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Psicologia Geral Prof. Esp. João Vitor Galbiati Zucco Prof. Me. Frank Duarte Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação Carlos Eduardo Firmino de Oliveira 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP Z94p Zucco, João Vitor Galbiati Psicologia geral / João Vitor Galbiati Zucco Pereira. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 64 p. : il. Color. 1. Psicologia. 2. Psicologia ambiental. 3. Psicologia forense. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 150 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Professor Esp. João Vitor Galbiati Zucco ● Pós Graduando em Psicologia da Saúde e Hospitalar (FPP); ● Graduado em Psicologia (UNICESUMAR); ● Atualmente Psicólogo Hospitalar e Professor e supervisor universitário (UNIFATECIE). CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4845475235697753 Professor Me. Frank Duarte ● Doutorando em Educação - UNR - Universidad Nacional de Rosário-AR ● Mestre em Educação -UDEL (Universidad Del Atlantico). ● Bacharel em Psicologia (Centro Universitário Fametro). ● Bacharel em Pedagogia (Centro universitário Integrado). ● Especialista em Neurociências da Educação (UNISA). ● Especialista em Neuropsicologia (Instituto Pedagógico Brasileiro). ● Especialista em Neuropsicopedagogia (UNIBF). ● Especialista em Neuromarketing (FACULMINAS). ● Especialista em Educação 5.0: Metodologias Inovadoras - Unifatecie. ● Professor (convidado) de Pós Graduação - UNICAMPO. ● Professor Conteudista (UNIFATECIE). ● Coordenador Pedagógico e Neurocientista do CEPEN. ● Palestrantes e consultor. Experiência nas áreas da educação, gestão, neurociências e saúde mental. Autor de livros que versam sobre a educação, práticas pedagógicas, neuroeducação e metodologias ativas. Um compartilhador de ideias e um eterno aprendiz. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0763208597603303 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Prezado (a) aluno (a), Seja muito bem-vindo à disciplina de Psicologia. Se você está cursando esta disciplina em seu curso, significa que de algum modo a ciência Psicológica pode te auxiliar durante sua carreira profissional. Por isso, te convido para juntos conhecermos um pouco desta ciência. Na unidade I começaremos nossos estudos descobrindo a epistemologia e as concepções psicológicas do ser humano. Vamos estudar a história da ciência Psicologia, seus pressupostos filosóficos, principais autores e toda sua base histórica. Além disso, iremos estudar a subjetividade do ser humano, sendo esta, o principal foco da Psicologia, olhar o ser de forma subjetiva e individual. Já na unidade II, vamos estudar a psicologia como ciência, bem como, conhecer um pouco sobre a teoria da psicanálise, uma das linhas teóricas da Psicologia. Iremos entender todo caminho traçado pela Psicologia até atingir o rigor científico, estudando também alguns aspectos voltados para a Psicologia enquanto profissão, seus mitos e individualidades. Nesta unidade ainda, conheceremos a psicanálise, a famosa teoria proposta por Sigmund Freud, sendo esta uma das principais linhas teóricas e também formas de compreender o ser humano. Depois, na unidade III, vamos ampliar os conhecimentos sobre as escolas de pensamentos, estudando sobre a análise experimental do comportamento. Esta teoria, auxiliou a psicologia a adquirir seu rigor científico como estudado na unidade anterior. Sendo assim, iremos passear pela história da análise do comportamento, bem como, conhecer seus principais pensadores. Por fim, na unidade IV, finalizaremos nossa disciplina estudando e conhecendo um pouco da psicologia social. Iniciaremos a unidade conhecendo mais sobre as teorias sociais, e posteriormente suas principais contribuições em nossa sociedade, a fim de apresentar a você uma visão social da psicologia, aplicada ao ser humano e a sociedade. Espero que esta disciplina lhe traga contribuições positivas para sua jornada aca- dêmica e futuramente profissional. Aproveite os conteúdos e materiais e se jogue de cabeça para conhecer um pouco sobre o universo da psicologia. Muito obrigado e bons estudos!!! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 4 Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano UNIDADE II ................................................................................................... 20 A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão UNIDADE III .................................................................................................. 32 Analise Experimental do Comportamento UNIDADE IV .................................................................................................. 44 Psicologia Juridica e Hospitalar 4 Plano de Estudo: ● História da Psicologia; ● A Psicologia e seu objeto: a subjetividade. . Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar a psicologia, suas raízes, além de estudar a história da ciência, seus marcos históricos e desenvolvimento; ● Estabelecer a importância da subjetividade, estudando e compreendendo a mesma como foco e objetivo da psicologia dentro da compreensão do ser humano. UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Prof. Esp. João Vitor Galbiati Zucco Prof. Me. Frank Duarte 5UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano INTRODUÇÃO Olá Fatecianos (as)! O ser humano encontra-se em constante movimento e transformação, sendo assim, a Psicologia tem se tornado uma ciência estudada por diversas áreas. Tendo como principal foco a compreensão do ser humano, a psicologia contribui para que outros saberes consigam desenvolver um olhar individual, e assim compreender diversos fenômenos através da compreensão psicológica do ser humano. Nesta primeira unidade começaremos nossos estudos descobrindo a epistemologia e as concepções psicológicas do ser humano. Vamos estudar a história da ciência Psicologia, seus pressupostos filosóficos, principais autores e toda sua base histórica. Além disso, iremos estudar a subjetividade do ser humano, sendo esta, o principal foco da Psicologia, olhar o ser de forma subjetivae individual. Espero que tenha um ótimo estudo! Aproveite! 6UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 1. HISTÓRIA DA PSICOLOGIA 1.1 História Da Psicologia E Suas Raízes Filosóficas Segundo Bock (2001, p. 18) poderíamos até mesmo dizer que “de psicólogo e de louco todo mundo tem um pouco”. Aqui parafraseia-se um ditado popular bem peculiar na década de 80, quando se diz, que de médico e de louco, todos nós temos um pouco. De forma genérica cada sujeito apresenta sua forma de pensar e expressar, interpretando as vivências. Você já deve ter ouvido falar em algum momento de sua vida sobre a psicologia, ou, quem sabe até já se beneficiou com algumas das contribuições desta ciência, seja de forma individual, na realização de sua carteira de motorista, no processo seletivo de seu emprego, enfim, a psicologia tem se tornado uma ciência que contribui com o ser humano de diversas formas. Mas você sabe como ela surgiu? FIGURA 1 - MARCOS HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA 7UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Para entender a origem desta ciência, é necessário voltar alguns séculos atrás, na Grécia antiga. De acordo com Bock (2001), o marco de tentar sistematizar a psicologia, deu-se entre os filósofos gregos, fecundando os termos originário da psicologia. A palavra grega psyché, que significa alma, bem como logos, denominando de razão. Sendo assim, pode-se descrever o significado de psicologia como o “estudo da alma”. Vários filósofos contribuíram para os pensamentos a respeito da psicologia, mas alguns deles deixaram sua marca na contribuição e no desenvolvimento. Os filósofos pré- socráticos, já apresentavam uma preocupação na busca de definir a relação do homem com o mundo, sendo esta observada através da percepção. Diversos questionamentos foram realizados neste período, mas foi com Sócrates no período de (469-399 a.C.) que se começou a pensar e criar consistência da psicologia. Tal filósofo se preocupou em estudar a razão, sendo esta, postulada por ele como característica principal do ser humano, buscando entender esta como principal diferença entre o homem e os animais (BOCK, 2001). Posteriormente, o filósofo Platão, considerado discípulo de Sócrates, dando continuidade aos estudos sobre a razão, buscou localizá-la em nosso próprio corpo. Após suas postulações, definiu que a razão se encontrava na cabeça do ser humano, sendo o local que segundo ele também abrigava a alma do homem. Para ele, alma e corpo eram separados, sendo ligados apenas pela medula, porém, quando ocorria a morte do corpo, sua alma encontrava-se livre para ocupar o lugar em qualquer outro corpo (BOCK, 2001). Ainda estudando os principais filósofos que contribuíram para o desenvolvimento da psicologia, Aristóteles foi um filósofo importante, recebendo o reconhecimento de ter sido o primogênito na escrita a respeito da psicologia, com o título “Acerca da Alma”. Sendo assim, Aristóteles teve como foco de pensamento investigar e buscar entender o funcionamento do ser humano que se escondia atrás de sua razão. Ele estudou as similaridades e divergências sobre a razão, sensação e percepções, sendo futuramente organizado no seu livro em latim “Da Anima” (traduzido para “Da alma”), reconhecido como o primeiro tratado em Psicologia (BOCK, 2001). Além das contribuições dos filósofos na Grécia antiga, a psicologia também pode ser vista no período da idade média. Voltando neste período, recordamos que a principal característica desse momento foi o aparecimento do cristianismo, sendo esta, uma força religiosa que ultrapassa a força política dominante na época, sendo considerada neste período, a principal religião (BOCK, 2001). 8UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Mas você deve estar se perguntando: como a psicologia aparece neste contexto? Segundo Bock (2001), neste período falar em psicologia relacionava-se também ao conhecimento principal da época, sendo este, a religião, uma vez que, com a economia e o setor político, o cristianismo, através da igreja católica, também monopolizava os saberes. Sendo assim, o estudo do psiquismo não foi diferente. Neste período, dois grandes filósofos se destacaram através de seus pensamentos. O primeiro deles é Santo Agostinho, que inspirado nas ideias já postuladas por Platão, realizava a cisão entre alma e corpo. Porém, os pensamentos do santo não se faziam em tudo iguais ao de Platão, visto que, para ele, além da alma ser a sede da razão, ela era a prova de que através dela o homem manifesta sua divindade. O filósofo considerava a alma como um elemento imortal, sendo ainda o elo entre o homem e a divindade: Deus. Considerando então a alma como fonte do pensar do ser, as instituições religiosas direcionam sua preocupação na compreensão da Alma do Homem (BOCK, 2001). Outro Santo que contribuiu para os pensamentos a respeito da psique e do funcionamento do ser humano foi São Tomás de Aquino. O santo vivenciou períodos importantes e que demarcaram rupturas durante os séculos. Aquino vivenciou a ruptura da igreja católica, sendo este movimento executado com o surgimento do protestantismo, além de presenciar outros acontecimentos, como a transição do capitalismo e a revolução industrial (BOCK, 2001). Todos estes movimentos desencadearam uma crise econômica e social, sendo assim, a igreja começa a questionar sobre os conteúdos produzidos por ela na época. Não conseguindo encontrar as respostas necessárias para tal cenário, iniciou-se uma busca para encontrar novos pensamentos que justificassem a relação estabelecida entre Deus e o homem. Diante disso, São Tomás de Aquino encontra em Aristóteles a diferença entre essência e existência. Para Aristóteles, o homem na sua essência, busca o estado de perfeição através de sua existência, sendo assim, o santo, dotado de sua religiosidade e partindo da ideia do filósofo, passa a afirmar sobre a possibilidade de apenas Deus, ter a capacidade de congregar a essência e o existir, colocando-se assim, ambas em igualdade, desencadeando como solução para esse estado a busca por Deus, encontrando argumentos raciais para explicar os paradigmas sacros, garantindo assim o monopólio da igreja acerca do estudo do psiquismo (BOCK, 2001). 9UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano FIGURA 2 - INFLUÊNCIA DO RENASCENTISMO NA PSICOLOGIA Outro período importante para o desenvolvimento da psicologia segundo Bock (2001) foi o renascimento. Neste período o grande nome foi René Descartes, filósofo que postula a ideia de cisão de mente e corpo. Segundo ele, o homem possui uma substância pensante, sendo o corpo um elemento desprovido do espírito, sendo apenas uma máquina. De acordo com Bock (2001), foi o dualismo de Descartes que proporcionou o estudo do corpo humano morto, situação até então impossível de acontecer nos séculos anteriores, uma vez que, o corpo era considerado pela igreja como sagrado, por ser morada da alma. Diante disso, um grande avanço no estudo da anatomia e fisiologia acontece, contribuindo assim para o progresso da psicologia. Após conhecer um pouco sobre as raízes filosóficas da psicologia, passaremos agora a estudar o caminho traçado pela psicologia para atingir o nível científico, bem como, estudaremos as escolas de pensamentos que deram origem a diversas linhas teóricas na compreensão do ser humano. 1.2 A busca da Psicologia científica Segundo Bock (2001), o contexto econômico e social sempre impulsionou e moveu a vida do homem. O capitalismo trouxe ao homem a necessidade de desenvolver métodos rigorosos, deixando de lado somente a fé. A burguesia dava as condições através de suas exigências, para que a ciência moderna se desenvolvesse. Diante disso, começou-se a busca por um método rigoroso, no qual fosse possível a observação para descoberta, levando o homem a desenvolvernovas formas de produzir conhecimento, não mais através do viés religioso ou autoridades, mas sim, através de métodos científicos. A partir desse novo cenário em que à ciência tornou-se referência para se construir uma visão de mundo, nada mais era decidido ou postulado sem o cunho científico. Surge a partir daí a necessidade de adaptação da própria filosofia, sendo observadas por diversos filósofos, como a teoria do positivismo postulada por Augusto Comte (BOCK, 2001). 10UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Segundo a autora, por volta do século 19, os temas e problemáticas da psicologia, que até este momento eram estudados por filósofos, passam devido a essa nova necessidade a serem estudados pela fisiologia e neurofisiologia. Esses estudos originaram diversas teorias a respeito do Sistema Nervoso Central (SNC), partindo do pressuposto que a cognição, a capacidade de perceber, os sentimentos poderiam ser considerados produtos do sistema nervoso central (BOCK, 2001). Metaforicamente, estando em evidência as máquinas herdadas do capitalismo, o ser humano passa a ser comparado com tal instrumento. Para compreender o psiquismo humano, se faz necessário compreender o funcionamento da máquina que existia no pensar do homem, sendo esta, equivalente a seu cérebro, abrindo a partir desse estudo o caminho para que a fisiologia, neuroanatomia e neurofisiologia começassem a estudar a psicologia (BOCK, 2001). Diversos acontecimentos marcaram a transição da psicologia para uma ciência, porém, segundo Bock (2001), foi Wilhelm Wundt (1938-1926) que realizou um marco importante neste desenvolvimento. Wundt desenvolve na Alemanha, na cidade de Leipzig, o primeiro laboratório de psicologia experimental. Partindo do estudo da psicofisiologia, o cientista marca a história da psicologia, sendo postulado como pai da psicologia moderna e científica. FIGURA 3 - PSICOLOGIA CIENTÍFICA Wundt tem como objeto de pesquisa a consciência do homem, desenvolvendo como método a introspecção. Seu objetivo era identificar e estudar as questões mais básicas da consciência e das sensações, por meio da introspecção organizada, em que no laboratório cientistas treinados discorriam sobre seus experimentos conscientes na mesma proporão da intensidade e permanência dos estímulos. (BOCK, 2001). 1.3 Escolas em Psicologia Descobrimos no tópico acima que a Alemanha, foi considerada o grande berço da psicologia moderna. 11UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Sendo assim, segundo Bock (2001) outros teóricos a partir de Wundt começaram a agregar à psicologia um status de ciência, estando estes, sempre pautados nos critérios básicos para desenvolver a metodologia científica, buscando assim a neutralidade do conhecimento científico, a comprovação dos dados, e também ser ponto de partida para outros estudos experimentar que possam haver na área. Esses pesquisadores tinham como objetivo atingir os critérios científicos para assim, conseguir formular uma teoria, sendo inicialmente estudos voltados para questões metodológicas. Sendo assim, a psicologia sai da Alemanha e ganha força nos Estados Unidos, encontrando lá um campo para um rápido crescimento, dando origem aos primeiros estudos das escolas, teorias e abordagens psicológicas, que futuramente originariam outras teorias que estudamos atualmente (BOCK, 2001), como a psicanálise e o behaviorismo que iremos estudar em outras unidades. A primeira abordagem que iremos estudar é o Funcionalismo. Desenvolvida por William James, o funcionalismo busca dar respostas sobre o que os homens fazem e como consequência “por que fazem”. Partindo do estudo da consciência, James busca compreender esse funcionamento observando as estratégias que o homem utiliza para se adaptar ao meio, ou seja, ao mundo (BOCK, 2001). Outra escola desenvolvida foi o Estruturalismo. Tendo como seu pensador Edward Titchner, a teoria segue em busca da mesma compreensão do fenômeno do funcionalismo, sendo este a consciência. Embora Titchner também se propôs a estudar a consciência, diferente de James, o teórico se propõe a estudar a mesma em seus aspectos estruturais, desenvolvendo um direcionamento par as estruturas do sistema nervoso central, bem como os elementos conscientes. O estruturalismo deu-se início com Wundt, porém Titchner sendo seu seguidor usou o termo pela primeira vez e diferenciou o estruturalismo do funcionalismo. Seu método de investigação foi o introspeccionismo, sendo esse reproduzido e observado em laboratório (BOCK, 2001). Além das duas teorias estudadas acima, surge também o Associacionismo. Segundo Bock (2001), o principal representante dessa teoria era Edward L Thorndike. O autor postulou a primeira teoria da aprendizagem da psicologia, tendo como origem o princípio de que o fenômeno da aprendizagem, ocorre por meio de uma síntese e associação de pensamentos e ideias, partindo dos mais simples ao mais elaborados e complexos. Partido de seu ponto de vista, para que o indivíduo aprenda um conteúdo de alta complexidade, é necessário que primeiro ele aprenda as ideias mais simples pertinentes àquele conteúdo. 12UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Sua principal formulação foi a lei do efeito. Nela, o cientista enfatiza que qualquer comportamento de um ser vivo, seja ele de qual espécie for, tende a se repetir se for recompensado sempre que emitir seu comportamento. Porém, quando o organismo é castigado quando emite um comportamento, este tende a não acontecer. Através de sua teoria, Thorndike propôs diversos experimentos passíveis de observar esses fenômenos (BOCK, 2001). SAIBA MAIS Em 1931, essa primeira lei foi reformulada e substituída por uma segunda Lei do Efeito, da qual ele excluiu o princípio da punição e manteve apenas o da recompensa. Isto tendo como base a constatação de que, em estudos de punição, com escolha de palavras, punir escolhas incorretas com a palavra “Errado” não afetava, significativamente, a frequência de ocorrência dessas respostas (GONGORA; MAYER e MOTA, 2009). Diante disso você pode conhecer as teorias básicas da psicologia, servindo de alicerce para que novas teorias fossem pensadas posteriormente. Para facilitar seus estudos, observe a tabela a seguir, nela, você consegue encontrar um resumo dos principais aspectos de cada uma das teorias estudadas. Aproveite! Fonte: GONGORA, Maura Alves Nunes; MAYER, Paulo César Morales e MOTA, Carolina Martinez Sampaio. Construção terminológica e conceitual do controle aversivo: período Thor e divergências- Skinner e divergências remanescentes. Temas psicol. [conectados], 2009. TABELA 1 - RESUMINDO AS ESCOLAS Fonte: O Autor (2021). 1.4 As principais teorias psicológicas desenvolvidas no século 20 Estudamos no tópico anterior as três principais teorias, que embasam as teorias que vamos conhecer neste tópico. A psicologia realizou um caminho em busca de seu rigor científico. Segundo Bock (2001), no século 20 essas vertentes foram substituídas por novas teorias, sendo as três principais o Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise. ESCOLA TEÓRICO OBJETO DE ESTUDO MÉTODO Funcionalismo William James Consciência Observação Introspectiva Estruturalismo Edward Titchner Estrutura da consciência Introspecção qualitativa Associacionismo Edward Thorndike comportamento aprendido Lei do efeito 13UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Neste tópico será apresentado a vocês de modo sintetizado cada uma delas, e aprofundaremos mais sobre a Psicanálise e o Behaviorismos em unidades específicas. Vamos conhecer cada uma delas? O Behaviorismo tem como seu precursor Watson, surgindo nos Estados Unidos, esta abordagem ganhou força por suas aplicações práticas. O principal objetivo da teoria consiste em definir o fator psicológico e forma concreta, tendo como base o comportamento (BOCK,2001). A abordagem nomeada de Gestalt surge na Europa, com o objetivo de ir na contramão das ideias permanecentes ao fragmentarismo de atividades de processos da humanidade. Tendo como principal eixo temático a compreensão do homem como uma totalidade, sendo uma teoria com maior proximidade da filosofia (BOCK, 2001). SAIBA MAIS A teoria da Gestalt ficou famosa também por suas imagens, que a todo tempo nos provoca e desencadeia percepções diferente de uma mesma imagem. O que você consegue ver nesta imagem abaixo? FIGURA 4 - AGRUPAMENTO PERCEPTIVO Por fim, conheceremos a Psicanálise. Famosa por seu fundador, a teoria da Psicanálise foi fundada por Freud na Austrália. Freud partiu da medicina, sua principal formação, para enfatizar a importância da afetividade e assim, teorizar o inconsciente como principal objeto de estudo. Nesta teoria, Freud rompia com a sequência de estudos até então desenvolvido a respeito da consciência e da razão (BOCK, 2001). Deste modo conhecemos as teorias desenvolvidas no século 20. Ficou curioso para saber mais? Calma! Aprofundaremos nossos conhecimentos nas próximas unidades da nossa disciplina. Fonte: BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª edição. São Paulo: Saraiva, 2001. 14UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 2. PSICOLOGIA E SEU OBJETO: A SUBJETIVIDADE. Após conhecermos a história da psicologia, suas raízes filosóficas e todo seu caminho para se tornar uma ciência, chegou a hora de conhecer as pesquisas que resultaram no centro dos estudos da psicologia, enquanto ciência. Em especial, neste tópico conheceremos sobre a subjetividade, aspecto este importante para os psicólogos na aplicação dessa ciência. Todo conhecimento para receber a certificação de ciência, ou seja, ser considerado científico, necessita obrigatoriamente de um objeto de estudos. De acordo com Bock (2009) a psicologia não possui um objeto de estudo único, uma vez que, como vimos no tópico anterior, diversos teóricos se propuseram a estudar aspectos diferentes de formas diferentes, elegendo cada qual o seu objeto de estudo. Essas diversidades de objetos são atreladas ao fato de a psicologia ter se desenvolvido como ciência recentemente, afinal, podemos relembrar que este fato ocorreu no final do século XIX. Devido a isso, estudiosos mencionam que não se fez possível o desenvolvimento de um único paradigma (BOCK, 2009). Pouco são as chances da psicologia se tornar um único paradigma confiável, que será adotado por todos os autores e seus questionamentos. Se faz necessário tal reflexão pois a psicologia é considerada uma ciência humana, sendo assim, modificada toda vez que está em contato com o que se estuda, ou seja, o próprio ser humano. Sendo assim, precisamos lembrar que nós, seres humanos, somos históricos e estamos em constante movimento de mudanças (BOCK, 2009). 15UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano A autora ainda pensando na ideia de movimento e crescimento do ser humano, se torna inviável pensá-lo como um objeto único e natural, que possui verdades absolutas e imutáveis. Sendo assim, encontramos neste ponto as diversidades de teorias, explicações e objetos apresentados pela psicologia. 2.1 A subjetividade como objeto A psicologia possui sua própria identidade, sendo está o que a diferencia das demais ciências humanas. Cada uma das ciências possui seu modo de olhar o indivíduo de maneira particular, construindo cada qual o seu modo. Já a psicologia tem seu olhar voltado para os estudos da subjetividade, sendo essa a particularidade que contribui para a compreensão dos aspectos totais da vida humana. Diante disso, a psicologia trabalha com o ser humano e suas expressões, aquelas possíveis de serem vistas através do comportamento humano, bem como as que possuem caráter interno, como os sentimentos. Ainda, se contempla dentro do estudo da subjetividade as questões singulares do ser humano, além de suas características genéricas. Podemos compreender assim, que a subjetividade é considerada a junção entre os pensamentos, afetos e ações (BOCK, 2009). A subjetividade deve ser entendida como singular e individual de cada um, sendo essa uma síntese de quem nós somos, seu desenvolvimento se dá a partir das vivências e experiências sociais e culturais do indivíduo. Através dele, podemos identificar dois lados, sendo um a possibilidade de identificar o ser humano, pois ela é única, e do outro lado a igualdade, na medida que estamos dentro de uma sociedade. Segundo Vygotsky (1931/2000) a constituição da personalidade como um todo do sujeito até o desenvolvimento de cada função psicológica superior deve ser entendida através de sua subjetividade, com base no processo de internalização das construções sociais. Diante disso, ressaltamos a importância do contexto na construção da subjetividade. Gonzalez Rey (2005) afirma que a subjetividade é a categoria-chave para a compreensão do psiquismo, definindo-a como “um sistema complexo capaz de expressar através dos sentidos subjetivos a diversidade de aspectos objetivos da vida social que concorrem em sua formação”. Sendo assim, conseguimos entender a importância do estudo da subjetividade para a psicologia. 16UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano Conseguimos compreender então através deste tópico como a subjetividade proporciona para a psicologia um olhar individual e único sobre cada ser humano, sendo a psicologia a ciência que se propõe a estudar o indivíduo e compreender seu funcionamento REFLITA Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. Carl Jung. Fonte: Carl Jung. 17UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, apresentamos a ciência psicologia. Podemos estudar um pouco sobre sua história, raízes filosóficas. Estudamos também o principal objeto de estudo, sendo este a subjetividade do ser humano, compreendendo assim, como algo que nos diferencia e nos torna únicos ao olhar da psicologia. Agora você já consegue conhecer essa ciência na qual estudaremos durante nossa disciplina. Na sequência, vamos adentrar ao universo da psicologia enquanto ciência e profissão, saber mais sobre a prática do psicólogo, suas áreas de atuação. Além disso, conheceremos uma das principais linhas teóricas dentro da psicologia, entraremos no mundo da Psicanálise, teoria tão conhecida por seu fundador Freud. Como material complementar, deixo para vocês dois livros e um filme, para que através desses materiais você consiga mergulhar ainda mais no universo da psicologia. 18UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano LEITURA COMPLEMENTAR Psicologia, uma nova introdução: uma visão histórica da psicologia como ciência Este livro reflete sobre as condições socioculturais que propiciaram o aparecimento de diferentes teorias psicológicas e sua difusão, sobretudo na área clínica. A estrutura do texto e suas finalidades didáticas não foram alteradas, mas todo o escrito foi revisto, muitas pequenas complementações puderam ser feitas e surgiram duas seções inteiramente novas e alguns acréscimos substanciais a seções existentes. O livro continua, a nosso ver, de um bom tamanho e nível de complexidade capazes de torná-la útil para o início da formação em psicologia e também para uma apresentação da psicologia em áreas afins. Pode, igualmente, como temos notícia de já ter acontecido, servir para apresentar a Psicologia a colegiais avançados. Fonte: FIGUEIREDO, L. C. M.; SANTI, P. L. R. Psicologia, uma nova introdução: uma visão histórica da psicologia como ciência. [S.l: s.n., 2002. 19UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título. História da psicologia moderna Autor.Duane P. Schultz, Sydney Ellen Schultz. Editora. Cengage Learning. Sinopse: O tema central deste livro é a história da psicologia moderna, especificamente o período que se inicia no fim do século quando a psicologia se torna uma disciplina separada e independente. Apesar de recapitular, de forma resumida, os pensamentos filosóficos anteriores, o livro concentra-se nas questões relacionadas ao estabelecimento da psicologia como um novo e distinto campo de estudo. Entre as novidades desta edição estão informações sobre sites que fornecem material adicional sobre pessoas, teorias, movimentos e pesquisas discutidos no livro. Foi incluído um capítulo que relata um pouco sobre a pesquisa da psicologia no Brasil. Exploramos centenas de sites e escolhemos os mais informativos, confiáveis e atualizados. No início de cada capítulo, há uma breve narrativa desenvolvida a partir de uma pessoa ou de um evento, com o objetivo de introduzir o tema principal do capítulo. Essas seções definem prontamente o assunto e transmite ao aluno a ideia de que a história é sobre uma pessoa verdadeira e a respeito de situações reais. FILME/VÍDEO Título. Ilha do Medo Ano. 2010 Sinopse. Na década de 50, a fuga de uma assassina leva o detetive Teddy Daniels e seu parceiro a investigarem o seu desaparecimento de um quarto trancado em um hospital psiquiátrico. Lá, uma rebelião se inicia e o agente terá que enfrentar seus próprios medos. 20 Plano de Estudo: ● Psicologia como ciência e profissão; ● A teoria da Psicanálise. Objetivos da Aprendizagem: ● Entender a Psicologia como uma ciência e profissão; ● Conhecer as áreas de atuação do psicólogo; ● Conhecer a história e o desenvolvimento da psicanálise; ● Apresentar os principais conceitos dessa teoria. UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão Prof. Esp. João Vitor Galbiati Zucco Prof. Me. Frank Duarte 21UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 21UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão INTRODUÇÃO Olá Fatecianos (as), Você pode conhecer na unidade anterior sobre a história da psicologia, suas raízes filosóficas, além de conhecer sobre seu caminho para tornar uma ciência. Estudamos também sobre o principal objeto de estudo e prática da psicologia, sendo ele a subjetividade do ser humano. Nesta Unidade II, iniciaremos nossos estudos entendendo a psicologia enquanto uma profissão, sua regulamentação, funcionamento e também suas principais áreas de atuação. Posteriormente, conhecemos a tão famosa teoria postulada por Freud, no qual ele nomeou de Psicanálise, como esta teoria foi criada e seus principais conceitos. Espero que você aproveite esta unidade e mergulhe ainda mais no universo da psicologia. Bons estudos! 22UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 22UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão 1. A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA E PROFISSÃO 1.1 A regulamentação da psicologia no Brasil A Psicologia teve sua regulamentação no Brasil no ano de 1962, através da lei n°4.119, tendo seu reconhecimento como profissão no país após demonstrar sua importância. O Brasil encontrava-se em um contexto de modernização do país, sendo toda tecnologia utilizada para realizar intervenções um grande diferencial. Diante disso, a psicologia apresenta os famosos testes psicológicos, desenvolvidos a partir da segunda guerra mundial, e posteriormente estendendo-se a outros contextos necessários como, ambientes educacionais, empresas e demais espaços na qual o psicólogo estivesse inserido (BOOK, 2008). O saber psicológico sempre teve seu diferencial das demais áreas por apresentar inter- venções objetivas e sendo estas, baseadas em evidências científicas, desencadeando assim, uma necessidade social para com a psicologia. Porém, diante desse contexto, a psicologia se viu sem ter sua categoria classificada dentro de uma classe profissional, uma vez que, segundo a autora recebeu sua certidão de nascimento antes mesmo de nascer (BOOK, 2008). Após sua regulamentação, a ciência foi ganhando forma e normas nos diversos contextos na qual foi inserida. Atualmente, podemos observar que o psicólogo ocupa diversos lugares, para além do contexto tradicionalmente conhecido da clínica. Sendo assim, a psicologia como profissão visa a prática ética e comprometida, mantendo seu compromisso com as urgências e necessidades da população Brasileira (BOOK, 2008). 23UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 23UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão 1.2 Áreas de atuação do Psicólogo Após conhecermos a psicologia como profissão anterior, iremos agora conhecer algumas das diversas possibilidades de atuação do psicólogo. O Psicólogo na clínica: Este talvez seja o ambiente que você mais conheça sobre a atuação do psicólogo. O profissional dentro desse contexto, realizará a psicoterapia, sendo este, um processo no qual o objetivo principal é reduzir o sofrimento e proporcionar o autoconhecimento do paciente. Na maioria das vezes, este atendimento inicia-se através de um psicodiagnóstico, sendo este uma ferramenta que auxilia o profissional a identificar as necessidades do paciente e planejar suas intervenções. Dentro do ambiente clínico, cada psicólogo se guiará por sua abordagem psicológica como: Psicanálise, análise do comportamento, Gestalt, entre outras (BOOK, 2008). REFLITA O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se tornou consciente de si mesma, por meio de perguntas que lhe foram feitas, está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento. Fonte: SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. Trad. de Maria da Penha Villalobos. São Paulo, Cultrix. 1974/1982, p. 31. O Psicólogo na educação: É comum a atuação do psicólogo dentro dos ambientes educacionais, como creches, escolas, e tantos outros contextos que engloba o aprendizado. Seu trabalho acontecerá de acordo com a demanda estabelecida pela instituição, ou através da observação do próprio profissional, tendo seu olhar voltado sempre para a subjetividade do indivíduo, o profissional dentro desse contexto auxilia no processo do aprender, uma vez que este, envolve diversos fatores. Além disso, o psicólogo pode atuar com os professores e demais profissionais presentes no ambiente, tendo como foco a educação (BOOK, 2008). O Psicólogo na Empresa: Quem nunca se deparou com um psicólogo em um processo seletivo de uma vaga de trabalho? Provavelmente sua resposta será sim. O psicólogo se faz presente no ambiente organizacional realizando diversas ações, sendo as principais os processos seletivos para contratação de novos colaboradores, e também desenvolvendo treinamento e desenvolvimento com os colaboradores (BOOK, 2008). 24UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 24UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão 2. A TEORIA DA PSICANÁLISE Com a proposta de atuar junto ao tratamento de desequilíbrios psíquicos, foi que o austríaco e neurologista Sigmund Freud, criou a Psicanálise. Responsável por descortinar e descobrir o inconsciente, já pesquisado antecipadamente por Leibniz e Hegel, porém não no mesmo sentido, e tornou-se a abordar este campo promissor, com o intuito de desenhar e entender seus mecanismos e formatos originais, resultando no plano psíquico. A psicanálise tem por objetivo analisar a forma de comportar-se do humano, decodificando a organização da psique humana e propor a cura de patologias sem fonte de causa orgânica (SCHULTZ, 2014). FIGURA 1 - SIGMUND FREUD 25UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 25UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão Freud embasou-se nos achados científicos do Dr. Josef Breuer, um fisiologista que deu os primeiros passos rumo a hipnose, marcando significativamenteos manejos de trabalho dos psicanalistas, mesmo que posteriormente não deu continuidade à terapêutica e incorporou ao seu trabalho a associação livre. Platão e Schopenhauer foram os filósofos que também influenciaram Freud na organização da sua teoria, interessando-se por questões de distúrbios emocionais como histeria, em que Freud empenhou-se para validar suas teorias e manejos clínicos. Um destes menos mais impactante foi a utilização da cura por meio da fala, desvendando os segredos dos desejos, vontades, fantasias sexuais que moram na mente do humano sejam esquecidas, reprimidos, emergentes da consciência humana representado por sintomas não permitidos e desejados, por análise e repressão do inconsciente (SCHULTZ, 2014). As publicações de Freud na construção da psicanálise podem ser divididas em dois em dois períodos, sendo eles o período pré-psicanalítico e período psicanalítico. Dentro do período pré-psicanalítico destacam-se três trabalhos escritos por Freud. O primeiro trabalho consiste no projeto para uma psicologia científica em que muitas das ideias contidas no projeto persistiam e se transformaram em conceitos fundamentais da teoria freudiana como: associação livre, interpretação, transferência e, sobretudo os sonhos. Posteriormente publica seus estudos sobre a histeria, um dos maiores focos de seu trabalho, neste estudo quatro conceitos importantes surgem, como associação livre, ab-reação e catarse (MABILDE, 2015). Em seu outro trabalho sobre mecanismo psíquico dos fenômenos histéricos, Freud descorda de Breuer e impõe sua ideia de que os conteúdos não suportados no inconsciente eram colocados ou convertidos em sintomas histéricos, sendo assim surge a repressão. A ab-reação e o método catártico constituíram uma reação ao trauma, o qual era posto em palavras e, assim, descarregado, desaparecendo os sintomas. Ainda nesse texto Freud descobre a associação livre, ou seja, a fala do paciente livremente, sem roteiro ou direcionamento do terapeuta, postulando essa técnica como fundamental na pratica clínica psicanalítica (MABILDE, 2015). Dentro do período pré – psicanalítico consiste nas neuroses de defesas, no presente texto Freud discute as defesas em atividade em nosso funcionamento, dá mais importância para o papel da fantasia, abrindo as portas para descoberta da sexualidade infantil e para o complexo de édipo. Além disso aparece pela primeira vez os mecanismos obsessivos e a projeção definidos como retorno do reprimido, considerada um fracasso da defesa (MABILDE, 2015). 26UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 26UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão O próximo período dentro da construção da psicanalise se dá como período psicanalítico. O período com o trabalho publicado por Freud chamado a interpretação dos sonhos. Este trabalho foi considerado por Freud o estudo mais importante, além de apresentar conceitos fundamentais como inconsciente e regressão, processo primário e secundário. O segundo e último trabalho que se localiza dentro desse período, consiste nos três ensaios da sexualidade, neste trabalho Freud explica um de seus conceitos fundamentais a sexualidade infantil. O complexo de édipo já era pensado por Freud, além do conceito de ansiedade castratória quando a criança diferencia os sexos (MABILDE, 2015). Através desse tópico então, podemos entender a história da psicanálise, bem como entender o desenvolvimento desta teoria. 2.1 Conceitos Básicos Após conhecer sobre a teoria da psicanálise, a seguir através de tópicos, iremos estudar os conceitos básicos para compreender melhor esta teoria. ● Inconsciente: O inconsciente foi uma das principais descobertas de Freud. No primeiro construto de Freud o inconsciente ganha forma substantivada para indicar um lugar no aparelho psíquico. Porém na segunda tópica, quando Freud postula a estrutura, o inconsciente passa a ser um adjetivo, ou seja, como característica do id. No inconsciente se encontra os conteúdos desconhecidos, muitas vezes que foram recalcados, devido a intensidade do mesmo, para preservação do ego. Os conteúdos presentes nessa estrutura, se manifestam de alguns modos em nossa consciência, podendo aparecer em sonhos e atos falhos (MABILDE, 2015). ● Sublimação: A sublimação consiste em um mecanismo de defesa bem-sucedido do ego, movido através da dessexualização da meta pulsional, ou seja, a pulsão é satisfeita de modo que seja aceitável pela cultura, dentro dos padrões do superego. Quando nossa pulsão está voltada para algo não permitido pelo superego através da sublimação esse desejo pode ser convertido e realizado de outra forma (MABILDE, 2015). ● Libido: A libido segundo Freud, consiste na energia sexual que nos move, sendo assim, essa energia movimenta o indivíduo para as atividades prazerosas de seu dia a dia, não necessariamente as atividades ligadas ao sexo. 27UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 27UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão ● Id, ego e superego: As três instâncias descobertas por Freud, consistem no id, ego e superego. Em sua primeira tópica, o autor postula como estrutura, ou seja, seriam partes, locais. Já em sua segunda tópica, Freud dá a essas estruturas adjetivos, sendo assim o id possui conteúdos inconscientes, pois o mesmo é movido pelo princípio de prazer, ou seja, a satisfação dos desejos. O ego possui a função de mediar os conflitos entre id e superego, sendo consciente, sendo movido pela realidade. O superego é o detentor das leis, sendo movido pelo princípio de realidade, o oposto do id, por isso resulta em conflito com o mesmo, pois um quer a satisfação imediata dos desejos, mas o outro não aceita que esses desejos sejam atendidos imediatamente (ZIMERMAN, 2004). ● Associação livre: A associação livre consiste em um conceito fundamental postulado por Freud. Para o criador da psicanálise, o paciente deveria lhe dizer tudo o que vier a sua mente para o terapeuta, deste modo o contato com o inconsciente se manifesta com maior facilidade. Segundo Zimerman, na atualidade a linguagem não verbal, fala muito mais livre, sem necessariamente produzir associações. Paciente é livre para aceitar ou não a associação, diferente da época de Freud que consistia em uma imposição (ZIMERMAN, 2004). ● Atenção flutuante: A atenção flutuante para Freud, consiste no exercício do terapeuta em tentar manter a atenção em todo o discurso do paciente, sendo assim, o psicólogo não deve se manter preso a um uma informação, pois sua atenção se torna seletiva, deixando conteúdos importantes de lado. Nesta técnica não se almeja realizar nenhuma anotação, haja visto que sua condição se dá apenas no oferecimento em tudo que é ouvido na sintonia da atenção flutuante (FREUD, 2010). Para Zimerman, não há nenhum inconveniente que o terapeuta sinta desejos ou quaisquer outros sentimentos, assim como a memória de fatos ou teorias prévias, desde que ele esteja seguro que a sua mente não está saturada pelos aludidos desejos, memorias e conhecimentos. Impossível sustentar a condição de atenção flutuante em todas as sessões (ZIMERMAN, 2004). ● Transferência: A transferência consiste em um fenômeno observável na clínica psicanalítica, resulta de um translado do afeto de vivências do passado para o presente, sendo assim dirigido para o psicanalista. Sendo assim, ocorre um deslocamento de uma energia libidinal de uma representação objetal inconsciente do paciente (EIZIRIK, 2015). 28UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 28UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão No início, Freud trabalhava a transferência como um deslocamento, não encontrando nela elementos terapêuticos para serem trabalhados em análise, posteriormente entende que a transferência acontece, pois, o paciente repete na relaçãoanalítica as próprias imagos, sendo as mais observadas as imagos maternas e fraternas (MABILDE, 2015). Freud (2010, p. 35) pontua ainda que, “[…] quando algo do material do complexo (do conteúdo do complexo) se presta transferido para a pessoa do médico, ocorre essa transferência”. ● Contratransferência: A contratransferência acontece com a transferência, sendo ela um movimento do analista sobre o paciente, sendo assim os conteúdos depositados pelo paciente sobre o terapeuta, lhe causa sentimentos e reações. No início a contratransferência não era bem vista pela psicanálise, pois consistia em uma fragilidade do terapeuta, hoje, ela é vista como um canal de possível comunicação, através desses sentimentos gerados o analista pode entender o que o paciente está lhe transferindo, o lugar que ocupa para o mesmo (ZIMERMAN, 2004). ● Resistência: As resistências eram vistas por Freud como um obstáculo para análise. Na psicanálise atual, elas são representações de como o paciente se comporta no fora do ambiente terapêutico, ou seja, como reage frente as situações. Um paciente resiste é aquele que possui dificuldade de entrar em contato com seus conteúdos externos, podendo ser expressa de várias formas, entre elas quando o paciente não comparece à terapia depois de uma sessão dolorosa para o mesmo. Esses conteúdos são pontos de interpretação do analista, para junto com o paciente descobrir o motivo das mesmas (ZIMERMAN, 2004). ● Insight: O insight consiste na tomada de consciência sobre determinado fato, o mesmo é alcançado pelo analisando através das interpretações do terapeuta. A composição do termo engloba o termo iluminação, ou seja, dentro do analisando acontece uma iluminação, obtendo então uma compreensão do fenômeno. Sendo assim o paciente através dos insights consegue perceber as situações a sua volta, entendendo a situação real. Existem vários tipos de insight, entre eles o insight intelectivo, cognitivo, afetivo, reflexivo e pragmático. Todos eles promovem o crescimento mental do sujeito (ZIMERMAN, 2004). ● Ab-reação: Consiste em uma reação ao trauma vivido, ou seja, um fluxo de desenvolvimento emocional, liberando a afeição conectado com a lembrança de um evento traumático, anulando os efeitos patogênicos (MABILDE, 2015). 29UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 29UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão ● Catarse: A catarse ou método catártico foi postulado por Freud após o uso da hipnose. Após um tempo Freud percebeu que hipnose possuía efeito momentâneo, ou seja, os sintomas só desapareciam enquanto o indivíduo se encontrava em estado hipnótico, sendo assim postulou o método catártico, que consistia na cura pela fala, no qual os pacientes falavam aquilo que estavam sentindo, de forma consciente sem alteração da consciência como na hipnose, tendo seus sintomas diminuídos. ● Interpretação: A interpretação consiste na base da teoria psicanalítica, através dela, o terapeuta do significado ao discurso do paciente, buscando interpretar para que o paciente obtenha insight e compreenda de maneira consciente o que precisa ser entendido no processo terapêutico. A técnica deve ser utilizada com bastante cuidado e sabedoria por parte do analista, nem todos só conteúdos são passiveis de interpretação, além disso o paciente precisa estar pronto para receber e compreender a interpretação dada pelo paciente, necessita de um vínculo estabelecido, uma relação terapêutica fortificada (ZIMERMAN, 2004). SAIBA MAIS O conceito de inconsciente, especialmente estudado pela corrente psicanalítica e psicodinâmica. De fato, o inconsciente é um dos pilares básicos usados por Sigmund Freud para elaborar suas conhecidas teorias. Mas, embora a psicanálise possa ser um tanto complexa de entender, às vezes as metáforas ou comparações têm sido usadas com outros aspectos da realidade para facilitar a compreensão do que teoria propõe. Um exemplo é a metáfora do iceberg de Freud, através dela o autor explica o aparelho psíquico. Para saber mais acesse: https://doi.org/10.1590/S0101-60832010000600005. https://doi.org/10.1590/S0101-60832010000600005 30UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 30UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade conhecemos a psicologia enquanto profissão. Foi possível estudarmos e entendermos como surgiu a necessidade de profissionalizar esta ciência, bem como, o modo que este fato ocorreu em nosso país. Além disso, você pode conhecer as três áreas clássicas de atuação do psicólogo, diferenciando a particularidade de cada área no qual este profissional está inserido. Você também explorar uma das teorias mais estudadas e conhecidas dentro e fora da psicologia, a psicanálise. Ao estudar a teoria proposta por Freud, conhecemos um pouco de seu desenvolvimento, além de passear por seus principais conceitos. No próximo módulo, você continuará conhecendo sobre as teorias presentes na psicologia. Vamos juntos estudar um pouco sobre a análise experimental do comportamento, conhecendo assim sua história e os principais pensadores dessa teoria. Como material complementar, deixo para vocês livros dinâmicos e interessantes para você conhecer ainda mais sobre a psicologia, além de um filme que retrata um pouco sobre o autor da teoria estudada aqui. 31UNIDADE I Epistemologia e Concepções Psicológicas do Ser Humano 31UNIDADE II A Psicanalise e a Psicologia Como Ciência e Profissão MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título. O palhaço e o psicanalista Autor. Christian Dunker e Cláudio Thebas Editora. Planeta. Sinopse: Se de médico e louco todo mundo tem um pouco, de psicanalista e palhaço todo mundo tem um pedaço. Christian Dunker e Cláudio Thebas abordam neste livro, com bom humor e profundidade, um tema comum para ambos os ofícios: como escutar os outros como escutar a si mesmo E como a escuta pode transformar pessoas mesclando experiências, testemunhos, casos e reflexões filosóficas, os autores compartilham o que aprenderam sobre a arte da escuta, um tema tão urgente no mundo atual, onde ninguém mais se escuta. FILME/VÍDEO Título: Freud, Além da Alma Ano: 1962. Sinopse: Biografia romanceada do pai da psicanálise, Sigmund Freud. Os seus casos mais célebres e o envolvimento com os pacientes. 32 Plano de Estudo: ● Epistemologia da analise Experimental do comportamento; ● Técnicas de intervenção. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer as Teoria da Analise experimental; ● Apresentar os principais conceitos dessa teoria; ● Estudar a aplicação dessa teoria dentro do processo psicoterapêutico; ● Conhecer as técnicas de intervenção desenvolvidas dentro da teoria. UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento Prof. Esp. João Vitor Galbiati Zucco Prof. Me. Frank Duarte 33UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento INTRODUÇÃO Olá prezados (as) alunos (as), Dando continuidade em nossos estudos sobre as principais abordagens teóricas da psicologia, nesta unidade, você irá conhecer uma das principais linhas teóricas. Estudaremos a seguir a Análise Experimental do comportamento ou Behaviorismo. Para iniciarmos nossa viagem nesse universo, conheceremos a história desta abordagem, conhecendo os principais teóricos, passeando por seu desenvolvimento e estudando os principais conceitos desenvolvidos e observados pelos teóricos de referência Por fim, conheceremos algumas técnicas desenvolvidas dentro da análise do comportamento, entendo as mesmas como passiveis de serem observadas e aplicadas dentro do processo de autoconhecimento. Aproveite! Bons estudos! 34UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento 1. EPISTEMOLOGIA DA ANALISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO Para entendermos um pouco a respeito do Behaviorismo, precisamos ir até suas raízes. E de acordo com Baum (2006) todas as ciências tiveram suaorigem na filosofia, e se separaram dela casualmente. Assim foi com a psicologia, que na segunda metade do século XIX passou a ser chamada de “ciência da mente” e a partir disso foram criadas duas correntes de pensamento: a Psicologia Comparativa e objetiva. A primeira consistia na utilização de métodos objetivos no lugar da introspecção empírica, o que traria diferenças de procedimento podendo explicar resultados diferentes e uma maior fidedignidade quanto às relações explicitadas, como conhecemos I. P. (1908) desenvolveu um método para o estudo da aprendizagem e associação através da medida de um reflexo simples que foi transferido para novos sinais apresentados no laboratório. A segunda traz uma noção de continuidade da espécie, ou seja, elas se assemelhavam entre si e então nasceu a ideia de fazer comparações entre espécies a fim de conhecer melhor a nossa própria. Watson publicou um artigo, em 1913, que manifestava a sua insatisfação com os métodos introspectivos e a analogia. A ideia era a de evitar os termos relacionados a consciência e a mente, deixando a psicologia livre para estudar o comportamento humano. Essa ciência não usaria os termos considerados tradicionais e evitaria a subjetividade, estudando somente o comportamento observável objetivamente. 35UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento Para Watson, a psicologia deveria ser definida como ciência do comportamento, partindo do realismo definido por Barros (1999, p. 75) que: “no contexto do realismo, um mecanismo compreensível significa um mecanismo real, que existe fora do sujeito, e que vimos a conhecer à medida que o estudamos [...] Sua existência fora do sujeito, torna-o objetivo”. Ou seja, o behaviorismo metodológico nos fornece somente dados sensoriais sobre o comportamento real, portanto, nunca conheceremos o mundo real diretamente, o acessaremos indiretamente através de nossos sentidos. E os behavioristas metodológicos descrevem os eventos comportamentais da forma mais mecânica possível e o mais próximo da fisiologia. Baum (2006) ainda nos explica que por se basear no realismo, o behaviorismo metodológico considerava que o único trilho para as condições da ciência que estuda o comportamento seria através dos métodos objetivos, aqueles que coletassem dados sensoriais sobre o mundo fora do sujeito, que poderiam concordar potencialmente. Dentro da ciência do comportamento, Baum (2006) traz à tona a questão do Livre Arbítrio X Determinismo, que, enquanto um dizia que a capacidade do indivíduo em fazer escolhas supõe de algo dentro de si mesmo, considerando a hereditariedade e o ambiente, mas sendo livres para escolherem suas respostas, o outro dizia que o comportamento é determinado unicamente pela hereditariedade e pelo ambiente. Isso trouxe algumas discussões, pois os behavioristas tiveram que superar a ideia de que “uma causa não- natural leva a eventos naturais.” Pós Watson, conhecemos B. F. Skinner (1904-1990) cujas ideias a respeito da ciência do comportamento são contrastadas com a visão de outros behavioristas, pois enquanto os outros se preocupavam com os métodos das ciências naturais, Skinner se preocupava com a explicação científica, rotulando a visão oposta de behaviorismo metodológico, e se posicionando como behaviorismo radical. O Behaviorismo radical segundo Matos, é baseado no pragmatismo, em uma leitura da filosofia de informações encontradas, por meio de investigações comportamentais, que descreve as relações do funcionamento do comportamento e do ambiente. É possível observar que o behaviorista radical rejeita o metalismo, e nega o dualismo, porque acredita que o comportamento é função biológica do organismo vivo. Matos segue dizendo que o behaviorismo radical propõe duas formas de dinâmicas entre ambiente e o comportamento, o primeiro é chamado de consequências seletivas, essas que acontecem após o comportamental e alteram a probabilidade de futuramente ocorrerem comportamentos equivalentes; o segundo tipo trata-se de contextos que dão oportunidade para que os comportamentos fossem afetados por consequências, acontecendo antes do comportamento, o que afetaria a probabilidade do mesmo. 36UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento 1.1 Conceitos Básicos Segundo Moreira e Medeiros (2007) os comportamentos produzem consequências e são controlados por elas e algumas consequências crescem as possibilidades de o comportamento retornar, estas ocorrências são denominadas de reforço. Ainda no que diz respeito ao reforço, temos a relação do organismo e ambiente, o que fará com que o organismo emita um comportamento – resposta – e produza alterações no ambiente. Essas alterações aumentarão a probabilidade do comportamento ocorrido, ocorrer novamente, formando-se então a contingência de reforço, resulta-se no “se...então”. Existem duas formas de viver o reforço: sendo positivo ou negativo. O positivo parte da ideia de que no primeiro, o reforçador é adicionado ao ambiente, e no segundo, o estímulo aversivo deixa de estar no ambiente. Esses comportamentos que são reforçados negativamente enquadram-se na ideia de comportamento de fuga e esquiva. A fuga acontece quando o estimulo aversivo é encontrado no ambiente e o organismo emite uma resposta de forma a retirá-lo do ambiente. E a esquiva acontece quando o comportamento cancela ou adia o surgimento do estímulo aversivo. Partindo disso, Moreira e Medeiros (2007) nos apresentam modelos de reforçadores naturais e de reforçadores arbitrários. O primeiro trata-se de que a consequência reforçadora do comportamento é um produto direto do próprio comportamento, já a arbitrária parte da ideia de que a consequência reforçadora do comportamento é um produto indireto do próprio comportamento. Diante desses modelos de reforçadores, Moreira e Medeiros (2007) nos alertam sobre um reforçamento diferencial, que é a modelagem. Ela é um procedimento que faz com que haja aproximações repetidas do comportamental, até o momento em que exista um novo resultado de comportamento. Isso acontece quando se reforçam, na qual existem respostas que seguem um padrão de critérios e não se reforçam respostas similares. Mas não se pode falar de conceitos básicos da análise do comportamento sem falar em punição, pois ela tem o papel de diminuir a probabilidade de que determinada resposta ocorra, e assim como o reforço, ela pode ser tanto positiva, quanto negativa. Apresentar um estímulo que gere aversão, é denominado de punição positiva, enquanto a punição negativa remove um estímulo reforçador. Não menos importante, a análise do comportamento traz o modelo de comportamento respondente e o operante, que Borges (2012) define o primeiro como uma relação coesa, no qual se produz, por meio do estímulo uma resposta peculiar a um organismo fisicamente sadio, e por isso ele se define pela relação estímulo e resposta (S-R), não se definindo por algum dos dois individualmente. 37UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento Já o comportamento operante se caracteriza pela relação entre a classe de estímulo que é definido por um conjunto de estímulos anteriores que tem condições de evocar a resposta, além de fortalecê-la num classe de respostas, chamada de operante (R-Sr), ou seja, R é a classe de respostas SR é a classe de estímulos reforçadores, o que produz SR através de R. Com o tempo, o comportamento operante representa-se em determinadas ocorrências, ou seja, só ocorre em situações nas quais a emissão de comportamento respondente produz o reforçamento. Há também o comportamento verbal que segundo Barros (2003) é constituído em boa parte pela complexidade do comportamento humano e nos leva a entender que o comportamento verbal, é o comportamento operante, que é mantido pelas consequências mensuradas por um sujeito ouvinte, com treinamento por sua comunidade verbal para operar de tal modo. Borges (2012) nostraz ainda um conceito interessante a respeito da análise do comportamento, que é a psicopatologia na análise do comportamento. A análise do comportamento não observa nem julga a forma de comportar-se das pessoas, como algo problemáticas ou patológico. Apenas, os fenômenos são percebidos com causas e naturezas idênticas aos outros comportamentos, assim sendo, as causas motivadoras que desencadeiam no sujeito a procura pelo psicólogo, estão fundadas na busca pelo autoconhecimento ou circunstancias que a pessoa não consegue lidar ou enfrentar de forma solitárias, dentre eles estão os transtornos psiquiátricos. 38UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento 2. TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO Após conhecermos os pressupostos teóricos dessa teoria, passaremos agora a estudar sua aplicabilidade conhecendo algumas técnicas desenvolvidas e passíveis de aplicação dentro da análise do comportamento. 2.1 Análise Funcional Quando falamos em técnicas de intervenção, em primeiro lugar pensamos na análise funcional, que segundo Moreira e Medeiros (2007, p. 56) “é a busca dos determinantes da ocorrência do comportamento.” Considerando isso, os determinantes predispõem os mecanismos interacionais do organismo com o meio e que está provocando nivelamento distintos de comportamento pelo fato de ocorrer a seleção a partir das suas consequenciais. Neste sentido, todo comportamento tem funções no meio da bagagem e repertório do próprio comportamento do sujeito, compreendendo que a procura pelas variáveis que estão fora do processo, chamadas de independentes, tem finalidade de analisar o seu funcionamento. Nas circunstâncias da terapia, o alvo do processo de análise funcional se dá no comportamento do sujeito podendo ser utilizado em momentos diferentes no manejo clínico, como na avaliação, na intervenção e na alta (DELLITI, 2001 apud MOREIRA e MEDEIROS, 2007). Assim sendo, ao compreender um comportamento por meio da análise funcional, observamos a sua função não a estrutura do comportamento em si. 39UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento 2.2 Modelagem Como um projeto terapêutico, ela tem o propósito de reforçar os fatores ambientais sucessivos, com o foco de manter um comportamento desejável, o que dá origem ao seu nome, ou também conhecido como “método das aproximações sucessivas”. A modelagem então, é o método que, por meio do reforço positivo, inaugura novo repertório de respostas através do processo gradual de aprender, com a proposta de alcançar um comportamento final. Diante disso, pode-se dizer que modelagem é criar um padrão de comportamento, fazendo com que esse seja seguido por aquele indivíduo que se deseja que se comporte de uma maneira diferente da qual é acostumada a agir em seu cotidiano. 2.3 Dessensibilização Sistemática A Dessensibilização Sistemática (DE) reconhecida como um instrumento muito eficiente na suavização na extinção de reflexos condicionadores ou comportamento desadaptativo, amenizando o sofrer do sujeito (MOREIRA e MEDEIROS, 2007) generalizando o fator respondente, a DE busca fazer a divisão do processo de extinguir em pequenos degraus, ou seja, torna-o em formato gradual dos passos, colocando a pessoa gradativamente diante do estímulo que geram as respostas sempre de menos impacto até que alcance o estímulo condicionante original. De acordo com Knapp e Caminha (2003) a dessensibilização sistemática refere- se a um aglomerado de técnicas de aproximação ou exposição à eventos traumáticos, envolvendo algumas etapas básicas, organizadas em três, sendo: I) preparo e treinamento do cliente par alcançar o relaxamento físico, construindo um grau hierárquico da ansiedade, diante do objeto/estímulo que gera a fobia e contrariamente ao condicionamento do relaxamento com a resposta diante do estímulo, neste formato, iniciando com o objeto menos potente na geração de ansiedade até o mais alto de potência já estabelecido. Moreira e Medeiros (2007) apresentam suas percepções a respeito da técnica no manejo clínico, sendo necessário de imediato, a construção de uma escala de intensidades referente ao estímulo (graus diferentes do menor para o maior), afim de identificar que comportamentos estímulos estão relacionados ao objeto ou comportamento fóbico, que geram no sujeito o medo. Na sequência, prepara o cliente para um comportamento de respostas, contraditória a ansiedade, solicitando que pense em várias situações de ansiedade, na condição profunda de relaxamento (REMOR, 2000). 40UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento Outro fator de intervenção e processo terapêutico é a técnica de relaxamento, no qual Filho (2009 apud BORGES, 2012) conceitua como um conjunto de procedimentos de intervenção que pode ser usado em diversos campos da psicologia, pois ela tem sido efetiva no alívio da ansiedade e em uma variedade de settings. Se formos pelo lado histórico, o relaxamento teve origem no início do século XX, com as técnicas de relaxamento de Shultz e o relaxamento progressivo de Jacobson, mas já é possível encontrar resquícios no tratamento de doenças mentais no século VXIII quando falamos em hipnose e magnetismo animal. As técnicas, usadas tanto na área clínica como em outras áreas faz com que o paciente obtenha algumas vantagens, como a regulação do tônus muscular, a reintegração das partes doentes à sua imagem, entre outros. É uma ferramenta muito importante para o profissional da saúde pois os seus resultados são significativos, há um baixo custo e não há contraindicações. 2.4 Comportamento Verbal O comportamento verbal constitui-se na sua gênese do comportamento humano, podendo ser compreendido e entendido por meio da análise do seu funcionamento, ou seja, através do tipo de análise primário em busca de conquistar a compreensão e controladoria do comportamento do simples e dos motores. Pode-se conceituar o comportamento verbalizado, como forma de comportamento operante, já que altera o meio modificando as alterações. A diferenciação do comportamento de verbalização e do operante, sendo que o primeiro é operante em que as consequências não armazenam relações mecanizadas que são contingenciais. Assim, os resultados são organizados por meio do interlocutor, com o comportamento teve previa do treinamento da comunidade verbal. O comportamento verbal é um comportamento operante sendo mantido como frequência resultante do ouvinte, e em especial treinado para a finalidade do operar. 41UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento SAIBA MAIS A produção sobre análise comportamental aplicada com impacto internacional ainda é bastante escassa no Brasil. A maioria dos trabalhos aplicados tem sido desenvolvida em institutos privados de formação, cujo número tem também crescido no país, mas sem o compromisso com a divulgação/ publicação. Essa é uma lacuna que uma comunidade tão grande deveria investir esforços para reduzir, especialmente devido à qualidade das muitas intervenções realizadas. Para melhorar o cenário da contribuição de impacto internacional, os institutos necessitam divulgar suas atividades e os resultados obtidos e/ ou as universidades precisam assumir a tarefa de criar institutos voltados para a aplicação. Para saber mais acesse: https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500013. REFLITA Não considere nenhuma pratica imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite verdade eterna. Experimente. Fonte: SKINNER. https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500013 42UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade podemos conhecer a teoria da análise Experimental do comportamento. Estudamos seu surgimento, pressupostos teóricos e o caminho dessa teoria no desenvolvimento de seus aspectos. Além disso, conhecemos os principais conceitos e técnicas dessa teoria. Algumas formas de entender e intervir no ser humano dentro do processo de autoconhecimento.Cada teoria dentro da psicologia tem seu modo de ver o ser humano, assim como já conhecemos a psicanalise no capítulo anterior. Diante disso, a analise experimental do comportamento oferece sua visão de ser partindo da observação do comportamento e suas possibilidades. Espero que você, a partir de todos os aspectos estudados tenha conhecido um pouco desse universo da análise do comportamento. Como complemento, deixo a vocês livros e filmes relacionados a essa teoria, que irão agregar ainda mais em seus estudos. 43UNIDADE III Analise Experimental do Comportamento MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Princípios Básicos de Análise do Comportamento Autor: Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros. Editora: Artmed; 2ª edição. Sinopse: Esta é uma obra abrangente, ricamente ilustrada e com uma linguagem dinâmica sobre a psicologia comportamental. Os autores apresentam como lidar efetivamente nos mais variados campos de atuação da psicologia, proporcionando ao leitor uma visão global do comportamento humano. Este livro enriquecerá o profissional das mais diversas áreas: psicologia clínica, organizacional, esportiva, hospitalar, jurídica, escolar. FILME/VÍDEO Título: Laranja Mecânica Ano: 1972 Sinopse: O jovem Alex passa as noites com uma gangue de amigos briguentos. Depois que é preso, se submete a uma técnica de modificação de comportamento para poder ganhar sua liberdade. 44 Plano de Estudo: ● A psicologia Jurídica: história e possíveis campus de atuação; ● A psicologia hospitalar: o surgimento da atuação do psicólogo dentro do hospital. Objetivos da Aprendizagem: ● Entender a psicologia jurídica; ● Conhecer as principais áreas de atuação; ● Estudar a atuação do psicólogo dentro do hospital. UNIDADE IV Psicologia Jurídica e Hospitalar Prof. Esp. João Vitor Galbiati Zucco Prof. Me. Frank Duarte 45UNIDADE IV Psicologia Juridica e Hospitalar INTRODUÇÃO Olá prezados (as) acadêmicos (as), Chegamos ao último capítulo da nossa disciplina. Neste capítulo estudaremos duas áreas incríveis dentro da psicologia. Primeiramente iremos estudar a psicologia jurídica, como se deu o caminho desse profissional dentro desse ambiente, as principais características dessa atuação, bem como as possibilidades de atuação. Posteriormente, conheceremos a atuação do psicólogo dentro do hospital. Será possível entender a importância do psicólogo dentro do hospital, o objetivo e as principais características dessa prática. Espero que vocês gostem e curtam todos os conteúdos e desfrutem dessas duas áreas incríveis de atuação do psicólogo. Bons estudos! 46UNIDADE IV Psicologia Juridica e Hospitalar 1. A PSICOLOGIA JURÍDICA: HISTÓRIA E POSSÍVEIS CAMPUS DE ATUAÇÃO Analisaremos o conceito de justiça pela visão do filósofo escocês David Hume. Sua teoria avalia o formato de justiça como uma capacidade não própria do ser humano, pois é através da educação e das convenções humanas que, mesmo que artificialmente, mas, necessariamente, ela surge. Ele classifica esse tipo de virtude como artificiais pois elas “produzem prazer e aprovação mediante um artifício ou invenção resultantes das particularidades e necessidades da humanidade” (HUME, 1978, p. 85). A moral (que mais relaciona-se ao livre arbítrio que a justiça), segundo ele, seria uma virtude natural, buscando o caminho retórico e natural das relações apaixonantes. A justiça e o governo surgem a partir das convenções humanas, de acordo com a necessidade da sociedade e seu auto interesse, assim sendo, como caráter de virtude artificial, derivando da utilidade para o público, “... daqui se originam-se seu mérito e seu caráter moralmente obrigatório” (HUME, 2004, p. 43). A noção de justiça teve sempre, segundo Barbara (2012), função importante na sociedade. Nas civilizações pré-clássicas, seria ordem dependente e legítima conferida pelos deuses. É tema em todas as épocas, por diversos escritores, filósofos e afins. Suas bases ocidentais construíram-se na Grécia e também em Roma, com influência da vida cotidiana e também da religião, sendo os sacerdotes os primeiros a lhe exercerem (SANTOS, 2014). 47UNIDADE IV Psicologia Juridica e Hospitalar 1.1 Estado, Direito e Justiça O Estado, em seu enfoque político dado pelo Império Romano, remete à ideia de estabilidade, firmeza. O termo, porém, é extremamente complexo para ser definido de forma tão simplista quanto etologia da palavra. Sua fundação é resultado da grande complexidade alcançada pela vida em sociedade e o conflito entre comandantes e comandados, que ameaça a concentração de poder em apenas um indivíduo. Consolidou-se após a crise do Sistema Feudal, no qual cada senhor Feudal possuía autonomia para gerir seu próprio feudo. Após a instalação do Estado, houve também, segundo Ferreira (2012 apud GUIMARAES et al. 2017), uma preocupação quanto a preservação dos direitos dos cidadãos. A elaboração de pressupostos materiais quanto a sua formação, buscando racionalizar sua atuação, deveriam embasar-se nas ideias de juridicidade, supremacia da constituição, direitos fundamentais, com foco na liberdade, separação dos poderes e garantia de uma administração local autônoma. Com advento das guerras mundiais, temeu-se o Estado tornando-se totalitário, podendo apresentar-se de diversas formas: ditaduras, fascistas ou comunistas. Inicia-se então o diálogo quanto sua construção, preocupando-se a construção de um Estado social de direito, que preocupar-se-ia não em garantir apenas segurança jurídica, mas também quanto à justiça, igualdade, garantia de direitos econômicos, sociais e culturais. Apesar de não possuir uma concordância quanto ao termo, acrescenta-se o elemento democrático, surgindo então o Estado Democrático de Direito, que é o modelo de organização de nosso país na atualidade. Para a sustentação desse modelo de Estado, é imprescindível a separação dos poderes, que, de forma clássica, ocorre em tripartite: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, conforme elaborado por Montesquieu (GUEDES, 2008). Focaremos em nossa discussão exclusivamente o Poder Judiciário, que possui como incumbência a aplicação do direito em casos concretos, com objetivo de eliminar conflitos de interesse, na tentativa de mantar a ordem social. A Constituição de 1988, segundo Mendes (2012, apud SANTOS, 2014), delegou a esse poder autonomia institucional, bem como independência funcional de seus magistrados. O autor afirma ainda que, a partir da Ementa Constitucional nº 45, de dezembro de 2004, que altera o artigo 5º da Constituição, assegurando celeridade nos processos jurídicos, bem como renovação em todo o sistema, buscando transparência e eficiência, bem como maior segurança. Uma das mudanças foi a criação do CNJ – Conselho Nacional Justiça, com a função de formular a política e estratégia de todo o Poder Judiciário. 48UNIDADE IV Psicologia Juridica e Hospitalar Com grande importância para o acesso à justiça por toda a sociedade, podemos pontuar a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, em 1995, principalmente em função da população mais pobre da população, considerando a informalidade e o fácil acesso a eles, a dispensabilidade de advogado, de pagamento de custas, conferindo assim, mais cidadania e acesso aos menos favorecidos. 1.2 Dos tipos de justiça Sena (2007) afirma que o poder Judiciário vem assumindo cada dia mais sua função de efetivado do Estado Democrático de Direito e Guardião da Constituição, promovendo assim a preservação de princípios e valores que lhe fundamentam (questões sociais, trabalhistas, do comportamento cidadão, múltiplos pensamentos políticos e da dignidade humana). Ainda segundo a autora, a função do Poder Judiciário é “aplicar o direito com independência, impondo a sua observância indistinta e na busca da pacificação social” (SENA, 2007, p. 02), de forma imparcial. A humanidade, segundo Cintra (2017), vivenciou
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