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Homem, Cultura e Sociedade
Vivian Fernandes Carvalho de Almeida
Mestrado em História - Universidade Estadual de Maringá - UEM
Pós-Graduação em Gestão Escolar pela Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro
Graduação em História - Universidade Estadual de Maringá - UEM
Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) 
e Mestre na área de Concentração: Política, Movimentos Populacionais 
e Sociais, linha de pesquisa Instituições e História Ideias, com ênfase em 
policiamento. Especialista em Gestão escolar pela Universidade Esta-
dual do Centro-Oeste (Unicentro). Suas pesquisas dão ênfase à Histó-
ria Contemporânea do Brasil e Regional. Coordena o Projeto Docente 
Olhares que estuda a História do Tempo Presente da cidade Maringá 
com acadêmicos do Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Atua 
como professora desde 2009 e, atualmente, é Professora de Mediadora 
e de História Moderna no EaD da Unicesumar.
Angélica de Brito
Mestrado em História - Universidade Estadual de Maringá - UEM
Especialização em História e Humanidades pela Universidade Estadual de Maringá - UEM
Graduação em História - Universidade Estadual de Maringá - UEM
Mestre e graduada em História, pela Universidade Estadual de Ma-
ringá. Tem experiência na área de História, com ênfase em História do 
Brasil e do Paraná, atuando principalmente nos seguintes temas: Brasil 
República, Política e Movimentos Sociais - Anticomunismo no Brasil. 
Trabalha, atualmente, como Professora Mediadora do curso de História 
EaD da Unicesumar.
O conceito “cultura” é discutido há tempos e abarca diversas acepções em linhas gerais. 
Isso porque, ao pensarmos no termo, não podemos compreendê-lo de forma isolada, pois 
é carregado da ação humana e social.
É comum vê-lo sendo utilizado como sinônimo de sabedoria, conhecimento ou mesmo 
condição social. Isso porque, no senso comum, a cultura é entendida como sendo algo 
restrito a indivíduos ou grupos sociais que moram em regiões mais desenvolvidas, pessoas 
com ensino superior, que dominam várias línguas ou mesmo que são melhores remu-
neradas. Viés que contribui com a ideia de que europeus, estadunidenses, japoneses ou 
qualquer grupo que vive em uma região economicamente mais desenvolvida têm mais 
acesso à cultura. Concepção que deriva, em boa parte, da compreensão do social base-
ada fundamentalmente no desenvolvimento material.
Desse modo, regiões ou países menos desenvolvidos economicamente acabam sendo 
classificados como “culturalmente pobres” – entendimento equivocado, pois desconsidera 
a cultura como amostra do desenvolvimento humano desvinculado da produção econô-
mica, ou seja, desvinculado do dinheiro. Esse posicionamento desconsidera o fato de que 
indivíduos que não sabem ler ou escrever também têm e produzem cultura.
Uma das grandes preocupações das ciências humanas, como a História, Sociologia e 
Antropologia, é desconstruir esse tipo de perspectiva, demonstrando que qualquer indiví-
duo ou grupo social humano é, antes de tudo, cultural. Para essas áreas, a cultura deve 
ser compreendida como um dos principais meios de diferenciarmos as sociedades; isso 
porque cada grupo social apresenta dinâmicas específicas, que envolvem maneiras de 
pensar, fazer e interpretar o mundo que os cerca de forma diversa, bem como comparti-
lhar suas experiências entre os membros de seu grupamento social e com outros, propor-
cionando, com essas relações, mudanças graduais e constantes.
Este livro foi especialmente elaborado para introduzir você, caro(a) acadêmico(a), a 
discussões fundamentais acerca da condição do homem enquanto ser social, da cultura 
enquanto produto das relações sociais humanas, bem como de conceitos e discussões im-
prescindíveis em torno do tema. Nesse sentido, na Primeira Unidade, demonstramos por-
que o homem é um ser social e porque, como seres sociais, somos produtos e produtores 
da cultura. Em seguida, apresentamos, na Segunda Unidade, o significado do termo cultura, 
demonstrando que não há cultura superior ou inferior, para isso, abordamos conceitos como 
Relativismo Cultural, Etnocentrismo, bem como as teorias que os envolvem; abordamos, ainda, 
nessa unidade, questões acerca da diversidade cultural. Para finalizar, na Terceira Unidade, 
discorremos acerca de temas que abarcam o conceito de Cultura Popular, o processo de cons-
trução das identidades culturais e o impacto da globalização na sociedade contemporânea e, 
por fim, abordamos questões relacionadas aos processos de diversidade e inclusão. 
Para compreender esse processo de construção e desconstrução existente nas trocas sociais e, 
consequentemente, na construção e desconstrução cultural, você deve estar aberto ao “outro”, 
ao novo, pois só assim perceberá o quanto a cultura é diversa, dinâmica e inovadora. Dito isso, 
desejamos uma leitura proveitosa e significativamente reflexiva.
Boa Leitura!
