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RESUMO LEITURAS OBRIGATÓRIAS UFRGS VESTIBULAR 2022

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RESUMO LEITURAS OBRIGATÓRIAS UFRGS
VESTIBULAR 2022
ISABELA FIGUEIREDO
Caderno de memórias coloniais
Lourenço Marques (atual Maputo) em Moçambique, é o cenário das memórias de
Isabela Figueiredo. Além da cidade e do país como cenários físicos destas memórias,
a autora nos apresenta seus sentimentos sobre o período de “colonização” e
descolonização portuguesa por lá. Isabela é filha de colonos portugueses e nascida
em Lourenço Marques. Com a descolonização (1975) voltou a Portugal, deixando
para trás suas raízes, histórias e seus pais, tornando-se uma “retornada”. Ao longo
das páginas deste livro nos deparamos com um relato cru, sarcástico e sentimental
sobre as percepções da menina Isabela no período colonial e posteriormente do seu
retorno a Portugal na casa da avó e o choque de realidade vivenciada.
Acompanhamos, através da visão desta criança, o racismo, as dificuldades
enfrentadas pela população negra de moçambique com o trabalho escravo, já que os
negros eram irremediavelmente mau pagos pelos colonos. Junto com a Isabela
criança, nos damos conta da separação entre brancos e negros, bem como dos
brancos usando de sua força e suposta superioridade para subjugar as mulheres
negras a seus prazeres – “Os brancos iam às pretas”. A criança Isabela, não podia
brincar com as crianças negras. A não ser que fosse escondido. Não podia ter
costumes de negros, como andar descalça por exemplo, a não ser que fosse
escondido. A menina Isabela, apesar de ser natural de Lourenço Marques, era branca
e isso fazia toda a diferença. O livro é também um passar a limpo todo o amor e
desamor da autora por seu pai, visto que ao longo de sua vida e das percepções que
foi tendo sobre a “colonização” em África pelos Portugueses, passou a confrontar as
ideias de seu pai, colonizador e racista até sua morte. Falando sobre suas memórias,
que tem o pai como centro da narrativa, Isabela provoca a nossa percepção para
Camila Consi
como as ações particulares de seu pai fazem parte e participam de uma perspectiva
maior de brutalidade e dominação. Patriarcal, machista e escravagista.
CHICO BUARQUE
Construção (Álbum)
Liricamente, o álbum é carregado de críticas ao regime militar vigente, principalmente no
que concerne à censura imposta pelo governo ("Cordão") e pelo estado indigno no qual as
condições individuais se encontravam no país ("Construção"), além de algumas canções
mais clássicas e pessoais ("Valsinha" e "Minha História"). O disco marca o aguçamento da
vertente crítica da poética do autor. Se antes ele harmonizava Bossa Nova com
composições veladamente críticas à ditadura brasileira, em "Construção" o cantor
mostrou-se mais ousado - como indica os versos iniciais de "Deus lhe Pague", faixa que
abre o LP ("Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir"). Em "Samba de Orly",
parceria com Toquinho e Vinicius de Moraes, Chico canta abertamente sobre o exílio - o
que fez com que a canção fosse parcialmente censurada. A faixa-título é uma crítica sobre
um homem que trabalhou arduamente até sua morte. Não faltaram também o lirismo
característico do artista, como demonstrado em "Olha Maria" e "Valsinha". O álbum
conta com arranjos de Magro, então integrante do grupo MPB-4, e do maestro Rogério
Duprat.
"Construção teve uma criação que esteve condicionada ao país em que eu vivi. Existe
alguma coisa de abafado, pode ser chamado de protesto, e eu nem acho que eu faça
música de protesto....mas existem músicas que se referem imediatamente à realidade
que eu estava vivendo, à realidade política do país. Até o disco da samambaia (Chico
Buarque, 1978), que já é o disco que respira, o disco onde as músicas censuradas
aparecem de novo. Enfim, a luta contra a censura, pela liberdade de expressão, está
muito presente nesses cinco discos dos anos 70." Chico Buarque sobre a construção
do álbum.
