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Indaial – 2022 e Gestão Prof.ª Sheila Patrícia Ramos Beckhauser 1a Edição Inovação Elaboração: Prof.ª Sheila Patrícia Ramos Beckhauser Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: B396i Beckhauser, Sheila Patrícia Ramos Inovação e gestão. / Sheila Patrícia Ramos Beckhauser – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 204 p.; il. ISBN 978-65-5663-753-2 ISBN Digital 978-65-5663-754-9 1. Gestão da inovação. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 658.4062 Acadêmico, na Unidade 1, nós abordaremos os conceitos e definições de inovação, bem como os fundamentos da gestão da inovação. Nos últimos anos, podemos observar que o termo inovação virou uma palavra de moda, uma tábua de salvação para muitas organizações. Qualquer atividade ou ato novo ou diferente já vai sendo chamado de inovação. Porém, na medida em que você avança neste livro didático vai ver que inovação é bem mais que isso. Vamos ver também como ocorreu a evolução histórica do sistema de ciência e tecnologia e sua relação com a inovação. E ainda, vamos conhecer os tipos e níveis de inovação, bem como a diferença entre inovação fechada e inovação aberta. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a inovação na prática. Veremos que não basta ter uma boa ideia, é preciso estruturá-la por meio de diversas ferramentas que contribuem para o desenvolvimento da jornada criativa. Vamos conhecer os elementos envolvidos na criação e desenvolvimento de novos produtos e serviços e as técnicas utilizadas para gerar ideias e estímulos para a inovação. Além disso, abordaremos o caminho trilhado para alcançar o direito de propriedade intelectual, bem como os seus principais tipos. O patenteamento, por exemplo, é a forma mais conhecida de propriedade intelectual, mas é apenas uma das várias maneiras de proteger uma ideia ou inovação. E ao fim desta unidade, veremos o que é transferência de tecnologia e os principais modelos existentes. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos como a inovação afeta e influencia as organizações, por meio do conhecimento e da aprendizagem organizacional. Vamos ver que as organizações possuem aspectos fundamentais relacionados a competência e habilidades desenvolvidas ao longo do tempo que são convertidas em geração de aprendizagem organizacional. Mas estas competências resultam de talentos coletivos ou indivíduos dentro de uma organização? Ou uma organização pode, por si mesma, ter conhecimento? O todo pode ser mais do que a soma das partes? Confira a resposta a estas questões nos tópicos abordados na Unidade 3. Acadêmico, veremos também, na Unidade 3, as principais características das organizações baseadas em inovação. E finalmente, estudaremos as políticas públicas de inovação no Brasil e alguns programas de incentivo à inovação existentes. Bom estudo! Prof.ª Sheila Patrícia Ramos Beckhauser APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - FUNDAMENTOS DA INOVAÇÃO ....................................................................... 1 TÓPICO 1 - CONCEITUANDO A INOVAÇÃO ...........................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 DEFINIÇÕES E PERSPECTIVA DA INOVAÇÃO ...................................................................3 3 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DA INOVAÇÃO ................................................................... 12 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 22 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A INOVAÇÃO ................................................................ 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25 2 CIÊNCIA ............................................................................................................................ 25 3 TECNOLOGIA ................................................................................................................... 30 4 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ..............................................................................33 RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................37 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 38 TÓPICO 3 - TIPOS DE INOVAÇÃO ........................................................................................ 41 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 41 2 TIPOS E NÍVEIS DE INOVAÇÃO ........................................................................................ 41 3 INOVAÇÃO FECHADA E INOVAÇÃO ABERTA ..................................................................47 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 54 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 58 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................59 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 61 UNIDADE 2 — INOVAÇÃO NA PRÁTICA .............................................................................. 65 TÓPICO 1 — DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS E SERVIÇOS ............................67 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................67 2 A CRIAÇÃO DE NOVOS PRODUTOS E SERVIÇOS ............................................................67 3 MODELOS DE DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS ........................................... 77 4 TÉCNICAS PARA GERAR IDEIAS E ESTÍMULOS PARA A INOVAÇÃO ............................81 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 90 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 91 TÓPICO 2 - PROPRIEDADE INTELECTUAL E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA .......... 93 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93 2 A PROPRIEDADE INTELECTUAL ..................................................................................... 93 3 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E SEUS MODELOS ..................................................99 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 104 TÓPICO 3 - MEDIDAS DE INOVAÇÃO ................................................................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................107 2 MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO DA INOVAÇÃO ........................................................107 3 INDICADORES DE INOVAÇÃO ........................................................................................ 114 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................132 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................133 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................135 UNIDADE 3 — INOVAÇÃO E AS ORGANIZAÇÕES ..............................................................139 TÓPICO 1 — GESTÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL ....................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 141 2 CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL ............................................................................. 141 3 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL .............................................................................150 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................158 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................159 TÓPICO 2 - ORGANIZAÇÕES INOVADORAS ..................................................................... 161 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 161 2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE ORGANIZAÇÕES BASEADAS EM INOVAÇÃO ................................................................................................................. 161 3 EXPLOITATION X EXPLORATION ....................................................................................171 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 174 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 175 TÓPICO 3 - POLÍTICAS PÚBLICAS E ELEMENTOS DE INCENTIVO À INOVAÇÃO .......................................................................... 177 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 177 2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INOVAÇÃO NO BRASIL ........................................................ 177 3 PROGRAMAS DE INCENTIVO À INOVAÇÃO ...................................................................187 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................195 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................198 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................199 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................201 1 UNIDADE 1 - FUNDAMENTOS DA INOVAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os conceitos e definições da inovação; • entender os fundamentos da gestão da inovação; • apreciar a evolução histórica do sistema de ciência e tecnologia; • compreender a relação existente entre ciência, tecnologia e inovação; • identificar os tipos de inovação. