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APOSTILA 19

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A ENGENHARIA 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 91 
Professor: M.Sc. Sanderson Dutra Rocha Gouvêa – sanderson.unec@gmail.com 
 
7.2. Ponto de vista da sociedade 
 
A construção do currículo de engenharia é influenciada por demandas sociais, 
de forma direta ou indireta. O 
que é uma exigência constitucio-
nal: "A educação, direito de to-
dos e dever do Estado e da famí-
lia, será promovida e incentivada 
com a colaboração da socie-
dade, visando ao pleno desen-
volvimento da pessoa, seu pre-
paro para o exercício da cidada-
nia e sua qualificação para o trabalho". Por exemplo: 
O aluno que entra na escola de engenharia pretende obter trabalho no melhor 
nível possível, o que, no caso de haver concorrência entre escolas, as leva a dirigir 
seus currículos para o mercado de trabalho – ou para a porção do mercado de trabalho 
que pretende atingir. Podemos ver esse fenômeno ocorrer de forma explícita nas prin-
cipais universidades privadas do país (e nas escolas de engenharia norte-americanas 
ou europeias, sempre à busca de candidatos ou dos melhores candidatos). 
Por outro lado, a marca social associada à história de cada escola concede 
maior liberdade de escolha curricular às de maior prestígio, e faz com que escolas 
diferentes possam 
ser sensíveis a di-
ferentes porções 
do mercado de tra-
balho. A grande 
separação, neste 
ponto, parece 
ocorrer entre as 
escolas que pro-
movem o acesso à gerência e aquelas associadas ao enquadramento na função 
 
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técnica junto à produção industrial, isto é, a escolha entre papéis sociais essencial-
mente diferentes. Assim, as escolas de engenharia aparecem como instrumentos de 
reprodução social, reforçando as relações de produção e reafirmando os valores so-
ciais tradicionais, por trás de um discurso aparentemente moderno (ou pós-mo-
derno...). 
Nesta direção, é preciso lembrar que professores tendem a ser apegados ao 
aprendizado que fizeram, historicamente datado e socialmente marcado, reinterpre-
tando as mudanças curricu-
lares de acordo suas cren-
ças e suas práticas, em ge-
ral estabelecidas quando de 
sua formação pessoal. Esta 
é uma das maiores dificulda-
des apontadas para refor-
mas das escolas. 
Demandas sociais 
explícitas também aparecem via determinações governamentais, como os antigos cur-
rículos mínimos ou as novas diretrizes curriculares, resultado de luta política entre 
grupos buscando o controle da profissão. O corporativismo das associações profissi-
onais contra os valores acadêmicos dos professores é um bom exemplo, cada um dos 
grupos agindo no seu campo próprio, cuja intercessão é exatamente o currículo pro-
fessado. 
Um exemplo essencial de ação governamental é a reforma das universidades 
brasileiras a partir da criação da pós-graduação, resultado de um conjunto de fatores 
históricos e econômicos. Embora o movimento não fosse dirigido para reformar o en-
sino de graduação em engenharia, à medida que os professores foram sendo melhor 
qualificados em suas disciplinas, ganhando visão de pesquisa – o que exigiu progra-
mas de qualificação financiados pela CAPES e uma vontade política nem sempre 
firme na troca dos sistemas de promoção de professores/pesquisadores nas universi-
dades públicas – houve uma modificação efetiva deste ensino, lenta mas progressiva. 
 
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O motu era "para um bom ensino basta uma boa pesquisa", o que não constitui 
uma pedagogia consistente. A passagem ao ideal da "engenharia científica" e seus 
resultados contraditórios já é sabido por nós, mas o ganho na qualidade da discussão 
acadêmica é inegável, ao menos nas escolas que souberam ou foram obrigadas a 
pós-graduar seus professores de graduação. Veja-se que boa parte do esforço dos 
governos da década final do século XX 
foi trazer esta reforma a todas as uni-
versidades do país, forçando as uni-
versidades privadas diretamente (co-
tas obrigatórias de professores pós-
graduados) ou indiretamente (através 
da análise das condições de oferta, um 
dos itens do Exame Nacional de Cur-
sos), sem considerar o financiamento 
dos custos envolvidos. Cabe relembrar que esta é uma reforma da estrutura universi-
tária, mas não dos cursos de graduação, diretamente. 
Mais interessante é o caso em que demandas sociais explícitas influenciam 
currículos a partir de uma visão de futuro que introduz diretamente novos valores. 
Demandas sociais inovadoras – e mesmo portadoras de uma visão estratégica dife-
rente da defendida pelo governo – podem ser veiculadas através de instâncias gover-
namentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvi-
mento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação 
para o trabalho. Portanto, de acordo com o material disponibilizado para o es-
tudo, a construção do currículo de engenharia é influenciada por: 
a) Demandas sociais, de forma direta ou indireta. 
b) Demandas econômicas, de forma direta ou indireta. 
c) Demandas culturais, de forma direta ou indireta. 
d) Demanda jurídica, de forma direta ou indireta. 
 
2. As escolas de engenharia aparecem como instrumentos de reprodução 
___________, reforçando as relações de produção e reafirmando os valores 
sociais ________________, por trás de um discurso aparentemente moderno 
(ou pós-moderno...). marque a alternativa que preenchem corretamente as la-
cunas. 
a) Cultural – conflituosos. 
b) Social – tradicionais. 
c) Educacional – comuns. 
d) Física – reflexivos. 
 
3. Demandas sociais explícitas também aparecem via determinações governa-
mentais, sobre o ponto de vista da comunidade em relação ao engenheiro, 
como os antigos currículos mínimos ou as novas diretrizes curriculares, resul-
tado de luta política entre grupos buscando o controle da profissão. O corpora-
tivismo das associações profissionais contra os valores acadêmicos dos pro-
fessores é um bom exemplo. Marque a alternativa que contém o exemplo ilus-
trado no material disponível para estudo. 
a) Todos os grupos agindo em conjunto, onde o currículo estará sendo profes-
sado. 
b) Cada um dos grupos agindo no seu campo próprio, cuja intercessão é exa-
tamente o currículo professado. 
c) Existe uma multidisciplinaridade, mas cada um a seu modo faz seu currí-
culo. 
d) Todos apresentam o mesmo currículo.

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