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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS AMÉRICAS - FAM Engenharia Civil e Tecnologia em Construção de Edifícios Bruno Ayres, 020457 Gabriela Rzatki, 021918 Julyanna Rocha, 021036 Mateus Gustavo, 018337 Vitor Santos, 021366 VANE TEST - PALHETA SÃO PAULO-SP 2019 CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS AMÉRICAS - FAM Engenharia Civil e Tecnologia em Construção de Edifícios Bruno Ayres, 020457 Gabriela Rzatki, 021918 Julyanna Rocha, 021036 Mateus Gustavo, 018337 Vitor Santos, 021366 VANE TEST - PALHETA Trabalho apresentado à disciplina de Laboratório Integrado de Mecânica dos Solos e Resistência dos Materiais no Centro Universitário das Américas ao Professor João SÃO PAULO-SP 2019 SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................................................................. 3 1.1 Objetivo ................................................................................................................. 4 2. Procedimentos ......................................................................................................... 5 3. Resultados .............................................................................................................. 10 3.1 Interpretação ....................................................................................................... 12 4. Vantagens e Desvantagens ................................................................................. 16 5. Custo ....................................................................................................................... 17 6. Conclusão ............................................................................................................... 18 7. Referências ............................................................................................................ 19 3 1. Introdução O assunto sondagem embora específico dentro das mais diversas áreas de estudo da engenharia e geotecnia é, ao mesmo tempo, muito vasto. É de extrema importância o processo da obra ao qual a sondagem pertence, pois é nele onde podemos descobrir as propriedades mecânicas os solos e suas características. Um dos parâmetros característicos dos solos é a resistência não drenada ao cisalhamento (𝑆𝑢). Esse parâmetro indica eventuais rupturas que ocorreriam no solo antes de ocorrer qualquer drenagem e a qual tensão de torque essas rupturas acontecem. Existem muitos ensaios capazes de determinar essa característica do solo, como ensaios de compressão não confinada, ensaio de compressão triaxial não drenada e ensaio de palheta, conhecido na literatura internacional como vane test. O vane test pode ser realizado tanto em laboratório quanto em campo, e geralmente é recomendado para solos argilosos. No seu artigo Análise Poroelástico Não Linear do Vane Test em Regime de Fluxo Transiente, o autor Adrien Fayolle cita que o ensaio de palheta em campo para a determinação da resistência não drenada é tão relevante quanto os ensaios de laboratório e justifica o uso do ensaio de palheta em campo (ou in-situ) pelas vantagens práticas que ele tem sobre os ensaios em laboratório. O autor argumenta ainda que: “O ensaio em campo permite evitar o relaxamento das tensões e a deterioração da amostra. Além disso, a sua realização é de custo menor do que os ensaios sobre amostra.” (FAYOLLE, Adrien – 2016) O autor cita também uma referência ao texto de W. J. Eden, An Evaluation of the Field Vane Test in Sensitive Clay, onde aponta que: “A comparação apresentada por Eden (1966) é baseada em ensaios realizados em quatro lugares diferentes, com solos apresentando 4 características mecânicas diferentes [...] o estudo demonstrou que o ensaio em campo é confiável para determinar a resistência não drenada para solos argilosos moles.” (FAYOLLE, Adrien – 2016) É importante mencionar também que o vane test é embasado tanto pela ABNT, através da NBR 10905:1989 (Solo - Ensaios de Palheta In Situ – Método de Ensaio) quanto pela ASTM (American Society for Testing and Materials), através da ASTM D4648-00 (Standard Test Method for Laboratory Miniature Vane Shear Test for SaturatedFine-Grained Clayey Soil). Tendo contextualizado então a finalidade para à qual ensaio vane test é realizado vamos então aos procedimentos para entender mais sobre o ensaio propriamente dito e suas formas de executá-lo. 1.1 Objetivo O objetivo deste trabalho é compreender a técnica de sondagem Vane Test, bem como a interpretação de seus resultados. 