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metodologia_da_pesquisa_cientifica_2022

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Prévia do material em texto

Metodologia da
Científica
Pesquisa
Ana Maria Soek
M
etodologia da Pesquisa Científica
Ana M
aria Soek
ISBN 978-65-5821-108-2
9 786558 211082
Código Logístico
I000473
Metodologia da 
pesquisa científica 
Ana Maria Soek
IESDE BRASIL
2022
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2022 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S664m
Soek, Ana Maria
Metodologia da pesquisa científica / Ana Maria Soek. - 1. ed. - Curiti-
ba [PR] : Iesde, 2022.
150 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-108-2
1. Pesquisa - Metodologia. 2. Ciência - Metodologia. I. Título.
CDD: 001.42
22-75448 CDD: 001.42
CDU: 001.8
Ana Maria Soek Doutora e mestra em Educação pela Universidade 
Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Organização 
do Trabalho Pedagógico pela UFPR, em Neuropsicologia 
pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão 
(IBPEX) e Educação a Distância pela Faculdade 
Internacional (Facinter). Graduada em Pedagogia pela 
UFPR. Atua no mestrado profissional em Educação 
na UFPR, na orientação de carreiras e nos cursos de 
pós-graduação em Educação, com temáticas da área 
de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação de 
Adultos ao longo da vida, Coaching e Desenvolvimento 
pessoal e profissional. É professora temporária do 
Setor de Educação da UFPR, trabalhando com estágios 
supervisionados. É autora e editora de livros didáticos 
e paradidáticos e de materiais para ensino a distância 
(EaD). Tem participação em congressos e simpósios 
nacionais e internacionais, com trabalhos apresentados 
em Paris (Sorbonne), Amsterdã e Portugal. Autora 
organizadora da coletânea Mediação Pedagógica 
na Educação de Jovens e Adultos, com quatro títulos 
aprovados pelo Programa Nacional Biblioteca da 
Escola (PNBE/FNDE) do Ministério de Educação 
(MEC). Desenvolve pesquisas na área de Cognição, 
Aprendizagem e Desenvolvimento Humano.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Pesquisa e conhecimento 9
1.1 O que é pesquisa científica? 10
1.2 Ciência e outras formas de conhecimento 14
1.3 Processo de construção do conhecimento científico 18
2 Fases e etapas da pesquisa 27
2.1 Planejamento na pesquisa 27
2.2 Ética na pesquisa e postura do pesquisador 34
2.3 Legislação, direitos autorais e a questão do plágio em pesquisa 38
3 Projetos de pesquisa 47
3.1 Elementos do projeto de pesquisa 47
3.2 Tipos de pesquisa 61
3.3 Tipos de revisões de literatura 67
3.4 Coleta e análise dos dados 73
4 Relatórios de pesquisa 81
4.1 Tipos de relatórios de pesquisa 81
4.2 Normas para a elaboração de trabalhos científicos 87
4.3 Estrutura de trabalhos acadêmicos 100
 Resolução das atividades 104
 Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 112
 Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 128
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
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gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
Nesta obra, você encontrará os principais fundamentos e 
orientações sobre como proceder para realizar uma pesquisa 
científica, do projeto à entrega do relatório final de pesquisa. 
O que você entende por pesquisa? E por pesquisa científica? 
Em que momento ou contexto da sua vida cotidiana você 
percebe que faz uso de pesquisas científicas? Como você 
diferenciaria uma pesquisa comum de uma que é científica? Você 
já parou para pensar como se dá o processo de construção de 
novos conhecimentos? E se você precisar realizar uma pesquisa 
científica? Por onde começar? Como proceder? Que métodos 
utilizar? Neste livro, diferenciamos pesquisa científica de outras 
formas de pesquisa e de levantamento de dados. Também 
abordamos os diferentes conceitos de conhecimento, do senso 
comum ao conhecimento científico, e as diferentes formas de se 
levantar informações e dados de pesquisa. 
O conhecimento científico é produzido dentro de 
determinadas condições, destinadas a uma finalidade em 
específico, como um trabalho de conclusão de curso (TCC), 
e dentro de um espectro de exigências e formalidades próprias 
do fazer pesquisa. Por isso, é fundamental que você entenda 
todas as etapas desse processo e suas normas. 
Sendo assim, apresentamos todo o planejamento para se 
fazer uma pesquisa, começando com o projeto em todas as 
suas etapas, discutindo igualmente a postura do pesquisador 
perante o seu objeto de estudo e as relações estabelecidas 
na investigação, tratando da questão dos princípios éticos na 
realização de pesquisas e das legislações que regem a execução 
de uma pesquisa.
Após realizar a pesquisa, a questão principal é: como 
redigir o relatório dessa pesquisa? Para tanto, apresentamos 
as principais formas de se fazer um relatório, disponibilizando 
os modelos e detalhando item a item as principais normas 
que envolvem a escrita científica em relatórios de pesquisa, 
conforme as normatizações da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT).
Desejamos que esta obra contribua para a sua formação de 
pesquisador. 
APRESENTAÇÃO
Vídeo
Pesquisa e conhecimento 9
1
Pesquisa e conhecimento
O que você entende por pesquisa? E por pesquisa científica? Em que 
momento ou contexto da sua vida cotidiana você percebe que faz uso de 
pesquisas científicas? Como você diferenciaria informações de conheci-
mento? Já parou para pensar como se dá o processo de construção de 
conhecimentos?
Especialmente durante a Pandemia de Covid-19, as pesquisas e os 
seus procedimentos de produção de conhecimento científico ficaram em 
evidência, no que se refere a protocolos de validação dos processos no 
combate ao vírus ou na produção de vacinas.
Nunca estivemos tão ávidos por conhecer como se produz e como se 
valida cientificamente uma vacina, por exemplo. Passamos a nos importar 
até com questões que eram antes irrelevantes, como marcas, armazena-
mento, validade, eficácia, entre outras.
O termo científico passou a ser sinônimo de credibilidade – diríamos 
até sinônimo da palavra verdade; se é científico é fiável, ou seja, tem 
confiança. Mas será mesmo que todo conhecimento precisa ser científico 
ou, para ser confiável, é só dizer que é científico? A questão que nos im-
porta é: de que forma é produzido o conhecimento científico? Por quem é 
produzido? Como é validado cientificamente?
Neste capítulo, o objetivo é levar à compreensão do que é pesquisa 
científica, conhecendo, assim, o processo de construção do conhecimen-
to científico, bem como de que maneira ocorre a sua validação, concei-
tuando ciência e identificando a importância das pesquisas científicas em 
nosso cotidiano.
Também objetivamos diferenciar tanto a pesquisa científica de outras 
formas de pesquisa e de levantamento de dados quanto os conheci-
mentos, os saberes e as informações, além de outras questões e outros 
aspectos/pontos produzidos em nosso cotidiano.
10 Metodologia da pesquisa científica
1.1 O que é pesquisa científica? 
Vídeo Podemos iniciar esta conversa pensando no simples ato de fazer 
uma pesquisa ou uma investigação. Por que ou para que você pesqui-sa sobre algo? É, por exemplo, para comparar preços? Você pesquisa 
características de determinados objetos ou produtos que deseja adqui-
rir? Em síntese, você pesquisa para saber sobre algo, certo?
Então, como podemos diferenciar uma pesquisa comum de uma 
pesquisa científica? O que vem a ser a pesquisa científica?
Por definição, pesquisa científica
“deve ser entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, 
quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educati-
vo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento” 
(DEMO, 2000, p. 20).
Minayo (2007, p. 47) ressalta que:
“A pesquisa é uma atividade básica das Ciências na sua indagação e cons-
trução da realidade. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade 
que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados, 
pensamento e ação”.
Você já parou para pensar nesse processo reconstrutivo e nas di-
ferenças entre os tipos de conhecimentos e entre conhecimento e 
informação? Por ora, temos que entender essa diferença.
Em uma pesquisa, é comum procurarmos por diversas informações 
sobre um mesmo tema e, depois, selecionarmos as que são relevantes. 
O que se esquece facilmente é a informação, e o que se torna inesque-
cível é o conhecimento. Informações são cumulativas, diversas e fáceis 
de encontrar. Já o conhecimento é seletivo, é o que fica em nós quando 
acabamos uma pesquisa. Em outros termos, em uma pesquisa cientí-
fica, mais do que sistematizar informações, procura-se reconstruir ou 
produzir novos conhecimentos.
Nesse sentido, é importante a compreensão de que informação e 
conhecimento são temas distintos, já que esse último tem finalidades 
• Entender o conceito de 
ciência.
• Diferenciar informação 
de conhecimento.
• Compreender o que é 
pesquisa científica.
• Conhecer o que faz um 
cientista.
Objetivos de aprendizagem
No vídeo Conteúdo e 
conhecimento, publicado 
pelo canal Sabedoria do 
Conhecimento, Mario 
Sergio Cortella fala sobre 
informação, conteúdo e 
conhecimento. Segundo o 
filósofo, há muita informa-
ção e pouco conheci-
mento, e não se pode 
confundir os dois. Vale 
a pena conferir e refletir 
sobre o assunto!
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=SargvlQPWNk. 
Acesso em: 3 nov. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk
https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk
Pesquisa e conhecimento 11
sociais e é produzido para a socialização e a coletividade. A produção 
de conhecimento requer essa validação social; por isso, na evolução 
da busca por conhecimentos, para as explicações de como as coisas 
funcionam e para as descobertas que podem melhorar as ações huma-
nas, há uma necessidade de organização desses conhecimentos, isto é, 
dessas formas de validação. Há, também, a necessidade de os reconhe-
cer, até que novas descobertas possam refutá-los ou validá-los – a todo 
esse processo se deu o nome de ciência.
