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09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16 INTRODUÇÃO À PODOLOGIA AULA 1 Prof. Adelcio José Cordeiro 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16 CONVERSA INICIAL Esta aula discorre sobre o conceito de Podologia e o histórico antropológico da profissão do podólogo, assim como os níveis de formação profissional no Brasil e no exterior, as áreas de atuação, nomenclaturas e evolução técnica e científica, desde o início até os dias atuais. De modo geral, esta aula apresenta um panorama da Podologia, considerada, para Bega (2000), uma ciência, uma arte milenar já conhecida desde a Antiguidade por diversos povos. Ainda nesta aula, faremos uma breve menção a alguns colegas podólogos brasileiros que servem como exemplos vivos dessa brilhante e apaixonante profissão. Em relação ao mercado de trabalho para as novas gerações de profissionais, podemos afirmar que todo indivíduo bípede possui uma necessidade direta ou indiretamente de cuidar dos pés e unhas, seja do ponto de vista preventivo, curativo ou até mesmo estético. Nesse sentido, o(a) profissional graduado(a) e habilitado(a) legalmente em Podologia (tecnólogo) poderá se inserir em diversas áreas da profissão, como: estética, clínica, hospitalar, geriátrica, gerontológica, desportiva, endocrinológica, ortopodológica, multidisciplinar, entre outras. Para fins práticos e comprobatórios, daremos créditos a alguns profissionais que atuam em algumas das áreas acima citadas a fim de validar tais registros. Para isso, alguns documentos serão apresentados, como cartões de visitas, portfólios ou links. Esses documentos, que mostram o histórico profissional, descrevem as práticas de atuação desses podólogos. Essa descrição facilita a tomada de decisão referente à área de atuação/especialização futura ao futuro profissional podólogo/podologista. Depois de formado(a) e habilitado(a), é claro! Por fim, esta aula expõe algumas doenças dos pés e unhas em pacientes que procuram clínicas e consultórios podológicos. Cabe salientar que somente o profissional com formação específica na área 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/16 está apto a identificar, orientar, prevenir e tratar essas afecções. TEMA 1 – CONCEITO DE PODOLOGIA Para Vianna (2007, p. 3), a Podologia é um “ramo auxiliar da medicina, cuja atuação está voltada para as doenças superficiais dos pés e unhas, através de conhecimentos aprofundados em anatomia humana, citologia, fisiologia, histologia, patologias, cinesiologia, biomecânica da marcha e áreas afins”. Esta especialidade das ciências da saúde se baseia em um novo conceito na terapia dos pés e unhas, tendo em vista que sua ação está limitada ao campo não cirúrgico (invasivo). Nesse sentido, a Podologia representa um importante aliado dos serviços multiprofissionais de saúde. Para Bega (2000, p. 6), “Podologia é uma ciência, uma arte milenar, já conhecida desde a antiguidade por diversos povos”. Ainda segundo este mesmo autor, considerado um dos precursores da profissão no Brasil, “a Podologia no Brasil segue o seu caminho feito pelos homens. Um caminho árduo, e muitas vezes espinhoso para quem se dedica à ciência podológica. No começo, a arte de tratar dos pés era ensinada de pai para filho, e muitas eram as famílias de calistas”. 1.1 CONCEITO DE PODÓLOGO/PODOLOGISTA A sexta edição do Dicionário Ilustrado de Podologia (2013) apresenta a palavra Podologia advindo do grego: podos = “pés”; logia = “estudo”. Literalmente, portanto, Podologia significa “estudo do pé”. Desse modo, podólogo/podologista é a nomenclatura atribuída ao profissional que exerce essa profissão. Vejamos: Podologia: palavra originada do grego (podos, pés; e logia,estudo). É o nome da ciência que trata do estudo dos pés. Podólogo: profissional que conclui o curso técnico em Podologia. Origina-se do grego arcaico, tendo por prefixo: pous, podos=pé, pés; e logos=tratado, estudo, conhecimento. Designa a pessoa que aplica a terapia nos pés com o conhecimento adequado em Podologia. (Madella, 2013, p. 230) Madella (2013) destaca ainda dois níveis de formação: a) o podólogo: profissional com formação técnica de nível médio; e b) o podologista: profissional com graduação tecnológica (acadêmica). Observe a imagem a seguir: 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/16 Figura 