Camila Consi
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_no_Brasil_(1964%E2%80%931985)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minha_hist%C3%B3ria_(Chico_Buarque)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bossa_Nova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Toquinho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vinicius_de_Moraes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constru%C3%A7%C3%A3o_(can%C3%A7%C3%A3o_de_Chico_Buarque)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Magro_(MPB4)
https://pt.wikipedia.org/wiki/MPB-4
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rog%C3%A9rio_Duprat
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rog%C3%A9rio_Duprat
CONCEIÇÃO EVARISTO
Ponciá Vicêncio
Título: Ponciá Vicêncio
Autora: Conceição Evaristo
Ano de publicação: 2003
Nacionalidade: Brasileiro
Foco narrativo: 3° pessoa
Movimento literário: Literatura afro-brasileira contemporânea
A obra narra a vida de Ponciá Vicêncio, em flashbacks, desde sua infância até a idade
adulta. Ela nasceu na vila chamada Vicêncio, no interior do Brasil. Era um local de
população formada por descendentes de escravos cujos proprietários da terra eram a
Família Vicêncio. Lá, os nascido herdaram esse sobrenome e era onde todos
moravam e trabalhavam.
Sua mãe era Maria Vicêncio e trabalhava com o artesanato de barro, assim como
Ponciá. Seu pai e seu irmão trabalhavam na lavoura da família Vicêncio. Ponciá, que
brincava de passar por debaixo do arco-íris com medo de mudar de sexo (crendice
popular), era diferente desde a infância; principalmente pela semelhança física com o
avô Vicêncio.
Na época em que ele era escravo, teve um momento de loucura e indignação com a
escravidão. Acabou matando a esposa e tentou suicídio. Fê-lo cortando o braço, mas
não morreu, restando-lhe um cotoco. Ponciá imitava o avô desde pequena, apesar de
ele ter falecido quando ela era uma criança de colo. Ela sempre modelava um boneco
de barro como ele e todos se espantavam com isso, dizendo que ela “carregava a
herança do avô”. A obra Ponciá Vicêncio é o primeiro romance de Conceição Evaristo
e nela são narrados os problemas do cotidiano das mulheres afrodescendentes, sob
um ponto de vista claramente feminino e negro.
Camila Consi
Esta obra contrapõe a tese segundo a qual a escrita dos descendentes de escravos
estaria restrita ao conto e à poesia. Além disso, estabelece uma visão crítica sobre o
abolicionismo do século XIX e até se assemelha com obras do negrismo modernista
de Jorge Amado ou José Lins do Rego.
Em toda a prosa há a forte presença da linguagem poética, ela narra os pequenos
acontecimentos do cotidiano, mas com um olhar que transcende o automatismo das
coisas do dia-a-dia. Assim, olha-se com a essência da poesia.
É um texto marcado pela etnicidade cultural da voz. Quem fala é um sujeito étnico,
com as marcas do preconceito carregadas e sentidas na pele, percorrendo o passado
em contraponto com os mitos de cordialidade e democracia racial.
Já de início o sobrenome “Vicêncio”, que provém do antigo dono da terra, era uma
marca de subalternidade. Assim, denuncia a ausência de um dos direitos de
cidadania, para aqueles descendentes de escravos.
O relato estende-se pelo penoso caminho de vazios e derrotas. Nele, menina ou
mulher, vai sendo alijada dos entes queridos e de tudo o que possa significar
enraizamento identitário. Ponciá até chega a cair na letargia que a faz perder-se de si
mesma. Mas como carrega a força de seus ancestrais, ainda que no fundo poço,
consegue voltar às suas origens.
AMÍLCAR BETTEGA
Deixa o quarto como está
Amílcar Bettega Barbosa, nome de destaque da atual safra de ficcionistas brasileiros,
contrariando a tradição realista de nossa prosa ficcional, em "Deixe o quarto como
está" tomou o caminho da narrativa fantástica. Neste seu segundo livro se firma
como um dos mais talentosos contistas brasileiros. A maioria dos contos de "Deixe o
quarto como está" é pautada pelo insólito. A escrita elegante, a leveza e o diálogo
Camila Consi
entre poesia e prosa lembram o estilo de Murilo Rubião, outro que fez da espera e do
cansaço matéria-prima da ficção.
Recriando o fantástico com uma escrita peculiar, mesclada de lirismo e certa
melancolia, aliada ao humor cáustico que percorrecada página, Amílcar deixa o
leitor sempre a meio caminho entre a realidade e o sonho, apostando sobretudo nos
detalhes, nas minúcias do cotidiano, sob as quais se escondem mundos
inimagináveis.
