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Rb INTRODUÇÃO As doenças cardíacas resultantes de uma disfunção intrínseca do miocárdio são chamadas cardiomiopatias (literalmente, “doenças do músculo cardíaco”); elas podem ser primárias — isto é, limitadas principalmente ao miocárdio — ou secundárias, representando a manifestação cardíaca de um distúrbio sistêmico. (ROBBINS) Por essa razão, as cardiomiopatias são um grupo heterogêneo que engloba distúrbios inflamatórios (p. ex., miocardite), doenças imunes (p. ex., sarcoidose), distúrbios metabólicos sistêmicos (p. ex., hemocromatose), distrofias musculares e distúrbios genéticos das fibras do miocárdio. (ROBBINS) Em muitos casos, a cardiomiopatia tem etiologia desconhecida e, por isso, é denominada idiopática; contudo, já foi demonstrado que várias cardiomiopatias previamente consideradas “idiopáticas” eram, na realidade, uma consequência de anomalias genéticas específicas do metabolismo energético cardíaco ou de proteínas estruturais e contráteis. (ROBBINS) As cardiomiopatias podem ser classificadas de acordo com diversos critérios, que incluem a base genética da disfunção. (ROBBINS) Existe três principais tipos de miocardiopatia: a dilatada causa uma disfunção sistólica, já a restritiva e hipertrófica ocasionam disfunção diastólica. (ROBBINS) Dos três padrões principais, a CMD é a mais comum (90% dos casos), e a cardiomiopatia restritiva é a menos frequente. (ROBBINS) CARDIOMIOPATIA DILATADA CMD é caracterizada por um ventrículo esquerdo dilatado, com disfunção sistólica, que não é causada por doença isquêmica ou valvar cardíaca. (BRAUNWALD) Um grande número de causas genéticas de CMD deve ser considerado antes de se rotular a cardiomiopatia como “idiopática”, que é um termo que reflete a nossa incapacidade de um diagnóstico específico. (BRAUNWALD) Um período latente de disfunção sistólica do VE assintomática muitas vezes ocorre antes do desenvolvimento dos sintomas clínicos em pacientes com CMD. (BRAUNWALD) Os pacientes com CMD também estão em risco de arritmias ventriculares, e por vezes a apresentação inicial é como morte súbita cardíaca abortada. (BRAUNWALD) Ao investigar um paciente com CMD, deve ser colhida uma história completa, incluindo os fatores de risco para a doença coronária. (BRAUNWALD) A menos que o paciente seja questionado em detalhe, a duração dos sintomas pode ser significativamente subestimada. (BRAUNWALD) Angina pode ocorrer, mesmo na ausência de doença coronária epicárdica, mas os sintomas sugestivos de angina devem alertar para a possibilidade de doença arterial coronariana, coexistente ou como um importante fator causal. (BRAUNWALD) Os pacientes devem ser cuidadosamente questionados sobre o consumo de álcool, tanto presente como passado. Se o cônjuge do paciente estiver disponível, a entrada dessa pessoa pode ser de grande valor porque a subvalorização da ingestão pesada de álcool é comum. (BRAUNWALD) A história da família é essencial, não só de sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca, mas também de morte súbita cardíaca, que pode ser relatada pelo paciente como “morte de um ataque cardíaco fulminante.” (BRAUNWALD) Ocasionalmente, a constelação de sintomas pode permitir a um médico astuto detectar uma causa rara; por exemplo, a combinação de surdez, diabetes herdado da mãe e insuficiência cardíaca em um paciente relativamente jovem sugere uma cardiomiopatia mitocondrial. (BRAUNWALD) As conclusões sobre o exame clínico refletem a disfunção biventricular presente em CMD. (BRAUNWALD) Cardiomiopatia Dilatada @juliaasoare_ TUTORIA 5 Eletrocardiografia muitas vezes revela hipertrofia ventricular esquerda (HVE), alterações ST-T inespecíficas ou bloqueios de ramo. Ecocardiografia revela dilatação biventricular, que pode variar de leve a grave, tal como a disfunção sistólica do VE. A espessura da parede do VE é geralmente dentro da faixa normal, mas a massa do VE é quase invariavelmente aumentada. A angiografia coronária deve ser considerada em todos os pacientes que apresentem fatores de risco para doença arterial coronariana ou cuja idade possa ser um fator causal. Como alternativa, a tomografia computadorizada (TC) de artérias coronárias pode ser utilizada, apesar de não permitir o estudo hemodinâmico, o que pode ser útil em alguns pacientes. A ressonância magnética cardíaca (RMC) pode ser útil na avaliação de cardiomiopatias A RMC é capaz de avaliar o grau de fibrose do miocárdio em CMD e pode fornecer informações complementares às obtidas com biópsia cardíaca. GENÉTICA DA CARDIOMIOPATIA DILATADA Apesar de uma avaliação abrangente, uma proporção significativa de pacientes com CMD não têm nenhuma causa óbvia da cardiomiopatia, sendo-lhes atribuído um diagnóstico de CMD idiopática. (BRAUNWALD) Estudos de base familiar extensivos mostraram que, se a triagem clínica com um eletrocardiograma (ECG) e/ou ecocardiograma for realizada nos membros da família de primeiro grau de pacientes com CMD, evidência de CMD será encontrada em pelo menos 20% a 35%, estabelecendo assim um diagnóstico de CMD familiar. (BRAUNWALD) CMD familiar é agora vista como tendo uma base genética de ontologia diversificada. (BRAUNWALD) Estudos recentes em famílias com CMD familiar sugerem que uma causa genética pode ser identificada em pelo