Se formos procurar a definição do termo ciência, podemos encon-
trar suas origens no termo episteme, que significa aprender ou conhecer. 
Assim, fazer ciência significa aprofundar o conhecimento sobre deter-
minado tema e buscar respostas de maneira criteriosa (PRODANOV; 
FREITAS, 2013). De acordo com Morin (2015, p. 15), “a ciência é, por-
tanto, elucidativa (resolve enigmas, dissipa mistérios); enriquecedora 
(permite satisfazer necessidades sociais e, assim, desabrochar a civili-
zação); é, de fato, e justamente, conquistadora, triunfante”. Porém, ad-
verte o autor: “uma ciência empírica privada de reflexão e uma filosofia 
puramente especulativa são insuficientes [...] ciência sem consciência é 
apenas a ruína do homem, da alma”.
No decorrer da história, a procura por conhecimentos e a curiosi-
dade sempre moveram o espírito humano em busca de novas desco-
bertas. Porém, a ideia de conhecimento complexo, sistematizado, 
organizado e cientificamente validado ainda é bastante recente na 
história da humanidade.
Ao analisarmos por essa perspectiva, podemos fazer duas analogias:
Perceber que o ser humano sempre foi ávido por conhecimento.1
Fazer um paralelo com o desenvolvimento da ciência na história 
da humanidade.2
Desde o nascimento, o ser humano vai experimentando e desco-
brindo o mundo de modo bastante incipiente, pela percepção, pelas 
sensações, pelo tato e pela experimentação. À medida que o indivíduo 
cresce, a curiosidade também aumenta; então, ele vai em busca de no-
vas descobertas, ampliando, aprendendo e descobrindo o mundo.
Para aprofundar e 
entender a ideia de ciên-
cia na atualidade, ligada 
ao conceito de pensamen-
to complexo, o qual tem 
influenciado várias áreas 
do conhecimento, vale 
a pena conhecer a obra 
Ciência com Consciência, de 
Edgard Morin.
MORIN, E. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 2015.
Livro
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12 Metodologia da pesquisa científica
No decorrer da história da humanidade, a ciência também 
percorreu um processo evolutivo frente às necessidades e descobertas 
importantes, a saber:
Figura 1
Principais acontecimentos evolutivos
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Domínio de técnicas 
de cultivo
Domínio do fogo
Era das navegações
Invenção da escrita 
e da imprensa
Era da informação e da 
tecnologia digital 
Criação de artefatos 
para a caça
Criação da roda
Evolução das formas 
de comunicação
Revoluções industriais
Fonte: Elaborada pela autora.
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Em todas essas ações, mesmo que de maneira rudimentar, esta-
vam presentes a busca por soluções e o desenvolvimento de conheci-
mentos, ainda que para resolver situações do dia a dia. Contudo, por 
meio das demandas cotidianas, é possível perceber grandes saltos 
com relação à produção de conhecimentos que podem revolucionar 
determinada época ou período.
Entretanto, nem sempre é possível demarcar a produção de conhe-
cimentos sistematizados tal qual conhecemos hoje e como são valida-
dos pela ciência atualmente.
Se a ciência é uma forma de produzir conhecimento, devemos 
pensar no sujeito que produz esse conhecimento: o cientista.
Quem é o cientista? O que ele faz?
O cientista deve ser visto como um pesquisador, um sujeito ativo 
que faz a pesquisa e aplica seu procedimento, isto é, aplica uma meto-
dologia sistemática para obter o conhecimento relativo à área de seu 
estudo, confirmando ou produzindo um conhecimento científico.
A principal função do cientista é realizar pesquisas para obter uma 
interpretação complexa da realidade ou dos objetos pesquisados. Assim, 
é a metodologia da pesquisa científica que oferece a possibilidade de 
proporcionar uma análise mais detalhada de certa problemática e o 
entendimento do mundo por meio da construção do conhecimento.
Para você, por que é preciso entender sobre o que é e como se faz 
ciência? Será que você é um cientista também?
Se você está aqui, estudando esse conteúdo, é bem provável que 
precise entendê-lo melhor para realizar uma pesquisa científica, que 
pode ser:
 • um trabalho de conclusão de curso (TCC);
 • uma monografia ou um artigo de pós-graduação;
 • uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado.
Esses estudos servem como resultado da produção dos co-
nhecimentos adquiridos durante a graduação ou a especiali-
zação de um curso sobre determinado assunto.
Por mais que pareçam distantes da ideia de ser 
cientista, esses trabalhos são considerados científicos, 
A evolução do conheci-
mento é uma preocu-
pação existente desde a 
Antiguidade. Um exemplo 
é o texto “Mito da ca-
verna”, presente na obra 
A República, de Platão. 
Nele, o filósofo grego faz 
importantes analogias, 
discutindo sobre como 
é viver sem aquilo que 
o conhecimento nos 
proporciona e como 
este molda a nossa visão 
de mundo.
O texto de Platão aborda 
as formasde se pensar 
a produção do conhe-
cimento humano e do 
viver sem conhecimento 
atrelado à escravidão, 
trazendo uma analogia da 
luz e escuridão sobre o 
saber e o não saber.
Para ler o “Mito da ca-
verna” na íntegra, acesse 
o link a seguir.
Disponível em: http://www.usp.br/
nce/wcp/arq/textos/203.pdf. Acesso 
em: 3 nov. 2021.
Saiba mais
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Pesquisa e conhecimentoPesquisa e conhecimento 1313
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf
14 Metodologia da pesquisa científica
pois têm métodos para serem realizados e precisam seguir orientações 
previstas pelas instituições, por isso a necessidade de entender e co-
nhecer a metodologia da pesquisa científica.
1.2 Ciência e outras formas de conhecimento 
Vídeo
Agora que você já entendeu o que é pesquisa científica e percebeu 
que a ciência é uma forma de conhecimento presente em nosso coti-
diano, vamos pensar sobre o que diferencia a ciência de outros tipos de 
produção de conhecimento. Iremos, então, falar sobre o conhecimento 
científico e as diferentes formas de conhecimento.
Inicialmente, vale a pena diferenciar os conceitos de saber e de 
conhecimento, pois esses termos são utilizados como sinônimos em 
alguns contextos. A poetisa Cora Coralina (apud DENÓFRIO, 2004, p. 54), 
eternizou essa definição em seus versos:
“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é 
com a vida e com os humildes”.
Com base na ideia de que o conjunto de saberes – que é bem 
maior do que simplesmente conhecer – leva à sabedoria, é possível 
deduzir que essa deriva dos saberes. Já o conhecimento pode ser en-
tendido como aquilo que se conhece, que se aprende. As principais 
características dos saberes e do conhecimento são apresentadas na 
figura a seguir.
Figura 2
Saberes e conhecimento: principais diferenças
Saberes
• Estão à nossa disposição.
• São múltiplos, amplos, diversos.
• São indissociáveis e vivos em suas 
relações com outros saberes.
Conhecimento
• É produzido sistematicamente.
• É estático.
• Pode ser controlado. A
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Fonte: Elaborada pela autora.
Dentro do grupo dos saberes, temos os chamados saberes populares, 
que são aqueles que todo mundo sabe, e exatamente por isso são 
• Diferenciar a pesquisa 
científica de outras 
formas de pesquisa, 
levantamento de 
dados e produção 
de conhecimento.
• Diferenciar o conhe-
cimento científico 
de outras formas de 
conhecimento, crenças 
e ideologias.
Objetivos de aprendizagem
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considerados populares – sabe-se porquê sabe, não há necessidade de 
explicações elaboradas ou de comprovações científicas.
É bem provável que você já tenha ouvido falar dos saberes po-
pulares ou do saber de senso comum. Também conhecidos como 
conhecimento popular ou conhecimento tácito, são aqueles saberes e co-
nhecimentos comuns, oriundos do dia a dia pelas experiências acumu-
ladas por determinado grupo social. Esses saberes ganham status de 
comuns ou normais, pois não há necessidade de quaisquer comprova-
ções ou verificações de padrões ou análise científica. Eles acontecem 
naturalmente, mas podem se assemelhar ou se diferenciar enorme-
mente a depender da cultura, das comunidades e da diversidade, já 
que se trata de um saber espontâneo.
Por derivarem das experiências espontâneas, os saberes popula-
res têm bases na intuição, nas crenças, nas tradições, na mitologia e 
nas histórias de tradições orais. São adquiridos basicamente por expe-
riências pessoais; de modo geral, podem passar de geração em geração 
pelas vias de tradição oral, nos modos de se fazer ou de se conhecer. Às 
vezes, ganham status de verdades absolutas ou conhecimentos verda-
deiros exatamente pelo caráter geracional (THOMÁZ; BARBOSA, 2021).
O interessante é que, justamente por não adotarem métodos ri-
gorosos ou científicos, os saberes populares ou de senso comum não 
seguem as mesmas regras, por isso não passam pelas mesmas vias 
de validação, como as metodologias científicas. Basta crer, acreditar 
e entender que é assim porque é; não precisa de muitas explicações.
Você poderia se perguntar: qual é a importância desses saberes? 
Diríamos que pode ser tão importante quanto a própria ideia de 
ciência. Basta analisar a importância das crenças 
e religiões para o mundo civilizado, além 
da importância dos saberes indíge-
nas, por exemplo, ou dos chás me-
dicinais e das terapias alternativas, 
que, mesmo não seguindo o cami-
nho e as comprovações da ciên-
cia, não podem ser descartados 
ou tidos como sem importância 
em determinadas comunidades 
ou contextos sociais.
Os saberes populares são 
conhecimentos obtidos por meio 
da prática e fazem parte da cultura 
de determinado local/grupo. Chás 
medicinais, artesanatos, histórias 
passadas de geração em geração e 
culinária são alguns exemplos.
