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Modelos de Decisão 1ª edição 2017 Modelos de Decisão 80 5 Unidade 5 Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Para iniciar seus estudos Nesta unidade, veremos como as organizações realizam o controle estra- tégico e avaliam o seu desempenho. Conheceremos uma ferramentas utilizadas pelos gestores para olhar além das medidas fi nanceiras tra- dicionais, a partir da análise de quatro perspectivas diferentes sobre o desempenho da empresa. Objetivos de Aprendizagem • Possibilitar o entendimento claro e objetivo das estratégias das organizações, defi nindo as iniciativas estratégicas que devem ser executadas. • Desenvolver medidas que impulsionam o desempenho por meio de metodologias estratégicas. • Criar metas via estratégias de longo prazo para as organizações por meio do acompanhamento do progresso dessas empresas. 81 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard 5.1 Controle estratégico Vivemos em uma sociedade dinâmica, cujo contexto pede que as organizações se adaptem rapidamente. Com o advento da tecnologia, nos dias atuais, o acesso à informação é facilitado, porém, o excesso e a qualidade das infor- mações que permeiam o processo organizacional pedem que as organizações estejam preparadas não somente para buscar, mas também para selecionar as informações pertinentes e utilizá-las para atingir os seus objetivos. A organização, vista aqui como um sistema, precisa monitorar seus processos para que possa avaliar sua per- formance e, eventualmente, redirecionar o seus esforços, utilizando-se, para isso, de ferramentas de controle. Controlar “significa monitorar, avaliar e melhorar diversas atividades que ocorrem nas organizações” (CERTO; PETER, 2005, p. 132). Dessa forma, cresce a preocupação das organizações em controlar, medir e avaliar seu desempenho da melhor forma. O controle é uma função do gestor que envolve medidas corretivas para garantir os resultados almejados. Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 360), os controles estratégicos: [...] tendem a ser enfatizados quando a empresa avalia seu desempenho em relação à perspectiva de aprendizagem e crescimento, ao passo que os controles financeiros são enfatizados quando o desempenho é avaliado em termos da perspectiva financeira. Controle estratégico consiste em determinar em que medida as estratégias organizacionais são eficazes para atingir seus objetivos (WRIGHT; KROL; PARNELL, 2000). No caso de os objetivos não estarem sendo atingidos, sua função é modificar as estratégias da empresa ou sua implementação para melhorar a capacidade da organização de atingi-los. Para Wright, Kroll e Parnell (2000, p. 344), o controle estratégico funciona como um “‘mediador’ das interações entre as variáveis ambientais e as dimensões internas da empresa”, conforme ilustra a figura a seguir: Figura 5.1 – O controle estratégico como mediador. Legenda: O controle estratégico como mediador das relações organizacionais. Fonte: Adaptado de Wright, Kroll e Parnell (2000, p. 344). 82 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard A finalidade do controle estratégico é, de acordo com Certo e Peter (2005, p. 133), “ajudar a alta administração a atingir as metas organizacionais”, sendo usado para monitorar e avaliar o processo de administração estratégica, e é visto como uma função administrativa. Entre os passos envolvidos no controle estratégico, estão determinar, dentro do parâmetro da missão e dos objetivos da organização, as necessidades a serem monitoradas e controladas; em seguida, estabelecer os padrões; e, então, mensurar o desempenho. O controle estratégico é realizado a longo prazo e tem aferições qualitativas e quantitativas; o gestor deve adotar o método que melhor se adapte à sua organização (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). Certo e Peter (2005) complementam que, caso haja correspondência entre o que foi realizado e o que foi idealizado, o processo continua, mas, caso haja alguma discrepância, a ações corretivas deverão ser propostas e implementa- das para buscar o padrão estabelecido anteriormente. A figura a seguir ilustra o modelo de processo de controle. Figura 5.2 – Modelo geral de processo de controle. O trabalho continua Medição de desempenho Tem início uma nova situação de trabalho Não é necessária ação corretiva Comparar os padrões medidos Tomar ação corretiva: mudar os planos, a organização ou os métodos de