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Técnicas de Pesquisa Demográfica

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TÉCNICAS DE PESQUISA 
DEMOGRÁFICA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Augusto dos Santos Pereira 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Estamos começando o curso de extensão sobre Técnicas de Pesquisa 
Demográfica. Nosso objetivo aqui é que, ao final dessa nossa conversa, 
tenhamos capacidade para trabalhar com esse tipo de pesquisa em projetos 
diversos, como aqueles envolvidos nos diversos tipos de planos estatais (planos 
diretores, planos de desenvolvimento integrado, planos de mobilidade etc.), bem 
como em atividades da iniciativa privada, como os estudos de impacto ambiental, 
que são realizados em meio a processos de licenciamento para 
empreendimentos com possível impacto significativo ao ambiente. 
A estrutura do curso apresenta os seguintes tópicos: 
• Tema 1 – Estudos Demográficos e Plano de Trabalho; 
• Tema 2 – Conceitos Básicos sobre o Censo Demográfico Brasileiro; 
• Tema 3 – Patamar Populacional e Crescimento Demográfico; 
• Tema 4 – Estrutura Etária; 
• Tema 5 – Densidade Demográfica, Migração e Movimento Pendular. 
TEMA 1 – ESTUDOS DEMOGRÁFICOS E ELABORAÇÃO DE PLANO DE 
TRABALHO 
1.1 Importância dos estudos demográficos 
Pesquisas demográficas são estudos voltados para o entendimento de 
uma determinada população a partir de inúmeros conceitos da Demografia, 
como: população absoluta, crescimento vegetativo, taxa de fecundidade, taxa de 
natalidade, taxa de mortalidade, expectativa de vida ao nascer, migrações, 
movimento pendular, densidades demográficas etc. Esses tipos de pesquisa 
apresentam enorme campo de aplicação tanto no âmbito do Poder Público, como 
na iniciativa privada. 
No que tange ao Poder Público, precisamos lembrar que, para sua 
adequada atuação em meio às demandas da sociedade, existe a previsão de 
elaboração de diversos planos temáticos. Assim, as diferentes esferas – federal, 
estadual e municipal – operam segundo planos para a saúde, para a educação, 
de desenvolvimento econômico, estratégicos, diretores (diretrizes urbanísticas 
municipais), de desenvolvimento urbano integrado (para regiões 
 
 
3 
metropolitanas), de mobilidade, de manejo de resíduos sólidos, de manejo de 
unidades de conservação etc. Em cada um desses planos, o entendimento das 
dinâmicas populacionais é fundamental para a elaboração de metas, 
identificação de potencialidades, condicionantes, riscos e oportunidades. 
O setor privado também necessita de uma boa compreensão de diversas 
dinâmicas populacionais para que possa realizar suas mais diversas operações. 
Assim, as atividades privadas contam com estudos de potencial de mercado, 
estudos de impacto ambiental ou estudos de impacto de vizinhança para 
licenciamento, entre tantas outras atividades que requerem adequado 
conhecimento demográfico. 
Por meio das pesquisas demográficas, é que podemos identificar áreas e 
crescimento populacional, diferentes perfis etários, composição de homens e 
mulheres na população, longevidade, áreas de concentração, tendências de 
crescimento, entre tantas outras questões importantes. 
1.2 O fluxo de trabalho dos planos estatais e as pesquisas demográficas 
No caso específico dos diversos tipos de estudos voltados para o 
planejamento estatal, os termos de referência das licitações usualmente 
apresentam a necessidade de desenvolvimento de um trabalho divido nas 
seguintes fases: 
1) Mobilização; 
2) Diagnóstico; 
3) Prognóstico; 
4) Proposta. 
Na fase de mobilização, as empresas contratadas para realização dos 
estudos devem mobilizar os atores interessados e que acompanharão os 
trabalhos (a comunidade afetada e interessada, agentes técnicos de órgãos 
relacionados, como secretarias estaduais, secretarias municipais e o Ministério 
Público, além de atores políticos), bem como a elaboração do plano de trabalho, 
ou seja, a metodologia por meio da qual cada uma das tarefas será executada, 
com seus prazos e responsáveis. 
Na fase de Diagnóstico, diversos estudos são realizados e entregues na 
forma de relatórios tecnicamente amparados, que devem ser amplamente 
divulgados. Em caso de estudos para planos diretores, por exemplo, equipes 
 
 
4 
técnicas multidisciplinares (urbanistas, engenheiros, geógrafos, sociólogos, 
economistas etc.) realizam diagnósticos sobre as condições sociais, territoriais 
e ambientais do município, conforme temas-eixo de interesse. 
Na fase de prognóstico, a partir dos diagnósticos realizados, são feitos 
exercícios de elaboração de cenários tendenciais. Assim, são vislumbrados os 
desdobramentos sociais, econômicos, ambientais, urbanísticos etc., que podem 
ocorrer no futuro. Nesta fase, é comum que a comunidade interessada seja 
chamada à participação para que demonstre qual o cenário futuro que deve ser 
pactuado, ou seja, aquele que os atores envolvidos devem buscar no intervalo 
de tempo do plano. 
Com base no cenário pactuado, é realizada a fase de propostas, em que 
as empresas de consultoria apresentam um plano de ações para que os 
objetivos traçados possam ser atingidos. Como em todas as demais, a 
participação democrática é necessária para consolidação desta fase. 
Nesse tipo de atividade, os fatores demográficos são fundamentais. São 
os fatores demográficos que podem indicar quais áreas apresentam conflitos de 
pressão populacional sobre os recursos. São esses estudos que permitem 
identificar se existem áreas que estão tendo configurações populacionais que 
demandam atendimentos específicos, como aqueles voltados para a saúde das 
crianças recém-nascidas, para a provisão de educação para jovens, para a 
promoção de empregos para os adultos ou para o atendimento das mais diversas 
necessidades dos idosos. 
Também é com base nesse tipo de estudo que se pode realizar projeções 
populacionais necessárias para identificar os possíveis custos futuros dos 
diferentes serviços e infraestruturas necessários para o atendimento das 
necessidades comunitárias. 
1.3 Plano de trabalho 
Por ser uma ciência riquíssima, a Demografia conta com uma quantidade 
significativa de conceitos e métricas que estão à disposição do pesquisador, para 
que possa realizar os mais diversos estudos, conforme a necessidade de seu 
projeto. O trabalho do pesquisador brasileiro também se encontra bastante 
amparado em uma grande quantidade de fontes de dados, em especial as 
diversas bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
 
