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Prévia do material em texto

ALÉM	DO	APARENTE
Dados	Internacionais	de	Catalogação	na	Publicação	(CIP)
Elaborado	por	Sônia	Magalhães
Bibliotecária	CRB9/1191
Guedes,	Olinda
G924Além	do	aparente	:	um	livro	sobre	constelações	familiares	/	Olinda	Guedes.
² ¹⁵ –	1.	ed.	–	Curitiba,	2015.
²⁴ 	p.	;	²¹	cm
Inclui	bibliografias
ISBN	978-85-8192-650-6
1.	Psicologia.	2.	Relações	humanas.	I.	Título.
CDD	20.	ed.	–	150
Editora	e	Livraria	Appris	Ltda.	Rua	General	Aristides	Athayde	Jr.,	1027	–	Bigorrilho	Curitiba/PR	–	CEP:	80710-520	Tel:	(41)	3156-4731	-	(41)	3030-4570	http://www.editoraappris.com.br/
Printed	in	Brazil
Impresso	no	Brasil
Olinda	Guedes
ALÉM	DO	APARENTE
-	um	livro	sobre	Constelações	Familiares	-
Curitiba	-	PR
2015
Editora	Appris	Ltda.
1a	Edição	-	Copyright©	2015	dos	autores
Direitos	de	Edição	Reservados	à	Editora	Appris	Ltda.
Nenhuma	parte	desta	obra	poderá	ser	utilizada	indevidamente,	sem	estar	de
acordo	com	a	Lei	n°	9.610/98.
Se	incorreções	forem	encontradas,	serão	de	exclusiva	responsabilidade	de	seus
organizadores.
Foi	feito	o	Depósito	Legal	na	Fundação	Biblioteca	Nacional,	de	acordo	com	as
Leis	n°s	10.994,	de	14/12/2004	e	12.192,	de	14/01/2010.
FICHA	TÉCNICA
EDITORIAL Sara	C.	de	Andrade	Coelho	Augusto	V.	de	A.	Coelho
ASSESSORIA	EDITORIAL Camila	Dias	Manoel
COMITÊ	EDITORIAL Edmeire	C.	Pereira	-	Ad	hoc.	Iraneide	da	Silva	-	Ad	hoc.	Jacques	de	Lima	Ferreira	-	Ad	hoc.	Marli	Caetano	-	Análise	Editorial
DIREÇÃO	-	ARTE	E	PRODUÇÃOAdriana	Polyanna	V.	R.	da	Cruz
DIAGRAMAÇÃO Adriana	Polyanna	V.	R.	da	Cruz
WEBDESIGN Carlos	Eduardo	H.	Pereira
GERENTE	COMERCIAL Eliane	de	Andrade
LIVRARIAS	E	EVENTOS Dayane	Carneiro	|	Estevão	Misael
ADMINISTRATIVO Selma	Maria	Fernandes	do	Valle
Autora:	Olinda	Roseli	Pereira	Guedes
Fotografia:	Eduarda	Albuquerque	e	Olinda	Guedes
Caligrafia	capa	(modelo):	Noili	Grigoletti
Revisão,	organização	de	texto,	correção	ortográfica	e	palpites:	Susy	Guedes
Tradução:	Agnes	Vercauteren	Lorena	Kim	Richter	e	Renate	Christina	Becker
Studio:	Chácara	Colibri	–	Serra	da	Graciosa	-	Piraquara	-	PR
Retaguarda:	Cizinho	Pereira	Guedes
Capa:	Juliane	Turcovic	Guedes
Textos	dos	ditados	e	transcrições	de	áudios	e	vídeos:
Alaídes	Tortato	Zanoni
Jania	Salvadore
Juciene	de	Souza
Keila	Tavares	Okuda
Marinez	da	Silva	Amatti
Regina	Almeida
Sandra	de	Fátima	Brantes
Zulmira	Theis	Martins
Contribuições	(capítulos	adicionais):	Regis	Teixeira	Coelho	e	Ruud	Knaapen
Filmagens:	Elmo	Macedo	Brugnolo,	Jefferson	Luiz	Barbosa,	Marinez	da	Silva
Amatti,	Sandra	Regina	Zawadzki
Depoimentos:	alunos	do	curso	de	Formação	em	Constelações	Familiares
IMAGEM	DA	CAPA:
Tela:	“Primeiros	Passos”	-	1890
Vincent	Willem	van	Gogh
30	de	Março	de	1853	-	29	de	Julho	de	1890
Vincent	van	Gogh	fez	21	cópias	deste	desenho	originalmente	produzido	por
Jean-François	Millet	(1814	–	1875),	pintor	francês	da	escola	realista.
Encontrava-se	internado	voluntariamente	em	um	manicômio	e	resolveu
“treinar”	uma	interpretação,	ou	melhor,	“uma	improvisação”	da	obra	do	artista
que	tanto	admirava,	da	mesma	forma	-	dizia	numa	carta	a	seu	irmão	Theodore
van	Gogh	-	que	os	músicos	eruditos	desenvolviam	uma	execução	própria	de	uma
composição	clássica.¹
Porque	Van	Gogh	representa	o	amor	dos	sistemas.
O	quanto	as	crianças	amam	os	seus	pais,	seus	irmãos.
O	amor	dos	irmãos.	O	quanto	as	crianças	amam.
Vincent,	sua	vida	não	foi	em	vão;
o	amor	nunca	é	em	vão.
1	Fonte:	http://blog.humanarte.net/2014/10/arte-inconsciente-5-van-gogh.html.
Acesso:	10/03/2015.
O	TÍTULO
Inspirado	na	obra	de	Nilton	Bonder	–	“O	Segredo	Judaico
da	Resolução	de	Problemas”,	Imago,	1995.
Ao	longo	da	história,	o	povo	judeu	experimentou	inúmeras
situações	de	ameaça	à	sobrevivência,	tanto	do	ponto	de	vista
individual	como	coletivo.
A	soma	das	experiências	acumuladas	em	séculos	de
ensinamentos,	resultou	em	uma	visão	única	do	mundo,
batizada	de	Ídiche	Kop,	ou	“cabeça	de	judeu”.
De	acordo	com	essa	tradição,	em	que	a	pergunta	é	tão
importante	quanto	a	resposta,	pensar	é	preciso.	As
reviravoltas	da	realidade	dependem	do	raciocínio	e	da
percepção	acurada,	não	apenas	da	fé.
Por	meio	de	parábolas	e	pequenos	contos,	o	rabino	Nilton
Bonder	decodifica	a	perspicácia	do	povo	judeu	em	quatro
diferentes	dimensões:
“o	aparente	do	aparente”,
o	“oculto	do	aparente”,
“o	aparente	de	oculto”	e
“o	oculto	do	oculto”.
Estes	temas	se	cruzam	e	mantém
um	equilíbrio	controverso:
O	tolo	prevalece	sobre	o	sábio,
e	o	silêncio	sobre	a	resposta.
Marcada	pelo	otimismo,	a	obra	surpreende	pela	fluidez	com
que	maneja	temas	complexos,	tornando-os	acessíveis	ao
grande	público	sem,
no	entanto,	perder	em	profundidade.
Pode	parecer	indecifrável,	mas	são	apenas	os	diferentes	graus
de	apresentação	de	um	problema.
Assim	nasce:	“Além	do	Aparente”	–	um	livro	sobre
Constelações	Familiares
“Agora	que	vocês	sabem	estas	coisas,	felizes	serão	se	as	praticarem.”
João	13:17
Para	aqueles	que	oram.
Para	todos	aqueles	que	nos	abençoam	com	milagres
“A	alegria	é	um	pássaro	que	só	vem	quando	quer.	Ela	é	livre.	O	máximo	que
podemos	fazer	é	quebrar	todas	as	gaiolas	e	cantar	uma	canção	de	amor,	na
esperança	de	que	ela	nos	ouça.	Oração	é	o	nome	que	se	dá	a	esta	canção	para
invocar	a	alegria.”
Rubem	Alves
Die	Früchte	können	wir	nur	genießen	‚wenn	es	die	Bäume	gibt.
Bert	Hellinger,	wegen	Ihrer	Arbeit,	Ihrem	Mut,	Ihrer	Achtung	und	Präsenz,
wegen	Ihrem	Ja-sagen	‚wegen	all	dem	ist	dieses	Werk.
Sophie	Hellinger,	Ihre	Präzens	bereichert	uns.
In	Dankbarkeit!
Só	podemos	saborear	os	frutos	se	existirem	as	árvores.
Bert	Hellinger,	por	causa	de	seu	trabalho,	coragem,	atenção	e	presença,	por
dizer	sim,	por	tudo,	esta	obra	é.
Sophie	Hellinger,	por	mais.
Gratidão!
GRATITUDE
Ao	lidar	com	o	sofrimento	causado	por	um	elemento	estranho	dentro	da	sua
concha,	a	ostra	produz	uma	substância	que	envolve	esse	elemento	e	o	transforma
numa	pérola.	Bonita	metáfora	a	indicar	as	possíveis	escolhas	que	podemos	fazer
pela	vida	afora.
Este	livro	é	fruto	do	cultivo	dedicado	e	persistente,	das	horas	de	estudos,
observações	e	pesquisas	em	uma	jornada	de	três	décadas	de	leituras	e	escutas
atentas	das	histórias	de	vida	que	me	contam	–	conchas	que	se	abrem	para
mostrar	suas	pérolas.
DEDICO	esta	obra	aos	meus	queridos	alunos,	estudantes	e	apaixonados	pela
vida.	Já	sabem	que	o	conhecimento	liberta	e	que,	com	sabedoria,	é	possível	ser
mais	feliz	e	usufruir	da	liberdade	suficiente	que	o	destino	nos	reserva.
Com	vocês	construímos	outro	recorde,	um	milagre:	antes	mesmo	de	este	livro
existir,	vocês	já	haviam	adquirido	mil	exemplares.	Ah!	Orgulho	do	meu	coração.
As	turmas	cheias,	vocês	chegando,	todas	as	almofadas	ocupadas,	é	o	presente
que	sempre	pedi	a	Deus:	que	eu	pudesse	sempre	honrar	o	talento	que	d’Ele
recebi,	colocando-o	a	serviço	da	humanidade,	a	serviço	da	vida.	Para	Ele,	meu
coração	inteiramente	grato!
De	vocês	recebo	tantos	presentes.	Este	livro	também	é	um	presente.
De	você,	Keila	Okuda	Tavares,	recebi	um	e-mail	no	mês	de	julho	de	2013,	onde
estavam	todos	os	“ditados”	da	exposição	oral	dialogada,	reflexões	feitas	durante
a	Formação	em	Constelações	Familiares	que	realizou.	Por	isto	sou	tão	orgulhosa
de	vocês,	estudantes	amados.	Sempre	sou	surpreendida	com	tantos	presentes.
Por	sua	causa,	Keila,	esta	obra	veio	mais	rápido.	Gratidão!
A	você,	Noili	Grigoletti,	porque	disse	sim,	sua	bela	arte	em	caligrafia	deixou	a
capa	deste	livro	muito	mais	bonita.	Gratidão!
A	você,	minha	especial	Lorena	-	Juliane	Turcovic	Guedes,	seu	sim,	seu	talento	e
serenidade	sempre	me	encantam.	A	capa	deste	livro	é	fruto	de	sua	habilidade
maravilhosa	em	criar,	em	tornar	realidade	o	que	está	no	campo	dos	pensamentos.
Quando	vejo,	eu	sinto	um	tantinho	do	que	os	pais	sentem:	orgulho	de	ver	que
aqueles	a	quem	entregamos	a	vida,	são	nós	melhores.	Como	um	artista,	a	cada
pincelada	sua	obra	fica	mais	extraordinária.	Assim	Ele	nos	faz.	Gratidão	aos	seus
pais,	João	e	Sueli,	por	terem	dito	sim	e	tê-las	trazido	para	nós:	a	você	e	a	Kuka,
nossa	primogênita	amada,	que	nos	fez	tios,	avós,	bisavós,	pais!
Para	vocês,	pelas	preciosasatitudes,	agradeço	também.	Este	livro	é	mais,	por
causa	de	cada	um,	e	vocês	sabem	bem	o	porquê:
Alice	Mesquita,	André	Ribeiro,	Antonio	Manuel	Vicente	Inácio	Duarte,	Antonio
Onofre	Neves,	Bernhard	Joseph	Lenz,	Diego	Baliero,	Eugenia	Tuczek	Romaiv,
Jair	Santos,	João	Alberto	Costenaro	Juarez	Mocelin,	Larry	Carlos	Marchioro,
Leliane	Tobar	Galan,	Lorena	Kim	Richter,	Luis	Henrique	de	Oliveira,	Marinez
Amatti,	Marisa	de	Souza,	Marli	Caetano,	Renate	Christina	Becker,	Rose	Mari
Silva,	Sizumi	Claudia	Sato	Suzuki,	Vera	Lucia	Mendes	de	Oliveira
Gratidão	a	todos	que	contribuíram!
AGRADEÇO	À	MINHA	FAMÍLIA	por	todo	apoio,	gentileza,	carinho	e	cuidado
para	comigo.	Fazer	nascer	uma	obra	não	é	um	passe	de	mágica.	Exige	dedicação,
trabalho	árduo	e	paciência.	Tantas	vezes	nos	retiramos	para	poder	criar	e	compor
cada	parágrafo.
Especialmente	à	minha	mana	Susy,	apoio,	mais	que	intelectual,	fraterno	e
espiritual.	Meu	porto	seguro	nesta	terra!	Cuida	e	zela	por	mim,	mesmo	quando
eu	só	estou	um	pouco	cansada.
Ao	meu	pai,	Cizinho	Pereira	Guedes,	pelas	flores,	frutos	e	até	borboleta.	Como
haveria	de	não	gostar	de	escrever	em	seu	lar?	Com	suas	bênçãos	a	vida	flui	com
tanto	sabor.
A	minha	mãe,	Carmelita	Neves	Guedes	que,	lá	no	céu,	sorri	para	tudo	isto	e	se
alegra	com	minhas	tranças	e	andanças.
Para	Emma	Pereira	Guedes,	minha	5.a	sobrinha,	que	nasceu	no	lar	de	sua	família
enquanto	estas	páginas	também	tomavam	forma,	meu	amor	especial.	Em	vocês,
Josiane	(Kuka),	Juliane	(Lorena),	Elliot,	Elli	e	Emma,	vemos	alegremente	a	vida
seguir	adiante.