5 2. Procedimentos Como vimos, o ensaio de palheta permite determinar a capacidade/característica mecânica do solo não drenado resistir ao cisalhamento. O experimento é usualmente feito em argilas, mas também é realizável em outros tipos de solo de granulometria mais grossa, como os solos siltosos. Para entendermos como funcionam os procedimentos para a execução do ensaio vamos primeiro à descrição do material utilizado para ele. O sistema é composto por uma palheta cruciforme (figura 1.0) com as quatro lâminas perpendiculares entre si. A largura de duas lâminas corresponde geometricamente ao diâmetro da palheta. As dimensões características da palheta, seu diâmetro d e sua altura H, são relacionadas pela razão padrão H/d = 2. Segundo Fayolle, por serem utilizadas em diversos estudos, as dimensões da palheta de H = 130 mm e d = 65 mm podem ser consideradas como padrão para o ensaio. Embora tenha características padrões o equipamento na verdade não é único. A norma NBR 10905:1989 salienta que existem dois equipamentos, que são descritos por ela como equipamentos A e B. O equipamento A é caracterizado por realizar ensaios sem a necessidade de uma perfuração prévia, enquanto o equipamento B é caracterizado por ser utilizado nos ensaios onde há perfuração prévia. A norma descreve as características adicionais do equipamento tipo A, são elas: “[...] O equipamento tipo A permite sua cravação estática em solos moles a partir do nível do terreno. Durante esta cravação, a palheta é protegida, permanecendo no interior de uma sapata [...] A parte inferior do equipamento deve conter rolamentos axiais e laterais vedados e lubrificados, de forma a centralizar as hastes de extensão e apoiá-las sobre rolamentos. O tubo de proteção da haste fina é mantido estacionário durante o ensaio. Tais dispositivos devem evitar o atrito solo- 6 haste e reduzir os atritos mecânicos a valores desprezíveis. [...] Além destas características, uma vez atingida a profundidade desejada, a parte inferior do equipamento permite cravar a palheta 0,5 m no solo [...] as hastes de extensão são protegidas por um tubo ao longo de todo o seu comprimento.” (NBR 10905 – 1989) Quanto ao equipamento tipo B, a norma aponta às seguintes característica adicionais: “Com o equipamento tipo B, o ensaio é realizado no interior de uma perfuração prévia [...] São utilizados espaçadores com rolamentos em intervalos não superiores a 3 m ao longo das hastes de extensão. O conjunto das hastes se apoia em um dispositivo com rolamentos instalado na extremidade inferior das hastes, que, por sua vez, está conectado ao tubo de proteção da haste fina. Este dispositivo permite que a rotação das hastes não seja transmitida ao tubo de proteção da haste fina, que permanece estacionário durante o ensaio. Com isso, tanto o atrito solo- haste, como os atritos mecânicos, desalinhamento das hastes e translação da palheta são evitados ou reduzidos a valores desprezíveis.” (NBR 10905 – 1989) Quanto às diferenças entre os equipamentos, a norma aponta que com o equipamento tipo A obtém-se melhor qualidade de resultados enquanto quando se trata do equipamentotipo B a mesma descreve que este equipamento é mais suscetível a erros, devido a atritos mecânicos e translação da palheta, e ressalta que todo esforço deve ser feito no sentido de minimizá-los, que é exatamente o que se busca ao dimensionar o equipamento de maneira diferente ao equipamento A. Abaixo seguem imagens que mostram as diferenças entre os equipamentos A e B: 7 Figura 1.0 - Equipamento para ensaio de palheta in- situ (Ortigão e Collet 1987) Figura 1.1 - Equipamento tipo A Figura 1.2 - Equipamento tipo B 8 No artigo Avaliação da consistência das argamassas industrializadas projetadas utilizando o método vane os autores Bauner, Santos, Morais e Pereira enfatizam que no que tange aos equipamentos são considerados como uma aparelhagem durável, de baixo custo de fabricação e, de fácil emprego nos serviços de qualquer laboratório ligado a reologia, pois produz resultados rápidos e confiáveis. A norma brasileira não se aprofunda tanto no procedimento e execução do método, dando apenas