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Vasco Chongo Análise fitoquímica das folhas de Cymbopogon citratus usada no controlo da hipertensão: Caso da localidade de Matchovane no distrito de Manhiça Licenciatura em Ensino de Química com habilitações em Gestão de Laboratórios Universidade Pedagógica de Maputo Maputo 2022 Vasco Chongo Análise fitoquímica das folhas de Cymbopogon citratus usada no controlo da hipertensão: Caso da localidade de Matchovane no distrito de Manhiça Universidade Pedagógica de Maputo Maputo 2022 Monografia Científica a ser apresentado ao Curso de Química, Faculdade de Ciências Naturais e Matemática para a obtenção do grau académico de Licenciatura em Ensino de Química Supervisor: Professor Doutor Elias Narciso Matos i Índice Páginas Índice de figuras ............................................................................................................................. iii Índice de tabela .............................................................................................................................. iv Lista de abreviaturas ....................................................................................................................... v Declaração de Honra ...................................................................................................................... vi Dedicatória .................................................................................................................................... vii Agradecimento ............................................................................................................................. viii Resumo .......................................................................................................................................... ix CAPITULO I. INTRODUAÇÃO ................................................................................................... 1 1.Introdução .................................................................................................................................... 1 1.1.Problematização da Pesquisa .................................................................................................... 2 1.2.Justificativa e Relevância .......................................................................................................... 3 1.3.Objectivos da Pesquisa ............................................................................................................. 4 1.3.1.Geral…. .................................................................................................................................. 4 1.3.2.Específicos ............................................................................................................................. 4 1.4.Perguntas científicas ................................................................................................................. 4 1.5.Delimitação do tema ................................................................................................................. 4 CAPÍTULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 5 2.Plantas medicinais ........................................................................................................................ 5 2.1.Descrição da planta ................................................................................................................... 5 2.2.Classificação Científica de Cymbopogon citratus .................................................................... 5 2.3.Conceito da hipertensão arterial................................................................................................ 6 2.4.Tipos da Hipertensão ................................................................................................................ 6 2.4.1.Hipertensão arterial alta ......................................................................................................... 6 2.4.2.Hipotensão arterial ou pressão baixa ..................................................................................... 7 2.5.Tratamento da hipertensão ........................................................................................................ 8 2.5.1.Tratamento não medicamentoso ............................................................................................ 8 2.5.2.Tratamento medicamentoso ................................................................................................... 9 2.6.Princípios activos e suas actividades farmacológicos ............................................................. 11 2.6.1.Terpenos ............................................................................................................................... 11 2.6.2.Saponinas ............................................................................................................................. 12 ii 2.6.3.Compostos fenólicos ............................................................................................................ 12 2.6.4.Flavonóides .......................................................................................................................... 13 2.6.5.Compostos nitrogenados ...................................................................................................... 14 2.6.6.Alcalóides ............................................................................................................................ 14 CAPITULO III. MATERIAIS E MÉTODOS DA PESQUISA ................................................... 17 3.Metodologia da pesquisa............................................................................................................ 17 3.1.Local da realização da pesquisa .............................................................................................. 17 3.2.Técnicas e instrumentos de colecta de dados .......................................................................... 18 3.2.1.Revisão bibliográfica ........................................................................................................... 18 3.2.2.Amostragem ......................................................................................................................... 18 3.2.3.Experimentação.................................................................................................................... 18 3.3.Colecta e armazenamento de amostra ..................................................................................... 18 3.4.Secagem das folhas ................................................................................................................. 19 3.5.Extracção como método experimental .................................................................................... 20 3.6.Prospecção fitoquímica ........................................................................................................... 21 3.8.Desenho experimental ............................................................................................................. 24 3.9.Equipamentos e reagentes ....................................................................................................... 25 CAPÍTULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 26 4.Extractos e Rendimento da Extracção das folhas de Cymbopogon citratus .............................. 26 4.1.Análise fitoquímica das folhas de Cymbopogon citratus ....................................................... 27 4.2.Identificação de princípios activos que apresentam propriedades hipertensivas .................... 31 4.3.Comparaçãodos princípios activos com alguns medicamentos anti-hipersantivos ............... 31 CAPITULO V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÃO ............................................................ 34 5.Conclusões e recomendação ...................................................................................................... 34 5.1.Conclusões .............................................................................................................................. 34 5.2.Recomendação ........................................................................................................................ 34 6.Referências bibliográficas .......................................................................................................... 