O	amor	desta	família	nos	aquece	o	coração:	Alonso,	o	bebê	amado	que	eu
desejei	para	nossa	casa,	hoje	com	sua	esposa	Kim	e	seus	lindos	filhos,	tem	sido
inspiração	e	alegria	para	todos	nós,	sobre	a	gostosura	de	ser	o	lar	que	desejamos
ter.
Por	fim,	agradeço	a	Antonio	Renato	Margaridi	Júnior.	Juntos	temos	construído
nossa	canção.	Com	você	experimento	novamente	a	oportunidade	de	conviver
com	a	grandeza	da	vida	que	se	mostra	por	meio	do	amor	conjugal,	da	infância	e
da	pureza	do	coração	das	crianças.	Constato	mais	uma	vez	o	quanto	os	filhos
amam	seus	pais.	Grata	por	me	permitir	fazer	parte,	gratidão	por	tudo!
Em	memórias	póstumas,	para:
Francisca	Barth	-	seu	cobertor	continua	conosco,	seu	sorriso	e	vontade	de
partilhar	sempre.	Agora	você	está	no	céu,	certamente	cultivando	e	saboreando
morangos.
Denise-Marie	Villiger	–	lembro-me	que,	algumas	vezes,	você	disse:	“As
misericórdias	se	renovam	a	cada	manhã.”	Sua	alegria	e	ternura	continuam
conosco.	A	doçura	do	seu	coração	ilumina	nossa	memória.
Lenir	Luft	Scheerem	–	com	sua	alegria,	sua	capacidade	de	amar	e	de	compor
novas	equações,	você	se	despede	enquanto	este	livro	é	editado.	Para	você,	para
seus	olhos	tão	felizes,	nosso	amor	e	gratidão	por	tantos	momentos
compartilhados.	Também	sabemos	que	nossos	corações	continuam	unidos	e	sua
luz,	agora,	é	nossa	luz.
Porque	sabemos	que	somos	eternos	e	acomodamos	em	saudades	a	vontade	de
nos	abraçarmos.	Até	hora	destas!
Agora	é	nossa	alegria	celebrando.	Vocês	aí	e	nós	aqui,	no	paraíso	do	céu	e	do
céu	na	terra.
Se	não	falas,	vou	encher	o	meu	coração
com	o	teu	silêncio,	e	aguentá-lo.
Ficarei	quieto,	esperando,	como	a	noite	em	sua	vigília
estrelada,	com	a	cabeça	pacientemente	inclinada.
A	manhã	certamente	virá,	a	escuridão	se	dissipará,	e	a	tua	voz	se	derramará	em
torrentes	douradas	por	todo	o	céu.
Então	as	tuas	palavras	voarão	em	canções	de	cada	ninho	dos	meus	pássaros,	e
as	tuas	melodias	brotarão	em	flores	por	todos	os	recantos	da	minha	floresta.
Rabindranath	Tagore
Alguém	perguntou	a	um	velho	mestre:
-	Como	você	consegue	ajudar	outras	pessoas?	Elas	frequentemente	o	procuram	e
lhe	pedem	conselho	em	assuntos	que	você	mal	conhece.	Apesar	disso,	sentem-se
melhor	depois.
O	mestre	lhe	respondeu:
-	Quando	alguém	para	no	caminho	e	não	quer	prosseguir,	isso	não	depende	do
saber.	Ele	busca	segurança	onde	é	preciso	coragem,	e	quer	liberdade	onde	o
certo	não	lhe	deixa	escolha.	E	com	isso	fica	dando	voltas.	O	mestre,	porém,	não
cede	ao	pretexto	e	à	aparência.	Busca	o	centro	e,	recolhido	nele,	aguarda	que
uma	palavra	eficaz	o	alcance,	como	o	navegador	que	abre	suas	velas	ao	vento.
Quando	alguém	o	procura,	encontra-o	no	mesmo	lugar	aonde	ele	próprio	precisa
chegar,	e	a	resposta	vale	para	os	dois.	Pois	ambos	são	ouvintes.
E	o	mestre	acrescentou:	“No	centro	sentimos	leveza.”
(HELLINGER,	1996,	p.	15.)
APRESENTAÇÃO
Além	do	Aparente	–	um	livro	sobre	Constelações	Familiares
Susy	Guedes
Bert	Hellinger,	ao	desenvolver	o	método	das	Constelações	Familiares,	despertou
para	uma	visão	inédita	da	realidade	humana,	enquanto	indivíduo	e	enquanto
coletividade.	Ao	mesmo	tempo,	esta	metodologia	impressiona	e	surpreende
pelas	soluções	alcançadas:	a	depressão	que	cede	lugar	à	alegria,	a	confiança	no
lugar	da	hiperatividade	(TDHA	–	Transtorno	de	Déficit	de	Atenção	e
Hiperatividade),	a	remissão	espontânea	das	doenças,	a	prosperidade	finalmente
possível	e	simples,	a	justiça,	o	amor	fluindo	entre	casais,	entre	a	criança	e	seus
pais.
Ao	escrever	este	livro,	Olinda	Guedes	nos	presenteia	com	reflexões	profundas	e
esclarecedoras	sobre	os	princípios	sistêmicos	–	pertencimento,	compensação	e
ordem,	e	sobre	como	a	vida	retribui	com	soluções	quando	se	faz	o	que	é
necessário.
Resultado	de	anos	de	estudo	sobre	Constelações	Familiares,	as	reflexões	aqui
apresentadas	são	consequências	da	interação	entre	a	autora	e	seus	alunos	para
compreensão	e	aprendizagem	desta	metodologia	e	do	pensamento	sistêmico	para
lidar	com	os	principais	sofrimentos	da	humanidade:	pobreza,	infelicidade	e
doença.
Além	do	Aparente	é	um	livro	intrigante	e	esclarecedor,	pode-se	lê-lo	como	uma
prosa,	como	um	poema	ou	simplesmente	percebê-lo	como	uma	melodia	que
desperta	o	coração	para	as	dinâmicas	simples	e	reais	que	trazem	o	amor	de	volta.
Porque	a	felicidade	pode	ser	aprendida	e,	segundo	Hellinger,	ela	se	aprende	por
meio	do	amor.
PREFÁCIO	OU	ALGO	SOBRE	OS	DITADOS
A	vista	do	meu	ponto:
Por	favor,	leia	esta	obra	somente	se	tiver	a	intenção	de	ampliar	sua	consciência	e
percepção	da	realidade.	O	tempo	é	precioso	demais	para	defender	premissas.
Este	livro	é	resultado	de	tantos	encontros,	módulos	da	Formação	em
Constelações	Familiares,	dos	“ditados”	–	momentos	em	que	os	estudantes,	com
dedicação	e	atenção,	ouvem	a	professora,	com	seus	lápis	e	cadernos	anotam
linha	por	linha,	palavra	por	palavra.
Às	vezes,	dizem:	“me	perdi;	o	que	foi	dito	mesmo?”
E	com	atenção	renovada,	continuam.
Ao	final	de	cada	trecho,	de	cada	texto,	de	tantos	ditados,	brincamos:	quantas
linhas	foram?	Caíram	fichas?	E	assim,	vêm	os	insights.
Insights	são	cliques	que	nos	levam	para	diante,	como	bem	disse	um	dos	alunos.
Somos	todos	alunos,	na	vida,	encontrando	mais	e	mais	a	luz	do	conhecimento.
A	intenção	é	que	possa	servir	como	inspiração	para	a	jornada	de	muitos,	como
fonte	de	entendimento	para	as	diversas	situações	da	vida,	como	oportunidade	de
elevar	a	percepção	uma	oitava	acima,	onde	possamos	assumir	a	nossa	vida	como
protagonistas,	compreendendo	e	integrando	o	“perpetrador	e	a	vítima”	que	mora
em	todos	nós.
A	felicidade	tem	um	custo.	Os	infelizes	não	precisam	fazer	nada.
Talvez	você	possa,	ao	ler	este	livro,	imaginar-se	sentado	sobre	confortáveis
almofadas,	ao	lado	de	colegas,	com	seu	caderno	e	lápis,	anotando	tudo	sobre
felicidade	e	compreendendo	as	bênçãos	e	a	perfeição	da	Existência.
Gostaria	também	que	lesse	este	livro	do	jeito	que	quiser	e	apreciar.	Leia
capítulos,	partes,	frase,	palavras.	Saboreie.	Nem	pense	que	tem	a	obrigação	de
começar	e	concluir.	Porque,	afinal,	a	vida	é	uma	deliciosa	aventura	e	cada	um
está	autorizado	a	criar	a	sua	canção.
Sugiro	que	este	livro	seja	saboreado,	porque	um	livro	é	como	um	alimento.	Se
não	for	saboreado,	não	cumpre	integralmente	o	seu	propósito.
Saciar	fomes!	Sim.	O	conhecimento	sacia	a	fome	da	alma.	Porque	a	alma	sabe
que:	sem	conhecimento,	sem	liberdade.
Apreciarei	receber	sua	cartinha	contando	suas	percepções	e	entendimentos.	Será
que	poderá	fazer	isto?	As	trocas	tanto	nos	enriquecem.
Até	a	próxima	edição,até	breve!
Abraços	felizes,
Olinda	Roseli	Soares	Camargo	de	Godoy	de	Campos	Penteado	Dourado	de
Santana	Francisco	Neves	e	Pereira	da	Silva	e	Pereira	Guedes
autora@anaueteino.com.br
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SUMÁRIO
As	leis	do	amor	e	os	movimentos	que	curam
Lealdades	ou	o	amor	que	nunca	se	cansa
Quem	pertence?
Movimentos	que	curam:	benevolência	retidão	compaixão
Relações	conjugais	relacionamentos	entre	pais	e	filhos
O	que	é	necessário	para	que	o	relacionamento	conjugal	exista	e	tenha	futuro
Com	quem	a	criança	deve	ficar	ou	algo	sobre	alienação	parental
O	relacionamento	conjugal	influenciando	o	relacionamento	com	os	filhos
Sintomas	e	doenças	–	o	que	cura	e	o	que	faz	adoecer
O	que	você	precisa?
As	dinâmicas	que	fazem	adoecer
Constelações	organizacionais
O	êxito	essencial
Os	dois	sucessos
O	que	está	a	serviço	da	vida
Tem	uma	escola	no	meio	do	caminho	(para	o	sucesso)
O	êxito	na	rotina
Por	que	isso	acontece	comigo?	-	temas	existenciais
Bênçãos	inesperadas
Noites	escuras	da	alma
Ordens	da	ajuda
As	ordens	da	ajuda
As	diversas	dinâmicas	que	atuam	na	alma
REFERÊNCIAS
CONTRIBUIÇÕES
COMPARTILHANDO…
INDICADOR	PROFISSIONAL
CAPÍTULO	I
AS	LEIS	DO	AMOR	E
OS	MOVIMENTOS	QUE	CURAM
PERTENCIMENTO
COMPENSAÇÃO
ORDEM
CONCORDAR
AGRADECER
PEDIR
REPARAR	DANOS	CAUSADOS
Fazemos	tudo	para	pertencer,
inclusive	permanecemos	infelizes,	pobres	ou	doentes.
Bert	Hellinger²	organizou,	de	maneira	ímpar,	todo	o	conhecimento	sistêmico	e	o
tornou	disponível	para	o	caminho	da	cura,	do	bem	estar	e	do	desenvolvimento
humano.	A	técnica	das	Constelações	pode	ser	compreendida	por	meio	dos
conhecimentos	da	Biologia,	pesquisados	por	Maturana³,	Varela⁴	e	Rupert
Sheldrake⁵,	notáveis	cientistas	contemporâneos.	É	deste	último	o	conceito	do
“campo	ciente”,	ou	seja,	eu	posso	não	saber,	você	pode	não	saber,	mas	nós
sabemos.	O	“nós”	é	o	campo,	um	campo	invisível.	Sheldrake	diz	que	a
informação	se	encontra	presente	sempre	no	agora,	não	tem	passado,	os
indivíduos	acessam	essas	informações	com	um	único	propósito,	o	da
sobrevivência,	para	assegurar	a	permanência	da	vida.
Hellinger	percebeu	que	cada	pessoa	está	comprometida	com	o	destino	do	grupo;
todo	indivíduo	está,	acima	de	tudo,	muito	mais	a	serviço	do	seu	sistema,	do	que
a	serviço	do	seu	próprio	querer.	Ele	constata	que	nós	temos	uma	pequena
liberdade	diante	do	destino,	pequeníssima	liberdade,	que	consiste	apenas	em
concordar	ou	discordar.	É	importante	compreender	aqui	o	significado	de
concordar:	aceitar	o	dado	como	verdadeiro,	real,	existente.	Não	significa	atribuir
ao	mesmo	um	juízo	de	valor,	de	certo	ou	errado.	A	negação	do	destino	nos
coloca	em	conflito	(falta	de	sintonia)	com	ele,	o	que	inviabiliza	o	caminho	da
cura,	da	reconciliação	e	da	felicidade.	Só	quem	concorda	com	o	seu	destino	pode
se	reconciliar;	por	meio	desse	movimento	é	possível	tomar	do	destino	apenas
aquilo	que	fortalece	e,	assim,	curar,	transformar	o	que	enfraquece.	Quem
discorda	permanece	pequeno	e	infeliz.
Hellinger	também	percebeu:	quando	atuamos	em	sintonia	com	o	sistema	ao	qual
pertencemos,	nossa	consciência	fica	tranquila.	Por	isso,	muitas	vezes	fazemos
algo	que	perante	os	outros	parece	totalmente	mau,	totalmente	errado.	Entretanto,
isso	foi	feito	de	“consciência	tranquila”,	porque	quando	agimos	“igual”,	tendo	as
mesmas	atitudes,	vivenciando	os	mesmos	valores,	nos	sentimos	pertencentes	e
seguros.
Deste	modo,	Pertencimento	é	o	primeiro	princípio	sistêmico	observado,	dentro
de	um	conjunto	que	Hellinger	nominou	de	Leis	do	Amor.	Outros	chamam	de
Leis	da	Vida	ou	Princípios	da	Vida,	Princípios	Sistêmicos	ou,	simplesmente,
Princípios.