menos 30% dos casos e talvez tão elevada quanto 40% a 50%, como extrapolado a partir de estudos de genes individuais ou pequenos grupos de genes em publicações de descoberta de genes. (BRAUNWALD) Embora a CMD familiar seja agora considerada uma doença genética, a questão de saber se a CMD idiopática tem uma base genética nos casos em que não há nenhuma evidência de CMD familiar não foi resolvida completamente. (BRAUNWALD) Pacientes com CMD têm tipicamente uma fase assintomática durante muitos anos antes do desenvolvimento de insuficiência cardíaca sintomática, de uma arritmia ou de um evento embólico, apresentado mais tarde, no curso da doença. (BRAUNWALD) Por vezes, CMD assintomática mas clinicamente detectável pode ser diagnosticada durante um exame de rotina ou em avaliações pré-procedimentos, em geral suspeitadas por alterações sutis no ECG, que levam a um ecocardiograma. (BRAUNWALD) O intervalo de tempo necessário para a doença clínica se desenvolver ilustra a notável capacidade do miocárdio em manter o débito cardíaco e a pressão de enchimento normal ou próximo do normal durante anos, apesar da presença de CMD assintomática facilmente detectável. (BRAUNWALD) Este princípio está subjacente à observação de que a história da família é muito menos sensível do que a triagem clínica através da ecocardiografia na detecção de CMD entre os membros da família de um indivíduo com um novo diagnóstico de CMD idiopática e ressalta a necessidade de triagem clínica de todos os membros da família de primeiro grau, quando um novo diagnóstico de qualquer cardiomiopatia for feito. (BRAUNWALD) Genética molecular da cardiomiopatia familiar Os genes responsáveis pela CMD familiar são classificados por localização subcelular (ontologia genética). (BRAUNWALD) A maior parte dos genes implicados codifica proteínas do sarcômero, Z-disco ou citoesqueleto. A ampla representação de outros genes que codificam uma grande variedade de proteínas demonstra as diversas vias que podem levar ao “fenótipo final” de CMD . (BRAUNWALD) Presumivelmente, outras vias ainda desconhecidas também podem ser relevantes na patogênese da CMD. (BRAUNWALD) Mais de 30 genes foram identificados como podendo causar CMD (referidos como heterogeneidade de locus). As diversas localizações subcelulares de genes implicados em CMD diferenciam essa forma de cardiomiopatia da CMH e cardiomiopatia arritmogênica (CMA), que são causadas por variantes em genes que codificam proteínas do sarcômero ou desmossômicas, respectivamente. (BRAUNWALD)Recentemente, o truncamento de variantes da proteína estruturante gigante titina (TTN) tem sido implicado como causa de 25% dos casos de CMD. (BRAUNWALD) @juliaasoare_ No entanto, até 3% de indivíduos do grupo-controle também são portadores de variantes truncadas da TTN, e uma análise genômica global que demonstrou o impacto e a relevância das variantes truncadas da TTN também identificou algumas variantes truncadas que não foram associadas com CMD, o que torna a avaliação da patogenicidade problemática do ponto de vista dos testes genéticos clínicos. (BRAUNWALD) Além da heterogeneidade de locus, a genética molecular de CMD é também caracterizada por heterogeneidade alélica; ou seja, as mutações frequentemente ocorrem em vários locais num gene CMD, e muitos locais de mutação em genes conhecidos por causar CMD e CMH são específicos para esse tipo de cardiomiopatia. (BRAUNWALD) Os chamados fenótipos de sobreposição não são incomuns, em particular para os genes sarcoméricos, cujas mutações mostradas como causando CMD, CMH e CMR podem ser vistas em uma linhagem alargada. (BRAUNWALD) Na verdade, todos os três fenótipos (CMH, CMR, CMD) foram relatados com a mesma mutação em uma família extensa. (BRAUNWALD) Genética clínica da cardiomiopatia dilatada familiar A maioria das CMD familiares é transmitida através de herança autossômica dominante, com a descendência de um portador da mutação tendo uma probabilidade de 50% de herdar a mutação. (BRAUNWALD) Doença autossômica recessiva tem sido relatada, particularmente em famílias consanguíneas. (BRAUNWALD) CMD ligada ao cromosoma X, resultante de mutações no gene da distrofia muscular de Duchenne (DMD), em pacientes sem quaisquer resultados de distrofia muscular, foi relatada tanto em homens como mulheres portadoras, apesar de a prevalência da DMD-CMD em coortes de pacientes com a forma idiopática de CMD não ter sido estudada de forma sistemática. (BRAUNWALD) A CMD mitocondrial também tem sido relatada, em particular no contexto de doença sindrômica. (BRAUNWALD) A CMD familiar é caracterizada por penetrância dependente da idade, o que significa que um indivíduo portador de um alelo de CMD manifestará evidência do fenótipo CMD com a idade. (BRAUNWALD) A maioria das CMD genéticas torna-se evidente da quarta à sétima décadas de vida, apesar de CMD ocorrendo na adolescência ou infância não ser incomum. (BRAUNWALD) Variações na idade de início da CMD são comuns em famílias com mutações no mesmo gene da CMD, às vezes acentuados e até mesmo em membros da família com linhagem extensa com a mesma mutação. (BRAUNWALD) A penetrância familiar em CMD é frequentemente incompleta; isto é, um indivíduo com um alelo causador da doença pode não manifestar nenhum aspecto do fenótipo da doença. (BRAUNWALD) Além