Pesquisa e conhecimentoPesquisa e conhecimento 1515
16 Metodologia da pesquisa científica
Na história da humanidade, nem sempre a ciência foi tal qual se 
apresenta hoje. A ciência atual deriva da história das ciências ou das 
formas de se fazer ciência, isto é, da organização do conhecimento 
(THOMÁZ; BARBOSA, 2021). O renomado autor brasileiro Rubem Alves 
(2007) classifica os conhecimentos produzidos ao longo da história da 
humanidade em filosóficos, teológicos ou religiosos, empíricos (popu-
lares ou do senso comum) e científicos, os quais estão sistematizados 
no quadro a seguir.
Quadro 1
Tipos de conhecimento
Categoria/tipo 
de conhecimento Base epistemológica Exemplo
Conhecimento 
filosófico
É produzido por meio da reflexão, é 
sistemático e crítico e busca um co-
nhecimento racional. Sua construção 
se baseia em ideias e conceitos metafí-
sicos e abstratos, na busca da verdade.
“A finalidade essencial 
da razão humana é a 
felicidade universal”.
Conhecimento 
teológico ou 
religioso
É gerado por meio de crenças, com 
base na fé religiosa e em dogmas 
intuitivos e divinamente revelados.
O ser humano se relaciona com eles 
pelas crenças, pelos rituais e pelos 
textos considerados sagrados. São ti-
dos como conhecimentos inquestioná-
veis e infalíveis e que obviamente não 
precisam seguir os padrões científicos, 
pois se baseiam na fé e na crença.
“Bem-aventurados os 
que choram, porque 
Deus os consolará”.
Conhecimento 
empírico (popular 
ou do senso 
comum)
É aquele conhecimento produzido no 
dia a dia, ligado a tradições, crenças 
ou valores. Baseia-se em percepções 
e observações. Não há necessidade de 
comprovação sistemática ou científica. 
Por esse motivo, é um tipo de conheci-
mento superficial e subjetivo.
“Chá de camomila é 
bom para acalmar 
os nervos”.
Conhecimento 
científico
É tido como o conhecimento verda-
deiro, que busca conhecer as causas e 
as leis que regem determinado evento. 
É adquirido de modo racional por meio 
de processos que são sistematizados 
e organizados.
“A temperatura média 
do universo diminui 
à medida que o uni-
verso se expande”.
Fonte: Elaborado pela autora com base em Alves, 2007.
No livro Ciência e 
existência: problemas 
filosóficos da pesquisa 
científica, o importante 
filósofo brasileiro Álvaro 
Viera Pinto aborda a 
ideia de construção 
social da ciência aliada 
à existência humana, à 
busca pelas descobertas 
e às problemáticas sociais 
decorrentes da busca 
por fazer ciência. Vale a 
pena conhecer!
PINTO, Á. V. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz 
e Terra, 1985. 
Livro
Na comparação entre os diferentes tipos de conhecimentos, pode-
mos concluir que o conhecimento filosófico busca descobrir aspectos 
relacionados ao sentido primordial da existência humana ou de uma 
realidade. Procura-se descobrir se há ou não liberdade, por exemplo, 
ou quais valores devem direcionar as ações humanas, entre outros 
conteúdos dessa natureza (THOMÁZ; BARBOSA, 2021).
Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé, Clóvis de 
Barros Filho são exemplos de pensadores contemporâneos que ga-
nharamnotoriedade no contexto brasileiro graças às mídias sociais e 
ao trabalho de filósofos reconhecidos. Também é possível citar outros 
filósofos que popularizam discussões até então só realizadas em esco-
las, universidades e contextos educacionais.
Já o conhecimento teológico ou religioso é aquele que tem por base 
a inspiração divina, um deus ou um ser supremo, a depender da cultu-
ra de cada povo (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). São exemplos os cultos e 
as missas dominicais, as escrituras sagradas e as várias formas de ma-
nifestações e tradições religiosas de determinados grupos religiosos. 
Nas mídias sociais, o Padre Fábio de Melo, o Pastor Cláudio Duarte e a 
Monja Coen são campeões de interação com seus públicos.
Sobre o conhecimento empírico ou de senso comum, podemos 
pensar em todo conhecimento que se faz presente em nosso dia a dia. 
Esses conhecimentos, tidos como populares, têm forte base nas tradi-
ções orais, na mitologia e nas histórias passadas de geração em gera-
ção. São exemplos a contação de causos e histórias, as benzedeiras e 
os usos de chás medicinais, algumas técnicas de agricultura e, ainda, os 
modos de preparação de alimentos, principalmente aqueles ligados às 
tradições de certas culturas (THOMÁZ; BARBOSA, 2021).
Por fim, sobre o conhecimento científico, o qual trataremos ao lon-
go deste capítulo, é aquele produzido de maneira sistemática, e esse 
processo nunca é considerado algo pronto e acabado, pois pode sem-
pre ser questionado e reavaliado. Em outras palavras, é um pro-
cesso em constante construção (THOMÁZ; BARBOSA, 2021).
São exemplos os bancos de dados de artigos e periódi-
cos de revistas de pesquisas científicas das mais diversas 
áreas – locais em que o conhecimento científico é sociali-
zado. Para ser publicado em revistas de divulgação cien-
Um dos filósofos 
brasileiros que fez 
uma reflexão entre os 
conhecimentos filosóficos 
e científicos foi Álvaro 
Viera Pinto, que aborda, 
em seus escritos, a 
ideia de construção 
social da ciência aliada 
à existência humana. 
Para conhecer e saber 
mais sobre os trabalhos 
desse importante cientista 
brasileiro, vale a pena vi-
sitar o site que condensa 
boa parte de suas 
obras e a importância 
de seu pensamento 
científico na construção 
do conhecimento no 
contexto brasileiro.
Disponível em: http://www.
alvarovieirapinto.org/livros/. Acesso 
em: 3 nov. 2021.
Curiosidade
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Pesquisa e conhecimentoPesquisa e conhecimento 1717
http://www.alvarovieirapinto.org/livros/
http://www.alvarovieirapinto.org/livros/
18 Metodologia da pesquisa científica
tífica, em geral, o estudo é avaliado em pares e às cegas (sem saber 
quem é o autor), sendo revisado e validado por um conselho editorial 
científico. Bancos de dados como Scielo (Scientific Electronic Library 
Online), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior) e Google Acadêmico são alguns exemplos.
Ao abordar as diferentes formas de conhecimento, podemos 
compreender que todas têm sua importância. Apesar de validarmos o 
conhecimento científico como verdadeiro, podemos observar, ao longo 
da história da ciência, que alguns conhecimentos têm suas origens em 
outras formas e manifestações e que, de certo modo, todos eles têm a 
sua importância.
1.3 Processo de construção do 
conhecimento científico Vídeo
A construção do conhecimento científico tem um processo dife-
renciado das outras formas de produção de conhecimento. Para ser 
considerado científico, é preciso que siga alguns parâmetros consi-
derados válidos; ou seja, basicamente, ele precisa seguir um método, 
uma metodologia.
Por método, entende-se o modo de se fazer algo e um caminho para 
o conhecimento, pois, no método, é levado em conta o passo a passo a 
ser percorrido na busca por certa explicação ou resposta. Trata-se, ainda, 
dos instrumentos ou das técnicas utilizadas na busca e no tratamento 
dessas informações para convertê-las em um conhecimento científico.
Na etimologia da palavra metodologia, que vem do grego methodus 
e significa “através, ao longo do caminho”, tem-se: meta = através; 
odos = caminho; logos = discurso, estudo – ou seja, é um caminho a ser 
percorrido. O método é, então, o conjunto de etapas necessárias para res-
ponder a um objetivo proposto (THOMÁZ; BARBOSA, 2021).
Em nosso dia a dia, temos vários empregos de métodos, por exem-
plo, de se vestir, de preparar certos alimentos ou de podar plantas. 
Essas são ações simples, mas que, se não forem seguidas em um passo 
a passo, podem resultar em situações diferentes da proposta. Como 
o método é um passo a passo, não se pode alterar a ordem, pois isso 
implicaria um resultado diferente do previsto.
• Conhecer o processo 
de produção de 
conhecimento.
• Entender os processos 
de validação do conheci-
mento científico.
Objetivos de aprendizagem
Pesquisa e conhecimento 19
Assim, quando falamos de cientificidade, podemos dizer que, ao fa-
zer ciência, somos guiados por pelo menos duas dimensões:
Figura 3
Dimensões da cientificidade
Dimensão epistemológica
“A ciência como episteme, que 
significa origem do conhecimento, 
tem a função de explicar o 
mundo e criar teorias”.
Dimensão metodológica
“Essa dimensão trabalha com os 
aspectos operacionais, ou seja, 
diz respeito aos procedimentos 
para garantir que a investigação 
seja científica”.
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Fonte: Elaborada pela autora com base em Rauen, 2018, p. 25.
Diante da epistemologia, temos alguns quadros teóricos, dentre 
os vários e possíveis referenciais dos quais os pesquisadores podem 
se valer como fundamentos. Esses quadros teóricos servem como 
pano de fundo para que o pesquisador vincule a sua pesquisa a essas 
linhas de pensamento.
As variadas visões de mundo e de realidade determinam os dife-
rentes métodos de se conduzir um estudo. Existe uma diversidade de 
métodos que podem ser organizados com base em várias abordagens 
teórico-metodológicas.
Apresentamos, a seguir, alguns dos principais quadros teóricos, 
seus fundamentos e seus principais representantes.
Quadro 2
Fundamentos e representantes
Quadro teórico Fundamentos Representantes
Positivismo
 • Ápice do empirismo.
 • Ênfase na experimentação.
 • Apelo à validação e à verificação.
 • Parte da observação e da descrição.
