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L I V R O D E T R A D I Ç Ã O : L I V R O D E T R A D I Ç Ã O : Por Steve Kenson Créditos Autor: Steve Kenson. Mundo das Trevas criado por Mark Rein•Hagen Sistema Storyteller projetado por Mark Rein•Hagen Desenvolvimento: Kraig Blackwelder Edição: Carl Bowen Direção de Arte: Aileen Miles Arte Interna: Steve Eidson, David Hendee, Leif Jones e Christopher Kennedy Arte da Capa: Christopher Shy Capa, Layout e Diagramação: Aileen E. Miles Créditos desta versão Título Original: Traditionbook Verbena Revised Tradução: Rogue Council Capas, Imagens e MET: Ideos Diagramação e Planilha: Folha do Outono Advertência Este material foi elaborado por fãs e é destinado a fãs, sendo assim, ele deve ser removido de seu computador em até 24h, exceto no caso de você possuir o material original (pdf registrado ou livro físico). Sua impressão e/ou venda são expressamente proibidas. Os direitos autorais estão preservados e destacados no material. Não trabalhamos no anonimato e estamos abertos a qualquer protesto dos proprietários dos direitos caso o conteúdo os desagrade. No entanto, não nos responsabilizamos pelo mal uso do arquivo ou qualquer espécie de adulteração por parte de terceiros. Equipe do Rogue Council www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=508953 contato: roguecouncil@gmail.com (Nosso 5º trabalho, concluído em 16.01.2012) © 2003 White Wolf Publishing, Inc. Todos os Direitos Reservados. A reprodução sem a permissão escrita do editor é expressamente proibida, exceto para o propósito de resenhas e das planilhas de personagem, que podem ser ser reproduzidas para uso pessoal apenas. White Wolf, Vampiro, Vampiro A Máscara, Vampiro A Idade das Trevas, Mago A Ascensão, Hunter The Reckoning, Mundo das Trevas e Aberrant são marcas registradas da White Wolf Publishing, Inc. Todos os direitos reservados. Lobisomem O Apocalipse, Wraith The Oblivion, Changeling O Sonhar, Werewolf The Wild West, Mago Cruzada dos Feiticeiros, Wraith The Great War, Trinity, Livro de Tradição: Verbena, Guide to the Traditions, Mind's Eye Theatre, Lawss of the Hunt, Sorcerer Revised, Forjado no Fogo do Dragão e Dark Ages Mage são marcas registradas da White Wolf Publishing, Inc. Todos os direitos reservados. Todos os personagens, nomes, lugares e textos são registrados pela White Wolf Publishing, Inc. A menção de qualquer referência a qualquer companhia ou produto nessas páginas não é uma afronta a marca registrada ou direitos autorais dos mesmos. Esse livro usa o sobrenatural como mecânica, personagens e temas. Todos os elementos místicos são fictícios e direcionados apenas para diversão. Recomenda-se cautela ao leitor. Dê uma olhada na White Wolf online: www.white-wolf.com; alt.games.whitewolf e rec.frp.storyteller IMPRESSÃO PERMITIDA SOMENTE COM A PROPRIEDADE DO LIVRO OU PDF ORIGINAL 2 Verbena http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=17597349 L I V R O D E T R A D I Ç Ã O : Conteúdo Prólogo: Véspera de Beltane 5 Introdução: Raízes da Árvore 9 Capítulo Um: Uma Época de Bruxas 13 Capítulo Dois: Bênçãos da Lua 37 Capítulo Três: Crianças dos Wyck 73 Epílogo: Círculo Ininterrupto 103 Conteúdo 3 Prólogo: Véspera de Beltane Eles fizeram amor ao ar livre do campo aberto, atrás da casa grande da fazenda iluminados pela luz da lua crescente e pelo brilho das fogueiras gêmeas distantes. A terra era rica, negra e fria, o ar estava agradavelmente morno, preenchido com o cheiro de grama nova, da terra revirada recentemente, pelas primeiras flores da primavera e pelo poderoso cheiro de suor e sexo. No início, eles deslizavam vagarosamente, terna e suavemente, quase tímidos, embora essa não fosse nem de perto a primeira vez em que faziam sexo. Então eles moveram juntos, em harmonia com suas carências, a intensidade deles crescia, até que se concentraram somente no prazer do ato. Eles não eram mais um simples casal, agora eram o Jovem Deus e a Deusa Donzela deitados juntos sob a Terra que era seu corpo, recebendo sua semente em suas profundezas férteis, dançando a dança ancestral da vida renovada após o longo frio do inverno. Outros se reuniram ao seu redor, mas eles não deram atenção. Não havia nada além deles, movendo-se como um, eram a soma de todas as coisas. Então, eles urraram suas paixões ao céu estrelado e, assim, terminou. Eles permaneceram juntos na mesma posição por algum tempo, Kameria descansando sua cabeça no peito de seu marido, sentindo ela subir e descer lentamente com a respiração dele, seu corpo enroscado contra o dele buscando seu calor e proximidade. O braço dele a cercou e ela se sentia tranquila, mas ela não sentia a mesma tranquilidade em Jon. Havia uma tensão em seu corpo e na forma em que a abraçava. “O que é?” ela perguntou, passando a mão ao longo de seu peito cálido. Ele suspirou, pensando por um momento a respeito do que ele queria dizer, do quanto ele poderia contar a ele a respeito do que ele queria dizer. “Estava lembrando de nosso primeiro Beltane juntos.” ele disse, olhando para as estrelas. Sorriu saudosamente e passou o olhar sob Kameria, abrançado-a mais forte. “Lembra?” “Claro,” ela disse. “ Como poderia esquecer? Você foi meu campeão, lutando para me reivindicar para si.” Kameria lembrou de como se sentiu, seu corpo ferido, nada mais que uma fonte de vergonha e incômodo para ela. Ela aconchegou-se languidamente no abraço de seu marido, sentindo-se muito confortável, fazendo lar em sua própria pele de uma forma que ela nunca havia sentido até então. Como as coisas mudaram. “Você nem ao menos reivindicou-me quando ganhou...” ela disse com um sorriso. “Bem, tecnicamente, eu não ganhei o desafio pelos meus esforços.” Jon começou. “Você ganhou,” ela respondeu, “mesmo se Deb tivesse... intervindo um pouco. Sua bravura que contou.” O peito de Jon tremeu com uma risada. Gritando como uma banshee, Deb havia atacado o oponente de Jon com uma faca de açougueiro — intervindo um pouco mais que “um pouco” em sua opinião. “Não é apenas no passado que você está pensando,” Kameria disse, apoiando-se em um dos cotovelos para olhá-lo diretamente. “Está?” Jon olhou para ela um longo momento antes de voltar seu olhar para o céu. “Não,” ele disse. “Não é.” “O que você vê?” “Morte” Um calafrio subiu na espinha de Kameria como se o suor deles estivesse esfriado no ar da noite. “A morte dos Velhos Costumes,” Jon disse suavemente, “a morte da magia. A terra está sufocando, morrendo, perdendo sua alma.” Ele se afastou e pegou um punhado de terra fresca, deixando escorrer entre seus dedos. “Eu posso sentir isso na terra, Kam,” ele sussurrou. “Eu posso cheirar isso no ar. Vejo isto nas estrelas. A Guerra acabou.” “Não acabou,” ela disse, agarrando o braço dele. Ele voltou o olhar para ela com uma expressão desolada. “Acabou,” ele disse. “Você ouviu as mesmas notícias, as mesmas fofocas e rumores que eu. Horizonte caiu. Os mestres estão mortos ou totalmente isolados nas profundezas da Umbra. O Povo Fae está em guerra, os Adormecidos não sabem e nem se preocupam com isso. A Tecnocracia conseguiu o que eles tanto queriam, um fim para a magia.” Prólogo: Véspera de Beltane 5 “Não!” sussurrou Kameria severamente, tentando não atrapalhar os outros festejantes. “Ainda há muitas Capelas, Jon.Olhe para tudo o que nós fizemos aqui! Olhe para esta terra! Olhe para as pessoas boas que nós trouxemos para a terra!” Ela apontou para os campos e para a sede da fazenda com um movimento de sua mão. “Os Velhos Costumes estão vivos enquanto nós os mantermos vivos — e quanto ao Conselho Renegado? Eu ouvi —” “Eles estão apenas se prendendo a crença que nós ainda podemos vencer essa guerra.” O medo apertou o coração de Kameria. Ela nunca havia visto Jon assim antes. Ele sempre foi o otimista do grupo, cheio de esperanças e de ideias. A assustou vê-lo ceder a qualquer que fosse o desespero que houvesse recaído sobre ele. Tomando a mão dele na sua, ela o beijou suavemente e a apertou em seu peito. “Não está acabado enquanto nós mantivermos no que cremos,” ela disse a ele. Antes que ele pudesse responder, uma figura sombria desenhando sua silhueta contra a luz das fogueiras chamou a atenção deles, caminhando pelo campo a sua frente. Jon e Kameria levantaram-se, assim que Teague, um dos companheiros de círculo deles, se aproximou. Ele estava vestindo apenas um kilt xadrez e um par de sandálias, com seus cabelos longos e marrons solto caindo sobre os ombros. Teague havia dançado e festejado durante todo o Beltane, mas agora sua sempre presente harpa estava conspicuamente ausente. Havia um olhar pesar em seu semblante normalmente despreocupado. “Desculpe por me intrometer,” disse independente da nudez do casal, “mas nós temos um problema.” Jon e Kameria vestiram rapidamente suas mantas e seguiram silenciosamente Teague, que conduziu-lhes para longe dos campos e da casa da fazenda, para os estandes de carvalho que cercam a fazenda. Ele não deu qualquer explicação e andaram em silêncio, somente com o som dos insetos e pássaros noturnos. Kameria sentiu um pouco de frio com ar da primavera e abraçou suas vestes finas em torno de si. Só dentro do cercado de árvores eles viram uma luz lânguida prateada. Com a aproximação eles puderam ver os outros membros do círculo com suas vestes: Deborah e Aileen contrastavam a luz e a escuridão, enquanto