disso, a expressão é variável de tal forma que as características clínicas, o fenótipo, podem variar significativamente entre indivíduos da mesma família ou entre famílias com a mesma mutação. (BRAUNWALD) Tanto a penetrância incompleta como a expressividade variável confundem a avaliação da CMD familiar em linhagens familiares. (BRAUNWALD) Isso é particularmente relevante para uma mutação recém-descoberta em uma família, porque a plena separação da mutação candidata com o fenótipo da doença em uma ou mais famílias extensas é um dos mais poderosos meios de determinar a patogenicidade de tais variantes. (BRAUNWALD) Penetrância incompleta e expressividade variável, por vezes, resultam em variabilidade fenotípica acentuada dentro e entre famílias com CMD, mesmo com a mesma mutação. (BRAUNWALD) A explicação para esse fenômeno não é clara. Tanto fatores ambientais quanto genéticos têm sido postulados e variam de componentes fenômicos intrínsecos (p. ex., hipertensão) e extrínsecos (p. ex., toxinas, vírus ou a exposição a fármaco favorável) até uma combinação de diversas variantes genômicas resultando em um meio genético diferente (p. ex., um “segundo hit” a partir de uma segunda mutação em um gene diferente da doença põe em risco os alelos nas mesmas ou outras vias relevantes de CMD, a variabilidade da epigenética ou expressão gênica, e outros). (BRAUNWALD) Heterogeneidade alélica, em que as mutações em um gene podem dar origem a diferentes e distintos fenótipos aparentemente não relacionados entre si (Fig. e65-1), também se observa com alguns genes de CMD, e o conhecimento dessas variantes alélicas pode ser crítico @juliaasoare_ quando se considera um diagnóstico genético de CMD. (BRAUNWALD) Um dos exemplos mais notáveis é LMNA, que codifica as proteínas lamina A e lamina C, os principais componentes da membrana nuclear interna. (BRAUNWALD) Por exemplo, as mutações no gene LMNA causam um fenótipo distintivo de CMD em que a doença do sistema de condução e arritmias ocorrem antes do início de CMD. (BRAUNWALD) Proteínas lamina mutantes causam também uma variedade de doenças sindrômicas abrangendo músculo estriado, tecido adiposo, nervos e tecidos vasculares. Esses fenótipos, denominados coletivamente de laminopatias, incluem miopatias esqueléticas, síndromes de lipodistrofia, neuropatia periférica e síndromes de envelhecimento acelerado, a mais reconhecida, progeria de Hutchinson-Gilford (BRAUNWALD) Patogenia Embora muitos indivíduos com CMD tenham uma forma familiar (genética), a condição também pode resultar de vários insultos miocárdicos adquiridos. Estes incluem o seguinte: (ROBBINS) • Miocardite (um transtorno inflamatório que antecede o desenvolvimento da cardiomiopatia em pelo menos alguns casos, e às vezes é causado por infecções virais). • Intoxicações, incluindo efeitos adversos de agentes quimioterápicos e etilismo crônico, cuja história pode ser provocada em 10% a 20% dos pacientes. • Gravidez, a chamada “cardiomiopatia do periparto”. • Impulsionada pelo estresse. • Induzida por taquicardia induzida. Na época em que é diagnosticada, a CMD geralmente já progrediu até seu estágio final; o coração está dilatado e pouco contrátil, e a necrópsia ou o coração obtido após transplante cardíaco não revelam nenhuma característica patológica específica. (ROBBINS) No entanto, estudos genéticos e epidemiológicos indicam que pelo menos cinco rotas gerais podem levar ao estágio final da CMD: (ROBBINS) • Causas genéticas; • Infecção. As “pegadas” (footprints) do ácido nucleico dos coxsackievírus B e de outros enterovírus podem, às vezes, ser detectadas no miocárdio dos pacientes no estágio final da CMD. Além disso, biópsias endomiocárdicas sequenciais têm revelado casos nos quais uma miocardite infecciosa progrediu até a CMD. O simples encontro de transcritos virais ou de títulos elevados de anticorpos antivirais pode ser suficiente para levantar a suspeita de uma miocardite que passou despercebida em seus estágios iniciais. Como consequência, muitos casos de CMD são atribuídos a infecções virais, mesmo que não haja inflamação no coração em estágio terminal. (ROBBINS) • Exposição ao álcool ou a outras substâncias tóxicas. O abuso de álcool está fortemente associado ao desenvolvimento da CMD. O álcool e seus metabólitos (principalmente o acetaldeído) têm efeito tóxico direto sobre o miocárdio. Além disso, o etilismo crônico pode estar associado à deficiência de tiamina, fato que insere um elemento da cardiopatia por beribéri. A CMD também pode surgir após a exposição a outros agentes tóxicos, como o cobalto e a doxorrubicina, um quimioterápico. (ROBBINS) • Cardiomiopatia do periparto surge na gestação avançada ou várias semanas ou meses após o parto. É provável que sua etiologia seja multifatorial, e os fatores contribuintes incluem hipertensão associada à gravidez, sobrecarga de volume, deficiência nutricional, distúrbios metabólicos (p. ex., diabetes gestacional) e/ou respostas imunes. Estudos recentestambém indicam que o defeito primário é a angiogênese comprometida no miocárdio, levando a injúria isquêmica. Produtos antiangiogênicos da clivagem da prolactina (que se eleva no final da gestação) e antagonistas derivados da placenta para o VEGF podem provocar disfunção miocárdica. Felizmente, aproximadamente