influência. Desempenho equivalente aos padrões Desempenho significativamente diferentedos padrões O controle começa Legenda: Etapas do modelo geral de processo de controle. Fonte: Certo e Peter (2005, p.133). A medição do desempenho organizacional busca assegurar o cumprimento da missão organizacional estabele- cida, além de propiciar o aprimoramento de suas práticas ao controlar a direção da estratégia e, ainda, direcionar programas de melhorias. Certo e Peter (2005) identificaram cinco questões que os gestores devem responder para obterem uma correta medição do desempenho organizacional em relação à consecução da estratégia proposta: • A estratégia da organização é consistente internamente? • A estratégia da organização é consistente com seu ambiente? • A estratégia da organização é correta em vista dos recursos da organização? • A estratégia da organização é muito arriscada? • A duração da estratégia é adequada? A análise dessas questões corrobora a necessidade da medição do desempenho organizacional como uma forma de identificar os problemas e as possibilidades dentro da organização. 83 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Existem vários modelos de medição do desempenho organizacional, elaborados por diversos autores a partir de perspectivas distintas. Nessa Unidade, veremos alguns dos modelos mais utilizados pelas organizações no mundo todo. 5.2 Ferramentas de controle estratégico: Balanced Scorecard Por muitos anos, a análise da produtividade e, consequentemente, da competitividade das organizações foi baseada somente em dados e informações fi nanceiras e contábeis (KAPLAN; NORTON, 1997). O Balanced Sco- recard (BSC) foi criado por Kaplan e Norton com o objetivo de oferecer aos gestores um modelo de mensuração para avaliar desempenhos passados, articular a estratégia de negócio e alinhar as iniciativas individuais e organi- zacionais e, assim, alcançar os objetivos pretendidos (KAPLAN; NORTON, 1997). Se traduzido para o português de forma literal, Balanced Scorecard signifi ca Indicadores Balanceados de Desempenho. Trata-se de uma ferramenta de gestão do conhecimento que benefi cia os processos de comunicação e apren- dizado. Seu diferencial é a sua capacidade de comunicar a visão e a estratégia por meio de indicadores estraté- gicos que têm origem em objetivos e estratégias que interagem em uma estrutura lógica de causa e efeito. Os objetivos principais são o alinhamento do planejamento estratégico com as ações operacionais da organização, viabilizando processos gerenciais críticos, tais como o esclarecimento e a tradução da visão estratégica, a comu- nicação, a propagação e o alinhamento dos objetivos e das medidas estratégicas, e a melhoria do feedback e do aprendizado (KAPLAN; NORTON, 1997). Williams (2010) identifi ca duas grandes vantagens do Balanced Scorecard sobre os processos de controle tradicio- nais, que se apoiam unicamente em medidas fi nanceiras: • Força os gestores em cada nível da organização a fi xar metas específi cas e a medir o desempenho em cada uma das quatro áreas. • Minimiza as possibilidades de subotimização, que ocorre quando o desempenho em uma área às custos de um piordesempenho em outras. 84 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard https://previews.123rf.com/images/mdesignstudio/mdesignstudio1505/mdesignstudio150500012/39566992-double- -arc-infographic-concept-infographic-concept--Stock-Photo.jpg Com o uso dessa ferramenta, o gestor consegue analisar os caminhos traçados e monitora a estratégia que foi planejada anteriormente, verifi cando se as estratégias continuam válidas. Desta forma, auxilia o gestor no pro- cesso de tomada de decisões em relação aos elementos que são medidos (KAPLAN; NORTON, 1997). Conforme vimos na Unidade 4, a estratégia de negócios orienta a organização em um ambiente formado por consumidores, mercados e concorrentes, e é fundamental para a defi nição da forma de competição. A partir dela, a organização irá buscar uma vantagem competitiva ao defi nir as principais ações por meio das quais as unidades de negócio irão construir ou reforçar sua vantagem competitiva a partir dos recursos que possuem. A análise por meio da BSC é formada por quatro perspectivas: fi nanceira, clientes, processos internos (também chamados de processos comerciais internos) e inovação e aprendizagem (também chamadas de aprendizado e crescimento). As organizações utilizam diferentes critérios para avaliar a sua posição em relação