35 iii Índice de figuras Figura 1. Imagem de C. citratos ..................................................................................................... 5 Figura 2.Estrutura química de Tanimos ........................................................................................ 11 Figura 3.Estruturas de saponinas .................................................................................................. 12 Figura 4.Estrutura de Flavonóides ................................................................................................ 13 Figura 5.Morfina ........................................................................................................................... 14 Figura 6.Cafeina ............................................................................................................................ 14 Figura 7.Cocaína ........................................................................................................................... 14 Figura 8.Nicotina .......................................................................................................................... 14 Figura 9: Mapa que ilustra o local da realização da pesquisa ....................................................... 17 Figura 10.Ilustração da secagem da amostra. ............................................................................... 19 Figura 11.Ilustração da amostra torturada. ................................................................................... 19 Figura 12.Ilustração do processo da extracção por Soxhlet .......................................................... 20 Figura 13.Equação de edificação de antraquinonas ...................................................................... 21 Figura 14.Equação de identificação dos esteróides ...................................................................... 22 Figura 15.Reacção entre flavonóides e Magnésio ........................................................................ 22 Figura 16.Identificação de taninos com Cloreto férrico ............................................................... 23 Figura 17:Desenho experimental .................................................................................................. 24 Figura 18:Medicamentos anti-hipersantivas usadas no controlo de hipertensão. ......................... 31 Figura 19:Estruturas dos Principais medicamentos anti-hipersantivos ........................................ 32 iv Índice de tabela Tabela 1. Sintomas da hipertensão e controlo ................................................................................ 6 Tabela 2.Sintomas da hipotensão e as causas ................................................................................. 7 Tabela 3.Mecanismos de acção, efeito colateral das principais classes dos fármacos anti- hipertensivos ................................................................................................................................... 9 Tabela 4.Lista de equipamentos necessários ................................................................................ 25 Tabela 5.Lista de reagentes necessários........................................................................................ 25 Tabela 6.Resultados do Processo da Extracção das folhas da C. citratus .................................... 26 Tabela 7.Resumo dos Resultados obtidos na identificação dos princípios activos ...................... 29 Tabela 8:Resultados obtidos na identificação dos princípios activos. .......................................... 30 Tabela 9:Comparação dos princípios com alguns medicamentos anti-hipersantivos ................... 31 v Lista de abreviaturas ABCS ………………………………..Sociedade Brasileira de Cardiologia. C.citratus ……………………………Cymbopogon citratus DCNTs……………………………….Doenças Crónicas não Transmissíveis FCNM………………………………..Faculdade de Ciências Naturais e Matemática INS……………………………………Instituto Nacional de Saúde OMS………………………………….Organização Mundial da Saúde UP-Maputo………………………......Universidade Pedagógica de Maputo SOCERJ……………………………..Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro IECA………………………………… Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina ECA…………………………………..Enzima de Conversão da Angiotensina vi Declaração de Honra Eu, Vasco Chongo, estudante de licenciatura em Ensino de Química com Habilitação em Gestão de Laboratórios, da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática. Declaro por minha honra que esta Monografia Científica, é resultado das minhas investigações pessoais em coordenação com o meu supervisor, o seu conteúdo é original e as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no corpo do texto e na bibliografia final. Declaro ainda que este trabalho nunca foi apresentado por alguém tanto aqui nesta Faculdade como em outras instituições quer de ensino quer de investigação para obtenção de qualquer grau académico. Maputo, Agosto de 2022 _____________________________ (Vasco Chongo) vii Dedicatória Dedico esta Monografia científica à minha Mãe Maria Helena Vasco Chongo, em especial ao meu tio João Vasco Chongo, a minha noiva, mãe de Albert pela paciência em todos momentos que estive ausente devido a realização deste trabalho. viii Agradecimento À Deus pela vida a sua infinita misericórdia e por ter-me dado capacidade em todos os momentos, ter dado forças para chegar até aqui. Tudo é por Ele, e para a glória Dele. Agradecimentos especiais ao meu supervisor Prof. Doutor Elias Narciso Matos, pela orientação, paciência e apoio prestado ao longo de todas as etapas da realização do presente trabalho. Ao colega Técnico Felício Simbine, pela paciência e ajuda prestada ao longo da execução do trabalho experimental. Agradeço a comunidade pela permissão no que concerne a realização do trabalho de campo. Os meus agradecimentos são extensivos ao corpo docente e aos estudantes do departamento de Química da Faculdade de Ciências da UP-Maputo pelos momentos de amizade com passei durante a fase académica. A todos meus colegas vão também os meus sinceros agradecimentos pelo espírito de companheirismo. A todos aqueles que directa ou indirectamente, contribuíram para a realização deste trabalho de conclusão do curso. ix Resumo A Cymbopogon citratus ou Chambalacate é uma das plantas utilizada na medicina tradicional pela comunidade de Matchovane, no controlo de várias doenças, destacando-se entre elas a hipertensão, cólicas e insónia. Fez-se uma entrevista aos médicos tradicionais, onde eles afirmaram que Chambalacate é usada no controlo da hipertensão e recomendam os seus pacientes administrar três chávenas por dia, isto é, de manhã, a tarde e ao anoitecer. O presente trabalho tem como objectivo: analisar a composição fitoquímicadas folhas de Cymbopogon citratus usada pela população em Machovane no controlo da hipertensão. Para o alcance do objectivo, recorreu-se uma abordagem qualitativa, e baseou-se no método experimental. A amostra foi colhida e colocada num saco feito de jornais no período de amanhã, de modo a evitar o contacto com a radiação solar que pode alterar a composição dos fitoconstituentes. Para a obtenção dos extractos, foram usados dois métodos de extracção: a extracção etanóica 70% por soxhlet e a extracção aquosa por infusão. A extração etanoica, apresenta maior rendimento comparado com extração aquosa. De seguida, fez-se a vaporização do solvente com auxílio do rota-vapor, deixou-se repousar, fez-se filtração da amostra e procedeu-se com a identificação dos fitoconstituentes, dos quais foram identificados: alcalóides, antraquinonas, cumarinas, flavonóides, saponinas, terpenóides, quinonas. Terminada a identificação, procedeu-se a comparação das classes com medicamentos anti-hipersantivos, de onde concluiu-se que o extracto das folhas de Cymbopogon citratus possui acção anti-hipersantiva. Portanto, recomenda-se um estudo envolvendo a dosagem dos princípios activos que possui propriedades anti-hipersantivas. Palavras-chaves: Cymbopogon citratus, hipertensão, fitoconstituentes. 