curvam-se juntas. Takoda, de cabeça baixa, parecia profundamente triste. Kameria seguiu seus olhares até o espaço aberto entre eles. “Grande Deusa...” ela exclamou. Colocado em um cobertor de folhas úmidas e compostas abaixo das árvores, a luz fraca e definhante mostrava uma criatura de couro verde e peludo que se forçava a levantar em um movimento irregular e caiu em seguida. Ela deixou sair um choro fraco que fez o coração de Kameria sofrer e tentou levantar a cabeça, mas não pode. Ele parecia para todo o mundo com um grande cão peludo que alguém tingiu de verde para o festival de São Patrick, exceto pela sua longa calda felina que jazia frouxa sobre a terra e pela inteligência incomum que brilhava de seus olhos escuros. “Que diabos é...” Kameria começou. Jon parecia hipnotizado. Ele se aproximou da criatura devagar, pronto para recuar. Ele não tinha medo, pelo contrário, sentia-se atraído pela besta. Essa necessidade, esse desespero era quase palpável, mas ele não estava certo que precisava dele. Quando teve certeza que a besta não era perigosa, Jon se aproximou do animal. “É um cu sith,” disse Teague, passando perfeitamente o gaélico ao redor da língua, com sotaque estrangeiro que saiu a pronunciado como “coo-shee”. “Um cão de caça feérico.” “O que ele está fazendo aqui?” Jon perguntou. Tocando gentilmente o couro peludo da besta. “Ele parece que estar definhando.” “E sendo caçado.” disse Takoda, apontando para as manchas negras na lateral do cão de caça. “Nós tentamos nos comunicar com ele, porém não tivemos muito sucesso. Nós achamos que ele veio até aqui procurando abrigo.” “Está morrendo,” Jon disse, com seus olhos fechados ele estendeu seus outros sentidos ao redor do cão de caça feérico. “Sim,” disse Takoda. “Porém seus ferimentos não parecem ser sérios e não sinto veneno ou infecção. Com todos nós aqui não podemos tratar seus ferimentos? Trazê-lo de volta? Posso correr e trazer algumas ervas do jardim de cura...” “Não é isso,” replicou Jon. “Ele está faminto.” “Ele precisa de comida?” Aileen perguntou. Jon percorreu seu dedos sob o pelo verde suave da criatura. Ele leu seu corpo — definhando e sangrando — e então estendeu sua consciência à mente infantil da besta. As imagens que encontrou eram bagunçadas e confusas. Ele encontrou imagens de um lugar vívido e brilhante, mas estas eram memórias distantes, presumidamente do local de onde viera. Mais recentes, e mais fortes, eram as imagens das ruas e becos frios da cidade, locais vazios onde a vida e a magia existiram — e ainda deveriam existir. A criatura não sabia como havia chegado aonde estava, mas tinha vindo a procura do sustento que não era encontrado em lugar algum. Em qualquer lugar. A imensa sensação que Jon obteve da besta era de estar definhando, faminto, esvaecendo e de ser completamente incapaz de fazer algo a respeito. “Não é faminta de comida. É de magia que ela precisa. Mesmo aqui, na fazenda, a magia tem diminuído muito. É como um peixe fora d’água que não pode respirar. Está sufocado, afogado na banalidade.” Ele pressionou sua mão sobre o coração do cão e entoou uma canção. Jon sentiu o espírito da criatura começar a desapegar-se. Haviam coisas que ele queria que a criatura soubesse antes de morrer. “Não será sempre assim, eu 6 Verbena prometo.” Uma cintilação da luz prateada pareceu passar dele para a besta, que conseguiu levantar a cabeça ao olhar nos olhos de Jon. Você está partindo. Deve recordar agora, por que sua grande mudança está começando, você pode escolher o que acontece em seguida. Vai onde o amor, a força e a magia são mais fortes. E por favor perdoa-me por não fazer deste lugar o que ele deveria ser.” Alguma coisa passou por entre eles durante um instante, então o cão colocou sua cabeça de volta à terra e suspirou contente. Takoda se aproximou e colocou suas mãos na garganta e no peito do cu sith. Ele virou-se para Jon, que tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto. “Ela está morta.” disse a todos, Jon que viu tudo sem dizer nada. Colocou a mão delicadamente na cabeça da besta feérica. “Alguém mais sabe?” Jon perguntou. De repente, a melancolia que parecia o afligir foi embora, deixando o líder confiável que todos conheciam em seu lugar. Teague agitou a cabeça, “Apenas nós.” “Bom vamos manter assim. Não há nada de bom em permitir os iniciantes verem isso. Nós precisamos devolvê-lo apropriadamente para a terra,” ele disse. “Aileen, você poderia trazer todo o que precisamos da casa secretamente?” Ela olhou o cão morto, lágrimas molhavam seu rosto, então ela as engoliu e assentiu, dirigindo-se às sombras. “Ela veio aqui procurando por magia” ele disse, quase que para ele mesmo, olhando para a pobre criatura no chão. “Mas não havia o bastante. Nós guardamos mais do que o permitido.” Kameria veio por atrás de Jon e colocou uma mão em seu ombro. A visão e a proximidade do cão feérico morto a preencheu com uma sensação de pesar, como sentiu quando sua mãe faleceu. Jon olhou para ela, seus olhos estavam cheios de uma séria determinação. “Você está certa,” ele disse. “Não acabou. Não por um longo tempo.” Prólogo: Véspera de Beltane 7 Introdução: Raízes da Árvore A vida é um banquete e os bastardos mais pobres estão morrendo de fome! — Rosalind Russel em Auntie Mame Bruxas e pagãos, dançando nus em volta de uma fogueira à luz da lua, derramando sangue para alimentar o solo seco — é isso que a maioria pensa quando imaginam os Verbena, seguidores de caminhosantigos, ultrapassados, bárbaros segundo os padrões da sociedade moderna. Eles são tanto atavismos apegados a um passado mítico que nunca recuperarão quanto pseudo pagãos de Feiras Renascentistas vestindo capas e balançando cristais. Isso é tudo o que a maioria dos forasteiros vê dos Verbena e de seu antigo Ofício. Os Verbena são orgulhosos por serem os herdeiros de uma linhagem mística que vêm desde a aurora dos tempos, quando eles trocaram sangue com os próprios deuses. Eles são portadores da sabedoria antiga, a qual tantas pessoas no mundo moderno decidiram ignorar por não se encaixar fácil ou confortavelmente na sua forma de vida escolhida. Eles são os campeões da causa da vida e do viver, buscando plantar as sementes de uma nova consciência e tornarem-se parteiros de um mundo novo, mais sadio e mais são. Eles são idealistas, curandeiros e aventureiros em busca da verdade. No entanto, eles não podem ser rotulados como meros “abraçadores de árvores”. Os Verbena tomam seus avisos da natureza e seguem um código de moralidade de bom comum. Eles não são melindrosos com os fatos da vida. Eles reconhecem e reverenciam o poder do sexo. Eles não temem a morte, porque reconhecem que a morte é simplesmente uma parte de um ciclo maior. Em comparação aos rígidos padrões judaico-cristãos, os Verbena parecem totalmente amorais (apesar de não serem). Isso não os perturba. A natureza em si é amoral. Existem dias no qual ela é cruel e dias onde ela é beneficente. Os Verbena veem isso como o seu certo também. Claro, isso não quer dizer que eles ferrem com seus vizinhos e saiam com o que eles podem. Ao contrário, comunidade significa muito para os bruxos. Introdução: Raízes da Árvore 9 Embora um Verbena não se sinta preso à leis velhas e fora de uso, ele ainda entende que ele não tem o direito de atingir seus próprios fins às custas de seus vizinhos. A visão holística exposta pelos Verbena afirma que embora você seja livre para agir da forma que achar melhor, você não está agindo num vácuo. Cada ato seu irá gerar repercursões e o bruxo deve estar pronto para aceitar a responsabilidade pelas consequencias de seus feitos (ou feitiços, no caso). Dessa forma, os Verbena continuam em equilíbrio com seus vizinhos e bem como com o resto do mundo ao seu redor. Eles são bárbaros? Ah, sim, de várias formas. Eles zombam do entôjo de uma sociedade moderna que não aguenta sujar suas mãos, que faz sua matança por controle remoto, que espalha o sexo através de telas de monitores e cartazes, mas que não pode ter uma conversa honesta sobre ele. Os Verbena são bárbaros de várias formas e eles tem orgulho disso. Eles dizem que preferem ser bárbaros que se enterram na sujeira, cortam gargantas de cabras em sacrifício e copulam em campos recém semeados que serem um povo “civilizado” que derruba florestas, envenena a Terra e faz guerra com nações distantes que eles nunca viram. Os Verbena abrigam a chama tremulante dos Velhos Costumes, mas ainda está para ser visto se eles irão abanar esta chama numa luz para guiar o mundo à uma nova era ou estão se desiludindo enquanto seu próprio fogo começa a apagar. Os Velhos Costumes ainda tem um lugar no mundo? Os Verbena esperam, rezam e acreditam que sim. Tema: Vivendo a Vida Plenamente Os Verbena se preocupam com a vida em todas as facetas e dimensões, não apenas a vida num sentido biológico, mas o ato de viver. Para os Verbena, a vida é o maior dom e a maior responsabilidade, para viver plenamente seu potencial e beber profundamente da experiência, até os amargos detritos, se necessário. Não é necessariamente apenas sobre os prazeres da vida (embora eles digam que eles fazem a vida valer a pena ser vivida). Os Verbena acreditam em experimentar tudo o que a vida tem para oferecer, sem se amedrontarem ou tentarem negar nenhuma parte dela. A vida não é só prazer. A vida