às quatro pers- pectivas do BSC. 85 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Figura 5.3 – Perspectivas do Balanced Scorecard. Legenda: As perspectivas do Balanced Scorecard. Fonte: https://previews.123rf.com/images/dizanna/dizanna1510/dizanna151000501/46612061-Balanced-scorecard- -perspectives-strategy-mind-map-business--Stock-Photo.jpg A perspectiva fi nanceira deve mostrar se a estratégia organizacional está contribuindo para a melhoria dos resul- tados. É voltada para o crescimento, a lucratividade e os riscos, levando em consideração, geralmente, a visão dos acionistas ou stakeholders. O BSC não desconsidera a importância de ferramentas contábeis, tais como a análise do fl uxo de caixa. Os balan- ços patrimoniais, índices fi nanceiros ou orçamentos são importantes e você precisa conhecê-los, mas o BSC busca simplifi car o processo de análise ao concentrar-se em apenas uma pergunta quando se trata de fi nanças: “Como os acionistas nos consideram?” (WILLIAMS, 2010). Como exemplos de indicadores a serem utilizados para responder a essa pergunta, podemos citar lucratividade, retorno sobre o investimento e capital e fl uxo de caixa. Na perspectiva do cliente, os indicadores devem mostrar o valor percebido pelo cliente que é gerado pelos pro- dutos da empresa e se os serviços prestados estão de acordo com a missão da organização. A pergunta a ser feita aqui é: “Como os consumidores nos consideram?” (WILLIAMS, 2010). A fi gura a seguir apresenta elementos essenciais a serem analisados sob a perspectiva do cliente: 86 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Figura 5.4 – A perspectiva do cliente – medidas essenciais. Legenda: Elementos a serem analisados sob a perspectiva do cliente. Fonte: Kaplan, Norton (1997, p. 72). Já na perspectiva dos processos internos/processos comerciais internos, os indicadores devem mostrar se os pro- cessos e a operações estão alinhados e se estão gerando valor e a satisfação do cliente e do acionista. A pers- pectiva interna indaga: “Em que aspecto devemos mostrar que possuímos excelência?” (WILLIAMS, 2010). Qua- lidade, conformidade, logística e comunicação interna são exemplos de elementos analisados nessa perspectiva. 87 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Você sabe o que é gerar valor? Como diferenciamos valor e preço quando analisamos um produto? Na perspectiva da inovação e aprendizagem/aprendizagem e crescimento, os indicadores devem mostrar como a organização pode aprender e desenvolver-se; deve estar voltada para os esforços em criar um clima de apoio à mudança, à inovação e ao crescimento. Deve responder à pergunta: “Podemos continuar nos aperfeiçoando e criar valor?” (WILLIAMS, 2010). São exemplos de elementos analisados nessa perspectiva: índices de renovação dos produtos, desenvolvimento de processos internos, motivação dos colaboradores. Figura 5.5 – As perspectivas do Balanced Scorecard. Legenda: Estrutura e relação entre as perspectivas do Balanced Scorecard. Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 10). O proc esso de construção de um BSC, de acordo com Kaplan e Norton (1997), começa pela tradução e imple- mentação da visão estratégica, que depende do conhecimento dos objetivos globais da organização e de seus refl exos em cada uma das unidades de negócios. A segunda etapa é a transmissão dos objetivos e das medidas/ padrões de resultados para a organização como um todo. Ao fi nal desse processo, todos os indivíduos que fazem parte da organização devem ter uma percepção clara do que a organização espera deles em termos de visão, objetivos e metas. 88 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Posteriormente, inicia-se o processo de estabelecimento de metas e de alinhamento das iniciativas. De acordo com Kaplan e Norton (1997), os gestores devem desdobrar os indicadores de desempenho dos objetivos estraté- gicos e, também, estabelecer metas para cada uma das perspectivas analisadas pelo BSC. Finalmente, há a busca pelo feedback e pelo aprendizado estratégico, que são vistos por Kaplan e Norton (1997) como os aspectos mais importantes para o desenvolvimento e o crescimento da organização como um todo, pois o BSC permite o monitoramento e, se necessário, a revisão da própria estratégia. O feedback é importante para verifi car se os objetivos e as metas estabelecidos para cada unidade de negócios estão sendo atingidos e interferir caso um desempenho negativo seja identifi cado. A