1 CAPITULO I. INTRODUAÇÃO 1. Introdução A história do uso de plantas medicinais tem mostrado que elas fazem parte da evolução humana e foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelos povos. As antigas civilizações têm suas próprias referências históricas acerca das plantas medicinais e, muito antes de aparecer qualquer forma de escrita, o homem já utilizava as plantas e, entre estas, algumas como alimento e outras como remédio. Nas suas experiências com ervas, tiveram sucessos e fracassos, sendo que, muitas vezes, estas curavam e em outras matavam ou produziam efeitos colaterais severos (TOMAZZONI et al., 2006). Os subsídios da utilização e os benefícios terapêuticos das plantas medicinais vêm sendo guardados há séculos e seu uso representa uma alternativa para o tratamento e cura das doenças no presente. Embora seu uso ter sua propagação ligada ao conhecimento popular, sem carácter científico, lentamente vem ganhando destaque e inserido ao conhecimento científico (DANTAS et al., 2007). Diante do grande hábito cultural e conhecimento popular sobre produtos naturais é importante fornecer a população informações que indicam o uso adequado e efeitos com comprovação científica deste produto. As análises preliminares ou avançadas são importantes para caracterizar as substâncias presentes e no controle de qualidade de um fitofármaco. A presente pesquisa visa contribuir na valorização do conhecimento da população de Matchovane e dar um suporte científico, proporcionando deste modo o conhecimento real da diversidade química da planta em análise. 2 1.1.Problematização da Pesquisa As Doenças crónicas não transmissíveis impõem enormes custos económicos que recaem sobre os países de baixa e média renda. Actualmente as mortes prematuras, de pelo menos 7,2 milhões das 15 milhões de pessoas que morrem em todo o mundo a cada ano, com idades compreendidas entre 30 e 70 anos, são dos países mais pobres do mundo (OMS,2018). De acordo com o relatório do ano 2018 publicado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS, 2018), estima-se que 5 milhões de Moçambicanos são hipertensos, os estudos realizados entre 2005 e 2015 mostraram que nos últimos 10 anos que prevalência da hipertensão arterial aumentou de 34,9% para 39%, nas pessoas com idades compreendidas entre 25 e 64 anos. O relatório permite concluir que as doenças não transmissíveis são um problema de saúde pública que ameaça a sustentabilidade do sistema nacional de saúde em Moçambique, e compromete o alcance dos objectivos de desenvolvimento sustentável. Os factores de risco para doenças crónicas tende aumentado, afectando pessoas jovens resultando em elevada incapacidade e mortalidade precoce, e atingem de forma desproporcional os segmentos mais desfavorecidos da população moçambicana. Há necessidade de aumentar a disponibilidade, o acesso e a qualidade do diagnóstico e provisão de cuidados de saúde na área de doenças crónicas, sobretudo nas regiões distantes dos grandes centros urbanos, implementando estratégias de descentralização e integração na prestação de cuidados de saúde. Os comprimidos usados para o controlo da hipertensão são de elevado custo financeiro, por esse motivo a população local tem recorrido ao uso de plantas medicinas como alternativa para atender as necessidades básicas da sua saúde. Uma das plantas usadas no controlo da hipertensão são as folhas de Cymbopogon citratus. Dai que surge a seguinte questão de pesquisa: Quais são os princípios activos presente no extracto das folhas Cymbopogon citratus (Chambalacate) que possuem propriedades anti-hipertensivas? 3 1.2.Justificativa e Relevância A escolha do tema está relacionada, com experiências vivenciadas durante adolescência na Localidade de Matchovane no distrito de Manhiça, onde pude observar a utilização de plantas medicinais no tratamento e alívio de algumas doenças, o que é favorecido por diversos motivos, como a facilidade de obtenção das mesmas e a tradição dessa prática. Outros factores que motivam a procura e utilização de plantas medicinais incluem o alto custo de medicamentos convencionais, aliado à dificuldade de acesso à assistência médica e farmacêutica por parte da população. O presente trabalho é de carácter importante nas seguintes áreas: Área social Este estudo irá ajudar a comunidade de Matchovane a ter um suporte científico, através das informações sobre os princípios activos presente nos extractos das folhas planta. Assim sendo, o uso correcto e adequado da planta medicinal no controlo da hipertensão, para que esta tenha o efeito desejado, pois, se usarmos as plantas de forma correcta, ganhamos saúde, qualidade de vida, o bem-estar e desenvolvimento da sociedade. Área académica Nesta área, o trabalho poderá servir de base para estudos futuros sobre esta mesma planta ou uma planta qualquer que seja usada com a mesma finalidade. Irá despertar o interesse dos pesquisadores em fazer pesquisas similares ou aprofundar mais sobre a utilidade e a importância que as plantas medicinais apresentam no seio da sociedade. Área económica Na área económica, será de grande ajuda pois ao se descobrirem os componentes que tornam esta planta viável para o controlo da hipertensão, serão canalizados menos recursos na compra de medicamentos convencionas. 4 1.3.Objectivos da Pesquisa 1.3.1. Geral Analisar a composição fitoquímica das folhas de Cymbopogon citratus usadas em Matchovane no controlo da hipertensão. 1.3.2. Específicos Extrair as substâncias activas das folhas de Cymbopogon Citratus; Identificar os princípios activos presente nos extractos de Cymbopogon citratus; Comparar os resultados da composição fitoquímica de Cymbopogon citratus com os medicamentos utilizados no controlo da hipertensão. 1.4.Perguntas científicas De que forma as substâncias activas nos extractos das folhas de Cymbopogon citratus podem ser extraídas? Quais são os princípios activos presente nos extractos de Cymbopogon citratus que possui propriedades anti-hipersantivas? Quais são os princípios activos de Cymbopogon citratus que tem relação com os medicamentos utilizados no controlo da hipertensão? 1.5.Delimitação do tema A presente pesquisa restringe-se ao processo de extracção dos princípios activos das folhas de Cymbopogon citratus de Matchovane, análise fitoquímica da planta em estudo, a identificação dos princípios activos presentes nos extractos das folhas deCymbopogon citratus, como a comparação dos princípios activos identificados em relação aos medicamentos convencionais utilizados no controlo da hipertensão de modo a valorizar o conhecimento da população de Matchovane. 5 CAPÍTULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2. Plantas medicinais A Organização Mundial da Saúde define como planta medicinal "todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semissintéticos" (OMS, 1998). Plantas medicinais são plantas que possuem substâncias utilizadas na prevenção ou cura de doenças (BANDEIRA, et al.,2002). 2.1.Descrição da planta O Cymbopogon citratus, conhecida popularmente na região Sul do país como Chambalacate, capim limão é uma gramínea de porte herbáceo, cujas folhas reúnem-se na base formando um tufo, tendo em média 100 cm de comprimento e 1,5 a 2,0 cm de largura. Apresentam formato linear- lanceolado, com ápice acuminado e cor verde-acinzentada. São alternas, planas, erectas, ásperas e aromáticas com odor de limão. A lâmina foliar é glabra, com bainha larga e aberta. A nervação é paralela, sendo a nervura mediana evidente e estriada. A margem é híspida, possuindo tricomas rígidos e cortantes (GOMES,2003). 2.2. Classificação Científica de Cymbopogon citratus Figura 1. Imagem de C. citratos Reino: Plantae Divisão: Magnoliophyta Classe: Liliopsida Ordem: Poales Família: Poaceae Género: Cymbopogon Espécie: C. citratus Nome binomial Cymbopogon citratus Fonte: (CATALOGUE,2003 citado por GOMES,2003) 6 2.3. Conceito da hipertensão arterial A Organização Mundial da saúde define, a hipertensão como sendo uma doença caracterizada por uma elevação crónica da pressão arterial sistólica ou pressão arterial diatónica. (OMS, 1978). A pressão arterial é máxima, é a pressão observada durante contracção do coração (sístole), na camada sistólica. A pressão diastólica é a pressão mínima observada durante a diástole (relaxamento dos músculos do coração). A hipertensão arterial (HA) tem sido definida como síndrome designada pelos elevados níveis tensionais, composta por mudanças metabólicas e hormonais e também a hipertrofias cardíaca e vascular, ou seja, fenómenos tróficos. Sua prevalência é alta, aproximadamente entre 15% a 20% da população adulta são detectadas como hipertensivas. (KOHLMANN, 1999). 