normalmente é dolorosa e dificil. A vida normalmente é trabalho e tarefas mundanas que têm que ser realizadas dia após dia. O mais importante, a vida é flutuante, e todas as coisas morrem à seu tempo. Se não fossem por estas coisas, então os prazeres da vida seriam diminutos, sem o contraste para lhes dar forma e sentido. Vida tem a ver com equilíbrio, entre o prazer e a dor, alegria e tristeza, vida e morte. Também é sobre viver em equilíbrio e harmonia com o ambiente, porque os Verbena creem que são uma parte do mundo em que vivem, uma extensão dele, não algo em separado. O que os afeta também afeta o mundo, e vice versa, então a vida deve ser diligente e consciente, guiada pela sabedoria e pela experiência. Clima: Esperança e Medo nas Trevas Os Verbena se mantém firme às antigas tradições e modos de viver que parecem ultrapassados no mundo moderno. Eles são chamados de “selvagens”, “bárbaros” e “relíquias” de uma era passada, sem lugar nesse mundo. O clima cercando os Verbena é de esperança e de admiração misturados com medo e desespero. Por um lado, os Verbena são cheios de vida e esperança. Eles se apegam a uma crença de que a humanidade pode viver em harmonia com a Terra e com o próximo. Eles acreditam em ater-se a vida e vivê-la por tudo o que vale a pena. Seu fervor e sua vitalidade pode ser contagiosos e existem um apelo primordial a eles. Por outro lado, existe um limiar de medo aos Verbena. Eles abraçam muitas das coisas que a sociedade “polida” faz o seu melhor para ocultar, como sexualidade aberta, o derramamento de sangue e o lado primitivo e primordial da vida. Os Verbena são selvagens e alienígenas de algumas formas. Há também uma medida de medo entre os próprios Verbena de que os Velhos Costumes realmente não são mais apropriados para o que o mundo se tornou, que eles são os anacronismos e as relíquias que os outros acreditam que eles sejam e que eles não podem vencer a onda ascendente. Mas para serem honestos à suas crenças e à suas tradições, os Verbena devem continuar em frente, não importa como. Conteúdo Os Verbena tem uma rica e longa história, vinda desde a aurora dos tempos e dos primeiros magos. Eles também compoem uma Tradição diversificada, feita de muitas linhas culturais diferentes que se unem numa única e forte corda que se extende desde as névoas do passado. Capítulo Um: Uma Época de Bruxas vislumbra a história dos Verbena e de seus ancestrais místicos, começando com os primordiais Wyck e progredindo pelo mundo antigo, a Idade Média e o mundo moderno. Também discute o ponto de vista dos Verbena sobre magia, religião, tecnologia e as outras Tradições Místicas e os habitantes sobrenaturais do Mundo das Trevas. Capitulo Dois: Bençãos da Lua descreve a organização da Tradição Verbena, suas várias facções, seus lugares sagrados e como seus membros se unem em círculos e convens. Ele analisa a magia Verbena profundamente, incluindo Esferas, períodos sagrados do ano, feitiçaria, rotinas, focos e Maravilhas. Capitulo Três: Crianças dos Wyck fornece perfis de vários Verbenas proeminentes, tanto do passado quanto do presente, discute sobre crônicas e aventuras apenas com Verbena, oferece um exemplo de cabala Verbena pronta para uma crônica e conclui com uma seleção de personagens Verbena prontos para jogar. 10 Verbena Léxico Aeduna: Os ancestrais dos Verbena, uma vaga aliança de pagãos, sábios, herboristas e afins que foram influentes na Europa (em especial no Mediterrâneo) do mundo antigo. Airts: As quatro direções (norte, sul, leste e oeste). Uma velha forma fora de uso entre os Verbena modernos. Alteradores do Destino: Uma facção Verbena em contatocom a magia antiga e primordial que trabalha para reivindicar e manter o paradigma raíz da Tradição. Antiga Fé: O culto dos velhos deuses em geral, também referido aos Velhos Costumes. A Velha Fé era o nome da vaga aliança de mágicos, bruxas, druidas e outros magos pagãos que antevieram os Verbena. Antigos Costumes: Um termo Verbena geral para os ensinamentos, crenças e modo de vida de sua Tradição, desde os mais antigos tempos. Árvore Mundo: Uma metáfora Verbena para a estrutura da Telluriam e de sua Tradição. As raízes da Árvore Mundo alcançam o fundo do Mundo Inferior, enquanto seus galhos se espalham entre os mundos da Umbra Profunda. Seu tronco está no centro da realidade e é o eixo no qual ela gira. deosil: (JESS-il) “Sun-wise” ou a direção do sol. Nos rituais Verbena, deosil significa mover-se no sentido horário. Deuses Antigos: As muitas deidades que antevém a Cristiandade, que frequentemente eram cultuadas pelos Verbena. Grande Rito: A união dos opostos, personificando o divino masculino e feminino, realizado nos rituais Verbena. O Grande Rito pode envolver magia sexual, mas normalmente é apenas realizado simbolicamente. Grande Roda: Um símbolo pagão do ciclo da vida, que progride perpétuamente girando e girando em ciclos constantes. Jardineiros da Árvore: Uma facção Verbena devotada a manutenção dos costumes tradicionais e das crenças de seus ancestrais. Juramento: Também conhecido como o Juramento Verbena ou o Grande Juramento: “Se não ferir ninguém, faças o que quiseres”. É um princípio guia da crença Verbena. Ofício, o: A Tradição Verbena, embora alguns Verbena usem “o Ofício” para se referirem especificamente à prática da magia, embora alguns o usem para se referir a Tradição como um todo (incluindo suas práticas espirituais e culturais). pagão: Do latim paganus ou “vagante do campo”. Os Verbena geralmente usam “pagão” para se referir a outro seguidor da Velha Fé, de uma forma ou de outra. Seguidores da Lua: Uma facção progressista Verbena que procura incorporar diversos estilos e culturas na Tradição e aprender com elas. Tecelões da Vida: Uma facção Verbena que explora os limites da magia para transformar tanto eles como os outros, normalmente negligenciando os ritos e os rituais da Tradição. Tempos das Fogueiras: Um referência Verbena ao período posterior da ascenção da Ordem da Razão, quando as tradições pagãs foram perseguidas e os seguidores dos Velhos Costumes eram caçados, torturados ou mortos. As caçadas às bruxas da Inquisição mortal normalmente eram apenas pretextos para o verdadeiro propósito dos Tempos das Fogueiras: a eliminação dos magos pagãos. trad-fam: Abreviação para “tradição familiar”, um Verbena que foi iniciado por um membro da família e que vem de uma linha familiar dos Verbena. Trilhas dos Wyck: Caminhos através da Umbra supostamente criados pelos Wyck há muito tempo atrás, seus segredos foram confiados aos Aeduna e, depois, para seus descendentes, os Verbena. Valdaermen: Uma aliança de magos escandinavos na Idade das Trevas. Muitos Valdaermen uniram-se aos Verbena durante a fundação da Tradição. Verbenae: A forma plural de Verbena e o nome formal e original da Tradição. Ele rapidamente caiu fora de uso dentre todos, exceto os eruditos fora da própria Tradição e a maioria hoje usa “Verbena” tanto para o singular quanto para o plural (como este livro o faz). widdershins: Mover-se de forma antihorária ou na direção “antisol sábia”. Geralmente evitado nos rituais Verbena exceto em ritos de exílio ou destruição. widderslainte: Um antigo termo referindo-se a um mago que se uniu aos Nephandi. Saiu de uso em favor do termo mais comum barrabi. Wyck: Os Primordiais, os primeiros magos. Os Wyck são os ancestrais supremos dos Verbena (e de todos os magos). Eles normalmente são associados com grandes deuses e heróis dos mitos pagães. Introdução: Raízes da Árvore 11 12 Verbena Capítulo Um: Uma Época de Bruxas Conhecendo as árvores, entendo o significado da paciência. Conhecendo a grama, posso apreciar a persistência. — Hal Borland Como já haviam feito inúmeras vezes, eles se uniram num círculo no coração da floresta de mãos dadas, cabeças baixas e olhos fechados por um momento, cada um sentindo o pulso da pessoa ao lado, cada um ouvindo a respiração pausada dos outros, o sussurro do vento através das folhas. “Então, prontos para isso?” perguntou Deborah. “Como se fossemos estar,” Teague respondeu secamente e, todos, mesmo Deborah, sorriram. “Assim seja,” ela disse, apertando as mãos de Aileen e Teague. “Assim seja,” responderam todos calmamente em uníssono, levantando suas mãos para o céu deixando- as cair em seguida. Estava na hora. Os novos iniciados estavam sentados em um semi- círculo quando os membros da convenção adentraram no bosque. Os olhares em seus rostos expressavam uma mistura igualitária de expectativa e nervosismo. Deuses — pensou Jon — já fomos tão jovens? O engraçado era que não havia se passado tanto tempo desde a ocasião na qual ele e os outros se sentaram em um lugar não muito diferente daquele, perguntando-se o que faziam ali e o que aconteceria a seguir. Apenas alguns poucos anos, no entanto, às vezes, parecia uma vida. De muitas formas, era. Foi quando suas antigas vidas terminaram e suas novas, as verdadeiras, começaram. Ele olhou Kameria e sorriu enquanto sua esposa acomodava-se graciosamente sobre o chão, apesar do fato dela estar começando a mostrar uma saliência em seu ventre. Ela o olhou de volta e sorriu, seus dentes brancos contrastando com seu rosto moreno e aveludado, então virou-se para os estudantes reunidos. “Bem vindos,” ela disse. “Vocês estão aqui para ouvir e aprender, mas também sabemos que vocês têm perguntas, faremos