1 – Cartão de visita da Clínica do Pé, situada em Bauru-SP Créditos: Cordeiro, 2021. Independentemente do nível de formação, técnico pós-médio, tecnólogo ou bacharel em Podologia, o profissional (podólogo ou podologista) faz parte da área da saúde, cuja formação lhe confere a habilitação técnica e legal para realizar tratamentos em pés patológicos (doentes), incluindo pacientes portadores de hipertensão arterial, hanseníase, diabetes, deficiências físicas, deformidades, traumas definitivos ou irreversíveis. Referente ao aspecto profissional e limites de atuação profissional, Piedade (2002, p. 12) afirma que “formado e habilitado para exercer a Podologia, o podólogo deverá desempenhar suas atividades respeitando os níveis de competência a ele estabelecidos”. Piedade (2002) ainda esclarece que, mesmo realizando procedimentos não invasivos, o podólogo deverá lançar mão de todos os recursos de cura disponíveis, entre suas atribuições, para tratar das patologias dos pés, sem transgredir em nenhuma hipótese seus limites de ação. De forma alguma, portanto, o podólogo deverá ministrar tratamentos que sejam da competência de outros profissionais da área da saúde, por mais parecidos que sejam com os princípios da Podologia. TEMA 2 – CONTEXTO HISTÓRICO DA PODOLOGIA Como foi possível perceber, a profissão de podólogo é bastante antiga. Isso promoveu a noção da Podologia como uma ciência voltada ao estudo dos pés. Gravuras históricas encontradas em pirâmides egípcias mostram pessoas realizando procedimentos similares aos que os podólogos realizam na atualidade. Algumas pesquisas históricas da cultura da Roma Antiga também mostram atividades laborativas com a mesma similaridade. [1] [2] 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/16 Com os passar dos tempos, os desníveis terrestres e geológicos afetaram as extremidades inferiores, provocando malformações e infecções. Conforme Madella (2021), houve, aí, a necessidade de recorrer a práticas rudimentares para manter o equilíbrio e facilitar a locomoção em condições seguras. Nesse sentido, Bega (2006, n.p.) atesta que: Pesquisas históricas também demonstram atividades laborativas com a mesma similaridade na cultura romana da antiguidade. Como por exemplo, sabe-se que a esposa do Imperador Nero sofria de uma enfermidade nos pés, que foi tratada por Cayus, um soldado romano que exercia a atividade de pedicuro. Este feito valeu ao soldado-pedicuro Cayus o título de calista, denominação que os podólogos passaram a ter durante muitos séculos e até o final do século XX, no Brasil. No decorrer dos anos, os profissionais que exerciam as atividades podológicas receberam diversas nomenclaturas, como calistas, quitacallos (Roma e Egito), quirópodos (França), cirurgiões menores de aldeia (China), enfermeiro-pedicuro e pedicuro-calista (Brasil). TEMA 3 – SÍMBOLO DA PODOLOGIA BRASILEIRA O símbolo da Podologia brasileira é representado por um desenho de um pé envolto da figura de uma cobra. Como podemos observar na figura a seguir, referente a um cartão de visita, há dois detalhes no desenho fixados no canto superior esquerdo do cartão: o primeiro é o símbolo da Podologia, representado por um pé; o segundo, a figura de uma cobra entrelaçada em toda estrutura anatômica. Figura 2 – Cartão de visita da clínica Terapia dos Pés Créditos: Cordeiro, 2021. Em relação ao símbolo no cartão de visita, Madella (2005, p. 164) explica que: [3] 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/6/16 Povos antigos descreviam a serpente como sinônimo de poder, magia, sabedoria e, até como uma verdadeira divindade curativa. Por isso o culto passou à lenda e, posteriormente, transformou-se na divindade da medicina. Baseado na história, a diretoria da associação brasileira de pedicuros, biênio 1964/1965, decidiu elaborar um símbolo que melhor representasse a profissão dos pedicuros (podólogos). Assim, o desenho final ficou com a serpente entrelaçada no pé, representando a precisão e a astúcia dos podólogos. Até o ano de 1979, não existiam instituições de educação formal em Podologia. Nesse período, o Senac de São Paulo iniciou a primeira turma de formação em pedicuro, hoje, Técnico em Podologia. Por isso, observa-se, no cartão de visita acima mencionado, a sigla REG. SVS, que significa “Registro no Serviço de Vigilância Sanitária”. O documento funcionava como alvará do