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITUANDO A INOVAÇÃO TÓPICO 2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A INOVAÇÃO TÓPICO 3 – TIPOS DE INOVAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 CONCEITUANDO A INOVAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os conceitos de inovação, bem como os fundamentos da gestão da inovação. Destaca-se também a diferença entre invenção e inovação. Além disso, veremos algumas citações de importantes organizações no mundo sobre a inovação, conceitos dos principais autores da área de inovação e as vantagens estratégicas geradas pela inovação. Veremos também os diferentes modelos conceituais de inovação. Dentre os modelos existentes destaca-se o modelo linear, o modelo simultâneo e o modelo interativo. Para as organizações é relevante conhecer os diferentesmodelos de inovação para que se possa escolher e aproveitar da melhor forma os recursos da organização e que estes sejam planejados e gerenciados de maneira efetiva e eficaz. Por fim, vamos ver as cinco gerações de inovações que surgiram ao longo do tempo sob influência das transformações econômicas mundiais. Desde 1960 até os anos 2000 podemos observar como as organizações foram evoluindo e se adaptando ao seu processo de inovação. Vamos começar! TÓPICO 1 - UNIDADE 1 2 DEFINIÇÕES E PERSPECTIVA DA INOVAÇÃO Acadêmico, você sabe a diferença entre inovação e invenção? Essa dúvida confunde muitas pessoas. Embora a inovação seja considerada prima-irmã da invenção, as duas não podem ser confundidas. A inovação é um conceito amplo, que pode ser entendido de várias maneiras. Myers e Marquis (1969 apud TROTT, 2012) definem a inovação não como uma ação única, mas como um processo total de subprocessos inter-relacionados. Não é apenas a concepção de uma ideia nova, nem a invenção de um novo dispositivo, nem o desenvolvimento e um novo mercado. O processo consiste em todas essas coisas agindo de forma integrada. De acordo com Trott (2012), a maioria dos autores distingue inovação de invenção ao sugerir que a inovação se relaciona com a aplicação comercial e prática de ideias e invenções. Neste caso, a invenção é a concepção de ideias, enquanto a inovação é a subsequente tradução da invenção em economia, conforme equação a seguir: Inovação = concepção teórica + invenção técnica + exploração comercial 4 Dessa forma, a inovação depende de invenções, mas as invenções precisam estar atreladas a atividades comerciais. A definição de inovação como um processo de gestão corrobora com esta afirmação quando estabelece que a inovação é a gestão de todas as atividades envolvidas no processo de geração de ideias, desenvolvimento de tecnologias, fabricação e marketing de um produto novo (ou aperfeiçoado) ou de um processo de fabricação ou equipamento (TROTT, 2012). Foi em meio a luta pela sobrevivência que as primeiras inovações surgiram para facilitar a vida dos seres humanos. Essas criações estavam voltadas para auxílio da caça ou o cultivo, armazenagem e cozimento dos alimentos. Posteriormente, com o surgimento de sociedades mais complexas, estimulou-se o desenvolvimento de tecnologias, como, por exemplo, a metalurgia para o desenvolvimento do arado e o desenvolvimento de tijolos para a construção de silos para estocagem de grãos. A Figura 1 e a Figura 2 mostram as formas de preparação da terra para o plantio. Uma apresenta a preparação manual e outra, com o avanço das tecnologias e inovações, utiliza uma máquina na realização da tarefa. FIGURA 1 – HOMEM NO CAMPO FIGURA 2 – MÁQUINAS NO CAMPO FONTE: <https://bit.ly/3GtTydp>. Acesso em: 5 ago. 2021. FONTE: <https://bit.ly/3lNrUQx>. Acesso em: 5 ago. 2021. O aumento substancial da produtividade da agricultura levou ao surgimento e aplicação de novas tecnologias para garantir a não escassez de alimento no mundo. A necessidade de sobrevivência e expansão das civilizações são dois fatores que influenciaram a geração de inovação e ainda é elemento fundamental para garantir a competitividade das organizações (TAJRA; RIBEIRO, 2020). 5 QUADRO 1 – A INVENÇÃO DA COCA-COLA Uma inovação depende de uma invenção A invenção é a descoberta ou a criação de algo novo, decorrente de um estudo ou experimento. O inventor do xarope da Coca-Cola, o farmacêutico e coronel confederado, John Pemberton, ferido durante a Guerra Civil Americana, usava morfina para ajudar nas suas dores, substância na qual se viciou. Na busca por soluções alternativas, Pemberton começou a realizar experimentos com a folha de coca e a noz da cola, os dois princípios ativos do refrigerante. O resultado dessa busca foi a descoberta do xarope mais famoso do mundo. Adicionando água carbonatada num copo com o xarope, você tem a famosa bebida, que é vendida a 5 centavos de dólar o copo. No começo, era comercializada como uma bebida medicinal e só era possível encontrá-la nas farmácias. FONTE: Tajra e Ribeiro (2020, p. 16) Tidd e Bessant (2015) afirmam que na realidade, algumas das maiores invenções do século XIX vieram de homens cujos nomes ninguém se lembra; muitos dos nomes que associamos às invenções são de empreendedores que as levaram a uso comercial. O aspirador de pó, por exemplo, que originalmente chamava-se varredor elétrico de sucção, foi inventado por um certo J. Murray Spengler. Ele abordou um fabricante local de artigos de couro que não entendia nada de aspiradores, mas que tinha uma boa ideia para comercializá-los e vendê-los – um tal de W. H. Hoover. Em inglês, os aspiradores também são chamados de hoovers, justamente porque a marca leva o nome do empreendedor W. H. Hoover, e não de seu inventor. Tidd e Bessant (2015) destacam algumas citações de importantes organizações no mundo sobre a inovação, conforme apresentado no Quadro 2: QUADRO 2 – INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES • “Temos o mais forte programa de inovação que consigo lembrar em minha carreira de 30 anos na P&G, e estamos investindo mais para impulsionar o crescimento em todo o nosso negócio” – Bob McDonald, CEO, Procter & Gamble. • “Acreditamos em fazer a diferença. A Virgin se mantém por custo-benefício, qualidade, inovação, diversão e um senso de desafio competitivo. Fornecemos um serviço de qualidade, dando autonomia aos nossos funcionários, além de facilitar e monitorar o feedback dos consumidores para melhorar continuamente a experiência do cliente por meio da inovação” – Richard Branson, Virgin. • “Adi Dassler tinha uma paixão clara, simples e inabalável por esportes. É por isso que, com o benefício de 50 anos de inovação contínua criada em seu espírito, continuamos na linha de frente da tecnologia” – Adidas, sobre seu futuro (www. adidas.com). • “Inovação é a nossa energia vital” – Siemens, sobre a inovação (www.siemens.com) 6 • “Estamos avaliando os principais líderes da GE baseados no quão imaginativos eles são. Os líderes imaginativos são aqueles que têm a coragem de financiar ideias novas, liderar equipes para descobrir ideias melhores e levar as pessoas a assumir riscos mais conscientes” – J. Immelt, presidente & CEO, General Electric. • “A inovação distingue um líder de um seguidor” – Steve Jobs, Apple • “A habilidade da John Deere de continuar inventando novos produtos que sejam úteis para os clientes ainda é a chave para o crescimento da empresa” – Robert Lane, CEO, John Deere • “Só os paranoicos sobrevivem!” – Andy Grove, Intel. FONTE: Tidd e Bessant (2015, p. 6). Conforme observado no Quadro 2, o sucesso das organizações se deve, em grande parte, à inovação. Vejamos no Quadro 3 alguns conceitos de autores do que venha a ser inovação: QUADRO 3 – CONCEITOS DE INOVAÇÃO Autores Conceito Schumpeter (1982) Inovações geralmente representam uma melhoria em que os resultados vão além da introdução do produto no mercado, impactando no desempenho da organização que a detém. O autor considera a inovação como “destruição criativa”, em que o empreendedor destrói produtos ou métodos de produção a partir de outras novas soluções. Damapour (1991) Inovação envolve a geração, o desenvolvimento e a implementação de novas ideias e/ou comportamentos, frequentemente causando mudanças em termos organizacionais e contribuindo para o desempenho. Amabile et al. (1996) Definem a inovação organizacional como o sucesso da implementação de novas e criativas ideias. Ahmed (1998) Classifica a inovação como um processo complexo, entretanto, fundamental para o sucesso organizacional, não sendo facilmente gerenciado. Calantone, Cavusgil e Zhao (2002) Inovação é considerada a geração, aceitação e implementação de novas ideias, processos, produtos ou serviços. Garcia e Calantone (2002) Identificaram formas de inovação, podendo ocorrer para o mundo, para a indústria, para a comunidade científica, para o mercado, para a empresa e para oconsumidor. Para que a inovação seja eficaz é prudente que as organizações estabeleçam normas, rotinas e crenças que auxiliem a prática da inovação. 