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Avaliação funcional do idoso 1 � Avaliação funcional do idoso O conceito de saúde para o idoso é a funcionalidade. Funcionalidade = autonomia + independência; Autonomia: relacionada a cognição e humor; Independência: relacionada a mobilidade e comunicação. Quando o idoso perde uma dessas (ou mais) capacidades, ele desenvolve um componente dos Is geriátricos; As atividades podem ser: Básicas - relacionadas ao autocuidado e avaliadas pelas escalas: Índice de Barthel: avalia 10 funções e cada função vale em torno de 10 pontos, com o score total de 100 pontos. Existem funções com um peso maior, como, por exemplo, andar, fazer transferência (é o autodeslocamento, não necessariamente andar, exemplo: um cadeirante consegue fazer a transferência da cama para a cadeira, etc.). O ponto de corte é 70, sendo que valor maior ou igual a esse, é considerado independência e o valor menor que 40 é dependência total, de 40 a 70 é dependência parcial; Escala de Katz. Avançadas - pressupõem uma maior interação social, como, por exemplo, jogar dominó e ir à missa. Instrumentais - envolve alguma ferramenta, tecnologia, como, por exemplo, cuidar dos próprios remédios, fazer compras. Escala de Lawton-Brody. Avaliação funcional do idoso 2 Síndromes geriátricas (Is geriátricos): Incapacidade cognitiva ou insuficiência cerebral (demência, delirium, depressão); Instabilidade postural (maior risco de quedas); Incontinência esfincteriana; Imobilidade; Iatrogenia; Incapacidade comunicativa (motricidade orofacial comprometida, perda ou diminuição de audição e visão); Insuficiência familiar. Geralmente tem múltiplas etiologias. Não constituem risco de vida eminente, mas associam- se a maior mortalidade. Podem ocorrer concomitantemente e compartilhar fatores de risco entre si, associando-se à perda funcional e ao comprometimento da qualidade de vida; Avaliação funcional do idoso 3 Além das síndromes geriátricas, há fatores preditores de declínio na vida do idoso: sarcopenia, internações, polifarmácia, polipatologia; Idade: a vida possui um limite biológico, idosos longevos tem uma menor expectativa de vida, naturalmente. Entretanto, isso não é uma regra, há idosos de 80 anos menos vulneráveis que idosos de 60, por exemplo; Autopercepção de saúde: sobretudo em comparação com pessoas da mesma idade; Sarcopenia: é como se fosse um dado vital para o idoso, podendo ser avaliada pela circunferência da panturrilha e se for <31 já indica redução de massa muscular. A redução da força muscular é o primeiro sinal de sarcopenia. Avaliações: Avaliação nutricional: Circunferência da panturrilha: A medida da CP pode ser feita na posição sentada ou de pé, com os pés apoiados em uma superfície plana para garantir que o peso fique distribuído equitativamente entre ambos os lados; No idoso acamado, fletir a perna de modo que o pé fique todo apoiado no colchão; Avaliação funcional do idoso 4 A medida deve ser realizada com uma fita métrica inelástica aplicada ao redor da região que, visualmente, apresenta o maior perímetro, sem fazer compressão; Fazer medições adicionais acima e abaixo desse ponto para assegurar que a primeira medida é a maior; Deve-se ter o cuidado de manter a fita métrica em ângulo reto com o comprimento da panturrilha; Evitar fazer medida no membro que apresente alguma alteração local, como linfedema, trombose venosa profunda, erisipela, celulite, atrofia muscular, atrofia cutânea por cicatriz ou fibrose, entre outras; É necessário também estar atento ao caso de indivíduos obesos, que podem ter circunferência da panturrilha normal ou até aumentada mesmo na presença de sarcopenia (obesidade sarcopênica). Avaliação da mobilidade: Amplitude do movimento: Teste de Apley: Teste de adução: cruzar a face anterior do tórax com o braço, até tocar o ombro oposto; Teste de rotação externa e abdução; levar o braço por trás da cabeça e tocar a ponta medial superior da escápula contralateral (o paciente com a função normal alcança, em média, o nível de T4); Teste de rotação interna e a abdução: levar o braço pelas costas até tocar a ponta inferior da escápula contralateral (o paciente com função normal alcança, em média, o nível de T8); Limitação