2.4.Tipos da Hipertensão 2.4.1. Hipertensão arterial alta A Sociedade Brasileira de Cardiologia define a hipertensão como sendo a força que o sangue exerce nas paredes das artérias em decorrência do bombeamento feito pelo coração. (SBC,2017). É o aumento da pressão dentro dos vasos sanguíneos, principalmente dos vasos menores denominadas arteríolas, esses vasos tem a função de fornecer o sangue a todos os tecidos do organismo. Então quando as arteríolas estiverem comprometidas, o vaso dificulta a distribuição sanguínea, criando sintomas decorrentes daquele órgão que está comprometido. É caracterizada pelos valores acimais de 140/90 mmHg de pressão arterial. Esse quadro é grave e é um dos mais importantes factores risco para desenvolvimento de problemas cardiovasculares, cérebro, vasculares e renais. Tabela 1. Sintomas da hipertensão e controlo Sintomas de hipertensão Controle Dor de cabeça Mudanças nos hábitos de vida Sonolência Redução do consumo de sal Distúrbios na visão ou visão borrada Prática de actividade física Confusão mental e Vómitos Evitar hábitos como uso de cigarro e consumo exagerado de álcool Falta de ar, dores no peito Tomar a medicação diariamente e na hora certa. Fonte: adaptado da (SBC,2017). 7 Causas da hipertensão arterial Para chegar a cada parte do organismo, o sangue bombeado a partir do coração exerce uma força natural contra as paredes internas das artérias. Os vasos, por sua vez, oferecem certa resistência a essa passagem. E é essa disputa que determina a pressão arterial. A hipertensão arterial possui natureza multicausal e os seus principais factores de risco são distribuídos entre não modificáveis e modificáveis (estilo de vida, tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada), entre eles associa-se a obesidade e o excesso de peso. Já história familiar pode ser classificada como um factor de risco não modificável (BORGES, et al., 2008). 2.4.2. Hipotensão arterial ou pressão baixa A hipotensão é quando o corpo apresenta pressão arterial abaixo do ideal, fazendo com que o sangue não chegue em quantidade suficiente em todo o corpo. A Hipotensão é a pressão denominada baixa, que se caracteriza por valores baixo de 100/60 mmHg, podendo causar danos ao organismo. Quando a pressão está muito baixa, as células não recebem o oxigénio e nutrientes necessários para manutenção do organismo e os resíduos não são eliminados correctamente, podendo causar danos aos órgãos. A hipotensão faz com que a dilatação das arteríolas diminua a resistência do fluxo sanguíneo, o que significa que o coração está bombeando menos sangue, alterando assim, a largura das artérias, o batimento cardíaco e o volume de sangue no coração. Tabela 2.Sintomas de hipotensão e as causas Sintomas de hipotensão Causas Dor de cabeça Desidratação Visão escurecida Hemorragias Tontura, Perda dos sentidos Grandes períodos sem alimentação Franqueza Evitar exposição excessiva ao sol Sonolência, Confusão mental e Sensação de desmaio Quando há uso de medicamentos para reduzir pressão em casos de hipertensão Fonte: adaptado da (SBC,2017). 8 Como a hipertensão não costuma dar sinais, é fundamental medir a pressão pelo menos uma vez por ano. Nas consultas de rotina, seja com o clínico geral ou algum especialista, sempre informe se algum parente sofre desse mal, sobretudo se for o pai ou a mãe. Para confirmar se uma pessoa possui pressão alta, a medição tem que ser feita em três dias diferentes. Antes de cada uma, o paciente deve seguir orientações como evitar tomar café ou bebidas estimulantes, descansar bem e relaxar. Na hora do exame, não se deve conversar nem ficar se mexendo. Esses cuidados são importantes para que o resultado seja o mais confiável possível. Se ainda assim restar alguma dúvida, o especialista solicita um exame que vigia a pressão ao longo de 24 horas. Para fazer a medição, é utilizado um aparelho chamado esfigmomanómetro, posicionado em volta do braço, e um estetoscópio para ouvir os sons do peito. O primeiro número é registado no momento em que o coração libera o sangue. Essa é a pressão sistólica, ou máxima o recomendável é que não passe de 12 mmHg. O segundo valor é a pressão diastólica, ou mínima. O ideal é que fique em torno de 8 mmHg. É o famoso 12 por 8. 2.5. Tratamento da hipertensão O tratamento da hipertensão arterial visa à prevenção primária de doenças cardiovasculares e eventuais lesões em órgãos alvos e não no controle de sintomas, uma vez que estes estão intimamente ligados aos níveis de pressão arterial. A redução da pressão arterial é o principal factor que promove a prevenção de eventos cardiovasculares. Mas, o fato de um fármaco reduzir a pressão arterial, não significa que tenha o mesmo efeito na redução de eventos primordiais (FUCHS, 2002). 2.5.1. Tratamento não medicamentoso As medidas não farmacológicas são passos iniciais e fundamentais para o sucesso do tratamento, seguido das medidas farmacológicas. Para uma eficiência no tratamento, ambas precisam estar bem ajustadas com objectivo de tratar a hipertensão, as complicações cardiovasculares graves, mutas delas irreversíveis (RODRIGUES,2013). Dentre as medidas podem citar: mudanças alimentares, redução do peso corporal, redução da ingestão do sal do consumode bebidas alcoólicas, implementação de hábitos saudáveis de actividades físicas, uma melhoria na conduta social e familiar por partes dos pacientes, qualidades de sono, evitar hábitos nocivos como tabagismo e etilismo, saúde emocional (AMB,2002). 9 2.5.2. Tratamento medicamentoso Os fármacos anti-hipertensivos devem actuar na redução da pressão arterial, bem como nos eventos cardiovasculares fatais e não fatais (FUCHS, 2002). Ao instituir um tratamento medicamentoso é importante ressaltar a possibilidade de efeitos adversos. Deve-se avaliar a necessidade de, eventualmente, modificar a terapêutica instituída, bem como, o tempo necessário para que o efeito pleno dos medicamentos seja obtido, pelo menos quatro semanas. A orientação é outro ponto fundamental ao tratamento, visando integrar os pacientes à necessidade do acompanhamento, ao uso da medicação anti-hipertensiva e às medidas afins que visam, não apenas a redução da pressão arterial, mas, evitar riscos cardiovasculares potenciais (BRASIL, 2006). Tabela 3.Mecanismos de acção, efeito colateral das principais classes dos fármacos anti- hipertensivos Classe de fármacos Mecanismos de acção Efeito colateral Exemplo de Anti- hipertensivo 1-Diurético Efeito diurético e natriurético. Hipopotassemia, hipomagnesmia, hiperurecemia,intolerância a glicose. Diuréticos 1.1-Triazoidicos Clortalidona, Hidroclorotiazida 1.2-Diurético de alça fusioamida 1.3-Popadores de potássio. 2-Alfa e Betabloqueadores Boqueiam os receptores beta-adrenérgicos, causando a diminuição inicial do débito cárdico, redução secreção de renina, barorreceptores e redução das catecolaminas nas sinapses nervosas. Broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular,vasoconstrição periférica, Insónia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual. Carvedilol 10 3-Bloqueadores de canais de cálcio. Redução da resistência vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas. Cefalénia,tontura, rubor facial e edema de extremidades, hipertrofia gengival,obstipação intestinal.Veralpamil e Diltiazem podem provocar depressão miocárdica bloqueio atrioventricular. 3.1- Fenilalquiminas Veralpamil 3.2- Benzatiazepinas Diltiazem 3.3-Diidropiridinas anlodipina IECA Impedem a transformação de angiotensina I em angiotensina II, acarretando vasodilatação Têm acção favorável sobre o remodelamento vascular e miocárdio e prováveis acções antiateroscleróticas Retardam o declínio da função renal em pacientes com nefropatia diabética ou de outras etiologias Tosse seca é o mais frequente - Edema angioneurótico e erupção cutânea ocorrem mais raramente - Um fenómeno passageiro observado quando do seu uso inicial em pacientes com insuficiência renal é a elevação de ureia e creatinina séricas, habitualmente de pequena monta e reversível. Captopril Enalapril Inibidores da ECA Bloqueio da transformação da AT1 em 2 no sangue e nos tecidos. A longo prazo retardam o declínio da função renal em pacientes nefropatas Tosse seca, alteração do paladar, erupção cutânea e edema angioneurótico, hiperpotassemia e aumento da uréia e creatinina na insuficiência renal (a longo prazo prepondera o efeito nefroprotetor). Não usar na gravidez e usar com cautela na adolescência e em mulheres em idade fértil. Captopril Enalapril. Vasodilatantes Atuam sobre a musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento muscular com consequente vasodilatação e redução da resistência vascular. Ausente Vasodilatadores directos Hidralazina Fonte: adaptado da (SOCERJ, 2018). 