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psicopatas-homicidas-um-estudo-a-luz-do-sistema-penal-brasileiro

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Prévia do material em texto

Aos	meus	pais,
Valdeci	Moraes	e	Elaine	C.S.	Moraes,
Por	todo	incentivo,	amor	e	carinho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente	agradeço	imensamente	à	Deus	por	sempre	ter	abençoado	a	minha
vida,	por	ter	me	dado	saúde	e	forças	para	enfrentar	todos	os	obstáculos	que
surgiram	durante	o	caminho.	Sem	ele,	nada	disso	seria	possível.	Agradeço	todas
as	bençãos	que	recaíram,	não	só	sobre	mim,	mas	também	sobre	todos	aqueles
que	amo	e	pela	família	maravilhosa	que	tenho.
Agradeço	aos	meus	pais	Valdeci	Moraes	e	Elaine	Cristina	de	Souza	Moraes,	que
sempre	me	deram	muito	apoio	e	incentivo	para	realizar	todos	os	meus	sonhos	e
pelo	amor	incondicional.	Sem	vocês	a	realização	desse	sonho	não	seria	possível.
Ao	meu	irmão	Vinicius	Moraes,	por	ser	além	de	irmão,	um	amigo,	parceiro	de
todas	as	horas,	agradeço	por	acreditar	no	meu	sonho,	por	torcer	por	mim	e	me
apoiar	com	palavras	de	ânimo	e	por	me	fazer	ter	confiança	nas	minhas	decisões.
Ao	meu	namorado	Ronaldo	Sene	Campos,	eu	agradeço	por	todo	o	apoio	e
paciência	que	teve	comigo	durante	a	elaboração	desta	obra,	por	estar	presente
em	todos	os	momentos,	principalmente,	nos	momentos	mais	difíceis	com	palavra
de	incentivo	que	serviram	de	alicerce	para	as	minhas	realizações.
Em	suma,	agradeço	a	toda	a	minha	família	pela	dedicação	e	paciência	que
tiveram	ao	decorrer	da	minha	caminhada,	por	todo	apoio	e	carinho	que	me	foi
dado,	pelo	amor	que	sempre	esteve	presente	no	meu	dia-a-dia.	Vocês	são
essenciais	na	minha	vida,	muito	obrigada	por	acreditarem	em	mim	e	me
apoiarem	em	cada	escolha.
A	todos	os	professores	que	conheci	e	me	acompanharam	durante	o	curso	de
graduação	e	pós-graduação,	por	dividirem	seus	conhecimentos,	por	me
inspirarem	a	querer	ser	uma	grande	profissional.	Principalmente	aos	professores
Juliano	Zappia	e	Ivan	Custódio,	cuja	a	dedicação	e	atenção	foram	essenciais
durante	a	elaboração	deste	projeto	para	o	Trabalho	de	Conclusão	de	Curso	da
graduação	em	Direito,	que	hoje	tem	a	honra	de	se	tornar	um	livro.
À	todas	as	pessoas	que	fazem	ou	fizeram	parte	da	minha	vida,	pois	de	alguma
forma	contribuíram,	direita	ou	indiretamente,	para	minha	formação	profissional
e	pessoal.	Eu	acredito	que	cada	indivíduo	nos	proporciona	a	chance	de
aprendemos	a	ser	uma	pessoa	melhor	e,	futuramente	nos	tornamos	a	melhor
versão	de	nós	mesmo,	o	meu	muitíssimo	obrigada.
“Para	uma	mente	ampla,	nada	é	pequeno.”
Sherlock	Holmes
SUMÁRIO
Capa
Folha	de	Rosto
Créditos
1.	INTRODUÇÃO
2.	PSICOPATA
2.1	PSICOPATAS	HOMICIDAS
3.	DIREITO	PENAL
3.1	CONCEITO	DE	CRIME
4.	TIPICIDADE
5.	ANTIJURIDICIDADE
5.1	CAUSA	DE	EXCLUSÃO	DA	ANTIJUDIRIDICIDADE
5.1.1	ESTADO	DE	NECESSIDADE
5.1.2	LEGÍTIMA	DEFESA
5.1.3	ESTRITO	CUMPRIMENTO	DO	DEVER	LEGAL
5.1.4	EXERCICIO	REGULAR	DE	DIREITO
5.1.5	CONSENTIMENTO	DO	OFENDIDO
6.	CULPABILIDADE
6.1	ELEMENTOS	DA	CULPABILIDADE
6.1.1	IMPUTABILIDADE	PENAL
6.1.1.1	Inimputabilidade
6.1.2	POTENCIAL	CONSCIÊNCIA	DA	ILICITUDE
6.1.3	EXIGIBILIDADE	DE	CONDUTA	DIVERSA
7.	SANÇÕES	PENAIS
7.1	A	PENA	COMO	SANÇÃO	PENAL
7.1.1	PENAS	PRIVATIVAS	DE	DIREITO
7.1.2	PENAS	RESTRITIVAS	DE	DIREITO
7.1.3	PENA	DE	MULTA
7.2	MEDIDA	DE	SEGURANÇA
7.3	DIFERENÇA	ENTRE	PENA	E	MEDIDA	DE	SEGURANÇA
8.	A	RESPONSABILIDADE	PENAL	DOS	PSICOPATAS
9.	CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Landmarks
Capa
Folha	de	Rosto
Página	de	Créditos
Dedicatória
Agradecimentos
Epígrafe
Sumário
Bibliografia
1.	INTRODUÇÃO
Inicialmente,	este	livro	busca	estudar	a	resposta	jurídica	dada	ao	crime	cometido
em	razão	do	fenômeno	da	psicopatia.
Uma	análise	profunda	do	tema	será	realizada	dentro	do	ramo	do	Direito	Penal.
Primeiramente	traçaremos	um	caminho	em	busca	do	apoio	de	ciências	ligadas	a
saúde	mental,	como	a	psiquiatria,	a	psicologia	e	a	neurociências	para	extrair	o
conceito	desses	indivíduos	denominados	psicopatas,	só	assim	poderemos	entrar
na	parte	jurídica,	do	qual	o	livro	é	voltado.
Em	busca	da	resposta	jurídica	para	o	crime	cometido	por	psicopatas	estudaremos
o	conceito	de	crime	e	as	sanções	que	são	geradas	com	essa	conduta,	ou	seja,	se
lhe	será	atribuído	pena	ou	medida	de	segurança,	mas	antes	de	responder	essa
pergunta,	entraremos	no	conceito	de	culpabilidade	que	segundo	Rogério	Greco
(2014,	p,	379.)	pode	ser	definido	brevemente	como:	“[...]	O	juízo	de	reprovação
pessoal	que	se	realiza	sobre	a	conduta	típica	e	ilícita	praticada	pelo	agente.”
A	culpabilidade	será	estudada	profundamente,	fazendo	uma	análise	em	seus
elementos:	a	imputabilidade,	a	potencial	consciência	sobre	a	ilicitude	do	fato	e	a
exigibilidade	de	conduta	diversa.
Como	toda	regra	tem	sua	exceção,	não	seria	diferente	com	a	culpabilidade,
portanto,	também	abordaremos	as	excludentes	da	culpabilidade.
Após	adquirir	conhecimentos	sobre	culpabilidade	e	a	exclusão	poderemos
finalmente	chegar	à	questão	do	nosso	trabalho,	ou	seja,	psicopatas	são	seres
considerados	no	ordenamento	jurídico	como	imputáveis,	inimputáveis	ou	semi-
imputáveis.
Por	fim,	descobriremos	aonde	o	psicopata	se	encaixa	na	legislação	penal	e	qual
sanção	penal	deve	ser	aplicada.
2.	PSICOPATA
Primeiramente,	o	estudo	da	psicopatia	e	a	sua	definição,	será	extraído	do
conceito	das	ciências	ligadas	à	áreas	de	saúde	mental,	como	por	exemplo,	a
psiquiatria,	psicologia,	neurociências,	medicina	legal,	entre	outras.
Neste	passo,	Kerry	Daynes	psicóloga	forense,	nos	traz	o	conceito	de	psicopata:
A	palavra	psicopata	significa	literalmente	“mente	doente”,	mas,	embora	possam
desenvolver	estados	temporários	de	doença	mental	como	outra	pessoa	qualquer,
os	psicopatas	não	são	dementes.	Eles	têm	total	consciência	e	controle	do
comportamento.	Seus	atos	são	ainda	mais	assustadores	por	não	poderem	ser
considerados	consequências	de	uma	doença	temporária,	mas,	sim,	de	uma
permanente	indiferença	fria	e	calculista	em	relação	aos	outros.	(Grifo	nosso)	¹
Segundo	a	expressão	psicopatia	utilizada	pelos	profissionais	da	área	da	saúde,
significa:	doença	da	mente	(do	grego	psyche	(mente)	e	pathos	(doença))	e	de
acordo	com	o	avanço	dos	estudos,	a	terminologia	passou	por	uma	evolução²	e
hoje	recebe	a	denominação	de	Transtorno	de	Personalidade	Antissocial,
conforme	o	Manual	Diagnostico	e	Estatístico	de	Transtornos	Mentais	(DSM-IV-
TR)³
Ainda	sobre	a	terminologia,	Jorge	Trindade	nos	explica	que	historicamente	esse
Transtorno	recebeu	vários	outros	nomes:	“a)	insanidade	sem	delírio	(Pinel.1806);
b)	Insanidade	moral	(Prichard,	1837);	c)	delinquência	nata	(Lombrosos,	1911);
d)	psicopatia	(kock,	1891);	e)	sociopatia	(lykken,	1957).	E	atualmente,	é
conhecido	por	Transtorno	de	personalidade	Antissocial”.	⁴
Como	pode	ser	observado,	existe	uma	grande	divergência	acerca	da
terminologia,	mas	com	o	intuito	de	facilitar	o	entendimento,	será	adotada	a
palavra	psicopata/psicopatia	para	se	referir	a	esses	indivíduos	portadores	de
Transtorno	de	personalidade	antissocial,	como	explica	Ana	Beatriz	Barbosa
Silva	“Seja	lá	como	for,	uma	coisa	é	certa:	todas	as	terminologias	definem	um
perfil	transgressor.	O	que	pode	suscitar	uma	pequena	diferenciação	entre	elas	é	a
intensidade	com	a	qual	os	sintomas	se	manifestam.”	⁵
Nesse	passo,	Dicionário	de	Psicologia	apud	Michele	O.	de	Abreu,	apresenta	o
conceito	cristalino	de	um	perfil	comportamental	dos	portadores	de	psicopatia:
O	psicopata	(ou	sociopata)	é	um	indivíduo	impulsivo,	irresponsável,	hedonista,
“bidimensional”,	carente	de	capacidade	de	experimentar	os	comportamentos
interpessoal,	como	p.	ex.,	culpa,	arrependimento,	empatia,	afeição,	interesse
autêntico	pelo	bem-estar	de	outrem.	Embora	muitas	vezes	possa	imitar	emoções
normais	e	simular	apegos	afetivos,	suas	relações	sociais	e	sexuais	com	outras
pessoas	continuam	superficiais	e	exigentes.	Sua	capacidade	de	juízo	é	limitada;
ele	aparece	incapaz	de	adiar	a	satisfação	de	necessidades	momentâneas,	não
importando	as	consequências	para	si	e	para	os	outros.	Está	sempre	em	apuros;
tentando	livrar-se	das	dificuldades,	ele	cria	com	frequência	uma	rede	complicada
e	contraditória	de	mentiras	e	racionalizações,	ligadas	a	explicações	teatrais	e	às
vezes	convincentes,	expressões	de	remorsos	e	promessas	de	mudar.	Muitos
psicopatassão	rapinantes	calejados	e	são	agressivos;	outros,	ao	contrário,	são
típicos	parasitas,	ou	manipuladores	passivos,	que	se	fiam	em	confusões	e
loquacidade,	atratividade	artificial,	e	em	sua	aparência	de	desamparo	para
conseguir	o	que	desejam.	
Neste	contexto,	concluímos	que	os	psicopatas	são	seres	extremamente
inteligentes,	incapazes	de	sentir	emoções,	não	possuem	empatia,	são	frios	e
manipuladores,	segundo	a	Dra.	Ana	Beatriz,	na	Espanha	os	psicopatas	são
chamados	de	camaleões,	pois	eles	se	“transforam	em	um	determinado	tipo	de
pessoa”,	para	conseguir	alcançar	seus	objetivos.
Em	outras	palavras	“o	psicopata	sabe	a	letra	da	música,	mas	não	sente	a
melodia.”⁷
2.1	PSICOPATAS	HOMICIDAS
É	importante	mencionar	que,	a	minoria	dos	psicopatas	possui	tendências
homicidas	e	se	tornam	homicidas.
É	importante	ressaltar	que	os	psicopatas	possuem	níveis	variados	de	gravidade:
leve,	moderado	e	grave.	Os	primeiros	se	dedicam	a	trapacear,	aplicar	golpes	e
pequenos	roubos,	mas	provavelmente	não	“sujarão	as	mãos	de	sangue”	nem
matarão	suas	vítimas.	Já	os	últimos	botam	verdadeiramente	a	“mão	na	massa”,
com	métodos	cruéis	sofisticados,	e	sentem	um	enorme	prazer	com	seus	atos
brutais.	[...]⁸
Como	pode	ser	observado	a	psicologia	divide	os	psicopatas	em	graus:	leve,
moderado	e	grave.	O	presente	trabalho	abordará	o	psicopata	sobre	a	visão	do
grau	grave,	ou	seja,	os	homicidas,	aqueles	que	cometem	assassinatos	cruelmente.