 
5 
Há que se considerar, no entanto, que essa enorme diversidade de dados 
requer que o pesquisador não proceda a pesquisa sem, antes, realizar um plano 
de trabalho adequado ao projeto. Do contrário, uma sucessão de dados pode 
ser meramente colecionada, sem que haja real adição de valor analítico ou 
proposições adequadas para o encaminhamento dos diversos desafios que 
podem estar sendo enfrentados por uma determinada comunidade. 
Assim sendo, a primeira coisa a se destacar para a elaboração de um 
plano de trabalho é a identificação da pergunta principal do trabalho, e daquelas 
outras perguntas que derivam dessa questão principal. Em um plano diretor, 
pode ser: “Como a cidade de Brumadinho (MG) pode se desenvolver 
sustentavelmente nos próximos dez anos?”. Em um estudo de impacto 
ambiental, pode ser: “Qual o impacto que a instalação de uma indústria 
automotiva no município de Goiana (PE) terá sobre suas condições econômicas, 
sociais e ambientais?” No plano de mobilidade, podemos questionar: “Que áreas 
precisam de reforço das condições de mobilidade para o adequado atendimento 
da população?” 
A partir da pergunta central, outras tantas, mais específicas, podem ser 
realizadas. Se partimos do plano diretor de Betim, podemos nos perguntar: 
“Quais as áreas de maior fragilidade ambiental no município?”; “Quais as áreas 
com maior riscos à saúde e ao ambiente, por conta de ventos ambientais 
extremos ou por falhas em infraestruturas técnicas?”; “Quais áreas necessitam 
de maior investimentoem infraestruturas?”; “Quais áreas precisam de mais 
equipes de saúde da família?”; “Onde o zoneamento deve ser mais permissivo 
ou proibitiva para a ocupação?”; “Quais os custos futuros e o impacto no 
orçamento municipal para atendimento das necessidades dos munícipes?”. 
É com isso em mente que podemos criar um plano de trabalho coerente. 
Precisamos identificar como, entre tantos outros temas – renda, trabalho, 
desenvolvimento industrial, ambiente etc. –, a demografia pode auxiliar a 
responder a essas questões pertinentes ao desenvolvimento municipal. Esse 
tipo de exercício é de fato o que precisamos transpor para qualquer projeto em 
que estejamos trabalhando, considerando as suas especificidades. 
Assim, um plano de trabalho dae estudo demográfico deve prever as 
análises necessárias para responder a essas questões, identificando: 
• Quais os temas demográficos a serem abordados; 
 
 
6 
• Quais os produtos analíticos (tabelas, gráficos, mapas etc.) a serem 
desenvolvidos; 
• As fontes dos dados; 
• Os procedimentos para obtenção, tratamento, análise e divulgação dos 
dados. 
É preciso considerar que as fases dos projetos de estudo são altamente 
relacionadas, de maneira que não se deve querer responder a todas as questões 
de maneira estanque. De fato, o fluxo de trabalho deve contar com diferentes 
análises, que agregam crescentes graus de conhecimento. As análises assim 
podem ser descritivas, diagnósticas, prognósticas e prescritivas. 
A análise descritiva busca demonstrar os fenômenos demográficos que 
ocorrem na área de interesse: quais os patamares populacionais, quais as áreas 
que perdem e aquelas que ganham população, quais os volumes de migração, 
quais os principais destinos de mobilidade pendular, qual a estrutura etária da 
população etc. 
Com base nisso, são feitas análises diagnósticas, ou seja, são 
identificadas as razões pelas quais um determinado município tem perdido 
população, os motivos pelos quais uma determinada faixa etária apresenta 
menor contingente populacional do que outras, quais são as concentrações de 
serviços que podem estar fazendo com que uma determinada área esteja 
recebendo vultosos contingentes de pessoas em comutação diária para o 
trabalho, quais os tipos de impactos para as contas públicas ocorrerão em razão 
do crescimento populacional. É uma fase de integração interdisciplinar. 
Na análise prognóstica, são identificados quais são os cenários 
tendenciais, casos as dinâmicas observadas permaneçam, intensifiquem-se ou 
diminuam. Por sua vez, na análise prescritiva, são realizadas as propostas de 
ações para o encaminhamento dos desafios decorrentes das dinâmicas 
demográficas. 
Se tomarmos o exemplo de um Plano de Desenvolvimento Urbano 
Integrado, podemos pensar que a análise descritiva deva trazer as primeiras 
indicações sobre aspectos populacionais básicos da região. Assim, podemos 
realizar um plano de trabalho que preveja estudos sobre os seguintes tópicos: 
• Patamares populacionais dos municípios integrantes; 
• Padrão do crescimento populacional nas últimas décadas; 
 
 
7 
• Projeção populacional; 
• Identificação do padrão de densidades demográficas; 
• Estrutura etária da população; 
• Dinâmicas migratórias; 
• Dados de mobilidade pendular para o trabalho. 
Para cada um deles, devemos prever que tipos de produtos analíticos 
serão necessários, seus insumos e fontes, conforme o exemplo do Quadro 1. 
Quadro 1 – Temas, produtos analíticos, insumos e fontes de dados 
Tema Produtos Analíticos Insumos Fonte 
Patamares 
populacion
ais dos 
municípios 
integrantes 
• Tabela com 
população por 
município 
• Mapa com 
classificação dos 
municípios por 
patamar populacional 
• População Estimada 
para 2019 
• Malha Municipal em 
formato shapefile 
• Estimativas 
Populacionais 
do IBGE no 
SIDRA 
• Geoftp do 
IBGE 
Padrão do 
cresciment
o 
populacion
al nas 
últimas 
décadas 
• Gráfico com evolução 
da população urbana, 
rural e total 
• População, por 
situação do domicílio e 
município, para os 
anos censitários, de 
1970 a 2010. 
 