alguns parâmetros para serem levados em consideração. De igual maneira, a ASTM descreve o procedimento deste ensaio basicamente em: “Inserir uma palheta com duas lâminas montadas em forma de cruz na amostra do material e girar a palheta lentamente através de um dispositivo de rotação (60º a 90º/min) até o cisalhamento da amostra (torque máximo)”. (ASTM D’4648-00 - 2003) Entretanto, no artigo elaborado por Fayolle, o mesmo disserta de maneira mais profunda sobre os métodos de execução do vane test. Fayolle descreve que o ensaio pode ser realizado tanto em campo quanto em laboratório, o que acarreta métodos e procedimentos diferentes para cada situação, além das variações existentes dentro de cada contexto, no laboratório ou e in-situ. Para a realização do ensaio em campo temos como primeira etapa a introdução da palheta no solo. Existem dois métodos de inserção, que são com e sem pré-perfuração. Segundo Fayolle a pré-perfuração consiste em perfurar o solo com um diâmetro maior que o da palheta até 50 cm antes da profundidade de ensaio, depois a palheta inserida no solo. No caso sem perfuração, o equipamento é inserido diretamente no solo com uma sapata de proteção da palheta até 50 cm antes da profundidade de ensaio e então a palheta sai da proteção até a distância desejada. Depois da inserção, um tempo de espera é necessário antes do início da rotação da palheta para dissipar o excesso de pressão gerada pela inserção. O tempo de espera entre a inserção da palheta e o início da rotação é considerado um dos parâmetros a ser observado na leitura e interpretação dos resultados. 9 Embora a norma não especifique quais durações são aceitáveis no tempo de espera alguns trabalhos, como evidencia Fayolle, definem como parâmetro uma janela de tempo entre 1 e 5 minutos. Esses mesmos trabalhos definem uma velocidade de rotação padrão da palheta que também é utilizada na norma como padrão para a realização do ensaio (6º/min). A medição do torque diretamente no equipamento permite a determinação da resistência não drenada. Fayolle aponta que, assim como observa a NBR, os testes sem pré- perfuração apresentam resultados melhores do que os testes com pré- perfuração, corroborando com aquilo que a norma afirma de que o equipamento tipo A, para ensaios sem pré-perfuração, é melhor que o equipamento tipo B, entregando resultados mais próximos à realidade e mais precisos. Antônio Cristino da Conceição, na sua tese Estudo da Resistência e Consolidação de uma Argila Mole na Cidade de João Pessoa (1977) descreve um procedimento aplicado na cidade de João Pessoa com o ensaio Vane Test. Segundo ele: “Para efetuar o ensaio, um par de palhetas idênticas ligadas a uma haste eram penetradas em um tubo de revestimento de 75 mm de diâmetro cravado no solo, até atingir a profundidade desejada e de tal maneira que as palhetas não ficassem no interior do tubo, ficando assim livre da influência do mesmo. Uma vez cravadas no solo, se aplica gradualmente na alavanca conectada a haste no seu extremo superior, um par de torções horizontais necessários para fazer com que um cilindro do terreno gire em torno do eixo de simetria vertical das palhetas, estas ao girarem formam quatro diedros que tem por aresta comum vertical o eixo de torção. A tensão de cisalhamento desenvolvida em todos os pontos da superfície de revolução é originada por um par resistente que durante o deslizamento é igual ao momento torçor exercido.” (PESSOA, João - 1977). 10 3. Resultados Com base no trabalho de Fayolle, a determinação da resistência ao cisalhamento não drenada é diretamente relacionada ao torque medido durante o ensaio de palheta. Porém, para a obtenção dos resultados é necessário definir algumas hipóteses, hipóteses essas fundamentadas no trabalho de Flaate (1966) chamado Factores Influencing the Results of Vane Tests, A primeira premissa a ser adotada tem base no fato de que a resistência é determinada para condição não drenada, então assume-se que não ocorre drenagem durante o ensaio. A segunda premissa nos orienta a considerar que a inserção da palheta não gera consolidação antes do cisalhamento do solo. A área onde a sondagem é executada, a zona de perturbação, não tem efeito sobre as propriedades do solo. Partindo dessas premissas supõe-se que as resistências não drenadas horizontais e verticais são iguais, para