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Seminário sobre gravidez na adolescência

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 
Segundo a (OMS) adolescência é o período compreendido entre 10 e 19 anos de idade e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8069, 1990), considera adolescência o período entre 12 anos até 18 anos incompletos.
A gravidez na adolescência é muitas vezes encarada de forma negativa do ponto de vista emocional e financeiro das adolescentes e suas famílias, o que altera drasticamente suas rotinas.
De acordo com dados do relatório publicado em 2018 pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Anualmente cerca de 18% dos brasileiros nascidos são filhos de mães adolescentes. Isso representa 400 mil casos por ano. No mundo, por ano, são aproximadamente 16 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos; e 2 milhões de adolescentes menores de 15 anos
Segundo a ONU - Organização das Nações Unidas, no Brasil, a taxa é de 62 adolescentes grávidas para cada mil jovens do sexo feminino na faixa etária entre 15 e 19 anos. O índice é maior que a taxa mundial, que corresponde a 44 adolescentes grávidas para cada mil.
O Censo de 2010 indica que na faixa etária de 11 a 17 anos 34% das meninas já tinham tido pelo menos um filho e que a maioria dessas mães era ou já tinha sido casada ou vivido em união consensual. Das adolescentes nessa mesma faixa que nunca viveram com cônjuge ou com companheiro, menos de 1% tinham tido filho, enquanto que 33% das que viviam e 40% das que tinham vivido com o marido tinham tido ao menos um filho.
A maioria das adolescentes que engravida abandona os estudos para cuidar do filho, o que aumenta os riscos de desemprego e dependência econômica dos familiares.
Esse fatores contribuem para o aumento da pobreza, baixo nível de escolaridade, abuso, violência familiar, tanto à mãe como à criança.
Além disso, a ocorrência de mortes de bebês é alta em filhos de mães adolescentes.
A situação socioeconômica, a falta de apoio e de acompanhamento da gestação (pré-natal) contribui para que as adolescentes não recebam informações adequadas em relação à alimentação, importância da amamentação, a vacinação da criança.
Também é grande o número de adolescentes que se submetem a abortos inseguros, usando substâncias e remédios para abortar ou em clínicas clandestinas, que pode trazer grandes riscos para a saúde da adolescente e até mesmo risco de vida, sendo uma das principais causas de morte materna.
COMPLICAÇÕES QUE PODEM OCORRER NA GRAVIDEZ DA ADOLESCÊNCIA:
Segundo Beretta (1995; Brasil 1993; OMS 1994), examinando alguns trabalhos na área, podemos descrever pelo menos seis complicações mais comuns:
* Uma delas é o baixo peso e a prematuridade do bebê, decorrente da imaturidade anátomo-fisiológica; 
* Toxemia gravídica, que aparece nos últimos três meses de gestação e principalmente na primeira gravidez das jovens podendo ocorrer desde pré-eclâmpsia, eclâmpsia, convulsão até coma e alto risco de morte da mãe e do bebê;
* Outra complicação pode ocorrer é no momento do parto, o qual pode ser prematuro, demorado, com necessidade de cesária e com risco de ruptura do colo do útero;
* Infecções urogenitais, decorrentes de parto feito em más condições;
* Risco de anemia: a adolescente, em fase de crescimento necessita de boa alimentação e na gravidez a necessidade é ainda maior, podendo ocasionar prematuridade no parto e baixo peso do bebê;
* A última seria retardo do desenvolvimento uterino, que a gravidez precoce pode ocasionar.
Essas ações acarretam prejuízos às crianças, gerando um impacto na saúde pública, além da limitação no desenvolvimento pessoal, social e profissional da gestante.
ESCOLARIZAÇÃO
Os dados do IBGE indicam que, em 2013, 88,4% das meninas de 15 a 17 anos que não tinham filhos estudavam, enquanto somente 28,4% daquelas que tinham um filho ou mais estavam estudando. 
Já durante a gravidez, as adolescentes abandonam escola e emprego, e quando estudam, frequentam a escola no máximo até o sétimo mês de gravidez (SOF 1997). 