• Tabela 200 do 
SIDRA 
 
Projeção 
populacion
al 
• Gráfico de projeção 
populacional por 
município 
• Dados de População 
projetada por município 
 
• Bases de 
dados de 
órgãos de 
pesquisas da 
unidade da 
federação 
 
Identificaçã
o do 
padrão de 
• Mapa de densidade 
demográfica por 
• Dados tabulares dos 
resultados do universo 
Censo, agregados por 
• IBGE 
Downloads/Est
atísticas 
 
 
8 
densidades 
demográfic
as 
setor censitário de 
2010 
setores censitários de 
2010 
• Malha de Setores 
Censitários de 2010 
• IBGE 
Downloads/Ge
ociências 
Estrutura 
etária da 
população 
• Gráficos de pirâmide 
etária do recorte 
metropolitano entre 
1970 e 2010 
 
• População, por sexo, 
faixa etária e 
município, para os 
anos censitários, de 
1970 a 2010. 
 
• Tabela 200 do 
SIDRA 
 
Dinâmicas 
migratórias 
• Tabela com 
percentual de 
residentes do 
município por 
naturalidade 
• Tabela com lugar de 
residência anterior 
para moradores que 
se mudaram para o 
município nos últimos 
cinco anos (migração 
de data fixa) 
• Mapa de fluxos 
migratórios entre 
municípios 
metropolitanos 
 
• População com dados 
de migração por data 
fixa 
• População por 
naturalidade 
• Malha Municipal em 
formato shapefile 
• Microdados do 
Censo 2010 
• Downloads/Ge
ociências 
Dados de 
mobilidade 
pendular 
para o 
trabalho 
• Mapa de origens e 
destinos dos 
movimentos 
pendulares para 
trabalho e estudo em 
2010 
 
• População ocupada, 
com trabalho principal 
em município diferente 
daquele de moradia, 
com deslocamento e 
retorno diário 
• Microdados do 
Censo 2010 
• Downloads/Ge
ociências 
 
 
9 
• População matriculada 
em instituição de 
ensino regular em 
município diferente 
daquele de moradia 
• Malha Municipal em 
formato shapefile 
 
Em um segundo momento, análises diagnósticas e prognósticas podem 
ser realizadas. Usualmente, essas análises são consideradas análises 
integradas, pois os diversos temas são levados em consideração, de maneira 
interdisciplinar, para que se possa identificar as relações entre os diferentes 
fatores. Dessa forma, devemos prever a realização de avalição dos impactos do 
crescimento populacional sobre a demanda por infraestruturas e serviços 
(saúde, educação, saneamento básico etc.), sobre os gatos dos cofres públicos, 
bem como a identificação dos conflitos entre as tendências de adensamento 
populacional e as condições ambientais. 
Saiba mais 
Para vermos como um plano de trabalho é construído de forma a contar com 
as atividades que serão desenvolvidas nas pesquisas sobre diversos temas, 
inclusive a demografia, podemos acessar o Plano de Trabalho para a revisão do 
Plano Diretor de Canoinhas. 
TEMA 2 – CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O CENSO DEMOGRÁFICO 
BRASILEIRO 
A principal forma de aferição de dados demográficos é o censo 
demográfico. Assim, para que possamos fazer uma pesquisa demográfica de 
qualidade, precisamos conhecer alguns aspectos básicos sobre esse importante 
levantamento populacional. 
Desde meados do Século XIX, o Brasil contou com diversos 
recenseamentos (1872, 1890, 1990, 1920, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 
2000 e 2010). Com base nesses grandes projetos estatísticos, um enorme 
arcabouço de dados se encontra disponível para aqueles interessados nas 
 
 
10 
dinâmicas populacionais. Para fazer uso dessas bases de dados, é adequado 
que relembremos alguns conceitos básicos. 
A população absoluta é o conjunto de habitantes de uma determinada 
área (IBGE, 2013). Isso parece bastante simples, mas o conceito traz alguns 
complicadores que não podem ser ignorados em um levantamento censitário. 
Onde considerar o local de habitação de uma pessoa que tem dois domicílios, 
de um estrangeiro em visita ao país,de uma pessoa em custódia provisória das 
autoridades policiais, de um profissional que passa três meses em plataforma 
petrolífera, de uma criança que acaba de nascer em uma maternidade ou de 
alguém internado em hospital por mais de um ano? 
Para solução dessas e de outras tantas questões, o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) apresenta alguns critérios. O primeiro critério 
importante é a data de referência. A população absoluta de um país é 
considerada em uma determinada data específica (noite de 31 de julho para 
primeiro de agosto de 2010 foi a data de referência do censo daquele ano). 
Dessa forma, se uma criança estiver presente no momento da entrevista, mas o 
recenseador identificar que ela nasceu após a data de referência, ela não será 
contada. Por outro lado, se um morador tiver falecido até a data da entrevista 
(geralmente a maior parte das entrevistas é realizada em um período de três 
meses a partir da data de referência), mas estava vivo na data de referência, ele 
será contado e seus dados coletados pelo entrevistador. 
Outro elemento importante para identificação de morador é que não 
estivesse ausente do domicílio, na data de referência, por período superior a 12 
meses. Conforme mostra o Manual do Recenseador do IBGE, morador é a 
pessoa que: 
a) tem o domicílio como local habitual de residência e nele se encontrava na data 
de referência; 
b) embora ausente na data de referência, tem o domicílio como residência habitual, 
desde que essa ausência não seja superior a 12 meses, em decorrência dos 
seguintes motivos: 
• Viagem a passeio, a serviço, a negócios, de estudos etc.; 
• Internação em estabelecimento de ensino ou hospedagem em outro domicílio, 
pensionato, república de estudantes, visando facilitar a frequência a escola durante 
o ano letivo; 
• Detenção sem sentença definitiva declarada; 
• Internação temporária em hospital ou estabelecimento similar; e 
• Embarque a serviço (militares, petroleiros) (IBGE, 2010a, p. 52). 
A população absoluta contém vários agrupamentos demográficos: a 
população masculina, a população feminina, a população por determinados 
 
 
11 
grupos raciais e étnicos, a população em idade para o trabalho, entre outras 
tantas. Por essa razão, o questionário aplicado no recenseamento não lida 
somente com a contagem populacional geral, mas com informações que ajudam 
a identificar os diversos grupos que compõem a população absoluta. 
Para avançarmos no entendimento dos dados populacionais no Brasil, 
precisamos compreender que o recenseamento é um levantamento domiciliar, 
ou seja, são contados os habitantes do território com base em suas unidades 
domiciliares. Nesse sentido, para o IBGE, “domicílio é o local estruturalmente 
separado e independente que se destina a servir de habitação a uma ou mais 
pessoas, ou que esteja sendo utilizado como tal” (IBGE, 2010a, p. 56). 
Para navegarmos bem nos dados populacionais brasileiros, portanto, 
precisamos compreender o termo “domicílio”. Para tanto, observemos a Figura 
1. 
Figura 1 – Domicílio 
 