A narrativa pop-surrealista de Amílcar Bettega é marcada por um grande domínio
técnico e esteticamente se filia ao chamado realismo mágico, estabelecendo uma
intertextualidade com o escritor argentino Julio Cortázar, em que acontecimentos
inesperados tomam conta do contexto de forma "realista".
Amílcar segue caminho próprio dentro da nova literatura brasileira, construindo
uma obra que se mantém ligada através de personagens à procura de um sentido
para se viver num mundo cada vez mais caótico de sentidos e significados. A lógica
cotidiana abre espaço para estranhos eventos, que passam a impor suas próprias
regras configurando uma nova realidade.
As situações mais absurdas são descritas com naturalidade: Um homem toma um
trem para sair da cidade, mas não consegue deixar o perímetro urbano. Outro
personagem acorda em seu quarto e percebe que está acompanhado de um crocodilo.
Uma casa redesenha a própria arquitetura como se estivesse viva.
Os contos "Auto-retrato", "Aprendizado" e "Para salvar Beth", se aproximam da
ficção realista. "Hereditário", "O crocodilo", "O rosto", "O encontro" - adentram
mundos insólitos como inquietantes fantasias kafkianas narradas com o humor sutil
de um cineasta surrealista.
Invariavelmente, o que impressiona é a habilidade de Bettega em enredar o leitor
como cúmplice na construção de estranhos, oníricos e delirantes universos.
Camila Consi
ADÉLIA PRADO
Bagagem
Bagagem é o livro de estreia da poeta mineira Adélia Prado e foi publicado pela
primeira vez em 1976, após indicação de Carlos Drummond de Andrade. O renomado
poeta, também mineiro, ficou entusiasmado com o estilo e a sensibilidade da
escritora — que contrasta a leveza com a força, mesclando versos sutis e rimas doces
com reflexões e sentimentos profundos.
A obra é repleta de poemas que, segundo a própria autora, nasceram não só de um
processo criativo, mas também de experiências pessoais regadas de tristeza,
sofrimento e angústia. Além disso, a temática religiosa é muito recorrente no livro, já
que a poeta retrata a fé como um pilar da vida e da humanidade. Essa relação com a
religiosidade não está restrita às questões de sagrado e de divindade, estende-se
também para uma análise do bem e do mal, do lado bom e do lado ruim das coisas.
Em Bagagem, os poemas estão distribuídos em cerca de 150 páginas, dependendo da
edição do livro. Segundo a autora, a obra foi escrita em um período de grande
inspiração criativa, com versos que são descargas emocionais despejadas no papel.
Muito autocrítica, Adélia Prado chegou a afirmar que sua produção não tem valor
literário, são apenas experiências.
A obra traz temáticas variadas, abordando o amor, as dores, as angústias, o chamado
à poesia e à vocação poética. Pode-se perceber que a combinação dos contrários
(amor e ódio, tristeza e alegria, sagrado e profano) e a afirmação da condição
feminina da autora estão presentes em todo o livro. Quanto à estrutura, o livro está
dividido em 5 partes: O modo poético; Um jeito de amor; A sarça ardente I; A sarça
ardente II; e Alfândega.
Análise da obra
Camila Consi
Apresentado de forma sutil e um leve erotismo, o amor é um dos temas centrais da
obra. Outro tema que ganha destaque é a família, visto que muitos poemas falam
sobre o amor materno, a relação entre irmãs, o convívio entre pai e filha, neta e avós,
marido e mulher.
Nessa abordagem das relações pessoais, surge a questão da memória. Muitas linhas
são dedicadas ao saudosismo, tratando com muito lirismo o passado. A autora
também discorre sobre ações do cotidiano e sobre a condição feminina. Além disso,
está presente a metalinguagem ou, nesse caso específico, a metapoesia: uma parte
inteira destinada a falar sobre o ato de escrever e a vocação de ser poeta.
Quanto à linguagem, Adélia Prado opta por uma escrita simples, sem palavras
sofisticadas nem métricas complicadas, mas com um forte posicionamento sobre o
ser mulher e escritora, que pode ser lido, muitas vezes, como feminista. Nesse
sentido, inclusive, é que alguns de seus poemas vão dialogar com textos de vários
escritores.