o melhor para respondê-las. Decidimos que seria melhor que vocês primeiro soubessem um pouco sobre de onde viemos antes que falemos sobre onde estamos e para onde vocês estão indo. À medida que nos conhecerem melhor, descobrirão que temos um enorme respeito pelas Capítulo Um: Uma Época de Bruxas 13 tradições mais antigas de se fazerem as coisas, mesmo que nem sempre isso transpareça.” Ela parou por um momento para olhar rapidamente em torno do círculo e percebeu que os rostos de todos ali presentes estavam absortos e concentrados. Chamou sua atenção em particular um jovem relaxado numa cadeira de rodas. Ele a olhou com seus olhos escuros que cintilavam com inteligência e fagulhas de esperança. Kameria lembrava daquele sentimento como se fosse ontem. “Bem, então,” ela disse, estendendo as mãos, “comecemos do começo.” Relembrando os Antigos Costumes: História “No começo,” disse Kameria com um sorriso malicioso, “havia o sexo”. Não se animem pensando que isto se trata de algo depravado, garotos, ela pensou, percebendo as expressões em alguns rostos. Então pôs suas mãos sobre seu ventre para enfatizar o que foi dito. “Ah, não sexo da maneira que concebemos, mas sim o ato primordial do acasalamento e da criação. Assim foi dito para mim...” No começo havia o Uno, que era tudo, completo e perfeito em si mesmo. Então o Uno tornou-se Dois, Os Dois que se Moviam Juntos no Amor. A Deusa e seu companheiro, o Deus, Noite e Dia, Lua e Sol, Yin e Yang. Eles se uniram e fizeram algo que era maior do que ambos e dessa união a Tellurian nasceu. Creio que podemos dizer que passou a existir. Dessa forma o ciclo da vida começou e a Grande Roda girou. A Roda girou através dos tempos e as maravilhas da Tellurian se multiplicaram até a vida surgir. O ciclo semfim do nascimento, crescimento, concepção e morte se repetiu inúmeras vezes. Então a vida desenvolveu a habilidade de olhar para o passado da criação e admirar sua existência. A Tellurian ganhou a habilidade de ver, de sentir e saber através de nós, através da humanidade. Ela nos amou, e ainda ama, e através desse amor, os Puros, partes do Uno, descenderam e tornaram-se unos conosco. Da união da vida e da criação primordial nasceram os Wyck, os Primeiros. Os Wyck: Os Primeiros Os Wyck foram os primeiros magos verdadeiros, nascidos da carne mortal e do espírito primordial. Eles foram os primeiros a estender suas mãos e suas vontades para moldar o mundo a fim de satisfazer suas necessidades e seus desejos. Seus poderes não eram nada semelhantes aos que nós, seus descendentes de sangue e espírito, agora possuímos. Para eles a magia praticamente era sem esforço, uma parte de suas próprias existências. Eles não precisavam de ferramentas ou rituais para exercerem suas vontades, pondo-os em igualdade com os maiores mestres que nossa Tradição conheceu — até mais poderosos. Alguns dizem que os Wyck não eram apenas magos, mas deuses, que eram as tribos que outros homens adoravam por seus poderes e vislumbres: os Aesir, os Vanir, os Olimpianos, os Thuata De Danaan, os Orixás e outros deuses e heróis mitológicos. Outros acreditam que a ideia de Deuses Antigos seja baseada somente naquilo que os Wyck realmente eram ou que os Wyck não eram deuses, mas sim filhos mortais destes, parte humanos, parte divinos como os grandes herois. Nós não sabemos ao certo. Apenas sabemos que os Wyck foram os primeiros, e que nós, os Verbena, somos seus descendentes mais diretos. Feitos dos Wyck Os Wyck realizaram grandes feitos em seu tempo. Seu mundo não era como o nosso onde vivemos hoje. A magia estava em toda parte, assim como o mistério e o perigo. Os Sábios foram os herois e líderes de seu povo, então tinham o dever de andar entre os mundos. Eles se colocaram como guardiões entre seu povo e os perigos do mundo, e se aventuraram no desconhecido para descobrir seus mistérios, trazendo consigo tais conhecimentos. Proteção, cura, sabedoria e orientação eram os presentes e as responsabilidades dos Wyck para com seu povo. Eles eram domadores de bestas, aprendendo a linguagem de todos os animais da terra. Os Sábios estudavam todas as formas de vida e até mesmo adotavam diferentes formas para entendê-las. Aprenderam a caçar como lobos, ursos e leões. Corriam como cervos, panteras e cavalos. Nadavam como peixes, golfinhos e tubarões. Voavam como corvos, falcões e águias. Isto lhes proporcionou a percepção para ajudar os outros a caçar e pescar, a conhecer e honrar sua presa assim como conheciam a si próprios. Eles eram caçadores de monstros. Com magia, eles lutavam contra terríveis habitantes de lugares inóspitos do mundo. Quando seu povo era ameaçado, eles empunhavam fogo e relâmpago. Destruíram dragões, gigantes e criaturas tão terríveis e poderosas que nem sequer imaginaríamos. Algumas não foram mortas, mas presas em lugares distantes além da Terra, longe dos olhos da humanidade, longe da luz do sol, acorrentadas em encantamentos, prisioneiros por toda a eternidade. Pelo menos assim acreditavam. Os Wyck eram curandeiros. Eles aprenderam todos os segredos das plantas: ervas, raízes, flores e sementes. Aprenderam de outras criaturas e usaram tal conhecimento para promover a saúde, lutar contra doenças e curar ferimentos. Sua magia derivava da essência primordial da vida, dando a eles o poder de reparar qualquer injúria, curar qualquer doença e até 14 Verbena mesmo restaurar a vida aos mortos. Os Wyck eram estudiosos, chamados de Sábios. Eles podiam ouvir os segredos da natureza através do som do vento percorrendo as folhas, no chamado dos pássaros e nas águas borbulhantes de uma correnteza. Eles liam o futuro nas estrelas, na lua e nos cursos da Tellurian. Procuravam conhecimento e compreensão em todas as suas formas, e os colocavam em prática para o benefício de seu povo. Contam as lendas que os Wyck nos deram a literatura, a linguagem e o conhecimento sobre os animais, plantas, metais, cristais e todas as outras coisas sobre a Terra. Os Wyck eram construtores e criadores. Eles esculpiram a madeira e a pedra. Teceram roupas e curavam o couro. Eles inclusive derreteram e fundiram o metal. Sua magia era o poder da mudança, transformando a rusticidade do mundo, construindo ferramentas, armas e objetos de grande beleza. Eles transmitiram os conhecimentos dessas artes e muitos outros para seu povo, plantando as sementes do que mais tarde viria ser. Por último, e talvez o mais importante, os Wyck eram exploradores. Eles foram feitos a partir da maravilha da Criação refletindo sobre si mesma, e tinham uma insaciável curiosidade pelo mundo que os cercava. Eles voaram nas asas das águias até os longínquos extremos do mundo, mergulharam nas profundezas do oceano e visitaram muitos lugares e muitos povos. Caminharam entre os mundos do espírito e da matéria, cravando trilhas por entre o reino nebuloso da Umbra, a sombra da criação. As Trilhas dos Wyck eram estradas para outros lugares, até outros mundos, que eles descobriram em seu tempo. Eles conectavam os Sábios e permitiam a eles viajarem grandes distâncias livremente da mesma forma que cruzaríamos uma sala. A Partida dos Wyck Mesmo com todas as suas conquistas, os Wyck sabiam que não existiriam para sempre. Eles nasceram tanto do espírito quanto da mortalidade e seu tempo eventualmente acabaria neste mundo. Eles realizaram feitos magníficos e alcançaram grandes objetivos, então passaram adiante tudo o que aprenderam. Os Wyck tiveram seus próprios filhos, herdeiros do sangue e do poder de seus ancestrais. Ensinaram às suas crianças seus segredos e tradições, então os Wyck partiram. Para onde foram? Não sabemos ao certo. Enquanto algumas histórias contam que seus próprios filhos os derrubaram e que, ou os baniram deste mundo, ou os mataram, a maioria dos contos diz simplesmente que os Wyck partiram. Eles adentraram em seus caminhos ocultos e lugares secretos e nunca mais foram vistos. Ocasionalmente existem histórias a respeito de um dos Sábios aparecendo para oferecer um pouco de ajuda ou algum tipo de orientação enigmática, mas ninguém pode dizer com certeza se realmente se tratam deles. Lilith Alguns Verbena falam sobre Lilith, a primeira esposa de Adão no Jardim do Éden, como um dos Wyck, às vezes como sendo o primeiro. Outros Verbena a reconhecem assim. Alguns defensores da história de Lilith dizem que sempre há deusas misteriosas entre as raízes dispersas da Tradição, algumas dessas podem ser memórias de Lilith. Os Verbena que acreditam nela dizem que Lilith mostrou o real propósito do Jardim do Éden da maneira mais direta. O Jardim testou o poder do livre arbítrio (quando Deus proibiu Adão e sua esposa de comer o fruto da Árvore do Conhecimento). Lilith exerceu seu livre arbítrio quando não tomou parte dos planos de Deus. Agindo assim, sua vontade foi liberada de toda obrigação, tornando-a Desperta. Eles dizem que a Mãe Sombria ensinou os segredos da magia para aqueles que desejavam escutar e que deu poder principalmente às mulheres para que estas não tivessem de ser submissas aos homens. Histórias falam sobre Lilith copulando com demônios nos ermos e dando à luz a monstros. Ela também recebe o crédito por ter ensinado Caim a despertar o poder do seu sangue amaldiçoadoe ainda por ser a grande mãe das Raças Metamórficas. Para a maioria dos Verbena, essas histórias são apócrifas, na