Fonte: elaborado com base em IBGE, 2010a, p. 60. 
Notamos que o domicílio conta com duas grandes categorias: o particular 
e o coletivo. O domicílio particular é aquele em que os habitantes têm “laços de 
parentesco, de dependência doméstica ou por normas de convivência” (IBGE, 
2010a, p. 61). São as casas, os apartamentos, as ocas em tribos indígenas etc. 
Os domicílios particulares podem ser permanentes ou improvisados. Os 
domicílios improvisados não contam com dependências destinadas 
exclusivamente à moradia ou se encontram em locais inadequados para 
Domicílio
Particular
Improvisado
Permanente
Ocupado
De uso ocasional
Vago
Improvisado
Ocupado
Coletivo
Com morador
Sem morador
 
 
12 
habitação (não confundir com locais de baixo padrão construtivo), tais como 
trailers, tendas, barracas, prédios em ruínas, além de dependências comerciais, 
como em bares ou bancas de revistas. 
Os domicílios permanentes são espaços construídos especificamente 
para habitação. Eles podem ser: vagos, sem moradores na data de referência; 
de uso ocasional, como as segundas residências, residências de veraneio 
comuns em áreas litorâneas ou no campo, além de repúblicas de estudantes que 
não são a principal moradia daqueles que ali ficam durante período de aulas; 
fechados, aqueles ocupados na data de referência, cujos moradores não foram 
encontrados durante o recenseamento, para os quais os dados serão estimados 
(interpolados); ocupados, aqueles que serviam de habitação na data de 
referência, em que um dos moradores foi encontrado pelo recenseador, tendo 
respondido ao questionário. 
O domicílio coletivo, por sua vez, é uma instituição ou estabelecimento em 
que os internos se encontram em relação de normas administrativas (IBGE, 
2010a, p. 70), tais como hotéis, asilos, orfanatos, presídios, hospitais com 
internação etc. 
Certas perguntas só fazem sentido comparativo para questionários 
aplicados a tipos específicos de domicílios. As perguntas sobre forma de 
esgotamento, por exemplo, são feitas em domicílios particulares permanentes 
ocupados, mas não em domicílios coletivos ou improvisados. Por isso é que os 
conceitos de domicílios são importantes para quem vai tratar com dados 
populacionais via censo demográfico. 
TEMA 3 – PATAMAR POPULACIONAL E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO 
3.1 Patamar populacional 
Agora que entendemos sobre a produção do plano de trabalho de 
pesquisa demográfica e que temos em mente alguns conceitos básicos do 
Censo, podemos passar aos procedimentos práticos para as análises de 
patamares populacionais e de crescimento demográfico, com base no fluxo de 
trabalho de obtenção, tratamento, análise e divulgação de dados. 
No fluxo de trabalho para o diagnóstico demográfico de uma região 
metropolitana, ou de qualquer outro recorte, avaliamos o patamar populacional 
dos municípios pertencentes à unidade regional. Isso pode ser feito com base 
 
 
13 
nos dados censitários, ou nas estimativas populacionais, caso os dados 
censitários já se encontrem defasados. 
Com isso em mente, podemos passar à obtenção dos dados a partir do 
sítio eletrônico do IBGE, mais precisamente no Sistema IBGE de Recuperação 
Automática – SIDRA –, que se encontra em <www.sidra.ibge.gov.br/>. Neste 
endereço, uma aba aparecerá quando clicarmos na opção “Pesquisas”, na 
porção superior, revelando a opção “População”. Ao selecionarmos essa opção, 
podemos clicar no botão “Estimativas da População”. 
Na tabela 6579, escolhemos o ano com o qual gostaríamos de trabalhar 
e as unidades territoriais para as quais os dados devem ser obtidos. Podemos 
seguir o exemplo da Figura , selecionando o ano de 2019 e os municípios 
pertencentes à região metropolitana de Salvador. 
Figura 2 – Seleção dos municípios na tabela 6579 do SIDRA 
 
Fonte: IBGE (2020a). 
Como resultado, o SIDRA deve nos retornar uma tabela como aquela 
representada pela Figura 3. Comumente, é adequado que sejam inseridos os 
códigos dos municípios de interesse, o que pode ser feito no canto superior 
esquerdo desta tela de resultados, ao selecionar a “opções de visualização” 
(símbolo de um olho), em que encontramos a opção “códigos”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
Figura 3 – Resultado da tabela 6579 do SIDRA 
 
Fonte: IBGE (2020a). 
No canto superior direito, podemos selecionar “Funções” e optar por 
baixar os dados em formato XLSX, para Microsoft Excel ®, ou ODS, para 
softwares de planilhas com código aberto, como o LibreOffice Calc ®. 
Com o arquivo em nossos computadores, podemos passar ao tratamento 
dos dados, para que eles possam compor o nosso relatório técnico. Entre as 
atividades de tratamento, vamos procurar por valores faltantes, duplicidades, 
valores nulos, além de geração de novas medidas. 
Neste caso específico, os dados não parecem discrepantes e não há 
valores nulos ou zerados, restando-nosapenas a tarefa de criar uma linha para 
o total da região metropolitana, com a soma dos valores de todos os municípios. 
Como procedimentos voltados para a divulgação, partindo-se da nossa 
preocupação em apresentar dos dados com base em produtos analíticos 
sintéticos e elegantes, podemos adequar a formatação para o padrão a ser 
utilizado no relatório. Assim, fazemos a adequação do título, a retirada dos 
códigos e da sigla da unidade da federação em cada linha, o arranjo dos 
municípios em ordem decrescente de população, a retirada das cores e a 
padronização das bordas. Como resultado, temos a Tabela 1 pronta para fazer 
parte do nosso relatório. 
 