proposta do BSC como uma estrutura de ação é ilustrada a seguir: Figura 5.6 – O BSC como estrutura para a ação. Esclarecendo e Traduzindo a Visão e a Estratégia • Esclarecendo a visão • Estabelecendo o consenso Feedback e Aprendizado Estratégico • Articulando a visão compartilhada • Fornecendo feedback estratégico • Facilitando a revisão e o aprendizado estratégico Planejamento e Estabelecimento de Metas • Estabelecendo metas • Alinhando iniciativas estratégicas • Alocando recursos • Estabelecendo marcos de referência Comunicando e Estabelecendo Vinculações • Comunicando e Educando • Estabelecendo metas • Vinculando recompensas a medidas de desempenho Balanced Scorecard Legenda: O Balanced Scorecard como estrutura para a ação. Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 12). 89 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Organizações focadas na estratégia são aquelas que buscam traduzir a estratégia em termos operacionais, alinhando a estratégia à organização, adotando a estratégia como um pro- cesso contínuo e executando a liderança para mobilizar mudanças. Kaplan e Norton (1997, 2001, 2004) propõem cinco princípios norteadores para as organizações focalizadas na estratégia. O primeiro princípio busca traduzir a estratégia em termos operacionais, utilizando-se mapas de conexão de causa e efeitos, os chamados mapas estratégicos, para descrever como os ativos tangíveis e intan- gíveis são mobilizados e combinados para a criação de valor para os stakeholders. Após a defi nição da missão, da visão e dos valores, a organização formulará a estratégia para buscar uma proposta de valor única. As propostas de valor que sãoapresentadas aos clientes são, de acordo com Kaplan e Norton (1997, p. 77), “os atributos que os fornecedores oferecem, através de seus produtos e servi- ços, para gerar fi delidade e satisfação em segmento-alvo”. O mapa estratégico é a base de relação entre os componentes das perspectivas abordadas pelo BSC, permitindo a visualização de suas estratégias de forma integrada. A constituição do mapa estratégico é ilustrada na fi gura a seguir, com um exemplo genérico de aplicação do BSC orientado pela VISÃO: Aumento de faturamento 50% até 2018: 90 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Figura 5.7 – Mapa estratégico genérico. Legenda: Mapa estratégico BSC. Fonte: Kaplan e Norton (1996). O segundo princípio busca alinhar a organização à estratégia, que devem estar alinhadas e conectadas, de forma a criar sinergias (KAPLAN; NORTON, 2001). Já o terceiro princípio busca converter a estratégia em processo contínuo, criando uma consistência estratégica ao alinhar todos os colaboradores à estratégia organizacional, com a criação de uma consciência estratégica e a partir da educação dos envolvidos sobre o sistema de mensuração e gerenciamento do BSC (KAPLAN; NORTON, 2001). O quarto princípio busca transformar a estratégia em um processo contínuo e, para isso, deverá haver uma cone- xão entre o orçamento (para defi nir e alocar recursos nas operações necessárias), a estratégia e o aprendizado (KAPLAN; NORTON, 2001). Finalmente, o quinto e último princípio está voltado a mobilizar a mudança por meio da liderança executiva, pois o BSC ajuda os líderes a mobilizarem e capacitarem os colaboradores a inovarem na concepção das formas de execução das tarefas para que a organização possa alcançar os seus objetivos. 91 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Para saber mais sobre a aplicação e as críticas ao Balanced Scorecard, leia o artigo “Balanced Scorecard: uma análise crítica”, disponível em http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENE- GEP2003_TR0115_1725.pdf Para a utilização bem-sucedida do Balanced Scorecard, Kaplan e Norton (2006) afi rmam a necessidade do ali- nhamento ao ampliarem o terceiro princípio. Além disso, os autores destacam a necessidade do alinhamento entre pessoas, processos, sistemas gerenciais e estratégicos, conforme descrito no quarto e no quinto princípios (KAPLAN; NORTON, 2001). O BSC, segundo Kaplan e Norton (2006), utiliza-se das quatro perspectivas para o desenvolvimento de estraté- gias de unidades de negócio e para a constituição do mapa estratégico, respondendo às perguntas para alcançar as sinergias, cujas fontes são ilustradas na fi gura a seguir: Figura 5.8 – Fontes de sinergias nas organizações. Legenda: Identifi cação das fontes de sinergias nas organizações. Fonte: Kaplan e Norton (2006, p. 12). 