Atualmente	para	se	saber	se	um	indivíduo	possui	transtorno	de	personalidade	é
realizada	uma	avaliação	e	diagnóstico	de	padrão	internacional	de	psicopatia,
criada	pelo	Dr.,	Robert	Hare	em	1991,	chamado	escala	PCL-R	(Psichopathy
Checklist	Revised).
A	escala	PCL-R	é	um	instrumento	complexo,	realizado	por	um	psicólogo
devidamente	qualificado	e	altamente	treinado,	que	visa	medir	o	grau	em	que
uma	pessoa	demonstra	vinte	qualidades	fundamentais	de	um	psicopata.	Esta
pontuação	foi	baseada	em	extensas	pesquisas	com	outros	indivíduos	e	analises
de	arquivos	provenientes.	¹
A	fim	de	apresentar	o	perfil	dos	psicopatas,	adotaremos	a	classificação
apresentada	pelo	psiquiatra	canadense	Robert	D.	Hare	apud	Michele	O.	Abreu:
Em	relação	à	área	emocional/interpessoal	dos	psicopatas	tem	como	finalidade
apresentar	o	componente	básico	do	ser	humano,	ou	seja,	a	capacidade	de
sentimento	em	relação	a	terceiros.	Sentimentos	estes	ligados	ao	afeto,	pena	e
arrependimento.	Com	base	nos	estudos	realizados	podemos	extrair	que	os
psicopatas	são	seres	incapazes	de	conhecer	estes	sentimentos,	e	todo	ato
realizados	por	eles	que	pareçam	“demonstrar”	esses	sentimentos	de	amor,
remorso,	pena	e	arrependimento	são	frutos	de	seu	poder	de	simulação.	¹¹
Na	lição	de	Robert	D.	Hare,	diz	que	“muitas	pessoas	são	impulsivas,	simples,
frias,	insensíveis	ou	antissociais,	mas	isso	não	significa	que	sejam	psicopatas.	A
psicopatia	é	uma	síndrome:	um	conjunto	de	sintomas	relacionados”.	¹²
Sendo	assim,	a	área	emocional	de	um	psicopata	apresenta	os	seguintes	traços
emocionais	e	interpessoais:
Eloquentes	e	superficiais:	os	psicopatas	mostram-se	muito	articulados	e
convincentes	nas	histórias	que	contam,	entretanto,	ainda	que	consigam
ludibriar	os	demais	com	um	falso	conhecimento	em	diversas	áreas,	podem
revelar	suas	superficialidades	de	conteúdo	se	forem	testados	por
verdadeiros	especialistas	no	assunto.¹³
Egocêntricos	e	megalomania:	Os	psicopatas	possuem	uma	visão	narcisista	e
supervalorizada	de	seus	valores	e	importâncias,	acreditam	fielmente	que
podem	viver	de	acordo	com	as	próprias	regras,	se	sentem	superiores	às
pessoas	e	adoram	responsabilizar	outras	pessoas	pelos	seus	atos.	¹⁴
Ausência	de	sentimento	de	culpa:	Os	psicopatas	são	capazes	de	verbalizar
remorso	mas,	na	realidade	demonstram	uma	total	ausência	de	sentimento
de	culpa	em	relação	às	condutas	em	relações	às	outras	pessoas,	uma	vez	que,
suas	ações	os	contradizem	rapidamente.¹⁵
Ausência	de	empatia:	Como	é	sabemos	a	empatia	é	a	capacidade	de
respeitar	e	considerar	os	sentimentos	alheios,	é	aquela	habilidade	de	se
colocar	no	lugar	do	próximo.	A	falta	de	empatia	é	apresentada	por	todos	os
psicopatas,	pois,	eles	são	indiferentes	aos	direitos	e	sofrimentos	de	seus
familiares	e	terceiros	ao	seu	convívio.	¹
Enganadores	e	manipuladores:	Mentir,	trapacear	e	manipular	é	habilidades
natas	de	um	psicopata,	eles	apresentam	comportamentos	agradáveis	e
sedutores,	tendo,	como	único	objetivo	manipular	o	outro	para	alcançar	seus
propósitos	à	qualquer	custo	e,	uma	vez,	descoberto	não	se	envergonham.	¹⁷
Emoções	rasas:	Apresentam	uma	“pobreza	de	emocional”,	sendo	incapazes
de	sentirem	amor,	compaixão	e	o	respeito	mútuo,	vários	psiquiatras
afirmam	que	as	emoções	vivenciadas	por	estes	seres	são	superficiais	e	que
eles	mesmos	não	sabem	diferenciar	estas	emoções	em	razão	de	uma
disfunção	cerebral.	¹⁸
Os	psicopatas	ainda	apresentam	um	estilo	de	vida	diferenciado	das	demais
pessoas,	uma	vez	que,	diante	da	sociedade	apresentam	um	comportamento
instável,	com	tendência	à	violação	das	normas	impostas.	As	principais
características	a	este	estilo	de	vida,	são:
Impulsividade:	Retrata	a	figura	de	um	indivíduo	que	apesar	de	racional	e
consciente	dos	atos,	vive	o	presente,	não	se	preocupa	com	o	futuro,	capazes
de	realizarem	atos	apenas	para	satisfação	momentânea	de	seu	ego.	¹
Autocontrole	deficiente:	Agem	desproporcionalmente	a	qualquer	insulto,
frustração	e	ameaça,	apresentando	um	déficit	de	autocontrole,	segundo
Robert	D.	Hare,	esse	autocontrole	deficiente	são	“explosões”	em	relações	a
situações	relevantes,	ressalva	ainda	que	“ainda	que	perca	o	controle	da
situação,	o	psicopata	não	perde	a	consciência	dos	atos	que	estão	por	vir”.²
Necessidade	de	excitação	continuada:	O	estado	de	excitação	é	o	grande
encarregado	da	realização	de	atos	realizados	pelos	psicopatas,	eles	vivem
buscando	situações	que	tragam	prazer	e	diversão.	²¹
Falta	de	responsabilidade:	Não	honram	compromissos	com	às	obrigações,	a
não	ser	que,	seja	necessário	para	alcançar	um	objetivo,	fora	estas	situações
são	totalmente	irresponsáveis.	²²
Problemas	de	condutas	na	infância:	Os	psicopatas	apresentam	traços	de
psicopatias	desde	muito	cedo,	é	na	infância	que	começam	a	demonstrar	que
não	sentem	importância	pelos	outros,	o	divertimento	com	o	sofrimento
alheio,	as	mentiras,	sexualidade	precoce,	arrogância,	e	principalmente
condutas	agressivas	com	animais.	²³
Comportamento	antissocial	na	fase	adulta:	nessa	fase,	transgredem	e
ignoram	as	normas	necessárias	para	o	convívio,	superando	quaisquer
obstáculos	para	realizar	seus	desejos.	E	diante	do	perfil	homicida,	gostam
de	planejar	o	crime	detalhadamente	com	total	frieza	e	preenchidos	de
violência	e	sofrimento	para	a	vítima,	pois	o	prazer	em	ver	o	sofrimento
alheio	os	preenche	de	excitação	momentânea,	os	que	comprovam	sua
insensibilidade.	²⁴
Diante	de	todas	essas	características	apontadas,	tanto	em	relação	à	área
emocional	como	ao	estilo	de	vida,	podemos	concluir	que	os	psicopatas	são	seres
incapazes	de	sentir	qualquer	emoção	mas,	demonstram	à	suas	vítimas	através	de
encenações,	empregando-se	de	meios	de	manipulações,	mentiras	e	trapaças	e	de
suas	habilidades	de	sedução,	para	alcançar	um	único	objetivo,	a	sua	satisfação
pessoal.
É	importante	mencionar	que	a	psicopatia	apresenta	traços	desde	a	mais	tenra
idade,	uma	vez	que,	é	nesta	época	que	começam	a	realizar	atos	cruéis	contra
animais	e	outras	crianças,	não	apresentando	culpa	ou	remorso.	Além	disso,	são
seres	extremamente	inteligentes	segundo	a	maioria	dos	psiquiatras.
Segundo	alguns	estudos	realizados,	principalmente	uma	no	Brasil	pelo	psiquiatra
Antônio	Serafim,	no	ano	de	2001,	foi	possível	observar	uma	diferença	entre	a
estrutura	cerebral	e	funcional	em	criminosos	psicopatas	e	criminosos	não
psicopatas.	Nesse	sentido	Ana	Beatriz	se	refere	às	novas	técnicas	de
neuroimagens	(RMF	e	PET-SCAN)	utilizada	no	diagnóstico	da	psicopatia	sobre
as	alterações	no	funcionamento	cerebral,	ela	afirma:
Pessoas	sem	nenhum	traço	psicopático	revelaram	intensa	atividade	da	amígdala
e	do	lobo	frontal	(necessariamente,	de	menor	intensidade)	quando	estimuladas	a
seimaginarem	cometendo	atos	imorais	ou	perversos.	No	entanto,	quando	os
mesmos	teste	foram	realizados	num	grupo	de	psicopatas	criminosos,	os
resultados	apontam	para	uma	resposta	débil	nos	mesmos	circuitos.
Se	considerarmos	que	a	amígdala	é	nosso	“coração	cerebral”,	entenderemos	que
os	psicopatas	são	seres	sem	“coração	mental”.	²⁵
Neste	passo,	Kerry	Daynes	afirma	que:
Algumas	pessoas	acreditam	que	a	origem	da	psicopatia	seja	um	distúrbio
neurológico	específico.	Embora	os	estudos	não	indiquem	que	os	psicopatas
tenham	alguma	lesão	cerebral,	seu	cérebro	realmente	parece	ser	diferente	do	das
outras	pessoas.	Por	exemplo,	técnicas	de	neuroimagem	revelaram	que,	quando
os	psicopatas	são	solicitados	a	realizarem	tarefas	que	requerem	o	processamento
de	palavras	carregadas	de	emoção,	as	partes	do	seu	cérebro	que	são	ativadas	não
são	as	mesmas	dos	grupos	d	controle	normais.	“Circuitos	defeituosos”	no
sistema	paralímbico	(um	grupo	d	regiões	cerebrais	interconectadas	envolvidas
no	autocontrole	e	no	processamento	emocional)	podem	ser	particularmente
significativos.²
Necessário	se	faz	mencionar	que	os	psicopatas	homicidas	são	aqueles	que
realizam	a	conduta	tipificada	no	artigo	121,	do	Código	Penal,	ou	seja,	aqueles
seres	que	matam	outras	pessoas	sob	a	pratica	de	assassinatos	cruéis	e	violentos
em	busca	de	um	prazer,	de	uma	excitação	momentânea:
Art.	121.	Matar	alguém:
Pena	-	reclusão,	de	seis	a	vinte	anos.
Caso	de	diminuição	de	pena
§	1º	Se	o	agente	comete	o	crime	impelido	por	motivo	de	relevante	valor
social	ou	moral,	ou	sob	o	domínio	de	violenta	emoção,	logo	em	seguida	a
injusta	provocação	da	vítima,	o	juiz	pode	reduzir	a	pena	de	um	sexto	a	um
terço.
Homicídio	qualificado
§	2°	Se	o	homicídio	é	cometido:
I	-	mediante	paga	ou	promessa	de	recompensa,	ou	por	outro	motivo	torpe;
II	-	por	motivo	fútil;
III	-	com	emprego	de	veneno,	fogo,	explosivo,	asfixia,	tortura	ou	outro	meio
insidioso	ou	cruel,	ou	de	que	possa	resultar	perigo	comum;
IV	-	à	traição,	de	emboscada,	ou	mediante	dissimulação	ou	outro	recurso	que
dificulte	ou	torne	impossível	a	defesa	do	ofendido;
V	-	para	assegurar	a	execução,	a	ocultação,	a	impunidade	ou	vantagem	de	outro
crime:
Pena	-	reclusão,	de	doze	a	trinta	anos.
Feminicídio
VI	-	contra	a	mulher	por	razões	da	condição	de	sexo	feminino
VII	–	contra	autoridade	ou	agente	descrito	nos	artigos	142	e	144	da	Constituição
Federal,	integrantes	do	sistema	prisional	e	da	Força	Nacional	de	Segurança
Pública,	no	exercício	da	função	ou	em	decorrência	dela,	ou	contra	seu	cônjuge,
companheiro	ou	parente	consanguíneo	até	terceiro	grau,	em	razão	dessa
condição
Pena	-	reclusão,	de	doze	a	trinta	anos.
§	2°A	Considera-se	que	há	razões	de	condição	de	sexo	feminino	quando	o
crime	envolve:
I	-	violência	doméstica	e	familiar
II	-	menosprezo	ou	discriminação	à	condição	de	mulher.
Homicídio	culposo
§	3º	Se	o	homicídio	é	culposo:
Pena	-	detenção,	de	um	a	três	anos.
Aumento	de	pena
§	4o	No	homicídio	culposo,	a	pena	é	aumentada	de	1/3	(um	terço),	se	o	crime
resulta	de	inobservância	de	regra	técnica	de	profissão,	arte	ou	ofício,	ou	se	o
agente	deixa	de	prestar	imediato	socorro	à	vítima,	não	procura	diminuir	as
consequências	do	seu	ato,	ou	foge	para	evitar	prisão	em	flagrante.	Sendo
doloso	o	homicídio,	a	pena	é	aumentada	de	1/3	(um	terço)	se	o	crime	é
praticado	contra	pessoa	menor	de	14	(quatorze)	ou	maior	de	60	(sessenta)
anos.
§	5º	-	Na	hipótese	de	homicídio	culposo,	o	juiz	poderá	deixar	de	aplicar	a
pena,	se	as	consequências	da	infração	atingirem	o	próprio	agente	de	forma
tão	grave	que	a	sanção	penal	se	torne	desnecessária.