 
 
 
 
 
15 
Tabela 1 – População Estimada para os Municípios da Região Metropolitana de 
Salvador 
Município População 
Salvador 2.886.698 
Camaçari 304.302 
Lauro de Freitas 201.635 
Simões Filho 135.783 
Candeias 87.458 
Dias d'Ávila 82.432 
Mata de São João 47.126 
São Sebastião do Passé 44.430 
Vera Cruz 43.716 
São Francisco do Conde 40.245 
Pojuca 39.972 
Itaparica 22.337 
Madre de Deus 21.432 
Total RMS 3.957.566 
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em IBGE (2020a). 
É aqui que podemos fazer a análise, a partir de comparações, 
identificações de padrões, efetuação de agrupamentos e da observação de 
correlações nos dados. No caso da Região Metropolitana de Salvador, notamos 
que, entre os 12 municípios integrantes, existem certos agrupamentos claros de 
patamares populacionais. Em primeiro lugar, temos Salvador, com seus quase 
3 milhões de habitantes. Isso demonstra a elevada concentração populacional 
no polo metropolitano (quase 73% da população). 
Em seguida, temos os municípios com porte populacional médio, com 
variação entre aproximadamente 135 e 304 mil habitantes (Camaçari, Lauro de 
Freitas e Simões Filho). Na sequência, encontram-se municípios que 
apresentam entre 40 e 87 mil habitantes (Candeias, Dias d’Ávila, Mata de São 
João, São Sebastião do Passé, Vera Cruz e São Francisco do Conde). Por fim, 
encontram-se os municípios com mais baixos patamares populacionais (Pojuca, 
Itaparica e Madre de Deus). 
A esse tipo de descrição básica inicial, podemos adicionar análises mais 
sofisticadas, conforme formos acrescentando novos dados e a partir do 
problema em questão para nosso projeto. Podemos, por exemplo, avaliar efeitos, 
consequências, dependências, causas, existência de processos de reforços, 
 
 
16 
entre mais, que expliquem como esses diferentes grupos de municípios podem 
contar com dinâmicas distintas na economia, no desenvolvimento social, no seu 
papel de provisão de serviços ambientais no contexto metropolitano, em função 
das condições populacionais particulares. Essa avaliação ainda contará com 
avanços importantes, se plotarmos em mapa esses dados, para que possamos 
verificar padrões de distribuição espacial de população na região de interesse. 
3.2 Crescimento demográfico 
Podemos adicionar a essa visão estanque sobre a distribuição dos 
patamares populacionais entre os municípios, uma exposição dos ritmos de 
crescimento populacional da região ao longo do tempo, segundo as áreas 
urbanas e rurais. 
Para tanto, podemos ir à tabela 200 do SIDRA. Para encontrar esta tabela, 
no sítio <www.sidra.ibge.gov.br/>, pesquisamos por 200 na caixa de digitação 
que aparece quando selecionamos o ícone de lupa no canto superior direito da 
tela inicial do sistema. 
A tabela 200 é fonte de muitos dados importantes em análises 
demográficas. Para a obtenção dos dados, vamos optar por situação do domicílio 
“Total”, “Urbana”, “Rural” e, na opção de seleção para anos, vamos optar por 
todos, entre 1970 a 2010. Novamente, vamos escolher todos os municípios que 
se encontram dentro da região metropolitana de Salvador. Não devemos 
escolher somente a região metropolitana, mas todos os municípios dela, como é 
o caso exemplificado anteriormente, na Figura . 
O SIDRA nos trará o resultado abaixo, que deveremos baixar para o nosso 
computador em formato XLSX ou ODS, a partir das respectivas opções no menu 
Funções. O tratamento desses dados passa pela substituição dos valores nulos 
(...), por 0. Isso é feito com o atalho Ctrl+U, no Excel. Na caixa de diálogo que 
surgirá, basta seguir o exemplo da Figura 4. 
Figura 4 – Caixa de diálogo localizar e substituir 
 
 
 
17 
Fonte: IBGE (2020b). 
Precisamos também inserir uma soma dos valores em cada coluna, para 
formar uma nova linha com o total da população metropolitana entre 1970 e 
2010, conforme mostra a Figura 5. 
Figura 5 – Inserção de soma para obter o total da região metropolitana de 
salvador 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
Em seguida, devemos fazer uma nova tabela, com essas somas, 
conforme a Figura . 
Figura 6 – Nova tabela com a população total metropolitana por ano e situação 
do domicílio 
 
Essa tabela é a que deve ser utilizada como referência para que 
possamos fazer um gráfico de linhas. Para tanto, selecionamos as células 
representadas acima e, no menu Inserir, do Excel, encontramos o bloco sobre 
gráficos, onde encontraremos as opções de gráficos de linhas empilhadas com 
marcadores, como mostra Figura . 
 
 
 
 
 
 
18 
Figura 7 – Seleção de gráfico de linhas 
 
Fonte: Excel. 
O Gráfico 1 se encontra pronto para que possamos fazer as análises, 
em nosso relatório técnico. 
Gráfico 1 – Seleção de gráfico de linhas 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
Segundo o Gráfico 1, podemos notar que, desde a década de 1970, o 
crescimento populacional total foi bastante expressivo na Região Metropolitana 
de Salvador, que passou de 1,2 milhões para quase 3,6 milhões de habitantes, 
praticamente o triplo em um intervalo de 40 anos. 
Nota-se que esse acréscimo foi dado, eminentemente, por conta do 
crescimento urbano. De maneira geral, a população rural passou por um 
processo de diminuição, deixando o patamar de 102,5 mil habitantes, em 1970, 
para 67,8 mil, em 2010. 
Isso é bastante condizente com uma região metropolitana, em que o 
esperado é uma forte dinâmica de urbanização. No entanto, a permanência de 
ritmos tão elevados de crescimento no futuro pode trazer diversos desafios para 
a região, sobretudo no que diz respeito à capacidade de investimento do Estado 
para infraestrutura e serviços à população, bem como para a formação de 
1.211.950 
3.573.973 
1.109.358 
3.506.152 
102.592 67.821 
 -
 1.000.000
 2.000.000
 3.000.000
 4.000.000
1970 1980 1991 2000 2010
Total Urbana Rural
 