pedicuro (podólogo) para o exercício profissional. A seguir, pode-se observar a expedição do certificado de formação em Podologia da época, com a descrição de pedicuro. Figura 3 – Certificado de pedicuro emitido pelo Senac – SP na década de 1980 Créditos: Cordeiro, 2021. Foi somente no ano de 1993 que os podólogos do Estado de São Paulo, por meio da Associação Brasileira de Podólogos (ABP), conseguiram a aprovação de um código sanitário específico de pedicuro-calista. Esse documento serviria de legislação sanitária norteadora para o exercício dos profissionais . Esse documento perdurou até o ano de 2018, sendo substituído por outro mais atualizado. A Lei n. 16.763, publicada na Assessoria Técnica da Casa Civil do Estado de São Paulo em 11 de junho de [4] 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/16 2018, contemplou a exigência da formação mínima de técnico em Podologia, em cursos oferecidos por instituições regulamentadas e autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), ou diplomas de habilitação profissional de cursos de graduação em Podologia. TEMA 4 – O INÍCIO DA PROFISSÃO NO BRASIL O início da Podologia no Brasil remonta aos povos indígenas. Pensando em nossa cultura nativa, Bega (2000, p. 6) afirma que: Os calistas eram como pajés, com suas ervas milagrosas e instrumentos rudimentares. E dentre estes registros, povos mais antigos descreviam a existência de uma calista andarilho, que prestava serviços como curador de calos, usando métodos próprios da idade média ou de culturas indígenas (servia-se de penas de pavão ou de ganso bem afiadas para seccionar calos). Além disso, o calista andarilho levava consigo bem guardado um pote com os maiores calos que retirava dos seus pacientes. Já na década de 1930, Bega (2006, p. 18) assevera que “o profissional era conhecido como enfermeiro-pedicuro, sendo a pedicuria, como era conhecida a Podologia, uma especialização da enfermagem”. Nesse sentido, O decreto lei nº 11.883, de 18 de marco de 1941, do governador do Estado de São Paulo, e o decreto lei nº 10.068, de 23 de março de 1939, regulamentam o exercício e a formação do profissional enfermeiro-pedicuro, estabelecendo que era preciso comprovar o exercício da profissão desde cinco anos antes da data de 22 de janeiro de 1934, nos termos do decreto-lei nº 23.774, tornando necessário comprovar a prática da pedicuria por meio da assinatura de três clínicos de nomeada e juízo da diretoria do serviço de enfermagem. (Bega, 2006, p. 18) 4.1 CONTRIBUIÇÃO DO DR. SCHOLL PARA A PODOLOGIA BRASILEIRA Na primeira metade do século XX, a empresa alemã Dr. Scholl, fundada por Willian Mathias Scholl, contribuiu relevantemente para o desenvolvimento da Podologia no Brasil, visto que ajudou a divulgar o serviço de cuidados com os pés em nível mundial. O segmento inicial da empresa eram os produtos ortopédicos para os pés e, paralelamente a isso, os cuidados com os pés e unhas por meio de seus profissionais conhecidos como calistas/quiropodistas, cuja formação era realizada em suas próprias lojas, como eram conhecidas as franquias. 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/16 Nesse período, como ainda não existiam escolas de Podologia no Brasil, muitos profissionais se formavam e se habilitavam tecnicamente na própria franquia, que, ao concluírem o curso, os recrutava para atuar como pedicuros. No Dicionário de Podologia (2005), Madella faz menção à sua formação de pedicuro pela escola internacional Dr. Scholl, no ano de 1975. Vale destacar que o termo Scholl, hoje conhecido como Sholls, remete ao nome de uma franquia, presente em mais de 100 países. Essa organização implantou a nomenclatura quiropodia, que significa “tratamento dos pés com as mãos”. Portanto, esta organização mundial de cuidados com os pés como “calistas” contribuiu significativamente na divulgação da especialidade que se dedica aos tratamentos dos pés, hoje conhecida como Podologia. 