7 Hult, Hurley e Knight (2004) A inovação compreende a introdução de novos processos, produtos ou ideias em uma organização. OCDE (2004) Caracteriza inovação em processo como “[...] a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado”. Alegre e Chiva (2009) Considerar algo como inovador implica duas condições, caracterizadas como a novidade e o uso. Essas duas condições caminham juntas. Em outras palavras, significa alocar a invenção em prática, seja ela uma descoberta, novo produto ou técnica de produção, quando colocada em uso ou, quando torna-se um sucesso comercial. FONTE: A autora Como se vê, há muito tempo discute-se a inovação na literatura. Historiadores econômicos do século XIX observaram que a aceleração do crescimento econômico foi resultante de progresso tecnológico. Schumpeter foi um dos primeiros economistas que enfatizaram a importância de novos produtos como estímulo ao crescimento econômico. Para Schumpeter, a concorrência determinada por novos produtos era bem mais importante que as alterações em margens de preços de produtos já existentes (TROTT, 2012). De acordo com Tidd e Bessand (2015), a inovação é mais do que ter boas ideias; é o processo de fazê-las evoluir a ponto de terem um uso prático. Para Tidd e Bessand (2015, p. 18), “as definições acerca de inovação podem variar na teoria, mas todas ressaltam a necessidade de completar os aspectos de desenvolvimento e de aprofundamento de novos conhecimentos, não somente de sua invenção”. Veja o exemplo da Ford, uma ideia aparentemente boa, mas que fracassou. Em 1952, os engenheiros da Ford começaram a trabalhar em um novo carro para fazer frente aos modelos de médio porte oferecidos pela GM e pela Chrysler: o carro “E”. Depois de uma pesquisa exaustiva por um nome, que envolveu mais de vinte mil sugestões, o carro foi finalmente batizado de Edsel Ford, o nome do único filho de Henry Ford. Não foi um sucesso; quando os primeiros Edsels finalmente saíram da linha de montagem, a Ford precisou gastar cerca de dez mil dólares por carro (quase o dobro do custo do veículo) para torná-lo vendável. O plano publicitário era mandar 75 Edsels no mesmo dia para concessionárias locais; durante o evento, a empresa só conseguiu mandar 68 deles, e, em um espaço televisivo, ao vivo o carro não deu a partida. Esses foram apenas os problemas iniciais; em 1958, a indiferença do consumidor pelo modelo e a preocupação por sua reputação levou a empresa abandonar o carro – a um custo de 450 milhões de dólares e 110.847 Edsels (TIDD; BESSAND, 2015, p. 21). 8 Atualmente, a ideia de inovação é amplamente aceita. Embora, durante os primeiros anos do século XIX, as organizações manufatureiras eram, em grande parte, de caráter familiar e concentravam seus recursos em uma única atividade. A expansão das atividades de manufatura foi igualada ao aumento das atividades administrativas das organizações e a inovação passou a ser discutida também no contexto organizacional, sendo associada a grupos de pessoas. Afinal, a criação, o desenvolvimento e o sucesso comercial de ideias novas exigem conhecimento. Os indivíduos são um componente-chave do processo de inovação. Dentro das organizações, são eles quem definem problemas, têm ideias e criam vínculos e associações criativas que levam a invenções (TROTT, 2012). Para Tidd e Bessant (2015) a inovação é: A inovação é mais do que simplesmente ter boas ideias; é o processo de fazê- las evoluir a ponto de terem um uso prático. As definições acerca de inovação podem variar na teoria, mas todas ressaltam a necessidade de completar os aspectos de desenvolvimento e de aprofundamento de novos conhecimentos, não somente de sua invenção (TIDD; BESSANT, 2015, p. 18). Trott (2012) apresenta a figura do panorama do processo de inovação, conforme você pode ver a seguir: FIGURA 3 – PANORAMA DO PROCESSO DE INOVAÇÃO FONTE: Trott (2012, p. 9) 9 A Figura 3 reconhece que as organizações estabelecem relacionamento entre si para comercializar, competir e cooperar umas com as outras. Além disso, as atividades de indivíduos dentro da organização também afetam o processo de inovação. Embora tenhamos um panorama do processo de inovação, é importante destacar que, conforme a perspectiva schumpeteriana, as organizações são diferentes e a maneira como cada uma administra seus recursos ao longo do tempo e desenvolve as suas capacidades é que vai influenciar seu desempenho de inovação. No entanto, Tidd e Bessant (2015) destacam que as vantagens geradas pelas inovações se tornam obsoletas quando a concorrência consegue imitar a inovação: É importante ressaltarmos que as vantagens geradas por essas medidas inovadoras perdem seu poder competitivo à medida que outros as imitam. A menos que a organização seja capaz de progredir para uma inovação ainda maior, arrisca-se a ficar para trás, já que os demais tomam a liderança ao mudarem ofertas, processos operacionais ou modelos que orientam seus negócios (TIDD; BESSANT, 2015, p. 10). Logo, pode observar-se que a inovação influencia o poder competitivo das organizações. A verdade é que a chave para se criar – e manter – vantagem competitiva tende a pertencer àquelas organizações que inovam continuamente. Tidd e Bessant (20015) indicam algumas das formas como as empresas podem obter vantagem estratégica pela inovação, conforme apresentado no Quadro 4. QUADRO 4 – VANTAGENS ESTRATÉGICAS GERADAS PELA INOVAÇÃO Mecanismo Vantagem estratégica Exemplos Novidade na oferta de produto ou serviço. Oferecer algo que ninguém mais consegue. Introduzir o(a) primeiro(a)... Wa- lkman, telefone celular, caneta esferográfica, câmera, lavadora de pratos, atendimento ban- cário por telefone, sistema de vendas on-line etc. no merca- do mundial. Novidade no processo. Oferecer algo de uma forma que os outros não conseguem imitar – mais rápido, mais bara- to, mais personalizado etc. O processo de vidro laminado da Pilkington, o processo de fa- bricação de aço da Bessemer, o Internet banking, a venda de livros on-line etc. 10 Complexidade. Oferecer algo que os outros têm dificuldade em dominar. Rolls-Royce e motores para aviação – apenas um restrito grupo de concorrentes domina o complexo processo de fabri- cação e metalurgia neles en- volvido. Proteção legal de propriedade intelectual. Oferecer algo que os outros não conseguem, a menos que paguem licença ou outra taxa. Drogas populares como Zantac, Prozac, Viagra etc. Acréscimo/ ampliação de alcance de fatores competitivos. Alterar a base de concorrência – por exemplo, de preço do produto para preço e qualidade, ou preço, qualidade, variedade etc. A indústria automobilística ja- ponesa, que sistematicamente alterou a agenda competitiva de preço para qualidade, flexi- bilidade e variedade, redução de tempo entre o lançamento de novos modelos e assim por diante – oferecendo-os juntos, sem substituir um pelo outro. Tempo/ oportunidade. Vantagem de ser o primeiro a entrar – ser o primeiro pode valer uma fatia de mercado significativa para novos produtos. Vantagem de seguidor rápido – algumas vezes, ser o primeiro significa encontrar muitas dificuldades iniciais inesperadas, o que torna mais sensata a postura de observar alguém que comete os erros iniciais e passar rapidamente para um produto mais avançado. Amazon.com, Google – outros podem surgir, mas a vantagem permanece com os primeiros a entrar. Computadores de mão (PDAs), que capturaram uma fatia sig- nificativa e crescente do mer- cado para depois verem sua funcionalidade serem absorvi- da pelos telefones celulares e tablets. Na realidade, seu con- ceito e design já haviam sido articulados no malsucedido. Newton, da Apple, cerca de cinco anos antes, mas pro- blemas com a programaçãoe principalmente com o reco- nhecimento da escrita manual levaram ao fracasso. 11 Desenvolvimento robusto/de plataforma. Oferecer um produto que é a base sobre a qual outras variações e gerações podem ser construídas. A arquitetura do Walkman – na forma de minidiscos, CDs, DVDs e MP3; o Boeing 737 – com mais de 50 anos, seu mo- delo ainda é copiado e adap- tado para atender a diversos usuários. – Um dos aviões de maior su- cesso de vendas no mundo; a Intel e a AMD, com as diferen- tes variações de suas famílias de microprocessadores. Reescritura de regras. Oferecer algo que represente um conceito de processo ou produto absolutamente novo – uma forma diferente de fazer as coisas – e que torna as antigas formas redundantes. Máquinas de escrever versus processadores de texto para computador; gelo versus re- frigeradores; lampiões versus lâmpadas elétricas. Reconfiguração das partes do processo Recriar a forma na qual as partes do sistema interagem – por exemplo, construir redes mais eficientes, terceirizar e coordenar uma empresa virtual etc. Zara ou Benetton, na indústria de vestuário; Dell, no ramo de computadores; Toyota, na sua estratégia de cadeias de forne- cimento. Transferência através de diferentes contextos de aplicação. Recombinar os elementos já conhecidos em mercados diferentes. Rodas de policarbonato trans- feridas, em sua aplicação de mercado, de malas de rodinhas para brinquedos infantis, como no caso de patinetes leves. 