§	6º	A	pena	é	aumentada	de	1/3	(um	terço)	até	a	metade	se	o	crime	for
praticado	por	milícia	privada,	sob	o	pretexto	de	prestação	de	serviço	de
segurança,	ou	por	grupo	de	extermínio.
§	7o	A	pena	do	Feminicídio	é	aumentada	de	1/3	(um	terço)	até	a	metade	se	o
crime	for	praticado:
I	-	durante	a	gestação	ou	nos	3	(três)	meses	posteriores	ao	parto;
II	-	contra	pessoa	menor	de	14	(catorze)	anos,	maior	de	60	(sessenta)	anos	ou
com	deficiência
III	-	na	presença	de	descendente	ou	de	ascendente	da	vítima.²⁷
Enfim,	como	podemos	observar	o	tema	é	ainda	muito	discutido	pelos	estudiosos
na	área,	e	ainda	demanda	muito	estudo,	mas,	podemos	concluir	que	os
psicopatas	são	seres	portadores	de	Transtorno	de	Personalidade	Antissocial.
Podemos	concluir	ainda	que,	o	tema	que	apresenta	muita	dificuldade	em	ser
explicado	cientificamente,	mas,	a	maioria	dos	pesquisadores	sobre	os	estudos	da
psicopatia,	afirmam	que	os	psicopatas	têm	uma	ligação	com	o	sistema	nervoso
central	e	que	não	são	entendidos	como	doentes	mentais.
1	DAYNES,	Kerry	e	FELLOWER,	Jessica.	Como	identificar	um	psicopata:
cuidado!	Ele	pode	estar	mais	perto	do	que	você	imagina.	Tradução	Mirtes
Frange	de	Oliveira	Pinheiro	–	São	Paulo:	Cultrix,	2012,	p.	19.
2	ABREU,	Michele	Oliveira	de.	Da	Imputabilidade	do	psicopata.	Rio	de	Janeiro:
Lumen	Juris,	2013,	p.2
3	ASSOCIAÇÂO	AMERICANA	DE	PSIQUIATRIA.	Manual	Diagnóstico	e
Estatístico	de	Transtornos	Mentais:	DSM-IV-TR.	Consultoria	e	coordenação	de
Miguel	R.	Jorge.	4.	Ed.	Porto	Alegre:	Editora	Artmed,	2008.	P.	658.
4	TRINDADE,	Jorge.	Manual	de	Psicologia	Jurídica	para	operadores	do	direito.
6.	Ed.	rev.	atual.	e	ampl.	Porto	Alegre:	Livraria	do	Advogado	Editora,	2012,
p.161
5	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,2014,	p.38.
6	Da	Imputabilidade	do	psicopata.	Rio	de	Janeiro:	Lumen	Juris,	2013,	p.	7-8.
7	Idem.
8	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.	19-21.
9	DAYNES,	Kerry	e	FELLOWER,	Jessica.	Como	identificar	um	psicopata:
cuidado!	Ele	pode	estar	mais	perto	do	que	você	imagina.	Tradução	Mirtes
Frange	de	Oliveira	Pinheiro	–	São	Paulo:	Cultrix,	2012,	p.	20
10	DAYNES,	Kerry	e	FELLOWER,	Jessica.	Como	identificar	um	psicopata:
cuidado!	Ele	pode	estar	mais	perto	do	que	você	imagina.	Tradução	Mirtes
Frange	de	Oliveira	Pinheiro	–	São	Paulo:	Cultrix,	2012,	p.	20.
11	HARE,	ROBERT	D.	Sem	consciência:	o	mundo	perturbador	dos	psicopatas
que	vivem	entre	nós.	Porto	Alegre:	Artmed,	2013,	p.	34	–	53.
12	HARE,	ROBERT	D.	Sem	consciência:	o	mundo	perturbador	dos	psicopatas
que	vivem	entre	nós.	Porto	Alegre:	Artmed,	2013,	p.	57
13	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.69-68.
14	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.71.
15	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.74.
16	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.75.
17	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.78.
18	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.80.
19	ABREU,	Michele	Oliveira	de.	Da	Imputabilidade	do	psicopata.	Rio	de
Janeiro:	Lumen	Juris,	2013,	p.	45.
20	ABREU,	Michele	Oliveira	de.	Da	Imputabilidade	do	psicopata.	Rio	de
Janeiro:	Lumen	Juris,	2013,	p.	46.
21	ABREU,	Michele	Oliveira	de.	Da	Imputabilidade	do	psicopata.	Rio	de
Janeiro:	Lumen	Juris,	2013,	p.	46.
22	ABREU,	Michele	Oliveira	de.	Da	Imputabilidade	do	psicopata.	Rio	de
Janeiro:	Lumen	Juris,	2013,	p.	47.
23	ABREU,	Michele	Oliveira	de.	Da	Imputabilidade	do	psicopata.	Rio	de
Janeiro:	Lumen	Juris,	2013,	p.	48.
24	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.	92.
25	SILVA,	Ana	Beatriz	Barbosa.	Mentes	perigosas:	o	psicopata	mora	ao	lado.	2.
ed.	São	Paulo:	Globo,	2014,	p.	181.
26	DAYNES,	Kerry	e	FELLOWER,	Jessica.	Como	identificar	um	psicopata:
cuidado!	Ele	pode	estar	mais	perto	do	que	você	imagina.	Tradução	Mirtes
Frange	de	Oliveira	Pinheiro	–	São	Paulo:	Cultrix,	2012,	p.	31.
27	BARROSO,	Darlan.;	JUNIOR,	Marco	Antônio	Araújo.	Vade	mecum	OAB
2017:	artigo	21	do	Código	Penal.	9.	ed.	rev.,	ampl.	e	atual..	SãoPaulo:	Editora
Revista	dos	Tribunais,	2017,	p.	565
3.	DIREITO	PENAL
O	Direito	existe	para	organizar	os	comportamentos	humanos	dentro	da	sociedade
e	garantir	a	convivência	social,	inibindo	os	atos	conflitosos,	através	de	um
conjunto	de	regras	obrigatórias	que	limitam	às	ações	de	cada	indivíduo	para
garantir	à	harmonia.
Como	é	sabido,	o	presente	livro	tem	como	objeto	a	análise	da	responsabilidade
penal	aos	portadores	de	psicopatia	e,	em	busca	desta	análise,	será	usado	o
Direito	Penal.
Com	seu	notório	conhecimento	e	saber	jurídico,	Júlio	Fabbrini	Mirabete,	nos
apresenta	o	seu	breve	conceito:
A	vida	em	sociedade	exige	um	complexo	de	normas	disciplinadoras	que
estabeleça	as	regras	indispensáveis	ao	convívio	entre	os	indivíduos	que	a
compõem.	O	conjunto	dessas	regras,	denominado	direito	positivo,	que	deve	ser
obedecido	e	cumprido	por	todos	os	integrantes	do	grupo	social,	prevê	as
consequências	e	as	sanções	aos	que	violaram	seus	preceitos.	À	reunião	das
normas	jurídicas	pelas	quais	o	Estado	proíbe	determinadas	condutas,	sob	ameaça
de	sanção	penal,	estabelecendo	ainda	os	princípios	gerais	e	os	pressupostos	para
a	aplicação	das	penas	e	das	medidas	de	segurança,	dá-se	o	nome	de	Direito
Penal.	²⁸
No	mesmo	viés,	o	conceito	de	Direito	Penal	por	Luiz	Regis	Prado:
O	Direito	Penal	é	o	setor	ou	parcela	do	ordenamento	jurídico	público	interno	que
estabelece	as	ações	ou	omissões	delitivas,	cominando-lhes	determinadas
consequências	jurídicas	-	penas	ou	medidas	de	segurança	(conceito	formal).
Enquanto	sistema	normativo	integra-se	por	normas	jurídicas	(mandatos	e
proibições)	que	criam	o	injusto	penal	e	suas	respectivas	consequências.
De	outro	lado,	refere-se,	também,	a	comportamentos	considerados	altamente
reprováveis	ou	danosos	ao	organismo	social,	que	afetam	gravemente	bens
jurídicos	indispensáveis	à	sua	própria	conservação	e	progresso	(conceito
material).²
Em	outras	palavras,	podemos	dizer	que	o	Direito	Penal	somente	atinge	o
homem,	ou	seja,	o	ser	humano	e,	está	dentro	do	ordenamento	do	Direito	Público,
e	tem	como	função	estabelecerum	conjunto	de	normas,	cuja	finalidade	é	reprovar
as	condutas	lesivas	ou	perigosas	aos	bens	jurídicos	tutelados	pelo	Estado,
definidas	comoinfrações	penais	(crimes	ou	contravenções),	e,	uma	vez
realizadas,	geram	uma	consequência	jurídica	que	será	exteriorizada
atravésdasrespectivas	sanções	(pena	ou	medida	de	segurança).
O	Direito	Penal	fora	criado	com	o	intuito	de	proteger	os	bens	juridicamente
importantes,	como	por	exemplo:	a	vida,	a	integridade	física,	a	saúde,	a	liberdade,
a	moral,	a	honra,	o	patrimônio,	entre	outros	bens.
3.1	CONCEITO	DE	CRIME
Uma	das	questões	mais	complexas	dentro	do	direito	penal	é	o	conceito	de	Crime.
Definido	sob	vários	aspectos,	não	existindo	um	conceito	de	crime	fornecido	pelo
legislador,	restando,	apenas,	conceitos	doutrinários.
O	conceito	de	crime	é	estudado	pelos	doutrinadores	dentro	da	teoria	geral	do
crime.	Nesse	sentido	Cezar	Roberto	Bitencourt	expõe	a	finalidade	desta	teoria:
Seu	principal	objeto	de	estudo	é	a	teoria	geral	do	delito,	também	referida	pela
doutrina	especializada	como	teoria	do	fato	punível,	em	cujo	núcleo	estão	as
normas	inscritas	na	Parte	Geral	do	Código	Penal	que	nos	auxiliam	a	identificar	e
delimitar	os	pressupostos	gerais	da	ação	punível	e	os	correspondentes	requisitos
de	imputação,	O	conhecimento	dos	temas	abrangidos	pela	teoria	geral	do	delito
é,	por	isso,	extraordinariamente	importante,	pois	somente	através	do
entendimento	dos	elementos	que	determinam	a	relevância	penal	de	uma	conduta,
e	das	regras	que	estabelecem	quem,	quando	e	como	deve	ser	punido.	[...]³
Francisco	Vani	Bemfica	dispõe:	“o	direito	penal	abrange	o	estudo,
principalmente,	do	crime,	da	pena	e	do	criminoso,	a	que	se	acresce,
secundariamente,	a	propedêutica	jurídico-penal,	a	norma	penal,	a	ação	penal,	a
punibilidade	e	as	medidas	de	segurança.”	³¹
Conforme	Eugenio	Raúl	Zaffaroni	apud	Rogério	Greco,	o	conceito	de	crime
pode	ser	definido	da	seguinte	forma:
A	parte	da	ciência	do	direito	penal	que	se	ocupa	de	explicar	o	que	é	o	delito	em
geral,	quer	dizer,	quais	são	as	características	que	devem	ter	qualquer	delito.	Esta
explicação	não	é	um	mero	discorrer	sobre	o	delito	com	interesse	puramente
especulativo,	senão	que	atende	à	função	essencialmente	prática,	consistente	na
facilitação	da	averiguação	da	presença	ou	ausência	de	delito	em	cada	caso
concreto.³²
Nesse	mesmo	sentido,	Luiz	Regis	Prado	traz	o	conceito	de	crime	sob	os
seguintes	aspectos:
a)	Formal	ou	nominal	–	o	delito	é	definido	sob	o	ponto	de	vista	do	Direito
positivo,	isto	é,	o	que	a	lei	penal	vigente	incrimina	(sub	specie	juris),	fixando	seu
campo	de	abrangência	–	função	de	garantia	(art.	1°,	CP).	[...]
b)	Material	ou	substancial	–	diz	respeito	ao	conteúdo	do	ilícito	penal	–	caráter
danoso	da	ação	ou	seu	desvalor	social	-,	quer	dizer,	o	que	determina	sociedade,
em	dado	momento	histórico,	considera	que	deve	ser	proibido	pela	lei	penal.	[...]
c)	Analítico	ou	dogmático	–	decompõe-se	o	delito	em	suas	partes	constitutivas	–
estruturas	axiologicamente	em	uma	relação	lógica	(análise	lógico-abstrata).
Isso	não	exclui	a	consideração	do	fato	delitivo	como	um	todo	unitário,	mas
torna	a	subsunção	mais	racional	e	segura.	[...]
Assim	concebido,	o	delito	vem	ser	toda	a	ação	ou	omissão	típica,	ilícita	ou
antijurídica	e	culpável.	[...]³³
Conforme	preleciona	Rogério	Sanches	Cunha,	o	conceito	varia	conforme	o	foco:
Sob	o	enfoque	formal,	infração	penal	é	aquilo	que	assim	está	rotulado	em	uma
normal	penal	incriminadora,	sob	ameaça	de	pena.
Num	conceito	material,	infração	penal	é	comportamento	humano	causador	de
relevante	e	intolerável	lesão	ou	perigo	de	lesão	ao	bem	jurídico	tutelado,	passível
de	sanção	penal
O	conceito	analítico	leva	em	consideração	os	elementos	estruturais	que
compõem	infração	penal,	prevalecendo	fato	típico,	ilícito	e	culpável.³⁴
Em	outras	palavras,	podemos	definir	o	conceito	formal,	sendo	crime	todo	ato
(ação	ou	omissão)	que	contraria	o	exposto	na	lei	penal;	o	conceito	Material	é
todo	o	ato	que	lesa	ou	expõem	a	perigo	um	bem	juridicamente	protegido	de
caráter	individual	ou	coletivo,	e,	o	conceito	analítico	é	a	mistura	do	conceito
formal	com	o	material,	ou	seja,	é	quando	ofende	um	bem	juridicamente
protegido	contrariando	o	exposto	na	legislação	e	os	interesses	do	Estado.