metade dessas pacientes recupera espontaneamente a função normal. (ROBBINS) • Sobrecarga de ferro no coração pode resultar de hemocromatose hereditária ou de várias transfusões sanguíneas. A sobrecarga de ferro também pode causar cardiomiopatia restritiva em razão da fibrose intersticial, mas a CMD é a manifestação mais comum; pode ser atribuída à interferência em sistemas enzimáticos que dependem do metal ou à lesão causada pela produção mediada pelo ferro de espécies reativas do oxigênio. (ROBBINS) @juliaasoare_ Morfologia Na CMD o coração estará aumentado, o seu peso é de 2 a 3 vezes maior do que o normal, está flácido, e todas as câmaras estão dilatadas. (ROBBINS) Por conta da dilatação da parte interna do coração, há uma mudança na espessura ventricular, que pode estar menor, igual ou maior que o normal. (ROBBINS) Os trombos murais também são frequentes e podem ser uma fonte de tromboêmbolos. (ROBBINS) As lesões valvares e vasculares que podem causar secundariamente uma dilatação cardíaca, estão ausentes. A maior parte dos miócitos estão em hipertrofia e os núcleos estão aumentados, delgados, estriados e irregulares. (ROBBINS) Também há fibrose intersticial e endocárdica de graus variáveis. (ROBBINS) Características Clínicas O problema fundamental da CMD é a contração ineficaz. (ROBBINS) Assim, no estágio final da doença, a fração de ejeção cardíaca normalmente é inferior a 25% (o normal é 50% a 65%). (ROBBINS) A regurgitação mitral secundária e os ritmos cardíacos anormais são comuns, e pode ocorrer o desprendimento de êmbolos de trombos intracardíacos (murais). (ROBBINS) A CMD é diagnosticada com mais frequência entre os 20 e 50 anos de idade. (ROBBINS) Normalmente se manifesta por meio de sinais de ICC lentamente progressiva, que inclui dispneia, cansaço fácil e baixa capacidade para realização de esforços físicos. (ROBBINS) Metade dos pacientes morre dentro de dois anos e apenas 25% sobrevivem mais de cinco anos; a morte geralmente se deve à insuficiência cardíaca progressiva ou a uma arritmia. (ROBBINS) O transplante de coração é o único tratamento definitivo. Contudo, o implante de dispositivos de assistência ventricular de longa duração está sendo cada vez mais realizado e, em alguns pacientes, a assistência mecânica pode produzir regressão duradoura da disfunção cardíaca. (ROBBINS) INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Disfunção Sistólica Primariamente definida como uma diminuição na contratilidade do miocárdio, caracterizada por uma fração de ejeção inferior a 40%. (PORTH) Na insuficiência cardíaca sistólica, a fração de ejeção declina progressivamente com o aumento dos graus de disfunção miocárdica. Nos tipos mais graves de insuficiência cardíaca, a fração de ejeção pode diminuir para uma porcentagem com dígito único. (PORTH) Com uma diminuição na fração de ejeção, há um aumento resultante no volume diastólico final (pré-carga), na dilatação ventricular e na tensão da parede ventricular e uma elevação na pressão diastólica final ventricular. (PORTH) O aumento do volume, somado ao retorno venoso normal, leva a um aumento na pré-carga ventricular. (PORTH) A disfunção sistólica comumente resulta de condições que comprometem o desempenho contrátil do coração (p. ex., cardiopatia isquêmica e miocardiopatia), produzem uma sobrecarga de volume (p. ex., insuficiência valvar e anemia) ou geram uma sobrecarga de pressão (p. ex., hipertensão e estenose valvar) sobre o coração. (PORTH) Disfunção Diastólica Ainda que a insuficiência cardíaca em geral esteja associada ao comprometimento da função sistólica, em cerca de 55% dos casos a função sistólica é preservada e a insuficiência cardíaca ocorre exclusivamente com base na disfunção diastólica ventricular esquerda. (PORTH) Embora esses corações apresentem contração normal, o relaxamento é anormal. (PORTH) O enchimento anormal do ventrículo compromete o débito cardíaco, especialmente durante o exercício. (PORTH) @juliaasoare_ Para qualquer volume ventricular determinado, as pressões ventriculares estão elevadas, acarretando sinais de congestão venosa pulmonar e sistêmica, de modo idêntico ao observado em pessoas cujo coração está dilatado e contrai inadequadamente. (PORTH) A prevalência da insuficiência diastólica aumenta com a idade, sendo mais alta nas mulheres e em pessoas com hipertensão e fibrilação atrial. (PORTH) Entre as condições causadoras de disfunção diastólica, estão aquelas que impedem a expansão do ventrículo (p. ex., efusão pericárdica, pericardite constritiva), aumentam a espessura da parede e reduzem a dimensão da câmara (p. ex., hipertrofia do miocárdio, MCH), e adiam o relaxamento diastólico (p. ex., envelhecimento, cardiopatia isquêmica). (PORTH) O envelhecimento com frequência é acompanhado por um adiamento no relaxamento do coração durante a diástole, de modo que o enchimento diastólico tem início enquanto o ventrículo ainda está rígido e resistente à distensão para aceitar um aumento no volume. (PORTH) Um adiamento semelhante ocorre na isquemia do miocárdio, que resulta da falta de energia para romper o rigor estabelecido entre os filamentos de actina e miosina, bem como para transportar o Ca++ para fora do citosol e de volta ao interior do retículo sarcoplasmático. (PORTH) A função diastólica também é