4.2 FUNDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PODÓLOGOS (ABP) A primeira associação representativa de podólogos foi fundada em 4 de dezembro de 1964, cujo nome inicial era Associação Brasileira de Pedicuros. Bega (2006) afirma que quatro anos depois, em 1968, essa associação transformou-se na primeira Associação de Podólogos do Brasil (ABP). Entretanto, é preciso destacar que existem certas divergências de reconhecimento oficial na data de fundação da ABP, pois, inicialmente, em sua data de fundação, escreve-se Associação Brasileira de Pedicuros. Analisando os parágrafos anteriores, possivelmente não há o reconhecimento oficialmente validado da entidade representativa dos podólogos antes do ano de 1968. Bega (2000, p. 6) ainda alega que “[...] Lacy Neves de Azevedo foi um dos fundadores da primeira associação de podólogos existentes no Brasil. Ainda na década de 60 ajudou a fundar a Associação Brasileira de Pedicuros, hoje Associação Brasileira de Podologia”. A Associação teve como primeiro presidente o sócio-fundador Lacy Neves de Azevedo, em companhia dos outros colegas de profissão da época. Essa atuação perdurou por aproximadamente 12 anos. Nesse tempo, Lacy Neves passou por diferentes cargos na diretoria, vindo a falecer no ano de 1989. 4.3 O TRABALHO DOS PRIMEIROS PEDICUROS 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/16 Lacy Neves de Azevedo começou trabalhando em uma fábrica de sapatos da rede Dr Scholl, na cidade do Rio de Janeiro, na década de 1950. Nesse período, por ocasião da época, foi convidado a gerenciar uma loja de pedicuro (como era chamado na época) na cidade de São Paulo. Percebendo que era um campo promissor de trabalho, Lacy percebeu a necessidade de procurar mais conhecimentos técnicos, a fim de interagir de forma mais participativa com os outros profissionais da equipe. Decidiu, portanto, fazer o curso de pedicuro, com objetivo de entender de forma mais enfática o negócio que iria gerenciar. Uma vez formado, apaixonado e encantado pela profissão, fundou uma clínica de cuidados com os pés chamada de Centro Podológico Lacy Azevedo, na década de 60, na mesma cidade. Um de seus filhos, o podólogo Marcelo de Azevedo, foi o sucessor dos negócios e gerencia a empresa até os dias atuais. O outro filho, o podólogo José Camilo de Azevedo, faleceu no ano de 2020. Figura 4 – Ao lado esquerdo, o nome do Centro Podológico Lacy Azevedo; ao lado direito, o podólogo Marcelo de Azevedo Créditos: Cordeiro, 2021. Outro fator relevante a ser destacado é que Lacy de Azevedo foi sócio-fundador da primeira entidade representativa da profissão (ABP) e também professor do primeiro curso de qualificação em pedicuro do Senac , do Estado de São Paulo na década de 1980, transformando-se, posteriormente, no curso Técnico em Podologia, válido até hoje. Observe a imagem a seguir: Figura 5 – Professor Lacy Azevedo e seus alunos no Senac [5] 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/16 Créditos: Cordeiro, 2021. De acordo com colegas de profissão de Lacy Azevedo (os quais ainda atuam profissionalmente),no ano de fundação da ABP (1964), a nomenclatura inicial do podólogo era enfermeiro-pedicuro. Depois, a nomenclatura passou a ser pedicuro-calista e, depois, Técnico em Podologia (ou podólogo) e, atualmente, Podologista. Nos cartões a seguir, ainda se percebe a divulgação de serviços de Podologia como pedicuro, calista e manicuro, como eram conhecidos na década de 1960, bem como Técnico em Podologia (após anos 2000) e Podologista, Graduados em Podologia. Vejamos: Figura 6 – Cartões de visita das clínicas Propé, Mariza Hentz e Clínica do Pé, respectivamente Créditos: Cordeiro, 2021. TEMA 5 – BREVE PANORAMA DA PODOLOGIA NO CONTEXTO ATUAL Com base no que foi exposto nos temas anteriores, é relevante que a sociedade conheça a oferta de cursos de graduação em Podologia, seja na modalidade de tecnólogo ou de bacharelado, já que são realidade no contexto dos cursos voltados à saúde no Brasil. 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/16 O primeiro curso sequencial de formação superior em Podologia iniciou-se em São Paulo no ano de 2002, na Universidade Anhembi Morumbi (UAM). Mas, como se tratava da primeira turma, não se sabe o motivo pelo qual esses profissionais não deram sequência aos estudos. Posteriormente, essa mesma Instituição de ensino lançou a graduação de Tecnólogo em Podologia, no ano de 2007, iniciando a primeira turma em 2008. A Universidade Anhembi Morumbi iniciou o curso de graduação tecnológica em Podologia tendo, como idealizador e coordenador, o professor Armando Bega. O lançamento do curso ocorreu durante a XII jornada Internacional de Podologia, em que eu tive a honra de participar. O certificado a seguir mostra minha participação como palestrante de