do movimento: Avaliação funcional do idoso 5 Movimento de pinça Paciente que não consegue, tem uma série de limitações, como escrever, se alimentar, etc. Força de preensão manual: Teste feito através de um dinamômetro para avaliar a força muscular do paciente e a possibilidade de sarcopenia; Uma alternativa para que o teste seja feito sem o dinamômetro é pedir ao paciente que segure uma folha de papel e, ao puxar com um pouco de força, observar se ele está conseguindo aplicar uma força na folha para segurá-la; Parâmetros de valores normais: Mulheres: 20 kgf; Homens: 30 kgf. Avaliação da mobilidade: O exame neurológico começa na sala de espera no momento em que o paciente é chamado, se levanta e vai ao consultório, podendo avaliar a marcha; Transferência: sair da cadeira para cama e vice-versa. Mudar decúbito: quando o paciente não consegue, tem maior chance de desenvolver úlcera por pressão; Avaliação funcional do idoso 6 Velocidade da marcha: O idoso com marcha lenta/reduzida, é um indicador de desfecho negativo. É essencial para a avaliação do idoso. Como avaliar? Marcar uma distância de 4 metros e avaliar em quanto tempo ele percorre essa distância. Idealmente pedir para o paciente caminhar próximo a um acompanhante, barras de segurança ou da parede, caso precise de um apoio. > 5 segundos para caminhar 4 m = velocidade de marcha < 0,8 m/s. A presença de velocidade da marcha < 0,8 m/s é considerado um dos principais marcadores de sarcopenia. A diminuição da velocidade da marcha (VM) tem um valor preditivo para diversos desfechos negativos, como quedas, dependência funcional e mortalidade dos idosos. A VM é um bom teste de integração e do funcionamento de diversos sistemas fisiológicos. Dessa forma, a VM é reconhecida hoje como um instrumento essencial na avaliação dos idosos. Para fins de triagem, sua aferição pode ser feita em qualquer ambiente, até mesmo no domicílio. Orienta-se a marcação de uma distância de 4m no chão, em linha reta, com o auxílio de uma fita métrica, sinalizando o ponto de partida e o de chegada. O idoso é orientado a caminhar essa distância com Avaliação funcional do idoso 7 passadas um pouco mais aceleradas do que o usual (“andado como se estivesse atravessando uma rua”), mas sem correr. Assim que o idoso começar a caminhar, o tempo é medido com relógio comum ou cronômetro, e seu término se dá quando o idoso atinge a marca dos 4m. A VM é calculada dividindo-se 4m pelo tempo cronometrado no relógio (4/tempo em segundos). Normalmente, o tempo gasto para o idoso percorrer essa distância é de no máximo 5 segundos (equivalente a uma VM de 0,8m por segundo). Timed Up And Go Test: Avalia a marcha, o equilíbrio e o risco de quedas. O paciente sentado numa cadeira, avalie se ele consegue manter o equilíbrio e se consegue levantar da cadeira sem a ajuda dos braços. Importante que a cadeira não tenha braços. Pode pedir para levantar com os braços cruzados. O paciente deve andar por 3 metros e retornar para cadeira; Alterações do TUG TEST: Equilíbrio sentado: os indivíduos com Parkinson ou com discinesia escorregam na cadeira; Alteração da marcha: Passos curtos: Síndrome Parkinsoniana; Base alargada: Hidrocefalia; Ataxia de marcha: alteração cerebelar (realizar a prova índex-nariz para analisar dismetria - distúrbio na execução e coordenação dos movimentos musculares); Avaliação funcional do idoso 8 Avaliação da funcionalidade: Índice de Katz: Avalia a funcionalidade básica; Apesar de ser avaliada rapidamente, nem sempre é utilizada porque é pouco precisa. Índice de Barthel: São 10 tarefas valendo 10 pontos cada; Avalia a independência funcional do idoso com base nas atividades básicas de vida diária; Quando mais independente, maior a pontuação;< 40: totalmente dependente; 40-70: parcialmente dependente; > 70: independente. Avaliação funcional do idoso 9 Escala de Lawton-Brody: Avalia as atividades instrumentais; É usada principalmente para avaliar as demências; Geralmente é utilizada em pacientes que possuem uma independência comunicativa por ser na 2ª pessoa. Já os pacientes com demência possuem incapacidade de auto-avaliação correta. Avaliação funcional do idoso 10 Questionário de Pfeffer: Mais utilizado na prática clínica; É utilizado