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção socialunidade 1
A cultura enquanto construção social
Vivian Fernandes Carvalho de Almeida
Nesta unidade, caro(a) acadêmico(a), temos como objetivo levá-lo a compreender porque o homem é 
um ser social e porque, como seres sociais, somos produtos e produtores da cultura. Discussão essencial 
para que você compreenda que a construção da cultura não é algo controlado ou predefinido, bem como 
que ela é inevitável, uma vez que tudo que envolve o convívio social proporciona, direta ou indiretamen-
te, a definição de símbolos e de características que, apesar de definirem grupos sociais, inevitavelmente, 
alteram-se conforme grupos sociais distintos se relacionam. Para essa discussão, o clássico da Sociologia 
A Construção Social da Realidade, de Peter Berger e Thomas Luckmann, teve fundamental contribuição, 
uma vez que a obra demonstra de forma magistral como as trocas simbólicas, realizadas na sociedade, 
ocorrem cotidianamente. Apesar da importância da obra, entendemos que trata-se de discussões bastante 
subjetivas, assim, nos esforçamos em torná-las palpáveis e menos complexas.
Boa leitura!
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
A vida cotidiana: conhecimento 
social e produção cultural
A ideia de que o homem constrói sua própria realidade não é novidade, muitos 
filósofos já desenvolveram esse viés, até na religião, ou em pensamentos menos 
formalizados, isso pode ser presenciado. No entanto, apresentar esse processo de 
forma didática e sucinta é bastante complicado, assim, nesta primeira parte da 
unidade, faremos uso de vários teóricos, mas em especial da obra A construção da 
Realidade Social: Um tratado sobre sociologia, de Perter Berger e Thomas Luckmann, 
e esperamos que esse processo de construção, transmissão e desconstrução da vida 
social e seus símbolos e significados fique um pouco mais claro para você, caro(a) 
acadêmico(a).
A Realidade da Vida Cotidiana
Entre muitas definições interessantes, que apresentaremos no decorrer deste livro, 
podemos começar afirmando que a cultura pode ser entendida como “um conjunto 
de saberes, comportamentos, crenças e costumes adquiridos e transmitidos por um 
processo coletivo de aprendizagem” (ZUCON; BRAGA, 2013, p. 12); nesse sentido, 
devemos conceber o homem enquanto produto e produtor da cultura. No entanto, 
parece muito óbvio quando afirmamos que o homem é um ser social que trans-
mite seus conhecimentos, uma vez que vive em sociedade, mas você já parou para 
pensar acerca de como esse processo ocorre? Como essas trocas de conhecimento são 
transmitidas, interpretadas e assimiladas entre os indivíduos?
Partindo do pressuposto que o óbvio é óbvio apenas depois de dito, queremos 
apresentar a você uma explicação acerca de como são construídos esses conjuntos 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
de saberes, conhecimentos, crenças, hábitos e costumes, e como os transmitimos no 
decorrer de nossa vida. Para isso, devemos começar enfatizandoque nem todos 
os indivíduos produzem ideias (teorias), mas todos compartilham de um senso 
comum, cujo qual reflete um conhecimento social geral fundamental para a socie-
dade existir (BERGER; LUCKMANN, 2004). Isso significa que não importa o que 
façamos, todo tempo aprendemos e nos comunicamos, esse processo possibilita uma 
troca e, também, a transformação dos significados que chegam até nós.
Atividade
1. Podemos afirmar que cultura pode ser entendida como “um conjunto 
de saberes, comportamentos, crenças e costumes adquiridos e transmiti-
dos por um processo coletivo de aprendizagem” (ZUCON; BRAGA, 2013, 
p. 12), nesse sentido, devemos conceber o homem enquanto ________
____________________________________________________. 
Com base no que foi exposto, complete a afirmação assinalando a alternativa 
correta:
a. Um ser totalmente influenciável.
b. Produtor da sociedade.
c. Um ser que se desenvolve independentemente do contato com outros indivíduos.
d. Produto e produtor da cultura.
e. Um ser persuasivo que, apenas, influência todos à sua volta.
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Devemos entender, em primeiro lugar, que a vida cotidiana, tal como é acessível 
aos membros comuns da sociedade, apresenta-se como uma realidade na medida 
em que forma um mundo coerente. Nesse sentido, essa realidade deve ser valori-
zada como objeto de análise, pois o conhecimento é formado e transformado nas 
ações simples da vida em sociedade. No entanto, ao mesmo tempo, não podemos 
ignorar totalmente os problemas filosóficos, pois a vida cotidiana não é apenas 
uma realidade para os homens comuns, ela também é formada dos pensamentos 
e ações desses homens (BERGER; LUCKMANN, 2004).
A consciência humana é sempre intencional, ela sempre “tende para” ou é “diri-
gida para” determinados objetos que podem estar presentes em diferentes reali-
dades, ou seja, objetos existentes em nossa realidade enquanto estamos acordados, 
ou imaginando algo, ou ainda sonhando com algo. A questão aqui é que temos 
consciência das diferentes realidades, afinal, por mais “reais” e intensas que sejam 
as fantasias que cultivamos nas profundezas de nossa mente, sabemos que ela é 
fruto de nossa imaginação (não nos deteremos em situações em que o indivíduo 
não consegue identificar realidade e fantasia, como, por exemplo, se nos determos 
em todos os possíveis pormenores, não alcançaremos nosso objetivo).
Dessas múltiplas realidades a por excelência é a vida cotidiana, pois se trata 
da realidade natural. A realidade da vida cotidiana está organizada no “aqui” e 
“agora”, apesar não deixar de experimentar momentos de interesse em outras rea-
lidades, intrinsecamente ligadas aos interesses individuais ou ocupações diárias de 
nossa vida.