abertura do curso. Figura 7 – Certificado de participação no evento XII Jornada de Podologia, realizado em 13 de outubro de 2007 Créditos: Cordeiro, 2021. O certificado mostra a assinatura de Armando Bega , um admirador do professor Lacy Neves de Azevedo, o qual, em suas produções, descreve diversas citações de reconhecimento profissional. Um exemplo disso apresenta-se no Tratado de Podologia (2006), no qual o autor menciona a admiração profissional à memória de Camilo de Azevedo, filho de Lacy Azevedo: “Não posso deixar de citar o mestre Lacy Neves de Azevedo, podólogo que gravou o seu nome da história da Podologia [6] 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/16 Brasileira, de uma forma natural, porque se tratava de homem de ciência, desses que desenvolvem seu trabalho com a paixão de um adolescente e o discernimento dos sábios” (Bega, 2000, p. 6). Depois disso, outros centros universitários também lançaram o curso de graduação tecnológica em Podologia. Primeiramente na cidade de Londrina (PR), com o tecnólogo em Podologia no primeiro momento e, em segundo momento, com a oferta do bacharelado em Podologia; em Porto Alegre (RS), com a formação tecnológica em Podologia, no formato presencial. Na cidade de Maringá (PR), foi lançado o curso de tecnólogo em Podologia, na modalidade de curso híbrido; São José do Rio Preto (SP), no formado presencial com bacharelado em Podologia; Florianópolis (SC) com o nível tecnológico em Podologia, formato presencial e, recentemente, na cidade de Curitiba (PR). Este último curso foi ofertado no formato híbrido (ambiente de aprendizagem virtual por meio de plataformas específicas de ensino com práticas in loco). As demais instituições de ensino de Podologia no Brasil oferecem os cursos de formação pós-médio, como técnicos em Podologia. Em síntese, podemos dizer que a Podologia brasileira contemporânea possui três níveis de formação: Pedicuro-calista (os profissionais precursores da profissão); Técnico em Podologia (que representa a maioria dos profissionais legalmente reconhecidos), cujos profissionais obtiveram um grande avanço com a criação da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), no ano de 2002. Essa classificação descreve o nível de formação, competências e mercado de trabalho. Podólogo universitário (esses profissionais apareceram com o surgimento dos cursos de graduação – formação universitária – em Podologia). O tecnólogo em Podologia inicia sua formação pela graduação tecnológica, concluindo-a como graduado em Podologia. Isso lhe confere a possibilidade de se inserir em cursos de pós-graduação lato sensu (especialização) e stricto sensu (mestrado e doutorado), possíveis para quem conclui um curso de nível superior. 5.1 PODOLOGIA NO MUNDO 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/16 Em outros países, assim como no Brasil, também existem podólogos de nível técnico (denominados técnicos profissionais) e os podólogos universitários, os quais possuem uma grade curricular mais completa e com disciplinas mais extensas relacionadas aos processos patológicos do corpo humano, sobretudo na abordagem multidisciplinar. Todavia, é importante salientarmos que, quanto maior o desenvolvimento social, cultural e econômico do país, maior será a chance de uma profissão obter sucesso e reconhecimento. Isso ocorre pelo fato de os profissionais receberem maiores incentivos governamentais no segmento da educação. Quanto mais desenvolvida for uma nação, mais esclarecidas serão as pessoas e a população. Nos Estados Unidos (EUA), por exemplo, não existem técnicos em Podologia. Só existem os chamados Podiatras, que exercem atividades similares aos podólogos brasileiros. Tanto o termo Podologia quanto Podiatria significam “cuidados com os pés”. A diferença está no nível de formação do profissional. Podiatra é um médico dos pés e podólogo/podologista, no Brasil, possui a formação de técnico em Podologia (curso técnico) ou tecnólogo em Podologia (curso de graduação universitária). De acordo com o médico podólogo Goldcher (2009), na França, o “pedicuro-podologista” recebe durante três anos um ensinamento orientado, principalmente, aos tratamentos e aos problemas mecânicos do pé. Os pedicuros dedicam-se aos tratamentos das unhas e da derme. Já os podologistas aplicam todos os tipos de órteses. Os franceses são considerados os pioneiros