melhor das hipóteses. Eles dizem que Lilith é meramente um símbolo para as forças misteriosas, femininas e geradoras do mundo, uma personificação da Deusa em seu aspecto mais sombrio. Entretanto, os próprios Verbena são a prova de que muitos mitos são bastante reais. Por que eles partiram? Também não sabemos ao certo, mas creio que tenha sido porque eles precisavam partir. Eles não queriam que as pessoas fossem dependentes deles para sempre. Apesar do que algumas pessoas pensam, não creio que eles quisessem ser adorados. Eles queriam nos inspirar a aprender a ser como eles, não apenas adorá-los e acreditar neles. Da mesma forma que chega um momento em que os pais devem deixar seus filhos partirem para que descubram o mundo por si próprios, os Wyck precisaram se afastar e deixar seus filhos, e os filhos de seus filhos, viverem seu tempo. Kameria percorreu seu ventre com a mão e olhou para baixo por um momento. “Nós fazemos o melhor que podemos por nossos filhos, mas chegará um momento em que tudo dependerá deles, então apenas esperamos que o mundo que deixamos para eles seja um pouco melhor do que quando o recebemos.” O Mundo Antigo: Os Aeduna Enquanto Kameria movia-se para descansar Capítulo Um: Uma Época de Bruxas 15 encostada na raiz de uma enorme árvore, Teague se adiantou e sentou no meio de seus companheiros de convenção, encarando os iniciantes. Com seu cabelo longo castanho solto e com um adorno de prata e ouro entrelaçados brilhando em sua garganta, tudo nele denunciava o bardo que ele era. Sua rica e pura voz de tenor era suave, mas parecia preencher o bosque. Os filhos dos Wyck eram chamados de Aeduna. Enquanto seus pais tinham sido andarilhos vagando às margens de seu povo, os Aeduna percorreram os caminhos internos. Eles eram mais parte de suas comunidades do que os Wyck foram, nascidos entre eles e criados entre eles. Tornaram-se sacerdotisas e sacerdotes, curandeiros, parteiros, estudiosos, conselheiros, historiadores e filósofos de suas sociedades. Eles detinham o poder e o conhecimento dos Sábios e a responsabilidade de usá-lo corretamente. Naqueles dias, os Aeduna eram os descendentes dos Wyck tanto literal quanto figurativamente. Eles eram os filhos espirituais dos Sábios, herdeiros de sua magia, da essência criadora que aquecia seus espíritos. Eles tinham o sangue dos Wyck em suas veias e foram os primeiros a entender o poder hereditário assim como outras qualidades passadas de pai para filho. Eles preservaram as histórias de suas famílias, traçando sua ancestralidade até os Primeiros. Assim, o tronco da Grande Árvore começou a germinar suas raízes primordiais. A Primeira Semente: O Chamado do Sonhar As primeiras sementes da árvore dos Aeduna não tardaram a brotar; algumas crianças dos Wyck sentiram o chamado do mundo externo às suas comunidades, de fora do círculo do mundo material, dos lugares nebulosos que os Sábios outrora percorreram. Eles foram guiados por visões e sonhos e ouviram as vozes dos espíritos. Ao invés de serem apenas parte de suas comunidades, eles foram além delas para permanecerem nas fronteiras entre o mundo material e o espiritual. Eles falaram das visões que receberam em seus sonhos, e então ficaram conhecidos como Aqueles que Falam nos Sonhos, os Oradores dos Sonhos. Os Oradores dos Sonhos foram a primeira Tradição a separar-se dos Aeduna, a primeira dentre as sementes da árvore a brotar e crescer por conta própria. Enquanto os Aeduna focalizavam suas atenções em assuntos relativos à vida, os Oradores dos Sonhos valorizavam todas as coisas que possuíssem espírito e exploravam as profundezas do mundo espiritual e seus habitantes. Em certas regiões, os Oradores dos Sonhos e intérpretes espirituais eram poucos e dispersos, passando seus conhecimentos de geração para geração e vivendo como eremitas ou investigadores espirituais em áreas selvagens. Em outros lugares, a semente dos Oradores dos Sonhos enraizou-se e cresceu forte, cobrindo a Grande Árvore dos Aeduna e, eventualmente, a ofuscando. Nossos irmãos e irmãs Oradores dos Sonhos ainda são nossos aliados no Conselho das Nove Tradições. As ramificações que divergiram há muito tempo atrás permanecem entrelaçadas, havendo muito a se aprender dos xamãs e intérpretes espirituais, mas nossa história segue o caminho dos Aeduna. Enquanto os Oradores dos Sonhos floresceram na África e nas Américas, as raízes dos Aeduna aprofundaram-se na Europa e partes da Ásia, espalhando-se por aquelas terras. Grécia Os Aeduna assentaram suas raízes nas férteis terras do Mediterrâneo, particularmente na Grécia. Lá, eles adoravam as deusas e deuses da terra e da lua, os deuses do sol, de tudo o que crescia e do mar. Por gerações, eles foram os sacerdotes e sacerdotisas dos templos, bosques e colinas sagradas. Eles eram curandeiros e intérpretes das vontades dos deuses, manifestadas nos presságios da natureza. A Segunda Semente: O Culto a Dionísio Os Aeduna eram pessoas da terra. Eles celebravam a mudança dos ciclos do ano da mesma forma que seus ancestrais faziam, bem semelhante a como se faz agora. Tais celebrações geralmente envolviam muitas festas, bebidas, banquetes e orgias frenéticas. Os Aeduna acreditavam em viver para o momento e aproveitar a vida ao máximo. Nessas celebrações, alguns se sentiam transportados, levados além do tempo como o conhecemos e dentro do momento sem tempo. Era algo que os Aeduna entendiam e valorizavam. Alguns herdeiros das tradições Dionisíacas da Trácia abraçaram o êxtase. Eles celebravam a intoxicação e o vislumbre que isso proporcionava, tanto a alegria quanto a loucura do fruto da videira, o vinho negro. Sob a luz da lua, as bacantes, as mulheres insanas de Dionísio, corriam bêbadas por entre os campos sob o efeito da essência destilada do deus. Elas se entregavam por completo à paixão, fosse a luxúria ou a fúria. Mitos nos contam que elas encontraram o poeta Orfeu após seu fracasso no Mundo Inferior. Quando recusou a se juntar aos festejos e orgias, voltaram sua fúria contra ele arrancando seus membros, um após o outro, pois este é o poder da paixão descontrolada. Para alguns, é também um conto de advertência do que acontece àqueles que tentam burlar os planos da morte. Aqueles que se renderam à paixão e ao êxtase se tornaram a semente para uma nova divisão entre os Aeduna, uma das raízes do Culto do Êxtase moderno. A Terceira Semente: O Círculo Cosiano A semente seguinte a germinar dos Aeduna surgiu 16 Verbena de forma muito diferente ao ocorrido com os Oradores dos Sonhos e os Extáticos. É a semente de uma das maiores ameaças que nossa Tradição enfrenta hoje, uma que foi plantada com a melhor das intenções, mas distorcida devido ao crescimento incontrolado. Era a semente da medicina. A antiga palavra grega pharmakis era usada como referência para herbalistas e médicos, a palavra raiz para termos modernos como farmácia e farmacêutico. Os pharmakis eram tanto pessoas comuns com conhecimento em cura como Aedunas treinados na sabedoria das plantas. Na antiga Grécia, há aproximadamente 400 anos antes da Era Comum, Hipócrates fundou o Círculo Cosiano. Agora considerado o pai da medicina moderna, Hipócrates estudou os segredos da vida transmitidos pelos Wyck para os Aeduna. Ele procurou organizar este corpo de conhecimento para expandi-lo e usá-lo para educar curandeiros e ajudar os doentes e enfermos. A escola de medicina de Hipócrates atraiu estudantes de longe, incluindo muitos Aeduna.Foi um grande esforço, digno dos herdeiros dos Wyck, embora tenha sido destinado para um princípio bem diferente. O Círculo Cosiano reuniu e descobriu muito a respeito dos segredos da vida. Sua ambição seguia o crescimento de seu conhecimento. Eles procuraram aprender os segredos que o lendário curandeiro Asclépio, filho de Apolo e deus da medicina, possuía: o segredo de reviver os mortos, de criar vida e da imortalidade. Hipócrates lembrou a seus estudantes e colegas que tais segredos levaram Zeus a atacar Asclépio com um raio devido à sua insolência, mas eles ignoraram seus avisos e deram início a experimentos secretos. Eles vivissectavam criaturas para estudo, tanto animais quanto humanos. Injetavam-lhes poções estranhas e os fecundavam para depois estudar suas crias. Eles violaram o primeiro mandamento de Hipócrates, tirado do Juramento dos Aeduna: “Em primeiro lugar, não machuque.” Câmaras secretas sob o liceu do Círculo eram locais de tortura e mutilação usados em nome da cura. Quando os boatos a respeito desses experimentos começaram a se espalhar, uma fenda se formou entre os Cosianos e os Aeduna, e rapidamente tornou-se um abismo. O Círculo Cosiano rejeitou os “simples” métodos tradicionais dos Aeduna, enquanto os herdeiros dos Wyck condenaram o trabalho dos Cosianos como não-natural. Pouco tempo após a morte de Hipócrates, membros do círculo interno dos Cosianos desfizeram todos os laços com seus antigos associados e renunciaram o nome Aeduna para prosseguir com seus próprios estudos. Lembrem-se deles, pois estes voltarão à nossa história antes do que vocês pensam. Os Deuses da Grécia Antiga Embora os Aeduna honrassem os deuses gregos de uma ou outra maneira, eles adotavam alguns deuses Olímpicos em particular como seus patronos, aqueles que incorporavam seus caminhos e crenças. Ártemis: Deusa da lua e dama da caça, Ártemis foi considerada