11 2.6. Princípios activos e suas actividades farmacológicos As espécies de plantas apresentam variedade de princípios activos e cada um representa uma acção específica sobre determinada função fisiológica no vegetal e quando ingeridos pelo homem ou animal tem diversas acções no organismo. (TAIZ,2006). No pensamento de afirma que podemos agrupar estes segundo sua estrutura química, suas propriedades farmacológicas ou comportamento físico-químico (FONSECA, 2005). 2.6.1. Terpenos Os terpenos constituem a maior classe de produtos secundários, sendo a maioria insolúvel em água. Segundo TAIZ (2006) os terpenos são formados pela condensação de unidades de isopreno (C5), podendo se apresentar na forma de monoterpenos, sesquiterpenos e triterpenos, quando contém oxigénio (O2) são descritos como terpenóides. De acordo GARCIA & CARRIL (2009) com a ciclização, os terpenos apresentam diversos esqueletos cíclicos ou não. Os terpenos são classificados de acordo com as 5 unidades de carbono e estão subdivididos em monoterpenos (10 unidades de carbono), sesquiterpenos (15 carbonos), diterpenos (20 carbonos), sesterpenos (25 carbono) triterpenos (30 carbonos) e tetraterpenos (40 carbonos). Segundo TAIZ (2006) os óleos essenciais e alguns terpenos actuam sobre a membrana celular microbiana provocando alterações que levam a perda de alguns componentes celulares. Esta desestruturação da membrana tem sido atribuída as características lipofílicas dos terpenos. Figura 2.Estrutura química de Tanimos 12 Actividade farmacológica de terpenóides Os terpenos apresentam propriedades anti-inflamatórias e antinoceptivas, antibacterianas, fungicídicos, anti-virais, analgésicos, cardiovasculares, antitumoral (TAIZ & ZIEGLER, 2006). 2.6.2. Saponinas As saponinas são substâncias derivadas do metabolismo secundário das plantas, do grupo dos terpenos, relacionados, principalmente, com o sistema de defesa. Em solução aquosa, as saponinas formam uma espuma persistente e abundante. Essas actividades provem do fato de apresentarem em sua estrutura uma parte lipofílica denominada aglicona ou sapogenina e uma parte hidrofílica constituída por um ou mais açúcares (SCHENKEL et al.,2001 citado por ALVES). Figura 3.Estruturas de saponinas Fonte: (RIBEIRO, 2012) Actividade farmacológica das saponinas Das propriedades farmacológicas das saponinas, podemos citar a actividade anti-inflamatória, hemolítica, antimicrobianas e antiviral. Muitas das propriedades são detectadas e testadas, porém, algumas actividades constatadas, não são empregadas na terapêutica devido aos efeitos tóxicos das saponinas em organismos vivos (MULLER, 2006). 2.6.3. Compostos fenólicos Na perspectiva de VILA (2006), os compostos fenólicos são originados do metabolismo secundário das plantas, derivados dos aminoácidos aromáticos fenilalanina e também da tirosina. Quimicamente, os compostos fenólicos podem ser definidos como substâncias que possuem um 13 anel aromático contendo um ou mais grupos hidroxila, incluindo seus derivados. Existe uma grande variedade de compostos fenólicos, incluindo os fenóis simples, derivados do ácido benzóico, ligninas e flavonóides entre outros. Os compostos fenólicos, são quimicamente heterogéneos. Alguns são solúveis em solventes orgânicos e outros são ácidos orgânicos e glicosídeos solúveis em água e há aqueles que são grandes polímeros insolúveis (GARCIA & CARRIL, 2009). 2.6.4. Flavonóides De acordo com VILA (2006), os flavonóides são uma classe muito extensa de produtos naturais distribuída no reino vegetal. Estão presentes em todas as partes das plantas, desde as raízes até as flores e frutos, sendo encontrados nos vacúolos das células. Ocorrem de forma livre (aglicona) ou ligados a açúcares (glicosídeos). Muitos são coloridos (amarelos), actuandona atracção de insectos para a polinização das plantas. Os flavonóides são derivados das flavonas e ocorrem nas plantas em uma variedade de formas estruturais, todas contendo 15 átomos de carbono em seu núcleo básico arranjados na configuração C6- C3- C6, isto é, são dois anéis aromáticos, ligados por três carbonos que podem ou não formar um terceiro anel, ligados a vários substituintes. Figura 4.Estrutura de Flavonóides Fonte: (ALMEIDA,2015) 14 Actividade farmacológica dos flavonóides Pesquisas sugerem que alguns flavonóides são responsáveis por acção antitumoral, podendo agir como antivirais, antibacterianos, anti-hemorrágicos, hormonais, vasodilatação, anti-inflamatórios, anti-microbianos e antioxidantes (MULLER, 2006). O emprego terapêutico de plantas contendo flavonóides é vasto, e em muitos casos, ainda empírico, embora alguns resultados tenham mostrado que os flavonóides possam apresentar efeito mutagénico, entretanto, são considerados benéficos. Alguns medicamentos são elaborados a partir de flavonóides, em particular os usados no tratamento de doenças circulatórias, hipertensão (VIRGILIO, 2013). 2.6.5. Compostos nitrogenados De acordo com EMERY et al (2011) uma grande diversidade de compostos com origem vegetal apresenta nitrogénio na sua estrutura e a maioria deles é sintetizada a partir de aminoácidos comuns. Entre eles estão os alcalóides, glicosídeos, cianogénicos, aminoácidos não proteicos. 2.6.6. Alcalóides Os alcalóides são aminas cíclicas que apresentam anéis heterocíclicos contendo nitrogénio. Por serem aminas, os alcalóides são básicos ou alcalinos: o que originou o nome alcalóides, que significa “semelhantes aos álcalis”.Os alcalóides são substâncias naturais de origem vegetal ou animal. Nas plantas, têm a função de defesa contra insectos e animais predadores (FELTRE, 2004). Actividade farmacológica dos alcalóides Os alcalóides são conhecidos pelo seu efeito farmacológico em animais vertebrados. Normalmente em humanos são utilizados como anti-maláricos, com poder antimicrobiano. Também são usados como sedativos e estimulantes, como o caso de morfina, cafeína, cocaína e nicotina. Figura 5.Morfina Figura 6.Cafeina Figura 7.Cocaína Figura 8.Nicotina Fonte: Adaptado de (FELTRE, 2004) 15 2.7.Preparação de extractos de plantas Os compostos activos são retirados das mais diferentes partes de uma planta, como o caule, as folhas, as sementes e os frutos. Actualmente os extractos são classificados de tinturas, extractos fluidos, extractos moles ou concentrados, e extractos secos ou em pó. A extracção é uma operação físico-química de transferência de massa, onde os sólidos solúveis e voláteis podem ser extraídos por manter-se contacto entre o solvente e os sólidos (CLARKE, 1985). Extracção significa retirar, da forma mais selectiva e completa possível, as substâncias ou fracção activa contida na planta, utilizando para isso, um líquido ou mistura de líquidos tecnologicamente apropriados e toxicologicamente seguros. “Extractos são produtos obtidos por esgotamento, a frio ou a quente, a partir de produtos de origem animal, vegetal ou microbiana com solventes permitidos. Devem conter os princípios sápidos aromáticos voláteis e fixos correspondentes ao respectivo produto natural. Podem apresentar-se como: extractos líquidos: obtidos sem a eliminação do solvente ou eliminando-o de forma parcial; e extractos secos: obtidos com a eliminação do solvente.” A extracção é uma técnica usada para separar um componente de uma mistura por meio de um solvente. Pode ser definida como um método de purificação e isolamento de compostos orgânicos, em que numa mistura de substâncias sólidas ou líquidas se extraem por acção selectiva de um solvente (JIRON 1995 citado por SAMBO, 2007). A extracção de tipo sólido – líquido compreende os seguintes métodos: infusão, decocção, maceração e soxhlet (MAYO, 1991). Infusão é um método que consiste em impregnar um solvente em ebulição sobre um material sólido previamente moído, deixando ficar em contacto durante certo tempo. Decocção consiste em ferver substâncias para lhes extrair princípios activos. Se o material é sólido, previamente moído, junta-se-lhe o solvente adequado e submete-se à fervura. Este método é muito usado para extrair o princípio activo das plantas pelos praticantes da medicina tradicional. O seu emprego é muito restrito, pois muitas substâncias activas são alternadas pelo aquecimento. 