É	importante	salientar,	que	os	termos	crimes,	delitos	e	contravenções	penais
possuem	significados	distintos.
Na	lição	de	Rogério	Greco,	acerca	da	diferença	sobre	as	nomenclaturas	acima
expostas:	[...]	“é	preciso	saber	que	nosso	sistema	jurídico	penal	adotou,	de	um
lado,	as	palavras	crime	e	delito	com	expressões	sinônimas,	e,	de	outro,	as
contravenções”.³⁵
Sobre	o	mesmo	aspecto	Rogério	Greco,	ressalta	ainda	que:	[...]	“devemos
utilizar	a	expressão	infração	penal.	A	infração	penal,	portanto,	como	gênero,
refere-se	de	forma	abrangente	aos	crimes/delitos	e	às	contravenções	penais	como
espécies”.	³
O	conceito	analítico	se	divide	em	duas	teorias:	Bipartida	ou	Tripartida.
Necessário	se	faz	mencionar	que	existe	uma	grande	polêmica	entre	os
doutrinadores	penalistas	sobre	o	conceito	analítico	de	crime,	e	qual	a	teoria	a	ser
adotada.
A	Teoria	Bipartida	é	defendida	por	vários	doutrinadores,	entre	eles	estão:	René
Ariel	Dotti,	Damásio	de	Jesus,	Júlio	Fabbrini	Mirabete,	Celso	Delmanto,	Flávio
Augusto	Monteiro	de	Barros,	Fernando	Capez	etc,	os	quais	defendem	que	o
crime	é	um	fato	típico	e	antijurídico,	ou	seja,	a	culpabilidade	é	apenas	um
pressuposto	de	aplicação	da	pena.
A	Teoria	Tripartida	defendida	por	Guilherme	de	Souza	Nucci,	Assis	Toledo,
Heleno	Fragoso,	Juarez	Tavares,	José	Henrique	Pierangeli,	Eugenio	Raúl
Zaffaroni,	Cezar	Roberto	Bittencourt,	Luiz	Regis	Prado,	Rogério	Greco,	Nelson
Hungria,	entre	outros,	cujo	entendem	que	crime	é	um	fato	típico,	antijurídico	e
culpável,	é	a	corrente	majoritária,	adotada	pelos	penalistas.
Aos	doutrinadores	supracitados,	com	todo	respeito,	que	consideram	a
culpabilidade	como	apenas	um	pressuposto	da	pena,	necessário	se	faz	trazer	o
ensinamento	de	Guilherme	Nucci:
Levado	ao	extremoesse	processo	de	esvaziamento,	até	mesmo	tipicidade	e
antijuridicidade	–	incluam-se	nisso	as	condições	objetivas	de	punibilidade	-,	não
deixam	de	ser	pressupostos	de	aplicação	da	pena,	pois,	sem	eles,	não	há	delito,
nem	tampouco	punição.	³⁷
Como	demonstração	de	que	a	corrente	mais	adotada	no	Brasil	atualmente	é	a	da
Teoria	Tripartida,	traz-se	a	lume	julgados	do	STJ	e	STF:
Argumentos	inerentes	àculpabilidadeem	sentido	estrito,elementointegrante	da
estrutura	do	crime,	em	suaconcepção	tripartidanãoautorizam	a	exasperação	da
pena-base,	a	pretexto	de	culpabilidadedesfavorável.(STJ,	Relator:	Ministro
MARCO	AURÉLIO	BELLIZZE,	Data	de	Julgamento:	28/05/2013,	T5	–
QUINTA	TURMA).	(grifo	nosso)³⁸
Na	operação	de	dosimetria	da	pena	base,	as	circunstâncias	judiciais	(art.59doCP)
devem	ser	valoradas	com	base	em	dados	acidentais	concretos	extraídos	dos
autos,	os	quais	extrapolem	os	elementos	constitutivos	do	crime,	em
suaconcepção	tripartida	(fato	típico,	ilícito	e	culpável),	sob	pena	de	incorrer	em
bis	in	idem	(STF,	Relator:	Min.	CÁRMEN	LÚCIA,	Data	de	Julgamento:
27/11/2012,	Segunda	Turma).	(grifo	nosso)³
Portanto,	para	melhor	entendimento,	o	conceito	de	crime	diante	da	visão	de
Guilherme	Nucci:
Uma	conduta	típica,	antijurídica	e	culpável,	vale	dizer,	uma	ação	ou
omissão	ajustada	a	um	modelo	legal	de	conduta	proibida	(tipicidade),
contrária	ao	direito	(antijuridicidade)	e	sujeita	a	um	juízo	de	reprovação
social	incidente	sobre	o	fato	e	seu	autor,	desde	que	existam	imputabilidade,
consciência	potencial	de	ilicitude	e	exigibilidade	e	possibilidade	de	agir
conforme	o	direito.⁴ 	(Grifo	nosso)
É	importante	ressaltarmos	que	o	presente	estudo	é	baseado	na	Teoria	Tripartida,
e	cada	elemento	que	compõem	o	conceito	de	crime	(ação	típica,	antijurídica	e
culpável),	serão	estudos	separadamente.
Outro	ponto	importante	a	ser	destacado	é	os	sujeitos	do	crime,	existindo	o	sujeito
ativo	e	o	sujeito	passivo.	Na	visão	de	Francisco	Bani	Bemfica:
O	sujeito	ativo	do	crime	é	quem	pratica:	o	homem	individualmente	ou	associado.
Só	ele	tem	capacidade	de	delinquir.	[...]	Recebe	o	sujeito	ativo	denominações
diversas,	como	agente,	denunciado,	réu,	sentenciado,	condenado	e	outras.
Não	é	possível	o	sujeito	ser,	ao	mesmo	tempo,	ativo	e	passivo.	Sujeito	passivo	é
o	titular	do	direito	lesado	ou	posto	em	perigo	pelo	crime.	É	chamado	d	ofendido
ou	vítima.	É	ele,	principalmente,	a	pessoa	física,	mesmo	antes	do	nascimento,
como	no	caso	de	aborto,	ou	logo	após,	como	no	caso	de	infanticídio.	⁴¹
Por	fim,	a	visão	de	Francisco	Bani	Bemfica,	acerca	do	objeto	do	crime:
O	objeto	do	crime	pode	ser	material	e	jurídico.	O	primeiro	é	ser	ou	coisa	em	que
incide	a	ação	do	agente.	Conforme	a	modalidade	da	infração,	o	próprio	sujeito
passivo	do	crime	pode	ser	objeto	material,	como	no	caso	do	homicídio,	em	que	o
homem	é	titular	do	direito	à	vida	e,	ao	mesmo	tempo,	o	objeto	do	crime.	O
objeto	jurídico	do	crime	é	representado	pela	norma	violada	ou	posta	em	perigo.
⁴²
Deste	modo,	embora	haja	um	indivíduo	realizando	uma	conduta	de	reprovação
social,	se	a	mesma	não	estiver	devidamente	expressa	em	lei,	estaremos	diante	de
um	nada	jurídico.
28	MIRABETE,	Júlio	Fabbrini.	Manual	de	direito	penal.	São	Paulo:	Atlas,	1997,
p.	19
29	PRADO,	Luiz	Regis.	Curso	de	direito	penal	brasileiro,	volume	1:	parte	geral:
arts	1°	a	120.	3	ed.	ver.	Atual.	e	ampl.	São	Paulo:	Editora	dos	Tribunais,	2002,	p.
23.
30	BITENCOURT,	Cezar	Roberto.	Tratado	de	direito	penal:	parte	geral.	20.	Ed.
rev.,	ampl.	e	atual.	São	Paulo:	Saraiva,	2014,	p.	261
31	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
4.
32	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	143,	apud	ZAFFARONI,	Eugenio	Raúl.	Manual	de	derecho	penal	–
parte	general.	Buenos	Aires:	Ediar,2011,	p.	317.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:
Saraiva,	1990,	p.	4.
33	PRADO,	Luiz	Regis.	Curso	de	direito	penal	brasileiro,	volume	1:	parte	geral:
arts	1°	a	120.	3	ed.	ver.	Atual.	e	ampl.	São	Paulo:	Editora	dos	Tribunais,	2002,	p.
206-207.
34	CUNHA,	Rogério	Sanches.	Manual	de	direito	penal:	parte	geral.	2ª	ed.	rev.,
ampl.	e	atual.	Salvador	:	Editora	jus	Podiwm,	2014,	p.	150
35	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	144.
36	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	144.
37	NUCCI,	Guilherme	de	Souza.	Manual	de	direito	pena:	parte	geral	e	parte
especial.	São	Paulo:	Imprenta,	Revista	dos	Tribunais,	2012,	p.	177.
38	BRASIL.	Supremo	Tribunal	Federal.	Habeas	Corpus.	Relator:	BELLIZZE.
MARCO	AURÉLIO.	Publicado	no	DJ	de:	28/05/2013	Quinta	Turma.	Disponível
em	http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?
data=%40DTDE+%3E%3D+20130528+e+%40DTDE+%3C%3D+20130528&livre=%28%28%22Quinta+Turma%22%29.org.%29+E+%28%22MARCO+AUR%C9LIO+BELLIZZE%22%29.min.&ementa=Culpabilidade&&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true.Acessado
em	10-09-2017.
39	BRASIL.	Supremo	Tribunal	Federal.	Habeas	Corpus	111.641	ESPÍRITO
SANTO/ES.	Relatora:	LÚCIA,	CÁRMEN.	Publicado	no	DJ	de:	27/11/2012.
Segunda	Turma.	Disponível	em
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22834655/habeas-corpus-hc-111641-
es-stf/inteiro-teor-111053288	.	Acessado	em	10-09-2017.
40	NUCCI,	Guilherme	de	Souza.	Manual	de	direito	pena:	parte	geral	e	parte
especial.	São	Paulo:	Imprenta,	Revista	dos	Tribunais,	2012,	p.	175.
41	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
17-18.
42	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
19.
4.	TIPICIDADE
Como	é	sabido,	a	tipicidade	é	um	dos	elementos	necessários	para	a	existência	do
crime.
A	doutrina	vem	definindo	a	tipicidade	como	toda	conduta	(ação	ou	omissão)
descrita	em	lei	como	infração	penal	(crime	ou	contravenção).
Na	lição	de	Rogério	Greco,	sobre	tipo	penal:	“Tipo,	como	a	própria
denominação	diz,	é	o	modelo,	o	padrão	de	conduta	que	o	Estado,	por	meio	de
seu	único	instrumento	–	a	lei	–,	visa	impedir	que	seja	praticada,	ou	determina
que	seja	levada	a	efeito	por	todos	nós.”	⁴³
Um	exemplo	de	tipo	penal	que	visa	proteger	o	patrimônio	e	que	se	encaixa
perfeitamente	na	explicação,	sendo	um	bem	juridicamente	tutelado	pelo	Estado	é
o	previsto	no	Artigo	155,	do	Código	Penal.
Art.	155-	Subtrair,	para	si	ou	para	outrem,	coisa	alheia	móvel:
Pena	-	reclusão,	de	um	a	quatro	anos,	e	multa.⁴⁴
Como	pode	ser	observado,	o	legislador	encarregou-se	de	descrever	a	conduta
que	o	ser	humano	não	deve	realizar,	e	quando	desobedecido,	será	aplicado	a
sanções	penais	como	meio	de	justiça.	Podemos	dizer	então	que	quando	o	agente
preenche	os	requisitos	previsto	num	tipo	penal	está	sujeito	a	análise	da
Tipicidade.
Nesse	sentindo,	Cezar	Roberto	Bitencourt,	descreve	tipicidade	como:
Conjunto	dos	elementos	do	fato	punível	descrito	na	lei	penal.	O	tipo	exerce	uma
função	limitadora	e	individualizadora	das	condutas	humanas	penalmente
relevantes.	É	uma	construção	que	surge	da	imaginação	do	legislador,	que
descreve	legalmente	as	ações	que	considera,	em	tese,	delitivas.	Tipo	é	um
modelo	abstrato	que	descreve	legalmente	um	comportamento	proibido.	Cada
tipo	possui	características	e	elementos	próprios	que	os	distinguem	uns	dos
outros,	tornando-os	todos	especiais,	no	sentido	de	serem	inconfundíveis,
inadmitindo-se	a	adequação	de	uma	conduta	que	não	lhes	corresponda
perfeitamente.	Cada	tipo	desempenha	uma	função	particular,	e	a	falta	de
correspondência	entre	uma	conduta	e	um	tipo	não	pode	ser	suprida	por	analogia
ou	interpretação	extensiva.	⁴⁵	(Grifo	do	Autor)
Em	outras	palavras	tipicidade	é	a	conduta	realizada	pelo	agente	que	se	encaixa
perfeitamente	na	norma	penal.	O	fato	típico	é	composto	por	conduta	dolosa	ou
culposa,	ação	ou	omissão,	nexo	de	causalidade	entre	a	conduta	e	o	resultado	e	a
tipicidade.
A	Tipicidade	se	subdivide:	tipicidade	formal	e	tipicidade	conglobante.	Na	lição
de	Rogério	Greco:	⁴
A	tipicidade	formal	ou	legal	como	também	é	conhecida	se	enquadra	na
“adequação	da	conduta	do	agente	ao	modelo	abstrato	previsto	na	lei	penal
(tipo).”	Vale	ressaltar	ainda	que	essa	adequação	deveser	perfeita,	caso	contrário,
é	considerada	atípica.