a patrona de muitos Aeduna, assim como o aspecto virginal da Grande Deusa. Era conhecida por amaldiçoar qualquer homem desafortunado o bastante para surpreendê-la banhando-se em algum lago isolado sob a luz da lua. Alguns ela cegou, outros enlouqueceu, enquanto outros foram transformados em veados para serem caçados por Ártemis e suas ninfas, ou até mesmo despedaçados por seus próprios cães de caça. O irmão gêmeo de Ártemis, Apolo, também era honrado pelos Aeduna como o patrono da medicina e da profecia, embora sua adoração tenha declinado após a deserção do Círculo Cosiano. Deméter: Deusa da terra e de tudo o que cresce, representava o aspecto maternal da Grande Deusa para os Aeduna. Deméter fez luto pela perda de sua filha Perséfone (outra das deusas femininas) raptada por Hades para ser sua noiva no Mundo Inferior durante metade de cada ano. Então, por essa metade do ano, o mundo é frio e escuro, enquanto durante a outra metade é cálido e claro. Deméter é associada à outra deusa primordial da terra, Cybele. Hécate: A terceira e talvez a mais proeminente deusa honrada pelos Aeduna foi Hécate, o aspecto venerável da Grande Deusa e a patrona da feitiçaria. Hécate comandava as encruzilhadas à noite e o lado negro da lua era seu. Os Aeduna eram frequentemente sacerdotes e sacerdotisas de Hécate e as modernas Filhas de Hécate (pág. 39) perpetuam suas tradições. Dionísio: Foi um dos deuses gregos particularmente sagrados para os Aeduna. Os rituais e celebrações sem controle levaram à criação de um culto separado dos Aeduna que mais tarde uniram-se com os Chakravanti do leste, tornando-se uma parte da raiz da cultura da Tradição Eutanatos. (Ver Livro de Tradição: Eutanatos para detalhes.) Gaia: Grande mãe terra e progenitora dos titãs e seus descendentes, os deuses, Gaia era honrada pelos antigos Aeduna, embora não da mesma forma como nos tempos modernos. Gaia incorpora o espírito da Terra, por isso é grande e poderosa em comparação aos deuses. Os Aeduna consideravam Gaia impessoal quando comparada aos outros deuses, os quais possuíam semelhanças humanas, e entenderam que ela era capaz tanto de grande benevolência quanto de terrível crueldade. Capítulo Um: Uma Época de Bruxas 17 Os Aeduna da Grécia Antiga Os Aeduna podem ser encontrados através dos mitos assim como na história da Grécia Antiga. Frequentemente eles eram descritos como os filhos dos deuses ou dos titãs (quando não eram considerados deuses) e renomados por sua sabedoria e poderes mágicos. Alguns Verbena modernos alegam a existência de muitos mais personagens entre seus ancestrais do que os que foram listados aqui. Estes são meramente os mais ilustres (ou infames) Aeduna de suas épocas. Quíron: Talvez a mais incomum figura invocada pelos Aeduna é Quíron, um centauro dito ser de descendência divina. Histórias se contradizem quanto a seu nascimento, algumas contam que Quíron nasceu metade homem, metade cavalo, enquanto outras relatam que ele teria assumido tal forma através da magia de Vida. Alguns Verbena modernos sugerem que seu nascimento (ou posterior transformação) foi o resultado de algum efeito incomum do Paradoxo, embora ninguém possa confirmar tal hipótese. Quíron era um renomado estudioso e curandeiro, assim como professor de muitos heróis míticos da antiga Grécia, incluindo Hércules e Jasão (dos Argonautas). Na verdade, dada sua posição de tutor de tantos dos futuros Argonautas, alguns sugerem sinais tanto de cooperação quanto de rivalidade entre Quíron e Medéia. Quíron foi acidentalmente morto por uma flecha do arco de Hércules, envenenada com o sangue da hidra. Circe: Feiticeira que era filha de um titã, Circe vivia em uma ilha isolada. O grande herói Odisseu e alguns de seus homens acabaram encontrando sua ilha, fazendo a feiticeira transformar a tripulação de Odisseu em suínos (dito por vários ser o reflexo de seus comportamentos rudes). Odisseu usou a erva sagrada Moli, dada por Hermes, para frustrar a magia de Circe, no entanto Odisseu passou um ano junto à feiticeira antes de retornar ao seu lar em Ítaca. Dita como imortal, Circe desapareceu do conhecimento do mundo mortal há muito tempo atrás. Alguns magos declaram tê-la conhecido, embora nenhum tenha oferecido prova alguma de que a feiticeira ainda vive. Hipócrates: Alguns Verbena o consideram como um traidor por ter fundado o Círculo Cosiano, no entanto a maioria o vê como alguém sem orientação e agindo com a melhor das intenções. Estudante de herbalismo e medicina, Hipócrates dedicou sua vida ao estudo e à promoção da saúde e do bem estar. Aqueles que recorreram à sua escola começaram estudando artes esquecidas, mas o sonho de Hipócrates se transformou em algo diferente no final das contas. Perto da morte, ele escolheu não estender sua própria vida através de suas descobertas. Os Progenitores ainda reverenciam Hipócrates como um de seus fundadores. Medéia: A feiticeira Medéia nasceu no sangue real e através disso herdou o sangue dos Aeduna. Ela despertou para a magia ainda jovem, tornou-se uma sacerdotisa de Hécate e dominou a arte das poções e encantamentos. Quando o heroi grego Jasão veio até o país de seu pai procurando pelo lendário Velocino de Ouro, Medéia se apaixonou por ele. Ela usou sua magia para ajudar Jasão a subjugar o dragão que guardava o velocino e para facilitar sua fuga após tal episódio. Ela inclusive matou seu próprio irmão, desmembrando seu corpo em seguida e jogando seus restos ao mar para que os navios de seu pai fossem forçados a parar e coletá-los para que um enterro apropriado lhe fosse oferecido. (Para mais informações sobre Medéia, veja as pág 76- 77.) RomaA ascensão de Roma não foi mérito dos Aeduna, pois estes tinham pouco interesse na criação de cidades. A maioria dos nossos ancestrais Aeduna morava no norte da península italiana, em áreas como Toscana. Eles eram pessoas do campo diferente dos urbanos romanos, que os chamavam de paganus, ou caipiras, de onde deriva a palavra moderna “pagão”. Eles se referiam àqueles que eram sábios no conhecimento das ervas e encantos como venefica, os quais possuíam pouca influência na sociedade romana, mas os romanos tinham místicos entre eles, como os Aeduna em breve descobririam. O Culto de Mercúrio Se eles nasceram das raízes dos Wyck, ninguém sabe ao certo, mas os magos romanos combinaram os ensinamentos dos gregos com a antiga sabedoria dos egípcios, e talvez os segredos dos hebreus que viviam em cativeiro em suas terras. Eles eram verdadeiros romanos: ordeiros, curiosos, dispostos a tomar de outras culturas e sempre com um olho na conquista. Eles descenderam da tradição de Thoth-Hermes ou Hermes Trismegistus (o “Três Vezes Grandioso Hermes”) embora fossem mais comumente conhecidos como o Culto de Mercúrio na Cidade Eterna de Roma. Os magos do Culto de Mercúrio estavam bem conscientes da existência de outros místicos e artífices da vontade, particularmente entre os pagani e bárbaros das fronteiras do crescente Império Romano. Eles desejavam os segredos místicos que estas bruxas e magos pagãos possuíam, mas também temiam tal poder, pois eram estrangeiros e de estranhos e temíveis costumes. Sem dúvida alguma, eles viram os Aeduna, que declaravam sua linhagem desde os Primeiros, como uma 18 Verbena ameaça. Então os magos primeiro limitaram a influência dos venefica dentro do Império. Veneno era uma das armas favoritas dos assassinos em Roma, como em todos os lugares, e os venefica sabiam quais plantas podiam curar e quais podiam matar se usadas da maneira correta. Herbalistas eram frequentemente rotulados de envenenadores e tratados com suspeita. Os sábios pagani começaram a esconder seus conhecimentos e suas alianças dos olhos atentos das autoridades. Então iniciou-se um tempo em que muitos Aeduna foram forçados a ocultar quem e o que eram do resto do mundo. A Conquista Romana Os romanos expandiram suas fronteiras conquistando as terras ao redor. No início, os pagani ofereceram pequena resistência contra as bem equipadas e treinadas legiões romanas, respaldadas pelo conhecimento e influência do Culto de Mercúrio. Os Aeduna da Itália e da Grécia se esconderam atrás da aparência de humildes camponeses e passaram adiante sua sabedoria em segredo. Eles se reuniam em clareiras no meio da floresta sob a luz da lua para honrar os Antigos Costumes, acreditando que os romanos eram apenas mais um capítulo passageiro da história. Os bárbaros da terra do norte da Gália e os habitantes da Bretanha, por outro lado, não estavam tão dispostos a ceder ao comando romano. As legiões invadiram suas terras e eles lutaram com coragem e ferocidade, mas não foi o suficiente. Recorreram então aos Aeduna entre eles, aos druidas e sábios detentores do conhecimento, porém seus poderes foram igualados pelos dos magos do Culto de Mercúrio que frustraram ataques místicos contra as legiões, reverteram maldições e conjuraram suas próprias magias para quebrar as defesas dos poderes dos druidas. Os dispersos celtas foram incapazes de subjugar o organizado assalto furioso dos romanos e de seus magos. As legiões então alcançaram a Bretanha e conquistaram as tribos celtas. Eles puseram os druidas sob suas espadas e incendiaram bosques sagrados, forçando os sobreviventes a abandonar seus lugares santos e recuar para áreas Capítulo Um: Uma Época de Bruxas 19 selvagens, usando