permitir a determinação da resistência com apenas um ensaio. Por fim, é definido que a ruptura acontece ao longo da superfície da palheta. Após chegar à definição de que a ruptura ocorre ao longo da superfície da palheta formula-se que: 𝑆𝑢 = 6𝑇𝑚𝑎𝑥 7𝜋𝑑3 Onde 𝑇𝑚𝑎𝑥 é o torque máximo e 𝑑 o diâmetro da palheta. Segundo Pessoa O torque, obtido experimentalmente, pode ser definido como a soma algébrica das contribuições do cisalhamento exercido pela lateral (𝑇𝑠) e das duas superfícies, superior e inferior, da palheta (𝑇𝑒), conforme a equação abaixo: 𝑇𝑚𝑎𝑥 = 𝑇𝑠 + 2𝑇𝑒 Além das deduções para a definição da fórmula da resistência não drenada ao cisalhamento (𝑆𝑢) e da definição da fórmula do torque máximo (𝑇𝑚𝑎𝑥) algo relevante a ser evidenciado é a relação entre os resultados obtidos em campo e em laboratório da resistência não drenada e da tensão de cisalhamento. 11 Eden (1966) em sua obra An Evaluation of the Field Vane Test in Sensitive Clay apresenta a comparação do vane test em campo e em amostra (laboratório) e através dos resultados os seguintes gráficos são elaborados: Os resultados observados na figura 1.3 mostram que os valores de resistência obtidos com o ensaio de palheta em campo são maiores do que os outros resultados. De igual modo, a tensão de cisalhamento obtida em campo é maior do que a tensão obtida em laboratório embora em alguns pontos de profundidade a tensão apresente algumas variações onde o ensaio de laboratório possui tensão superior à do ensaio de campo. Figura 1.3 - Comparação da resistência obtida pelo Vane Test em Campo e em Amostra Figura 1.4 - Comparação da tensão de cisalhamento obtida pelo Vane Test em Campo e em Amostra 12 Embora haja variações em ambos ensaios a instabilidade do ensaio em laboratório geram dúvidas a respeito da sua precisão. Além disso, por se tratar de um solo argiloso, o transporte da amostra compromete as propriedades do solo, e, considerando esses e outros quesitos, Eden conclui que o ensaio de palheta em campo é mais confiável para determinar a resistência não drenada para solos argilosos moles. Através da execução dos procedimentos indicados e da obtenção dos resultados evidenciados com as premissas a serem consideradas e os experimentos demonstrados podemos então fazer a leitura dos parâmetrosque podem influenciar a medida e a interpretação dos resultados do ensaio de palheta. 3.1 Interpretação Existem diversos parâmetros que podem ser utilizados para interpretar os significados dos resultados obtidos através do ensaio, alguns desses são coeficiente de remodelação, tempo de espera entre a inserção da palheta e o início da rotação e a influência da velocidade de rotação. É importante salientar que a compreensão dos efeitos que podem influenciar os resultados do ensaio é necessária para que se faça a melhor interpretação possível dos dados na determinação da resistência, e se permita avaliar a adaptabilidade ou não do ensaio ao problema estudado. Um primeiro parâmetro a ser considerado se relaciona com a etapa inicial do experimento, que é o coeficiente de remodelação (α). Uma das consequências da variação da geometria da palheta é a alteração das perturbações geradas durante sua inserção no solo. O coeficiente de remodelação relaciona essas perturbações à geometria da palheta, formulando: 𝛼 = 4𝑒 𝜋𝑑 Onde “𝑑” e “𝑒” são o diâmetro e a espessura da palheta, respectivamente. É importante frisar que essa relação depende do tipo de argila estudada. 13 Através desse parâmetro obtemos a relação que nos demonstra que quanto maior o coeficiente de remodelação α maior a resistência ao cisalhamento. Segundo Fayolle, a realização de ensaios com palhetas de diâmetro padrão 65 mm, mas com espessura diferente (1,58 mm até 6,35 mm) mostram que a resistência não drenada ao cisalhamento é diretamente relacionada a espessura das palhetas. Portanto, espessuras pequenas acarretaram em coeficientes de remodelação altos, e esses simbolizaram uma resistência maior ao cisalhamento do solo. Um segundo parâmetro importante a ser destacado é a espera entre a inserção da palheta e o início da rotação. Segundo Flaate esse parâmetro tem influência sobre a resistência ao cisalhamento. O autor mostra em seu trabalho que a inserção do equipamento do Vane Test gera deformações na argila perto da palheta. Como a argila tem uma permeabilidade baixa, o