16 Extracção por maceração Consiste na extracção da matéria-prima vegetal, realizada em recipiente fechado, em temperaturas variadas, durante um período prolongado de horas ou dias, sob agitação ocasional e sem renovação do líquido extractor. Pela sua natureza, não reduz ao esgotamento a matéria-prima vegetal, seja devido à saturação do líquido extractor ou ao estabelecimento de um equilíbrio difusional entre o meio extractor e o interior da célula. A utilização de água ou de misturas hidroalcoólicas, com concentrações etanólicas inferiores a 20%, deve ser evitada para evitar a ocorrência de proliferação microbiana (SIMOES, O. et al, 2001) Percolação Tem como característica comum a extracção exaustiva das substâncias activas. Nesta extracção, o material vegetal moído é colocado em um recipiente cónico ou cilíndrico (percolador), de vidro ou metal, através do qual é passado o líquido extractor. Diferente da maceração, a percolação é uma operação dinâmica, indicada na extracção de substâncias, farmacologicamente muito activas, presente em pequenas quantidades ou pouco solúveis (SIMOES, O. et al, 2001). Soxhelt É utilizada, para extrair sólidos com solventes voláteis, exigindo o emprego do aparelho Soxhelt. Essa extracção, em nível laboratorial, também não deixa de ser um tipo de percolação cíclica, com destilação simultânea e reaproveitamento do solvente. A desvantagem é que utiliza a temperatura. (SIMOES, O. et al, 2001). 17 CAPITULO III. MATERIAIS E MÉTODOS DA PESQUISA 3. Metodologia da pesquisa Para a realização desta pesquisa foi usado o método experimental com uma abordagem qualitativa, na pesquisa qualitativa. Baseando-se na interpretação dos fenómenos, atribuição de significados das modalidades de colecta de informação, análise e discussão dos dados. (LAKATOS & MARCONI, 1991). De acordo com Prodanov & De freitas (2013), citado por Boane (2017), “o método experimental é um conjunto de procedimentos explicativos que consistem em submeter os objectos de estudo à influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a variável produz no objecto em estudo”. Estes conceitos fundamentam a decisão da escolha desses métodos para a realização deste tipo de pesquisa. 3.1.Local da realização da pesquisa Figura 9: Mapa que ilustra o local da realização da pesquisa Fonte: Google mapas. O estudo de campo foi realizado no distrito de Manhiça, está situado na parte norte da província de Maputo. Concretamente na localidade de Matchovane situa-se entre Munguine e Maluana. Tem limites geográficos, a norte e nordeste com o distrito de Bilene Macia da província de Gaza, a leste com o Oceano Índico, a sul com o distrito de Marracuene, a oeste com o distrito de Moamba e a oeste e nordeste com o distrito de Magude. 18 3.2.Técnicas e instrumentos de colecta de dados Para concretizar os objectivos desta pesquisa foram utilizadas as seguintes técnicas e instrumentos de colecta de dados: 3.2.1. Revisão bibliográfica Esta técnica surge com o objectivo de manter o pesquisador informado sobre o que já foi investigado, para conhecer que estudo se realizou, que aspecto do problema foi investigado,que metodologia já foi usada, a fim de buscar novos enfoques na abordagem do tema actual. Na presente pesquisa a pesquisa bibliográfica foi usada na recolha de informações, de C.citraus olhando mais para o seu uso como uma planta usada no tratamento da hipertensão, os processos e procedimentos pelos quais são extraídos os princípios activos das plantas e qual deve ser o tratamento que a planta recebe antes, durante e depois de ser colectada para que não sejam danificadas as suas propriedades. 3.2.2. Amostragem Na pesquisa foi usada uma amostragem não probabilística que é um tipo de amostragem baseada em critérios de exclusão propostos pelo pesquisador, com a finalidade de melhor julgar os intervenientes que deverão fazer parte da sua investigação. (PRODANOV e DE FREITAS 2011, apud BOANE 2017). Foram seleccionadas plantas saudáveis, não muito jovens e nem velhas. Foram usadas plantas médias. O risco de seleccionar plantas muito jovens é o facto de certas substâncias estarem ainda em formação, e nas plantas velhas as substâncias podem ter sidos degradadas. 3.2.3. Experimentação O método experimental consiste, especialmente em submeter os objectos de estudo a influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a variável produz no objecto. 3.3.Colecta e armazenamento de amostra A colecta das folhas da planta foi feita no dia 9 de mês de Outubro de 2021 as 8 horas, na localidade de Matchovane, no distrito de Manhiça na Província de Maputo.. Para a colecta das folhas da planta utilizou-se uma faca e foram acondicionadas em um saco de papel feita com jornais, para mante-las frescas e evitar o contacto com a irradiação solar que pode alterar a composição dos fitoconstituentes. 19 3.4.Secagem das folhas A secagem das folhas foi feita no laboratório de FCNM da UP-Maputo de modo a evitar a exposição aos raios solares, acondicionadas em cima de jornais, estimando um período de 15 dias, estas precauções evitam possíveis degradações, dos princípios activos de interesse da pesquisa caso o vegetal entre em contacto com a irradiação solar. A figura 10 que se segue ilustra a secagem da amostra. Figura 10.Ilustração da secagem da amostra. Após a secagem da amostra, procedeu-se com a trituração da mesma, importa referir que a trituração foi feita manualmente. A figura 11, abaixo ilustra a amostra torturada. Figura 11.Ilustração da amostra torturada. 20 3.5.Extracção como método experimental Nesta pesquisa o método de extracção foi utilizado, para retirar a essência do material vegetal nesse caso das folhas da Cymbopogon citratus. Sendo que existem vários tipos de extracção, salientar que nesta pesquisa utilizar-se o Soxhlet e o método de infusão, com o solvente etanóico tendo como critério da escolha a aproximação dos métodos utilizados pela comunidade. Porque este método proporcionar uma extracção rica, sem perda de material a ser analisado e por permitir a obtenção do extracto mais concentrado. Figura 12.Ilustração do processo da extracção por Soxhlet Após a extracção, os solventes foram evaporados no rota-vapor obtendo-se extractos etanóicos. Os extractos obtidos foram secos na estufa depois pesados para avaliação do rendimento de acordo com a seguinte fórmula: Re = (Mextrato/Mmaterial) x 100% Onde: Re = Rendimento total do extracto (%) Mextrato = Massa do extracto seco (g); Mmaterial = Massa do material vegetal seca (g). 21 3.6.Prospecção fitoquímica A Prospecção fitoquímica dos princípios activos das folhas da C. citratus. Foi realizada através de testes colorimétricos, tomou-se como base a metodologia proposta por Matos (1997) a qual foi trabalhada com algumas adaptações a fim de realizar a prospecção das seguintes substâncias: Alcalóides, antraquinonas, cumarinas, flavonóides, saponinas, terpenóides, quinonas. É um teste de identificação rápido e superficial realizado, através de reagentes específicos de coloração ou precipitação que irão revelar ou não a presença dos princípios activos em um extracto. a) Teste de identificação de antraquinonas Reacção com Clorofórmio e Hidróxido de sódio 1. Adiciona-se 1 ml de Clorofórmio num tubo de ensaio contendo 0,5 ml do extracto e deixe por 15 minutos e depois adicione 1 ml de NaOH à 10%. Evidência: O surgimento de uma coloração avermelhada na camada aquosa é uma evidência da presença de Antraquinonas (MATOS, 1988). Figura 13.Equação de edificação de antraquinonas Fonte: (ALMEIDA,2015) b) Testes de identificação de alcalóides Com reagente de Mayer: coloque 2 ml do extracto num tubo de ensaio adicione 1 ml de HCl diluído e 1 ml de reagente de Mayer. Evidencias: A formação do precipitado amarelado indica o resultado positivo da presença de Alcalóides, (Henriques & Almeida 2013). Teste de Drangendroff: adicione 0,1ml do reagente de Drangendroff num tubo de ensaio contendo 2 ml do extracto e 0,1 ml do HCl diluído. Evidência: A formação do precipitado com cor castanha avermelhado indica a presença de Alcalóides (RALTE, 2014). c) Teste de identificação das cumarinas 4. Em um tubo de ensaio coloque uma 4 ml de NaOH (10%) mais 5 ml do extracto em seguida adicione 2 – 4 gotas do Clorofórmio. Evidencia: O aparecimento da cor amarela indica a presença de Cumarinas. 