Essa realidade cotidiana também se apresenta como um mundo intersubjetivo 
(interno e subjetivo), em que nos interligamos com outras pessoas, vivendo o “aqui” 
e o “agora”. Porém também temos consciência que, apesar de interagirmos, cada um 
tem uma percepção individualizada dessa realidade. Assim sendo, o meu “aqui” é 
o “lá” do outro, meus projetos diferem dos do outro ou mesmo entram em conflito. 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Nessa interação, é fundamental a consciência da contínua correspondência entre 
nossos significados no mundo que partilhamos em comum (BERGER; LUCKMANN, 
2004).
Pense nisso
O termo OUTRO, enquanto conceito, pode apresentar vários significados e ser aplicado de várias 
formas com objetivos diversos em áreas distintas das ciências humanas, mas não é nosso objetivo 
tornar essas discussão mais complexa do que ela é; pelo contrário, estamos tentando simplificar as 
teorias aqui apresentadas. Assim, queremos que você entenda o “outro” apenas enquanto “aquele que 
não é você”. Isso porque, apresentamos que as individualidades e subjetividades de um indivíduo para 
outro são inúmeras. Nesse sentido, o outro aqui é qualquer um, ele não precisa ser um estrangeiros com 
uma cultura exótica aos seus olhos para ser entendido enquanto ser complexo, subjetivo e individual.
Essa realidade cotidiana é tão forte que, mesmo quando temos dúvidas a respeito 
da realidade, somos obrigados a eliminá-la por estarmos na vida cotidiana. Para 
abandonarmos essa dúvida, temos que fazer uma extrema transição. O mundo 
da vida cotidiana proclama-se a si mesmo, e quando temos de contestar essa 
realidade, nosso esforço é enorme. Aspectos dessa realidade apresentam-se como 
problemáticos ou não problemáticos, em que alguns exigem esse esforço, enquanto 
outros, apesar de se apresentarem inicialmente como problemas, são rotinizadas 
após sua absorção à vida cotidiana, ou seja, “enquanto as rotinas da vida cotidiana 
continuarem sem interrupção, são apreendidas como não problemáticas” (BERGER; 
LUCKMANN, 2004, p.41).
Complicado? Tentemos tornar mais compreensível então.
Enquanto tudo que nos cerca é familiar, compreensível, não enfrentamos “dile-
mas”, digamos que nos mantemos em uma zona de conforto; mas, por vezes, surgem 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
algumas situações que nos apresentam informações novas, “coisas” que não enten-
demos, ou como colocado pelos autores, problemas. Esses problemas não devem ser 
compreendido como situações absurdamente complexas, pelo contrário, podem ser 
informações simples, mas são novas à nossa compreensão. Esses problemas podem 
estar ligados à realidade cotidiana ou a outras realidades, como as dos sonhos, da 
loucura, da religiosidade, da arte ou mesmo da ciência, enfim, não há uma regra 
imposta a essa questão. O que fazemos, então, com esses “problemas” é integrá-los 
aos “não problemas” do cotidiano, ou seja, a informações que, para nós, não são 
mais complexas. Em outras palavras, fazemos relações com o que já conhecemos.
Com isso, é possível estar na realidade da história quando abrimos um livro, 
e voltarmos à realidade quando o fechamos. Deste modo, todos nós, apesar de 
experimentarmos continuamente diferentes realidades, voltamos sempre ao “aqui” 
e “agora”; no entanto voltamos com novas percepções, acerca do que nos cerca, e 
ainda mais incrível, como observa Yuval Noah Harari (2015), conseguimos fazer 
isso coletivamente.
Pense nisso
Após aprendermos algo que nos impactou de forma significativa, será que conseguimos engavetar 
esse aprendizado sem permitir que ele interfira e influencie em nossas experiências cotidianas futuras?
A temporalidade também é algo extremamente importante para que possamos 
reconhecer nossa existência, uma vez que “a estrutura temporal da vida cotidiana 
é extremamente complexa, porque os diferentes níveis da temporalidade empiri-
camente presentes devem ser continuamente relacionadas” (BERGER; LUCKMANN, 
2004, p. 41).
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Figura 1.1 - O tempo
Fonte: Igor Stevanovic, 123RF.
O tempo, segundo Norbert Elias (1998), foi um conceito criado para melhor deli-
mitar e/ou organizar as tarefas das sociedades, contudo, não se pode entender esse 
processo como algo facilmente elaborado. A construção e assimilação da instituição 
do tempo são extremamente complexas. Para entender melhor a ideia do autor, 
observe sua explicação:
O tempo é algo que se desenvolveu em relação a determinadas intenções e 
a tarefas específicas do homem. Nos dias atuais, o “tempo” é um instrumento 
de orientação indispensável para realizarmos uma multiplicidade de tarefas 
variadas. Dizer, porém, que é um meio de orientação criado pelo homem 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
traz o risco de levar a crer que ele seria apenas uma invenção humana. E 
esse “apenas” traduz nossa decepção diante de uma “ideia” que não seja um 
reflexo fiel de nenhuma realidade externa. Ora o tempo não se reduz a uma 
“ideia” que surja do nada, por assim dizer, na cabeça dos indivíduos.Ele é 
também uma instituição cujo caráter varia conforme o estágio de desen-
volvimento atingido pelas sociedades. O indivíduo, ao crescer, aprende a 
interpretar os sinais temporais usados em uma sociedade e a orientar sua 
conduta em função deles (ELIAS, 1998, p. 15).