Bagagem explora bastante a intertextualidade, dialogando com escritores como
Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves, Camões, Fernando Pessoa, Manual
Bandeira e até João Guimarães Rosa.
Entretanto, sua maior inspiração é o poeta Carlos Drummond de Andrade. Adélia
chega até a citar frases do autor, como acontece em Com licença poética, que tem
uma passagem do Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade. Adélia
traz a visão feminina para a poesia de Drummond, como pode ser visto no poema
Agora, Ó José, que faz uma alusão ao texto “E agora, José?.”
GRACILIANO RAMOS
São Bernardo
A perda da humanidade
Camila Consi
Publicado em 1934, “São Bernardo” é tido como um dos maiores representantes da
segunda fase do Modernismo brasileiro. Nos anos conturbados das décadas de 1930
e 40, com crises econômicas, sociais e políticas em todo o mundo, os artistas
voltaram-se para as temáticas sociais. No Brasil, os romances dessa época tinham um
caráter regionalista, tratando principalmente dos problemas do Nordeste do país,
tais como a seca, os retirantes, a miséria e a ignorância do povo.
Porém, apesar do pano de fundo de “São Bernardo” ser os problemas do sertão,
Graciliano Ramos foi muito além disso, criando uma obra com uma densa carga
psicológica. Para alcançar sua ascensão social, Paulo Honório abre mão de sua
humanidade. Endurecido pelas dificuldades do meio onde vive, ele se torna um
homem rude, bruto e violento.
Narrado em primeira pessoa, todo o romance irá se desenvolver centrado em dois
planos diferentes: o Paulo Honório narrador e o Paulo Honório personagem. Esses
planos ficam evidentes através do tempo verbal utilizado na narrativa: o Paulo
Honório narrador é demarcado pelo uso do tempo presente; já o Paulo Honório
personagem é demarcado pelo tempo pretérito. O narrador irá se debruçar sobre seu
passado, tentando entender a si mesmo, ao mundo e como ele se relaciona com esse
mundo exterior.
O narrador expõe no primeiro capítulo como ele planejava contar sua história,
delegando funções para pessoas mais cultas. Porém, Paulo Honório descobre que
este método de escrita é falho, pois ninguém falava da forma como estava escrito e
ele não se via representado ali. A partir de então, ele mesmo resolve tomar a frente e
escrever suas próprias lembranças. Através desse processo metalinguístico de
exposição do projeto de escrita do livro, coloca-se o próprio ato de escrever em
discussão. Porém, ao contrário do que se pode imaginar, a linguagem utilizada na
narrativa não é desconexa e nem tosca. Pode-se dizer, então, que há uma certa
inverossimilhança na obra, pois como um homem rústica que se diz quase
Camila Consi
analfabeto, iria escrever um texto tão bem escrito? Mas, apesar de esta crítica ser
pertinente, observa-se que a linguagem utilizada é extremamente enxuta e direta, o
que, além de ser típica do estilo do próprio Graciliano Ramos, combina com Paulo
Honório. De origem humilde, Paulo Honório não mediu esforços para conseguir sua
ascensão social, utilizando muitas vezes de meios antiéticos, como ameaças,
assassinato e roubo. Sua visão de mundo é totalmente centrada em uma relação de
poder entre “opressor” e “oprimido”. Para ele, o que importa é “ter”. Essa visão de
mundo entra em choque com a de sua esposa, Madalena, que é da esfera do “ser”, ou
seja, ela não se preocupa com posses, mas com a qualidade e dignidade humanas.
Por fim, Paulo Honório não consegue compreender o mundo entra em choque com a
de sua esposa, Madalena, que é da esfera do “ser”, ou seja, ela não se preocupa com
posses, mas com a qualidade e dignidade humanas. Por fim, Paulo Honório não
consegue compreender o mundo de sua esposae a acusa de infiel e “subversiva”; por
sua vez, Madalena não consegue resgatar Paulo Honório de sua desumanidade. Sem
sua esposa e abandonado também pelos amigos, Paulo Honório assume em partes
seus erros que levaram à tragédia que se abateu sob a fazenda São Bernardo. Porém,
ele joga a culpa de seu endurecimento, de sua perda da humanidade no ambiente em
que vive.