Fazemos	tudo	para	pertencer,	inclusive	permanecemos	infelizes,	pobres	ou
doentes.	Não	nos	curamos,	não	prosperamos	e	não	nos	tornamos	felizes	para
dizer	aos	nossos	antepassados,	à	nossa	família	de	origem	e	família	atual:	“eu	sou
um	de	vocês,	eu	sou	leal”.
Compõem	nossa	família	de	origem	todos	os	que	vieram	antes	de	nós.	Todos	que
conduziram	a	vida,	geração	após	geração	até	chegar	ao	agora.
Por	família	atual	compreendemos	o	cônjuge,	os	filhos,	netos,	bisnetos.	Os	pais	e
seus	descendentes.
Observamos	o	quanto	essa	fome	de	pertencimento	é	real,	por	exemplo,	quando
uma	pessoa	diz	“eu	já	fiz	de	tudo,	mas	não	consigo	me	livrar	desta	enxaqueca,
ou:	desta	falta	de	dinheiro,	ou:	desta	falta	de	amor…”.	No	nível	aparente	do
aparente	o	indivíduo	quer	ser	mesmo	feliz,	próspero	e	saudável.	Contudo,	além
do	aparente,	não	podemos	tomar	nada	que	nos	faça	sentirmos	melhores	do	que
os	outros,	porque	sentir-se	melhor	é	o	mesmo	que	ser	diferente.	O	que	é
diferente	não	pertence;	a	alma	faz	de	tudo	para	pertencer,	a	qualquer	preço,
porque	somente	pertencendo	é	que	se	experimenta	segurança,	e,	assim,	tem-se	a
percepção	de	que	poderá	manter-se	vivo.	Mesmo	se	destruindo,	mesmo
sofrendo.	O	preço	pode	ser	uma	depressão	profunda,	ou	uma	doença	gravíssima,
ou	uma	falta	de	dinheiro	inexplicável.
Atua	sobre	nós,	também,	o	Princípio	da	Compensação	ou	Princípio	do
Equilíbrio,	que	é	a	segunda	Lei	do	Amor.	Sempre	a	alma	deseja	retribuir	o	que
recebeu.	O	desejo	de	retribuir	o	que	recebeu	é	uma	constante	em	nossa	alma.
Portanto,	sentir-se	endividado	ou	sentir-se	credor	são	movimentos	naturais	da
nossa	alma;	é	o	que	nos	mantém	vinculados	ao	sistema.	É	o	que	faz	com	que	a
vida	seja	passada	adiante.	Os	pais	são	credores	e	os	filhos,	devedores;	os	filhos
reparam	suas	dívidas	para	com	os	pais	passando	a	vida	adiante.
Os	filhos	só	conseguem	agradecer	aos	pais	quando	fazem	algo	extraordinário
com	suas	vidas,	sem	desejar	nenhuma	recompensa;	a	maneira	mais	grandiosa
para	fazer	isso	é	passar	a	vida	adiante.	Quem	tem	filhos	honra	seus	pais	e	pode
finalmente	tomar	a	vida	em	toda	a	sua	plenitude.	Quando	essa	oportunidade	não
é	concedida,	eles	também	podem	ser	honrados	quando	os	filhos	escolhem	fazer
algo	extraordinário	para	o	mundo,	sem	esperar	recompensa.	Algo	que	se
aproxime	do	amor	gratuito	dos	pais,	dessa	condição	infinita,	imensurável	de
passar	a	vida	adiante,	é	a	prática	do	amor	incondicional.
Mas	quem	diz	“eu	não	quero	ter	filhos”	só	pode	tomar	da	vida	um	pouco	menos,
esse	é	o	preço.	Ao	decidir	por	isso,	uma	pessoa	deixa	de	ter	créditos	perante	a
vida,	pois	quem	não	toma	integralmente	o	amor	dos	pais,	não	pode	tomar
integralmente	as	outras	bênçãos	da	vida.
Se	um	dia,	os	pais	tivessem	tido	essa	mesma	atitude,	a	vida	não	chegaria	até	este
filho.	Eles	se	submeteram	a	tudo,	colocaram	em	risco	suas	vidas,	sua	segurança,
suas	carreiras	profissionais	para	nos	entregar	a	vida.	Enfrentaram	o	mistério,	o
desconhecido,	lidaram	com	seus	medos	e	apreensões,	suportaram	a	culpa	de
oferecer	um	mundo	ainda	com	tanto	a	ser	feito,	suportaram	a	culpa	de	ver	os
filhos	lidarem	com	a	vida	exatamente	como	ela	é.	Como	agradecer	a	tudo	isso?
Somente	dizendo:	“Sim,	eu	também!	Sim,	eu	também	concordo	e	passo	a	vida
adiante.”	O	amor	dos	pais	é	de	graça.
Quando	recebemos	algo	bom,	retribuímos	com	um	pouco	mais	e	quando
causamos	um	dano	devemos	proceder	à	reparação,	a	fim	de	que	o	equilíbrio	se
restabeleça.
Para	permanecer	vivo,	o	sistema	precisa	estar	organizado.	Organização	tem	a	ver
com	ordem,	com	hierarquia,	ou	seja,	cada	um	deve	ocupar	o	seu	lugar.	Ordem:
esta	é	a	terceira	Lei	do	Amor.	Quando	alguém,	por	algum	motivo,	não	puder
ocupar	o	seu	lugar,	outro	alguém	fará	isso.
PARA	ENTENDER
Uma	mulher	morre	jovem,	deixando	órfã	uma	pequena	criança.	Posteriormente,
uma	bisneta	dessa	mulher	que	morrera	jovem,	poderá,	desde	muito	pequena,
muito	cedo,	querer	cuidar	e	zelar	de	sua	mãe	que,	pessoalmente,	não	passou	pela
orfandade.	Pois	bem,	essa	bisneta,	hoje,	assume	o	lugar	de	sua	bisavó,	que	não
pôde	experimentar	a	maternidade,	e	projeta	em	sua	mãe	a	imagem	da	avó,	que
vivenciou	a	experiência	da	criança	que	não	pôde	usufruir	os	cuidados	maternos.
No	aparente,	essa	história	nem	é	comentada,	tãodistante,	está	esquecida…	e	essa
bisneta,	hoje	adolescente/jovem/adulta	(não	importa),	experimenta	uma	sensação
inexplicável	de	medo	de	separação,	sendo	vista	pelas	pessoas	como	alguém
carente,	dependente,	apegada.	E,	pelo	que	ela	aparenta,	lhe	é	aplicado	um
“rótulo”.
“Rótulos”,	geralmente,	revelam	o	quanto	tantas	pessoas	estão	solitárias	e
incompreendidas	perante	aqueles	que	serão	beneficiados	diretamente	porque
alguém	está	fazendo	as	“tarefas”	mais	difíceis.
Chamamos	de	“tarefas”	tudo	aquilo	que	deveria	ser	vivenciado	para	que	o
pertencimento,	a	compensação	e	a	ordem	não	fossem	princípios	violados;
entretanto,	devido	a	fatos,	acontecimentos,	essas	“tarefas”	não	puderam	ser
completas.	Por	exemplo:	o	amor	e	o	cuidado	entre	pais	e	filhos,	o	respeito	e	a
ética	entre	os	sócios	de	uma	empresa,	a	solidariedade	entre	irmãos,	a	compaixão
para	com	aqueles	que	sofrem,	a	gratidão	para	com	aqueles	que	muito	fizeram,
etc.
No	aparente,	a	violência	dos	pais	para	com	um	filho	fica	no	passado,	mas	no
além	do	aparente,	este	desamor	permanece	e	pode	se	mostrar,	no	agora,	por	meio
de	uma	ansiedade	profunda	em	um	dos	integrantes	desses	sistemas.
Sabemos	que	uma	das	“dinâmicas”	que	sustenta	a	ansiedade	é	“…	papai,	sem
você…	eu	tenho	que	ir	rápido	demais	para	o	futuro.	Sozinho	eu	tenho	medo	do
amanhã!”
Tarefas	desafiantes	são	cumpridas,	independente	da	vontade	do	indivíduo,	para	a
finalidade	de	tornar	algo	completo	dentro	do	destino,	assegurando	assim,	a
perpetuação	da	vida.
Portanto,	para	que	possamos	assumir	o	nosso	lugar	no	sistema	ao	qual
pertencemos,	todos	aqueles	que	vieram	antes	de	nós	precisam	ter	o	seu	bom
lugar.	Todos,	todos!
Faz	parte	também	da	ordem,	o	sistema	maior	ao	qual	pertencemos.	A	sociedade
humana	é	formada	pela	união	homem	e	mulher,	os	quais	somente	estão	em
harmonia	e	reconciliados	quando	reconhecem	mutuamente	o	lugar	de	cada	um	e
assumem,	respectivamente,	suas	funções.
SOBRE	SERVIR	E	SER	SERVIDO
NA	TRADIÇÃO	JUDAICO-CRISTÃ,	o	maior	serve	o	menor	–	e	aqui	o	sentido
de	servir	é	exatamente	o	que	Jesus	Cristo	fez	na	última	ceia,	conforme	o	relato
em	João	13:4-14.	Assim,	o	homem	serve	e	a	mulher	é	servida.	O	homem	vem
em	primeiro	lugar,	depois	a	mulher	e	depois	os	filhos.	Portanto,	quando	a	mãe
está	amparada	pelo	seu	marido,	pelo	pai,	então	ela	pode	amparar	e	cuidar	dos
filhos.	Porém,	um	homem	só	pode	assumir	o	seu	lugar,	andar,	zelar	e	prover	se
ele	estiver	reconciliado	com	a	sua	mãe.	E	uma	mulher	só	poderá	aceitar	ser
cuidada,	protegida	e	amada	se	ela	estiver	reconciliada	com	o	seu	pai;	isso	é	a
ordem.
Faz	parte	também	da	ordem,	que	os	pais	não	sejam	“amigos”	dos	filhos,	ou	seja,
que	preservem	sua	intimidade,	medos,	preocupações	e	segredos.	Quando	os
filhos	se	tornam	confidentes	dos	pais,	estes	se	enfraquecem.	E,	quando	os	filhos
querem	consertar	os	pais,	aqueles	também	se	enfraquecem.	A	hierarquia	mostra
que	os	pais	são	os	grandes	e	os	filhos,	os	pequenos.	Pais	são	pais,	filhos	são
filhos.	Só	assim	o	sistema	se	fortalece	e	entra	em	equilíbrio.
²	Bert	Hellinger,	terapeuta	alemão	idealizador/criador	da	terapia	sistêmica
denominada	Constelação	Sistêmica	Familiar.
³	Humberto	Maturana,	biólogo	chileno,	crítico	do	Realismo	Matemático	e
criador	da	teoria	da	Autopoiese	e	da	Biologia	do	Conhecer,	junto	com	Francisco
Varela.	Um	dos	propositores	do	pensamento	sistêmico	e	do	construtivismo
radical.
⁴	Francisco	Varela,	biólogo	chileno,	escreveu	sobre	sistemas	vivos	e	cognição,
autonomia	e	modelos	lógicos.	Escreveu	“Princípios	de	Autonomia	Biológica”,
um	dos	textos	básicos	da	Autopoiese,	teoria	que	desenvolveu	com	Humberto
Maturana.
⁵	Rupert	Sheldrake,	biólogo	inglês.	Pesquisador	do	conhecimento	que	está	além
da	mente	racional,	do	conhecimento	disponível	em	todos	os	sistemas,	que
chamou	de	“campo	ciente”	ou	campos	morfogenéticos.
CAPÍTULO	II
LEALDADES
OU
O	AMOR	QUE	NUNCA	SE	CANSA
Hellinger	trouxe	à	luz	uma	percepção	fundamental	para	a	cura:	ele	observou	que
quando	existe	um	sofrimento,	quando	existe	um	desequilíbrio,	é	apenas	a	voz	do
sistema	pedindo	inclusão,	compensação	ou	ordem.
Todos	os	desequilíbrios,	todos	os	sintomas,	todas	as	dores	que	são	inexplicáveis,
persistentes	e	repetitivas	têm	a	função	de	manter	o	pertencimento,	“olham	para
uma	vinculação	com	o	sistema”.	Não	sou	“eu”	e	não	é	“você”,	é	o	“nós”,	o
grande	“nós”	fluindo	por	meio	do	indivíduo.	Normalmente	pensamos	como	“eu”
e	desejamos,	a	partir	do	ego,	do	intelecto	e	da	razão,	combater	aquele	sintoma,
resolver	a	situação	ou	buscar	o	equilíbrio.	O	intelecto,	a	mente,	a	razão	servem
apenas	para	resolver	situações	corriqueiras,	tarefas	cotidianas.
O	que	é	do	sistema	permanece	e	a	pessoa	chega	à	conclusão	“sou	assim	mesmo”,
“para	mim	não	adianta,	as	coisas	não	dão	certo”.	E,	novamente,	a	partir	do	ego,
ela	diz	“mas	eu	vou	tentar	de	novo,	quero	ver,	eu	não	desisto”,	e	assim	segue	e
os	emaranhamentos	permanecem.	Pode	até	ganhar	dinheiro,	porém,	não	se	sentir
próspera,	pode	até	não	ter	doença,	mas	mesmo	assim	não	se	sentir	saudável.
Pode	não	ter	depressão,	mas	não	sente	a	bênção	da	vida.	Durante	todo	o	tempo
permanecemos	vinculados	ao	sistema;	ou	nos	vinculamos	pela	felicidade	ou	pela
dor,	que	também	é	amor.
Para	um	sistema	só	existe	um	tempo:	o	agora.	Nem	passado,	nem	futuro.	Somos
nossos	pais,	avós,	bisavós,	trisavós	e	todas	as	gerações	antes.	Todos	eles	estão
em	mim	e	eu	estarei	em	todos	os	meus	descendentes.	A	dor	de	um	indivíduo
reflete	a	dor	de	todos,	e	a	cura	de	um	indivíduo	contribuirá	para	a	cura	de	todos.
Muitas	vezes	experimentamos	sensações	inexplicáveis	de	angústia,	ou	de	temor,
ou	de	irritação,	sensações	que	não	correspondem	à	nossa	vida	atual,	porém	ela
está	ali,	sendo	quase	possível	segurar,	fotografar,	medir,	pesar,	tão	real	se
apresenta.	E	quando	perguntamos	“a	quem	isso	pertence?”,	talvez
imediatamente,	surja	a	imagem	de	um	homem	ou	de	uma	mulher	dentro	de	nós,
ou	até	mesmo	de	um	povo.