fenômeno resulta em um aumento das tensões e um adensamento perto da palheta. Ao observarmos o gráfico abaixo formulado com base nos ensaios de Flaate podemos perceber que quanto maior o tempo de atraso entre a inserção da palheta no solo e o inicio do ensaio maior é a resistência ao cisalhamento para uma profundidade de 7 m. Flaate argumenta que a existência de um fluxo de água provoca uma variação de tensões efetivas. Este fenômeno coloca em evidência a influência da variação de tensão efetiva sobre a resistência não drenada. Fayolle evidência Figura 1.5 - Tempo de atraso entre a inserção da palheta no solo e o inicio do ensaio (Flaate, 1966) 14 também em seu trabalho que ensaios de palheta foram realizados em Norwegian marine clay para determinar a influência do tempo de espera. Os resultados mostram que a resistência não drenada ao cisalhamento para um tempo de 15 minutos é maior que aquela obtida para um tempo de espera padrão de três minutos. Depois de uma hora, o resultado volta a ser igual àquela medida para um tempo de três minutos. No entanto, observa-se que depois de quatro até seis horas as medidas de resistência são novamente maiores. O autor não apresenta uma explicação exata para esse fenômeno, mas ele presume que é uma consequência dos efeitos de consolidação e de fluxo de água na argila, na região da palheta. Além disso, ele indica que esse parâmetro não ocorre para todos os tipos de argila. Além das observações obtidas através do trabalho de Flaate, Fayolle ressalta que experimentos de outros autores corroboram para a tese de que a resistência ao cisalhamento não drenada é influenciada pelo tempo de espera entre a inserção e o início da rotação. Algumas das interpretações desse fenômeno giram em torno do entendimento desses resultados como consequência da geração de excesso de pressão durante a inserção e da ocorrência de um mecanismo complexo de consolidação no contorno da palheta. Um outro parâmetro que é levantado através do estudo do vane test é a taxa de rotação da palheta, sendo apontado em algumas literaturas como um fator determinante para a avaliação dos resultados. Se trata de um fenômeno complexo que depende da variação dos padrões de velocidades utilizado em campo e das características de cada material. A influência da velocidade de rotação é relacionada a dois aspectos. O efeito viscoso é o primeiro aspecto que pode explicar o aumento da resistência ao cisalhamento com o aumento da velocidade de rotação. Os autores Roy e Leblanc (1977) indicam que esse efeito pode ser ligado à velocidade de deformação cisalhante. O segundo é encontrado quando a argila tem um coeficiente de consolidação pequeno em relação a taxa de rotação da palheta, caso em que a consolidação ocorre durante o ensaio tendo maior influência sobre a medida da resistência. 15 Para demonstrar isso Fayolle apresenta os resultados de ensaio de palheta em dois tipos de argila dos estudos realizados pelos autores Roy e Leblanc. No estudo em questão são utilizadas como corpo de prova as argilas Saint Louis de Bonsecours e Saint Alban, as velocidades variam de 0,1º/s até 2º/s. No gráfico destacado abaixo observa-se que a resistência ao cisalhamento aumenta para as velocidades inferiores a taxa de 0,22º/s. No entanto, para velocidades superiores, a resistência não apresenta um acréscimo para um tipo de argila, quanto para o outro tipo a resistência aumenta levemente. Fayolle destaca que: “Os autores indicam que o aumento da resistência com o decréscimo da velocidade é coerente, pois, o efeito produzido é semelhante àquele encontrado quando o tempo de espera aumenta”. (FAYOLLE, Adrien – 2016) O autor argumenta ainda que existe um consenso de que para valores baixos de velocidade de rotação há um aumento da resistência ao cisalhamento. Ainda segundo Fayolle, o efeito viscoso é o primeiro aspecto que pode explicar o aumento da resistência ao cisalhamento com o aumento da velocidade de rotação. O autor indica que esse efeito pode ser ligado à velocidade de deformação cisalhante. Figura 1.6 - Resistência não drenada ao cisalhamento em função da velocidade 16 O autor evidência outro teste realizado na tese de Chandler (1988), onde o mesmo discute a influência da taxa de rotação sobre os valores de resistência obtida por ensaio de palheta em argila sueca. Os ensaios realizados 14 