Assim, pertencemos a uma sociedade movida pela noção de tempo, o que explica 
os meios desenvolvidos para medi-lo, como relógios e calendários, contudo, apesar 
desses dispositivos representarem o tempo, eles não são o tempo. São, apenas, a 
demonstração de nosso mundo de símbolos (ELIAS, 1998, p. 16).
A temporalidade está assim, intimamente relacionada à nossa consciência de 
tempo; afinal, o mundo já existia antes de nascermos e continuará depois de nossa 
morte, o que nos impacta com a finitude de nosso tempo nesta realidade. Nossa 
temporalidade, com isso, estará sempre ferida na divisão temporal da realidade, 
em que nossa vida será marcada pelo ano, dia, hora etc., em que teremos de respei-
tar as regras temporais e institucionais determinadas em nossa realidade cotidiana, 
como as regras familiares, escolares, profissionais, jurídicas etc. Nossa integração 
aos acontecimentos dos relacionamentos dessa realidade é inevitável. São essas 
relações pessoais com a realidade que nos fornecem a certeza de vivermos e estar-
mos inseridos nela.
Deste modo, o que nos possibilita a certeza de nossa existência são as regras pre-
estabelecidas na sociedade em que nascemos. Regras que já existiam antes de nossa 
participação e que estabelecem a forma de nos relacionarmos com os indivíduos 
que nos cercam. No entanto, a força dessas regras sobre nossas ações não significa 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
nossa anulação enquanto sujeitos sociais, a interação ocorrerá constantemente, o 
que proporcionará uma mudança dinâmica e gradual do nosso “eu” e da sociedade 
em que habitamos.
Saiba mais
Ao pensarmos em realizar um estudo comparativo entre as mais variadas sociedades, vamos 
constatar que não só existem sincronismos em determinadas construções históricas, mas também 
diacronismos. Ora, concordam que o calendário Maia era diferente do europeu, e mesmo na 
atualidade, o calendário chinês segue suas particularidades e é diferente do ocidental? Por isso, temos 
de nos atentarmos à diversidade de ritmos no desenvolvimento dos processos históricos. O período de 
tempo que representa para uma sociedade em um século pode ter um significado diferente em outro. 
Outro ponto fundamental é que os processos de mudanças podem ser produzidos em um espaço 
muito pequeno de tempo, ainda que tenham sido precedidos por vários séculos de estabilidade. Neste 
sentido, a questão que levantamos é que a contagem do tempo é fundamental para as sociedades e 
para a história como ciência que analisa os fatos históricos e é desse entendimento que se desdobra a 
ideia de cronologia na História.
Para você entender melhor o conceito de diacronismo e anacronismo, conceitos importantes quando 
nos voltarmos ao estudo histórico, acesse o link sugerido a seguir:
www.youtube.com.
https://www.youtube.com/watch%3Fv%3DWjUOCaY4GLI
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
A Interação Social: aprendizado 
cotidiano
Como já pontuamos, a realidade da vida cotidiana é partilhada com outros, e a 
experiência mais importante dessa relação é a situação face a face com o outro, isso 
porque todas as outras relações sociais derivam desta. É face a face que sorrimos ou 
fechamos a cara para o outro, sempre dependendo da recepção ou reação deste, rea-
ções que expõem a subjetividade de nossas relações (BERGER; LUCKMANN, 2004).
Nessa situação, o outro é plenamente real, podendo ser até mais real do que nós 
mesmos, para nossa percepção. Durante essa relação, padrões rígidos são difíceis de 
manter, pois somos influenciados pelas reações e expressões do outro. Conseguimos 
ser indiferentes a essas reações em uma situação à distância, por exemplo, mas pes-
soalmente, ignorá-la pode ser extremamente complicado. Pense em sua experiência 
enquanto acadêmico(a) em um ensino de modalidade a distância. Suponhamos 
que você tenha ficado descontente com a nota atribuída a uma de suas atividades, 
por meio de uma mensagem, você até consegue disfarçar sua frustração, mas pes-
soalmente será muito mais complicado. As atitudes, por isso, podem fugir ao que 
consideramos “normais” ou “comuns”.
Apesar de estarmos face a face, também não podemos acreditar que nossas 
percepções do outro sejam corretas, pois podemos estar tensionados a interpretá-las 
erroneamente, afinal, o outro pode querer esconder aquilo que realmente pensa. 
Temos que levar em consideração as dualidades presentes na comunicação social; 
sendo assim, “verdades” e “realidades” podem ser subjetivas.
Essas relações face a face nos dão as impressões quanto ao que é “estranho” e 
se alteram conforme novas percepções, alterando nossas atitudes em resposta ao 
comportamento do outro.
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Saiba mais
A Haka é um exemplo de tradição que, aos olhos de quem não conhece, causa um grande 
estranhamento, mas que é carregada de respeito e provoca grande comoção social. Acesse o link a 
seguir para visualizar algumas informações acerca da tradição e história dessa representação cultural: 
www.estudenovazelandia.com.br. Para visulizar a dança, acesse os links disponíveis em: www.
youtube.com
Somente depois de rompermos os limites da fase do conhecimento e percebermos 
o outro em sua totalidade, rompemos a atmosfera do estranhamento e iniciamos 
uma relação que respeita as particularidades do outro. Nesse sentido, Berger e 
Luckmann (2004, p. 52) explicam que “a estrutura social é a soma dessas tipifi-
cações e dos padrões recorrentes de interação estabelecidos por meio delas. Assim 
sendo, a estrutura social é um elemento essencial da realidade da vida cotidiana”. 