92 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard Como é possível identifi car na análise da fi gura, as fontes de sinergia podem ser encontradas nas quatro pers- pectivas do BSC nas organizações. De acordo com Kaplan e Norton (2006), as sinergias podem ser criadas de várias maneiras, como no desenvolvimento de processos comuns e serviços compartilhados entre as unidades de negócios. O produto fi nal do BSC é um painel de controle que permite ao gestor visualizar a organização sob várias perspec- tivas e, com isso, monitorar seu desempenho e seus resultados para além dos indicadores fi nanceiros, aumen- tando a capacidade de adaptação, mudança e aprendizado organizacional. Entre seus benefícios, está a possibi- lidade de alinhar objetivos e metas à estratégia organizacional. Trata-se de uma ferramenta capaz de atender às exigências de gestão em um cenário em constante mudança, com uma visão holística da administração. Figura 5.9 – Mitos e verdades sobre o BSC Legenda: Mitos e verdades sobre o BSC. Fonte: Do autor 5.3 Ferramentas de controle estratégico: PDCA Como percebemos, as organizações têm enfatizado a melhoria contínua e a padronização de processos como forma de, além de responder aos problemas organizacionais, criar diferencial no atual cenário competitivo. O Ciclo PDCA foi idealizado por Walter A. Shewart, mas é mais conhecido como Ciclo de Deming, em homenagem a William E. Deming, que aplicou e publicou o método e o tornou famoso nos estudos sobre qualidade, por se tratar de um processo de melhoria contínua (PALADINI, 2004). Aqui, o enfoque será o Ciclo PDCA para melhoria. 93 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard É uma metodologia que auxilia no diagnóstico, análise e prognóstico de problemas organizacionais. De acordo com Slack et. al (2009) o PDCA era muito utilizado, principalmente, pelas montadoras de automóveis e seus for- necedores, e pela como na indústria de eletroeletrônicos. O foco é a era a resolução dos problemas de qualidade das organizações. Por conta disso, o Ciclo PDCA cresceu junto com a Qualidade Total nas organizações. De acordo com Quinquiolo (2002), poucos instrumentos são tão efetivos na busca pelo aperfeiçoamento quanto o PDCA porque ele conduz a ações sistemáticas que agilizam a obtenção de melhores resultados para garantir a sobrevivência e o crescimento das organizações. De acordo com Rodrigues (2006, p.18), o Ciclo PDCA busca o monitoramento “dos processos produtivos para a melhoria contínua gradual, através da identifi cação e análise de resultados indesejáveis e da consequente busca de novos conhecimentos para auxiliar nas soluções”. De acordo com o autor, como um método gerencial, o ciclo PDCA busca promover a melhoria contínua. As fases do ciclo PDCA são: • 1ª. Fase: Planejamento (plan) – nesta fase não defi nidos os objetivos e as metas que a organização pre- tende alcançar. Planos devem ser delineados para simular as condições do cliente, os padrões estabeleci- dos para produtos, serviços e processos. • 2ª. Fase: Execução (Do) – nesta fase coloca-se em prática o planejamento. Aqui, torna-se imprescindível o treinamento para viabilizar os procedimentos delineados na fase anterior. É importante, também, colher as informações de desempenho que poderão embasar a fase seguinte. • 3ª. Fase: Verifi cação (Check) – nesta fase é feita a verifi cação e a comparação do desempenho entre o que foi planejado, das metas estabelecidas e os resultados alcançados. O resultado dessa fase deve ser um parecer fundamentado, embasado em informações e fatos e não em achismos ou sugestões. • 4ª. Fase: Ação (Act) – nesta fase, o gestor deve diagnosticar causas dos eventuais problemas identifi cados e agir para a eliminação dos problemas e o reforço das ações bem sucedidas. Figura 10: Método PDCA Legenda: Método PDCA para gerenciamento de processos Fonte: Campos (1992, p 30). 