 • Francis Bacon
 • John Locke
 • David Hume
 • Auguste Comte
Estruturalismo
 • Preocupa-se com as estruturas dentro de um sistema.
 • Estuda as relações dentro desse sistema.
 • Propõe modelos de representação de variáveis e de tipo.
 • Busca a interpretação dos significados das coisas.
 • Estuda as partes para compreender o todo.
 • Lévi-Strauss
 • Max Weber
Sistêmico ou 
funcionalista
 • Difere-se do estruturalismo, pois a ideia de sistema aqui é consti-
tuída de um todo que é superior às partes que o compõem.
 • Pressupõe que cada parte do todo desempenha uma função; 
dessa forma, a soma dessas partes é superior ao todo.
 • Émile Durkheim
 • Talcott Parson
(Continua)
20 Metodologia da pesquisa científica
Quadro teórico Fundamentos Representantes
Materialismo histórico 
dialético
 • Tem base na realidade concreta e se preocupa com a supera-
ção das contradições dos argumentos oponentes.
 • Possui três elementos e movimentos dos contrários: a tese, a 
antítese e a síntese.
 • Georg W. Friedrich 
Hegel
 • Karl Marx
Fenomenologia
 • Busca a essência do que se pesquisa.
 • Define que o fenômeno é aquilo que se mostra em si mesmo; 
dessa forma, pode ser observado, examinado e explicado so-
bre vários pontos de vista.
 • Edmund Husserl
Etnometodologia
 • Pressupõe o contato direto com o dado, as pessoas, o 
fenômeno etc.
 • Precisa vivenciar essa realidade para entendê-la.
 • Harold Garfinkel
Fonte: Elaborado pela autora com base em Habermas, 2014. 
No debate sobre o fazer ciência na modernidade, Habermas (1983) 
estabelece outra classificação, a qual dividiu em três grandes vertentes:
Figura 4
Abordagens da cientificidade
1 A abordagem empírico-analítica, que sepreocupa com o objeto ou dado de estudo a priori; cabe ao ser humano descobrir esse 
dado/objeto a ser conhecido.
2
A abordagem histórico-hermenêutica ou fenomenológica, 
em que o conhecimento não está só no objeto a ser conhecido, 
mas também no pesquisador que o investiga; assim, deve-se 
verificar a relação entre esse sujeito e o objeto de conhecimento.
3
A abordagem dialética ou teoria crítica, a depender do ponto de 
vista ou da visão de mundo do pesquisador em relação ao objeto a 
ser conhecido em determinado contexto cultural, histórico e social. 
Para o autor, toda produção científica está relacionada a uma visão 
e às formas de organizar e conhecer o mundo.
De maneira genérica, dentro das mais diversas vertentes e correntes 
filosóficas de abordagens de pesquisa, se vinculam os métodos que se 
propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade e 
como proceder para atingir o conhecimento.
No que se refere às abordagens, em geral, estudam-se métodos de 
abordagem e métodos de procedimentos. Vejamos suas características 
a seguir.
Pesquisa e conhecimento 21
1.3.1 Métodos de abordagem
Os métodos de abordagem basicamente dizem respeito ao cami-
nho mais amplo a ser perseguido em uma investigação, estando rela-
cionado ao objetivo geral da pesquisa.
São classificados em:
 • dedutivo;
 • indutivo;
 • hipotético-dedutivo.
Seguindo a evolução histórica dos métodos, desencadeia-se nos pa-
radigmas emergentes a crise de paradigmas. As principais característi-
cas desses métodos estão descritas no quadro a seguir.
Quadro 3
Métodos de abordagem
Dedutivo Indutivo
Histórico • Foi sistematizado por Francis Bacon.
 • Método defendido pelos filósofos René 
Descartes, Baruch Spinoza e Gottfried 
Leibniz.
Características
 • Parte-se da ideia do todo para as partes.
 • Premissa geral, maior para a menor.
 • Foi muito utilizado nas ciências duras 
da matemática e da física, devido à 
presença das suas leis e teorias com 
força equivalente.
 • Partes para o todo.
 • Premissa menor para a maior.
 • Parte das particularidades para a generali-
zação; divide-se em três etapas: observação, 
relação e generalização.
Exemplo
 • Todo homem é mortal (ideia universal).
 • Pedro é homem (parte menor), logo Pedro 
é mortal (conclusão).
 • Pedro é mortal, Antônio é mortal, José 
é mortal.
 • Ora, Pedro, Antônio e José são homens.
 • Logo, (todos) os homens são mortais.
Fonte: Elaborado pela autora.
No avanço do conhecimento científico, outro importante marco 
pode ser sistematizado, com a superação dos métodos indutivo e de-
dutivo. Assim, Karl Popper (1978) propôs um novo modelo, como uma 
abordagem necessária a ser enfrentada, ressaltando que o que deve 
ser testado não é a possibilidade de verificação, mas sim a de refutação 
de uma hipótese, de modo a alterar o modelo dedutivo para um mode-
lo hipotético-dedutivo, que se baseia na falseabilidade, 1 modificando, 
assim, as noções de método e de teoria até então utilizadas.
https://blog.mettzer.com/diferenca-entre-objetivo-geral-e-objetivo-especifico/
22 Metodologia da pesquisa científica
O método hipotético-dedutivo é baseado em uma crítica ao mo-
delo indutivo. Esse método se dá com uma lacuna no conhecimento 
científico, o que propicia a formulação de hipóteses por um proces-
so de inferência dedutiva. Sua linha de raciocínio pode ser apresen-
tada da seguinte maneira:
quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assun-
to são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o 
problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no pro-
blema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses 
formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testa-
das ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências 
deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se pro-
cura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-
-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para 
derrubá-la. (GIL, 2008, p. 12)
Já no modelo proposto por Thomas Kuhn, essa construção do co-
nhecimento se baseia na formulação de um paradigma, que signifi-
ca um modelo, um exemplo ou um padrão a ser seguido. Em suas 
próprias palavras: “uma comunidade científica, ao adquirir um para-
digma, adquire igualmente um critério para a escolha de problemas 
que, enquanto o paradigma for aceito, poderemos considerar como 
dotados de uma solução possível” (KUHN, 1998, p. 59).
O modelo de paradigmas é subdividido em dois momentos, 
sendo eles:
Primeiro, a ciência trabalha para ampliar ou aprofundar o 
aparato conceitual do paradigma.1
Segundo, a ciência, no momento de crise, trabalha pela superação do 
paradigma dominante, até que novos paradigmas surjam.2
Nesse sentido, existe o debate em torno das crises dos para-
digmas como um modelo da modernidade, em que tudo parece 
se esvaziar, como afirma Bauman (2021) ao abordar a crise dos 
paradigmas na modernidade líquida.
1.3.2 Métodos de procedimentos
A definição dos métodos de procedimentos – diferentemente dos 
de abordagem, que são mais abstratos e gerais – está relacionada aos 
No princípio de falseabili-
dade, a comprovação, que 
até então era dirigida para 
verificar se a teoria era 
verdadeira (princípio de 
verificabilidade), com base 
no que é proposto por 
Popper, passa a ser diri-
gida para comprovação 
de hipóteses. Para essa 
proposição, as hipóteses 
podem ser consideradas 
verdadeiras ou falsas, 
redimensionando os estu-
dos não só com base na 
sua verificabilidade, mas 
também na sua refutabi-
lidade, ou seja, também é 
possível comprovar que 
há hipóteses falsas.
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Pesquisa e conhecimento 23
procedimentos técnicos como sendo etapas de uma investigação, por 
isso esses procedimentos podem ser associados aos objetivos especí-
ficos de um projeto.
Nessa abordagem, é interessante, quando se refere aos objetivos 
específicos, pensar nos procedimentos (metodológicos) para se atingir 
esses objetivos, como em um passo a passo.
Com o desenvolver das ciências, os métodos de procedimentos 
mais comuns podem ser sistematizados em:
 • observacional;
 • experimental;
 • comparativo;
 • histórico;
 • estatístico;
 • etnográfico; e
 • clínico.
A seguir, vemos cada um dos itens mais detalhadamente explicados 
por Thomáz e Barbosa (2021).
Método observacionalMétodo observacional
Como o próprio nome diz, refere-se à observação de uma dada 
realidade, podendo ser considerado o primeiro passo ou o mais primi-
tivo dos métodos de estudos. Geralmente utilizado para descrever uma 
realidade, segue o passo a passo de observações do que será estudado 
e, nesse sentido, difere-se de uma simples observação de senso co-
mum, pois parte da ideia de uma observação sistematizada. Pode ser 
combinado com outros métodos para análises mais aprofundadas.
Método experimentalMétodo experimental
Usado por naturalistas desde os primeiros cientistas, intercalava 
as ideias de senso comum com as vertentes religiosas e filosóficas, na 
busca de realizar testes para comprovar cientificamente. A realização 
desse método, como o próprio nome demonstra, baseia-se no experi-
mento e no controle das variáveis, normalmente comparando os efeitos 
das variáveis às condições e ao tratamento. Para a utilização desse mé-
todo, é essencial que o pesquisador trace um plano experimental, bem 
como que estejam estabelecidas as condições da experiência e a forma 
como irá se obter as respostas do problema de pesquisa.
24 Metodologia da pesquisa científica
Método comparativoMétodo comparativo
Consiste em estabelecer parâmetros de comparação, averiguando 
semelhanças e diferenças entre grupos, sociedades, entre outros fato-
res comparativos.
Método históricoMétodo histórico
Tem como premissa básica a História como ciência e disciplina, 
capaz de explicar estruturas e acontecimentos, podendo versar so-
bre diversos pontos – culturais, políticos, econômicos, sociais etc. É 
centrado na investigação de acontecimentos, fatos ou instituiçõesdo 
passado, com o intuito de verificar a sua influência na sociedade de 
hoje, realizando um retorno às raízes para uma compreensão de sua 
natureza e função.