 
19 
condições econômicas para incorporação de consideráveis contingentes 
populacionais ao mercado de trabalho. 
TEMA 4 – ESTRUTURA ETÁRIA 
Pirâmide Etária é a estrutura formada pela participação de grupos de 
diferentes faixas de idade em uma determinada população. O gráfico de pirâmide 
etária é a forma como essa estrutura é classicamente analisada. O IBGE o 
conceitua como a “representação gráfica da distribuição da população de um 
país por sexo e faixas de idade” (IBGE, 2013, p. 212). 
Para analisar a estrutura etária, teremos um fator facilitador, que é poder 
utilizar a tabela 200 do SIDRA, a mesma com a qual se trabalham os dados de 
crescimento populacional urbano e rural entre 1970 e 2010. No ambiente de 
seleção de parâmetros do SIDRA, em <https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/200>, 
vamos manter a “variável” como “População residente” (não trabalharemos com 
percentual), conforme mostra a Figura 8. 
Figura 8 – Seleção de variável no SIDRA 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
Na opção “Sexo”, vamos retirar o “Total” e optar por “Homens” e 
“Mulheres”, seguindo o que mostra a Figura . 
Figura 9 – Seleção de sexo no SIDRA 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
 
 
20 
Na opção sobre “Situação do domicílio” (Figura ), vamos escolher Total, 
desabilitando “Urbano” e “Rural”. 
Figura 10 – Seleção de situação do domicílio 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
Em “Grupos de idade”, não podemos nos esquecer de desabilitar a opção“Total”. Os grupos de idade que queremos são: “0 a 4 anos”; “5 a 9 anos”; “10 a 
14 anos”; “15 a 19 anos”; “20 a 24 anos”; “25 a 29 anos”; “30 a 34 anos”; “35 a 
39 anos”; “40 a 44 anos”; “45 a 49 anos”; “50 a 54 anos”; “55 a 59 anos”; “60 a 
64 anos”; “65 a 69 anos”; “70 a 74 anos”; “75 a 79 anos”; “80 anos ou mais [1970, 
1980, 1991]”; “80 a 84 anos [2000, 2010]”; “85 a 89 anos [2000, 2010]”; “90 a 94 
anos [2000, 2010]”; “95 a 99 anos [2000, 2010]”; “100 anos ou mais [2000, 2010]” 
– Figura . 
Figura 1 – Seleção de grupo de idade 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
Em “Ano” (Figura ), optemos por todos os anos, de 1970 a 2010. 
 
 
21 
Figura 2 – Seleção de ano no SIDRA 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
Em “Unidade Territorial”, optemos por “Município”; em “Região 
Metropolitana”, indiquemos “Salvador”, para termos os dados de todos os 
municípios da unidade (Figura ). 
Figura 3 – Seleção de unidade territorial 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
Em “Layout”, devemos deixar o grupo de idades na linha e todos os 
demais itens como colunas, conforme mostra a Figura 4. 
Figura 4 – Configuração de layout 
 
Fonte: IBGE (2020b). 
 
 
22 
Agora basta baixar o arquivo XLS, ou ODS, e estaremos com a etapa de 
obtenção concluída. Precisamos passar agora ao tratamento dos dados. 
Vamos preservar os dados originais em sua própria aba e trabalhar com 
uma cópia. Assim, caso algo saia errado, teremos o dado original para 
recomeçar. Vamos criar uma aba. Nela vamos gerar a estrutura dos dados como 
deve ser após do tratamento, conforme a Figura 5. Para isso, podemos copiar 
os títulos de linhas e colunas da tabela original do IBGE. Notemos, no entanto, 
que a faixa etária deve encerrar em 80 anos ou mais, pois existem edições do 
Censo em que não há faixas quinquenais para além de 80 anos. 
Figura 5 – Estrutura de dados de faixa etária e sexo 
 
Fonte: Excel. 
Na tabela original, precisamos retirar informações que não têm valor 
numérico, como as reticências, que indicam que o município não tem dados para 
aquele ano (casos em que não havia pessoas naquela faixa etária, ou quando o 
município ainda não existia). Vamos substituir essas reticências por 0. Isso pode 
ser feito ao utilizarmos o atalho Ctrl+U, que trará a caixa de diálogo “Localizar e 
Substituir”, em que colocaremos as reticências no campo “Localizar” e 0 no 
campo “Substituir por”, conforme mostra a Figura 6. 
Figura 6 – Caixa de diálogo localizar e substituir 
 
Fonte: Excel. 
 
 
23 
Na nova tabela que criamos, com a estrutura final dos dados, precisamos 
inserir fórmulas de soma que abranjam todos os valores de população para um 
determinado sexo, faixa etária e ano do levantamento censitário, conforme 
mostra a Figura 7. Existem especificidades com as quais devemos tomar 
cuidado, como o caso da faixa de 80 anos ou mais, pois a fórmula será um pouco 
diferente para encampar todas as faixas além dos 80 anos na tabela original. 
Figura 7 – Soma de valores para faixa etária, por sexo e ano da edição do censo 
 
Cada coluna deverá ter suas próprias referências para a função “soma”. 
Isso dá margem para erros. Por essa razão, devemos fazer uma linha com os 
totais, com a soma dos valores, para que possamos conferir se a soma da 
população bate com o total da tabela. No final, devemos ter no Excel algo como 
o que é mostrado a seguir (Figura 8). 
Figura 8 – Tabela com as somas das faixas etárias por sexo e edição do censo 
 
Fonte: Excel. 
Um truque importante para fazer a pirâmide etária no Excel é transformar 
os valores referentes a um dos sexos em negativos, para que as barras se 
apresentem em direções opostas. Assim, primeiramente, copie todos os valores 
da tabela; com o botão direito do mouse, selecione a opção “colar especial”; em 
 
 
24 
seguida, a opção valores. Assim, os dados não estarão mais referenciados por 
uma fórmula, mas serão dados absolutos (Figura 9). 
Figura 9 – Tabela com as somas das faixas etárias por sexo e edição do censo 
 
Fonte: Excel. 
Em seguida, é possível acrescentar o valor -1 em qualquer célula em 
branco, copiá-lo e, sobre as colunas cujos valores serão tornados negativos, com 
o botão direito do mouse, selecionar a opção “colar especial” e, em seguida, 
“multiplicação”. Assim, os valores serão multiplicados por -1, transformando-os 
em valores negativos ( 
Figura 10). 
Figura 10 – Transformação de coluna em valores negativos 
 
Fonte: Excel. 
Agora, podemos selecionar as células correspondentes ao dado que 
queremos plotar em gráfico. No menu “inserir”, optar por “Barras 2D”, “Barras 
empilhadas”. Isso nos dará uma representação, conforme o Gráfico 2, que 
mostra já estarmos no caminho, mas que ainda precisa de muitos ajustes, tais 
como a retirada do título, a realocação dos rótulos do eixo vertical e a estipulação 
dos limites de intervalos. 
 