Já	a	tipicidade	conglobante	surge	quando	“no	caso	concreto,	que	a	conduta
praticada	pelo	agente	é	considerada	antinormativa,	isto	é,	contrária	à	norma
penal,	e	não	imposta	ou	fomentada	por	ela,	bem	como	ofensiva	a	bens	de	relevo
para	o	direito	penal.”
A	antinormatividade	é	a	análise	da	conduta	para	ver	se	ela	é	contra	a	norma	de
acordo	com	a	adequação	social.
Ainda	sobre	a	tipicidade	conglobante,	deve	ser	ressaltado	que	dentro	dela	existe
a	tipicidade	material	são	os	bens	protegidos	pelo	Direito	Penal	e,	a	conduta	só
poderá	ser	punida	se	atingir	este	bem	jurídico	de	uma	forma	significativa.
Por	exemplo,	o	lutador	de	MMA	que	durante	uma	luta	quebra	a	perna	do	outro
lutador,	como	é	sabido,	a	luta	de	MMA	é	permitida,	e	nesse	caso	por	mais	que
exista	uma	ligação	entre	a	conduta	e	o	resultado	do	lutador	que	realizou	uma
manobra	permitida	e	acaba	quebrando	a	perna	do	outro	lutador	para	se	defender
durante	o	evento,	torna	a	conduta	atípica.
Outro	exemplo	é	quando	alguém	subtrai	uma	tampa	de	caneta	azul	da	marca	Bic,
subtrair	se	enquadra	no	tipo	penal	estabelecido	no	artigo	155,	do	Código	Penal,
ou	seja,	tipicidade	formal	ocorre	que	o	direito	pune	aqueles	bens	de	grande	valia,
como	podemos	observar	neste	caso,	uma	caneta	Bic,	no	mercado	atualmente
vale	R$	1,00	(um	real),	sendo	assim,	se	alguém	subtrai	apenas	a	tampa,	está
caracterizada	que	não	ofende	o	bem	jurídico	tutelado,	diante	do	princípio	da
insignificância	ou	bagatela	como	é	conhecido,	pois	a	tampa	e	até	mesmo	a
caneta	representam	um	valor	inferior	que	não	é	capaz	de	causar	grande	prejuízo
a	vítima.
Concluindo,	a	tipicidade	é	a	junção	da	formal	com	a	conglobante,	ou	seja,	para
ser	crime	deve	ser	analisada	a	contrariedade	da	norma	penal	e	de	todo	o
ordenamento	jurídico.
43	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,	2014,	p.	163.
44	BARROSO,	Darlan.;	JUNIOR,	Marco	Antonio	Araujo.	Vade	mecum	OAB
2017:	artigo	155,	do	Código	Penal.	9.	ed.	rev.,	ampl.	e	atual..	São	Paulo:	Editora
Revista	dos	Tribunais,	2017,	p.	585.
45	BITENCOURT,	Cezar	Roberto.	Tratado	de	direito	penal:	parte	geral.	20.	Ed.
rev.,	ampl.	e	atual.	São	Paulo:	Saraiva,	2014,	p.	346.
46	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	164-165.
5.	ANTIJURIDICIDADE
De	acordo	com	a	teoria	Tripartida,	a	tipicidade,	a	antijuridicidade	e	a
culpabilidade	estão	relacionadas,	para	que	se	possa	dizer	que	um	indivíduo
realizou	crime.
Antijuridicidade	é	sinônimo	da	palavra	ilicitude.	Na	lição	de	Francisco	Vani
Bemfica:
Para	que	haja	crime,	exige-se	que	o	fato	material	causado	seja	lesivo	de	interesse
protegidos.	É	protegido	tudo	aquilo	que	a	lei	penal	manda	fazer	ou	deixar	de
fazer	sob	pena	de	uma	sanção:	nullum	crimen	sine	injuria.	Uma	ação	pode	ser
típica,	mas	não	ser	ilícita.	Logo,	não	é	criminosa,	por	falta	de	um	de	seus
elementos.⁴⁷
Após	a	análise	da	tipicidade	da	conduta	do	agente,	deve	ser	observado	se	este
fato	típico	é	realmente	desaprovado	pelo	ordenamento	jurídico	ou	se,	existe
alguma	circunstância	que	o	autorize.
Para	Rogério	Greco,	quando	falamos	de	antijuridicidade,	“é	preciso	que	o	agente
contrarie	uma	norma,	pois,	se	não	partirmos	dessa	premissa,	sua	conduta,	por
mais	antissocial	que	seja,	não	poderá	ser	considerada	ilícita,	uma	vez	que	não
estaria	contrariando	o	ordenamento	jurídico-penal.”⁴⁸
A	antijuridicidade	se	subdivide	em	formal	e	material,	cuja	distinções	serão
analisadas	a	seguir	pela	visão	de	Cezar	Roberto	Bitencourt:
A	essência	da	antijuridicidade	deve	ser	vista,	segundo	uma	corrente	minoritária,
como	a	violação	do	dever	de	atuar	ou	de	omitir	estabelecido	por	uma	norma
jurídica.	Essa	contradição	da	ação	com	o	mandamento	ou	proibição	da	norma	é
qualificada,	segundo	essa	concepção,	como	antijuridicidade	formal.	No	entanto,
a	antijuridicidade	formal	confunde-se	com	a	própria	tipicidade,	pois	a
contradição	entre	o	comportamento	humano	e	a	lei	penal	exaure-se	no	primeiro
elemento	do	crime,	que	é	a	tipicidade.	A	antijuridicidade	não	se	esgota,	contudo,
nessa	simples	oposição	entre	a	ação	humana	e	a	norma,	sendo	necessário
averiguar	se	dita	contradição	formal	possui	um	conteúdo	material	que	se	adapte
ao	fim	de	proteção	de	bens	jurídicos	do	Direito	Penal.	A	antijuridicidade
material,	por	sua	vez,	constitui-se	precisamente	da	ofensa	produzida	pelo
comportamento	humano	ao	interesse	jurídico	protegido.	Nesses	termos,	para
afirmar	a	antijuridicidade,	ou	o	caráter	injusto	da	conduta	típica,	é	necessário
constatar,	além	da	contradição	da	conduta	praticada	a	previsão	da	norma,	se	o
bem	jurídico	protegido	sofreu	a	lesão	ou	a	ameaça	potencializada	pelo
comportamento	desajustado.	Essa	ofensa	que	consubstancia	a	antijuridicidade
material,	evidentemente,	não	deve	ser	entendida	em	sentido	naturalístico,	como
causadora	de	um	resultado	externo	de	perigo	ou	de	lesão,	sensorialmente
perceptível,	mas	como	ofensa	ao	valor	ideal	que	a	norma	jurídica	deve	proteger.
A	lesão	ou	exposição	ao	perigo	do	bem	jurídico	protegido	pela	norma	penal
supõe	uma	ofensa	para	a	comunidade	que	justifica	a	caracterização	do	delito
como	‘comportamento	socialmente	danoso.’	⁴
Em	outras	palavras,	o	conceito	formal	seria	a	contrariedade	entre	a	conduta	e	o
ordenamento	jurídico-penal,	ou	seja,	o	que	está	dentro	do	ordenamento	é
considerado	licito	e	o	que	está	fora,	o	que	é	realizado	em	desacordo	com	a	norma
é	considerado	ilícito,	por	exemplo,	o	artigo	121	do	Código	Penal	“Matar
alguém”,	se	o	indivíduo	realiza	essa	conduta	e	acaba	matando	alguém,	ele	está
agindo	contra	o	ordenamento	e	acaba	realizando	uma	conduta	ilícita.
E	o	conceito	material	é	a	conduta	ilícita	realizada	pelo	agente	que	causa	lesão	ou
expõe	a	perigo	um	bem	juridicamente	tutelado.
Nesse	viés,	Rogério	Greco	fala	sobre	a	desnecessidade	da	distinção	entre
ilicitude	formal	e	material.	“Se	a	norma	penal	existe	porque	visa	proteger	o	bem
por	ela	considerado	relevante,	é	sinal	de	que	qualquer	conduta	que	contrarie,
cause	lesão	ou	expõe	a	perigo	lesão	aquele	bem	tutelado,	levando-nos	a	adotar
uma	concepção	unitária	de	ilicitude	e	não	dualista,	como	se	quer	propor.”⁵
Nesse	passo,	diante	dos	conceitos	formais	e	materiais	da	antijuridicidade,	deve
ser	ressaltada,	a	ilicitude	diante	do	conceito	analítico	do	crime	(crime	é	fato
típico,	antijurídico	e	culpável),	conforme	demonstra	Hans	Welzel	apud	Rogério
Greco:
A	tipicidade,	a	antijuridicidade	e	a	culpabilidade	são	três	elementos	que
convertem	uma	ação	em	um	delito.	A	culpabilidade	–	a	responsabilidade	pessoal
por	um	fato	antijurídico	–	pressupõe	a	antijuridicidade,	por	sua	vez,	tem	de	estar
concretizada	em	tipos	legais.	A	antijuridicidade	e	a	culpabilidade	estão
relacionadas	logicamente	de	tal	modo	que	a	cada	elemento	posterior	do	delito
pressupõe	o	anterior.	⁵¹
Assim,	os	doutrinadores	quando	tratam	do	tema	tipicidade	e	ilicitude,	trazem
uma	grande	questão:	“Excluída	a	ilicitude,	o	fato	permanece	típico?”	⁵²para	a
solução	desta	questão	existem	duas	teorias:	“ratio	congoscendi”	e	“ratio
essendi”.	Conforme	exemplifica	Rogério	Sanches	Cunha:
Teoria	da	indiciariedade	ou	da	“ratio	congoscendi”:	Idealizada	por	Mayer	1915,
entende	que	a	existência	do	fato	típico	gera	uma	presunção	(relativa)	de	que	é
também	ilícito.	Não	há	[...]	uma	absoluta	independência	entre	esses	dois
substratos,	mas	uma	relativa	dependência.	Conclusão:	fato	típico	desperta
indícios	de	ilicitude,	apesar	de	permanecer	integro	quando	excluída	a
antijuridicidade	do	comportamento.	Quando	JOÃO	mata	ANTONIO,	temos	um
fato	típico	e	indícios	de	ilicitude	da	conduta.	Comprovada	a	legitima	defesa,
exclui-se	a	antijuridicidade	do	fato,	que,	no	entanto,	permanece	típico.
Teoria	da	absoluta	dependência	ou	“ratio	essendi”:	A	teoria	da	ratio	essendi,
encapada	por	Mezger	em	1930,	cria	o	conceito	de	tipo	total	do	injusto,	levando	a
ilicitude	para	o	campo	da	tipicidade.	Em	outras	palavras,	a	ilicitude	é	a	essência
da	tipicidade,	numa	absoluta	relação	de	dependência	entre	esses	elementos	do
delito.	Conclusão:	não	havendo	ilicitude,	não	háfato	típico.	Quando	JOÃO	mata
ANTONIO,	temos	um	fato	típico,	o	qual	só	permanece	como	tal	se	também
ilícito.	Comprovada	a	legitima	defesa,	exclui-se	a	antijuridicidade	e	a	tipicidade
do	comportamento.	⁵³
Na	lapidar	lição	de	Rogério	Greco:
A	tipicidade,	segundo	a	teoria	ratio	congoscendi,	que	prevalece	entre	os
doutrinadores,	exerce	função	indiciária	da	ilicitude.	Segundo	essa	teoria,	quando
o	fato	for	típico,	provavelmente	também	será	antijurídica,	ou,	na	ilustração	de
Mayer,	onde	houver	fumaça,	provavelmente,	mas	nem	sempre,	haverá	fogo.	A
regra,	segundo	a	teoria	da	ratio	congoscendi,	é	a	de	que	quase	sempre	o	fato
típico	também	será	antijurídico,	somente	se	concluído	pela	ilicitude	da	conduta
típica	quando	o	agente	atuar	amparado	por	uma	causa	de	justificação.
Suponhamos	que	A,	agindo	com	animus	defendendi,	saque	o	revólver	que	trazia
consigo	e,	visando	repelir	a	agressão	injusta	que	estava	sendo	praticada	contra	a
sua	pessoa,	atire	e	cause	a	morte	de	B.	No	conceito	analítico	de	crime,	uma	vez
adotada	a	teoria	ratio	congoscendi,	o	fato	praticado	por	A	é	típico,	o	que
indiciaria	a	sua	ilicitude.	Contudo,	embora	típico	o	fato,	o	agente	atuou
amparado	por	uma	causa	de	exclusão	da	ilicitude,	quebrando,	dessa	forma,	a
presunção	havida	anteriormente,	com	a	conclusão	de	que,	embora	típico,	não	é
ilícito,	ou	seja,	não	é	contrário	ao	nosso	ordenamento	jurídico	penal,	em	face	da
presença	da	norma	permissiva	prevista	no	artigo	23,	II	do	Código	Penal.
Se	adotássemos,	porém,	a	teoria	da	ratio	essendi,	que	prevê	um	tipo	total	de
injusto,	no	qual	há	uma	fusão	entre	o	fato	típico	e	a	ilicitude,	a	ausência	desta
nos	levaria	a	concluir	pela	inexistência	do	próprio	faro	típico.	Para	essa	teoria,
não	se	analisa	primeiramente	o	fato	típico	para,	em	seguida	realizar	o	estudo	da
antijuridicidade.	Fato	típico	e	antijurídico,	por	estarem	fundidos,	devem	ser
analisados	num	mesmo	e	único	instante.	Assim,	ou	o	fato	típico	e	antijurídico
(tipo	total	de	injusto)	e	passa-se,	agora,	ao	estudo	da	culpabilidade,	ou,	em
virtude	da	existência	da	causa	de	exclusão,	que	afastará	a	ilicitude	contida	no
tipo,	deixará	de	ser	típico.	⁵⁴
Como	podemos	observar	a	teoria	adotada	pela	maioria	dos	doutrinadores	é	a
ratio	congoscendi.
