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Organização Farmacológica do SNC Dificuldades do SNC: Pct responde de forma individual, retirada do medicamento é difícil e gradual, presença de polimorfismo genético (isso faz com que a resposta de um pct seja diferente da de outro pct). A relação entre o comportamento das cls individualmente e o órgão como um todo é menos direta → um medicamento pode interferir em outras comunicações além da desejada Sinalização química do SN Neuromodulação e plasticidade sináptica são muito importantes no contexto do fármaco do SNC pela adaptação neuronal em decorrência de um estímulo endógeno ou exógeno (no caso do medicamento é um estímulo exógeno) Essa adaptação pode ser tão significativa (chegando ao nível de plasticidade ou neuromodulação) que torna a dificuldade do TTO maior ainda. A partir do momento em que está sendo dada uma dose subsequente de um medicamento p/ um pct e um receptor é constantemente ativado de forma específica, provavelmente esse receptor será dessensibilizado → isso leva p/ o lado da neuromodulação positiva do sistema e ao mesmo tempo, em decorrência da plasticidade, o sistema se adapta – dependência ao medicamento. Efeito farmacológico retardado (ex: demora no efeito do medicamento, características do fármaco que surgem em um tempo prolongado da sua administração): é proveniente da seletividade (visto que o fármaco pode interagir com outro receptor além do alvo desejado) e da busca pela homeostase. Um efeito não esperado, como efeito colateral/adverso, pode ser considerado efeito retardado. O corpo sempre busca pela homeostase. Se está sendo dado um medicamento p/ o pct, essa homeostase padrão está sendo retirada e com isso o corpo tenta resgatar a homeostase levando o organismo ao efeito inverso do medicamento. Com isso o pct fica intercalando entre os sintomas opostos, ex: depressão e ansiedade; Parkinson e esquizofrenia. Tolerância farmacológica: quanto mais o receptor é ativado, mais ele tenta se inativar/dessensibilizar e faz com que o pct precise de uma dose cada vez maior do medicamento → pode chegar o ponto em que a medicação não pode mais ser aumentada e seja necessário trocar o fármaco. Remodelação estrutural: é mais difícil de acontecer p/ o sistema neuronal pois não há muita formação de neurônios, entretanto a degeneração acontece com facilidade. Comunicação simpática O processo neuronal depende da comunicação de pelo menos 2 neurônios. Há mediadores de curta duração e curta distância (na maioria das vezes são os neurotransmissores) e há os neuromoduladores que agem a longa distancia e por um tempo + prolongado Neuromodulador: Ex: hormônios – agem pela corrente sanguínea Neurotransmissores: agem na fenda sináptica A maioria dos neurotransmissores pode agir como neuromoduladores. Fatores neurotróficos: participam da comunicação sináptica Geralmente são liberados por outros neurônios ou por astrócitos (semelhantes a macrófagos) Ana Luiza F. Fonseca – 74D Farmacologia Aplicada | 2022 Geram efeitos de longa duração; tem ação difusa; crescimento e morfologia neuronal Sinalização química do SN Tipo de mediador Exemplos Alvos Função Principal Mediadores convencionais de pequenas moléculas Glutamato, GABA, Acetil- CoA, dopamina, 5- hidroxitriptamina (serotonina) etc. Canais iônicos controlados por voltagem Receptores acoplados a ptn G Neurotransmissão sináptica rápida e lenta; neuromodulação. Neuropeptídeos Substância P. neuropeptídio Y, endorfinas, fator de liberação de corticotrofina etc. Receptores acoplados a ptn G Neuromodulação Mediadores lipídicos Prostaglandinas, endocanabinoides Receptores acoplados a ptn G Neuromodulação Oxido nítrico - Guanilato ciclase Neuromodulação Neurotrofinas, citocinas Fator de crescimento neuronal, fator neurotrópico derivado do cérebro Receptores ligados a quinase Crescimento neuronal, sobrevivência e plasticidade funcional Esteroides Andrógenos, estrógenos