22 d) Teste de identificação dos esteróides Adiciona-se poucas gotas do ácido sulfúrico concentrado à uma porção do extracto, agitou- se por algum tempo. Evidência: A formação da cor vermelha excepto nos extractos aquosos, indica a presença de esteróides (SHEVALE. Et al., 2015) Coloque em tubo de ensaio 2 ml extracto mais 2 ml CHCl3 em seguida adiciona 2 ml H2SO4 concentrado. Evidencia: O aparecimento do anelo de cor castanho avermelhado indica presença de esteróides. Figura 14.Equação de identificação dos esteróides Fonte: (ALMEIDA,2015) e) Testes de identificação de flavonóides Coloca-se 1ml do extracto num tubo de ensaio e adiciona-se 1ml Pb(C2H3O2)2 . Evidencia: a formação do precipitado de coloração amarela que indica a presença de flavonóides; (SANTHI & SENGOTTUVEL. 2016) Adiciona-se 0,6 ml do Ácido clorídrico concentrado em um tubo de ensaio contendo 2 ml do extracto e uma fita de Magnésio metálico. Evidências: o surgimento da coloração rósea-avermelhada, laranja e violeta indicaria a presença de flavonóides, (MOUCO et al, 2003 apud NDLALANE, P.S, 2017). Figura 15.Reacção entre flavonóides e Magnésio Fonte: (ALMEIDA,2015) 23 f) Teste de identificação de taninos 5ml do extracto foi tratado com 1ml do Acetato de chumbo à 10%. Evidência: O aparecimento do precipitado castanho avermelhado denso indica o resultado positivo para os taninos (ZUCULA, 2011). g) Identificação de taninos com Cloreto férrico Em um tubo de ensaio colocou-se 2ml do extracto mais 2ml H20 adicionou-se 2-3 gotas de FeCl3 (5%). Evidencias: O aparecimento do precipitado Verde-escuro indicando a presença de taninos (Henriques & Almeida 2013). Figura 16.Identificação de taninos com Cloreto férrico Fonte: (ALMEIDA,2015) h) Testes de identificação dos terpenóides Adicione algumas gotas do Ácido sulfúrico concentrado a um tubo de ensaio contendo 2 ml do extracto e 2 ml do anidrido acético. Evidência: O aparecimento da cor vermelha intensa, indica a presença de Terpenoides. (YADAV. et al., 2014) Adicione cuidadosamente, pela parede, 1 ml do Ácido sulfúrico concentrado a um tubo de ensaio contendo uma mistura de 5 ml do extracto e 2 ml do Clorofórmio. Evidência: O aparecimento da cor castanha avermelhada na camada da interface indica o resultado positivo para Terpenoides (SONI & SOSA, 2013) i) Testes de identificação de saponinas Adiciona-se vigorosamente num tubo deensaio contendo 2 ml do extracto e uma porção do ácido clorídrico diluído e deixou-se em repouso. 24 Evidência: O surgimento de uma espuma persistente e abundante, que permanece mesmo com adição do ácido clorídrico diluído, indica a presença de saponinas. j) Teste de identificação de quinonas Adiciona-se 0,5 ml do NaOH à 10% num tubo de ensaio contendo 1 ml do extracto e agita-se suavemente o tubo de ensaio por 2 minutos. Evidência: O aparecimento da cor azul esverdeada ou vermelha indica a presença de quinonas. (SONI & SOSA, 2013). 3.8. Desenho experimental O desenho experimental foi resultado do resumo dos processos e passos a serem feitos, desde a colecta da amostra até a identificação da presença dos princípios activos da planta Cymbopgon Citratus. Figura 17:Desenho experimental 25 3.9.Equipamentos e reagentes Tabela 4.Lista de equipamentos necessários Lápis Jornais Sacos de papéis Faca Copos de Becker Papel de Alumínio Balança Analítica Espátula Tubos de ensaios Suportes de tubos de ensaio Conta-gotas Proveta Fugão eléctrico Manta aquecidora Papéis de filtro Funis de vidro Soxhlet Rotavopor Tabela 5.Lista de reagentes necessários Reagentes inorgânicos Reagentes orgânicos Água destilada; FeCl3 (10%); H2SO4 concentrado e diluído; HCl concentrado e a 10%; NaOH (10%); Magnésio em pó Acetato de Chumbo (Pb(OAc)4 (10%); Clorofórmio; Reagente de Mayer; Reagente de Dragendroff; Etanol a 70 % 26 CAPÍTULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados referentes ao rendimento obtido na extracção das folhas de C. citratus, a identificação dos princípios activos e a comparação com os medicamentos convencionais. 4. Extractos e Rendimento da Extracção das folhas de Cymbopogon citratus Da extracção etanóica empregando o método de Soxhlet e da extracção aquoso empregou-se o método infusão a folha de C. citratus obteve-se os rendimentos descrito na tabela seguinte. Tabela 6.Resultados do Processo da Extracção das folhas da C. citratus Tipo de extracção Quantidade inicial Quantidade final Duração da extracção Fórmula Rendimen to Etanóico 19,802 g 12,961 g 1 Horas Re= 𝑀𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 𝑀𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 × 100% 65,45 % Aquoso 19,815 g 8,785 g 1 Horas 44,36 % Aquoso 19,978 g 9,372 8 Horas 46,91% Etanóico 19,980 g 16,335 g 8 Horas 81,76 % A extracção por soxhlet e fez-se duas vezes, tendo sido a primeira em uma hora, com objectivo de comparar com extracto aquoso, e a segunda em 8 horas, de modo a obter um extracto mais concentrado, porque de acordo com (CARVALHO et al, 2008), recomenda-se que a extracção por soxhlet seja feita no intervalo de 8 horas para que haja esgotamento dos analitos. E a extracção por infusão aquosa procedeu-se da mesma forma. Os dados da tabela 6. ilustram que em dois casos o extracto etanóico apresenta maior rendimento comparado com extracto aquoso. Importa referir que a quantidade de solvente (375 ml) e da amostra inicial foi a mesma, podendo-se explicar pelo facto de no método se Soxhlet não ocorrer a perda da matéria enquanto na infusão ocorre com perda da matéria, por não ser um sistema fechado, importante salientar que apesar de a água ser solvente universal não consegue dissolver alguns compostos orgânicos. No entanto, a extracção etanóica foi mais eficiente em relação ao aquoso, devido a possibilidade de extrair compostos polares como apolares (CHARCOUSKI, 2014). 27 4.1.Análise fitoquímica das folhas de Cymbopogon citratus A análise fitoquímica das folhas de Cymbopogon citratus, resultou na identificação de Antraquinonas, Alcalóides, Flavonóides, Cumarinas, Saponinas e Taninos em ambos solventes, sendo que as classes dos Esteróides e quinonas foram identificadas apenas no extracto etanóico. a) Teste das Antraquinonas Tomou-se uma alíquota de 0,5 ml extracto de coloração acastanhado colocou-se em dois tubos de ensaio (extracto etanóico e aquoso respectivamente), e de seguida adicionou-se 1 ml de Clorofórmio em ambos tubos de ensaio e deixou-se por 15 minutos, tendo-se adicionado posteriormente 1 ml de NaOH à 10% nos tubos de ensaios. Observou-se a formação da coloração avermelhada nos tubos de ensaios. Esta reacção baseia-se na ionização das hidroxilas fenólicas em meio alcalino presente nas antraquinonas livres e meio alcalino gerando fenolantos alcalinos, os fenolatos formados são responsáveis pela coloração avermelhada, deste modo, evidenciou que ambos extractos contêm a presença de antraquinos. b) Testes de identificação de alcalóides Com auxílio de uma pipeta conta-gota colocou-se 2 ml de extracto em dois tubos de ensaios (extracto etanóico e aquoso respectivamente), e de seguida adicionou-se 1 ml de HCl e quantidade equivalente de reagente de Mayer, observou-se que a solução adquiriu uma coloração amarelada e a avermelhada no reagente Drangendroff. Esta coloração resulta da interacção entre os alcalóides e os metais reactivos do reagente de Mayer e Drangendroff, formando coloração característico para cada reagente, a adição do ácido clorídrico deve-se pelo facto da mesma reacção o correrem em meio ácido, o que evidenciou a presença de alcalóides nos extractos etanóicos e aquoso. c) Teste de identificação das cumarinas Tomou-se 2 ml de hidróxido de sódio, colocou-se um tubo de ensaio e de seguida adicionou-se extracto etanóico e ao adicionar clorofórmio a solução adquiriu a uma coloração amarelado, o que evidenciou a presença de cumarinas no extracto. Adição de hidróxido de sódio tenha o propósito de alcalizar o meio de modo a facilitar a interacção entre o clorofórmio e as cumarinas. d) Teste de