94 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard No ciclo PDCA para melhoria, o processo não é repetitivo, pois nessa perspectiva, melhorar um processo signifi ca estabelecer uma nova meta para permanecer nela. A principal razão da aplicação do método é resolver os pro- blemas e alcançar metas. Para que o Ciclo PDCA possa de fato ser considerado contínuo, torna-se imprescindível a visão futura dos processos. Para isso, torna-se essencial o uso de ferramentas, que devem ser utilizadas de acordo com o tipo de problema identifi cado. De acordo com Campos (2004), a fase P consiste nas etapas de identifi cação do problema, reconhecimento do problema e das suas características a partir da observação, análise do processo e plano de ação. A fase D é a de ação, ou atuação de acordo com o plano de ação parareduzir os problemas identifi cados. Na fase C, é feita a verifi cação, a confi rmação ou não da efetividade do plano de ação e sua efetividade. Já na fase A existem duas etapas, a de padronização e a de conclusão. Na etapa de padronização, no caso de efetividade do plano, é feita a eliminação defi nitiva das causas para que o problema não reapareça. Enquanto que na etapa de conclusão ocorre a revisão das atividades e do planejamento para evitar a repetição dos problemas no futuro. Caso na fase C (check), Se os resultados esperados não forem alcançados, o ciclo PDCA deverá ser reiniciado da fase P (plan). 5.4 Ferramentas de controle estratégico: DMAIC O Programa ou método DMAIC (defi nir, medir, analisar, melhorar e controlar), foi desenvolvido para o aprimo- ramento dos processos por meio da escolha destes e do melhoramento das pessoas a serem orientadas para alcançar os resultados almejados. O Programa surgiu embasado na fi losofi a do modelo de qualidade Seis Sigma (do qual o PDCA é congênere). Para saber mais sobre o modelo de qualidade Seis Sigma e sua aplicação, leia o artigo “Possi- bilidade de aplicação do modelo de qualidade Seis Sigma na distribuição física de produtos” disponível em https://www.revistaborges.com.br/index.php/borges/article/view/107/204 O método DMAIC é utilizado para a melhoria do desempenho de produtos e processos (WERKEMA, 2012). Dentre os casos de sucesso na utilização desse método estão a Motorola, na General Eletric (GE), na Sony, entre outras. É um modelo desenvolvido em cinco etapas que, de acordo com Rotondaro (2011) e Wekerma (2012), são: D – Defi nir (Defi ne): Nesta etapa sãos defi nidas, com precisão, as necessidades e desejos dos clientes, conside- rando, para as especifi cidades do projeto, a disponibilidade de fornecimento de insumos, a capacidade produtiva e o posicionamento do serviço ou produto no mercado, tendo em conta as ofertas dos concorrentes. Algumas ferramentas utilizadas nessa etapa são: a análise econômica e gráfi cos de controle. M – Medição/Medida (Measure): Nesta etapa deve-se medir com precisão o desempenho de cada etapa do pro- cesso, identifi cando os problemas (ou pontos críticos), suas intensidades e possibilidades de melhoria. Os custos relacionados a erros e retrabalho, bem como os gastos adicionais de recursos para repor o nível de produção (insumos, tempo, mão-de-obra para executar a atividade) devem ser custos ser mensurados. Aqui, são utilizadas como ferramentas: a análise estatística, coleta de dados, diagramas e braisntorming. 95 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard A – Análise/Analisar (Analyse): A análise dos resultados/desempenho das medições permite identifi car o que falta nos processos para atender e encantar os clientes (causa-raiz dos problemas). Para realizar as melhorias nos processos são elaborados projetos e/ou planos de ação acompanhados de cronogramas, dimensionamento de recursos necessários, custos e retorno do investimento. As ferramentas estatísticas são muito utilizadas para a análise dos dados e resultados nesta fase. I – Implementação/Implementar (Improve): Nesta fase é feita a implementação das melhorias do processo. Para isso é importante que, os dados obtidos na fase anterior tenham sido convertidos em elementos do processo, bem como a observação das alterações que deverão ser realizadas. A ferramenta 5w2h, já vista na Unidade 2, é uma ferramenta importante utilizada nesta fase. C – Controle/Controlar (Control): Nesta fase é fundamental o estabelecimento de um sistema permanente de avaliação e para garantia da qualidade alcançada e identifi cação de desvios ou novos problemas, os quais devem exigir ações corretivas e padronizações de procedimentos. Formulários e outros instrumentos de coletas de dados são utilizados para coletar os dados que irão realimentar constantemente o sistema. A vantagem da utilização do DMAIC é o estabelecimento de uma sistemática de controle de forma cíclica em todas as etapas de análise, bem como estabelecer fases em cada passo estabelecido para a resolução de problemas. Não se esqueça de consultar as atividades do Fórum relacionadas a esta unidade. 