suas habilidades e conhecimento para sobreviver da melhor maneira possível. O Flagelo Relâmpago Depois de várias gerações se escondendo e passando suas tradições em segredo, os druidas da Bretanha se organizaram. Os celtas dispersos se uniram para se rebelarem contra a ocupação romana em suas terras. Difíceis batalhas foram travadas entre guerreiros celtas e soldados romanos, enquanto a luta nos bastidores acontecia entre os druidas restantes e os magos do Culto de Mercúrio, alguns dos quais agora viviam na Bretanha entre seus compatriotas romanos. Alguns inclusive eram de sangue tanto celta quanto romano. No começo, tanto os romanos quanto seus magos foram pegos de surpresa pela repentina e selvagem insurreição celta. Os magos mais tarde avançaram contra os druidas dando inicio ao “Flagelo Relâmpago”. O mago romano Marcus Fulgurator assumiu o comando da ofensiva na Bretanha contra os druidas e seus seguidores. Habilidoso estrategista militar e poderoso mago, Fulgurator empunhava relâmpagos como suas armas primárias, daí o nome da sua famosa cruzada. Por três anos, magos e druidas lutaram entre si por toda a Bretanha e norte da França. Dragões, unicórnios, elementais e fadas de ambos os lados foram mortos nas batalhas, assim como muitos magos. Os druidas fizeram uso de todo poder que possuíam, no entanto o número superior de romanos os esmagaram. Finalmente, os últimos remanescentes dos druidas escolheram recuar para o norte da Escócia quando o Imperador Adriano construiu sua muralha para manter o povo pagão afastado da Bretanha Romana. A Queda do Império O advento da Cristandade dividiu os magos do Império Romano entre o Culto de Mercúrio e os das Vozes Messiânicas, magos devotados à adoração do Cristo Branco. Atritos entre os dois grupos promoveram uma trégua para os Aeduna remanescentes das fronteiras remotas do império. Muitos escolheram auxiliar seu povo voltando-se contra os enfraquecidos romanos, alcançando sua vingança quando atacaram a Cidade Eterna. O collegeum Hermético foi demolido, os magos Herméticos e magos cristãos foram dispersos em pequenos grupos, fugindo para o leste em direção a Bizâncio ou para o norte em direção a postos avançados e fortificações na Europa central ou Bretanha. A ascensão e a queda de Roma foi o caminho do mundo e o caminho dos magos por um longo período. Os Herméticos atacaram os Aeduna e estes revidaram, e as Vozes Messiânicas avançaram contra ambos, pagãos e Herméticos. Os Aeduna ajudaram seu povo destruindo Roma. Então a roda girou e o mundo seguiu adiante. O Pendragon Na Bretanha, pouco depois da queda de Roma, surgiu uma nova esperança para os Aeduna e os Antigos Costumes, apesar do crescimento de poder do Cristianismo na Europa. Uma criança nasceu, filha de uma princesa celta e seu nome era Myrrdin. Nós agora o conhecemos como Merlin. Ele foi o mais proeminente mago de sua época, pois seu pai foi um dos lendários Wyck, equiparando-o aos maiores Aeduna do antigo mundo. Talvez os Wyck trouxeram-no à luz como uma tentativa de trazer de volta a esperança ao mundo há muito necessitado dela. Nós gostamos de pensar assim. Merlin imaginou uma Bretanha forte e com um reinado justo, fundado sobre os Antigos Costumes, porém aberto às novas ideias trazidas pelos seguidores do Cristo Branco. Seria um reino para rivalizar com a glória de Roma e para unir o mundo sob uma nova civilização. Perseguindo esta ideia, Merlin viajou muito procurando pelos grandes professores e mestres da Bretanha e até mesmo para terras longínquas, viajando pelos caminhos dos Wyck. Ele impressionou seus professores e mentores com seus dons. Merlin aprendeu de muitos, não apenas dos druidas e anciões da Antiga Fé, mas também dos magos Herméticos quefugiram para a Bretanha após a queda de Roma, das Vozes Messiânicas pregando a palavra de Deus e também de outras Irmandades Místicas. É por esse motivo que algumas Tradições declaram Merlin como sendo um dos seus, pois seu sangue era o sangue dos Wyck, o sangue dos Sábios. O sonho de Merlin tomou forma em uma criança chamada Arthur, filho de Uther. Arthur era uma criança de dois mundos, cristão e pagão, que Merlin esperava que um dia pudesse comandar sabiamente a ambos. Merlin ensinou e guiou Arthur para que, um dia, ele reclamasse o título de Pendragon (Chefe Dragão ou Alto Rei) e deu a seu pupilo as habilidades e conselhos de que ele necessitaria para manter seu trono. Ele inclusive forjou uma aliança com as fadas que concederam a Arthur sua lendária espada Caliburnus ou Excalibur. Por um tempo, o sonho de Camelot foi um sucesso. Arthur se tornou o rei dos pagãos e dos cristãos na Bretanha. Embora sendo cristão, Arthur se considerava paladino de ambos os povos e deu-lhes o direito de reverenciarem a quem desejassem. Os druidas e sacerdotisas da terra remanescentes passaram a ter a esperança de reconstruir o que foi destruído, a passar adiante seus ensinamentos e de praticar suas tradições abertamente novamente. Camelot tornou-se um símbolo de justiça e de grandiosidade por toda a Bretanha e boa parte do mundo. Mas este não era seu destino. O reino de Arthur não durou mais que uma geração e seu rei não teve tempo de passar para seu filho o que havia construído. O sonho de Camelot foi destruído pela devoção de Arthur às leis que jurou sustentar e pelo ódio de seu próprio filho, que culminou nos campos de Camlan, com Mordred morto pelas mãos de seu pai e Arthur mortalmente ferido. A morte de Pendragon marcou o 20 Verbena fim da mítica era dos Antigos Costumes e o começo de uma longa queda em direção às trevas. A Idade das Trevas Assim que a voz de Teague silenciou, muitos dos novatos estremeceram por um momento, quebrando o transe que suas palavras criaram sobre eles. Uns poucos tinham lágrimas nos olhos pelo término de uma época que jamais conheceram, mas talvez esperassem encontrar no fundo de seus corações. Deborah olhou-os e engoliu a onda de amargura cínica que verteu dentro dela. Eles eram ingênuos. Era de se esperar. Teague era um bardo. Era seu trabalho ser um sonhador, de tecer fantásticos contos sobre longínquos lugares e épocas. Você mostrou a eles o sonho Teague, ela pensou, agora é hora para uma dose de realidade. Teague se levantou e Deborah, um espectro negro, deslizou para seu lugar no meio do círculo. Ela insistiu em contar esta parte da história. Afinal, ela lembrava desta parte melhor que qualquer um, e ela seria amaldiçoada se deixasse essas memórias a governarem nesta vida. Ela parou, e sua voz era firme enquanto olhava nos rostos dos iniciantes. Após a queda de Roma e Camelot, a escuridão se espalhou pela terra como uma sombra. Os magos Herméticos foram separados pela destruição de Roma, assim como os Coristas — as Vozes Messiânicas, como eram chamados. Tudo o que restava dos Aeduna, os herdeiros orgulhosos dos Wyck de outrora, estava disperso aos quatro ventos. Tanto os Aeduna quanto as Vozes Messiânicas se recuperaram rapidamente. Ambos se apegaram à sua fé, porém, enquanto a Igreja Cristã conquistava novos adeptos diariamente, os Antigos Costumes começavam a perder força. Quando os padres cristãos chegavam, tentavam expelir os Deuses Antigos, chamando-os de demônios. Eles batizavam e pregavam sua palavra para salvar almas e quando isso não funcionava, usavam a tortura e o fogo. Mas o pior do conflito entre a Igreja e os Antigos Costumes ainda tardaria em chegar. Merlin e Morgana Le Fey Dois dos mais famosos Aeduna da história estavam ligados ao destino de Arthur e Camelot e eles sofreram por isso no fim das contas. Merlin era dito ser o filho de um dos Wyck e de uma princesa celta (uma freira cristã, alguns dizem). Ele era o descendente de uma poderosa linhagem, com força para rivalizar contra os mais lendários Aeduna. Ainda criança, Merlin era reconhecido por seu talento em profecias. Quando o Rei Vortigern exigiu o sangue de um garoto sem pai para fortalecer o cimento e as fundações de seu novo castelo, Merlin foi levado a ele. Ele profetizou uma batalha entre dois dragões: um branco e outro vermelho, representando o futuro da Bretanha. Ele se tornou conselheiro dos reis Britânicos, incluindo Uther Pendragon, pai de Arthur. Merlin providenciou (ou talvez previu) o nascimento de Arthur e fez com que este fosse criado e treinado para ser o futuro rei. Após Arthur reclamar o trono, Merlin o serviu como seu conselheiro. Arthur e Camelot foram arruinados pela traição de sua rainha e seu melhor amigo. Merlin também foi destruído, mas pelo amor da bela Nimue, da Dama do Lago. Ela se tornou sua amante e aprendiz e depois aprisionou magicamente Merlin dentro de uma pedra ou árvore (histórias diferem quanto a esse aspecto). Embora alguns pensem que Nimue enganou e traiu Merlin, muitos Verbena veem seus atos como sendo nobres e sugerem que talvez seu mestre tenha pedido a ela para que o afastasse do mundo, sabendo do que estava para acontecer. Eles acreditam que Merlin ainda esteja esperando, talvez nas profundezas da Umbra, para o momento certo de retornar, embora a Tempestade de Avatares tenha complicado isso. O outro grande mago de Camelot foi Morgana Le Fey, uma verdadeira seguidora da Antiga Fé e dos Deuses Antigos. Ela era a meia irmã de Arthur, filha de Igraine, e, segundo alguns, uma Senhora das Fadas (de onde deriva seu nome). Sendo parte de uma nobre linhagem