Às	vezes	a	angústia	é	o	choro	da	mãe	que	não	pôde	prantear	a	perda	do	seu	filho,
a	dor	no	coração	do	pai	que	teve	que	ir	para	a	batalha,	mas	outras	vezes	pode	ser
também	a	dor	da	criança	que	nunca	foi	incluída.
Quando	nos	abrimos	para	essa	compreensão,	os	vínculos	interrompidos	do	amor
são	refeitos	e,	finalmente,	esses	sentimentos	inexplicáveis	cedem	lugar	para	uma
sensação	de	presença	e	de	paz,	indescritíveis,	porque	mesmo	que,	no	aparente	do
aparente,	tudo	esteja	um	rebuliço,	além	do	aparente,	internamente,	a	sensação	é
de	totalidade,	de	empoderamento,	de	amor,	de	capacidade,	de	confiança,	de
entrega.	E,	se	fecharmos	nossos	olhos	e	olharmos	para	nossa	família	de	origem	e
para	a	nossa	atual,	eles	estarão	sorrindo	para	nós.
Entretanto,	como	tudo	é	movimento,	talvez	imediatamente	percebamos	que,	no
rosto	de	algum	desses	integrantes,	em	algum	rosto	dos	nossos,	surja	um	pedido,
uma	dor,	uma	necessidade.	E	como	estamos	abertos,	fazemos	isso
imediatamente:	“Olá,	você	é	um	de	nós,	você	também	pertence,	eu	sinto	muito	e
agora	podemos	dizer	sim	para	a	vida,	sim,	nós	servimos”.
Quando,	no	sistema,	algo	ou	alguém	foi	excluído,	quer	seja	por	ter	cometido	um
erro	ou	simplesmente	porque	foi	abortado	(não	importa	o	modo),	ou	assassinado,
esquecido,	isso	permanece	no	sistema	“pedindo”	inclusão,	esperando	seu	bom
lugar.	Quando	uma	injustiça	acontece	e	não	ocorre	uma	reparação,	isso	também
permanece.	Quando	alguém	não	tem	um	bom	lugar,	quando	a	ordem	é	violada,
isso	também	gera	emaranhamentos.	O	que	gera	emaranhamentos	é	sempre	a
violação	desses	princípios	sistêmicos:	exclusão,	injustiça,	desrespeito,	desonra.
Portanto,	emaranhamentos	são	consequências	da	violação	dos	princípios	do
pertencimento,	compensação	e	ordem.
SOBRE	AQUELES	QUE	FORAM	IMPEDIDOS	DE	ENTRAR.
POR	EXEMPLO:	aconteceu	um	aborto	na	família.
Os	pais	colocam	isso	no	esquecimento	e	realmente,	quando	pensam	nos	seus
filhos,	contam	somente	os	vivos	e	dizem:	“nós	temos	três	filhos”,	porém,	eles
tiveram	mais	quatro	filhos	abortados.	Quantos	filhos	eles	têm?	Três	ou	sete?
Geralmente,	um	desses	filhos	se	torna	hiperativo.	Crianças	hiperativas	estão
sempre	procurando	por	algoimportantíssimo.	Quando	algo	vital	precisa	ser
encontrado,	reconhecido,	ter	ou	encontrar	o	seu	lugar,	temos	muita	pressa.
Temos	toda	pressa	do	mundo	e	nada	mais	importa	tanto	do	que	encontrar	o	que
se	está	a	procurar.	Lembra-se	de	quando	você	esqueceu	onde	colocou	a	chave	do
carro	ou	não	sabe	onde	foi	parar	aquele	documento	importante?	Você	conseguia
se	concentrar	em	outra	coisa?	Conseguia	ficar	sentado,	parado,	esperando?
Além	do	aparente,	a	criança,	por	meio	da	velocidade,	dos	movimentos	rápidos,
está	procurando	seus	irmãos,	na	maioria	das	vezes,	ou	os	irmãos	de	algum
antepassado.	Deste	ponto	de	vista,	não	existe	pessoa	desatenta.	Existe	apenas	a
atenção	sendo	dedicada	ao	que	é	essencial	para	que	seu	sistema	se	equilibre.	Não
existem	crianças	distraídas,	existem	crianças	ocupadíssimas,	trabalhando	para	os
seus	pais.
Antes	do	sucesso,	o	amor	aos	pais.
A	COMPREENSÃO	DESCORTINA	HORIZONTES	DE	CURA
Quando	vivemos	conscientes	e	temos	a	compreensão	destes	princípios,	podemos
nos	deixar	conduzir,	curar	os	emaranhamentos,	prevenir	que	outros
emaranhamentos	aconteçam	e	assegurar	um	futuro	de	felicidade,	a	saúde	e	a
prosperidade	para	todos.
Só	assim	podemos	amar.	E	quando	o	amor	não	flui	por	meio	da	alegria,	ele
assegura	sua	existência	por	meio	da	dor,	angústia,	tristeza,	autodestruição.
Somos,	em	primeiro	lugar,	a	consciência	coletiva.	Sim,	todos	nós	somos,	em
primeiro	lugar,	essa	consciência	que	chamamos	de	arcaica,	que	podemos	traduzir
por	“meu	amor	por	todos	é	sempre	maior	que	meu	amor	por	mim,	porque	sem
vocês	a	vida	não	chegaria	até	mim”.	Por	isso	permanecemos	pobres,	doentes	e
infelizes.	Por	meio	dos	nossos	limites	permanecemos	leais,	iguais,	pertencentes.
É	possível	curar	quando	e	se	for	dito:	“eu	não	serei	melhor	que	você	se	me	tornar
feliz,	próspero	e	saudável	porque,	querido	avô,	querida	avó,	queridos	pais,	aqui
em	mim,	finalmente	nós	podemos.	Vejam	como	é	bom	ser	feliz,	próspero	e
saudável,	como	é	bom	que	agora	nós	podemos,	finalmente,	experimentar	alegria
de	viver”.	Uma	mulher	poderá	resolver	suas	questões	afetivas	se
disser/vivenciar:	“Querida	bisavó,	podemos	ter	alegria,	sim,	alegria	de	amar	os
homens,	podemos	finalmente	experimentar	a	vida	boa	e	feliz	que	sempre
desejou”.
CAPÍTULO	III
QUEM	PERTENCE?
Todos	pertencem,	os	bons	e	os	maus,	todos.
Ouvistes	que	foi	dito:	Amarás	ao	teu	próximo,
e	odiarás	ao	teu	inimigo.
Eu,	porém,	vos	digo:	Amai	aos	vossos	inimigos,	e	orai	pelos	que	vos	perseguem;
para	que	vos	torneis	filhos	do	vosso	Pai	que	está	nos	céus;	porque	ele	faz	nascer
o	seu	sol	sobre	maus	e	bons,	e	faz	chover	sobre	justos	e	injustos.
Mateus	5:43-45
O	nosso	sistema	familiar	ou,	simplesmente,	o	nosso	sistema,	é	composto	pela
família	atual,	pela	família	de	origem,	pela	pátria	atual,	pela	pátria	de	nossos
antepassados	e	por	todos	aqueles	que,	sem	eles,	a	vida	não	teria	sido	possível;
por	exemplo,	um	doador,	um	sócio	da	empresa	da	família	que	“carregou”	essa
empresa	quando	o	outro	estava	doente;	todos	fazem	parte	do	sistema.	Também
fazem	parte	aqueles	que	atuaram	como	obstáculo	à	vida,	como	os	assassinos.	Às
vezes,	também	fazem	parte	os	animais	da	família:	um	cachorro	que	salvou	uma
criança	da	morte.	Então,	nosso	sistema	é	composto	por	todos	e	por	tudo	que	fez
com	que	nossa	vida	chegasse	até	aqui.
Todos	pertencem,	os	bons	e	os	maus,	todos .	O	pertencimento	é	experimentado
profundamente	nos	emaranhamentos.	Não	depende	da	nossa	vontade,	ele	é	uma
força	que	atua	em	nós.	Uma	criança	pode,	por	exemplo,	ficar	profundamente
irritada	porque	seu	pai	não	é	mais	respeitado,	mas	é	considerado	mau	e	errado	e,
nesse	sentido	o	“bando”	quer	bani-lo,	a	sociedade	julga	e	abandona.	As	crianças
sempre	se	colocam	ao	lado	dos	excluídos,	daqueles	que	não	foram	honrados,	dos
injustiçados	e	assim,	colocam	seus	pequenos	ombros	sob	o	fardo	que	eles	estão	a
carregar.	Porque	criança	não	exerce	julgamento,	seu	coração	é	totalmente	livre
para	amar	todos	e	as	primeiras	pessoas	a	quem	devotam	esse	amor	são	seus	pais.
Toda	criança	ama	os	seus	pais.
TODA	CRIANÇA	AMA	OS	SEUS	PAIS
Entretanto,	é	cada	vez	mais	comum	ouvir	os	pais	dizerem:	“não	sei	por	que	essa
criança	não	gosta	de	mim”.	A	criança	talvez	carregue	a	memória	da	injustiça,	da
exclusão,	do	desrespeito	cometido	contra	um	ex-cônjuge,	mesmo	que	ninguém
conte	para	ela,	isso	acontece	com	muita	frequência.
Não	é	que	a	criança	não	gosta	dos	pais.	Além	do	aparente	ela	está	conectada	e
profundamente	identificada	com	aquele	ex-cônjuge	que	é	rejeitado,
desqualificado,	excluído.	A	alma	dessa	criança	está	lá	junto	dele,	amando-o,
incluindo-o,	fazendo	por	ele	o	que	o	sistema	necessita	para	permanecer	vivo.
Lembre-se:	um	sistema	jamais	deixará	que	uma	parte	sua	seja	excluída	-	a	vida
do	sistema	é	a	inclusão	de	todas	as	suas	partes.	Então,	a	partir	de	quando	os	pais
se	respeitarem,	sem	julgamento,	concordando	com	os	seus	destinos,	com	aquele
que	foi	excluído,	dando	aquele	que	é	“mau,	errado	e	leviano”	um	bom	lugar	em
seu	coração⁷,	esta	criança	não	mais	precisará	estar	ocupada	em	ficar	junto	desse
indivíduo	e	estará	livre	para	a	reciprocidade	do	amor	entre	ela	e	seus	pais	(pai,
mãe).
O	movimento	do	amor	é,	acima	de	tudo	e	sempre,	em	direção	a	assegurar	a
permanência	da	vida.	Já	sabemos	que	os	três	princípios	sistêmicos	asseguram
isso:	pertencimento,	compensação	e	ordem.	É	natural	para	o	espírito	buscar	a
inclusão,	o	equilíbrio	entre	o	dar	e	o	receber	e	o	respeito	ao	lugar	de	cada	um.
A	violação	de	quaisquer	das	Leis	do	Amor	exige	reparação	dos	danos	causados,
para	que	a	harmonia	retorne	ao	sistema.	Temos	aí	a	oportunidade	para	a	prática
das	virtudes	do	coração:	gratidão,	generosidade,	benevolência,	compaixão	e
honra.
Desse	modo,	a	Lei	do	Pertencimento	é	atendida	por	meio	da	inclusão,	o	que
exige	de	nosso	coração	a	prática	da	generosidade	e	da	benevolência.	Se	o
Princípio	da	Compensação	foi	violado,	o	restabelecimento	do	equilíbrio	se	dará
mediante	o	exercício	da	compaixão.
O	terceiro	princípio	da	Ordem	-	convida	a	honrar	e	respeitar	o	próprio	lugar	e	o
lugar	do	outro.	Inclui	também	disciplina,	perseverança,	método,	bem	como	se
deixar	conduzir	por	algo	já	estabelecido.	Orienta	sobre	o	que	é	ser	pai,	mãe,
filho,	como	se	comporta	quem	é	servido	e	sobre	quem	serve.
O	princípio	da	Ordem	nos	deixa	livres	para	sermos	criativos,	dentro	da
segurança	do	que	já	é	estabelecido.	Estabelece	parâmetros	e	limites,	por
exemplo,	se	sou	pai/mãe,	isso	já	está	pronto.	Então	fico	livre	para	agir	do	jeito
que	quiser	desde	que	eu	permaneça	grande	e	sirva	aos	filhos.	Poderíamos
chamar	esse	princípio	de	“princípio	da	liberdade”.
	Pertencer	ao	sistema	não	resulta	de	merecimento,	mas	da	participação	do
indivíduo	no	fluxo	da	vida	desse	sistema	mediante	suas	ações,	quaisquer	que
sejam	elas.
⁷	Um	bom	lugar	no	coração:	significa	admitir,	serenamente,	sem	julgamentos,	o
indivíduo	presente	no	sistema.	O	movimento	é	o	do	“sim,	você	faz	parte,	você	é
um	de	nós”.
CAPÍTULO	IV
MOVIMENTOS	QUE	CURAM:
BENEVOLÊNCIA	RETIDÃO	COMPAIXÃO
⁸Benevolência	sf	(lat	benevolentia)
Que	expressa	a	qualidade	de	alguém	que	é	benevolente,	ou	seja	demonstra	afeto
e	estima	em	relação	a	alguém.
Retidão	sf	(lat	rectitudine)
Característica,	condição	ou	qualidade	do	que	é	reto.	Conformação	demonstrada
por	um	senso	de	integridade,	de	justiça,	de	quem	possui	um	caráter	integro	e	se
comporta	a	favor	da	razão,	da	lei,	do	dever:	retidão	de	proceder.	Característica
daquele	que	segue	os	preceitos	da	lei,	da	legalidade.
COMPAIXÃO	sf	(lat	compassione)
Sentimento	de	pesar	que	nos	causam	os	males	alheios,	bem	como	uma	vontade
de	ajudar	o	próximo.	Sentimento	de	simpatia	ou	de	piedade	para	com	o
sofrimento	alheio,	associado	a	vontade	ou	ao	desejo	de	auxiliar	de	alguma
forma:	doar	dinheiro	para	campanhas	humanitárias	é	uma	atitude	que	envolve
muita	compaixão.
Dicionários	são	excelentes	fontes	de	consulta	não	apenas	para	se	procurar	o
significado	de	termos	desconhecidos,	mas	também	para	aprofundar	o
conhecimento	de	palavras	que	costumamos	usar	ou	ouvir	com	frequência,	sem
refletir	no	seu	significado.	É	enriquecedoreste	exercício.