5.1	CAUSA	DE	EXCLUSÃO	DA	ANTIJUDIRIDICIDADE
Como	visto	anteriormente,	existem	situações	excepcionais	em	que	o	agente
praticando	uma	conduta	típica,	ou	seja,	descrita	no	ordenamento	jurídico	penal,
não	serão	consideradas	ilícitas	e,	sim	licitas,	chamadas	de	excludentes	de
antijuridicidade.
O	Código	Penal,	no	artigo	23,	traz	expressamente	quatro	causas	excludentes	de
ilicitudes,	que	quando	realizadas	pelo	agente	seja	considerado	licito,	são:	estado
de	necessidade,	a	legitima	defesa,	o	estrito	cumprimento	de	dever	legal	e	o
exercício	regular	de	direito.
Exclusão	de	ilicitude
Art.	23	-	Não	há	crime	quando	o	agente	pratica	o	fato:
I	-	em	estado	de	necessidade;
II	-	em	legítima	defesa;
III	-	em	estrito	cumprimento	de	dever	legal	ou	no	exercício	regular	de	direito.
Excesso	punível
Parágrafo	único	-	O	agente,	em	qualquer	das	hipóteses	deste	artigo,	responderá
pelo	excesso	doloso	ou	culposo.⁵⁵
Vale	ressaltar	que	o	legislador	cuidou	somente	de	trazer	o	conceito	de	apenas
duas	excludentes,	sendo	elas,	o	estado	de	necessidade	e	a	legitima	defesa,
cabendo	aos	demais	ser	conceituados	pela	doutrina.
É	importante	mencionar	que	existe	além	das	excludentes	de	ilicitude	previstas	no
Código	Penal,	as	causas	supralegais	de	exclusão	de	ilicitude,	ou	seja,	são	aquelas
não	previstas	em	lei,	mas	afastam	a	ilicitude	da	conduta	realizada	pelo	agente,
sendo	destaque	pelos	doutrinadores,	o	consentimento	do	ofendido.
A	seguir	será	estudado	brevemente	cada	excludente	de	ilicitude.
5.1.1	ESTADO	DE	NECESSIDADE
O	estado	de	necessidade	é	uma	das	excludentes	que	o	legislador	encarregou-se
de	trazer	o	conceito,	está	previsto	no	artigo	24,	do	Código	Penal:
Estado	de	necessidade
Art.	24	-	Considera-se	em	estado	de	necessidade	quem	pratica	o	fato	para	salvar
de	perigo	atual,	que	não	provocou	por	sua	vontade,	nem	podia	de	outro	modo
evitar,	direito	próprio	ou	alheio,	cujo	sacrifício,	nas	circunstâncias,	não	era
razoável	exigir-se.
Como	podemos	observar,	somente	pela	leitura	é	possível	perceber	que	para	o
agente	ser	beneficiado	por	uma	excludente	de	ilicitude	ele	deve	preencher	alguns
requisitos.	Segundo,	Francisco	Vani	Bemfica:
[...]	Podem	assim	ser	considerados:	1°)	existência	de	um	perigo	atual	e	inevitável
para	um	bem	jurídico	do	agente	ou	de	outrem;	2°)	não-provocação,
voluntariamente,	deste	perigo	pelo	agente;	3°)	que,	nas	circunstancias,	não	se
possa,	razoavelmente,	exigir	o	sacrifício	de	bem	ameaçado.
Disso	se	infere:	a)	é	preciso	haver	dois	bens	jurídicos	em	conflito;	b)	o	fato
praticado	pelo	agente	destina-se	a	salvar	um	desses	bens	em	perigo	futuro	não
admite	justificativa,	mas	pode	ser	iminente,	desde	que	a	iminência	se	faça
equiparar	à	atualidade;	d)	não	pode	ter	justificada	a	conduta	quem,
voluntariamente,	provoca	o	perigo;	e)	a	expressão	“nem	podia	de	outro	modo
evitar”	significa	que	o	agente	não	tendo	ao	seu	alcance	modo	de	impedir	que	o
perigo	se	verifique;	f)diz	a	lei	em	“direito	próprio	ou	alheio”,	o	que	significa	que
o	terceiro	não	ameaçado	pode	agir	(não	é	obrigado),	mas	condicionado	ao
auxilio	necessário	ao	estranho	e	não	no	sentido	de	mera	intervenção,	que	até
pode	representar	abuso.	Assim,	o	agente	que	entende	que	está	prestando	um
auxilio	necessário,	ignorando	a	legitimidade	do	estado	de	necessidade,	deixa
intacta	a	antijuridicidade	de	sua	conduta.
Finalmente,	nosso	Código	Penal	exige	também	como	condição	de	atuação	do
agente	que	não	seja	razoável	exigir-se,	nas	circunstâncias,	o	sacrifício	do	bem.
Isso	quer	dizer:	deve	haver	proporcionalidade	entre	a	gravidade	do	perigo	e	a
lesão	produzida	pelo	ataque	ao	bem	alheio.	⁵
5.1.2	LEGÍTIMA	DEFESA
Vale	ressaltar,	que	essa	excludente	de	ilicitude	também	foi
conceituada	cuidadosamente	pelo	legislador,	estando	prevista	no
artigo	25,	do	Código	Penal.
Legítima	defesa
Art.	25	-	Entende-se	em	legítima	defesa	quem,	usando	moderadamente	dos
meios	necessários,	repele	injusta	agressão,	atual	ou	iminente,	a	direito	seu	ou	de
outrem.⁵⁷
Nesse	passo,	Francisco	Vani	Bemfica	conceitua	os	seguintes
requisitos	para	a	aplicação	da	legitima	defesa:
São	os	seguintes:	a)	agressão	atual	ou	iminente	–	o	primeiro	momento	da	defesa
legítima	é	a	agressão.	É	com	ela	que	se	põe	em	perigo	o	bem	jurídico	e	surge	a
reação.	Agressão	já	passada	não	admite	repulsa	legítima.	Agressão	atual	é
agressão	já	em	curso	no	momento	da	reação	defensiva.	Agressão	iminente	é	a
que	está	para	acontecer.	Sua	possibilidade	deve	ser	concreta.	É	ela	sinônimo	de
perigo	concreto,	“a	ser	aferido	dentro	de	um	quadro	de	possibilidades	reais,	não
apenas	fantasmagóricas”,	como	Francisco	de	Assis	de	Toledo;	b)	injustiça	da
agressão	–	exige-se	que	ela	seja	contrária	ao	ordenamento	jurídico.	Não	há
defesa	licita	contra	agressão	licita;	c)	bem	jurídico	ameaçado	pela	agressão	–	na
legítima	defesa,	exige-se	a	presença	de	um	bem	jurídico	sobre	o	qual	recaia	a
ameaça	de	violação	pelo	ataque	atual	ou	iminente.	Esse	bem	é	próprio	do	agente
ou	de	terceiros.	Daí,	tendo	em	vista	o	titular	do	bem	jurídico	sujeito	à	agressão,	a
presença,	na	lei,	de	duas	formas	de	legítima	defesa:	a	própria,	quando	o	autor	da
repulsa	é	o	titular	do	bem	jurídico	atacado	ou	ameaçado,	e	a	de	terceiro,	quando
a	repulsa	visa	a	defender	bem	jurídico	de	outras	pessoas;	d)	repulsa	com
emprego	moderado	dos	meios	necessários	–	o	último	requisito	é	a	moderação	na
repulsa.	Deve	ser	medida	de	conformidade	com	a	agressão	e	ser	tomado	em
consideração	o	valor	do	bem	ameaçado	e	as	circunstancias	em	que	atua	o
agente.⁵⁸
5.1.3	ESTRITO	CUMPRIMENTO	DO	DEVER	LEGAL
Como	visto	anteriormente,	o	legislador	não	se	encarregou	de	trazer	o	conceito	do
estrito	cumprimento	do	dever	legal,	cabendo	aos	doutrinadores	conceituar.	Está
previsto	no	artigo	23,	inciso	III,	primeira	parte	do	Código	Penal.
Nesse	passo,	Francisco	Vani	Bemfica,	explica,	“o	estrito	cumprimentodo	dever
é	uma	atividade	típica,	mas	sem	antijuridicidade.	Isso	porque	a	pessoa	que	se
limita	a	cumprir	seu	dever	não	merece	censura.	E,	se	esse	dever	é	imposto	pela
lei,	e,	principalmente,	sem	exorbitância,	não	pode	cometer	crime.”	⁵
Para	Rogério	Greco:
Inicialmente,	é	preciso	que	haja	um	dever	legal	imposto	ao	agente,	deve	este
que,	em	geral,	é	dirigido	àqueles	que	fazem	parte	da	Administração	Pública,	tais
como	os	policiais	e	oficiais	de	justiça,	pois,	conforme	preleciona	Juarez	Cirino
dos	Santos,	“	o	estrito	cumprimento	de	dever	legal	compreende	os	deveres	de
intervenção	do	funcionário	na	esfera	privada	para	assegurar	o	cumprimento	da
lei	ou	de	ordens	superiores	da	administração	pública,	que	podem	determinar	a
realização	justificada	de	tipos	legais,	como	a	coação,	privação	de	liberdade,
violação	de	domicilio,	lesão	corporal	etc”.	Em	segundo	lugar,	é	necessário	que	o
cumprimento	a	esse	dever	se	dê	nos	exatos	termos	imposto	pela	lei,	não	podendo
em	nada	ultrapassá-los.	
5.1.4	EXERCICIO	REGULAR	DE	DIREITO
Como	é	sabido,	esta	excludente	tem	conceito	doutrinário	apenas.	Está	previsto
no	artigo	23,	inciso	III,	segunda	parte	do	Código	Penal.
Sendo	assim,	na	lição	de	Francisco	Vani	Bemfica:
[...]	Um	fato	pode	ser	definido	como	crime.	Porém	permite	a	lei	que	pessoas
determinadas,	e	em	certas	circunstâncias	pré-estabelecidas,	o	pratiquem.	Isso
porque	o	ordenamento	jurídico	reconhece	a	prevalência	de	seus	interesses	sobre
os	interesses	contrários.	A	atuação	do	agente	não	tem	caráter	de
antisociabilidade.	Ao	contrário,	sua	conduta	é	necessária	para	o	interesse
público,	que	só	perde	com	a	sua	incriminação.	 ¹
Nesse	viés,	o	conceito	de	acordo	com	Rogério	Sanches	Cunha:
[...]	Compreende	condutas	do	cidadão	comum	autorizadas	pela	existência	de
direitos	definidos	em	lei	e	condicionadas	à	regularidade	do	exercício	desse
direito.
A	execução	de	prisão	em	flagrante	permitida	a	qualquer	um	do	povo	(art.	301	do
CPP)	é	um	claro	exemplo	de	exercício	regular	de	direito	(pro	magistartu).	O
Estado,	não	podendo	estar	presente	para	impedir	a	ofensa	a	um	bem	jurídico	ou
recompor	a	ordem	pública,	incentiva	o	cidadão	a	atuar	em	seu	lugar.	 ²
5.1.5	CONSENTIMENTO	DO	OFENDIDO
As	causas	supralegais	são	muito	discutidas	na	doutrina,	conforme	defende	Cezar
Roberto	Bitencourt:
O	legislador	não	pode	prever	todas	as	hipóteses	em	que	as	transformações
produzidas	pela	evolução	ético-social	de	um	povo	passam	a	autorizar	ou	permitir
a	realização	de	determinadas	condutas,	[...]	deve-se,	em	princípio,	admitir	a
existência	de	causas	supralegais	de	exclusão	da	antijuridicidade	[...] ³
Para	Rogério	Greco	o	consentimento	do	ofendido	tem	duas	finalidades:	“afastar
a	tipicidade	ou	excluir	a	ilicitude	do	fato”	 ⁴
Nesse	passo,	Rogério	Sanches	Cunha	esclarece:
A	relevância	depende	se	o	dissentimento	é	ou	não	elementar	do	crime:	se
elementar,	o	consentimento	exclui	a	tipicidade;	não	sendo	elementar,	pode	servir
como	causa	extralegal	de	justificação.
Na	violação	de	domicilio	(art.	150	do	CP),	por	exemplo,	o	crime	está	estruturado
precisamente	no	dissentimento	do	proprietário	ou	do	possuidor	de	direito
(elemento	do	tipo)	pelo	que	a	sua	falta	faz	desaparecer	a	própria	tipicidade.
Já	no	furto	(art.	155	do	CP),	não	há	referência	ao	não	consentimento	do
proprietário,	cuidando-se	de	circunstancia	exterior	ao	tipo	legal.	O
consentimento	do	ofendido,	renunciando	a	proteção	legal,	pode	justificar	a
conduta	típica. ⁵
Assim,	Cezar	Roberto	Bitencourt,	nos	demonstra	que	para	o	consentimento	do
ofendido	ser	aplicado	ao	caso	concreto,	deve	apresentar	os	seguintes	requisitos:
[...]	a)	que	a	manifestação	do	ofendido	seja	livre,	sem	coação,	fraude	ou	outro
vício	de	vontade;	b)	que	ofendido,	no	momento	de	consentir,	possua	capacidade
para	fazê-lo,	isto	é,	compreenda	o	sentido	e	as	consequências	de	sua
aquiescência;	c)	que	se	trate	de	bem	jurídico	disponível;	d)	que	o	fato	típico	se
limite	e	se	identifique	com	o	consentimento	do	ofendido.	