O que nos leva a entender que tornamos os outros próximos ou anônimos na 
medida de sua proximidade com a nossa vida.
Desse modo, aprendemos com o outro e ele faz o mesmo quanto a nós, em uma 
barganha de conhecimentos que, a primeira vista, parece apenas comportamental, 
mas, na verdade, proporciona um conhecimento extremamente rico. Isso porque 
emanamos em nossas atitudes nossos valores, nossas crenças, nossos símbolos. Ao 
viajarmos para outra cidade, estado ou país, podemos estranhar o comportamento 
de seus moradores, mas a situação de estranheza que vivenciamos em nossos primei-
ros momentos será ultrapassada na medida em que interagimos com os moradores, 
e que compreendemos um pouco mais de suas tradições, nos acostumando com o 
comportamento daquela sociedade. Esse contato nos possibilita aprendizado que, 
por sua vez, só foi possível porque o tempo todo observamos e nos comunicamos.
http://www.estudenovazelandia.com.br/cultura/a-haka-maori/
https://www.youtube.com/watch%3Fv%3DyiKFYTFJ_kw
https://www.youtube.com/watch%3Fv%3DyiKFYTFJ_kw
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Atividade
2. Nas linhas anteriores, afirmamos que o convívio é fundamental nas relações 
sociais. Com base no que foi exposto, leia as afirmativas seguir e considere V para 
o que for verdadeiro e F para o que for falso e assinale a alternativa correta. 
( ) O convívio é fundamental nas relações sociais, porque é face a face que identi-
ficamos as reações do outro. 
( ) Mesmo convivendo cotidianamente com uma pessoa, não é possível conhecê
-la, isso porque, em nossas percepções, o outro não é real mesmo quando mante-
mos contato visual. 
( ) O convívio é fundamental para conhecermos os hábitos e reações do outro, 
mas esse convívio não é garantia de que nossas conclusões, acerca das reações 
do outro, estejam corretas, sendo assim, leva-se um tempo para ultrapassarmos a 
fase do “estranhamento”. 
( ) Leva-se um tempo para se poder afirmar que realmente conheceo outro, isso 
porque somente depois que rompemos a fase do estranhamento é que consegui-
mos identificar e respeitar as particularidades do outro.
a. V, V, V, V.
b. V, V, V, F.
c. V, V, F, V.
d. V, F, V, V.
e. F, V, V, V.
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
A Importância da Linguagem Para a Vida 
em Sociedade
Segundo Yuval Noah Harari (2015), embora os sapiens habitassem a África 
há 150 mil anos, foi há cerca de 70 mil anos que eles iniciaram seu processo de 
dominação do planeta e, embora já se parecessem muito conosco, eles ainda não 
gozavam de grandes vantagens sobre as outras espécies humanas. Foi entre 70 
mil e 30 mil anos atrás que se registra um salto nas capacidades cognitivas. Entre 
as habilidades desenvolvidas nesse processo revolucionário para a humanidade, 
destacamos a forma de pensar e se comunicar.
A partir de então, nossa linguagem passa a ser incrivelmente versátil,
Podemos conectar uma série limitada de sons e sinais para produzir um número 
infinito de frases, cada uma delas com significados diferentes. Podemos, assim, 
consumir, armazenar, e comunicar uma quantidade extraordinária de informa-
ções sobre o mundo a nossa volta (HARARI, 2015, p. 31).
A partir desse salto evolutivo, a expressividade humana foi capaz de manifes-
tar-se em produtos da atividade humana comuns a todos os homens, ou seja, não 
nos comunicamos apenas por meio da fala. Um exemplo é uma atitude de violên-
cia, como uma faca lançada por um indivíduo contra outro, atitude que represen-
tará a ira desse homem para qualquer um que presenciar tal ato. Essa arma, por-
tanto, é ao mesmo tempo um produto humano e uma objetivação da subjetivação 
humana, qual seja a ira do inimigo.
Um caso especial de objetivação é a significação, ou seja, a produção humana 
de sinais. Isto é, o mesmo significado que se deu a um objeto, pode ser transferido a 
uma marca ou um ritual. Como um objeto religioso, por exemplo, um católico não 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
se sente à vontade jogando fora ou quebrando um terço ou um crucifixo, pois esse 
objeto é uma representação objetiva de sua fé.
Não se pode, porém, generalizar o significado, ou melhor, as objetivações das dife-
rentes situações, uma coisa seria uma pessoa berrar e demonstrar estar enfurecida com 
alguém, outra é apenas participar de uma dança que representa a violência.
A linguagem é o mais importante sistema de sinais da sociedade humana. A 
linguagem aqui não é o rosno, uivo ou grunhido, enfim, são expressões vocais que 
se destacaram. Yuval N. Harari (2015) observa que, entre as teorias acerca do 
desenvolvimento da linguagem humana, destaca-se a “teoria da fofoca”, em pala-
vras menos indiscretas e difamadoras acerca do caráter humano, nossa linguagem 
evoluiu pela nossa necessidade de compartilharmos informações sobre o mundo. 