Essa abordagem também é conhecida como método crítico ou 
método histórico-crítico, em que um conjunto de procedimentos téc-
nicos e interdisciplinares é aplicado para gerenciar suas fontes pri-
márias, investigando eventos pertinentes às sociedades humanas e 
convergindo para uma produção historiográfica. Esse método pode 
ser utilizado junto à abordagem dialética e é bastante usado em 
pesquisas qualitativas.
Método estatísticoMétodo estatístico
Baseia-se em dados quantitativos (da estatística ou da probabilida-
de) para a explicação dos fatos e fenômenos, utilizando dados numé-
ricos para interpretar uma problemática ou uma dada realidade. Um 
exemplo disso pode ser encontrado em números e estatísticas, como 
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A utilização do 
método estatístico possibilita medir, quantificar e mensurar a realida-
de pesquisada.
Método etnográficoMétodo etnográfico
É uma das abordagens mais utilizadas em estudos longitudinais, 
pois permite ao pesquisador vivenciar uma realidade para tirar suas 
conclusões. Pressupõe o contato direto do pesquisador com o estudo, 
com a realidade, com as pessoas, com o grupo ou com o fenômeno 
observado e estudado.
Pesquisa e conhecimento 25
Método clínicoMétodo clínico
Derivado dos procedimentos da ciência da saúde, esse método 
se tornou um dos mais importantes na investigação psicológica, em 
especial depois dos trabalhos de Sigmund Freud e Jean Piaget, que o 
utilizaram em suas investigações. É necessário tomar os devidos cuida-
dos ao propor generalizações, já que ele parte de experiências, análi-
ses particulares e individuais, envolvendo experiências subjetivas, por 
meio do emprego do método clínico.
Em termos de pesquisas científicas, o desenvolvimento dos méto-
dos seguiu a história evolutiva do desenvolvimento das ciências. Os 
métodos podem ser associados aos diferentes tipos de pesquisas e 
nem sempre um único método poderá ser adotado com total rigorosi-
dade, pois eles acabam por serem combinados em uma investigação, 
uma vez que um único método pode não dar conta de orientar todos 
os procedimentos a serem desenvolvidos ao longo dela.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, você organizou as informações e compreendeu a dife-
rença entre informação e produção de conhecimento. Entendeu, ainda, 
os princípios que regem as pesquisas científicas, diferenciando-as de 
outras formas de pesquisas.
Você também teve a oportunidade de aprender sobre outras manei-
ras de produção na evolução do conhecimento científico, percebendo 
que os saberes populares são tão importantes em algumas comunidades 
quanto as outras formas de saberes.
A finalidade de apresentar brevemente as correntes filosóficas e os 
seus métodos de abordagens e de procedimentos foi possibilitar uma vi-
são ampla sobre como o processo de construção do conhecimento cien-
tífico se desenvolve com essas abordagens.
A metodologia científica é um caminho de estudo a ser percorrido. 
Dessa forma, seu objetivo é orientar o pesquisador sobre qual rumo 
pode tomar para realizar uma investigação, com base em cada um dos 
métodos identificados.
Além disso, vimos que a ciência é algo bastante vivo, em constante 
interações, e que não permite mais a ideia de verdades exclusivas ou 
absolutas, ou rigidez de um único método, uma única verdade.
De modo geral, este capítulo possibilitou uma ideia do que é e como 
se faz pesquisa na atualidade, pois a ciência está constantemente sendo 
posta à prova.
26 Metodologia da pesquisa científica
ATIVIDADES
Atividade 1
Como você diferenciaria pesquisa de pesquisa científica? O que 
caracteriza uma pesquisa científica? Justifique sua resposta.
Atividade 2
Elenque os diferentes tipos de conhecimentos e cite um exemplo 
de como esses se manifestam em seu dia a dia. Justifique também 
a importância de cada um.
Atividade 3
Sobre os métodos de procedimentos, descreva quais são os 
mais comuns.
REFERÊNCIAS
ALVES, R. Filosofia da ciência. 12. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.
DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.
DENÓFRIO, D. F. Cora Coralina. São Paulo: Global Editora, 2004. (Coleção Melhores Poemas).
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HABERMAS, J. Positivismo, pragmatismo, historicismo. In: Conhecimento e interesse. São 
Paulo: Editora Unesp, 2014.
HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. In: Textos escolhidos. São Paulo: Abril 
Cultural, 1983. 
KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1998.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 10. ed. São 
Paulo: Hucitec, 2007.
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015.
POPPER, Karl. Lógica das Ciências Sociais. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1978.
PRODANOV, C. C.; FREITAS, E C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da 
pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2013. 
RAUEN, F. J. Roteiros de investigação científica. Tubarão: UNISUL, 2018.
THOMÁZ, A. F.; BARBOSA, T. M. N. Pensamento científico. Telesapiens, 2021. [e-book]. Disponível 
em: https://auxiliar.telesapiens.com.br/pc/ts/1/ebook.php. Acesso em: 3 nov. 2021.
https://auxiliar.telesapiens.com.br/pc/ts/1/ebook.php
Fases e etapas da pesquisa 27
2
Fases e etapas da pesquisa
Em linhas gerais, produzimos conhecimento científico dentro condi-
ções destinadas a uma finalidade em específico, como um trabalho de 
conclusão de curso e dentro de um espectro de exigências e formalida-
des próprias do fazer pesquisa.
Para realizar uma pesquisa científica, é necessário fazer um planeja-
mento de todas as fases e etapas desse estudo.
Neste capítulo, vamos abordar as etapas necessárias para se fazer 
uma pesquisa e as formas de se realizar o planejamento de uma pesqui-
sa. Ainda, discutiremos a postura do pesquisador frente ao seu objeto 
de estudo e às relações estabelecidas na investigação. Para tanto, vamos 
tratar da questão dos princípios éticos na realização de pesquisas e as 
legislações que regem a execução desses princípios: os direitos autorais 
e a questão do plágio em pesquisa.
Sendo assim, identificar os principais desafios da produção científica 
e conhecer os limites éticos em uma investigação são aspectos funda-
mentais para se fazer ciência. Logo, possuir a capacidade de planejar, 
prever, antecipar-se aos possíveis problemas e desafios da pesquisa é 
requisito essencial para se tornar um bom pesquisador, que leva em 
consideração as questões éticas para desenvolver qualquer projeto de 
pesquisa.
Vamos entender um pouco mais desse universo científico e desse 
fazer ciência?
2.1 Planejamento na pesquisa 
Vídeo Toda pesquisa parte de uma problemática, de uma busca por 
respostas ou soluções ou de um ponto de interrogação inicial, pois 
toma como base um contexto específico para ser realizada.
Existem pesquisadores autodidatas que acabam por contribuir com 
o universo científico, porém, até pela definição de serem autodidatas, 
não seguem a mesma lógica e as mesmas regras das comunidades 
científicas. Exemplos disso encontramos principalmente nos clubes de 
astronomia ou de ciências, que possuem interesses em comum, mas 
fazem suas investigações muito mais por paixão e curiosidade do que 
pelo fazer ciência.
Quando falamos em fazer pesquisa ou realizar uma investigação 
científica, devemos pensar nas razões dessa empreitada, conhecendo 
os nossos limites, as potencialidades e as regras de execução, e refletir 
sobre a aceitação desse conhecimento na comunidade científica em 
questão. Logo, o planejamento acaba por ser uma das primeiras etapas 
desse processo.
De modo geral, para se iniciar uma pesquisa, é necessário estaren-
volvido em alguma atividade do gênero, quer seja na iniciação científica 
ou em trabalhos de conclusão de cursos em graduações, quer seja em 
cursos de aprofundamento, especializações, mestrados e doutorados.
De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 45), no livro Metodologia 
do trabalho científico, pesquisar também é planejar. Para os autores, 
“planejar é antever toda a série de passos que devem ser dados para 
chegarmos a uma resposta segura sobre a questão que deu origem à 
pesquisa. Esses passos devem ser percorridos dentro do contexto de 
uma avaliação precisa das condições de realização do trabalho”.
Segundo os autores, o planejamento deve levar em consideração os 
seguintes fatores:
• Conhecer as fases, as 
etapas e as principais 
formas de se fazer uma 
pesquisa científica.
• Entender como se faz 
um planejamento de 
pesquisa em cada etapa 
ou fase da pesquisa.
Objetivos de aprendizagem
2828 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica
Figura 1
Passos do planejamento na pesquisa científica
1. Tempo 
disponível 
para sua 
realização
2. Espaço 
onde será 
realizada
3. Recursos 
materiais 
necessários
4. Recursos 
humanos 
disponíveis A
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Fonte: Elaborada pela autora com base em Prodanov; Freitas, 2013.
O planejamento de pesquisa deve levar em conta o tempo que se 
tem para desenvolver e concluir essa empreitada, bem como onde 
ela será realizada e os recursos que serão necessários para tal. De 
modo geral, é preciso ter clareza sobre esses itens no planejamento, 
para poder prever ou se antever diante das possíveis dificuldades na 
execução da pesquisa.
Sendo assim, fazer uma pesquisa, seja ela acadêmica ou cientí-
fica, é muito mais que levantar dados. Precisa-se de fases, etapas 
e processos bem definidos. Por exemplo, para a realização de uma 
pesquisa em termos acadêmicos, é necessário subdividir o planeja-
mento em pelo menos três fases bem definidas, o que nem sempre 
é claro ao pesquisador iniciante.