LYGIA FAGUNDES TELLES
As Meninas
É uma das obras-primas da escritora brasileira Lygia Fagundes Telles. O romance foi
publicado em 1973, durante a ditatura militar, período em que não se podia falar
sobre qualquer assunto que envolvesse sexo, drogas e política. E daí? Lygia falou
disso e mais um pouco ao dar vida a um romance corajoso, com as personagens
Lorena, Lia (Lião) e Ana Clara (Ana Turva). Lorena, Lia e Ana Clara são as
personagens do romance, o qual transparece tanto complicações, desequilíbrios e
Camila Consi
perversões das meninas quanto da própria sociedade da época, que vivenciava o
período ditatorial.
Lorena é de família rica; sonha em se casar, pensa muito em fazer sexo, embora
ainda seja virgem; é apaixonada por M.N, um médico casado e que tem cinco filhos;
ouve muitos discos; ama estudar Latim e ler; cursa Direito.
Lia é uma baiana filha de um alemão que fugiu do nazismo; coloca-se como
militante de esquerda; sonha com uma grande revolução; busca lutar na linha de
frente contra o regime político opressivo; cursava Ciências Sociais; já teve suas
relações sexuais e amorosas, inclusive com uma mulher; no momento da narrativa é
apaixonada por Miguel, preso político, e sonha em encontrá-lo na Argélia, onde
poderão viver livres.
Ana Clara, também chamada de Ana Turva, uma das personagens mais complexas; é
muito bonita e ruiva; já sofreu abusos sexuais; é viciada em drogas; bebe muito;
sonha em ficar rica e sair em capas de revistas; envolve-se em um relacionamento
com um homem rico que ela chama de Escamoso, de quem é noiva; ao mesmo
tempo, tem um relacionamento com Max, traficante de drogas; estudava Psicologia,
mas largou o curso.
Parece que há uma certa força, repleta de amor e vontade de viver intensamente, que
une as amigas, as quais moram em um pensionato de freiras. Todas sem família por
perto, em um período feroz da política brasileira e, desse modo, a amizade é uma
rede de força entre elas. As meninas são distintas e elas sabem disso. Muitas vezes,
uma faz crítica ao modo de vida da outra, mas, por fim, sabem que juntas podem
estar amparadas e cuidadas, mesmo em momentos de maior criticidade e tristeza,
em uma sociedade perversa e reprimida.
Camila Consi
Embora as meninas pareçam complexas, elas nada mais são do que representações
de seres humanos com seus problemas, dúvidas próprias, medos e sonhos. Seres com
vontade de viver. E é isso que defende a escritora:
Parti da realidade para a ficção. Sei que em estado bruto as minhas meninas existem,
estão por aí. Como ponto de partida tomei-as assim meio informes, sem
características mais profundas, os traços ainda indefinidos: vieram como nebulosas.
Tomei-as e fui trabalhando em cada uma, lenta e pacientemente, sou lenta. Afinal,
tudo somado, creio que durante três anos convivi intimamente com essas três
(TELLES, 2012, p. 313).
MARCELO RUBENS PAIVA
Feliz Ano Velho
Feliz Ano Velho, de Marcelo Paiva, é uma obra autobiográfica que causou impacto
nacional, em sua época. Nela, Marcelo conta como sua vida mudou do dia para a
noite, após um acidente que o deixou tetraplégico. Narra sobre a força de vontade em
se recuperar e o apoio dos amigos.
Título: Feliz Ano Velho
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Ano de publicação: 1982
Nacionalidade: Brasileiro
Foco narrativo: Primeira pessoa
Movimento literário: literatura brasileira contemporânea
Camila Consi
Marcelo era um jovem de 20 anos que vivia numa república com seus amigos,
estudava engenharia na Unicamp e tinha uma vida de farras, com muitas mulheres.
