência na última semana o(a) sr(a) sentiu que tudo que fez exigiu um grande esforço ou que não pode fazer nada; 3. diminuição da força de preensão medida com dinamômetro na mão dominante e ajustada para gênero e Índice de Massa Corporal (IMC); 4. baixo nível de atividade física medido pelo dispêndio semanal de energia em kcal (com base no auto relato das atividades e exercícios físicos realizados) e ajustado segundo o gênero; 5. diminuição da velocidade da marcha em segundos: distância de 4,5m ajustada para gênero e altura. A reabilitação nutricional, os exercícios para fortalecimento muscular e o tratamento individualizado das comorbidades conseguem evitar o declínio em espiral descendente para a fase final, pelo menos temporariamente, com o objetivo de melhora da qualidade de vida (KO, 2011 apud BRASIL, 2013, p. 57) e postergar as complicações físicas – desnutrição e caquexia, dor incontrolável, fraturas e escaras, imobilidade e atrofias, baixa capacidade funcional, baixa imunidade – e psicossociais – isolamento social, depressão, alta dependência, estressedo cuidador e custo financeiro e social , absenteísmo (BRASIL, 2013). Questão 4 – Quais as orientações que a enfermeira deverá realizar à cuidadora da Sra. I.S.P. quanto a aplicação da insulina e seu acondicionamento? • Revisar a forma de preparação e aplicação da insulina, acompanhando o procedimento. • Orientar evitar expor os frascos à luz do sol • Orientar os locais mais adequados de aplicação da insulina • Orientar que os frascos de insulina nunca devem ser congelados (temperatura abaixo de 2°) • Orientar a realização de rodízio local de aplicação da insulina • Orientar que a mudança na cor e presença de grânulos é normal na insulina refrigerada Questão 5 – Quais as orientações devem ser dadas ao cuidador para acompanhamento e avaliação da lesão do pé? • Examinar os pés diariamente • Remover calos ou unhas encravadas no domicílio. • Calçar sapatos que não apertem, de couro macio ou tecido • Andar descalço somente em casa • Avisar aos profissionais de saúde se tiver calos, rachaduras, alterações de cor ou úlceras. Bianca Barreto Questão 6 – Considerando as alterações observadas na avaliação da cavidade oral, quais as orientações que devem ser dadas à Sra. I.S.P. e sua cuidadora? • A limpeza da prótese deve ser realizada com escova de cerdas duras e dentifrícios • Solicitar avaliação odontológica • As próteses devem ser higienizadas mecanicamente, por meio da escovação, associada à desinfecção química com hipoclorito de sódio 2% • As próteses devem ser retiradas ao dormir, e deve ficar em água na temperatura ambiente. Higienização de prótese dentária Somente a remoção mecânica do biofilme não é suficiente para a descontaminação da prótese. Assim, o uso de agentes químicos de desinfecção é de grande valor. Para próteses totais, recomenda-se principalmente, o hipoclorito de sódio 2% (disponível em supermercados), em imersões de cinco minutos seguidos de enxágue abundante com água. Quando utilizamos produtos químicos para desinfecção, devemos considerar a regra “concentração do produto X tempo de imersão.” Quanto mais concentrada for a sua solução, menos tempo de imersão é necessário para a eliminação de microrganismos. Na UFPel - Faculdade de Odontologia preconiza-se a solução de hipoclorito de sódio 2% (água sanitária que compra-se no supermercado, composta por hipoclorito de sódio 2% ou 2,5%, ou seja, já é uma solução diluída, pois são 2% de hipoclorito de sódio para 98% de água) por cinco minutos, por ser comprovadamente eficiente e devido ao paciente não ficar tanto tempo sem a prótese. Alguns dentistas utilizam duas gotas da água sanitária do supermercado diluída em 200ml de água, e nestes casos a concentração do produto é muito menor, então, para que ocorra a descontaminação da prótese, é preciso que ela fique mais de 12 horas em imersão. Além disso, deve-se adotar a escovação mecânica com escova de cerdas macias para não arranhar a superfície da prótese. Quando a prótese é nova e o paciente apresenta um bom controle de higiene, recomenda-se escovação diária e imersão em hipoclorito 2% por cinco minutos a cada 20 dias, para controle do biofilme. Em próteses com muitos anos de uso e se o paciente apresentar higiene deficiente ou sinais clínicos de estomatite protética, recomenda-se escovação diária e imersão diária em hipoclorito 2% por cinco minutos, sempre enxaguando muito bem em água corrente após a desinfecção, até a remissão dos sintomas. Se o paciente relatar alergias ao produto, ele não deve ser utilizado. (GONÇALVES, et al., 2011).
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