Segundo as explicações de Harari, com certeza era importante trocar informações 
acerca das necessidades para a sobrevivência do bando, como saber do posiciona-
mento de rebanhos e da água, contudo o mais importante era poder identificar 
“quem em seu bando odeia quem, quem está dormindo com quem, quem é honesto 
e quem é trapaceiro” (HARARI, 2015, p. 31).
Pense nisso
É importante refletirmos sobre os limites sociais impostos em nossa linguagem. Por exemplo, sei 
que sou pobre e todas as pessoas participantes do meu acervo social têm conhecimento, ou melhor, 
conseguem identificar minha situação econômica, mas um estrangeiro pode não reconhecê-la, uma 
vez que, em seus critérios de pobreza, suas percepções são diferentes, por isso, na concepção dele, 
posso não ser pobre, pois ele pode pensar: como esse sujeito se considera pobre se usa sapatos e 
não passa fome? Em outras palavras, nossa percepção de mundo está intrinsecamente relacionada 
ao mundo que nos cerca, assim, nossas experiências, nossa religião ou mesmo o modelo político e 
econômico em que crescemos interferirá em nosso julgamento e nossas interpretações.
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Nesse sentido, desde os primórdios de nossa vida em sociedade, dependemos do 
sucesso de nossa comunicação, pois a compreensão daquilo que ocorre à nossa volta 
é fundamental para assimilarmos os significados da realidade da vida cotidiana. 
No entanto, enquanto humanos, ultrapassamos o limite da transmissão de infor-
mações reais, somos também capazes de transmitir informações ficcionais (HARARI, 
2015). Somos os únicos seres capazes de imaginar meia dúzia de coisas impossí-
veis logo pela manhã. Com isso, somos capazes de transcender e integrar mesmo 
quando não estamos falando.
No que diz respeito às relações sociais a linguagem “torna presente” a mim 
não somente os semelhantes que estão fisicamente ausentes no momento, 
mas indivíduos no passado relembrando ou reconstituindo, assim como 
outros projetados como figuras imaginárias no futuro. Todas essas “presen-
ças” podem ser altamente dotadas de sentido, evidentemente, na contínua 
realidade [...] (BERGER; LUCKMANN, 2004, p. 60).
Como demonstramos, a comunicação foi fundamental para o desenvolvimento 
do ser humano.
É relativamente fácil concordar que só o Homo sapiens pode falar sobre 
coisas que não existem de fato e acreditar em meia dúzia de coisas impos-
síveis antes do café da manhã. Você nunca convencerá um macaco a lhe 
dar uma banana prometendo a ele bananas ilimitadas após a morte dos 
macacos (HARARI, 2015, p. 33).
Por que a capacidade de comunicação do ser humano é tão importante? Analise 
as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta.
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Atividade
3. I- A linguagem, enquanto sistema de sinais vocais, é o mais importante sistema de 
sinais da sociedade humana. 
II- Entre as teorias acerca da linguagem, a mais importante, segundo Harari, é a 
“Teoria da Fofoca”, pois é fundamental para a sobrevivência em grupo. 
III- Enquanto humanos, ultrapassamos o limite da transmissão de informações 
reais, o que compromete significativamente a nossa percepção do que é real.
a. Está correta apenas a afirmativa I.
b. Está correta apenas a afirmativa III.
c. Estão corretas apenas as afirmativas I e III.
d. Estão corretas apenas as afirmativas II e III.
e. Todas as afirmativas estão corretas.
Observe que, muito mais complexo que nos remeter a lembranças de ações real-
mente vividas em nossa realidade, a linguagem humana, devido a nossa capa-
cidade inventiva, pode tornar experiências vivenciadas em realidades paralelas 
parte da realidade de nosso cotidiano. Podemos, por exemplo, “interpretar o ‘signi-
ficado’ de um sonho integrando-o linguisticamente na ordem da vida cotidiana. 
Esta integração transpõe a distinta realidade do sonho para a realidade da vida 
cotidiana, tornando-a um enclave dentro da última” (BERGER; LUCKMANN, 2004, 
p. 60).
A partir de então, esse sonho ficará dotado de sentido e se mesclará à nossa rea-
lidade e, com o tempo, os significados desses sonhos farão parte de nossos hábitos 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
e valores, ou mesmo se manifestarão como símbolos e, depois, não conseguiremos 
identificar o que surgiu de nossa vivência na realidade da vida cotidiana e o 
que experimentamos em nossos sonhos, ou mesmo nas histórias que ouvimos ou 
imaginamos.
Figura 1.2 - Imaginação
Fonte: Ion Chiosea, 123RF.
Pense nisso
Você já vivenciou uma situação similar, ou seja, já teve a experiência de não saber identificar se 
determinada lembrança realmente ocorreu, foi um sonho ou foi “plantada” pelas histórias que ouviu 
de outras pessoas?
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
É importante destacarmos que
Qualquer tema significativo que abrange assim esferas da realidade pode 
ser definido como um símbolo e a maneira linguística pela qual se realiza, 
esta transcendênciapode ser chamada de linguagem simbólica. Ao nível 
do simbolismo, por conseguinte, a significação linguística alcança o máximo 
desprendimento do “aqui” e “agora” da vida cotidiana [...] A linguagem 
constrói, então, imensos edifícios de representação simbólica, que parecem 
elevar-se sobre a realidade da vida cotidiana como gigantescas presenças 
de um outro mundo (BERGER; LUCKMANN, 2004, p. 61).