 
25 
 
Gráfico 2 – Pirâmide etária da região metropolitana de salvador inacabada 
 
Fonte: Pereira, 2021. 
Ao clicar sobre os rótulos das faixas etária, com o botão direito do mouse, 
teremos a opção “Formatar Eixo”. Nela, poderemos verificar as opções de 
rótulos, em que se pode selecionar a opção “Inferior” em “Posição do Rótulo” ( 
Figura 11). 
Figura 11 – Seleção da posição do rótulo 
 
Fonte: Excel. 
Ao clicarmos, com o botão direito, nos rótulos do eixo horizontal, em que 
se encontram os números referentes à população, teremos novamente a opção 
de eixos. Em “Formatar Eixo” (Figura 12), devemos optar para que os limites 
sejam condizentes com os valores máximos apresentados no mapa, como 
-150.000 -100.000 -50.000 - 50.000 100.000 150.000
0 a 4 anos
10 a 14 anos
20 a 24 anos
30 a 34 anos
40 a 44 anos
50 a 54 anos
60 a 64 anos
70 a 74 anos
80 anos ou mais
Título do Gráfico
Homens Mulheres
 
 
26 
mostra o exemplo a seguir, em que o gráfico de 1970 passou a contar com limites 
entre -100.000 e mais 100.000. 
 
Figura 12 – Mudança dos limites do eixo horizontal 
 
Fonte: Excel. 
Nosso gráfico está mais próximo da sua apresentação final, mas os limites 
ainda são apresentados em valores negativos para mulheres. Ainda na opção 
dos eixos, temos que personalizar o número, como na 
Figura 13. 
Figura 13 – Personalização do formato numérico 
 
Fonte: Excel. 
 
 
27 
Agora temos um material que pode ser utilizado na análise da estrutura 
etária da Região Metropolitana de Salvador. Podemos notar que, segundo o 
Gráfico 3, em 1970, a pirâmide etária tinha claras características de 
subdesenvolvimento, em que as taxas de natalidade são elevadas, mas a taxa 
de mortalidade também, o que faz a expectativa de vida ser baixa. Por essa 
razão, a base da pirâmide é bastante ampla, com ingresso de muitas crianças; 
contudo, a cada faixa etária, tem-se uma proporção menor de pessoas. Os 
idosos são pouco representativos em termos de patamares populacionais, 
indicados por um topo bastante estreito. 
Gráfico 3 – Pirâmide da região metropolitana de salvador em 1970 
 
Fonte: Pereira, 2021. 
Em 2010, no entanto, nota-se um cenário bastante distinto, como é 
possível observar no Gráfico 4. A base do gráfico estreitou significativamente, a 
ponto de não ter mais uma aparência piramidal. Isso indica uma diminuição 
significativa de taxa de natalidade. Há um predomínio significativo de população 
em idade para o trabalho, o que é uma oportunidade para formação de poupança 
e para produtividade do trabalho, de maneira a garantir o desenvolvimento 
regional. 
Gráfico 4 – Pirâmide da região metropolitana de salvador em 2010 
100000 50000 0 50000 100000
0 a 4 anos
10 a 14 anos
20 a 24 anos
30 a 34 anos
40 a 44 anos
50 a 54 anos
60 a 64 anos
70 a 74 anos
80 anos ou mais
Homens Mulheres
 
 
28 
 
Fonte: Pereira, 2021. 
Os idosos, no entanto, embora sejam em números absolutos muito 
superiores do que na década de 1970, ainda têm representação relativa muito 
inferior, o que demonstra a necessidade de ampliação dascondições de 
qualidade de vida para ampliação da longevidade. Ademais, o crescimento 
absoluto de idosos levanta questões sobre a capacidade de atendimento dos 
sistemas de saúde para essa população, bem como para a formação de 
condições de pagamento de pensões e aposentadorias. 
Saiba mais 
O Plano de Desenvolvimento da Metrópole Paraná Norte pode ser um 
adequado exemplo para identificarmos os resultados desse tipo de pesquisa. O 
Plano se encontra no link. 
TEMA 5 – DENSIDADE DEMOGRÁFICA, MIGRAÇÃO E MOVIMENTO 
PENDULAR 
A avaliação das densidades demográficas é extremamente importante em 
trabalhos técnicos diversos. Em planos de manejo de Áreas de Proteção 
Ambiental (APAs), é preciso saber se as densidades estão compatíveis com as 
condições ambientais da unidade de conservação. Em estudos de impacto 
ambiental ou estudos de impacto de vizinhanças, é preciso se saber como as 
condições de densidade demográfica podem configurar um fator relevante a ser 
considerado no impacto da instalação e funcionamento dos novos 
200000 150000 100000 50000 0 50000 100000 150000 200000
0 a 4 anos
10 a 14 anos
20 a 24 anos
30 a 34 anos
40 a 44 anos
50 a 54 anos
60 a 64 anos
70 a 74 anos
80 anos ou mais
Homens Mulheres
 
 
29 
empreendimentos. Nos planos diretores municipais, ou nos planos de 
desenvolvimento integrado das regiões metropolitanas, é necessário observar 
como os diferentes níveis de densidade podem estar em acordo/desacordo com 
o suporte ambiental e com as condições de infraestrutura, o que vai implicar 
adequação da legislação de zoneamento de usos e ocupação. 
Diante disso, devemos entender como produzir avaliações sobre as 
densidades populacionais intramunicipais. Para tanto, os dados a serem 
utilizados são aqueles referentes aos setores censitários do IBGE. Os arquivos 
para uso em softwares de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) podem 
ser encontrados no site do instituto. Exemplos dos setores podem ser 
observados na Figura 14, que mostra essas divisões territoriais para o município 
de Colombo/PR, em 2000 e 2010. 
Figura 14 – Setores censitários 2000 e 2010 para Colombo/PR 
 
Fonte: elaborado com base em IBGE, 2000a; 2010a e Google Earth, 2017. 
Embora não caiba no escopo de nosso curso entrar nos detalhes do 
processo de criação do mapa anterior, podemos nos ater a algumas boas 
práticas para que a sua elaboração seja profícua no trabalho analítico. Em 
estudos de escala intraurbana, um mapa de densidade demográfica que seja 
elaborado por setores censitários, deve ser referenciado em número de 
habitantes por hectare, não em quilômetros quadrados. Como um hectare 
corresponde a uma quadra de 100 metros por 100 metros, as classes no mapa 
se tornam bastante intuitivas. Vejamos a Figura 15. 
 