e precursores da ciência da postura, denominada Podoposturologia, sobretudo, são bem referenciados neste sentido. Observe a imagem a seguir: Figura 8 – À esquerda, embalagem de instrumentos podológicos; à direita, a capa do livro Je ne souffre des pieds: des soins personnels au pedicure (“Já não sofro mais dos pés”) 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/16 Créditos: Cordeiro, 2021. Outros países, como a Espanha, Chile, Peru, Equador, Argentina, México, Portugal, Itália, Alemanha, Uruguai e Inglaterra possuem níveis distintos de formação, tanto de nível técnico como universitários (graduados), os quais, no entanto, são peculiares de cada país. Cada um segue as diretrizes e bases da educação pertinentes à realidade local. NA PRÁTICA Agora que você já conhece um pouco do contexto histórico da profissão, escreva um texto de no mínimo dez linhas. Nele, você deve abordar pelo menos três nomenclaturas que identificavam a figura do podólogo, a contribuição da organização Scholl para a podologia, diferenças entre podólogo e podologista, e em qual período surgiram os cursos de graduação em podologia. FINALIZANDO Como você percebeu, a profissão não é tão nova quanto parece. Segundo literaturas da área, ela acompanha a evolução humana desde quando o homem adotou a posição ereta. Desde então, começou a sofrer dos males dos pés. Antes de ser uma profissão, a atividade era passada de pai para filho. Os profissionais já foram conhecidos como enfermeiros-pedicuros, pedicuros-calistas, pedicuros e calistas. Posteriormente, surgiram os técnicos em podologia e, após o ano de 2008, os graduados em podologia, como tecnólogos e bacharéis em podologia. O podologista universitário representa um novo conceito dentro das ciências biológicas, com o trabalho multidisciplinar dentro da interdisciplinaridade.E este é o futuro da profissão que ainda carece de profissionais com formação acadêmica em pleno século XXI. REFERÊNCIAS BEGA, A. Podologia básica. 2. ed. São Paulo: Editora Gráfica Vida & Consciência, 2000. _____. Tratado de Podologia. São Caetano do Sul: Editora Yendis, 2006. 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/16 GOLDCHER, A. Podologia. 5. ed. São Paulo. Editora Roca, 2009. HISTÓRIA sobre a Podologia. Podólogo Brasil. Disponível em: <http://www.madella.com.br/podologobrasil/detalhes.asp?cod=6>. Acesso em: 15 abr. 2021. HISTÓRIA da ABP. Associação Brasileira de Podólogos. Disponível em: <https://www.podologo.com.br/historia-da-abp.html>. Acesso em: 15 abr. 2021. MADELLA, J. O. Dicionário Ilustrado de Podologia. 2. ed. São Paulo: Editora Rosi Garcias, 2005. _____. Dicionário Ilustrado de Podologia. 6. ed. São Paulo, 2013. PIEDADE, P. F. B. Técnicas de Trabalho e Instrumentação no Atendimento de Patologias dos Pés. 2. ed. São Paulo: Editora Senac, 2002. SÃO PAULO. Lei n. 16.763, de 11 de junho de 2018. Diário Oficial de São Paulo, São Paulo, SP, 12 jun. 2018. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2018/lei-16763- 11.06.2018.html>. Acesso em: 15 abr. 2021. VIANNA, M. A. F. Fundamentos de Teoria Podológica. 1. ed. Belo Horizonte: Lithera, 2007. No cartão, observa-se a nomenclatura de podologista como referência à sua formação em Tecnóloga em Podologia. Imagem cedida pela própria profissional, em janeiro de 2021. E-mail de contato: clinica.dope@hotmail.com. O profissional podólogo também pode ser chamado de podologista. A expressão podologista refere-se ao profissional com formação superior em Podologia (Dicionário ilustrado de Podologia, 2013). Clínica situada na cidade de São Paulo – SP. O Sr. Pedro Pistori, 78 anos, pedicuro-calista da época, fez parte da história da Podologia brasileira, pois também foi um dos sócio-fundadores da Associação Brasileira de Podologia (ABP). Atuou como podólogo até os 73 anos. Contato: (14) 3418- 6588. [1] [2] [3] 09/06/2022 12:51 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/16 Portaria CVS-11, de 16 de agosto de 1993. Desde 1946, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – Senac – é o principal agente de educação profissional voltado para o Comércio de Bens, Serviços e Turismo do País. Armando Bega concluiu a formação inicial como pedicuro no ano de 1989 pelo SENAC de São Paulo. Informações retiradas da contracapa da obra Podologia Básica (2002). [4] [5] [6]
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