A linguagem é capaz de construir símbolos, mas muito mais que isso, ela pode 
retomá-los, relacioná-los e torná-los parte de nossa vida cotidiana. Como nas lem-
branças citadas anteriormente, esses símbolos, carregados de significados, mesclam-
se à nossa realidade, fazendo parte do que nós somos e sendo transmitida nessa 
realidade da vida cotidiana que interliga as sociedades.
Deste modo, segundo essa concepção, graças à linguagem “um mundo inteiro 
pode ser atualizado em qualquer momento. Este poder que a linguagem tem 
de transcender e integrar conserva-se mesmo quando não estamos realmente 
conversando com outras pessoas” (BERGER; LUCKMANN, 2004, p. 60). Ela tam-
bém nos possibilita comparar nossa realidade a de outras pessoas, por meio de 
experiências comuns, exercendo um efeito coercitivo, forçando-nos a entrar em 
seus padrões.
A linguagem torna possível transmitir, aos outros, os sentidos que damos às nos-
sas experiências, bem como de compreendermos as experiências dos outros. Ela traz 
para o “aqui” e para o “agora” objetos que não seriam possíveis espacial, temporal 
e socialmente, tornando possível uma troca simbólica contínua entre os indivíduos 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
de um grupo, e que por conta dessas trocas compartilham uma identidade social, o 
que chamaremos de cultura.
Pense nisso
No acervo social do conhecimento, não significa que essas pessoas que compartilham do mesmo 
acervo saibam tudo, mas saibam as informações pragmaticamente necessárias. Iremos além desse 
conhecimento apenas quando algum motivo for suscitado. Contudo, por mais que conheçamos as 
regras de nossa realidade, nunca teremos todo conhecimento. Sabemos de muitas coisas comuns a 
“todos”, no entanto nunca saberemos tudo, mas sabemos qual pessoa procurarmos para resolvermos 
os problemas que não solucionamos.
Homem: Construtor de Si em Sociedade
O ser humano não é uma espécie presa a uma situação geográfica ou climática; 
desde que respeite suas limitações, o ser humano é flexível a mudanças exteriores. 
Quanto à organização instintiva, segundo Berger e Luckmann, é subdesenvolvida 
comparado a outros mamíferos. Para os autores, o período fetal do ser humano 
se estende por todo o primeiro ano de vida, ou seja, o bebê já está em contato 
com o externo enquanto ainda se desenvolve biologicamente. Diante desse posi-
cionamento, os autores defendem que o ser humano tem seus sentidos e instintos 
desenvolvidos não apenas biologicamente, mas também socialmente, em função 
do término de seu desenvolvimento já fora do ventre. O que incute no fato de que 
“embora seja possível dizer que o homem tem uma natureza, é mais significativo 
dizer que o homem constrói sua própria natureza, ou, mais simples, que o homem 
se produz a si mesmo” (BERGER; LUCKMANN, 2004, p. 73).
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Figura 1.3 - Homem - construtor de si mesmo
Fonte: Pinterest (2018).
Um exemplo interessante dessa construção é a configuração sexual distinta de 
uma cultura para outra. Os pressupostos genéticos são dados no nascimento, mas o 
“eu”, tal como experimentado mais tarde como identidade subjetiva, não é. Assim, 
a relação que o homem tem com si mesmo é totalmente diferente de qualquer 
outro organismo, porque nossas experiências interferem nas percepções que temos 
quanto nossa existência e nossa posição na realidade cotidiana.
Precisamos esclarecer que a afirmação de que o homem produz a si mesmo 
não implica a ideia de viver Solitário. Apenas com a totalidade das formações 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
socioculturais e psicológicos e vivendo em conjunto, o homem produz um ambiente 
humano. Em outras palavras, o homem solitário seria apenas um animal, é viver 
em sociedade que o torna humano, isso porque o “organismo humano não possui os 
meios biológicos necessários para dar estabilidade à conduta humana” (BERGER; 
LUCKMANN, 2004, p. 75).
Então, você pode estar se perguntando, de que maneira surge a ordem social?
De forma genérica, a resposta a essa pergunta resume-se ao fato de que a ordem 
social é um produto humano ou, mais precisamente, uma produção humana cons-
truída progressivamente. Embora nenhuma ordem social “[...] existente possa ser 
derivada de dados biológicos, a necessidade de ordem social enquanto tal provém 
do equipamento biológico do homem [...]”, diante disso, “[...] a inerente instabilidade 
do organismo humano obriga o homem a fornecer a si mesmo um ambiente está-
vel para sua conduta” (BERGER; LUCKMANN, 2004, p. 77).
Atividade
4. Afirmamos que o homem é “produtor de si mesmo”, o que parece contradizer o 
fato do homem ser um ser social. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e 
assinale a alternativa com relação ao conteúdo deste tópico. 
I- Os pressupostos genéticos do homem definem o ser humano e a percepção que 
cada indivíduo tem de si mesmo. 
II- O ser humano depende de muito cuidado após o seu nascimento, o que pro-
porciona os meios para uma vida em sociedade. 
III- O organismo humano proporciona todos os meios para a construção biológica 
e psicológica do homem. 