Vamos, agora, conhecer cada uma dessas fases:
Pré-projeto ou projeto de pesquisaPré-projeto ou projeto de pesquisa
Nessa fase são realizadas todas as sondagens iniciais acerca do 
tema e da problemática a ser investigada. Em geral, é quando o pes-
quisador também se aprofunda em estudos teóricos, tanto sobre 
o que já foi pesquisado sobre o assunto escolhido quanto sobre as 
metodologias de pesquisas, ou seja, como se pode fazer essa pes-
quisa. Na fase de pré-projeto ou projeto, o pesquisador deve se ater 
a quanto tempo terá para realizar essas sondagens e preparações 
iniciais até, de fato, ter um projeto a ser colocado em prática em 
forma de pesquisa. Se já tiver um orientador nessa etapa, ajudará 
bastante nessas definições iniciais.
Pesquisa propriamente ditaPesquisa propriamente dita
Após o desenvolvimento, o projeto deverá passar pela validação 
do orientador de pesquisa, pois é ele o professor que vai orientar a 
investigação. Quando a pesquisa envolve pessoas, o projeto precisa 
passar por um comitê de ética para, então, ser 
validado. Somente após essas validações é que 
se pode dizer que se tem um projeto de pes-
quisa aprovado, e aí sim é hora de operaciona-
lizar e colocar em prática a pesquisa.
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Fases e etapas da pesquisaFases e etapas da pesquisa 2929
30 Metodologia da pesquisa científica
Nessa fase, precisa-se já ter antecipados via projeto de pesquisa:
 um roteiro ou planejamento de todos os recursos (humano e 
financeiros);
 os instrumentos (a depender do tipo de pesquisa);
 o tempo e o prazo (cronograma) para se realizar a pesquisa de 
fato.
Nessa fase é a hora de ir a campo, coletando e sistematizando os 
dados de pesquisa. Muita gente confunde essa parte mais “prática”, 
pensando que se pode sair fazendo a pesquisa, com os ajustes sendo 
feitos nesse caminho – daí a analogia de se trocar um pneu com o carro 
andando. Se não se antever e planejar cada fase e etapa, a chance de 
as coisas darem erradas é bem maior. Em termos de planejamento de 
pesquisa, cada fase e etapa é muito importante e deve ser muito bem 
delineada.
Relatório de pesquisaRelatório de pesquisa
Aplicado o projeto, ou seja, realizada a investigação dentro de um 
cronograma previsto, o que será feito com todas essas informações co-
letadas? É necessário prever, dentro da ideia de pesquisa, todas essas 
fases, bem como os tempos e recursos destinados a cada uma delas. 
Após realizar a pesquisa, é necessário transformá-la em um relatório 
de pesquisa, que, a depender do curso, terá diferentes nomenclaturas, 
conforme apresenta o quadro a seguir.
Quadro 1
Tipos de trabalhos acadêmicos
Tipo de trabalho Tipos de cursos ou programas
Trabalho de conclusão de curso 
(TCC), monografia, artigo
Cursos de graduação
Artigo ou monografia
Cursos de pós-graduação lato sensu ou 
MBA (master of business administration)
Dissertação Mestrado
Tese Doutorado
Fonte: Elaborado pela autora.
Cada uma dessas fases será abordada detalhadamente; o que é 
preciso entender, por ora, é como se organizar, prevendo esse trabalho 
de pesquisa. O que acontece, frequentemente, é essas fases se mistu-
rarem ao longo da realização de uma pesquisa, que, geralmente, tem o 
seu início mais definido e o seu fim menos definido.
Um livro interessante, que 
pode ser muito útil na 
etapa de planejamento 
de pesquisa, é a obra de 
Sergio Vasconcelos de 
Luna, Planejamento de 
pesquisa: uma introdução. 
Vale a pena dar uma 
conferida, para se antever 
as discussões do projeto 
e da pesquisa propria-
mente dita.
LUNA, S. V. São Paulo: EDUC, 2012.
Livro
Fases e etapas da pesquisa 31
Entretanto, conhecer, prever e diferenciar essas fases em um plane-
jamento e cronograma de pesquisa fará muita diferença ao pesquisa-
dor, que poderá ter mais clareza do caminho a ser percorrido, de modo 
a planejar o tempo e os recursos disponíveis em cada fase.
Prodanov e Freitas (2013, p. 45) explicam que o termo pesquisa por 
vezes é usado indiscriminadamente, confundindo-se com uma simples 
indagação, procura de dados ou certos tipos de abordagens explora-
tórias. Porém, para os autores, “a pesquisa, como atividade científica 
completa, é mais do que isso, pois percorre desde a formulação do pro-
blema até a apresentação dos resultados”, passando pelas sequências 
ou etapas descritas na figura a seguir.
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Preparação da pesquisa: selecionar, definir e delimitar o problema a ser investigado, conforme as linhas 
ou os temas de pesquisas disponibilizados pelos possíveis orientadores.
Preparação do projeto: formular as hipóteses, construir as variáveis e definir os objetivos 
da pesquisa.
Planejamento de aspectos logísticos para a realização da pesquisa: definir o tempo, os 
recursos, os locais e os deslocamentos possíveis.
Revisão de literatura: ler o referencial que auxiliará desde a definição da temática até 
a conclusão da pesquisa, percorrendo todas as fases, de modo a identificar o que já foi 
pesquisado e as lacunas da área de conhecimento.
Definição da metodologia da pesquisa: definir os tipos e instrumentos para a 
coleta de dados e para o trabalho de campo (pesquisa ação ou intervenção).
Processamento dos dados: fazer a transcrição, organização, sistematização e 
classificação dos dados de pesquisa.
Análise e interpretação dos dados: realizar essa análise e interpretação à 
luz de um referencial teórico definido pela revisão de literatura.
Elaboração do relatório da pesquisa: elaborar o relatório seguindo 
as normas previstas da instituição ou da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT).
1
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Figura 2
Etapas da pesquisa científica
Fonte: Elaborada pela autora.
Para Gamboa (2011), é desde o diagnóstico de um problema de 
investigação, ainda na fase de elaboração do projeto de pesquisa, que 
o pesquisador deve se pautar no atendimento de alguns fundamentos 
lógicos, como a identificação e caracterização do problema e a maneira 
como obtemos respostas paraele.
Quanto à identificação e caracterização do problema, ainda na fase 
de construção, o projeto poderá se pautar nos procedimentos aponta-
dos na figura a seguir.
32 Metodologia da pesquisa científica
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Localizar a problemática: destacar a situação-problema, por meio das inquietações ou da necessidade 
de um problema concreto.
Identificar indicadores: levantar dados, estudos ou outras pesquisas quanto ao que já foi 
pesquisado sobre esse problema. 
Elaborar questões norteadoras: fazer questionamentos, de modo que possa orientá-los nas 
buscas por respostas à problemática. 
Elaborar pergunta-síntese do problema a ser investigado: definir uma pergunta 
problema, com base nos indicadores anteriores, de modo que possa buscar respondê-la 
sistematicamente na pesquisa, mediante uma metodologia de pesquisa. 
Fontes de pesquisa: definir em quais bases de dados de pesquisa, revisões de 
literatura ou, ainda, estado da arte do conhecimento a pesquisa irá se pautar. 
Selecionar instrumentos de investigação: estabelecer, entre as 
metodologias possíveis, quais instrumentos poderão auxiliar na busca pelas 
respostas: entrevistas, questionários, intervenções, observações, entre outros. 
Explorar hipóteses: elaborar as respostas esperadas ou os possíveis 
resultados da pesquisa que poderão orientar as diversas estratégias na 
busca por responder ao problema.
Definir referências: definir um quadro dos paradigmas que norteiam e 
fornecem as categorias para analisar as respostas e interpretar os dados. 
Prever condições: prever que recursos ou indicadores da 
viabilidade técnica são necessários para conseguir responder ao 
problema de pesquisa. 
Figura 3
Procedimentos para 
identificação do problema
1
2
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8
9
Fonte: Elaborado pela autora com base em Gamboa, 2011.
Alguns autores se referem a essas etapas como planejamento de 
pesquisa, outros a chamam de pré-projeto ou simplesmente de metodo-
logia de pesquisa. Em geral, essas etapas funcionam como um registro 
de planejamento detalhado.
De acordo com Severino (2012, p. 91),
a elaboração do projeto de pesquisa é a primeira etapa de um 
longo processo, um primeiro momento de síntese. Imprescindí-
vel para desencadear o trabalho de construção do conhecimento, 
ele deve ser explicado de forma técnica, não só em decorrência 
de exigência institucionais, mas porque ele representa um rotei-
ro do trabalho a ser desenvolvido pelo aluno.
O autor coloca que, embora o projeto “possa ser alterado ao longo 
do desenvolvimento da pesquisa, constitui um roteiro fundamental, 
delimitando bem o caminho a ser percorrido, as etapas a serem ven-
No vídeo Como fazer 
projeto de pesquisa para 
TCC, mestrado e douto-
rado, do canal Além do 
Lattes, confira as dicas 
para elaborar um projeto 
de pesquisa.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=0qY-
eNHbKpI. Acesso em: 10 nov. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=0qY-eNHbKpI
https://www.youtube.com/watch?v=0qY-eNHbKpI
https://www.youtube.com/watch?v=0qY-eNHbKpI
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cidas, os instrumentos e as estratégias a serem aplicadas ao longo de 
sua execução” (SEVERINO, 2012, p. 91).
Nesse sentido, na etapa de planejamento, o mais importante é ter 
noção de que:
toda pesquisa tem por finalidade buscar respostas para questões levantadas, e 
essa busca envolve métodos e formas de se fazer, por isso a exigência de um 
bom planejamento.
Dessa forma, uma pesquisa parte das preconcepções que o pesqui-
sador já traz consigo sobre o que é pesquisa; dito de outra maneira, 
toda pesquisa tem, em seu cerne, uma teoria, uma visão de mundo, 
uma busca por respostas e pressupostos que servem como ponto de 
partida na investigação e nos modos de se fazer tal investida.