12 Outros? A inovação depende, em grande parte, de nossa capacidade de encontrar novas maneiras de fazer as coisas, bem como de obter vantagem estratégica – dessa forma, haverá novas oportunidades para ganhar e manter a vantagem. Napster. Essa empresa come- çou desenvolvendo programas que permitiam que os aficio- nados por música trocassem suas canções favoritas via In- ternet. Mesmo que o Napster tenha sofrido com questões legais, seus seguidores desen- volveram um negócio de gran- des proporções, baseado em downloading e compartilha- mento de arquivos. As experi- ências de uma dessas empre- sas – Kazaa – proporcionaram a plataforma para o sucesso da telefonia via internet, e a em- presa que se estabeleceu com esse conhecimento – Skype – foi vendida para a eBay por $2,6 bilhões e, depois, para a Microsoft por $8,5 bilhões. FONTE: Tidd e Bessant (2015, p. 14-16) Como vimos no Quadro 4, a inovação pode gerar vantagens competitivas para as organizações de diferentes maneiras. No entanto, embora a inovação seja cada vez mais vista como uma maneira importante de assegurar vantagem competitiva e uma maneira mais segura de defender posições estratégicas, o sucesso não é sempre garantido. A história da inovação de processos e produtos está cheia de exemplos de ideias aparentemente boas que falharam. Na próxima seção, vamos abordas os fundamentos da gestão da inovação e modelos ou gerações de inovação. Vamos lá! 3 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DA INOVAÇÃO A inovação centra-se em duas escolas de pensamento. De um lado, temos a escola do determinismo social, que afirma que as inovações resultavam de uma combinação de fatores e influências sociais e externas, como mudanças demográficas, econômicas ou culturais. Argumenta-se que, quando as condições eram adequadas, as inovações ocorriam. De outro lado, temos a escola individualista, que afirma que as inovações resultam de talentos individuais únicos que nascem predestinados (TROTT, 2012). 13 Nos últimos anos, a literatura sobre o que orienta a inovação se divide em duas escolas: a visão baseada no mercado e a visão baseada nos recursos. A primeira afirma que as condições de mercado fornecem o contexto que facilita ou restringe a extensão da atividade de inovação das organizações, reconhecendo as oportunidades de mercado. A segunda, considera que são os recursos internos da organização que garantem um contexto mais estável e permite desenvolver a atividade de inovação. A visão baseada em recursos considera a organização e seus recursos, capacidades e habilidades internas. Carvalho, Reis e Cavalcante (2011) afirmam que a organização precisa conhecer os diferentes modelos de inovação que existem para que possa escolher o que considera mais adequado a sua realidade. E assim, aproveitar da melhor forma seus recursos, quaisquer que sejam eles: humanos, infraestrutura, financeiro, dentre outros, para gerenciar o processo de inovação no dia a dia. Dessa forma, torna-se essencial compreender os modelos de inovação, para que seu planejamento e gerenciamento sejam realizados de forma efetiva. Dentre os modelos existentes, Trott (2012) destaca o modelo linear, modelo simultâneo e o modelo interativo. Os modelos lineares surgiram após a Segunda Guerra Mundial, por volta de 1940, por economistas norte-americanos que defenderam o modelo linear de ciência e inovação. O reconhecimento de que a inovação ocorre por meio da interação entre base científica, desenvolvimento tecnológico e necessidades de mercado foi significativo e constitui a base dos modelos de inovação até hoje, resultando na Figura 4 que apresenta a estrutura conceitual da inovação. FIGURA 4 – ESTRUTURA CONCEITUAL DA INOVAÇÃO FONTE: Trott (2012, p. 23) No modelo linear, o processo de inovação é tradicionalmente visto como uma sequência de estágios que podem ser separados. Existem aqui duas variações. Uma apresenta o modelo orientado pela tecnologia onde os cientistas realizam descobertas inesperadas, sendo o mercado um receptor passivo. 14 E outro modelo em que o mercado influencia o processo de inovação. Esse modelo, voltado para a necessidade do consumidor, enfatiza o papel do marketing como um iniciador de novas ideias que são levadas ao departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e posteriormente a fabricação. A Figura 5 apresenta os dois modelos lineares. FIGURA 5 – MODELOS LINEARES DE INOVAÇÃO FONTE: Trott (2012, p. 24) O modelo linear é apenas capaz de oferecer uma explicação de onde provém o estimulo inicial para a inovação em vez de se concentrar em como as inovações ocorrem. Já o modelo simultâneo sugere que a inovação é resultado de uma conexão simultânea de conhecimento nas três funções que desenvolverá a inovação. Além disso, esse modelo considera que o ponto de início para a inovação não é conhecido de antemão. A Figura 6 mostra como o modelo interage. FIGURA 6 – MODELO SIMULTÂNEO FONTE: Trott (2012, p. 24) 15 Já o modelo interativo enfatiza que as inovações são resultado da interação entre mercado, base científica e capacidade da organização, conforme apresenta a Figura 7. Esse modelo também não considera que existe ponto de partida explicito para a inovação. FIGURA 7 – MODELO INTERATIVO DE INOVAÇÃO FONTE: Trott (2012, p. 25) O processo de inovação do modelo interativo representa as capacidades da organização e seus vínculos tanto com o mercado quanto com a base científica. No centro do modelo interativo da Figura 7 estão as funções organizacionais de P&E, engenharia e design, fabricação e marketing e vendas. Embora à primeira vista possa parecer um modelo linear, o fluxo de comunicação não é necessariamente assim, pois há previsão de retorno de informação. Os vínculos com a base científica e com o mercado ocorrem entre todas as funções. A geração de ideias é apresentada como algo dependente de inserções a partir dos três componentes básicos que são a capacidade de organização, necessidades do mercado e base científica e tecnológica (TROTT, 2012). A inovação não é um acontecimento único, mas resultado de uma série de atividades que estão ligadas de algum modo. Para Kelly e Kranzberg (1978) a inovação pode ser descrita como um processo que envolve: • uma resposta tanto a uma necessidade quanto a uma oportunidade que é dependente do contexto; • um esforço criativo que, se bem-sucedido, resulta na introdução do novo; • a necessidade de mais mudanças. Além desses três modelos apresentados existemoutros. Trott (2012), baseado em Rothwell (1992), apresenta alguns dos modelos de inovação que foram desenvolvidos. Veja no Quadro 5. 16 QUADRO 5 – DESENVOLVIMENTO CRONOLÓGICO DOS MODELOS DE INOVAÇÃO Data Modelo Características 1950/60 Impulso tecnológico Processo sequencial linear simples; ênfase em P&D; o mercado é receptor dos produtos de P&D. 1970 Demanda de mercado Processo sequencial linear simples; ênfase em marketing; o mercado é uma fonte para direcionar P&D; P&D tem um papel reativo. 1980 Modelo simultâneo Ênfase na integração de P&D e marketing. 1980/90 Modelo interativo Combinações de impulso e demanda. 1990 Modelo de rede Ênfase em acumulação de conhecimento e vínculos externos. 2000 Inovação aberta Ênfase de Chesbrough (2003) em mais externalização do processo de inovação em termos de vínculos com fontes de conhecimento e cooperação para explorar resultados de conhecimento. FONTE: Trott (2012, p. 26) Os diferentes modelos apresentados no Quadro 5 são marcados por diferentes modelos conceituais, sob influência das transformações econômicas mundiais. Rothwell (1994) descreveu as cinco gerações ou modelos da inovação, a partir de um recorte histórico de 40 anos. A primeira geração de inovação ocorreu nos anos de 1950 e parte de 1960. O marco dessa geração foi desenvolvimento do processo de inovação de forma linear, conforme a Figura 8. FIGURA 8 – PRIMEIRA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO FONTE: Rothwell (1994, p. 8) O modelo da primeira geração de inovação era visto como empurrado pela tecnologia, já que não estava diretamente preocupado com as demandas de mercado e resultava unicamente da pesquisa e desenvolvimento. A segunda geração de inovação ocorreu no final dos anos de 1960 e 1970. Nesta época havia um maior acirramento da competição e maior dificuldade para desenvolver novas tecnologias. O foco na criação de novos produtos deu lugar ao processo de análise da demanda e otimização dos recursos existentes, resultando na redução de recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento e descentralização para outros departamentos da empresa. A Figura 9 ilustra a segunda geração de inovação. 17 FIGURA 9 – SEGUNDA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO FONTE: Rothwell (1994, p. 9) Na segunda geração, o processo de inovação seguia na mesma direção linear, porém no sentido inverso. A ênfase passou a ser dada ao mercado e a pesquisa e desenvolvimento começou a considerá-lo como uma fonte de ideias e de necessidades. A terceira geração de inovação ocorreu entre 1970 e 1980, período em que as organizações foram forçadas a adotar estratégias de consolidação e racionalização. O processo de inovação apresentava uma rede complexa de vias de comunicação, tanto intraorganizacional e extraorganizacional, apresentando ainda uma confluência de capacidades tecnológicas e necessidades do mercado. A Figura 10 ilustra a terceira geração de inovação. FIGURA 10 – TERCEIRA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO FONTE: Rothwell (1994, p. 10) Na terceira geração, os investimentos em inovação passaram a ser cuidadosamente estudados para evitar perdas, sendo estabelecidos em função dos objetivos estratégicos das organizações. A quarta geração ocorreu entre 1980 e 1990 e teve a influência das empresas japonesas, cujo destaque envolveu a integração e desenvolvimento paralelo dentro de uma perspectiva de ocorrerem projetos simultâneas em vez de sequencialmente. A Figura 11 ilustra a quarta geração de inovação. 