IV- Mesmo após superarmos nossas necessidades de sobrevivência, continuamos 
vivendo em sociedade, isso porque somos seres que sentem necessidade de se 
exprimir, de se comunicar. 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Estão corretas apenas as afirmativas:
a. I e II.
b. I e IV.
c. II e IV.
d. I, II e III.
e. II, III e IV.
Em outras palavras, a ordem social humana não provém das características 
biológicas do homem, mas sua demora no desenvolvimento físico sim, pois sendo 
um ser que necessita de segurança e estabilidade para se desenvolver, a vida em 
sociedade é o meio para sua sobrevivência. Porém, ao superarmos as necessidades 
primitivas de sobrevivência, continuamos sendo seres sociais pela nossa capacidade 
e, até mesmo, necessidade de nos comunicarmos, de nos exprimirmos, de exteriori-
zarmos nossas atividades e pensamentos – cenário que determinará e caracterizará 
cada grupo devido aos hábitos, crenças e símbolos que compartilham ou, ainda, 
cada grupo, segundo essas características, desenvolverá suas próprias culturas e, 
até mesmo, instituições.
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Atividade
5. Com base em nossos estudos, analise as alternativas a seguir e assinale a que 
completa corretamente a sentença: 
Os processos culturais sempre estão em constante mutação, ________________
___________________________________________________________.
a. Porque todos os homens produzem ideias e teorias, demonstração única de inteligência.
b. Porque a sociedade é dinâmica, uma vez que os homens se relacionam o tempo todo, e 
dessas relações, hábitos e valores se modificam, alterando, assim, a identidade desses 
indivíduos e dando origem a novas culturas.
c. Porque o homem é um ser racional que controla seus pensamentos e determina o que 
deve fazer parte de seus hábitos e costumes.
d. Porque os símbolos são restritos a significados específicos, relacionados a experiências 
concretas.
e. Porque o homem é o único ser capaz de se comunicar com uma linguagem complexa.
Institucionalização do Homem
A instituição surge da convivência humana, dos valores e hábitos desenvolvi-
dos no interior de cada grupo social. Nesse sentido, é possível afirmar que as ins-
tituições se formam das tipificações recíprocas de cada grupo social. Destacamos, 
ainda, que elasnão surgem de repente, uma vez que são produtos de uma história 
(BERGER; LUCKMANN, 2004). Além da importância de sua construção histórica, é 
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
imprescindível lembrar que as instituições exercem uma função coercitiva dentro 
de cada grupo social.
As instituições controlam a vida das pessoas, este é o papel da instituição, o 
controle social primário é dado pela instituição enquanto tal. Afirmar que um dito 
segmento da sociedade foi institucionalizado é o mesmo que dizer que foi subme-
tido ao controle social.
O mundo institucional é a atividade humana objetiva, e isso em cada ins-
tituição particular [...] é importante acentuar que a relação entre o homem, 
o produto e o mundo social, produto dele, é e permanece sendo uma rela-
ção dialética, isto é, o homem (não o isolado o coletivo) e seu mundo social 
atuam reciprocamente um sobre o outro. O produto reage sobre o produtor 
(BERGER; LUCKMANN, 2004, p. 87).
São três, portanto, na concepção desses autores, os momentos dialéticos da rea-
lidade social: a sociedade é um produto humano, sociedade é uma realidade obje-
tiva, e o homem é um produto social.
Para entendermos o mundo social, não podemos deixar de lado nenhum desses 
três momentos, ou teremos uma visão distorcida dele. Somente com o surgimento 
de uma nova geração, é possível falar de um mundo social propriamente dito, 
quando os hábitos são instituídos e se mantêm na coletividade.
Pense nisso
Em uma sociedade, os indivíduos não serão idênticos em seus interesses.
Homem, Cultura e Sociedade
A cultura enquanto construção social
Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao término da primeira unidade do nosso livro. 
No decorrer destas primeiras página, nosso intuito foi de ampliar sua percepção acerca 
do porquê somos seres sociais e do quanto, apesar do conceito de cultura ser complexo, 
ela se constrói de forma simples e cotidiana. Isso porque a cultura se forma a partir da 
vida cotidiana de todo e qualquer indivíduo que vive em sociedade.
Estamos longe de esgotar o assunto, mas esperamos ter levantado algumas refle-
xões acerca do processo de construção das práticas, símbolos e valores, ou seja, da 
cultura, e que o homem aprende e produz o tempo todo e não apenas por meio 
dos conteúdos formalizados ensinados nas escolas, nas universidades, nas famílias 
e igrejas, ou em qualquer instituição.
Dica de leitura
Nome do livro: Modernidade Líquida
Editora: J. Zahar
Autor: Zygmund Bauman
ISBN: 950-557-513-0
nessa obra, o sociólogo e filósofo polonês discorre sobre como a modernidade imediata é efêmera e 
passageira. O autor demonstra que as conexões sociais características da sociedade contemporânea têm 
se alterado rapidamente na era comumente conhecida como pós-modernidade. Seus apontamentos 
sociológicos nos permitem refletir sobre a angústia que encontram-se presentes nos sentimentos 
humanos. Nesse sentido, a obra complementa nossos estudos, uma vez que discorre acerca do quanto 
as relações sociais interferem e alteram no comportamento, percepções e valores humanos.

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