Em	outras	palavras	o	consentimento	do	ofendido,	pode	ser	definido	como	o	ato
da	vítima	em	concordar	com	a	lesão	ou	perigo	de	lesão	a	bem	juridicamente
protegido	ser	violado.
47	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
15
48	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	315.
49	BITENCOURT,	Cezar	Roberto.	Tratado	de	direito	penal:	parte	geral.	20.	Ed.
rev.,	ampl.	e	atual.	São	Paulo:	Saraiva,	2014,	p.	392.
50	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	316.
51	Wezel,	Hans.	Derecho	penal	alemán.	Trdução	de	Juan	Bustos	Ramirez	e
Sergio	Yañes	Peréz.	Chile:	jurídica	de	Chile,	1987,	p.	114-115	apud	Greco,
Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,	2014,	p.	317.
52	CUNHA,	Rogério	Sanches.	Manual	de	direito	penal:	parte	geral.	2ª	ed.	rev.,
ampl.	e	atual.	Salvador	:	Editora	jus	Podiwm,	2014,	p.	232
53	CUNHA,	Rogério	Sanches.	Manual	de	direito	penal:	parte	geral.	2ª	ed.	rev.,
ampl.	e	atual.	Salvador	:	Editora	jus	Podiwm,	2014,	p.	232.
54	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	317-318.
55	BARROSO,	Darlan.;	JUNIOR,	Marco	Antônio	Araújo.	Vade	mecum	OAB
2017:	artigo	23,	do	Código	Penal.	9.	ed.	rev.,	ampl.	e	atual..	São	Paulo:	Editora
Revista	dos	Tribunais,	2017,	p.	565.
56	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
136-137.
57	BARROSO,	Darlan.;	JUNIOR,	Marco	Antônio	Araújo.	Vade	mecum	OAB
2017:artigo	24,	do	Código	Penal.	9.	ed.	rev.,	ampl.	e	atual..	São	Paulo:	Editora
Revista	dos	Tribunais,	2017,	p.	565.
58	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
145-146.
59	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
158.
60	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	369.
61	BEMFICA,	Francisco	Vani.	Da	teoria	do	crime.	São	Paulo:	Saraiva,	1990,	p.
162.
62	CUNHA,	Rogério	Sanches.	Manual	de	direito	penal:	parte	geral.	2ª	ed.	rev.,
ampl.	e	atual.	Salvador	:	Editora	jus	Podiwm,	2014,	p.	246.
63	BITENCOURT,	Cezar	Roberto.	Tratado	de	direito	penal:	parte	geral.	20.	Ed.
rev.,	ampl.	e	atual.	São	Paulo:	Saraiva,	2014,	p.	406.
64	GRECO,	Rogério.	Curso	de	direito	penal.	16.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Impetus,
2014,	p.	374.
65	CUNHA,	Rogério	Sanches.	Manual	de	direito	penal:	parte	geral.	2ª	ed.	rev.,
ampl.	e	atual.	Salvador	:	Editora	jus	Podiwm,	2014,	p.	248.
66	BITENCOURT,	Cezar	Roberto.	Tratado	de	direito	penal:	parte	geral.	20.	Ed.
rev.,	ampl.	e	atual.	São	Paulo:	Saraiva,	2014,	p.	407.
6.	CULPABILIDADE
A	culpabilidade	é	o	terceiro	pressuposto	para	que	exista	crime,	diante	da	teoria
tripartite,	“com	seu	juízo	de	reprovação	extraído	da	análise	sobre	como	o	sujeito
ativo	se	situou	e	posicionou	diante	do	episódio	com	o	qual	se	envolveu	(fato
típico	e	ilicitude)”. ⁷
Claudio	Brandão	apud	Rogério	Sanches	Cunha	esclarece	sobre	o	crime	e	a
ligação	com	a	culpabilidade:
O	crime	é	uma	ação	típica,	antijurídica	e	culpável.	Portanto,	para	que	haja	um
crime	é	necessário	que	existam	todos	os	elementos,	quais	sejam:	a	tipicidade,	a
antijuridicidade	e	culpabilidade.	A	tipicidade	é	um	juízo	de	adequação	do	fato
humano	com	a	norma	do	direito.	Tanto	a	antijuridicidade	quanto	a	tipicidade
referem-se	ao	fato	do	homem,	são,	portanto,	juízos	que	se	fazem	sobre	o	fato.	A
culpabilidade,	por	sua	vez,	não	é,	a	exemplo	dos	demais	elementos,	um	juízo
sobre	um	fato,	mas	um	juízo	sobre	o	autor	do	fato.	Assim,	se	pela	tipicidade	e
antijuridicidade	pode-se	fazer	um	juízo	de	reprovação	sobre	o	fato,	pela
culpabilidade,	pode-se	fazer	um	juízo	de	reprovação	sobre	o	autor	do	fato.
A	culpabilidade	é	um	juízo	de	reprovação	pessoal,	feito	ao	autor	de	um	fato
típico	e	antijurídico,	porque,	podendo	se	comportar	conforme	o	direito,	o	autor
do	referido	fato	optou	livremente	por	se	comportar	contrário	ao	direito.	 ⁸
No	mesmo	viés,	Rogério	Greco	traz	o	conceito	de	culpabilidade:
Culpabilidade	é	o	juízo	de	reprovação	pessoal	que	se	realiza	sobre	a	conduta
típica	eilícita	praticada	pelo	agente.	Nas	lições	de	Welzel,	“culpabilidade	é	a
‘reprovabilidade’	da	configuração	da	vontade.	Toda	culpabilidade	é,	segundo
isso,	‘culpabilidade	de	vontade’.	Somente	aquilo	a	respeito	do	qual	o	homem
pode	algo	voluntariamente	lhe	pode	ser	reprovado	como	culpabilidade”.	Na
definição	de	Cury	Urzúa,	“a	culpabilidade	é	reprovabilidade	do	fato	típico	e
antijurídico,	fundada	em	que	seu	autor	o	executou	não	obstante	que	na	situação
concreta	podia	submeter-se	às	determinações	e	proibições	do	direito”.	Sanzo
Brodt,	arremata	que	“a	culpabilidade	dever	ser	concebida	como	reprovação,	mais
precisamente,	como	juízo	de	reprovação	pessoal	que	recai	sobre	o	autor,	por	ter
agido	de	forma	contrária	ao	Direito,	quando	podia	ter	atuado	em	conformidade
com	a	vontade	da	ordem	jurídica”.
A	culpabilidade	passou	por	várias	concepções	dentro	da	teoria	do	delito,	e,	estão
ligadas	ao	conceito	de	ação	e	de	delito.	Podem	ser	assim	sintetizadas:
Teoria	Psicológica:	Esta	teoria	foi	criada	por	Liszt	e	Beling	o	qual
defendiam	que	o	delito	possuía	dois	aspectos,	um	interno	e	outro	externo.
“O	aspecto	externo,	[...]	compreendia	a	ação	típica	e	antijurídica.	O	interno
dizia	respeito	à	culpabilidade,	sendo	está	vinculo	psicológico	que	unia	o
agente	ao	fato	por	ele	praticado”.⁷ 	Portanto,	o	crime,	era	a	ação	típica
(movimento	humano	voluntário,	cujo	ato	mudava	o	mundo	exterior,
causando	um	resultado)	antijurídica	(comprovação	de	que	a	conduta
realizada	pelo	agente	contrariava	a	lei	penal)	e	culpável	(composto	por
elementos	subjetivos	de	dolo	e	culpa,	mas	antes	era	preciso	certificar-se
sobre	a	imputabilidade	do	agente,	ou	seja,	a	capacidade	do	mesmo	de	ser
responsabilizado	pelo	injusto	penal).	Em	resumo,	“trata-se	de	um	relação
psicológica	que	tem	como	ponto	de	partida	o	fato	concreto.	Desde	que
existente,	dá-se	a	consideração	normativa-valorativa	determinada	pelo
ordenamento	jurídico:	‘o	ato	culpável	é	a	ação	dolosa	ou	culposa	do
indivíduo	imputável”	⁷¹
Teoria	normativa:	Se	divide	em	teoria	psicológico-normativa	ou	normativa
complexa,	e,	em	teoria	normativa	pura	ou	finalista.
A	teoria	psicológico-normativa:	A	respeito	desta	teoria	comparada	com	a
anterior,	ocorreram	modificações,	introduzindo	elementos	subjetivos	e
normativos	no	tipo.	È	dentro	desta	teoria	que	a	culpabilidade	começa	a
nascer	como	um	juízo	de	reprovabilidade	e	censura.	“Agora,	para	que	o
agente	pudesse	ser	punido	pelo	fato	ilícito	por	ele	cometido,	não	bastava	a
presença	dos	elementos	subjetivos	(dolo	e	culpa),	mas	sim	que,	nas
condições	em	que	se	encontrava,	podia-se-lhe	exigir	uma	conduta	conforme
o	direito.”⁷².	É	de	se	verificar	que	a	culpabilidade	passou	a	adotar	uma	nova
estrutura,	sendo,	“a)	imputabilidade,	b)	dolo	ou	culpa	e	c)	exigibilidade	de
conduta	diversa”.⁷³	A	imputabilidade	seria	a	capacidade	de	responsabilizar
alguém	pela	pratica	de	determinado	ato	previsto	em	lei,	tendo	a	agente
capacidade	para	entender	a	ilicitude	do	fato,	ou	seja,	ter	plena	consciência
mental.	O	dolo	é	a	vontade	e	consciência	de	realizar	o	previsto	na	lei	penal.
Por	fim,	a	exigibilidade	de	conduta	diversa	passou	a	ser	causa	de	exclusão
de	culpabilidade	segundo	esta	teoria.⁷⁴
Teoria	finalista:	Esta	teoria	foi	modificada	profundamente.	Entendendo	que
toda	conduta	humana	está	ligada	a	condutas	lícitas	e	ilícitas,	tendo	como
consequência	a	extração	do	o	dolo	e	a	culpa,	sendo	transferidos	para	o	tipo,
afastando	dele	a	consciência	sobre	a	ilicitude	do	fato	para	sua	configuração.
Mantendo-se	apenas	o	critério	de	censurabilidade	e	reprovabilidade.	É
desta	teoria	que	atualmente	é	estudado	a	culpabilidade.	“Assim,	na
culpabilidade	permaneceram	somente	seus	elementos	de	natureza
normativa,	[...].	A	culpabilidade,	portanto,	passa	a	se	constituir	pela:	a)
imputabilidade;	b)	potencial	consciência	sobre	a	ilicitude	do	fato	e,	c)
exigibilidade	de	conduta	diversa.”	⁷⁵
É	de	se	verificar	que,	a	culpabilidade	é	a	reprovabilidade	da	conduta	típica	e
antijurídica,	realizada	pelo	agente	que	vai	gerar	a	possibilidade	de	aplicação	das
sanções	penais	ao	indivíduo.	Como	será	visto,	a	pena	está	ligada	a	culpabilidade,
ou	seja,	não	pode	ser	responsabilizado	aquele	que	atua	sem	culpabilidade.	Com
base	na	culpabilidade	é	que	será	dosada	a	pena	no	limite	da	culpabilidade	do
agente.
Além	disso,	é	dentro	da	culpabilidade	que	se	analisa	se	o	autor	da	ação,	de
acordo	com	suas	condições	psicológicas	possuía	capacidade	para	entender	a
ilicitude	do	fato.
Ressaltando	que,	sempre	quando	for	comprovada	a	impossibilidade	do	agente	de
agir	de	modo	diverso,	deve-se	ter	em	mente,	que	a	culpabilidade	é	excluída.
6.1	ELEMENTOS	DA	CULPABILIDADE
6.1.1	IMPUTABILIDADE	PENAL
A	imputabilidade	penal	se	apresenta	como	um	dos	elementos	da	culpabilidade.
Conforme	Guilherme	Nucci,	“é	o	conjunto	de	condições	pessoais,	envolvendo
inteligência	e	vontade,	que	permite	ao	agente	ter	entendimento	do	caráter	ilícito
do	fato,	comportando-se	de	acordo	com	esse	entendimento.”	⁷
Luiz	Regis	Prado	preceitua	que	imputabilidade	consiste:
[...]	Plena	capacidade	(estado	ou	capacidade)	de	culpabilidade,	entendida	como
capacidade	de	entender	e	de	querer,	e,	por	conseguinte,	de	responsabilidade
criminal	(o	imputável	responde	pelos	seus	atos).	Costuma	ser	definido	como	o
“conjunto	das	condições	de	maturidade	e	sanidade	mental	que	permitem	ao
agente	conhecer	o	caráter	ilícito	do	seu	ato	e	determinar-se	de	acordo	com	esse
entendimento.⁷⁷
E	por	fim,	Rogério	Greco	aponta	que	para	“a	imputabilidade	é	a	possibilidade	de
se	atribuir,	imputar	o	fato	típico	e	ilícito	ao	agente.	A	imputabilidade	é	a	regra;	a
inimputabilidade,	a	exceção.”	⁷⁸
Nesse	sentindo,	os	doutrinadores	entendem	que	a	culpabilidade	é	composta	por
dois	aspectos:	Cognoscitivo	ou	intelectivo	(capacidade	de	compreender	que
determinado	fato	é	ilícito);	e	volitivo	ou	determinação	da	vontade	(atuar
conforme	o	entendimento).⁷
O	Código	Penal	não	define	imputabilidade	penal,	a	não	ser	por	exclusão,
trazendo	expressamente	somente	as	causas	capazes	de	afastar	a	imputabilidade,
estando	previstas	no	artigo	26:
Art.	26	-	É	isento	de	pena	o	agente	que,	por	doença	mental	ou
desenvolvimento	mental	incompleto	ou	retardado,	era,	ao	tempo	da	ação	ou
da	omissão,	inteiramente	incapaz	de	entender	o	caráter	ilícito	do	fato	ou	de
determinar-se	de	acordo	com	esse	entendimento.