Diante dos possíveis campos de pesquisa, dos objetos de estudo, 
dos interesses do pesquisador, do enfoque dado à pesquisa, das possí-
veis metodologias de estudo, da aplicação do método científico e das 
situações do contexto, pode-se definir se o projeto é viável ou não, ou, 
então, como será o andamento da pesquisa.
Por fim, de certa forma, podemos dizer que o planejamento em 
termos de pesquisa é construir e elaborar seu pré-projeto ou proje-
to de pesquisa, o que permite aprimoramentos ao longo do trabalho 
propriamente dito. Assim, devemos pensar nesse planejamento como 
uma versão preliminar do trabalho, um esboço do que se quer fazer na 
investigação. À medida que se avança nas etapas de investigação, as hi-
póteses vão sendo confirmadas ou refutadas e a necessidade de apri-
moramentos e de realização dos ajustes necessários vai aparecendo.
Fazer um planejamento de como se dará a pesquisa é uma das fa-
ses da própria pesquisa; logo, é uma tentativa de descrição da sua 
estrutura e um roteiro inicial do que se pretende com o 
trabalho, que sofrerá modificações e será aprimo-
rado no decorrer das etapas. Desse modo, um 
planejamento bem elaborado define e orga-
niza, para o próprio pesquisador, o caminho 
a ser seguido no desenvolvimento do traba-
lho, uma vez que elucida as etapas a serem 
alcançadas, bem como prevê e define os ins-
O livro Métodos de Pes-
quisa em comunicação: 
projetos, ideias, práticas 
traz ótimas dicas e estra-
tégias para desenvolver 
bons projetos.
MARTINO, L. Petrópolis: Vozes, 2018.
Livro
Fases e etapas da pesquisa 33
trumentos e as estratégias a serem usados em cada fase e impõe uma 
disciplina no trabalho a ser realizado.
Portanto, para o desenvolvimento de um bom estudo científico, no-
ta-se a importância de toda essa clareza em cada uma das fases e eta-
pas, as quais serão detalhadas no decorrer desse capítulo.
2.2 Ética na pesquisa e postura do pesquisador 
Vídeo O que vem a ser ética na pesquisa? Por que, entre tantos assuntos 
a serem tratados nos manuais de pesquisas científicas, temos que de-
dicar um tópico em específico às questões éticas? Não seria esse um 
assunto destinado à filosofia ou às questões jurídicas?
Pense bem: será que todos os pesquisadores partem dos mesmos 
princípios em suas investigações e seguem as mesmas regras no que 
tange à ética? Ou, então, será que nessa busca por respostas, por no-
vos conhecimentos, valem todas as apostas? Quais são os limites e 
os dilemas éticos em investigações científicas? E as polêmicas quanto 
aos estudos que envolvem seres humanos ou animais em pesquisas e 
experimentos científicos?
Com todas essas questões levantadas, é possível compreender que 
falar de ética parece ser algo óbvio. Todos concordam que precisamos de 
ética nas pesquisas e nas relações humanas. Ser ético é a premissa de “ser 
humano” – ou você tem ética ou não tem. Mas o que vem a ser a ética?
O filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella, em seu livro Qual é a sua 
obra? (2017), dedica um capítulo inteiro para tratar das questões éticas. 
Nele, Cortella (2017) busca nãRo só definir o que se entende por ética, 
mas colocar em reflexão o que se quer, o que se deve e o que se pode 
fazer em determinada situação, como parâmetros éticos essenciais 
para se cuidar da vida coletiva. Para o filósofo:
é impossível pensar em ética se a gente não pensar em convi-
vência. A ética é o que marca a fronteira da nossa convivência. 
[...] ética é aquela perspectiva para olharmos os nossos princí-
pios e os nossos valores para existirmos juntos. [...] Qual é o 
nome do conjunto de princípios e valores de conduta que uma 
pessoa ou um grupo de pessoas tem? A isso damos o nome de 
Ética. (CORTELLA, 2017, p. 104)
• Compreender o que 
é ética na pesquisa.
• Entender os princípios 
da ética na pesquisa.
Objetivos de aprendizagem
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Ética
Pesquisa científica
3434 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica
Fases e etapas da pesquisa 35
O autor explica que a palavra ética vem do grego ethos, que sig-
nifica morada do humano; logo, “se ethos é morada do humano, 
ethos é a fronteira entre o humano e a natureza” (CORTELLA, 2017, 
p. 104).Para o estudioso, a ética faz parte da nossa “morada”, da 
nossa casa cotidiana, sendo o que nos orienta nas ações concretas 
da vida e em nossas tomadas de decisões. Portanto, pela ética é 
que “nós temos autonomia, porém não temos soberania”, pois “a 
ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para res-
ponder as três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? 
Posso?” (CORTELLA, 2017, p. 104). Para o filósofo, nós vivemos mui-
tas vezes em dilemas éticos:
há coisas que eu quero, mas não devo. Há coisas que eu 
devo, mas não posso. Há coisas que posso, mas não quero. 
[...] Quando aquilo que você quer é o que você deve e o que 
você pode. Todas as vezes que aquilo que você quer não é 
aquilo que você deve; todas as vezes que aquilo que você 
deve não é o que você pode; todas as vezes que aquilo que 
você pode não é o que você quer, você vive um conflito e mui-
tas vezes um dilema ético. (CORTELLA, 2017, p. 105)
Poderíamos dizer que tão antigo quanto o debate filosófico é 
aquele em torno das questões éticas – do que é ou não é ético. 
Ética, no sentido defendido por Cortella (2017), é um ramo da filo-
sofia que se preocupa com o comportamento moral, ou seja, com 
as condutas humanas. O autor vai completar, ainda, que “quanto 
mais claros os princípios, mais fácil de se lidar com os dilemas éti-
cos” (CORTELLA, 2017, p. 111).
Pensando em termos de investigação científica, quais seriam 
os princípios éticos ou os principais dilemas enfrentados nessas 
questões? Como poderíamos traduzir essas questões entre o que 
se quer fazer, o que se deve fazer e o que se pode fazer em se tra-
tando de pesquisa?
Quanto à ética na pesquisa, é comum debatermos sobre cer-
tos pontos e elencarmos alguns dilemas relacionados ao fazer 
pesquisa, de modo que façamos uma reflexão sobre o papel do 
pesquisador frente às seguintes questões:
Para saber mais sobre a 
ética nas relações huma-
nas ou para conhecer a 
obra completa, sugerimos 
a leitura do livro de Mario 
Sergio Cortella, Qual é 
a sua obra? Inquietações 
propositivas sobre gestão, 
liderança e ética.
CORTELLA, M. S. 25. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2017.
Livro
36 Metodologia da pesquisa científica
Figura 4
Reflexões éticas sobre a pesquisa
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ck1. Quais são as implicações sociais tanto na condução quanto na 
implicação dos resultados da pesquisa, principalmente quando 
envolve seres humanos, mesmo que indiretamente? Quais serão 
as consequências desse estudo?
2. Quais são os limites impostos nas relações entre pesquisador 
e pesquisado, na coleta de dados em uma pesquisa? Pode-se 
oferecer recompensas? Pode-se utilizar de amizade ou de alguma 
influência para facilitar a coleta de dados?
3. No que tange ao consentimento dos pesquisados, será mesmo 
que sempre é livre e esclarecido ou acaba por ser sugerido e 
sugestionado?
4. Sobre a forma de coleta de dados, protege-se mesmo a identidade 
dos participantes ou eles podem ser identificados por meio dos 
dados? E, nesse caso, como fica a questão do anonimato?
5. Ao se produzir ou coletar os dados de pesquisa, até que ponto 
o pesquisador interfere nessa coleta, no ambiente ou no objeto 
investigado?
6. Sobre a divulgação dos resultados, cabe ao pesquisador decidir o 
que será divulgado e o que será omitido?
7. Na relação orientador-orientando, os trabalhos resultantes nem 
sempre são individuais; como fica a questão de autoria?
8. Ao usar as referências de outros estudos, mesmo que corretamente 
referenciados, como fica a questão de originalidade da pesquisa?
9. Em pesquisas em que há patrocínio ou financiamento, ou mesmo 
naquelas de cunho governamental, como ficam as relações com 
os dados de pesquisas, se esses se mostrarem divergentes ou 
contrários ao que é defendido por essas instituições?
10. Na análise e nas interpretações dos dados, só é válida a opinião 
do pesquisador?
Fonte: Elaborada pela autora.
Essas são apenas algumas das questões geralmente levantadas nos 
debates do fazer pesquisa. Poderíamos, ainda, discutir os processos de 
validação desses conhecimentos produzidos, bem como as validações 
das bancas, que geralmente são organizadas pelo orientador – em al-
Fases e etapas da pesquisa 37
guns casos, é somente o orientador que valida a pesquisa, a qual, por 
sinal, é ele mesmo quem auxilia a conduzir.
Ou, ainda, para publicação em periódicos de pesquisa – em que o 
estudo pode ser revisado por pares ou avaliado às cegas –, nos casos 
das publicações de resultados, quais outras implicações éticas pode-
riam decorrer desses processos avaliativos no fazer ciência?
Bogdan e Biklen (1994), no livro Investigação qualitativa em educa-
ção, chamam a nossa atenção para a dimensão ética em uma pesquisa, 
apontando que essa dimensão perpassa por todas as fases e etapas de 
uma pesquisa. Isso diz respeito não somente ao pesquisador, aos sujei-
tos pesquisados ou aos velhos dilemas sobre os limites e usos de seres 
humanos ou de animais como cobaias de laboratórios. Para os autores, 
a dimensão ética terá grande conotação com a questão da dignidade 
humana, que repercutirá não só na forma de se coletar e tratar dados 
de pesquisa, mas também no modo de se pensar a dimensão ética, ao 
se manipular dados, e as implicações sociais dos estudos científicos.