18 FIGURA 11 – QUARTA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO FONTE: Rothwell (1994, p. 12) Na quarta geração, a recuperação econômica do início da década de 1980 trouxe um novo enfoque na estratégia de produção. Surgiu uma nova geração de equipamentos, atrelados à tecnologia de informação, e o ciclo de vida dos produtos tornava-se cada vez menor, fazendo com que a velocidade de seu desenvolvimento se tornasse um fator de competição. A quinta geração de inovação ocorreu a partir de 1980 e caracteriza-se pela velocidade no desenvolvimento e eficiência de uma inovação em resposta ao mercado que podem ser implementados por meio de vinte e quatro fatores. Na quinta geração, a organização, a tecnologia, o desenvolvimento de produtos líderes inovadores, representam um processo de integração de sistemas e rede. A Figura 12 ilustra a quinta geração de inovação. FIGURA 12 – QUINTA GERAÇÃO DE INOVAÇÃO FONTE: Rothwell (1994, p. 27) 19 No modelo de inovação na quinta geração o processo de inovação passou a ser o resultado de uma ação conjunta e cooperada entre diversos atores internos e externos às organizações, como empresas, fornecedores, clientes e outras instituições de caráter público ou privado, representando a rede de inovação. O modelo de inovação aberta será apresentado no Tópico 3. DICA Acadêmico, para complementar seu conhecimento sobre os modelos de gestão da inovação sugere-se a leitura do artigo “Modelos para a gestão da inovação: revisão e análise da literatura”, de autoria de Débora Oliveira da Silva, Raoni Barros Bagno e Mario Sergio Salerno. O artigo científico apresenta um levantamento bibliográfico dos modelos de gestão da inovação realizado a partir de buscas em bases de dados acadêmicos, identificação dos modelos clássicos através do número de citações e livros do acervo de universidades brasileiras. A partir de tal levantamento se conduz uma análise crítica e comparativa de vários modelos de gestão da inovação. O estudo está disponível em: https://www.scielo.br/j/prod/a/ 6DSt9LQRVGHcKLHpfbSsrfR/?format=pdf&lang=ptf. Confira! A inovação é algo bastante complexo e envolve a gestão eficiente de diferentes atividades. Neste sentido, existe ainda um modelo que ajuda a ilustrar a inovação como um processo de gestão. Este modelo pode é apresentado na Figura 13. FIGURA 13 – INOVAÇÃO COMO PROCESSO DE GESTÃO FONTE: Trott (2012, p. 28) https://www.scielo.br/j/prod/a/6DSt9LQRVGHcKLHpfbSsrfR/?format=pdf&lang=ptf https://www.scielo.br/j/prod/a/6DSt9LQRVGHcKLHpfbSsrfR/?format=pdf&lang=ptf 20 O modelo não pretende ter qualquer status analítico; é apenas um auxílio na descrição dos principais fatores que precisam ser considerados na administração da inovação. Ele ajuda a mostrar as interações de funções dentro da organização são tão importantes quanto as interações dessas funções com o ambiente externo. Cientistas e engenheiros de dentro da empresa estarão continuamente interagindo com colegas cientistas de universidades e de outras empresas sobre desenvolvimento científicos e tecnológicos. Do mesmo modo, a função de marketing precisará interagir com fornecedores, distribuidores, clientes e concorrentes, a fim de assegurar que as atividades cotidianas de reconhecimento das necessidades dos clientes e de entrega dos produtos a eles sejam atingidas. Os planejadores de negócios e a alta administração também entrarão em contato com uma ampla variedade de empresas e outras instituições externas, como departamentos governamentais, fornecedores e clientes. Todos esses fluxos de informação contribuem para a riqueza do conhecimento agregado pela organização (TROTT, 2012, p. 28). Reconhecer todos os elementos que constam na Figura 13, apresentar e utilizá- los para desenvolver novos produtos constitui o difícil processo de gestão da inovação. Tidd e Bessand (2015) apresentam uma visão da inovação como processo central de renovação dentro de uma organização – reciclando sua oferta ao mercado e a maneira de criar e disponibilizar essa oferta. Neste sentido, os autores apresentam um modelo de processo de inovação conforme ilustra a Figura 14. FIGURA 14 – UM MODELO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO FONTE: Tidd e Bessand (2015, p. 56) 21 No modelo apresentado na Figura 14, a inovação é uma atividade genérica, associada à sobrevivência e ao crescimento da organização. O processo envolve: • Busca – analisar o cenário (interno e externo) à procura de ameaças e oportunidades para a mudança. • Seleção – decidir quais desses sinais responder, levando em consideraçãouma visão estratégica de como uma organização pode se desenvolver melhor. • Implementação – traduzir o potencial da ideia inicial em algo novo e lançar em um mercado interno ou externo. • Captura de valor por meio da inovação – feita tanto em termos de adoção sustentável e difusão quanto em relação ao aprendizado com a progressão ao longo ciclo, de maneira que a organização possa construir sua base de conhecimento e melhorar as formas como o processo é gerido. Tidd e Bessand (2015) afirmam que o desafio enfrentado por toda organização é testar e procurar formas de gerenciar o processo que sejam uma boa solução para o problema de renovação. Circunstâncias diferentes levam a soluções variadas – grandes empresas ligadas ao campo científico, como as do setor farmacêutico, por exemplo, tendem a criar soluções que envolvem atividades intensas em torno de P&D formal, pesquisa de patentes etc., enquanto pequenas empreiteiras de mão de obra estarão voltadas para a aceleração da capacidade de implementação. Os varejistas podem apresentar atividades de P&D relativamente pequenas no sentido formal, mas buscam avaliar o cenário a fim de identificar as novas tendências e tendem a empregar muitos recursos em marketing (TIDD; BESSAND, 2015, p. 56). Apesar de todas essas variações, o padrão básico das fases da inovação permanece constante. Para Tidd e Bessand (2015) a questão central da inovação é que ela pode ser aprendida, adaptada e moldada conforme a realidade de cada organização: É central à nossa visão a gestão da inovação é uma capacidade que pode ser aprendida. Embora haja fatores comuns a serem confrontados e um conjunto convergente de receitas para lidar com eles, cada empresa deve encontrar a sua própria solução e desenvolvê-la dentro do próprio contexto. Simplesmente copiar ideias de outros não parece ser suficiente; elas devem ser adaptadas e moldadas para se adequarem a circunstâncias específicas (TIDD; BESSAND, 2015, p. 56). As inovações variam em escala, natureza, grau de novidades, entre outros, assim como variam as organizações inovadoras. No entanto, em todas as circunstâncias e organizações ocorre o mesmo processo básico de inovação. No próximo tópico, nós veremos como a ciência e a tecnologia se relacionam com a inovação. Vamos lá! 22 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A invenção representa a concepção de ideias. A inovação representa a aplicação comercial e prática de ideias e invenções. • Primeiramente, a necessidade de sobrevivência e expansão das civilizações influenciaram a geração de inovação. Com o advento da revolução industrial e aumento da competitividade, as organizações buscam inovar continuamente. • As organizações investem em inovações para manutenção de sua sobrevivência, desenvolvimento e obtenção de vantagem competitiva. • A inovação pode gerar diversas vantagens estratégicas pela inovação, como: novidade na oferta de produtos e serviços, novidade no processo, complexidade, proteção legal de propriedade intelectual, acréscimo/ampliação de alcance de fatores competitivos, tempo/oportunidade, entre outros. • Existem diferentes modelos de inovação, dentre eles destaca-se o modelo linear, simultâneo e o modelo interativo. • O modelo que sugere que a inovação ocorre por meio da interação entre base cientifica, desenvolvimento tecnológico e necessidades de mercado constitui a base dos modelos de inovação. • Rothwell (1994) descreveu cinco gerações de inovação. As diferentes gerações são marcadas principalmente pela influência das transformações econômicas mundiais vividas em cada época. • Tidd e Bessand (2015) apresentam um modelo do processo de inovação. Os autores destacam que a inovação resulta do processo de busca, seleção, implementação e captura de valor. RESUMO DO TÓPICO 1 23 1 Discute-se a inovação há algum tempo na literatura e muitos autores apresentam o conceito de inovação. Hoje a ideia de inovação é largamente aceita. Sobre a inovação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A inovação surgiu em organizações manufatureiras de caráter familiar. b) ( ) A inovação passou a ser discutida somente a partir expansão das atividades de manufatura. c) ( ) Os individuas são um componente-chave do processo de inovação. d) ( ) Inovar significa apenas ter boas ideias. 