identificação dos esteróides Colocou-se em dois tubos de ensaio, 2 ml extracto, sendo que o primeiro tubo extracto etanóico e o segundo tubo extracto aquoso, e adicionou-se 2 ml CHCl3 mais 2 ml de H2SO4 concentrado, ao adicionar o ácido sulfúrico no tubo de ensaio que continha extracto etanóico a solução acastanhada adquiriu uma coloração a vermelhada. No tubo que continha extracto aquoso não houve nenhuma 28 mudança. O que evidenciou a presença de esteróides no extracto etanóico. Porém não houve essa formação no extracto aquoso, por isso, o teste foi negativo para presença de quinonas no extracto aquoso. e) Testes de identificação de flavonóides Com adição de 2 mL de acetato de chumbo num tubo que continha quantidade equivalente de extracto etanóico observou a formação de precipitado de coloração amarelado, esta coloração resulta da interacção entre flavonóide e o acetato de chumbo, o acetado de chumbo é o responsável pela redução dos flavonóides evidenciando que no extracto existe a presença de flavonóides. E procedeu-se do mesmo modo no extracto aquoso neste caso observou a formação de uma coloração vermelho alaranjado. f) Teste de identificação de taninos Colocou-se 2 ml de extracto num tubo de seguida adicionou-se o reactivo de Cloreto Férrico, observou-se que o extracto aquoso adquiriu uma coloração azul-escura em extracto aquoso. Os reactivos de acetato de chumbo adicionados de ácido acético caracterizam um precipitado castanho avermelhado. Em todos os testes é evidenciada a presença de taninos. g) Testes de identificação dos terpenóides Adicione algumas gotas do Ácido sulfúrico concentrado a um tubo de ensaio contendo 2 ml do extracto e 2 ml do anidrido acético observou-se a formação de uma coloração avermelhada. Concordando com a metodologia propostos por (YADAV. et al., 2014). h) Testes de identificação de saponinas Tomou-se 2 mL de extracto de seguida adicou-se 2 mL de ácido Clorídrico a 10%, e deixou-se repousar, observou-se a formação de espuma estável, porém em quantidade reduzida, revelou a presença de saponina, em ambos extractos. As saponinas possuem uma parte lipofilica e uma parte hidrofilica composta por um ou mais açúcares. Isso determina a propriedade que esses compostos têm de reduzir a tensão superficial da água, promovendo a formação de espuma persistente. i) Teste de identificação de quinonas No tubo de ensaio que tinha 1 ml extracto etanóico com adição de 0,5 ml de hidróxido de sódio observou-se a formação de uma coloração avermelhada, o que evidenciou a presença de quinonas no extracto etanóico, porém não houve essa formação no extracto aquoso, por isso, o teste foi negativo para presença de Quinonas no extracto aquoso. 29 Tabela 7.Resumo dos Resultados obtidos na identificação dos princípios activos Classe dos princípios activos Reagentes Solventes usados na extracção das folhas C.citratus Observação Extracto etanóico Extracto aquoso Alcalóides HCl e Reagente de Mayer Precipitado amarelado + + Antraquinonas Clorofórmio e Hidróxido de sódio Argola avermelhada + + Cumarinas Hidróxido de sódio e Clorofórmio Amarelo + + Esteróides Clorofórmio e Ácido sulfúrico concentrado Vermelho + − Flavonóides Acetato de chumbo, Cloreto ferrico ou Shinoda Amarelo + + Taninos Cloreto férrico Verde escura + + Terpenóides Ácido Sulfúrico concentrado Vermelho + + Saponinas Ácido clorídrico diluído Espuma persistente + + Quinomas Hidróxido de sódio Precipitado acastanhado + − Legenda: (+) positivo e (-) negativo 30 Tabela 8: Resultados obtidos na identificação dos princípios activos. Alcalóides Antraquinonas Cumarinas Esteróides Flavonóides Taninos Terpenóides Saponinas Quinonas 31 4.2.Identificação de princípios activos que apresentam propriedades hipertensivas Dos princípios activos identificados as que possuem propriedades hipertensivas são: Alcaloides, Cumarinas, Flavonoides, Saponinas e terpenoides. Cumarinas: apresentam actividade broncodilatadora, fungicida, anticoagulante, vasodilatadora, espasmolítica e antitrombótica. (GARLET & BISOGNIN,2019). Flavonoides: As principais actividades biológicas são anti-inflamatória, antivaricosa (fortalecem vasos capilares), antiesclerose, antiedematosa, antiespasmódica, antioxidante, antiviral, antimicrobiana, antifúngica, antitumoral, anti-hepatotóxica, colerética, diurética e hormonal. (GARLET & BISOGNIN,2019). Saponinas: possuem propriedade detergente, cicatrizante, hipocolesterolemiante, laxativa suave, diurética, expectorante e melhoram a circulação sanguínea. (GARLET & BISOGNIN,2019). 4.3.Comparação dos princípios activos com alguns medicamentos anti-hipersantivos Tabela 9:Comparaçao dos princípios com alguns medicamentos anti-hipersantivos Classe de princípios activos Medicamento 1 (Cafelina) Medicamento 2 (Acebulol) Chambalacate Alcaloides + + + Cumarinas - - + Flavonoides + + + Saponinas - - + terpenoides + - + Legenda: (+) presente e (−) ausente A tabela 9. é fundamentada pela figura 18. Figura 18:Medicamentos anti-hipersantivos usadas no controlo da hipertensão. 32 As estruturas de Acebulol e da Cafelina são constituídas pelos seguintes grupos funcionais: amina, álcool, éter, cetona e amida. O grupo amina representado na estrutura da Cafelina é o grupo funcional dos alcalóides. Concordando com a definição proposta por (FELTRE, 2004), os alcalóides são aminas cíclicas que apresentam anéis heterocíclicos contendo nitrogénio. Na estrutura de Cafelina, pode se observar também o grupo fenol, que é um dos representantes dos flavonóides. Os mesmos princípios activos foram identificados na planta em estudo. Segundo (GARLET & BISOGNIN,2019), os flavonóides e os alcalóides possuem propriedades diuréticas e anti-inflamatórios. Figura 19:Estruturas dos Principais medicamentos anti-hipersantivos Fonte: (MOTA,2012) Como pode-se observar, na figura 19, ela representa as estruturas dos medicamentos anti- hipersantivos, que os seus componentes por exemplo: Trianetereno e Amiloride apresentam a composição básica dos alcalóides. O canrenoato de potássio e spironolactone são derivados de esteróides. A Eplerenona é derivada das cumarinas. Importa salientar que, os estudos feitos por 33 Soares (SOARES et al. 2013) e Gomes (GOMES et al. 2011) detectaram quatro classes (antraquinonas, flavonóides, saponinas e alcalóides), deste princípio activo para esta espécie. As mesmas classes foram identificadas no presente trabalho, dados que constam na tabela 7. De acordo com COSTA (COSTA, MAYWORM, 2011; SOUZA et al 2010), um estudo feito no estado de Minas Gerais, o Cymbopogon citratus apresentou comprovação na diminuição relativa da frequência cardíaca, levando a redução da pressão arterial. Outro estudo realizado em Camundongos revelou que a decocção das folhas da planta Cymbopogon citratus, possuem acção diurética, hipotensora e anti-inflamatória. 34 CAPITULO V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÃO 5. Conclusões e recomendação 5.1. Conclusões Foi possível extrair os princípios activos das folhas de C.citratus, através do método soxhlet e infusão aquoso. O estudo fitoquímico revela a existência das seguintes classes: Antraquinonas, Alcalóides, Flavonóides, Cumarinas, Saponinas e Taninos em ambos solventes, sendo que, as classes de Esteróides e quinonas foram identificadas apenas no extracto etanóico. Quanto a comparação dos princípios activos com os medicamentos anti-hipersantivos, conclui-se que os princípios activos de C.citratus há semelhança aos medicamentos anti- hipersantivo em termo de estruturas e propriedades. 5.2. Recomendação Recomenda-se um estudo de modo a quantificar a dosagem dos princípios activos que apresentam propriedades anti-hipersantivas. 35 6. Referências bibliográficas 1. ALMEIDA, G. composição química e efeito sobre mediadores inflamatórios de preparações de partes aéreas de Pseudobrickellia brasiliensis (Spreng) R. M. King & H. Rob (ARNICA-DO-CAMPO) IN VITRO, 2015. 2. BANDEIRA,S.,BARBOSA,F & MARTINS,A., O jardim Botânico Universitário de Maputo e a Conservação das Plantas Medicinais Ameaçadas, editor: UEM, Maputo,Mocambique,2002. 3. BOANE, Alberto Arnaldo. Geração de Bio Hidrogénio a Partir de Resíduos Pecuários. Mestrado em Energia e Meio Ambiente. Faculdade de Ciências Naturais e Matemática. Maputo, Universidade Pedagógica. 2017 4. BORGES, H.P.; et al. 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