 
30 
Figura 15 – Densidades demográficas dos setores censitários em Colombo/PR 
em 2000 e 2010 
 
Fonte: elaborado pelo autor com base em Technum, 2018. 
5.2 Migrações 
A avaliação de migrações pode ajudar a identificar centralidades que se 
encontram em expansão populacional em relação a áreas de perda, o que pode 
indicar áreas em que serão necessários maiores investimentos para moradia, 
nos polos receptores, enquanto se terá que considerar as razões pelas quais 
certas áreas podem estar perdendo significativos contingentes populacionais. 
Por vezes, isso repousa em condições de estagnação econômica local, 
fenômeno que pode recrudescer, justamente pela perda de pessoas em idade 
para o trabalho. 
A seguir, na Figura 16, temos um exemplo que podemos explorar, na 
forma de um mapa de movimentos migratórios com data fixa (2005). 
Figura 16 – Movimento migratório entre municípios da metrópole Paraná Norte 
– 2005 a 2010 
 
 
31 
 
Crédito: João Miguel. 
A figura anterior pode ser elaborada em softwares de SIG, em 
procedimentos bastante manuais, com o desenho de cada uma das setas, 
individualmente, iniciando-se em uma matriz de origem e destino que pode ser 
feita com base nos dados do Censo para migração de data fixa, com base nos 
microdados censitários, disponível no site do IBGE. 
Podemos observar como, no Estudo da Metrópole Paraná Norte, 
significativos movimentos migratórios ocorrem a partir de Maringá, polo 
metropolitano, para os municípios de seu entorno. Isso indica que, com o 
aumento dos custos de vida e de moradia de Maringá, muitos residentes passam 
a procurar áreas mais baratas no entorno. Uma menor parcela dessa migração 
é composta por famílias que buscam condições de vida mais amenas em 
condomínios rurais. Em todos os casos, ocorre é que a concentração das 
atividades econômicas mais dinâmicas permanece em Maringá. Com isso, os 
municípios do entorno passam a ser demandados em serviços públicos e 
infraestruturas para atendimento da população, sem, com isso, passarem por 
maiores ganhos de arrecadação em impostos de serviços. 
Os Microdados do Censo também permitem que sejam obtidas 
informações de origem e destino de movimento pendular para o trabalho e o 
estudo. No entanto, trabalhar com os microdados é uma tarefa que demanda 
bastante, exigindo conhecimento de softwares de estatística ou linguagens de 
programação. Assim, uma saída é solicitar essas informações nos canais de 
 
 
32 
atendimento em cada unidade da federação, pelos telefones disponíveis em 
<https://www.ibge.gov.br/atendimento.html>. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao longo deste curso, observamos a importância dos estudos 
demográficos para a iniciativa privada e para o Poder Público. No contexto dos 
diversos planos em que se pautam as atividades do Poder Público, observamos 
a importância de uma realização adequada do plano de trabalho, que deve 
conter os tipos de produtos analíticos e suas fontes para a realização de 
pesquisas demográficas. 
Vimos, também, alguns conceitos básicos do Censo Demográfico, como 
data de referência, morador e domicílio, com seus diversos subtipos. 
Em uma abordagem mais prática, passamos a verificar como obter, tratar, 
analisar e divulgar dados sobre patamares populacionais, crescimento 
demográfico e estrutura etária. Vimos, ainda, alguns aspectos importantes de 
produtos analíticos para análise da densidade demográfica, da migração e do 
movimento pendular. 
Com base nesses conhecimentos, podemos passar a fazer nossos 
exercícios, para termos uma adequada capacidade de preparação de produtos 
analíticos importantes em diagnósticos socioeconômicos. 
INDICAÇÃO DE 2 ARTIGOS 
OLIVEIRA, L. A. P. DE; SIMÕES, C. C. DA S. O IBGE e as pesquisas 
populacionais. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 22, n. 2, p. 
291–302, 2005. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-
30982005000200007&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 7 jul. 2021. 
BUENO, M. DO C. D.; D’ANTONA, A. DE O. A Geografia do Censo No Brasil: 
Potencialidades e Limites dos Dados Censitários em Análises Espaciais. 
GEOgraphia, v. 19, n. 39, p. 16–28, 2017. Disponível em: 
<https://periodicos.uff.br/geographia/article/view/13783>. Acesso em: 7 jul. 
2021. 
 
 
 
33 
REFERÊNCIAS 
GOOGLE EARTH V 7.3.3.7721 (2017). Município de Colombo, Paraná: mosaico 
de imagens de satélite (set. 2017). Cnes, Airbus e Maxar. Disponível em: 
<http://www.earth.google.com>. Acesso em: 7 jul. 2021. 
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ; THE WORLD BANK. Produto 06 – 
relatório de contextualização final. Curitiba: COBRAPE//URBTEC, 2019. 
Disponível em: 
<http://www.planejamento.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/docum
ento/2020-08/4_1.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2021. 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual do 
Recenseador - Censo Demográfico. Rio de Janeiro: COC, 2010a. 
_____. Malha de setores censitários. Rio de Janeiro, DGC, 2000A. Disponível 
em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2021. 
_____. Malha de setores censitários. Rio de Janeiro: DGC, 2010A. Disponível 
em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2021._____. GLOSSÁRIO. Atlas do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro, SDI, 
2013. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/>. Acesso em: 7 
jul. 2021. 
_____. GLOSSÁRIO. IN: Atlas do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro, 
CDDI, 2013. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/>. 
Acesso em: 7 jul. 2021. 
_____. Tabela 6579: População Residente Estimada. 2020a. Disponível em: 
<https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6579>. Acesso em: 7 jul. 2021. 
_____. Tabela 200 - População residente, por sexo, situação e grupos de idade. 
2020b. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/200>. Acesso em: 7 jul. 
2021. 
TECHNUM. Malhas cartográficas da revisão do plano diretor de Colombo. 
Brasília: 2018. 
URBTEC; COBRAPE. Diagnóstico da metrópole Paraná Norte – Vol. I, Sócio-
Territorial. Curitiba: Seplan, 2019. Disponível em: 
<http://www.planejamento.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/docum
ento/2020-08/4_1.pdf>. Acesso em 21 nov. 2020. 
https://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/

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