influenciada pela frequência cardíaca, a qual determina o tempo disponível para que ocorra o enchimento ventricular. (PORTH) Um aumento na frequência cardíaca abrevia o tempo de enchimento diastólico. (PORTH) Portanto, a disfunção diastólica pode ser agravada por taquicardia ou arritmia e melhorar com uma queda na frequência cardíaca, a qual possibilita um tempo maior para o enchimento do coração. (PORTH) Com a disfunção diastólica, o sangue não consegue se movimentar livremente no interior do VE e isso faz com que a pressão intraventricular aumente com qualquer volume. (PORTH) As pressões elevadas são transferidas do VE para dentro do átrio esquerdo e do sistema venoso pulmonar, causando uma diminuição na complacência do pulmão que aumenta o trabalho respiratório e evoca sintomas de dispneia. (PORTH) O débito cardíaco encontra-se diminuído, não em consequência de uma redução da fração de ejeção ventricular conforme a observada com a disfunção sistólica, mas em decorrência de uma diminuição no volume (pré-carga) disponível para o débito cardíaco adequado. (PORTH) O débito cardíaco inadequado durante a prática de exercícios pode levar à fadiga das pernas e dos músculos acessórios da respiração. (PORTH) Disfunção ventricular direita versus esquerda A insuficiência cardíaca é classificada de acordo com o lado do coração (ventricular direita ou ventricular esquerda) primariamente afetado. (PORTH) Embora o evento inicial que leva à insuficiência cardíaca possa ser de origem ventricular direita ou esquerda, a insuficiência cardíaca a longo prazo normalmente envolve ambos os lados. (PORTH) As alterações fisiopatológicas ocorridas no próprio miocárdio, incluindo as respostas compensatórias em condições como o infarto do miocárdio, não diferem significativamente entre as disfunções ventriculares direita e esquerda (PORTH) Disfunção Ventricular Direita A insuficiência cardíaca do lado direito compromete a capacidade de transporte do sangue desoxigenado da circulação sistêmica para a circulação pulmonar. (PORTH) Consequentemente, quando o ventrículo direito é insuficiente, ocorre uma redução na quantidade de sangue deslocada adiante, para a circulação pulmonar,e em seguida para o lado esquerdo do coração, finalmente causando redução do débito cardíaco ventricular esquerdo. (PORTH) Além disso, se o ventrículo direito não ocasiona o movimento anterógrado do sangue, ocorre acúmulo ou congestão de sangue no sistema venoso sistêmico. Isso eleva as pressões diastólica final ventricular direita, atrial direita e venosa sistêmica. (PORTH) Um importante efeito da insuficiência cardíaca do lado direito é o desenvolvimento de edema periférico. (PORTH) Os efeitos da ação da gravidade fazem com que o edema seja mais pronunciado nas partes inferiores do corpo. Quando a pessoa está em posição ortostática, observa-se edema nos membros inferiores; em decúbito @juliaasoare_ dorsal, o edema é observado na área acima do sacro. (PORTH) O acúmulo do líquido do edema é evidenciado por um ganho de peso (i. e., 560 mℓ de líquido acumulado resultam em um ganho de peso de 0,45 kg). A verificação diária do peso pode ser utilizada como um meio de avaliar o acúmulo de líquido em uma pessoa com insuficiência cardíaca crônica. Como regra, um ganho de peso superior a 0,9 kg em 24 h ou 2,2 kg em 1 semana é considerado um sinal de agravamento da insuficiência. (PORTH) A insuficiência cardíaca do lado direito também produz congestão das vísceras. (PORTH) À medida que a distensão venosa progride, o sangue se acumula nas veias hepáticas que drenam na veia cava inferior, e o fígado fica ingurgitado. Isso pode causar hepatomegalia e dor no quadrante superior direito. (PORTH) Na insuficiência cardíaca do lado direito grave e prolongada, a função hepática está comprometida e as células hepáticas podem morrer. (PORTH) A congestão da circulação porta também pode levar ao ingurgitamento do baço e ao desenvolvimento de ascite. (PORTH) A congestão do trato gastrintestinal pode interferir na digestão e na absorção de nutrientes, causando anorexia e desconforto abdominal. (PORTH) As veias jugulares, que estão acima do nível do coração, normalmente são invisíveis na posição ortostática ou sentada com a cabeça em um ângulo superior a 30°. Na insuficiência cardíaca do lado direito grave, as veias jugulares externas se tornam distendidas e podem ser visualizadas quando a pessoa está sentada ou em pé. (PORTH) As causas da disfunção ventricular direta incluem condições que impedem o fluxo sanguíneo nos pulmões ou que comprometem a eficácia do bombeamento do ventrículo direito. (PORTH) A insuficiência ventricular esquerda é a causa mais comum de insuficiência ventricular direita. (PORTH) A hipertensão pulmonar prolongada também causa disfunção e insuficiência ventricular direita. A hipertensão pulmonar ocorre em pessoas com doença pulmonar crônica, pneumonia grave, embolia pulmonar ou estenose aórtica ou mitral. (PORTH) Quando a insuficiência cardíaca do lado direito ocorre em resposta à doença pulmonar crônica, é denominada cor pulmonale (PORTH) Outras causas comuns incluem estenose ou regurgitação das valvas tricúspide ou pulmonar, infarto ventricular direito e miocardiopatia. (PORTH) A disfunção ventricular direita com insuficiência cardíaca também é causada por