Receptores nucleares e receptores de membrana Plasticidade funcional Glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central A grande maioria dos outros neurotransmissores tem ação difusa, atuando tanto no SNC quanto no SNP GABA é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central Receptores acoplados a ptn G: Gs: age por meio do AMPc (efetor) que ativa 2º mensageiro (adenilato ciclase) promovendo fechamento dos canais de K+ e abertura de canais de Ca2+ Gi: age por meio da adenilato ciclase, o efetor AMPc e como resposta gera Ca2+ e abertura dos canais de K+ Gq: age por meio da fosfolipase C, gerando DAG + IP3, o que gera canais de Ca2+ e de K+ 0s mediadores esteroides fazem com que na mulher haja maior dificuldade de TTO no SNC devido a maior produção hormonal – a resposta pode ser mais diversa. Alvos p/ ação dos fármacos Ampla diversidade funcional de receptores; Ampla distribuição dos alvos; Dependência de efeitos adaptativos e não só da farmacodinâmica imediata. Forma de atuação: As drogas, à nível sináptico, podem exercer suas atividades de distintas maneiras: Interferindo com a síntese do neurotransmissor. Competindo com a via metabólica pertencente à síntese do neurotransmissor. Bloqueando o sistema de transporte de membrana das vesículas sinápticas. Bloqueando o sistema de transporte da membrana axonal. Podem ser: Receptores; canais iônicos; enzimas; ptns transportadoras. Estimulando a liberação do neurotransmissor das suas vesículas de estocagem. Evitando a liberação do neurotransmissor. Mimetizando a ação do neurotransmissor pela ação agonista sobre os receptores pré e pós- sinápticos. Bloqueando a ação dos neurotransmissores ao nível dos receptores pré ou pós-sinápticos por competição farmacológica. Inibindo as enzimas que inativam os neurotransmissores. Principais neurotransmissores do SNC GABA; Glutamato; Glicina; Serotonina; Noradrenalina; Dopamina; Acetilcolina → GABA e glutamato são os mais específicos e sua disposição é apenas no SNC. Os demais receptores citados são menos específicos e agem de forma periférica. Excesso de glutamato: maior excitabilidade Excesso de GABA: recaimento neuronal Glutamato Principais neurotransmissores excitatórios do SNC – possui ampla distribuição. A alta excitabilidade pode gerar dano neuronal com consequente morte → doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson), acidente vascular encefálico, traumatismo e epilepsia. Efeitos diretos do glutamato: aumento da entrada de cálcio e sódio Efeito indireto: fechamento dos canais de potássio e aumento da entrada de cálcio Esse efeito também mantem sua característica excitatória. Receptores glutamatérgicos Ionotrópicos: AMPA, Cainato, NMDA (responsável pela entrada de cálcio no neurônio – por isso é o mais importante) Receptor NMDA: É um receptor com 5 subunidades. Quando seu ligante principal (glutamato) se liga, esse receptor é ativado. Entretanto p/ completar essa ativação, o receptor precisa de uma ligação subsequente da glicina de forma sinérgica. Com sua ativação o receptor se abre permitindo a passagem de sódio e cálcio. O magnésio de forma fisiologia é um modulador dessa resposta – ele é capaz de bloquear/inativar o canal impedindo a passagem de sódio e cálcio (controle fisiológico) É um tipo de receptor com muitos alvos farmacológicos, sendo possível trabalhar com antagonistas de glicina e NMDA, agentes bloqueadores do canal (Ex: cetamina, memantina) Exigem a ligação de múltiplos ligantes para a ativação do canal, sua regulação depende de uma atividade pré-sináptica mais intensa Receptores: Inotrópico Metabotrópicos Ligados a tirosina quinase Nucleares Metabotrópicos: mGluR: mais relacionado ao processo de plasticidade neuronalPossibilidades de uso: Acido Gama-Amino-butírico (GABA) É o principal neurotransmissor INIBIDOR no sistema nervoso central dos mamíferos. Fármacos que modulam os receptores de GABA afetam a