que remete aos Wyck e com o encanto do sangue das fadas correndo por suas veias, Morgana tornou-se uma feiticeira formidável. Ela tinha visões e sonhos proféticos ainda criança e quando já uma jovem mulher dedicou-se aos serviços dos Deuses Antigos como sua sacerdotisa. No entanto, ela é vista como vilã, embora os Verbena declarem que Morgana foi uma verdadeira heroína. Seu flerte com Arthur não foi voluntário, e sim parte de um ritual de fertilidade de um Beltane. Seu filho Mordred supostamente deveria ter incorporado o sentido do grande ritual que aconteceu naquela noite: a mistura do pagão e do cristão, da fada e do mortal, do místico e do mundano, que poderia trazer equilíbrio e paz. Ao invés disto, Mordred foi envenenado contra um pai que não podia reconhecê-lo ou amá-lo e afastado de uma mãe que o amava. Morgana se sentiu traída pela devoção de Arthur aos costumes cristãos e pelos anciões Aeduna que a manipularam. No final, ela acabou por manter o corpo de Arthur fora de Avalon e dizem ter se retirado para o isolamento pelo resto de seus dias. Capítulo Um: Uma Época de Bruxas 21 Por centenas de anos a Antiga Fé existiu em segredo, bem debaixo dos narizes dos padres e de suas igrejas. Mesmo na antiga Roma havia bruxas que se reuniam sob a luz da lua para honrar os deuses e pedir suas bênçãos. Descendentes dos Aeduna foram dispersos por toda a Europa, desde a península Ibérica até às estepes da Rússia, desde as terras gélidas da Escandinávia até o calor do Mediterrâneo. Fomos chamados por muitos nomes, nem todos agradáveis. Até mesmo “wytch”, que descende de Wyck, começou a se tornar mais uma maldição do que uma honra. Fomos jogados como sementes na terra fria, fazendo o possível para nos enraizarmos e crescermos. A organização que nós tínhamos não mais existia, até uma nova oportunidade surgir. Casa Diedne e a CismaHermética Centenas de anos após a queda de Camelot, a Ordem de Hermes — que se originou do Culto de Mercúrio romano — era a mais poderosa organização mística da Europa. O Coro Celestial pode argumentar de outra forma, mas as Vozes Messiânicas não ostentaram tanta influência dentro da Igreja, enquanto que os Herméticos eram fortes e independentes. Eles não se curvavam perante a Igreja ou a ninguém, nem mesmo ante os próprios deuses, que ultimamente vinham provando sua queda. Entretanto, em sua época, eles eram poderes influentes no mundo que lhes fez uma oferta tentadora. Diedne, uma das sacerdotisas druidas sobreviventes da Bretanha, formou uma aliança de seguidores e companheiros druidas. Ela então se aproximou da Ordem de Hermes com uma petição para se unir a eles, oferecendo lealdade e vasto conhecimento à Ordem. Os Primi das Casas de Hermes se reuniram e debateram e a oportunidade de aprender mais sobre a misteriosa magia dos druidas — a qual não possuía registro escrito para que os Herméticos pudessem estudá-la — venceu. A Casa Diedne foi criada como uma parte da Ordem de Hermes. Naturalmente, quando os magos da nova Casa começaram a tardar em dividir sua sagrada sabedoria e a aceitar todas as regras da Ordem, dizeres começaram a circular sobre o erro que foi admitir pagãos como uma Casa. Então vieram os rumores obscuros sobre “rituais proibidos,” incluindo sacrifícios humanos. Os orgulhosos druidas não sentiram necessidade em defender suas tradições de estranhos e os arrogantes magos não fizeram questão de questionar pelo fato das evidências estarem suficientemente claras para eles. A Casa Flambeau, que descendeu dos mesmos feiticeiros que lideraram o Flagelo Relâmpago, e a Casa Tremere encabeçaram o grupo que acusou a Casa Diedne de infernalismo ou adoração ao demônio. Os Diedne negaram as acusações, porém era tarde demais. O resto da Ordem estava envenenada contra eles. Dessa forma, os Flambeau e os Tremere lideraram as acusações do que a Ordem de Hermes chamou de Guerra da Cisma, que jogou Casa contra Casa. Numa nova aprovação do Flagelo Relâmpago, os membros da Casa Diedne foram sistematicamente caçados e mortos, até que a Casa por completo fosse exterminada. Reza a lenda de que a própria Diedne estava entre os últimos a morrerem e que esta amaldiçoara os magos por sua cegueira e arrogância. Alguns acreditam que sua maldição tenha levado a Ordem à queda quando a Ordem da Razão pôs abaixo as paredes de Mistridge e assinalou o inicio do fim da Era Mítica, mas isso ainda estaria para acontecer. O Êxodo do Dragão A Guerra da Cisma significou o fim dos druidas da Bretanha e de qualquer outro lugar. Havia uns poucos sobreviventes que escolheram não se juntar à Casa Diedne, permanecendo em seus bosques secretos e cavernas isoladas, mas eram poucos e fracos. Tornou-se Os Antigos Costumes na Idade das Trevas A Sociedade da Antiga Fé (descrita no Dark Ages: Mage) é o ancestral direto dos modernos Verbena. A Sociedade era, na verdade, o primeiro impulso de cooperação e união que levou à fundação dos Verbena quando os magos pagãos perceberam que deveriam se unir ou perecer. Mesmo assim, a Antiga Fé diferia em muitos aspectos dos Verbena modernos. Primária entre essas diferenças é a magia dos magos da Antiga Fé, a qual estava baseada em antigas tradições anteriores à criação da terminologia das Esferas místicas do Conselho das Nove Tradições e grandes similaridades entre as práticas místicas fossem reconhecidas. A Antiga Fé também fragmentou as facções dos Verbena modernos, substituindo-as por divisões de linhas culturais e geográficas. Além disso, a Antiga Fé se apegou fortemente às idéias de linhagem de sangue e hereditariedade encontradas entre os Jardineiros da Árvore modernos. Eles acreditavam que o poder da magia descendia diretamente dos Aeduna e, por conseguinte, dos Wyck. Aqueles que não pertenciam a uma linhagem apropriada poderiam não sustentar o poder da magia e os pagãos que Despertaram inesperadamente eram considerados “do sangue”. Eles apenas supunham que sua ancestralidade estava esquecida ou perdida nas brumas do tempo. A ideia de aceitar aprendizes de fora de sua cultura e linhagem era estranha para aqueles da Antiga Fé, um dos motivos que mantiveram a organização pequena durante a Idade das Trevas. Para mais informações sobre a Antiga Fé como uma Sociedade Mística e suas crenças, organização e relações com outras Sociedades, consultar Dark Ages: Mage. 22 Verbena dolorosamente claro que eles não mais podiam proteger suas terras ou as criaturas que nela habitavam do avanço da Cristandade ou de magos como os da Ordem de Hermes ou das Vozes Messiânicas. Então, aproximadamente 200 anos após a Guerra da Cisma, os druidas remanescentes da Bretanha lideraram o Êxodo do Dragão. Eles reuniram todo seu poder e conhecimento para abrir as Trilhas dos Wyck para as criaturas mágicas da terra e guiá-las à segurança. Os unicórnios, elfos, duendes, wyverns e dragões partiram através dos portais, para dentro da Umbra e para longe do aço e do fogo dos homens. Durante três anos, as Ilhas Britânicas e boa parte da Europa esvaziaram-se da magia e das maravilhas, deixando o mundo terreno para trás. Eu penso que o Êxodo marcou o declínio da Antiga Fé dando a vitória aos nossos inimigos, pois muito da magia que antes sustentava nosso povo fora embora. Alguns dos últimos grandes herdeiros dos Aeduna partiram para guiar os Antevos na Umbra e acabaram escolhendo não mais voltar. Eles deixaram para trás alguns estudantes que se apegaram aos costumes que aprenderam de seus anciões da melhor maneira possível. A Sociedade da Antiga Fé Os druidas pagãos restantes, bruxas e magos da Europa se uniram em uma aliança dispersa chamada de Antiga Fé. Era uma aliança informal na melhor das hipóteses, formada a partir de um inimigo em comum e de uma ameaça em comum: o perigo imposto pela Igreja Cristã e a lenta morte dos Antigos Costumes. Magos pagãos se apoiaram rapidamente em suas crenças e as mantiveram vivas em segredo. Os Tempos das Fogueiras Os Tempos das Fogueiras é um mito. Os Tempos das Fogueiras foram reais. Como a maioria das coisas a respeito dos Verbena, ambas as afirmações sustentam alguma verdade, no entanto nenhuma conta a história por completo. O mito moderno sobre os Tempos das Fogueiras não é o que a maioria das pessoas pensa, porém aconteceu. Eu sei. Eu estava lá, e talvez alguns de vocês também estiveram, em outras vidas anteriores a esta. É uma época na nossa história que nós nunca deveríamos esquecer, porque acontecerá novamente se permitirmos. No começo do século XIII, forças e facções de dentro da Igreja Cristã se tornaram cada vez mais conscientes da continuidade da existência da Antiga Fé, contudo atribuíram nossos rituais e crenças à demônios e queriam “purificar” nossas almas, com fogo se necessário. O trabalho da Inquisição começou devagar, com consciência da corrupção presente na Igreja, mas ao invés de olhar para dentro da fonte de seus problemas, os Capítulo Um: Uma Época de Bruxas 23 Inquisidores olharam para fora. Eles puseram a culpa sobre os demônios, monstros e sobre aqueles que sucumbiram às suas “tentações” e praticavam o Ofício. Parte do trabalho da Inquisição era conduzido secretamente, para ocultar a verdade sobre o próprio envolvimento da Igreja com o oculto das pessoas comuns. Esses Inquisidores secretos, muitas vezes patrocinados por magos cristãos,
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