defeitos cardíacos congênitos, como tetralogia de Fallot e defeito do septo interventricular. (PORTH) Características Clínicas: Produz poucos sintomas respiratórios. (ROBBINS) As manifestações estão relacionadas com a congestão venosa portal e sistêmica, aumentando o fígado e o baço, edema periférico, derrame pleural e ascite. (ROBBINS) A medida que a ICC congestiva progride, os pacientes podem estar cianótico e acidóticos, como consequência da perfusão tecidual que provém da diminuição do fluxo sanguíneo e da crescente congestão. (ROBBINS) No raio X investiga a IC classe I/Grau B. (ROBBINS) Altera o tamanho da silhueta cardíaca no achado de calcificações cardíacas ou pericárdicas. (ROBBINS) Os achados da cardiomegalia é frequente na insuficiência cardíaca, mas também pode estar ausente, principalmente em casos de disfunção diastólica. (ROBBINS) Disfunção Ventricular Esquerda A insuficiência cardíaca do lado esquerdo compromete o movimento do sangue a partir da circulação pulmonar (de baixa pressão) até o lado arterial (de alta pressão) da circulação sistêmica. (PORTH) Com o comprometimento da função cardíaca esquerda, ocorre uma diminuição no débito cardíaco para a circulação sistêmica. (PORTH) O sangue se acumula no VE, no átrio esquerdo e na circulação pulmonar, o que causa uma elevação na pressão venosa pulmonar. (PORTH) Quando a pressão nos capilares pulmonares (normalmente de cerca de 10 mmHg) excede a pressão osmótica capilar (em geral ao redor de 25 mmHg), ocorre uma transferência do líquido intravascular para o interstício dos pulmões, resultando em edema pulmonar. (PORTH) @juliaasoare_ O episódio de edema pulmonar costuma ocorrer à noite, após a permanência da pessoa em posição reclinada durante algum tempo e a remoção das forças gravitacionais do sistema circulatório. (PORTH) Nesse momento, o líquido do edema sequestrado nos membros inferiores ao longo do dia retorna para o compartimento vascular e é redistribuído para a circulação pulmonar. (PORTH) As causas mais comuns de disfunção ventricular esquerda são a hipertensão e o infarto agudo do miocárdio. (PORTH) A insuficiência cardíaca ventricular esquerda e a congestão pulmonar podem se desenvolver muito rapidamente em pessoas com infarto agudo do miocárdio. (PORTH) Até mesmo quando a área infartada é pequena, pode haver uma área adjacente de tecido isquêmico. (PORTH) Isso pode resultar em grandes áreas de hipocinesia ou acinesia da parede ventricular, e no rápido aparecimento de congestão e edema pulmonar. (PORTH) A estenose ou regurgitação da valva aórtica ou mitral também gera o nível de retorno do lado esquerdo que resulta em congestão pulmonar. (PORTH) Conforme a pressão pulmonar aumenta como resultado da congestão, pode haver progressão para insuficiência cardíaca do lado direito. (PORTH) Características Clínicas: • Dispneia aos esforços, sendo o sintoma mais precoce na ICC esquerda; (ROBBINS) • Tosse também é comum; (ROBBINS) • A medida da progressão da ICC esquerda os pacientes podem sentir dispneia quando estão deitados (ortopneia), aumentando o retorno venoso proveniente das extremidades inferiores e também eleva o diafragma. (ROBBINS) • Dispneia paroxística noturna é uma forma drástica da falta de ar, na qual os pacientes acordam com dispneia intensa que chega a sufocamento. (ROBBINS) • Coração de tamanho aumentado (cardiomegalia) (ROBBINS) • Taquicardia; (ROBBINS) • Presença de terceira bulha cardíaca (B3). (ROBBINS) • A dilatação do átrio esquerdo pode causar fibrilação atrial, que se manifesta por batimentos cardíacos irregulares. Essas contrações atritais desordenadas pode causar estase, e o sangue estagnado tende a formar trombos, que podem liberar êmbolos, causando acidentes vasculares. (ROBBINS) DIAGNÓSTICO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Os métodos diagnósticos na insuficiência cardíaca são direcionados ao estabelecimento da causa do distúrbio e à determinação da extensão da disfunção. (PORTH) A classificação funcional da NYHA categoriza a disfunção em quatro classes: (PORTH) • Classe I – Pessoas que apresentam cardiopatia conhecida, sem sintomas durante as atividades habituais • Classe II – Pessoas que apresentam cardiopatia e limitações discretas, mas não fadiga extrema, palpitações, dispneia ou dor do tipo angina durante as atividades regulares • Classe III – Pessoas com cardiopatia que se sentem confortáveis em repouso, mas as atividades habituais resultam em fadiga, palpitações, dispneia e dor do tipo angina • Classe IV – Pessoas que apresentam cardiopatia progressiva acentuada e que não se sentem confortáveis em repouso ou com atividades mínimas. Ecocardiograma O ecocardiogramatranstorácico é exame de imagem de escolha para o diagnóstico e o seguimento de pacientes com suspeita de IC. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Permite a avaliação da função ventricular sistólica esquerda e direita, da função diastólica, das espessuras parietais, do tamanho das cavidades, da função valvar, da estimativa hemodinâmica não invasiva e das doenças do pericárdio. (DIRETRIZ BRASILEIRA) A ventriculografia radioisotópica pode ser útil em pacientes nos quais a janela ecocardiográfica não é adequada, embora ela tenha perdido grande espaço na prática clínica contemporânea. Outros exames de imagem, como a ressonância magnética e tomografia computadorizada, podem ser usados quando os não invasivos forem inconclusivos, ou para o diagnóstico de miocardiopatias específicas. (DIRETRIZ BRASILEIRA) @juliaasoare_ Peptídeos Natriuréticos Dentre os diversos biomarcadores estudados em IC, destacam-se os peptídeos natriuréticos BNP e NT- proBNP, cujo papel no diagnóstico de IC está bem estabelecido, tanto no cenário da sala de emergência quanto em pacientes com IC crônica ambulatoriais. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Apesar das evidências claramente favoráveis em relação ao BNP e ao NT-proBNP para o diagnóstico de IC, algumas limitações ao seu uso na prática clínica devem ser destacadas, pois estes peptídeos podem elevar-se na presença de anemia, insuficiência renal crônica (IRC),e idade avançada, e apresentar níveis mais baixos na presença de obesidade. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Os peptídeos natriuréticos têm demonstrado ainda papel prognóstico em pacientes com IC. (DIRETRIZ BRASILEIRA) O uso dos peptídeos natriuréticos auxilia de forma considerável na definição do diagnóstico de IC, contribuindo principalmente para excluir o diagnóstico quando este é incerto. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Em pacientes com ICFEp, os peptídeos natriuréticos também têm papel importante. Embora se postule que sua dosagem seja incluída como critério diagnóstico de ICFEp (sinais e sintomas de IC; níveis elevados de peptídeos natriuréticos; e sinais ecocardiográficos que sugiram alteração estrutural e/ou disfunção diastólica), tais valores podem sofrer influência de comorbidades muito frequentes na população com ICFEp (anemia, idade avançada e insuficiência renal). (DIRETRIZ BRASILEIRA) Seu papel é ainda mais marcante como biomarcador prognóstico, uma vez que níveis elevados estão associados a pior mortalidade ou hospitalização por IC nesta população. (DIRETRIZ BRASILEIRA) EXAMES COMPLEMENTARES Avaliação laboratorial Na abordagem inicial dos pacientes com sinais e sintomas sugestivos de IC crônica ambulatorial, recomenda-se a realização de diversos exames laboratoriais complementares, não só para avaliar a presença e a gravidade de lesão de outros órgãos-alvo e detectar comorbidades, como também para verificar fatores agravantes do quadro clínico. (DIRETRIZ BRASILEIRA) A realização de exames seriados pode ser necessária para monitoração de variáveis de segurança, durante o tratamento da IC, incluindo função renal e eletrólitos. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Eletrocardiograma em repouso A realização de eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações é recomendada na avaliação inicial de todos os pacientes com IC, para avaliar sinais de cardiopatia estrutural como hipertrofia ventricular esquerda, isquemia miocárdica, áreas de fibrose, distúrbios da condução atrioventricular, bradicardia ou taquiarritmias, que podem demandar cuidados e tratamentos específicos. Vários destes aspectos são marcadores prognósticos em muitas cardiopatias, como na chagásica crônica.. A detecção de bloqueio de ramo esquerdo (BRE), com alargamento pronunciado da duração do complexo QRS, auxilia na indicação da terapia de ressincronização cardíaca (TRC). (DIRETRIZ BRASILEIRA) Radiografia do tórax A radiografia simples do tórax, por sua simplicidade, rapidez de obtenção e ampla disponibilidade, é recomendada na avaliação inicial dos pacientes com sinais e sintomas de IC, para avaliação de cardiomegalia e congestão pulmonar. Porém, vale ressaltar que a sensibilidade do método é bastante limitada e, ainda, que a disfunção sistólica cardíaca significativa pode ocorrer sem cardiomegalia na radiografia de tórax. O método tem maior valor no contexto da IC aguda, em que as alterações de congestão pulmonar são mais intensas. A radiografia de tórax também é útil por sua capacidade de identificar causas pulmonares de dispneia, como doença pulmonar intersticial, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), neoplasia pulmonar e pneumonia. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Ecocardiograma transesofágico Não é recomendado para avaliação rotineira dos pacientes com IC. Este método pode ser aplicado em contextos específicos, como nas doenças valvares que demandem melhor detalhamento anatômico ou funcional, suspeita de dissecção aórtica, investigação adicional em pacientes com endocardite infecciosa, entre outros. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Ressonância magnética cardíaca Fornece avaliação altamente acurada das estruturas e da função cardíaca, sendo considerada atualmente o método padrão-ouro para medidas dos volumes, da massa miocárdica e da fração de ejeção de ambas as cavidades ventriculares. (DIRETRIZ BRASILEIRA) @juliaasoare_ A ressonância magnética cardíaca (RMC) pode ser empregada como método alternativo para as avaliações estrutural e funcional, naqueles pacientes em que o ecocardiograma convencional se mostre inadequado pela pobre janela acústica. Pode ser empregada para a caracterização anatômica diagnóstica em pacientes com IC e cardiopatia congênita complexa. (DIRETRIZ BRASILEIRA) SPECT de perfusão miocárdica A cintilografia miocárdica de perfusão, pela técnica tomográfica (tomografia computadorizada por emissão de fóton único − SPECT), deve ser considerada para a avaliação funcional não invasiva da perfusão miocárdica naqueles pacientes já sabidamente portadores de doença arterial coronária (DAC) sem angina ou naqueles suspeitos de DAC, para avaliar a presença de isquemia e viabilidade miocárdicas. (DIRETRIZ BRASILEIRA) PET As imagens miocárdicas de tomografia por emissão de pósitrons com 18F-FDG (FDG-PET) podem ser empregadas para a avaliação do metabolismo energético miocárdico e indicar a presença de viabilidade miocárdica. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Angiotomografia coronária A angiotomografia pode ser considerada método de imagem para a avaliação não invasiva da presença de DAC nos pacientes com IC que tenham probabilidade baixa a intermediária da presença de DAC, ou que apresentem resultados inconclusivos em outros testes de imagem para avaliação de isquemia. Este método deve ser indicado após se considerar seu risco para pacientes específicos, principalmente relacionados à função renal e ao risco de toxicidade, devido ao contraste radiológico, além da necessidade de bradicardia nesses pacientes para a obtenção de imagens diagnósticas de boa qualidade. (DIRETRIZ BRASILEIRA) Exame Físico O histórico deve incluir informações relativas à dispneia, tosse, nictúria, fadiga generalizada, e outros sinais e sintomas de insuficiência cardíaca. Um exame físico completo inclui a avaliação da frequência cardíaca, das bulhas cardíacas, da pressão arterial, das veias jugulares em relação à congestão venosa, dos pulmões em relação a sinais de congestão pulmonar, e dos membros inferiores em relação ao edema. (PORTH) PRINCIPAIS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS As doenças negligenciadas correspondem ao conjunto de doenças causadas por agentes infectoparasitários que produzem importante dano físico, cognitivo e socioeconômico em crianças e adolescentes, principalmente em comunidades de baixa renda. São também compreendidas como doenças infecciosas de grande importância na saúde pública e que deixaram de receber atenção adequada por parte da ciência como um todo. (SANTOS, 2021) As doençasnegligenciadas são endêmicas em 149 países e afetam mais de um bilhão de pessoas no mundo. Um grande número destas doenças é causado por parasitos e possui, pelo menos, um vetor envolvido em seu ciclo. As populações de países pobres e em desenvolvimento tornam-se vulneráveis a contrair tais doenças, já que vivem sem saneamento adequado e em contato com vetores de doenças e animais reservatórios de parasitos. (SANTOS, 2021) Em 2015, um estudo populacional realizado pelo Ministério da Saúde em 5.570 municípios endêmicos identificou 104.476 casos novos de doenças negligenciadas, com maiores taxas de detecção nas regiões Norte e Nordeste; 7.786 óbitos por múltiplas infecções foram registrados principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. (SANTOS, 2021) Segundo a Organização Mundial da Saúde, o grupo de doenças que afeta e se perpetua, predominantemente, junto às populações em condição de pobreza ou extrema pobreza, são consideradas negligenciadas. (ASSIS, 2018) A dengue, leishmanioses, leptospirose, tuberculose, doença de Chagas e hanseníase são exemplos de doenças que compõem esse grupo e que figuram como extremamente relevantes no Brasil, dada sua ocorrência no território nacional. (ASSIS, 2018) De modo geral, as doenças negligenciadas compõem um ciclo de desigualdade e o retroalimentam. (ASSIS, 2018) Este cenário não se restringe ao nível financeiro, embora este exerça um importante papel para essa configuração. (ASSIS, 2018) No Brasil, iniciativas têm sido implantadas, principalmente na última década, visando à redução das doenças negligenciadas e à construção de um cenário mais equânime. Porém, o país continua sendo a nação das @juliaasoare_ Américas com maior carga proveniente das doenças negligenciadas. (ASSIS, 2018) Para a estruturação de ações de prevenção e controle das doenças negligenciadas, deve-se considerar, no âmbito da formulação das políticas públicas, a diversidade de condicionantes tais como características biológicas, econômicas, sociais, ambientais, culturais, entre outras. (ASSIS, 2018) Nesse sentindo, a negligência atribuída aos agravos em saúde não se restringe a um único nível (o nível do setor da saúde), mas este cenário é sustentado por uma série de fatores que permitem sua ocorrência e perpetuação, a exemplo do setor educacional. (ASSIS, 2018) Referências: Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia . Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2021. Bona, Bona. Braunwald - Tratado de Doenças Cardiovasculares. Disponível em: Minha Biblioteca, (10ª edição). Grupo GEN, 2017. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq Bras Cardiol. 2018 SANTOS, Charles Souza et al. Dimensão prática das representações sociais dos profissionais de saúde sobre as doenças negligenciadas. Cogitare Enfermagem, v. 26, 2021. ASSIS, Sheila Soares de; ARAUJO-JORGE, Tania Cremonini. O que dizem as propostas curriculares do Brasil sobre o tema saúde e as doenças negligenciadas?: aportes para a educação em saúde no ensino de ciências. Ciência & Educação (Bauru), v. 24, p. 125-140, 2018. @juliaasoare_
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