Ele também amava música, tinha uma banda, junto com o seu amigo Cassy, e já
participara de concursos, a música fazia parte dele. Sua família era de boa condição e
a única memória triste que sempre o acompanhava era a de seu pai, desaparecido em
meio a ditadura militar no Brasil. Certo dia a polícia bateu em casa, levou a mãe, o
pai, a irmã mais velha e após os questionamentos; apenas o pai não retornou. No dia
14 de dezembro, poucos dias antes do Natal de 1979, Marcelo Paiva estava bêbado no
meio de um festejo com os amigos e, numa brincadeira, disse que iria buscar o
tesouro no fundo do lago. Pulou em um “salto do Tio Patinhas”, sem saber que era
raso. Seus amigos viram que ele não submergiu rapidamente e que deveria ter
sofrido um acidente. Tiraram-no do lago, o colocaram de pé e depois o levaram
deitado para um hospital. Não se sabe se o fato de logo ter ficado de pé havia
agravado a situação, fato é que ele havia fraturado a quinta vértebra cervical e
comprimido a medula. Assim, estava tetraplégico, perdera os movimentos abaixo do
Feliz ano velho é o primeiro livro de Marcelo Rubens Paiva, sendo uma autobiografia
escrita aos 26 anos, logo após o seu penúltimo tratamento. Diferentemente de
algumas pessoas que sofrem algo e se fecham, resumindo-se a isso; Marcelo sente
que é preciso lutar.
Assim, a linguagem do texto expressa a irreverência e a determinação, além da
compreensão de que “o futuro é uma quantidade infinita de incertezas”. A narrativa
em primeira pessoa é bastante clara e direta, coloquial, permitindo ao leitor um
rápido envolvimento com a trama.
A história não se detém apenas ao aspecto do acidente ocorrido com o personagem,
mas também, aborda todas as lembranças e reflexões que são levantadas por ele,
trazendo os aspectos externos e internos do humano. Assim, a história tem um teor
muito realista, nos direcionando a pensar em nossos próprios valores e
questionamentos.
Camila Consi
É um livro que dá asas às lembranças e à imaginação, fazendo do trágico uma base
para momentos de humor, ternura e erotismo. Um dos aspectos mais ressaltados,
além da determinação de Marcelo, é a constante presença e auxílio da amizade.
FLORBELA ESPANCA
Poemas: https://www.youtube.com/watch?v=GN9GEZ-StB4
1. Fanatismo;
2. Horas rubras;
3. Eu;
4. Vaidade;
5. Lágrimas ocultas;
6. A minha dor;
7. Suavidade;
8. Se tu viesses ver-me;
9. Ser poeta;
10. Fumo;
11. Frêmito do meu corpo;
12. Realidade;
13. Súplica;
14. Doce certeza;
15. Quem sabe?!...;
16. A Mulher I;
17. A Mulher II;
Camila Consi
https://www.youtube.com/watch?v=GN9GEZ-StB4
18. Amiga;
19. Ódio;
20. Amar!;
21. O maior bem;
22. Neurastenia.
MACHADO DE ASSIS
Papéis avulsos
Papéis avulsos, de Machado de Assis, terceiro livro do escritor Machado de Assis,
em sua fase realista. Foi lançado em 1882. Os textos são decisivos na constituição do
cânone de Machado de Assis. Com esse livro, a narrativa curta é legitimada como
gênero de primeira importância no Brasil. A partir de Papéis Avulsos, onde há uma
reunião de excelentes histórias, percebemos o grande aperfeiçoamento da
linguagem do autor, sendo considerado um momento de ruptura na sua forma de
escrita. A começar pelo título, sugerindo casualidade no arranjo dos escritos, tem-se
a postura sutilmente corrosiva e implacável na representação dos desvios à norma
ou da incapacidade de se estabelecer uma norma para uma sociedade estruturada
em bases contraditórias e violentas, sob uma camada muito tênue de civilidade.
Escritos no mesmo período da renovação de Memórias póstumas de Brás Cubas,
os contos reunidos no volume sistematizam traços estilísticos da forma livre, com
que Machado de Assis inscreve sua obra no grande diálogo internacional da sátira
menipéia, fundada no humor paródico e no relativismo cético.
Em Papéis Avulsos as histórias se armam principalmente em cima do aparecer,
do mostrar aquilo que se quer ser, exposto na trilogia da aparência dominante
formada pelos contos A Sereníssima República, O Segredo do Bonzo e Teoria do
Medalhão.Em Papéis Avulsos, o autor começa a cunhar a fórmula mais permanente de seus
contos: a contradição entre parecer e ser, entre a máscara e o desejo, entre a vida
pública e os impulsos escuros da vida interior, desembocando sempre na fatal
capitulação do sujeito à aparência dominante. Machado procura roer a substância
do eu e do fato moral considerados em si mesmos; mas deixa nua a relação de
dependência do mundo interior em face da conveniência do mais forte. É a móvel
combinação de desejo, interesse e valor social que fundamenta as estranhas teorias
do comportamento expressa nos contos que compõem os "Papéis avulsos"
machadianos.