Amor	é	o	movimento,	o	fluxo	de	energia	entre	os	elementos	conectados	no
sistema.	Tal	conexão	é	experimentada	por	nós,	pela	primeira	vez,	no	primeiro
local	onde	nos	tornamos	presente/presença	no	sistema.	Que	lugar	é	esse?	É	na
nossa	mãe.	Fomos	colocados	lá	por	um	sentimento	entre	nosso	pai	e	nossa	mãe,
pela	força	da	vida,	que	é	maior	que	qualquer	ser	humano.
Talvez,	do	ponto	de	vista	aparente,	alguém	possa	dizer	“não,	não	foi	um	ato	de
amor	de	meus	pais	que	me	gerou;	na	verdade,	foi	um	acidente,	eles	nem	queriam
que	seu	ato	sexual	resultasse	em	um	filho…”	Isso	é	o	aparente,	representa
apenas	fatos	visíveis,	contingências	e	circunstâncias	mediante	as	quais	o
princípio	gerador	da	vida	foi	acionado.	O	princípio	que	gera	vida	é	o	Amor,	o
movimento	que	aproxima	e	une	duas	células	prontas,	plenas	de	todos	os
recursos,	preparadas	pela	Inteligência	Divina,	que	se	fundem	para	gerar	um	ser
humano	completo.
A	violação	das	Leis	do	Amor	interrompe	seu	movimento.	O	que	cura	o
movimento	interrompido	do	amor	é	o	mundo	bom	e	belo.	É	essa	fome	natural	de
todos	nós,	esquecida	às	vezes,	corrompida	outras	tantas.	Esquecemo-nos	dela.
Então,	de	algum	modo	ela	será	“lembrada”:	por	meio	dos	excessos	de	comer,
beber,	trabalhar,	falar,	comprar,	querer,	etc.	O	mundo	bom	e	belo	só	pode	ser
tomado	por	meio	do	olhar	da	mãe.	A	criança	procura	o	olhar	da	mãe,	a	voz	da
mãe,	o	coração	da	mãe,	o	acalanto	da	mãe.	E	ela	procura	na	mãe	também	o	pai,
no	olhar	a	permissão	para	tomar	as	bênçãos	da	vida,	como	bem	disse	Rubem
Alves:
“Van	Gogh	tem	uma	delicada	tela	que	representa	esta	cena:	o	pai,	jardineiro,
interrompeu	seu	trabalho,	está	ajoelhado	no	chão,	com	os	braços	estendidos	para
a	criança	que	chega,	conduzida	pela	mãe.	O	rosto	do	pai	não	pode	ser	visto.	Mas
é	certo	que	ele	está	sorrindo.	O	rosto-olhar	do	pai	está	dizendo	para	o	filhinho:
“Eu	quero	que	você	ande”.	É	o	desejo	de	que	a	criança	ande,	desejo	que	assume
forma	sensível	no	rosto	da	mãe	ou	do	pai,	que	incita	a	criança	à	aprendizagem
dessa	coisa	que	não	pode	ser	ensinada	nem	por	exemplo	e	nem	por	palavras”.
O	movimento	que	cura	o	vínculo	interrompido	do	amor	é	sempre	na	direção	da
benevolência	e	da	compaixão.	Quatro	movimentos,	atitudes,	sustentam	esse
processo.
EU	SOU	GRATO.
O	PRIMEIRO	MOVIMENTO	é	o	Movimento	da	Gratidão,	o	ato	de	agradecer,
pois	somente	quem	agradece	pode	tomar	a	grandeza	da	vida	e	usufruir	a	bênção
do	que	lhe	foi	ofertado.	A	ausência	da	gratidão	consiste	no	não	reconhecimento
daquilo	que	se	recebeu	e,	consequentemente,	o	sentimento	é	de	que	há	uma	falta,
um	débito,	uma	carência,	o	que	leva	ao	movimento	da	queixa,	da	murmuração.
A	postura	de	ingratidão	perante	a	vida	faz	“perecer	no	deserto”.	Quem	conhece	a
trajetória	do	povo	hebreu	mediante	o	relato	bíblico,	especialmente	nos	livros	de
Êxodo	e	Números,	sabe	a	consequência	das	repetidas	queixas	do	povo	contra
Deus	que,	realizando	grandes	milagres,	os	guiava	para	a	terra	de	abundância:
toda	a	geração	que	saiu	do	Egito,	menos	dois	homens	(Josué	e	Calebe)	não
chegou	à	Terra	Prometida	-	morreu	no	deserto.	Os	que	entraram	em	Canaã	foram
os	gerados	durante	a	peregrinação	que	durou	quarenta	anos	e	que	podia	ser	feita
em	algumas	semanas,	segundo	afirmam	estudiosos	de	geografia	bíblica.
Aquele	que	exige,	interrompe	o	movimento	em	direção	ao	amor,	em	direção	à
vida;	quem	exige	já	perdeu.	É	a	gratidão,	e	não	a	exigência,	que	abre	as	portas	da
abundância.	O	fruto	de	um	coração	grato	é	a	generosidade,	ao	passo	que	um
coração	exigente	se	torna	ganancioso	e	avarento.	Este,	ainda	que	possuindo
muito,	“perece	agarrado	ao	saco	de	dinheiro”.
EU	PRECISO,	POR	ISSO	PEÇO.
O	SEGUNDO	MOVIMENTO	é	o	de	reconhecer	aquilo	que	se	precisa,	o
Movimento	do	Pedir;	pedir	ao	outro,	que	tem	a	liberdade	de	conceder	ou	não.
Pedir	é	uma	atitude,	acima	de	tudo,	de	humildade,	que	leva	a	reconhecer	o	valor
do	outro	e	o	valor	do	que	se	precisa.	Um	pedido	não	existe	para	ser	atendido,
mas	para	que	um	importante	aspecto	do	sistema	seja	reconhecido:	a
interdependência,	fundamental	para	que	seja	atendida	a	Lei	do	Pertencimento.
Quando	peço	ao	outro	algo	que	não	posso	obter	por	mim	mesmo,	reconheço	que
necessito	do	outro.	O	estado	de	pleno	pertencimento	ao	sistema,	tanto	meu,
quanto	do	outro,	se	verifica	quando	estou	aberto	tanto	a	dar	quanto	a	receber.
Este	é	o	exercício	necessário	de	humildade,	porque	só	com	a	humildade	se	dá	o
pertencimento,	se	reconhece	que	o	outro	não	é	maior,	nem	menor,	ele	apenas
pode	me	ajudar,	apoiar.	Ele	apenas	é	diferente,	é	o	outro.
Na	visão	sistêmica,	ser	diferente	não	é	ser	desigual,	ou	seja,	cada	um	é	visto	na
sua	singularidade,	e	por	isso,	não	há	maiores	ou	menores	(desigualdade),	todos
somos	iguais,	porque	somos	diferentes	(singulares).	Logo,	ser	humilde,	no	ponto
de	vista	sistêmico,	nada	mais	é	do	que	estar	exatamente	no	seu	lugar,	no	mesmo
nível	em	que	o	outro	se	encontra,	não	acima	dele	como	ser	superior,	nem	abaixo,
como	inferior.	Mas	não	é	suficiente	saber	que	cada	um	está	no	seu	lugar;	é
também	necessário	saber	que	cada	um	está	no	seu	lugar	em	conexão	com	o
outro,	em	interconexão	com	todo	o	sistema.
EU	DIGO	“SIM”
O	TERCEIRO	MOVIMENTO	é	o	Movimento	de	Concordar	e	concordar
significa	dizer	“sim”,	concordar	atende	ao	Princípio	da	Ordem,	para	o	que	está
posto,	para	o	que	é	e	evita	pensamentos,	julgamentos	com	relação	a	situações,
fatos,	acontecimentos	sobre	os	quais	não	é	possível	nenhuma	intervenção
pessoal	para	mudança.	Concordar	fortalece	e	poupa	energia	para	ser	dedicada	ao
que	é	essencial,	concordar	é	um	movimento	de	profunda	paz	e	de	reverência	pela
vida.	Concordar	sustenta	os	estados	de	paz,	serenidade,	assertividade	e	sucesso;
só	tem	sucesso	quem	concorda.	Quem	concorda	age,	produz.	Quem	discorda,
neste	contexto	permanece	infantilizado.	Muitas	vezes,	o	protestar,	o	criticar
apenas	esconde	uma	conduta	passiva	esperando	que	outros	façam.
Byron	Katie	(2009),	uma	autora	americana,	diz	“Ame	a	realidade	e	sua	vida	se
transformará.”	Talvez	possamos	compreender	estes	conceitos	lembrando	a	não
reatividade,	a	assertividade,	o	não	ficar	remoendo	pensamentos,	sentimentos,
conversas	que	não	fortalecem	a	ninguém.	Apenas	trazem	um	sentimento
temporário	de	ter	razão	por	ser	vítima,	perpetrador	ou	salvador.
Concordar,	dentro	da	abordagem	sistêmica,	não	significa	“achar	certo”	ou	“achar
errado”,	pois	isto	é	julgamento.	Dentro	de	um	sistema,	um	fato	não	precisa	da
nossa	opinião	pessoal,	individual,	para	ser	o	que	é.	O	fato	simplesmente	é.
Julgamentos	sempre	remetem	ao	“que	poderia	ter	sido	e	que	não	foi”,	o	que
impede	os	movimentos	que	podem	ser	realizados	em	direção	à	cura	e	apenas
contribui	para	manter	os	emaranhamentos	ou	até	mesmo	intensificá-los.
Evidentemente	que,	na	vida,	há	contextos	onde	é	necessário	e	de	bom	senso
utilizar	a	noção	de	certo/errado,	porém	não	quando	se	está	a	buscar	a	cura
profunda,	para	situações	que	se	apresentam	com	suas	raízes	“além	do	aparente”.
Aqui,	a	sabedoria	do	discernimento,	como	sempre,	é	valiosa.
É	comum	ouvir	a	frase	“pare	de	falar	e	faça	alguma	coisa”.	Esta	fala	comum,	de
pessoas	comuns,	revela	um	saber	inerente	sobre	o	grande	potencial	que	temos
para	criar	um	mundo	melhor.	Este	desejo,	natural	em	muitas	pessoas,	é	apenas	a
conexão,	a	consciência	do	profundo	movimento	do	espírito	em	sua	essência.
Toda	fala	precisa	ser	seguida	de	espaços	de	silêncio.	Silêncio	para	sentir	não
apenas	o	que	foi	dito,	mas	o	que	não	foi	dito,	o	que	ficou	para	além	das	palavras
proferidas.
EU	SINTO	MUITO.
O	QUARTO	E	ÚLTIMO	MOVIMENTO	é	o	de	reparar	os	danos	causados.	É	o
Movimento	de	Lamentar,	de	modificar,	de	arrepender-se,	de	pedir	e	também	dar
uma	nova	chance,	assim,	“setenta	vezes	sete”.	É	o	movimento	que	dá	acesso	ao
perdão.	Perceba:	como	se	fosse	uma	porta,	a	chave	para	abri-la	é	a	atitude	do
arrependimento,	que	significa	disposição	sincera	em	mudar	de	direção.	E,	pela
interdependência,	na	qual	se	assenta	o	princípio	do	dar	e	receber,	a	atitude	do
coração,	neste	movimento	do	perdão	é:	“eu	sinto	muito	e	eu	concordo	que	o
perdão	seja	para	mim	e	para	você	e	paratodos	os	envolvidos”.
É	o	movimento	do	profundo	relacionamento	com	Deus,	onde	deixamos	com	Ele
o	incompreensível,	o	irreparável	e	o	irrecuperável.	Só	perdoa	quem	é	maior	e	só
Deus	é	maior,	porque	apenas	Ele	tem	toda	condição	de	assumir	a	magnitude	de
uma	dívida	humanamente	impossível	de	ser	paga.	Assim,	o	perdão	destina-se
aos	danos	causados	que	não	podem	ser	reparados	pela	condição	humana,
portanto	o	perdão	é	reservado	a	situações	restritas	da	existência.	As	mortes,
suicídios,	homicídios,	crimes	de	guerra,	pouquíssimas	situações.	Todas	as	outras
situações	precisam	ainda,	neste	movimento	do	perdão,	ter	uma	dedicação
suficiente	para	reparar	os	danos	causados.
Na	tradição	cristã	temos	na	oração	modelo,	ensinada	por	Jesus,	o	trecho	que	trata
do	perdão:	“Perdoa	as	nossas	dívidas,	assim	como	perdoamos	aos	nossos
devedores.”	(Mateus	6:12).	Encontramos	aqui	o	perdão	de	Deus,	cuja	concessão
está	condicionada	à	disposição	humana	de	também	perdoar.	O	incompreensível,
o	irreparável,	o	irrecuperável,	o	“humanamente	impossível”	fica	para	Deus.	E	o
possível	fica	para	o	ser	humano.
A	desculpa	não	pode	ser	“de	graça”,	ela	precisa	ser	conquistada	por	meio	de
atitudes;	ela	pode	ser	concedida	por	meio	da	compreensão	do	todo,	do	não
julgamento	e	do	entendimento	da	corresponsabilidade:	se	alguém	errou,	onde	eu
colaborei	ou	deixei	de	colaborar	para	que	isto	ocorresse?	O	que	eu	fiz	ou	deixei
de	fazer	para	que	isso	não	ocorresse?	O	lamentar	é	acima	de	tudo	um	movimento
consciente,	de	ampliação	da	consciência:	ninguém	acerta	e	erra	sozinho.
Conceder	e	conquistar	uma	compreensão,	uma	oportunidade	de	reparação	pelos
danos	causados	é	sempre	uma	oportunidade	e	sinal	de	evolução	de	nosso	nível
de	consciência.
SOBRE	A	JUSTIÇA	E	APLICAÇÃO	DE	PENALIDADES
EM	UMA	SOCIEDADE	REALMENTE	EVOLUÍDA,	alguém	que	cometeu	um
crime	talvez	fosse	“condenado”	a	cultivar	hortaliças,	a	reformar	escolas,
aprenderia	a	cantar	ou	tocar,	faria	coisas	para	doentes	ou	idosos,	por	muitos	e
muitos	anos.	Talvez	vivesse	como	um	monge	e	aprenderia	a	meditar	e	respirar
para	poder	voltar	à	vida,	servindo	à	vida.	É	disso	que	fala	o	quarto	movimento.