reatividade e a atenção, a formação da memória, a ansiedade, o sono e o tônus muscular. Os fármacos que afetam a neurotransmissão gabaérgica atuam, em sua maioria, sobre o receptor GABAA ionotrópico. São utilizados para sedação, ansiólise, hipnose, neuroproteção após acidente vascular cerebral ou traumatismo cranioencefálico e controle da epilepsia. Experimentais convulsivantes – antagonistas Receptores GABA Ionotrópicos: GABAA e GABAC → relacionado a ativação do receptor GABAB: não possui resposta significativa no SNC Possui inúmeros alvos farmacológicos: Sítio próprio p/ a ligação de GABA; Consequentemente antagonistas diretos de GABA também se ligam nesse sítio Sítio benzodiazepínico (clonazepan, alprazolan): são agonistas Moduladores alostéricos do canal: benzodiazepínicos, zolpidem, álcool Barbitúricos (fenobarbital, isobarbital): agonistas diretos Metabotrópicos: GABAB Efeitos dos benzodiazepínicos e dos barbitúricos sobre a atividade de GABA Benzodiazepínicos (midazolan) Sedativos, hipnóticos, miorrelaxantes, amnésicos e ansiolíticos. Em altas doses hipnose e estupor. Usado no TTO de doenças neurodegenerativas Anticonvulsivante Não é seguro devido a ampla resposta sistêmica Benzodiazepínicos modulam o canal GABAa Antídotos: flumazemil (único disponível) Barbitúricos (pentobarbital) Controle da epilepsia, como agentes indutores de anestesia geral e para o controle da hipertensão intracraniana. Barbitúricos ativam o canal GABAa Os 3 sistemas estão ativando o sistema gabaergico A resposta com midazolam, é bem menor quando comparada à ação do pentobarbital no que diz respeito ao aumento da corrente de cloreto. Isso implica dizer que a ativação do receptor via pentobarbital é mais eficiente do que a ativação do midazolam na presença de GABA → o benzodiazepínico (midazolam) é um modulador alostérico positivo de GABA Isso significa que ele precisa do GABA p/ abrir o canal, porém ele dá uma potencializada no seu efeito à depender da quantidade existente de GABA → como GABA está em baixa concentração, não há uma grande diferença quando se compara com a curva onde há apenas GABA. Já o barbitúrico é um agonista direto que age independentemente de GABA, logo há a reação provocada por GABA + a reação do pentobarbital Isso indica também que a intoxicação por barbitúricos é muito mais potente do que pelos benzodiazepínicos. É preciso uma dose bem menor de pentobarbital quando comparado ao benzodiazepínico p/ gerar a mesma resposta Farmacologia da neurotransmissão adrenérgica central Projeções noradrenérgicas: constituem os alvos de fármacos utilizados no TTO da depressão Ponte / Bulbo Formação reticular do tronco cerebral Locus coeruleus (síntese de catecolaminas) → a principal hipótese da depressão é a redução das vias serotoninérgicas no SNC (80%), porém pode se tratar também de uma redução das vias noradrenérgicas no SNC Se um TTO p/ depressão está sendo ineficaz, provavelmente a via errada está sendo tratada – muitas vezes trata-se apenas considerando a serotonina e esquecem da possibilidade de noradrenalina. → embora quase todas as doenças aconteçam pela via de transmissão noradrenérgica, quase nunca esse sistema é tratado Receptores: 1 acoplado a ptn Gq: IP3, DAG 2: é um auto receptor – é acoplado a Gi → diminui a atividade do neurônio pré-sináptico 1 e 2: agem via Gs: AMPc Farmacologia da Neurotransmissão Serotoninérgica Constitui o principal alvo de muitos dos fármacos utilizados no tratamento da depressão. Projeções serotoninérgicas: presentes em todo o encéfalo (→ O LSD por exemplo é uma droga que ativa serotonina – como ela está presente em todo o encéfalo, isso explica a resposta diversa que a droga gera) Em especial há projeções p/ o prosencéfalo (relacionadas a modulação do humor, cognição e função endócrina) e p/ a medula espinal (relacionadas a percepção de dor, regulação visceral e controle motor).
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