Camila Consi
MARIA FIRMINA DOS REIS
Úrsula
Em “Úrsula”, a princípio, vemos uma típica história de romance entre uma moçoila e
um rapaz, com direito a todos os intricados vocábulos e diálogos da época. A obra,
afinal, origina-se de 1859, uma época em que o Brasil, apesar de já ser império, ainda
permeava as crueldades da escravidão inteiramente legal. O curioso, entretanto, se
faz pelo retrato e pela abordagem da escravidão brasileira. Talvez pelo papel social da
autora – como mulher e negra -, a maneira com a qual tratou de tal tema se mostrou,
não surpreendentemente, sensível, fácil e fluida. Isso, porém, não fez as críticas e
riscos escritos pela mesma menos perceptíveis e ousados, especialmente numa época
de auge escravista. Por tratar-se de um romance, mesmo com a visão abolicionista
evidentemente presente, a abordagem da escravidão, assim como dos demais
aspectos do livro, agarra-se às questões emocionais tanto das personagens quanto da
leitora. Maria Firmina foi excepcional ao relacionar e humanizar todas as
personagens de forma a conseguirmos entendê-las, apesar da linguagem antiga.
Inclusive, talvez esse seja o principal modo de luta da autora contra a escravidão, isto
é, apresentar os negros e negras como seres humanizados e não como objetos.
WILLIAM SHAKESPEARE
Hamlet
Título: Hamlet (abreviação do original: “A tragédia de Hamlet, príncipe da
Dinamarca”)
Título original: The Tragedie of Hamlet, Prince of Denmarke
Autor: William Shakespeare
Ano de escrita: Entre 1599 e 1601
Camila Consi
https://deliriumnerd.com/tag/escravidao/
https://deliriumnerd.com/tag/personagens/
Nacionalidade: Britânico
Gênero textual: Peça de teatro.
–É nesta obra que Shakespeare escreveu a célebre frase “Ser ou não ser, eis a
questão”; conhecida mundialmente junto à cena do rapaz olhando para uma caveira
e refletindo sobre os dilemas da vida.
–Shakespeare dedicou-se a estudar latim e literatura por muitos anos. Resultado:
mais de 70% da obra está escrita em versos (como poemas e diálogos) e mais de 20%
em prosa. Uma estrutura muito curiosa.
–A peça é a mais longa composta por Shakespeare. Uma encenação comum costuma
durar cerca de 2 horas, contudo, esta peça é composta por 5 atos e quase 30 mil
palavras, o que equivaleria a uma peça de um pouco mais de 4 horas.
–Não está situada especificamente em um movimento literário. A princípio, não
ganhou muito destaque, mas, anos depois, com a chegada do Romantismo, as obras
de Shakespeare se consolidaram mundialmente.
–Acredita-se que a primeira companhia de teatro de Shakespeare iniciou escrevendo
obras inspiradas em contos anglo-saxões antigos. Assim, existem várias “versões
primitivas” com esse enredo, que são a base desta produção final e oficial.
Esta peça de Shakespeare tornou-se mundialmente famosa não só pela sua elaborada
estrutura ou trágico enredo, mas principalmente pelo modo como foi elaborada.
Ao escrevê-la, Shakespeare explora profundamente a condição humana. Trata de
temas polêmicos e relevantes em todas as épocas e sociedades: corrupção, traição,
incesto, vingança e moralidade. Além disso, o faz por meio de uma longa análise
filosófica e psicológica do comportamento, expondo cada sentimento e pensamento
do protagonista. Assim, utilizando-se de uma rica expressão literária e demonstrando
domínio da escrita, brinca entre os limites da sanidade e da sandice, comunicando-se
com o leitor, causando nele muitas impressões e reflexões. Para além do efeito de
interlocução e introspecção, ele utiliza raciocínios aplicáveis até hoje, trazendo um ar
de atemporalidade e fazendo com que a obra atravesse séculos.
Camila Consi
Camila Consi

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