96 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard 97 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard 98 Considerações fi nais Nesta unidade, aprendemos o que é controle estratégico e como as orga- nizações o utilizam para avaliar o seu desempenho. Retomaremos alguns pontos estudados até aqui. • As organizações buscam monitorar os seus processos, avaliar a sua performance para, eventualmente, redirecionar os seus esfor- ços, utilizando-se, para isso, de ferramentas de controle, consi- deradas como uma medida de desempenho, sendo também uma oportunidade para a aprendizagem organizacional. • O controle estratégico busca avaliar se as estratégias organizacio- nais adotadas estão sendo efi cazes para o alcance dos objetivos propostos e melhorar a capacidade da organização em atingi-los, atuando como um mediador das interações entre as variáveis ambientais e as dimensões internas da empresa. • Existem vários modelos de medição do desempenho organizacional, elaborados por diversos autores a partir de perspectivas distintas. • O Balanced Scorecard (BSC), uma ferramenta proposta por Kaplan e Norton é utilizada pelos gestores para olhar além das medidas fi nan- ceiras tradicionais, a partir da análise de quatro perspectivas diferen- tes sobre o desempenho da empresa: fi nanceira, clientes, processos internos (também chamados de processos comerciais internos) e inovação e aprendizagem (também chamadas de aprendizado e crescimento). As organizações utilizam diferentes critérios para ava- liar a sua posição em relação às quatro perspectivas do BSC. • O Ciclo PDCA busca o monitoramento dos processos produtivos para a melhoria contínua gradual, através da identifi cação e aná- lise de resultados indesejáveis e da consequente busca de novos conhecimentos para auxiliar nas soluções. • A metodologia DMAIC (defi nir, medir, analisar, melhorar e con- trolar), foi desenvolvida para o aprimoramento dos processos por meio da escolha destes e do melhoramento das pessoas a serem orientadas para alcançar os resultados almejados. Reforçamos, nessa Unidade, a necessidade do alinhamento da organiza- ção à estratégia, destacando a necessidade do alinhamento entre pes- soas, processos, sistemas gerenciais e estratégias. Referências bibliográfi cas 99 CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia. Belo Horizonte: INDG TecS, 2004. CERTO, S. PETER, J.P. Administração estratégica: planejamento e imple- mentação da estratégia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. CHIAVENATO, I; SAPIRO, S. Planejamento Estratégico: Fundamentos e Aplicações - Da Intenção aos Resultados. Ed. Campus, 2015. HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica: competitividade e globalização. 2.ed. São Paulo: Editora 7 Letras, 2008. KAPLAN, R. S., NORTON, D. P. The balanced scorecard: translating strategy into action. Harvard Business School Press, 1996. ______. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. 4 Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. ______. Organização orientada para a estratégia: como as empre- sas que adotam o Balanced Scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001. ______. Mapas estratégicos: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Cam- pus, 2004. ______. Alinhamento: utilizando o Balanced Scorecard para criar siner- giascorporativas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 100 Modelos de Decisão | Unidade 5 - Controle Estratégico e Desempenho: conceitos e ferramentas – Balanced Scorecard PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade: teoria e prática. São Paulo. Atlas, 2004. QUINQUIOLO, J. M. Avaliação da Eficácia de um Sistema de Gerenciamento para Melhorias Implantado na Área de Carroceria de uma Linha de Produção Automotiva. Taubaté⁄SP: Universidade de Taubaté, 2002. RODRIGUES, Marcus Vinicius Carvalho. Entendo, aprendendo, desenvolvendo qualidade padrão seis sigma. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2006. ROTONDARO, R. Seis Sigma - Estratégia Gerencial para a Melhoria de Processos, Produtos e Serviços. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SLACK, N.; STUART, C.; ROBERT, J.. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. WILLIAMS, CHUCK. ADM. São Paulo: Cengage Learning, 2010. WERKEMA, M. C. C. Criando a cultura Lean Seis Sigma. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. WRIGHT, P., KROLL, M. J.; PARNEL, J. Administração Estratégica: conceitos. São Paulo: Atlas, 2000.
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