2 Schumpeter (1982) afirma que as organizações são diferentes e a maneira como cada uma administra seus recursos ao longo do tempo e desenvolve as suas capacidades é que vai influenciar seu desempeno de inovação. Sobre as vantagens estratégicas geradas pela inovação para a organização, analise as sentenças a seguir: FONTE: SCHUMPETER, J. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982. I- A inovação gera a vantagem estratégica de oferecer algo que outros tem dificuldades de dominar por meio da complexidade. II- A inovação gera a vantagem de oferecer algo ninguém mais consegue por meio de uma novidade na oferta de produto ou serviço. III- A inovação gera a vantagem de recombinar os elementos já conhecidos em mercados diferentes por meio da reconfiguração das partes do processo. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Ao longo dos anos surgiram diferentes modelos de inovação. É importante que a organização conheça os diferentes modelos para que possa escolher o que considera o mais adequado a sua realidade. Considerando os diferentes modelos de inovação existentes, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O modelo linear representa a sequência de estágio a serem realizados no processo de inovação. ( ) O modelo simultâneo representa a conexão simultânea de conhecimento na função de P&D, fabricação e marketing responsável por desenvolver a inovação. AUTOATIVIDADE 24 ( ) O modelo interativo enfatiza que a inovação é resultado da inovação entre mercado, base científica, capacidade da organização e marketing. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Rothwell (1994) afirma que a inovação é marcada por cinco gerações. Essa constatação foi resultado de uma análise em um recorte histórico de 40 anos. A diferentes gerações de inovação foram marcados principalmente pelas transformações econômicas mundiais ocorridas. Disserte sobre as cinco gerações de inovação. FONTE: ROTHWELL, R. Towards the fifth-generation innovation process. International Marketing Review. [s. l.], v. 11, n. 1, p. 7-31, 1994. 5 Tidd e Bessand (2015) apresentam uma visão de inovação como processo central de renovação dentro da organização. Para os autores, a inovação é uma atividade genérica, associada a sobrevivência e ao crescimento da organização. Disserte sobre os processos do modelo de inovação de Tidd e Bessand (2015). FONTE: TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação. 5. ed. Bookman Editora, 2015. 25 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A INOVAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a ciência e sua evolução histórica. Veremos a diferença entre conhecimento popular e ciência, bem como os diferentes tipos de conhecimento existentes. Vamos ver que a tecnologia sempre existiu. No entanto, nos últimos anos com o avanço tecnológico, das indústrias e a mudança e o aumento de consumo, as tecnologias deram um salto e ficaram em evidência. As organizações precisam de tecnologia e para se manterem atualizadas e inovadoras se quiserem ter vantagem competitiva frente à concorrência. É uma questão de sobrevivência. E, por fim, vamos ver que existe uma relação entre ciência, tecnologia e inovação. A ciência representa o conhecimento formulado e sistemático.A tecnologia representa a aplicação da ciência que resulta em inovações. No Brasil foram criados órgãos importantes para a consolidação de uma estrutura de Ciência, Tecnologia e Inovação. E com isso, estimulando os programas de pesquisa, instrumentos de financiamento, instituições, legislações e a dinâmica de geração de conhecimento e de inovação no campo científico que impactam nas organizações e na vida da sociedade. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 2 CIÊNCIA A palavra ciência pode ser entendida em duas dimensões inseparáveis: a compreensiva (contextual ou de conteúdo) e a metodológica (operacional), abrangendo tanto aspectos lógicos quanto técnicos. O aspecto lógico da ciência conceitua-se como método de raciocínio e inferência de fenômenos já conhecidos ou a serem investigados. A logicidade da ciência manifesta-se por meio de procedimentos e operações intelectuais que: possibilitam a observação racional e controlam os fatos; permitem a interpretação e explicação adequadas de um fenômeno; contribuem para a verificação de um fenômeno; e fundamentam os princípios da generalização ou estabelecimento de princípios e leis. Os aspectos técnicos caracterizam-se pelos processos de manipulação dos fenômenos que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar. Os aspectos técnicos correspondem ao instrumento metodológico e a melhor maneira de se operar em cada caso específico (TRUJILLO FERRARI, 1974 apud MARCONI; LAKATOS, 2017). 26 O conhecimento popular não se distingue pela veracidade ou pela natureza do objeto, mas pela forma, modo ou método e os instrumentos utilizados para conhecer. Saber que determinada planta necessita de uma quantidade X de agua e que, se não a receber de forma natural, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas nem por isso, científico. Para que o conhecimento científico ocorra é preciso conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra (MARCONI; LAKATOS, 2017). Embora o conhecimento popular aspire à racionalidade e à objetividade, ele só consegue atingir uma forma limitada visto que é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, sem aplicação de um método e sem haver reflexão sobre algo (MARCONI; LAKATOS, 2017). Ferrari (1974) apud Marconi e Lakatos (2017) sistematiza as características dos quatros tipos de conhecimento, conforme apresentado no Quadro 6: QUADRO 6 – TIPOS DE CONHECIMENTO Conhecimento popular Conhecimento filosófico Conhecimento religioso Conhecimento científico Valorativo Reflexivo Assistemático Verificável Falível Inexato Valorativo Racional Sistemático Não verificável Infalível Exato Valorativo Inspiracional Sistemático Não verificável Infalível Exato Real (factual) Contingente Sistemático Verificável Falível Aproximadamente exato FONTE: Ferrari (1974 apud MARCONI; LAKATOS, 2017, p. 4) O conhecimento popular é valorativo visto que se fundamenta em estado de ânimo e emoção. É falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito de determinado objeto. Não permite a formulação de hipóteses sobre a existên- cia de fenômenos. O conhecimento filosófico é infalível e exato visto que seus postulados e suas hipótese não são submetidos ao teste de observação e experimentação. O conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura de questionar os problemas humanos. Já o conhecimento religioso apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas por terem sido revelados pelo sobrenatural (inspiracional), por isso, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis. E, o conhecimento científico lida com ocorrências ou fatos. Suas proposições ou hipótese têm sua veracidade ou falsidade conhecida por meio de experimentação e não apenas pela razão (MARCONI; LAKATOS, 2017). 27 De acordo com Bunge (1980), a epistemologia ou conhecimento científico desenvolveu-se na filosofia e modificou-se radicalmente a partir de 1927, quando um grupo de epistemólogos reuniu-se para trocar ideias e coletivamente elaboraram uma nova Epistemologia, o empirismo lógico. O grupo denominado Círculo de Viena era composto por matemáticos, lógicos, filósofos, historiadores, cientistas naturais e cientistas sociais. Assim, esse grupo conseguiu, com a ajuda da lógica matemática, desenvolver a filosofia exata. Mais tarde rechaçado por Popper por conta do empirismo e sua proposta do problema de demarcação. Assim, uma nova epistemologia renasceu que se refere à ciência, que se ocupa de problemas da investigação científica ou na reflexão sobre problemas, métodos e teorias da ciência, que propõem soluções claras e se distinguem da pseudociência. Silvino (2007, p. 285) afirma que “na epistemologia contemporânea a teoria é o local onde as relações entre variáveis são discutidas em função do problema”. Os conceitos mais comuns da ciência são: Acumulação de conhecimentos sistemáticos. Atividade que se propõe demonstrar a verdade dos fatos experimentais e suas aplicações práticas. Forma de conhecimento que se caracteriza pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável e, por conseguinte, falível. Conhecimento do real pelas suas causas. Conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que a regem, obtido pela investigação, pelo raciocínio e pela experimentação intensiva. Conjunto de enunciados logica e dedutivamente justificados por outros enunciados. Conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente demonstradas e relacionadas com um objeto determinado. Corpo de conhecimentos que consiste em percepções, experiências, fatos certos e seguros. Estudo de problemas solúveis, mediante método científico. Forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo (MARKONI; LAKATOS, 2017, p. 7-8). Kuhn (1975) observou que o desenvolvimento científico é um processo gradativo em que foram adicionados novos conhecimentos. O conhecimento é resultado da contínua competição entre perspectivas distintas, mas de métodos compatíveis. De acordo com Kuhn (1975), o desenvolvimento científico pode ser realizado por meio da ciência normal e paradigmas. A competição entre segmentos da comunidade científica é o que estabelece a rejeição de uma teoria e adoção de outra. A ciência normal se baseia no passado e suas realizações são reconhecidas em uma comunidade científica específica. Já o paradigma, envolve a adoção de uma nova teoria que deve parecer melhor do que a existente e não necessariamente precisa explicar todos os fatos. Além disso, um paradigma precisa ser capaz de atrair a maioria dos cientistas da área. Kuhn (1975, p. 44) destaca que “a maioria dos cientistas, durante toda a sua carreira, ocupam-se com operações de limpeza, chamada de ciência normal”. Ou seja, os cientistas trabalham com pressupostos já estabelecidos pelo paradigma e não estão constantemente procurando novas teorias. 