Parágrafo	único	-	A	pena	pode	ser	reduzida	de	um	a	dois	terços,	se	o	agente,
em	virtude	de	perturbação	de	saúde	mental	ou	por	desenvolvimento	mental
incompleto	ou	retardado	não	era	inteiramente	capaz	de	entender	o	caráter
ilícito	do	fato	ou	de	determinar-se	de	acordo	com	esse	entendimento.⁸
A	respeito	ao	tema,	em	sede	doutrinaria,	são	apresentados	três	sistemas	ou
métodos	que	definem	a	inimputabilidade:
a)	Biológico:	Mencionado	na	exposição	de	motivos	do	Código	Penal	de	1940,
“leva	em	consideração	a	doença	mental,	enquanto	patologia	clínica,	ou	seja,
estado	anormal	do	agente”.	⁸¹
b)	Psicológico:	“declara	a	irresponsabilidade	se,	ao	tempo	do	crime,	estava
abolida	no	agente,	seja	qual	for	a	causa,	a	faculdade	de	apreciar	a
criminalidade	do	fato	(momento	intelectual)	e	de	determinar-se	de	acordo
com	essa	apreciação.”⁸²
c)	Biopsicológico:	é	a	junção	dos	dois	anteriores,	ou	seja,	“a
responsabilidade	só	é	excluída	se	o	agente,	em	razão	de	enfermidade	ou
retardamento	mental,	era,	no	momento	da	ação,	incapaz	de	entendimento
ético-jurídico	e	autodeterminação”	⁸³
6.1.1.1	Inimputabilidade
As	causas	de	inimputabilidade	estão	expressas	no	artigo	26	do	Código	Penal,
analisando	o	caput,	verificamos:
-	Inimputabilidade	em	razão	de	doença	mental:	A	doença	mental	é	toda	e
qualquer	alteração	mórbida	da	saúde	mental,	que	compromete	o
entendimento	total	ou	parcial	do	portador,	são	exemplos	de	doença	mental:
esquizofrenia,	psicose	alcoólica,	paranoia,	histeria,	demência	senil,	entre
outras,	ressaltando	que	causas	geradoras	de	estado	semelhante	podem	ser
naturais	ou	tóxicas,	como	o	uso	de	droga	licita	ou	ilícita,	pouco	importa
para	ser	considerada	inimputabilidade.	⁸⁴	Em	suma,	são	qualquer
enfermidade	que	debiliteas	funções	psíquicas	do	indivíduo.
Neste	caso,	o	portador	de	doença	mental	será	considerado	imputável	(capacidade
de	culpabilidade),	desde	que	a	anomalia	psíquica	não	altere	sua	capacidade
intelectiva.
Vale	ressaltar	que,	os	doutrinadores	entendem	que	o	sonambulismo	não	é	uma
doença	mental	e,	é	considerado	causa	de	exclusão	da	própria	conduta.⁸⁵
-	Inimputabilidade	em	razão	do	desenvolvimento	mental	incompleto	ou
retardado:	Também	conhecido	como	oligofrênicos,	são	graves	defeitos	na
inteligência;	falta	de	desenvolvimento	nas	faculdades	mentais,	são	exemplos
de	portadores	de	oligofrênicos,	os	surdos-mudos	que	se	analisados	por
peritos	for	identificado	um	grau	que	dificulte	a	capacidade	de	entendimento
do	agente	no	momento	da	conduta,	será	considerado	inimputável.⁸
Como	pode	ser	observado	tanto	na	inimputabilidade	por	doença	mental	ou
desenvolvimento	mental	incompleto	ou	retardado,	o	Código	Penal	adotou	o
sistema	Biopsicológico.
-	Inimputabilidade	em	razão	da	idade:	O	código	Penal	estabelece	no	artigo
27,	que	os	menores	de	18	(dezoito)	anos	são	inimputáveis	penalmente,
adotando	o	sistema	biológico,	levando-se	em	conta	apenas	a	idade	do	agente
como	desenvolvimento	mental,	pouco	importando	se	na	época	dos	fatos,	o
mesmo	teria	ou	não	capacidade	para	entender	o	que	estava	fazendo.	Vale
dizer	ainda,	que	os	menores	de	18	(dezoito)	anos	estão	sujeitos	à	disposição
do	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(ECA).	⁸⁷
Art.	27-	Os	menores	de	18	(dezoito)	anos	são	penalmente	inimputáveis,
ficando	sujeitos	às	normas	estabelecidas	na	legislação	especial.⁸⁸
-	Inimputabilidade	em	razão	de	embriaguez:	“Embriaguez	é	a	intoxicação
transitória	causada	pelo	álcool	ou	substância	de	efeitos	análogos”.	A
embriaguez	se	divide	em:	Embriaguez	não	acidental:	voluntária,	ou	seja,
quando	o	agente	tem	intenção/vontade	de	embriagar-se,	ou,	culposa,
quando	por	negligencia	o	agente	fica	embriagado;	podendo	ser	completa	(o
agente	não	tem	capacidade	de	entendimento	no	momento	em	que	realiza	a
conduta)	ou	incompleta	(tem	a	capacidade	de	entendimento	diminuída),	o
Código	Penal	no	artigo	28,	inciso	II,	não	exclui	a	inimputabilidade	do	agente
neste	caso;	Embriaguez	acidental:	ocorre	em	casos	fortuitos
(desconhecimento	dos	efeitos	da	substancia)	ou	de	força	maior	(quando
obrigado	a	ingerir	a	substancia	contra	a	vontade),	neste	caso,	se	completa,
excluirá	a	pena	do	agente	e,	se	incompleta,	tem	a	pena	diminuída,	não
excluindo	a	culpabilidade,	conforme	artigo	28,	§	§	1°	e	2°,	do	Código	Penal;
Embriaguez	patológica:	a	embriaguez	patológica	é	aquela	embriaguez
doentia,	podendo	ser	considerada	anomalia	psíquica,	conforme	o	caso
concreto,	sendo	considerado	o	autor	dessa	embriaguez	como	doente	mental;
e,	Embriaguez	preordenada:	Nessa	embriaguez	o	agente	tem	a	finalidade	de
cometer	crime	e	faz	uso	de	bebida	alcoólica	para	realizá-lo,	não	é
considerado	causa	de	exclusão	da	imputabilidade	e	nem	redução	de	pena,
neste	caso,	será	utilizado	como	agravante	(aumento)	da	pena.	⁸
Art.	28-	Não	excluem	a	imputabilidade	penal:
I-	a	emoção	ou	a	paixão;
Embriaguez
II-	a	embriaguez,	voluntária	ou	culposa,	pelo	álcool	ou	substância	de	efeitos
análogos.
§	1º-	É	isento	de	pena	o	agente	que,	por	embriaguez	completa,	proveniente
de	caso	fortuito	ou	força	maior,	era,	ao	tempo	da	ação	ou	da	omissão,
inteiramente	incapaz	de	entender	o	caráter	ilícito	do	fato	ou	de	determinar-
se	de	acordo	com	esse	entendimento.
§	2º-	A	pena	pode	ser	reduzida	de	um	a	dois	terços,	se	o	agente,	por
embriaguez,	proveniente	de	caso	fortuito	ou	força	maior,	não	possuía,	ao
tempo	da	ação	ou	da	omissão,	a	plena	capacidade	de	entender	o	caráter
ilícito	do	fato	ou	de	determinar-se	de	acordo	com	esse	entendimento.
§	2º-	A	pena	pode	ser	reduzida	de	um	a	dois	terços,	se	o	agente,	por
embriaguez,	proveniente	de	caso	fortuito	ou	força	maior,	não	possuía,	ao
tempo	da	ação	ou	da	omissão,	a	plena	capacidade	de	entender	o	caráter
ilícito	do	fato	ou	de	determinar-se	de	acordo	com	esse	entendimento.
Neste	passo,	a	emoção	e	a	paixão,	não	excluem	a	imputabilidade	penal,
conforme	demonstra	o	artigo	28,	inciso	I,	do	Código	Penal,	supra	descrito.	Nesse
passo,	Rogério	Sanches	Cunha,	nos	apresenta	a	diferença	entre	emoção	e	paixão:
Emoção	é	o	estado	súbito	e	passageiro,	enquanto	a	paixão	é	o	sentimento
crônico	e	duradouro.	Pode	a	emoção	servir	como	circunstância	atenuante,
nos	moldes	do	artigo	65,	II,	“c”,	ou	como	causa	de	diminuição	de	pena,
como	prescrevem	os	artigos	121,	§	1°,	e	129,	§4°,	ambos	do	Código	Penal.	Já
a	paixão,	dependendo	do	grau	e	da	capacidade	de	entendimento	do	agente,
pode	ser	encarada	como	doença	mental	(paixão	patológica	–	art.	26,
caput,CP). ¹
Por	fim,	e	não	menos	importante,	a	Semi-imputabilidade:	neste	caso,	o	indivíduo
aparenta	ser	são,	mas,	não	tem	a	plena	capacidade	de	entender	o	caráter	ilícito	do
fato,	está	previsto	no	caput	do	artigo	26,	do	Código	Penal,	a	consequência
jurídica	é	a	condenação	do	indivíduo,	com	a	pena	reduzida	de	um	a	dois	terços
ou	substituição	da	pena	por	medida	de	segurança,	devendo	ser	adotado	apenas
uma	das	sanções:	redução	da	pena	ou	medida	de	segurança	pelo	juiz. ²
6.1.2	POTENCIAL	CONSCIÊNCIA	DA	ILICITUDE
A	potencial	consciência	da	ilicitude	“é	o	segundo	elemento	da	culpabilidade,
representando	a	possibilidade	que	tem	o	agente	imputável	de	compreender	a
reprovabilidade	da	sua	conduta”. ³
É	necessário	que	o	agente	tenha	apenas	o	conhecimento	de	que	a	sua	conduta
fere	o	ordenamento	jurídico,	não	se	referindo	à	uma	compreensão	técnica,
conhecimento	jurídico.	Lembrando	que	o	fato	ilícito	é	toda	a	conduta	que
contraria	o	expresso	em	lei,	independentemente	de	seu	aspecto	imoral	ou
antissocial. ⁴
Nesse	sentido,	o	artigo	21,	do	Código	Penal,	prevê	como	excludente	da	potencial
consciência	da	ilicitude	o	erro	de	proibição:
Art.	21.	O	desconhecimento	da	lei	é	inescusável.	O	erro	sobre	a	ilicitude	do
fato,	se	inevitável,	isenta	de	pena;	se	evitável,	poderá	diminuí-la	de	um	sexto
a	um	terço.
Parágrafo	único	-	Considera-se	evitável	o	erro	se	o	agente	atua	ou	se	omite	sem	a
consciência	da	ilicitude	do	fato,	quando	lhe	era	possível,	nas	circunstâncias,	ter
ou	atingir	essa	consciência. ⁵
Como	é	sabido,	ninguém	pode	acusar	desconhecimento	da	Lei,	uma	vez	que,
publicada	no	Diário	Oficial	da	União,	entende-se	que	a	lei	é	conhecida	por	todos
os	indivíduos,	ou	seja,	não	existe	desconhecimento	da	lei.	Ocorre	que,	é	possível
o	agente	mesmo	conhecendo	a	lei,	agir	em	erro	quanto	à	proibição	do
comportamento,	o	que	pode	acarretar	a	exclusão	da	culpabilidade.
O	erro	de	proibição	direto	incide	sobre	o	erro	de	comportamento,	é	um	equívoco
realizado	pelo	agente	quanto	ao	conteúdo	da	norma,	supondo	o	agente	por	erro
que	a	conduta	que	está	realizando	é	licita,	quando	na	verdade	é	ilícita,	por
exemplo,	os	estrangeiros	que	tem	o	uso	da	maconha	liberada	em	seu	país	e
quando	vem	para	o	Brasil	desconhece	a	proibição	do	uso.	 ⁷
E	o	erro	de	proibição	indireto,	é	quando	o	agente	supõe	que	existe	alguma	norma
que	permita	tal	ação,	é	o	caso	do	marido	traído	que	comete	homicídio	contra	sua
mulher,	por	acreditar”	estar	amparado	de	um	excludente	de	ilicitude,	defendendo
a	sua	honra.	 ⁸
Nesses	casos,	a	responsabilização	penal	pode	ocorrer	de	duas	formas:	se	o	erro
for	inevitável,	o	autor	é	isento	da	pena,	caso	o	erro	seja	evitável	(atua	ou	se
omite	sem	a	consciência	da	ilicitude	do	fato,	quando	lhe	era	possível,	nas
circunstâncias,	ter	ou	atingir	essa	consciência),	a	pena	poderá	ser	diminuída	de
um	sexto	a	um	terço,	conforme	expresso	no	artigo	21,	caput,	do	Código	Penal.
Não	se	pode	olvidar	que	o	erro	de	proibição	é	diferente	de	erro	de	tipo.	No	“erro
de	tipo	é	o	equívoco	que	recai	sobre	as	circunstâncias	do	fato,	sobre	elementos
do	tipo	penal;	o	erro	de	proibição,	por	sua	vez,	recai	sobre	a	ilicitude	do	fato”.	
6.1.3	EXIGIBILIDADE	DE	CONDUTA	DIVERSA
É	bem	verdade	que	para	existir	culpabilidade,	antes	deve	o	autor	ser	imputável	e
ter	conhecimento	da	ilicitude,	mas	somente	essas	duas	características	não
bastam,	exige-se,	ainda,	que	nas	circunstancias	existisse	ao	autor

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