Em	tudo	o	que	for	possível,	deve	haver	reparação/restituição,	quer	de	maneira
direta	ou	indireta.	Vide	a	história	de	Zaqueu,	relatada	em	Lucas	19:2-10.	Tomar
com	responsabilidade	a	consequência	das	nossas	ações	e	que	todo	dano	causado
pode	ser	reparado	se	não	por	nós,	por	Deus.	Assim,	tudo	pode	ser	reparado	por
nós	e	por	Deus¹ .
⁸	Fonte:	http://www.significados.com.br/.	Acesso	em	08/03/2015.
	Fonte:http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/63-rubem-alves.Acessoem
08/03/2015.
¹ 	Salmos	86:5	“Porque	tu,	Senhor,	és	bom,	e	pronto	a	perdoar,	e	abundante	em
benignidade	para	com	todos	os	que	te	invocam.”
CAPÍTULO	V
RELAÇÕES	CONJUGAIS
RELACIONAMENTOS	ENTRE	PAIS	E	FILHOS
Sentir-se	certo,	exatamente	como	se	é,
é	uma	das	fomes	da	alma.
“Honra	a	teu	pai	e	a	tua	mãe,
para	que	te	vá	bem,	e	sejas	de	longa	vida
sobre	a	terra.”	-	Efésios	6:2a,3.
Existe	uma	ordem	entre	a	criança	e	seus	pais	e	a	ordem	é:	primeiro	os	filhos
recebem	e	depois	eles	passam	adiante.	O	amor	da	criança	em	direção	aos	pais	é
sempre	na	direção	do	futuro,	é	sempre	para	frente.	Quando	a	criança	está	ferida,
quando	o	vínculo	desse	amor	foi	interrompido,	a	vida	não	vai	para	frente,	a
criança	adoece,	não	aprende,	não	floresce.	Porém,	isso	não	acontece	só	com	uma
criança,	isso	acontece	com	todo	o	filho,	todas	as	pessoas,	independentemente	da
idade.
Quando	a	vida	vai	para	frente	é	porque	estamos	reconciliados	com	os	nossos
pais.	Quando	adoecemos,	fracassamos	ou	ficamos	infelizes	precisamos	recuperar
o	vínculo	do	amor	que	um	dia	foi	interrompido	entre	nós	e	nossos	pais.	Ou	entre
os	nossos	pais	e	os	pais	deles.	Quando	algo	não	aconteceu	diretamente	conosco,
mas	aconteceu	com	nossos	pais,	avós,	bisavós	e	outros	pertencentes	ao	sistema,
e	nós	carregamos	isso,	chamamos	de	comportamentos	ou	sentimentos	adotados.
Hellinger,	no	livro	Ordens	do	Amor	(2003,	p.	398),	comenta	sobre	a	Análise	do
Script,	uma	ferramenta	da	Análise	Transacional,	uma	teoria	de	personalidade,
desenvolvida	por	Eric	Berne.	Ele	diz	que	por	meio	da	identificação	de	quais
filmes,	histórias,	músicas	que	comovem	uma	pessoa,	é	possível	perceber
claramente	quais	são	suas	histórias	sistêmicas,	verdades,	experiências	não
comentadas	pelos	integrantes	daqueles	sistemas,	entretanto,	que	marcam
profundamente	criando	padrões,	scripts.	Gerando	lealdades	e	emaranhamentos.
Um	exemplo	é	quando	uma	pessoa	se	sente	tão	triste	e	tão	só,	revelando	com
isso	a	memória	de	uma	orfandade	no	sistema.	Contudo,	é	a	bisavó	que	foi	órfã.
Os	sentimentos	adotados	são	sentimentos	que	não	correspondem	aos	estímulos
do	agora,	pois	eles	apontam	para	emaranhamentos,	para	situações	que	estão
ainda	à	espera	de	se	completarem.	São	sentimentos	exagerados	de	tristeza,	raiva,
medo,	desproporcionais	aos	estímulos,	ao	momento	presente,	gerando,	muitas
vezes,	expressões	assim:	“mas,	que	exagero!”	“Não	era	para	tanto!”	“Fulano	é
desequilibrado,	qualquer	coisa	o	tira	do	sério,	é	pavio	curto,	não	leva	desaforo
para	casa!”
Eckhart	Tolle	(2007,	p.116)	nominou	estas	reações	de	“Corpo	de	Dor”.	Uma
reação	que	é	consequência	de	uma	emoção	experimentada	por	si	mesmo	ou	por
outros	integrantes	do	sistema,	seja	nesta	geração,	na	infância,	por	exemplo,	ou
em	outras	gerações.
Esse	corpo	de	dor	se	torna	maior	que	o	próprio	indivíduo;	é	constituído	de
grandes	sofrimentos	que	todos	carregam:	crianças,	homens,	mulheres,	nações.
A	ordem	sempre	é:	o	amor	dos	pais	flui	de	graça	para	os	filhos.	Quando	essa
ordem	é	violada,	os	filhos	não	podem	crescer,	é	como	se	já	estivessem
endividados.	Só	pode	crescer	quem	tem	créditos.	E	o	amor	de	graça	dos	pais	é
essencial	para	crescer,	é	este	amor	que	gera	créditos.	Alguns	permanecem
crianças,	esperando	o	amor	de	graça	chegar.	Perante	o	sofrimento	podemos
perguntar:	“que	idade	eu/nós	temos	aqui?”.	Imediatamente	surge	uma	imagem	de
quem	é	e	a	idade	que	se	tem	ali.
O	princípio	da	Compensação	diz	aqui	que	o	pai	e	a	mãe	são	sempre	certos	um
para	o	outro,	porque	foi	por	meio	deles	que	a	vida	foi	possível.	Não	existe	outra
hipótese	e	é	este	o	movimento	que	fortalece.	Porque	o	filho	é	o	pai	e	a	mãe
juntos.	Lembre-se	sempre:	“sem	meu	pai	e	minha	mãe,	eu	não	existiria.	A	vida
fluiu	para	mim	por	meio	deles	dois.	Se	a	vida	tivesse	fluido	por	meio	de	um
deles	com	outro	cônjuge,	outro	filho	ou	filha	teria	sido	gerado	e	não	eu”.	Se	o
pai	e	a	mãe	são	certos	um	para	o	outro,	logo	o	filho	também	o	é.	Sentir-se	certo,
exatamente	como	se	é,	é	uma	das	fomes	da	alma.	Quando	a	criança	sente-se
certa	como	é,	pode	experienciar,	criar,	alegrar-se,	descobrir-se	no	mundo.	Só
assim	é	possível	o	pertencimento,	porque	se	essa	fome	–	sentir-se	certa
exatamente	como	é	–	não	for	saciada,	o	indivíduo	vai	experimentar	o
pertencimento	adoecendo,	entristecendo	ou	empobrecendo.
Uma	das	ideias	sistêmicas	é	de	que	“o	todo	é	mais	do	que	a	simples	soma	das
partes”.	Assim,	quando	olhamos	para	uma	criança,	temos	diante	de	nós	o	pai	e	a
mãe	dessa	pessoa	e	algo	mais.	Por	isso,	os	pais	que	estão	ligados	à	vida	se
sentem	tão	felizes	diante	de	seus	filhos,	por	conta	do	algo	mais.	Esse	algo	mais
tem	a	força	e	o	potencial	para	a	cura	dos	emaranhamentos.	Por	isso,	os	pais
ficam	tão	felizes	quando	percebem	a	singularidade	dos	filhos.
Podemos,	então,	dizer	aos	nossos	pais,	aos	nossos	avós,	a	todos	os	nossos
antepassados:	“a	vida	é	maior”.	E,	ao	dizer	isso,	podemos	perceber	como	todos	e
tudo	se	acalma;	pertencimento,	reconhecimento,	reverência.	Este	é	o	lugar	certo,
onde	a	vida	é	maior,	onde	ela	vem	primeiro.	Só	quando	este	princípio	é	violado	é
que	a	morte	se	faz	presente.	Portanto,	o	que	é	certo	é	sempre	a	vida	e	quando
estamos	a	serviço	da	vida,	ela	permanece.	Por	isto,	é	tão	natural	o	homem	sentir
falta	da	mulher	e	a	mulher	sentir	falta	do	homem.	A	vida	é	masculino	e	feminino
juntos.	Sem	essas	duas	energias,	a	vida	não	consegue	seguir	adiante.	Uma
mulher	é	sempre	mais	com	um	homem	e	um	homem	é	sempre	mais	com	uma
mulher.	E	eles	são	mais	juntos,porque	somente	assim	é	possível	passar	a	vida
adiante.
CAPÍTULO	VI
O	QUE	É	NECESSÁRIO
PARA	QUE	O	RELACIONAMENTO	CONJUGAL
EXISTA
E
TENHA	FUTURO
Amor	do	coração
Amor	da	Sexualidade
Amor	à	vida
“Te	amo	sem	saber	como,
nem	quando,	nem	onde,
te	amo	diretamente
sem	problemas	nem	orgulho:	assim	te	amo
porque	não	sei	amar	de	outra	maneira.”
Pablo	Neruda¹¹
O	AMOR	DO	CORAÇÃO	é	querer	bem	ao	outro,	é	querer	fazer	o	outro	feliz,
essa	é	a	ordem.	Quem	procura	outro	para	se	fazer	feliz	tem	menos	para	oferecer,
portanto	não	pode	tomar	o	amor	para	entregá-lo,	servi-lo	ao	outro;	pois	nesse
“estado	de	necessidade	de	ser	feliz”,	precisa,	antes,	servir-se	do	amor.	Além	do
aparente,	está	pronto	para	receber	e	não	pronto	para	dar.	Só	pode	dar	aquele	que
tem	em	abundância.	E	qual	é	a	medida	da	abundância?	É	quando	se	tem	o
suficiente	para	si	e	para	o	outro.
Os	insatisfeitos	permanecem	infantilizados;	para	os	infelizes,	nada	basta.	Eles
ainda	estão	esperando	algo	de	seus	pais.	Se	se	tornarem	completos	e	felizes,	o
que	farão	com	sua	lealdade	e	emaranhamento?	Se	aprovarem	os	seus	cônjuges,	o
que	fazer	com	a	mamãe	que	sempre	dizia	que	a	vida	conjugal	é	um	sofrimento?
Se	estiverem	felizes,	o	que	fazer	com	um	ditado	na	família:	“Ruim	com	ele,	pior
sem	ele!”?
O	sucesso	no	relacionamento	conjugal	é	“eu	tomei	e	recebi	o	suficiente	da	vida,
portanto	eu	posso	servir”.	A	ordem	aqui	também	é	“eu	me	proporciono	alegria
verdadeira,	por	isso	eu	posso	alegrar-me	com	o	outro,	posso	ajudar	o	outro	a
viver	a	sua	felicidade”.	Isso	vale	para	todos	os	relacionamentos.	Quem	espera	do
outro	está	impedido	de	tomar.	O	que	conduz	ao	fracasso	é	a	carência.	O	que
conduz	ao	sucesso	é	a	plenitude	e	esse	amor	precisa	ser	tomado	dos	pais.
Todo	o	amor	em	nós	vem	dos	pais,	vem	dos	antepassados	e	parte	de	nós	para
todos	os	outros	relacionamentos	-	conjugal,	profissional,	fraternal.	Observa-se
que,	quem	não	está	reconciliado	com	os	seus	pais,	está	impedido	de	amar,	busca
no	amor	do	cônjuge	o	amor	dos	pais.	Um	relacionamento	fracassa	quando
negamos	que	o	amor	dos	pais	está	nos	pais.	Os	relacionamentos	só	podem	ser
bem	sucedidos	quando	estamos	plenos	do	amor	dos	pais.	Isso	vale	para	todos	os
relacionamentos,	não	somente	o	conjugal.
Muito	bem:	esse	“rio	do	Amor”	que	fluiu,	desde	nossas	remotas	origens
familiares	até	nós,	tem	seu	leito	no	curso	da	história,	com	todos	os	fatos,	todos
os	acontecimentos;	eventos	que	se	completaram	e	outros	que	ficaram
incompletos,	realizados	por	todos	os	que	vieram	antes,	os	quais	ficam	no	registro
dessa	memória	coletiva,	nesse	“campo	ciente”,	onde	o	“eu”	pode	não	saber	de
modo	consciente,	mas	“nós”	sabemos.
O	AMOR	SEXUAL	caracteriza	e	define	que	o	relacionamento	é	conjugal.	Sem	o
vínculo	da	sexualidade,	o	relacionamento	conjugal	se	desfaz.	Quando	um
cônjuge	deseja	o	outro,	diz:	“eu	quero	me	unir	a	você”	e	quando	o	outro	retribui
com	o	seu	“sim”,	equilibra	o	relacionamento.	E	então	eles	podem	realizar	o
terceiro	movimento,	que	é	ter	algo	em	comum,	e	essa	aliança	são	os	filhos.	Por
meio	da	sexualidade,	um	homem	e	uma	mulher	declaram	que	eles	são	certos	um
para	o	outro	e	só	assim	a	vida	pode	seguir	adiante.	Quem	tem	prazer	na
sexualidade,	internamente	diz	“sim”	para	a	vida.	A	sexualidade	é	a	força	maior	a
serviço	da	vida;	por	isso	um	homem,	quando	está	junto	a	uma	mulher	e	uma
mulher	está	junto	a	um	homem,	eles	desejam	um	ao	outro	e	desejam	ter	filhos.
Um	filho	é	a	expressão	tangível	da	aliança	entre	o	homem	e	a	mulher,
indissolúvel	–	um	filho	é	para	sempre:	“O	que	Deus	uniu	o	homem	não	separa!”
(Mc,	10:9).
AS	DIFICULDADES	DA	SEXUALIDADE	são	dificuldades	em	tomar	a	vida.
Para	o	exercício	pleno	da	sexualidade	é	preciso	tornar-se	adulto	e,	ao	mesmo
tempo,	ter	vivenciado	uma	infância	feliz.	Só	a	partir	dessas	duas	condições	é
possível	desejar	ao	outro	e	concordar	em	ser	desejado.	Quando	um	cônjuge
deseja	o	outro	muito	mais	e	é	rejeitado,	o	princípio	da	compensação	é	violado.
Cria-se	um	desequilíbrio	porque	aquele	que	mais	desejou	fica	devedor,	aquele
que	rejeitou,	tem	créditos	em	excesso;	isso	interrompe	o	fluxo	de	amor	entre	o
casal.