horas depois da inserção do vane test com taxa de rotação variando de 200 até 0,0002º/min. Os resultados mostram que a resistência ao cisalhamento decresce com a diminuição da taxa de rotação. Depois esse estudo é comparado ao estudo de Roy e Leblanc (1986) onde é observada que a consolidação ocorre durante o ensaio e consequentemente a resistência ao cisalhamento aumenta. Um estudo que corrobora com o desenvolvido pelo Chandler é o de Biscontin e Pestana (2001), que estudaram o efeito da taxa de rotação sobre os resultados do ensaio. Para isso ensaios foram realizados em laboratório em argila artificial, com velocidade de ensaio variando de 2º/min até 3000º/min. Os resultados apontam para uma interpretação inversamente proporcional a de Chandler, evidenciando que a resistência ao cisalhamento é maior quanto maior a taxa de rotação da palheta. 4. Vantagens e Desvantagens Existem alguns tipos de ensaios para determinar a resistência não drenada de um solo, esses ensaios podem ser realizados em campo ou laboratório, temos o ensaio de compressão não confinada, ensaio de compressão triaxial não drenada e ensaio de palheta, chamada de Vane Test na literatura internacional, em laboratório ou em campo. No entanto o ensaio de palheta pode ser destacado como vantajoso, devido sua simplicidade, facilidadede limpeza, rápida determinação da tensão de escoamento (τ) e mais que qualquer outra, eliminação de efeitos de erros graves, como a possibilidade de deslizamento da amostra ensaiada, comum nos diferentes tipos de instrumento com paredes lisas, Além de ser uma aparelhagem durável, de baixo custo de fabricação e, de fácil emprego nos serviços de qualquer laboratório 17 ligado a reologia, pois produz resultados rápidos e confiáveis. No tocante à metodologia de execução dos ensaios, falta conformidade a respeito dos procedimentos a serem adotados, ainda há divergências em relação a aspectos particulares, tais como: velocidade de ensaio e profundidade de inserção da haste tem custo elevado e o seu uso é restrito à alguns tipos de solo. 5. Custo As empresas que realizam as análises cobram pela mobilização da equipe e do equipamento, pela instalação da equipe e do equipamento, pelo pré furo e pelo ensaio em si. Na tabela a seguir temos um orçamento feito pela empresa GeoSitu Sondagens, para um terreno no Município de São Paulo. Descrição Unidade Quantidade P. U. (R$) Mobilização de equipe e equipamento Um 1 1.500,00 Instalação de equipe e equipamento Pto 1 800,00 Pré furo paraensaio Vane Test M 1 220,00 Ensaio Vane Test Pto 1 450,00 Tabela 1: Orçamento da empresa GeoSitu Sondagens 18 6. Conclusão Como vimos ao longo do trabalho o vane test é um ensaio que pode ser feito em laboratório ou no local da obra, e é considerado mais prático e eficaz por dispor dessas duas opções. O ensaio das palhetas é bem específico e se aplica aos solos argilosos mais moles e saturados, tem por objetivo denominar as características e a resistência do solo não drenado ao cisalhamento e a sensibilidade da argila. Através das normas é possível diferenciar os tipos de aparelhos que podem ser utilizados em cada caso e suas finalidades, afirma na norma que o aparelho tipo A é o mais indicado por contar com resultados mais precisos. Concluímos que apesar do vane test ser pratico, eficaz e ter um custo acessível, ele não é muito utilizado aqui no Brasil por ser mais técnico e objetivo, na maioria dos casos as empresas procuram por sondagens que sejam mais comuns e que posam ser aplicadas em todo tipo de obra. 19 7. Referências FAYOLLE, Adrien Marie. Análise poroelástica não linear do vane test em regime de fluxo transiente. UFRGS, Porto Alegre, 2016. BAUER, Elton; SANTOS, Carla C. N.; MORAIS, Dirceu M.; PEREIRA, Cláudio H. A. F. Avaliação da consistência das argamassas industrializadas projetadas utilizando o método vane. UNB, Brasília, 2005. CONCEIÇÃO, Antônio Cristino. Estudo da resistência e consolidação de uma argila mole da cidade de João Pessoa. UFPB, Paraíba, 1977. EDEN, W. J. Na evaluation of the field vane test in sensitive clay. ASTM International, West Conshohocken, 1966. FLAATE, K. Factors influencing the results of vane tests. Canandian Geotechnical Journal, Canada, 1966. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 10905: 1989. Solo – Ensaio de palheta in situ. Rio de Janeiro, 1989.