Sabemos que não há neutralidade na produção de conhecimento e 
que, além de produzir o conhecimento científico, é papel do pesquisa-
dor fazer a defesa e se posicionar frente às suas descobertas e, ainda, 
ser responsável por elas, antevendo as possíveis intercorrências sociais 
que decorrem delas.
Segundo os autores Fiorentini e Lorenzato (2009, p. 193), é “impera-
tivo que o pesquisador se interrogue permanentemente sobre porque 
investiga, para que investiga, como investiga e o que e como divulgar 
os resultados da pesquisa”.
Para ampliar seus conhecimentos, recomendamos a leitura do artigo Ques-
tões éticas subjacentes ao trabalho de investigação, dos autores Eduardo 
Duque e António Calheiros, publicado na revista EDaPECI em 2017.
Acesso em: 10 nov. 2021.
https://doi.org/10.29276/redapeci.2017.17.26780.103-118
Artigo
São muitas as questões que merecem atenção em relação à ética 
nas pesquisas e nos aspectos sociais que podem influenciar as pes-
quisas científicas. Desse modo, é imperativo estar consciente dessas 
dimensões.
O vídeo Diálogos, ética 
na pesquisa, do canal TV 
Unesp, aborda as regras 
para a realização de 
estudos de maneira ética 
e íntegra.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_
Otg. Acesso em: 10 nov. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_Otg
https://www.youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_Otg
https://www.youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_Otg
2.3 Legislação, direitos autorais e a 
questão do plágio em pesquisa Vídeo
Além dos princípios éticos, quais outros preceitos ou dimensões 
perpassam por esse fazer pesquisa? Existe alguma legislação ou regu-
lamentação para as atividades de pesquisa?
O debate sobre as regulamentações em pesquisa é ainda muito re-
cente no Brasil e não existe consenso nem em termos mundiais. No 
caso brasileiro, cada instituição é responsável por criar e gerir suas 
próprias regras, no que tange às avaliações, às formas e aos procedi-
mentos de realizações de pesquisas em termos acadêmicos.
O que temos bem delimitado, em linhas gerais, na organização dos 
trabalhos acadêmicos, são as normas técnicas, orientadas pela Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que não se pode con-
fundir com a legislação de pesquisa.
No caso brasileiro, ainda, o que temos é a centralização das ativida-
des de incentivo à pesquisa, que pode ser entendida como problemá-
tica, girando em torno de uma grande e única instituição que abarca 
quase que exclusivamente todas essas questões sobre pesquisas cien-
tíficas, estando ela ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
vações, e não ao Ministério da Educação, como se imagina, e sendo 
denominada de Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico (CNPq).Cabe ao CNPq o fomento e a gestão financeira de recursos públicos 
destinados às pesquisas científicas no Brasil. Apesar de ser uma insti-
tuição sólida e de grande representatividade, as críticas que se tecem 
a ela é quanto à falta de pluralidade, de investimentos em pesquisas e, 
até mesmo, de iniciativas privadas, como ocorrem em diversos países.
No que diz respeito às pesquisas acadêmicas, temos a Coordenação 
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que é vincu-
lada ao Ministério da Educação e responde por grande parte das pes-
quisas do âmbito acadêmico de nível superior e pós-graduação stricto 
sensu 1 , apoiando, inclusive, financeiramente, com bolsas de pesquisas 
diversas atividades.
Conhecer a legislação, as 
resoluções, a lei de direi-
tos autorais e as questões 
relativas ao plágio e à 
ética na pesquisa.
Objetivo de aprendizagem
Pós-graduação stricto 
sensu: programas de 
mestrado e doutorado.
Pós-graduação lato 
sensu: programas de 
especialização e cursos 
designados como MBA.
1
3838 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica
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Cabe à Capes, também, a regulamentação e fiscalização das pesqui-
sas e dos recursos, a organização e a avaliação dos periódicos de di-
vulgação científica, bem como a avaliação dos periódicos de pesquisa e 
dos programas de mestrado e doutorado, entre outras atividades fins 
desse âmbito.
No sentido regulatório de atividades de pesquisa, apenas recente-
mente a preocupação com a ética nas pesquisas tem sido discutida 
entre nós, explica José Marques Filho (2007), coordenador da Comissão 
de Ética e Defesa Profissional do Conselho Regional de Medicina do 
Estado de São Paulo (Cremesp). Segundo o autor:
as primeiras normas reguladoras de pesquisas com seres hu-
manos foram estabelecidas somente em 1947, após os abusos 
dentro e fora dos campos de concentração, durante a II Guerra 
Mundial. Essas normas foram estabelecidas pelo Código de 
Nuremberg, reconhecendo oficialmente a indisponibilidade do 
consentimento voluntário, a necessidade de estudos prévios em 
laboratório e em animais, a análise de riscos e benefícios da in-
vestigação proposta, a liberdade do sujeito da pesquisa de se 
retirar do estudo, a adequada qualificação do pesquisador, entre 
outros pontos. (MARQUES FILHO, 2007, p. 1)
No Brasil, a regulamentação de pesquisas tem iniciativa por parte 
do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e deriva principalmente da ne-
cessidade de regulamentar as atividades de pesquisas, envolvendo os 
pacientes ou seres humanos, diretamente à área de saúde. Porém, é 
apenas no ano de 1996, com a Resolução n. 196 (BRASIL, 1996), do CNS, 
que se estabeleceram algumas regulamentações, principalmente no 
que tange às definições de pesquisa; à questão da pesquisa abrangendo 
seres humanos; aos protocolos, riscos e danos; aos patrocínios; aos 
sujeitos de pesquisa, ao pesquisador e às instituições de pesquisa; às 
relações entre pesquisador responsável e instituição; e aos riscos en-
volvidos em uma pesquisa. Além disso, essa resolução trata do 
consentimento por parte dos participantes e da necessidade 
de implantação dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP).
Vale ressaltar que a Resolução n. 196 (BRASIL, 
1996) sistematiza as recomendações éticas em 
pesquisas, oferecendo diretrizes e normas 
regulamentadoras de pesquisas 
Fases e etapas da pesquisaFases e etapas da pesquisa 3939
40 Metodologia da pesquisa científica
envolvendo seres humanos, não mais somente em termos de saúde, 
mas de toda e qualquer pesquisa que envolva as pessoas, a qual deve-
rá ser consubstanciada por comitês de ética.
Sobre os aspectos éticos de uma pesquisa que envolve seres hu-
manos, a Resolução n. 196/1996 afirma, ainda, que se deve atender às 
exigências éticas e científicas fundamentais à eticidade em pesquisas, 
de modo a implicar:
a) consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a pro-
teção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes (auto-
nomia). Neste sentido, a pesquisa envolvendo seres humanos 
deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-los em sua 
autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade;
b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como poten-
ciais, individuais ou coletivos (beneficência), comprometendo-se 
com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos;
c) garantia de que danos previsíveis serão evitados (não 
maleficência);
d) relevância social da pesquisa com vantagens significativas para 
os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujei-
tos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos inte-
resses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação 
sócio-humanitária (justiça e equidade). (BRASIL, 1996)
Sobre o termo de consentimento livre e esclarecido, a Resolução 
traz:
[...]
II. 11 – Consentimento livre e esclarecido – anuência do sujeito da 
pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simula-
ção, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, 
após explicação completa e pormenorizada sobre a natureza 
da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, po-
tenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, formulada 
em um termo de consentimento, autorizando sua participação 
voluntária na pesquisa. [...] (BRASIL, 1996, grifo nosso)
Ainda, no Item IV, a resolução elucida: “o respeito devido à digni-
dade humana exige que toda pesquisa se processe após consenti-
mento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por 
si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à 
participação na pesquisa” (BRASIL, 1996).
Fases e etapas da pesquisa 41
Também com relação ao consentimento para participantes 
em pesquisas, a Resolução n. 196/1996 destaca que, indispensa-
velmente, todo termo se faça em linguagem acessível e que in-
clua necessariamente (BRASIL, 1996):
a) a justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão uti-
lizados na pesquisa;
b) os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados;
c) os métodos alternativos existentes;
d) a forma de acompanhamento e assistência, assim como seus 
responsáveis;
e) a garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso da 
pesquisa, sobre a metodologia, informando a possibilidade 
de inclusão em grupo controle ou placebo;
f) a liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar seu 
consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penaliza-
ção alguma e sem prejuízo ao seu cuidado;
g) a garantia do sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos 
quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa;
h) as formas de ressarcimento das despesas decorrentes da 
participação na pesquisa; e
i) as formas de indenização diante de eventuais danos de-
correntes da pesquisa.
Além disso, a Resolução n. 196/1996 orienta que o consentimento 
livre e esclarecido deve ser: 
 • elaborado pelo pesquisador responsável; 
 • aprovado pelo CEP, que referenda a investigação; 
 • assinado ou identificado por impressão dactiloscópica, por todos 
e cada um dos sujeitos da pesquisa ou por seus representantes 
legais; e
 • elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito da pes-
quisa ou por seu representante legal e a outra arquivada pelo 
pesquisador (BRASIL, 1996).
Quanto à criação dos CEP, a mesma resolução traz definido, em seu 
texto, que esses serão “colegiados interdisciplinares e independentes, 
com ‘munus público’, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, 
criados para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua 
integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da 
pesquisa dentro de padrões éticos” (BRASIL, 1996).
Você pode conhecer a 
Resolução n. 196, de 
10 de outubro de 1996, 
na íntegra, em todos 
seus capítulos e artigos, 
acessando o link a seguir. 
Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/
cns/1996/res0196_10_10_1996.
html. Acesso em: 10 nov. 2021.
Saiba mais
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996

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