O	que	mais	abençoa	uma	criança	é	quando	internamente	ela	sabe	“que	foi	com
prazer”,	nem	que	seja	no	momento	de	sua	concepção,	aquele	homem	e	aquela
mulher,	masculino	e	feminino,	viven-ciaram	o	prazer,	a	alegria	da	vida.	Nem	que
seja	somente	na	concepção.	A	criança	se	fortalece	quando	ela	percebe	que	aquela
aliança	foi	desejada.
Portanto,	para	ser	um	casal,	precisam	estar	unidos	por	meio	do	amor	do	coração,
do	amor	sexual	e	de	um	amor	maior,	os	filhos.	Quando	estes	não	existem	por
uma	impossibilidade,	quando	essa	bênção	não	é	concedida,	o	casal	pode
permanecer	unido	se	encontra	uma	causa,	um	propósito	onde	eles	possam	fazer
algo	parecido	com	o	que	os	pais	fazem	para	os	filhos:	a	prática	do	amor
incondicional,	da	gratuidade	e	da	generosidade.
O	QUE	ABENÇOA	os	filhos	é	a	alegria	da	mãe	ser	mulher	e	a	alegria	do	pai	ser
homem.	Desta	forma	o	masculino	e	o	feminino	estão	em	harmonia	naquele	ser
porque,	às	vezes,	quando	o	pai	e	a	mãe	não	tomaram	a	si	próprios	e	nem	um	ao
outro,	isso	pode	sustentar	as	dinâmicas	da	homossexualidade:	“eu	vou	buscar	o
igual	perfeito”	-	a	mulher	ou	o	homem	-	para	os	pais	do	sexo	oposto.	A	mulher
busca	outra	mulher	para	completar,	na	alma	da	mãe,	o	equilíbrio	do	feminino	a
fim	de	presentear	o	pai.	O	mesmo	acontece	na	homossexualidade	masculina:
busca-se	o	homem	perfeito	para	presentear	a	mãe.	Evidentemente	que	existem
também	tantas	outras	dinâmicas,	tantas	outras.
O	relacionamento	entre	os	pais	tem	precedência	sobre	o	relacionamento	com	os
filhos.	Antes	os	pais	se	respeitam	e	se	cuidam,	para	que	assim	o	respeito	e	o
cuidado	com	os	filhos	possam	realmente	fazer	efeito.	Muitas	vezes	o	vínculo	do
amor	entre	a	criança	e	seus	pais	é	interrompido	pelo	fato	dos	pais	viverem	em
conflito.	A	paz	entre	os	pais	fortalece	o	vínculo	entre	eles	e	também	com	a
criança,	porque	uma	criança	é	os	seus	pais.	“os	filhos	não	somente	tem	os	seus
pais,	como	são	os	seus	pais”	(HELLINGER,	2008,	p.	33).
Por	isso	o	relacionamento	dos	pais	tem	precedência.	Quando	a	mãe	diz	“eu	cuido
dos	meus	filhos”,	se	isso	é	real	nós	ouviremos	“eu	respeito	e	honro,	eu	cuido,	eu
zelo	do	meu	relacionamento	com	o	pai	dessa	criança”.	E	quando	o	pai	diz	“eu
cuido	dos	meus	filhos”,	nós	ouviremos	o	mesmo	“eu	honro,	eu	zelo,	eu	respeito
o	meu	relacionamento	com	a	mãe	deles”.	E	isso	não	tem	nada	a	ver	com	o	estado
civil	deles.	Uma	criança	cujos	pais	não	mais	vivem	juntos	conjugalmente,	porém
se	respeitam	e	estão	em	paz,	experimentará	um	“estado	de	alma”	diferente
daquela	cujos	pais	estão	em	conflito.
O	QUE	SENTEM	OS	FILHOS?
PARA	COMPREENDERMOS	melhor,	imaginemos	e	façamos	um	paralelo:	o
que	sente	um	filho	que	percebe	que	entre	seu	pai	e	sua	mãe	há	honra	e	respeito	e
o	que	sente	outro	filho	diante	de	uma	briga	real	entre	seus	pais	-	ele	irá	procurar
fazer	alguma	coisa,	qualquer	coisa,	gritar	com	seus	pais	pedindo	que	parem,
chamar	o	vizinho,	chorar,	ficar	desesperado…	o	que	mais?	Qual	é	seu	“estado	de
alma”?
Sem	chance	para	a	serenidade	e	toda	condição	necessária	para	tocar	a	vida	de
modo	normal,	estudando,	vivendo	de	modo	saudável,	etc.	No	aparente	pode	estar
tudo	bem,	porém,	além	do	aparente,	há	um	“estado	de	guerra”,	um	conflito	sério.
No	coração	do	pai,	a	mãe	não	tem	um	bom	lugar	e	vice-versa.	No	aparente,	“um
não	quer	enxergar	o	outro	nem	pintado	de	ouro”,	porém	no	filho,	estão	juntos.
E	o	filho	fará	tudo	para	que	a	paz	se	faça,	porém,	como	é	um	processo	além	do
aparente,	o	“trabalho”	do	filho	pelos	pais	se	manifesta	em	atitudes	deste	que
trarão	mais	infelicidade,	sofrimento,	dor.	Um	filho	com	problemas	está
trabalhando	para	seus	pais,	para	seu	sistema.	Enquanto	não	houver	a	reabilitação
da	honra	e	do	respeito,	isto	é,	a	reconciliação,	não	haverá	paz.
¹¹	Poema	recitado	por	Patch	Adams,	no	filme	“O	Amor	é	Contagioso”
CAPÍTULO	VII
COM	QUEM	A	CRIANÇA	DEVE	FICAR
OU
ALGO	SOBRE	ALIENAÇÃO	PARENTAL
Quem	critica	o	pai,	ofende	a	criança;
quem	desqualifica	a	mãe,	fere	o	filho.
“Pai
Meperdoa	essa	insegurança
É	que	eu	não	sou	mais	aquela	criança
Que	um	dia	morrendo	de	medo
Nos	seus	braços	você	fez	segredo
Nos	seus	passos	você	foi	mais	eu
Pai
Eu	cresci	e	não	houve	outro	jeito
(…)
Longos	anos	em	busca	de	paz”
Fábio	Júnior,	“Pai”
Se	uma	criança	convive	com	pais	que	se	criticam	enquanto	pessoas,	sua	energia
é	destinada	para	se	proteger,	comprometendo	seu	desenvolvimento,	seu	sucesso,
felicidade	e	saúde.
Quem	não	respeita	o	destino	do	outro,	não	é	reconhecido	como	alguém	que
inspire	confiança	o	suficiente	para	ser	um	aliado.
Portanto,	a	criança	deve	permanecer	próxima	à	figura	parental	que	honra	o
relacionamento	e	respeita	a	outra	figura	parental.
Em	um	tribunal	seria	perguntado	à	criança:	“quem	respeita	mais	um	ao	outro?”.
Seria	observado	quem	honra	mais,	quem	está	menos	ressentido,	mais
reconciliado	e	esta	criança	seria	orientada	a	permanecer	mais	próxima	a	esse
pai/mãe.	Aqui	não	nos	referimos	à	“guarda”	no	sentido	jurídico,	mas	aquele	que
tem	mais	condições	de	ser	o	“guardião”	do	bom	desenvolvimento	da	criança.
Um	relacionamento	só	pode	dar	certo	quando	um	cônjuge	diz	ao	outro	“eu	tomo
você	e	tudo	o	que	une	a	mim	e	a	você,	inclusive	seus	pais	e	sua	família	de
origem,	eu	concordo	com	isso,	eu	te	tomo”.	As	maiores	bênçãos	fluem	dos	pais
para	os	filhos,	quando	cada	um	dos	cônjuges:
1.	Concorda	com	o	seu	destino	–	seja	o	filho	inteligente,	bem	humorado,	irritado
ou	desinteressado.
2.	Respeita	mãe	e	pai	do	jeito	que	são.	Por	meio	de	sua	vida,	este	cônjuge
também	honra	seus	pais	e	mantém-se	pertencente	ao	seu	sistema.
3.	Sabe	que	o	filho	não	é	seu,	que	o	filho	é	“o	pai	e	a	mãe”.	Coisas	nos
pertencem,	pessoas	não.
4.	Cuida	da	própria	felicidade.	Os	filhos	sentem	que	têm	permissão	para	a
alegria,	a	saúde	e	a	prosperidade	quando	os	pais	são	bem	sucedidos,	saudáveis	e
felizes.
MEU	FILHO	OU	NOSSO	FILHO?
UM	PRINCÍPIO	importantíssimo	dentro	de	um	sistema	é	o	da	alteridade.	O	que
é	alteridade?	Alteridade	é	um	substantivo	feminino	que	expressa	a	qualidade	ou
o	estado	do	que	é	outro	ou	do	que	é	diferente.	É	antônimo	de	identidade	(do	que
é	idêntico).	Em	Filosofia	tem	o	sentido	de	circunstância,	condição	ou
característica	que	se	desenvolve	por	relações	de	diferença,	de	contraste.
Assim,	a	alteridade	fala	da	necessária	presença	do	outro	para	a	construção	do
“eu”,	ou	seja,	o	“eu”,	na	sua	forma	individual,	só	pode	existir	por	meio	de	um
contato	com	o	“outro”;	o	indivíduo	é	resultado	de	suas	relações	com	o	outro	e
das	interações	sociais,	ou	seja,	as	relações	sociais	produzem	em	cada	indivíduo,
alterações	que	o	caracterizam	como	pertencente	a	determinado	sistema,	a
determinada	cultura.
Neste	sentido,	a	alteridade	no	sistema	prevê	que	nenhum	elemento	se	sobrepõe
ao	outro,	porque	cada	indivíduo	se	reconhece	como	tal	por	causa	desse	“outro”.
E	a	interdependência	prevê	que	uma	mudança	ocorrida	em	um	elemento,	afeta
todo	o	sistema	e,	portanto,	todos	os	demais	elementos.
Por	isso	que	não	faz	sentido	os	pais	dizerem	“meu	filho”,	pois	esse	filho	só	foi
possível	por	causa	do	outro.	O	adequado	é	dizer	“nosso	filho”,	pois	assim	o
outro	é	reconhecido	e	o	princípio	da	honra	é	atendido.
CAPÍTULO	VIII
O	RELACIONAMENTO
CONJUGAL
INFLUENCIANDO
O
RELACIONAMENTO
COM	OS	FILHOS
-	Uma	criança	é	seu	pai	e	sua	mãe	e	algo	mais.	-
Um	cônjuge	não	deveria	ter	a	pretensão	de	mudar	o	outro;	isso	é	o	que	o	faz	ruir
qualquer	relacionamento.
Quando	queremos	mudar	alguém,	significa	que	pensamos	que	esta	pessoa	é
errada.	Entretanto,	isso	desonra	a	família	a	que	pertence.	Ao	criticar,	ao	querer
mudar,	desonra	a	família	de	origem	de	seu	parceiro.	O	cônjuge	jamais	pode
mudar,	porque	mudar	significaria	perder	a	dignidade,	significaria	separar-se	de
sua	família	de	origem,	significa	deixar	de	ser,	de	fazer	a	tarefa	que	lhe	é
designada	para	que	pertença	(pobre,	doente	ou	infeliz).	Nunca	deixamos	de	ser
leais,	porque	lealdade	significa	pertencimento.
Não	existe	exercício	espiritual	maior	do	que	casar-se	e	ter	os	seus	filhos.	Quem
tem	um	relacionamento	conjugal,	tem	mais.	Mais	desafios,	mais	aprendizados,
mais	oportunidades,	mais.	Um	solteiro	tem	sempre	menos,	menos	um	pouco.	E
um	casal	que	tem	filhos,	tem	ainda	muito	mais,	muito	mais	força.	Uma	pessoa
que	tem	filhos	é	mais,	serve	mais,	oferece	mais	e	então	recebe	mais.	Uma	cliente
disse	certa	vez:	“meu	orçamento	era	tão	apertado,	eu	nunca	imaginava	que	seria
suficiente	para	mais	nada.	Entretanto,	quando	nosso	filho	nasceu,	o	milagre	veio:
o	dinheiro	era	mais	que	suficiente	para	mim,	era	suficiente	para	nós	dois.	Parece
existir	um	tipo	de	providência	divina	que	vem	junto	com	nossos	filhos	que	provê
a	nós,	pais,	do	que	é	necessário	para	ampará-los	e	servi-los.”
OS	SINTOMAS,	os	sofrimentos	pedem	sempre	uma	reconciliação,	uma
reconciliação	com	os	pais	e	tudo	o	que	isso	significa.
Então	quando	um	cônjuge	toma	o	outro,	ele	precisa	estar	reconciliado	com	os
próprios	pais	para	tomar	as	bênçãos	deles	e	tomar	o	outro	com	os	seus	próprios
pais.	Por	isso	está	escrito	“deixará	o	homem	seu	pai	e	sua	mãe	e	unir-se-á	à	sua
mulher”	(Mc	10:7).	Aqui	sabemos	que	deixar	significa	liberar-se	dos
julgamentos,	significa	crescer,	significa	parar	de	implicar,	significa	esperar,
significa	criar	o	novo.	Porque	só	quem	deixa	pode	tomar.
Deixar	não	quer	dizer	abandonar	os	pais	-	uma	atitude	de	profunda	desonra	-	ou
libertar-se	deles	-	um	ato	impossível,	pois	um	filho	só	existe	por	causa	de	seus
pais.	Deixar	pai	e	mãe	significa	simplesmente	considerar	um	ciclo	relacional
completo	-	o	período	vivido	na	família	de	origem	-	para	iniciar	outro	-	a	própria
família.	Este	ato	altera	todo	o	sistema,	pois	novas	conexões	serão	formadas.	O
novo	casal	conectará	dois	sistemas	familiares	diferentes	que	partilharão	os
destinos,	que	influenciarão	as	histórias	que	começam	a	ser	escritas	a	partir	de
então.	Por	isso,	em	certo	sentido	está	certo	quando	se	diz:	“você	não	se	casa
apenas	com	seu	cônjuge,	mas	com	toda	a	família”.
O	sucesso	em	um	relacionamento	conjugal	depende	exclusivamente	de	tomar	os
próprios	pais,	ou	seja,	tomar	o	essencial	deles	-	a	vida	que	fluiu	deles	para
formar	você.	Depende	de	crescer,	tornar-se	adulto,	assumir	a	condição	de
responsabilizar-se	pela	própria	vida:	“Se	algo	me	faltou,	agora	eu	faço.”