principalmente em pacientes que possuem dependência comunicativa por ser na 3ª pessoa. Sendo assim, o acompanhante é quem responde às perguntas, aumentando a credibilidade das respostas pelo comprometimento comunicativo que o paciente possui; 6 ou mais pontos: revela dependência e comprometimento funcional para as atividades habituais. Classificação clínico-funcional dos idosos: Através da aplicação dos testes citados acima é possível classificar o idoso em frágil ou robusto; Importante listar as síndromes geriátricas na lista de problema e avaliar o estado de saúde; O objetivo da atenção básica é de identificar idosos frágeis e em risco para fragilidade para serem acompanhados com atenção especializada. Dessa forma, os idosos robustos não precisam geriatra, sendo acompanhados na atenção primária de saúde; Avaliação funcional do idoso 11 Idosos robustos: São idosos que apresentam boa reserva homeostática e, portanto, conseguem gerenciar sua vida de forma independente e autônoma e não apresentam nenhuma incapacidade funcional ou condição crônica de saúde associada a maior vulnerabilidade. O foco das intervenções é a manutenção da autonomia e independência do indivíduo, por medidas de promoção da saúde, prevenção primária, prevenção secundária e manejo clínico adequado das doenças, conforme estabelecido em “guidelines” de doenças específicas. Este grupo é dividido em 3 estratos. Avaliação funcional do idoso 12 Idosos em risco de fragilização: São idosos capazes de gerenciar sua vida de forma independente e autônoma, todavia encontra-se em um estado dinâmico entre a senescência e senilidade, resultado na presença de limitações funcionais (declínio funcional iminente), mas sem dependência funcional; Apresentam uma ou mais condições crônicas de saúde preditoras de desfechos adversos, como evidencias de sarcopenia-síndrome, comprometimento cognitivo leve e/ou presença de comorbidades múltiplas; O foco das intervenções é prevenir o declínio funcional, através da abordagem adequada da polipatologia e polifarmácia, com ênfase nas seguintes intervenções por ordem de importância: Suspensão de drogas inapropriadas; Definição de metas terapêuticas individualizadas; Priorização dos cuidados; Diagnóstico e tratamento das condições de saúde subdiagnosticadas e/ou subtratadas; Reabilitação; Prevenção primária e secundária. O grupo é dividido em 2 estratos. Idosos frágeis: São os idosos com declínio funcional estabelecido e incapazes de gerenciar sua vida, em virtude da presença de incapacidades únicas ou múltiplas; O foco das intervenções é a recuperação da autonomia e independência do indivíduo; Este grupo é dividido em 5 estratos. Escala visual analógica de fragilidade: Avaliação funcional do idoso 13 Protocolo de identificação do idoso vulnerável – VES 13: Está presente na caderneta de saúde do idoso, podendo ser feito pelo telefone e aplicado em qualquer pessoa a partir de 60 anos. Não se deve pedir que o paciente faça nada, apenar aplicar o questionário abaixo. O VES-13 avalia: Idade; Auto-percepção da saúde: é um importante preditor de declínio funcional. Lembrar que a comparação deve ser feita com outras pessoas de sua idade; Limitação física: o máximo de pontos é 2, caso o paciente tenha cinco incapacidades ou duas a pontuação dela será 2 da mesma forma; Incapacidades. O VES 13 não avalia: cognição, estado mental, sendo apenas uma ferramenta usada para triagem de idosos em fragilidade. Classificação: 7 a 10 – Frágil; 0 a 3 – Robusto; 3 a 7 – Risco de fragilização, indicando a necessidade de uma avaliação mais aprofundada com a utilização de outros instrumentos. Avaliação funcional do idoso 14 Índice de vulnerabilidade clínico-funcional 20 - IVCF 20: O IVCF-20 é um questionário que contempla aspectos multidimensionais da saúde do idoso; Contém 20 questões e avalia a idade, autopercepção de saúde, incapacidades funcionais, cognição, humor, mobilidade, comunicação e comorbidades múltiplas; Cada sessão possui a sua determinada pontuação e a pontuação máxima é 40; Quanto mais alto o valor, maior o risco de vulnerabilidade clínico-funcional do idoso. Avaliação funcional do idoso 15 Anne Caroline Marques | 7º périodo
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