28 Na ciência normal resolvem-se três classes de problemas: determinação do fato significativo, harmonização dos fatos com a teoria e articulação da teoria. Além disso, existem os problemas extraordinários que emergem de ocasiões especiais e normalmente geradas pelo avanço da ciência normal. Já no que tange à questão do paradigma, foram elencados três focos para a investigação científica: para fatos que o paradigma se mostrou relevante na resolução de problemas; fatos que podem ser comparados com as predições da teoria do paradigma; e, trabalho empírico desenvolvido para articular a teoria do paradigma que resolve ambiguidades ainda existentes. Ao adquirir um paradigma, a comunidade científica também adquire um critério para a escolha de problemas (KUHN, 1975). O raciocínio científico contribui na elaboração e desenvolvimento do problema de pesquisa e permite descobrir as relações existentes entre os fenômenos, devido à reflexão sobre os processos discursivos. A medida em que se encontra respostaaos problemas, o processo de análise dá lugar à investigação sistemática, à generalização, à organização e à seleção de dados consolidando o procedimento científico. Dessa forma, o conhecimento cientifico é analítico, comunicável, verificável, organizado e sistemático. Busca a formulação de paradigma. O conhecimento científico exige a utilização de métodos, processos, técnicas especiais para analise, compreensão e intervenção na realidade (BARROS; LEHFELD, 2000). O conhecimento científico direciona-se às fórmulas de pensamento e observação concretizadas em estratégias que o pesquisador utiliza para desvelar fenômenos. No conhecimento científico, há que se enfatizar a exigência da definição dos problemas que se pretende solucionar, porque nesse procedimento está presente a intencionalidade, mediante a qual são definidos formas e processos de ação (BARROS; LEHFELD, 2000). Chisholm (1969) afirma que a ciência é concebida pelo conjunto de conhecimentos que se dá pela utilização adequada de métodos rigorosos, capaz de controlar os fenômenos e fatos estudados. No que tange ao conhecimento, Chisholm (1969) afirma que uma das questões fundamentais é o problema do critério. O problema do critério busca responder a duas questões fundamentais: Até que ponto sabemos? Quais são os critérios de conhecimento? Todas as pretensões válidas de conhecimento satisfarão a critérios empíricos, usados para determinar a extensão do conhecimento. A ciência caminha e avança a partir da relação conceito, teoria e leis que se constroem ao longo do tempo. Para tanto os conceitos e teorias são testados por meio de métodos científicos utilizados por pesquisadores, que utilizando diferentes abordagens estudam determinados fenômenos. Assim, sob determinado “óculos” o pesquisador analisa e interpreta o fenômeno buscando testar e encontrar novas teorias que contribuam para o avanço da ciência. 29 Profissionais de nível superior e pesquisadores utilizam ferramentas teóricas que se caracterizam pelo conjunto de ideias, códigos, símbolos e valores que por meio de operações realizáveis torna possível a manipulação de conceitos abstratos. Conceito pode ser definido por ideia ou técnica utilizada para obter ou medir alguma coisa. No entanto, independentemente do que se entende por conceito, este precisa ser operacional para ter aceitação científica. Assim, o conceito precisa permitir ser reproduzido por meio de experiências reforçando a comprovação de hipóteses e de teorias. É a partir de conceitos que se constroem teorias (CERVO; BERVIAN, 2002). A teoria é um conjunto de afirmações, semelhantes a leis, que podem ser testadas empiricamente. As teorias podem ser testadas por pesquisas anteriores, podem ser propostas com validade limitada ou podem permitir realizar previsões da realidade (semelhantes a leis). O conjunto de pesquisas já realizadas fornecem e contribuem para que os pesquisadores desenvolvam novas teorias. Além disso, a teoria serve para estabelecer limites para a situação do estudo. Indica uma direção ao pesquisador. Procura explicar e prever. Na prática, uma decisão tomada sem o aporte da teoria pode ser considerada apenas adivinhação ou decisão baseada na intuição (HAIR JR et al., 2005). A teoria refere-se ao conhecimento em oposição à prática. No âmbito da ciência, as teorias não se contentam apenas com a formulação de leis, mas procuram- na interpretar e explicar. A lei superior ou universal é formada por um conjunto de teorias científicas (CERVO; BERVIAN, 2002). As regularidades encontradas na ciência podem ser caracterizadas como leis. As leis possuem duas funções principais: resumir uma grande quantidade de fatos e fenômenos e possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos. As leis possuem maior rigor e exatidão nas ciências naturais que nas ciências sociais e humanas, entretanto, sob condições também se constituem em ciência, apenas ocupando um lugar distinto na hierarquia da ciência em termos de precisão, certeza e rigor nos resultados que apresentam. Isto se deve a fatores comportamentais humanos que afetam a experimentação e a generalização. Por tal motivo as leis das ciências humanas e sociais são mais flexíveis e menos rigorosas para se constituírem em verdadeiras ciências (CERVO; BERVIAN, 2002). As leis são hipóteses gerais que foram testadas e receberam apoio experimental e que buscam descrever as relações ou regularidades encontradas em determinado fenômeno. A teoria é formada por uma reunião de leis, hipóteses, conceitos e definições interligadas e coerentes. Entretanto, a teoria é passível de correção e aperfeiçoamento, podendo ser substituída por outra teoria que explique melhor os fatos. Teorias novas devem ser capazes de explicar teorias antigas e também novos fatos (ALVES-MAZZOTI; GEWANDSZNAJDER, 1999). 30 Assim, a ciência busca descrever ou prever a realidade de um modo verdadeiro. O método cientifico é aquele que os pesquisadores empregam para adquirir conhecimento (HAIR JR et al., 2005). A teoria formula hipóteses. Possui a função de coordenar e unificar os saberes científicos e cria instrumentos que possibilitam novas descobertas. Porém, se a teoria tiver a pretensão de explicar e solucionar todos os problemas, ela se torna irrefutável e passa a se tornar uma ideologia e não mais uma teoria. Portanto, a teoria necessita ser parcial. Não pode abrigar hipóteses ou proposições antagônicas e não pode ir contra evidências conhecidas (CERVO; BERVIAN, 2002). 3 TECNOLOGIA O mundo industrializado testemunhou uma mudança de indústrias fundamentado em mão de obra e capital para economias de base tecnológica e informatizada. À medida em que a competição se tornou mais acirrada em mercados mundiais, a tecnologia despontou como um fator de suma relevância nos negócios. O conhecimento, transformado em experiência técnica ou tecnologia, tornou-se uma grande propriedade dentro das empresas. A tecnologia é vital para que um negócio continue a ser competitivo. Em mercados de evolução rápida inovações tecnológicas são essenciais (TROTT, 2017). A tecnologia sempre existiu, desde o início dos tempos ela já estava entre nós, só que em formas diferentes que nós não conseguíamos enxergar, nos tempos antigos foi criada a roda, uma forma de inovação, de tecnologia, isso há 3.500 a.C., já na idade média os chineses inventaram a pólvora e os fogos de artifício, no século XVIII, mais precisamente no ano de 1712, Thomas Newcomen desenvolve o motor a vapor. Podemos dizer que a tecnologia e inovação sempre existiram, não foi uma criação de 20 anos, todas essas descobertas são cruciais para chegar à tecnologia que hoje existe e não para de se desenvolver (SANTOS et al., 2019, s.p.). Há cinquenta anos, quem poderia imaginar como seria a evolução tecnológica? Os diversos segmentos da sociedade foram impactados por mudanças nos meios de produção, de prestação de serviços e na comercialização de produtos (PACHECO, 2019). Para Pacheco (2019), vários segmentos foram altamente influenciados pelas mudanças, mas em suas inovações, sete se destacaram. 