Compreender	que	os	pais,	antes	de	tudo	são	humanos	e	estão,	assim	como	os
filhos,	a	serviço	do	destino	de	seus	sistemas.
Geralmente	é	o	inverso	disso	que	acontece:	“Eles	não	me	deram	amor,	atenção,
tempo	e	segurança,	então	agora	você	me	dá.”	Ninguém	pode	dar	a	alguém	o	que
os	pais	deveriam	dar,	a	não	ser	a	própria	pessoa.	Só	ela	tem	acesso	aos	seus	pais.
Quando	ouvimos	“você	tem	que	se	libertar	dos	seus	pais”,	deveríamos	apagar	a
frase.	Dizer	isto	é	o	mesmo	que	dizer:	“arranque	o	seu	braço	que	este
reumatismo	não	vai	mais	lhe	incomodar.”	Todo	o	nosso	ser	reage	de	modo
rápido	e	preciso	perante	uma	incoerência	desta.	Por	mais	que	se	reclame	dos
pais,	os	filhos	amam	os	seus	pais	e	precisam	deles.
Naturalmente	percebemos	na	alma	uma	sensação	de	culpa,	necessidade	de	nos
afastarmos	de	quem	os	critica	e,	se	temos	alguma	liberdade	com	essa	pessoa,
entramos	em	conflito	com	ela.	Por	isso,	muitos	cônjuges	têm	conflito,	porque
um	diz	ao	outro:	“Faça	melhor,	capriche.	Como	você	é	descuidado!	Nossa…
você	é	igualzinho	seu	pai!”	Deste	modo,	nem	um	e	nem	outro	ficam	livres	para
ser	o	algo	mais.	Somos	o	pai,	a	mãe	e	algo	mais,	nesta	ordem.	Enquanto	não
tomamos	o	pai	e	a	mãe,	enquanto	não	os	honramos,	não	podemos	ser	o	algo
mais.	A	depressão	é	um	vazio,	vazio	do	pai	ou	da	mãe	e	do	algo	mais.
Um	relacionamento	conjugal	proporciona	a	oportunidade	do	exercício	do	amor
do	coração,	do	querer	bem	ao	outro,	incondicionalmente,	pelo	que	é	e	dedicar-se
à	felicidade	do	outro	porque	se	é	feliz.	Hellinger	disse	certa	vez:	anote	vinte
pecados	que	você	desculparia,	multiplique	por	três	e	aumente	mais	alguns.
Assim,	irá	verdadeiramente	usufruir	e	ter	felicidade	em	seu	relacionamento.
O	maior	espelho	é	o	outro:	o	que	admiramos	ou	o	que	não	gostamos	mostra
muito	mais	quem	somos	do	que	aquilo	que	o	outroé.	Oportunidades	de
crescimento.	Decidir	por	conhecer-se,	cuidar	do	outro,	realizar	um	propósito,
caminhar	lado	a	lado,	só	é	possível	para	adultos.	Numa	sociedade	infantilizada,
onde	o	prazer	está	em	primeiro	lugar	e	a	cultura	do	descarte	rápido	cada	vez
mais	vigente,	as	pessoas	são	privadas	desta	oportunidade	maravilhosa	de	uma
vida	de	companheirismo,	de	prazer,	de	crescimento,	respeito	e	maturidade.
Jirina	Prekov	também	nos	convidou,	em	um	seminário,	a	refletir	sobre	este	tema:
qual	a	maior	fome	de	um	ser	humano?	E	nos	fez	perceber	que	nossa	maior	fome
é	a	de	sermos	aceitos	exatamente	pelo	que	somos.	Que	somos	suficientes,	que
não	seremos	abandonados	apesar	de	não	sermos	perfeitos.
Em	uma	cerimônia	de	casamento,	digo	sempre,	a	única	exigência	deveria	ser:
todos	descalços.	Principalmente	os	noivos.	Porque,	para	uma	vida	conjugal
suficientemente	feliz,	se	faz	necessário	considerar	que	o	destino	do	outro	é
sagrado.	Que	uma	relação	pressupõe	cuidado,	sensibilidade,	ternura,	rigor.	A
história,	a	vida	de	uma	pessoa	é	construída	a	um	preço	que	não	é	possível
descrever.	Por	isto,	diante	do	outro,	reverência.	Sem	julgamento,	sem	orgulho,
sem	salto	alto.	Humildade.	Assim	é	possível	prosseguir.
O	amor	não	é	romântico.
O	amor	é	exigente.
As	frases	numa	cerimônia	seriam:
“Eu	tomo	a	você	e	tudo	o	que	une	a	mim	a	você.”
“Concordo	com	seus	pais,	seus	hábitos,	características,	comportamentos,
destino,	antepassados,	futuro.	Concordo	e	honro.”
E	o	relacionamento	só	será	bem	sucedido	se	estas	frases	puderem	ser	ditas	com
toda	verdade,	de	todo	o	coração.	As	separações	tantas	vezes	vivenciadas	com
tanta	dor,	aconteceram	e	acontecem	pela	ausência	do	compromisso	mútuo	com	a
verdade	destas	declarações,	as	quais,	ainda	que	não	tenham	sido	proferidas,	são
princípios	que	sustentam	qualquer	relacionamento	conjugal.
CAPÍTULO	IX
SINTOMAS	E	DOENÇAS	–
O	QUE	CURA	E	O	QUE	FAZ	ADOECER
Um	sintoma	é	um	caminho.
A	cura	é	uma	jornada.
SER	SAUDÁVEL	É	UMA	CONSEQUÊNCIA,	É	UM	EFEITO.
É	um	efeito,	sobretudo	de	amar	o	sintoma,	de	“concordar”	com	ele.	Lembre	do
significado	de	concordar,	já	mencionado	anteriormente	neste	livro.	Todo	sintoma
traz	uma	mensagem,	um	sintoma	é	um	anjo,	é	um	mensageiro.	Quando
“brigamos”	com	o	sintoma,	ele	pode	temporariamente	desaparecer,	mas	esse
mensageiro,	esse	anjo,	tem	uma	qualidade:	não	desiste,	é	perseverante.	Ele	faz
de	tudo	para	a	mensagem	chegar	ao	destinatário,	ele	se	disfarça	muitas	vezes	de
várias	roupagens,	mas	é	o	mesmo	anjo,	é	o	mesmo	mensageiro,	é	a	mesma
mensagem.
No	início	pode	ser	em	forma	de	resfriado.	A	mensagem	precisa	ser	entregue,
então	ela	chega	na	forma	de	um	sintoma.	Contudo,	o	destinatário	diz	“vou	tomar
um	comprimido	e	logo	desaparece”.	Só	o	resfriado	que	desaparece,	pois	o
mensageiro	permanece,	ela	dá	meia	volta	e	dali	a	algum	tempo,	quem	sabe,
aparece	uma	tosse.	O	destinatário	diz:	“agora,	bastam	três	comprimidos	e	eu	já
resolvo	tudo	isso”.	E,	aparentemente,	resolve.	Mas	o	anjo,	mensageiro,	o
sintoma	retornará…	Depois	de	um	tempo,	pode	surgir	um	reumatismo	e	talvez,
neste	momento,	aumente	a	dose:	“sete	comprimidos	e	isso	já	se	resolve”.	Ledo
engano,	não	se	resolve.	Então	a	pessoa,	o	destinatário	diz	“ah,	é	assim	mesmo”,
e	adapta	a	sua	vida	ao	sintoma.
COMO	SE	FOSSE	MÁGICA
MUITAS	VEZES	ocorre	algo	assim,	como	um	filme,	algo	mágico:
“…	um	dia	algo	acontece,	ou	porque	ele	foi	à	igreja,	ou	lendo	um	capítulo	de	um
livro,	encontrado	num	banco	de	aeroporto,	ou	quando	está	cantando,	dançando,
ele	tem	uma	sensação	incrível,	agora	sim,	teve	um	milagre.	Nem	um,	seis,	sete
comprimidos.	Algo	incrível	aconteceu,	inexplicável,	sem	receita.	Essa	pessoa
sabe	que	está	curada,	mas	o	que	a	curou	é	impossível	de	ser	descrito.	Não	é	a
oração,	não	é	o	conhecimento,	não	é	o	canto	e	não	é	a	dança.	É	algo
extraordinário	que	aconteceu	com	o	seu	ser,	que	excede	a	qualquer
entendimento.	A	pessoa	e	“seu	anjo”	respiram	aliviados	e	felizes,	tornando-se
uma	unidade.	O	sintoma	está	integrado,	coordenado,	ele	é	agora	“dentro”,	essa
parte	excluída	é	agora	pertencente.	Algo	tornou-se	completo!	Uma	cura
aconteceu.”
O	primeiro	sinal	de	uma	doença	é	quando	a	pessoa	sente-se	bem	e
desconfortável	ao	mesmo	tempo,	é	comum	esta	frase:	“não	sei	o	que	há
comigo”.	Isso	significa	que	ela	já	está	doente,	“não	sei	o	que	há	comigo”	é	sinal
de	exclusão,	tem	algo	pedindo	para	ser	incluído,	percebido.	Algo	pedindo	para
tornar-se	completo.	O	que	precisa	ser	incluído	para	o	bem-estar	tornar-se
presente?
O	caminho	para	a	saúde	é	incluir-se.	Todo	sintoma	significa,	em	primeiro	lugar,
uma	autoexclusão.	Alguns	médicos	sabem	bem	disso	e	perguntam	aos	seus
clientes:	“O	que	se	passa	com	você?	Quero	que	você	medite	como	está	sua	vida;
onde,	na	sua	vida	o	amor,	o	humor	e	a	alegria,	precisam	estar	mais?”.
Uma	doença	também	pede	para	trilharmos	um	segundo	caminho,	o	caminho	da
ordem.	É	fundamental	para	curar-se,	reordenar.	Não	somente	tarefas,	mas
principalmente	a	missão	e	o	propósito,	nem	sempre	o	quê,	mas	sempre	o	como.
E	quando	acontece	uma	cura	verdadeira,	existe	um	sinal,	e	o	sinal	é	uma	frase
dita	espontaneamente:	“eu	sou	outra	pessoa”	e	tem	sempre	um	sorriso	junto	a
isso.
Já	o	terceiro	caminho	para	a	cura	é	um	caminho	que	os	orientais	conhecem
muito,	o	caminho	da	gratidão	e	da	generosidade.	Gratidão	e	generosidade	são
partes	essenciais	desse	caminho.	Um	sintoma	aparece	quando	violamos	essa
ordem	de	ajuda,	quer	seja	quando	exigimos	mais,	quando	oferecemos	demais,	ou
simplesmente	quando	damos	as	costas,	desqualificando	tudo	de	bom	que	nos	é
dado.	Na	abordagem	sistêmica,	chamamos	esse	caminho	de	“equilíbrio	entre	o
dar	e	o	receber”	ou	princípio	da	compensação.
UM	SINTOMA	é	uma	bênção,	é	a	vara	e	o	cajado	do	pastor	sendo	usados	para
tanger	a	ovelha	a	fim	de	que	retorne	ao	seu	lugar	seguro,	é	uma	oportunidade	de
voltar	para	casa,	é	uma	oportunidade	de	ampliar	a	presença.	Este	termo	-
presença	-	é	o	mesmo	empregado	por	Eckhart	Tolle,	em	seu	livro	“O	Poder	do
Agora”	(2003,	p.	94).	Ali,	o	autor	discorre	sobre	o	que	chama	de	“estado	de
presença”	e	explica	que,	em	certo	sentido,	o	estado	de	presença	poderia	ser
comparado	à	espera	cuja	analogia	Jesus	empregou	em	algumas	das	suas
parábolas.	Não	se	trata	da	habitual	espera	enfadonha	ou	inquieta,	uma	recusa	do
presente.	Não	é	uma	espera	na	qual	a	atenção	tem	seu	foco	nalgum	ponto	do
futuro	e	o	presente	é	percebido	como	um	obstáculo	indesejável	que	nos	impede
de	alcançar	o	que	desejamos.	Existe	um	tipo	de	espera	que	requer	prontidão
total.	Alguma	coisa	pode	acontecer	a	qualquer	momento	e,	se	não	estivermos
absolutamente	acordados	e	calmos,	vamos	perdê-la.
Um	sintoma	sempre	é	um	caminho	que	se	abre	na	direção	de	um	tesouro.	Curar-
se	significa	tornar-se	mais	por	meio	do	menos.	Para	que	a	cura	aconteça	é
fundamental	desapegar-se;	desapegar-se	dos	medos,	dos	pensamentos,	das	ideias
-	todos	carregados	do	peso	do	julgamento	-	e	poder	perceber	o	que	é.
Simplesmente	perceber	o	corpo	como	um	sistema,	ouvir	o	que	ele	precisa;	ouvir
a	si	mesmo	como	um	grande	sistema	genético,	emocional,	familiar	e	perceber
qual	a	tarefa	aqui,	qual	a	oportunidade	de	aprendizado	há	naquele	sintoma.
A	medicina	sabe	um	pouco	deste	princípio	quando	diz:	“você	precisa	diminuir	o
sal,	o	açúcar,	a	ingestão	de	álcool,	de	carboidratos,	a	quantidade	de	trabalho,
etc.”,	porém,	somente	isso	não	cura.
É	preciso	atuar	em	nível	de	identidade	e	criar	mudanças	no	ser.	Por	exemplo,	ser
menos	preocupado,	menos	apegado,	menos	exigente,	menos	vítima	-	tomar	a
vida,	a	sua	vida	e	viver,	simplesmente	viver	e	vivê-la	com	aquilo	que	é	exclusivo
dela	e	não	da	vida	de	outros.	A	cura	chega	quando,	a	partir	do	movimento	de
soltar,	é	possível	a	condição	extraordinária	de	tomar.	Um	sintoma	sempre	pede
uma	mudança,	quem	tem	um	sintoma	tem	um	pedido	do	corpo	para	mudar	algo.
O	que	é	preciso	mudar	aqui,	que,	se	acontecer,	o	sintoma	se	transforma	em
saúde,	o	sintoma	se	transforma	em	força	e	recurso.	O	quê?	O	quê?	Para	que	a
cura	aconteça,	as	transformações	precisam	ir	além	das	intervenções	no	ambiente
e	das	intervenções	no	comportamento.

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