Entre fatores que determinam a saída da escola antes do nascimento do filho estão: constrangimento e pressões de diretores, professores, colegas, e até mesmo, pais de colegas. Alguns pais dessas adolescentes grávidas, também contribuem para esse abandono da escola, por preferirem esconder a situação "vexatória" da gravidez de sua filha. 
Após o nascimento do filho, diante das dificuldades em encontrar vaga em uma creche gratuita, a adolescente busca o apoio da sua família para ficar com o bebê durante sua jornada de trabalho, o que torna ainda mais frágil sua relação com o filho. 
No fim do dia, ir à escola diante desse contexto torna-se praticamente impossível. Isso significará menor qualificação e menos chances de competir no mercado de trabalho, fazendo com que essa adolescente se submeta a trabalhos informais e com baixa remuneração (Bruschini, 1996).
A menor escolaridade é uma característica geral das adolescentes que tiveram filho, independentemente de seu nível de renda ou sua residência (áreas urbanas ou rurais) (Henriques e colaboradores 1989).
A educação sexual necessária
Educação Sexual - quem deverá realizá-la?
A literatura aponta grandes possibilidades dos programas preventivos realizados por agentes comunitários (Montrone 1997; Poster e Zimmer 1995; Riedmiller 1995; Rodriguez, McFarlane e Fehir 1994; Souza e Lima 1988). 
Os postos de saúde também podem contribuir com ações educativas voltadas a adolescentes de ambos os sexos e adolescentes grávidas. 
Grande parte das ações do Ministério de Saúde para o atendimento da adolescente grávida refere-se a processos educativos, como:
Treinamento dos profissionais, esclarecimentos à família, fornecimento de informações sobre planejamento familiar, esclarecimentos sobre gravidez, parto, cuidados com o bebê e amamentação, entre outros, e à formação de uma "equipe multiprofissional, com disponibilidade, flexibilidade e sensibilidade para atender às necessidades dos adolescentes" (Brasil s/d, p. 13). 
Na escola, é importante trazer a "fala sobre o corpo" para o discurso em sala de aula. 
Para Rosemberg (1995), é importante, acima de tudo, admitir a existência do corpo do(a) educador(a), portanto de sua sexualidade, de sua identidade sexual, de sua história, de seus valores, de seus estereótipos.
A educação não pode restringir-se apenas a uma parcela da população, todos devem estar envolvidos na problemática da gravidez na adolescência e devem também estar envolvidos na sua solução. 
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE), realizada em 2015 pelo IBGE:
· Iniciação sexual: 27,5% dos escolares brasileiros do 9º ano do ensino fundamental já tiveram relação sexual alguma vez. Dentre esses, 36,0% eram do gênero masculino, enquanto no gênero feminino esse percentual foi de 19,5%.
· Uso de preservativo: dentre os 27,5% de escolares que tiveram relação sexual alguma vez na vida, 61,2% afirmaram ter usado preservativo no primeiro intercurso. Nos escolares do sexo masculino, esse percentual foi de 56,8% e entre os do sexo feminino, 68,7%. Quanto à última relação sexual, 66,2% dos escolares sexualmente ativos responderam ter feito uso de preservativo.
· Acesso a informações sobre sexualidade na escola: 87,3% dos escolares do 9º ano do ensino fundamental receberam conhecimentos sobre infecções sexualmente transmissíveis (IST) e AIDS, sendo pouco mais frequente entre as meninas (88,4%).
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais [Internet]. Brasil; [citado em 2015 Abr 24]. Disponível em: http://www.aids. gov.br.
Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas - Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.
Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de vigilância das doenças transmissíveis, Coordenação geral do Programa de Nacional de Imunizações. Informe técnico sobre a vacina contra o papilomavírushumano (HPV). Brasília: Ministério da Saúde; 2013.
Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST, AIDS e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico HIV/ AIDS. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
Costa, Nery da, José Augusto et al. Residência Pediátrica. Disponível em: <http://residenciapediatrica.com.br/detalhes/170/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-na-adolescencia>Acesso em: 13 mar 2020.

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