31 QUADRO 7 – PRINCIPAIS EVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NOS ÚLTIMOS ANOS Tecnologia Marco Telefonia A telefonia teve um papel significativo com o patenteamento por Alexander Graham Bell, em 1876, mas a grande evolução da telefonia foi nos últimos 30 anos, com surgimento do celular. No Brasil completou 28 anos, dia 30 de dezembro de 2018. A roda A invenção da roda, seguindo alguns registros, surgiu na Ásia, há cerca de 6000 anos. Durante sua evolução, as rodas com raios foram utilizadas na Pérsia, 2000 anos antes de Cristo. Apesar de as rodas de alumínio e magnésio terem predominado na década de 1960, o “estado da arte” em rodas utiliza atualmente rodas de fibra de carbono, adotadas pela indústria aeronáutica e automobilística. O motor O motor à combustão foi inventado pelo um engenheiro alemão que construiu o primeiro motor de combustão interna de quatro tempos e determinouo ciclo teórico sob o qual trabalha o motor de explosão (1876). A celebração dos 50 anos da primeira aplicação de turbo em um carro leve mostra a evolução da tecnologia desde então. De acordo com as experiências, a avaliação apresentou que a turbo-alimentação contribuiu para a redução do consumo de combustível e de emissões de gases em mais de 60%, se comparados com os números dos motores aspirados produzidos na década de 60. Os veículos elétricos terão papel importante nos próximos anos, mas é prematuro pensar na substituição dos motores à combustão, porque existe uma longa distância, especialmente nos países emergentes. A lâmpada A invenção da lâmpada incandescente foi realizada por Thomas Edison há 135 anos. A primeira descoberta do gênero havia sido registrada em 1802. O objetivo foi substituir o gás, principal meio de iluminação no fim do século XVII. A lâmpada fluorescente, criada por Nikola Tesla, é um tipo de lâmpada que foi introduzida no mercado consumidor em 1938. A lâmpada LED surgiu em 1962, criada na General Eletric, pelo engenheiro Nick Holoniak Jr. Inicialmente, existia apenas a cor vermelha, mas, poucos anos depois, surgiram também as lâmpadas LED em amarelo e verde. Em junho de 2016 esgotou-se o prazo para a retirada do comércio das lâmpadas incandescentes, naturalmente, substituída pelas lâmpadas LED. 32 O avião O avião começou seu surgimento com Santos Dumont, com seu 14-Bis em 23 de outubro de 1906. Depois de um longo período de mudanças e melhorias, a Boeing lançou o Boeing 707 em 1958, o primeiro avião a jato de passageiros de sucesso. Nos Estados Unidos, entravam em serviço em 1960 os jatos Boeing 720 e 707 e dois anos depois o Douglas DC-8 e o Convair 880. Em seguida apareceram os aviões turboélices, mais econômicos e de grande potência. Soviéticos, ingleses, franceses e norte-americanos passaram a estudar a construção de aviões comerciais cada vez maiores, para centenas de passageiros e a dos chamados “supersônicos”, a velocidades duas ou três vezes maiores que a do som. No final da década de 1960 e início da década de 1970 surgiram modelos capazes de transportar até 400 passageiros, como o Boeing 747, o Douglas DC-10, o Lockheed Tristar L-1011. Em 1965 surge o Concorde, o primeiro avião comercial com a utilização do jato supersônico para passageiros. Nos dias atuais, os aviões comerciais, que dominam o espaço aéreo são: Airbus A380 e o Boeing 777 e 787. O computador Os computadores durante a Segunda Grande Guerra Mundial encontraram período fértil em seu desenvolvimento. O IBM 7030, também conhecido por Strech, foi o primeiro supercomputador lançado na segunda geração. A terceira geração é o IBM 360/91, lançado em 1967. A quarta geração é conhecida pelo advento dos microprocessadores e computadores pessoais. A Intel lançou várias versões de Windows. Entre os modelos da Intel, pode- se citar: 8086, 286, 386, 486, Pentium, Pentium 2, Pentium 3, Pentium 4, Core 2 Duo e i7. Todos esses processadores vieram revolucionar a microinformática. A internet A internet começou em 1969, ano em que nasceu o que seria um dos grandes marcos descobertos pelo homem no último século. Hoje em dia, não é possível imaginar-nos sem os serviços disponibilizados pela internet, porém no início o objeto era de longe sua utilização para sites e entretenimentos. A partir dos anos 2000 começou a grande novidade da web com a facilidade da aquisição de computadores e com a internet para o público em geral, assim, a tecnologia foi evoluindo e tendo grandes avanços significativos. A internet discada foi substituída pela banda larga e conexão por meio do celular, com a criação da rede 3G (e hoje a criação da rede 4G). Atualmente, a internet virou uma necessidade diária tanto para o uso empresarial, quanto para o uso doméstico. FONTE: Adaptado de Pacheco (2019) 33 Com o exemplo das inovações apresentadas no Quadro 7, compreende-se que houve uma grande evolução das tecnologias, sustentadas nas estratégias das manufaturas. Naturalmente, o progresso para os meios de produção em melhorias tecnológicas exigiu grandes somas de recursos financeiros e materiais (PACHECO, 2019). Assim, o conhecimento tecnológico é de extrema importância para o desenvolvimento dos países e de suas respectivas economias. A fabricação de produtos eletroeletrônicos e de informática, satélites, medicamentos, equipamentos se dá a partir da tecnologia. Thomas Edison, por exemplo, foi importante no surgimento de processos tecnoló- gicos, alterando profundamente o modo de vida da sociedade por meio da emissão de luz. Neste sentido, é preciso compreender que não há tecnologia se não houver pesquisa. A pesquisa científica trouxe grandes evoluções no campo tecnológicos (HENRIQUES, 2018). O processo industrial passou por uma fase produtiva em que as pesquisas científicas eram exclusivamente voltadas ao desenvolvimento da industrialização que beneficiasse a manutenção da guerra para ser aplicada em todas as etapas de produção caracterizando a revolução técnico-científica, proporcionando mais valor aos produtos. Dessa forma, impulsionou-se a produção de computadores, software, microeletrônica, chips, transistores, circuitos eletrônicos, robótica, entre outros. Além da rede de transmissores de rádio e televisão que mudou o modo de viver e de ler o mundo (HENRIQUES, 2018). 4 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Existe uma diferença significativa entre ciência e tecnologia. A ciência pode ser definida com um conhecimento formulado e sistemático. A tecnologia é vista como a aplicação da ciência e pode ser definida como o conhecimento aplicado a produtos ou processo de produção. A tecnologia deriva do uso e da manipulação da ciência em conceitos, processos e dispositivos. É a tecnologia, como uma excrescência da ciência, que alimenta a indústria. Ciência e tecnologia resultam em descobertas cientificas e inovações (TROTT, 2017). A Constituição Federal de 1988 atentou-se com o desenvolvimento científico, impondo ao Estado de acordo com os artigos 218 e 219, o dever de promover e incentivar a pesquisa e a capacitação tecnológica, tendo vista o bem público, e a importância social que tal investimento inflige para o progresso tecnológico e para o crescimento econômico de um país. O desenvolvimento de um país está diretamente relacionado com aplicação de capital neste setor. O artigo 218 da Carta Magna reza “O Estado promoverá e INCENTIVARÁ o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a INOVAÇÃO” (NOVO, 2020). 34 O sistema de ciência e tecnologia do Brasil começa oficialmente com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), criado em 1951 para incentivar nosso progresso na área. A Ciência, a Tecnologia e a Inovação são instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda e a democratização de oportunidades (NOVO, 2020). A ciência básica alimenta o progresso na tecnologia, e as inovações tecnológicas afetam as nossas vidas todos os dias de muitas maneiras. Por causa da ciência, temos aparelhos complexos como carros, máquinas de raios-X, computadores e telefones. Mas as tecnologias que a ciência tem inspirado incluem mais do que apenas dispositivos hi-tech. A noção de tecnologia inclui qualquer tipo de inovação concebida pelo homem. Seja a vacina contra a gripe, a técnica e as ferramentas para realizar cirurgias de coração aberto, ou um novo sistema de rotação de culturas, é tudo tecnologia. Mesmo coisas simples que se poderiam facilmente considerar dados adquiridos são, de fato, tecnologias baseadas na ciência: o plástico usado nos sacos, o óleo de canola geneticamente modificado em que as suas batatas fritas foram fritas, a tinta da sua caneta esferográfica, um comprimido de ibuprofeno – tudo isto existe por causa da ciência (NOVO, 2020, s.p.). As décadas de 1950 a 1970 foram marcadas pela criação dos organismos que
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