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110 Unidade III Unidade III 7 PIS E COFINS PIS é a sigla para Programa de Integração Social. Cofins significa Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Ambas são contribuições sociais com funções fiscais e incidem sobre o faturamento das empresas, tendo o PIS o objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego e do abono (anual do PIS) para os trabalhadores. Quando foi instituído, o PIS tinha a finalidade de promover a integração social do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas para melhorar a distribuição de renda. Por sua vez, a Cofins é destinada às despesas com atividades-fim das áreas da saúde, previdência e assistência social. 7.1 Contribuintes Os contribuintes do PIS e da Cofins são as pessoas jurídicas de direito privado, inclusive aquelas a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, bem como as sociedades de economia mista e suas subsidiárias. 7.2 Competência A competência do PIS e da Cofins é da União, conforme fundamentação legal na Constituição Federal de 1988, no seu art. 195: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta ou indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados e do Distrito Federal, e dos Municípios e das seguintes contribuições sociais: I – Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) A folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física, que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. b) A receita ou o faturamento. c) O lucro [...] (BRASIL, 1988a). 111 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 7.3 PIS e Cofins sobre a receita bruta 7.3.1 Fato gerador O PIS tem os seguintes fatos geradores: • o auferimento de receita pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda; • a folha de salários das entidades relacionadas no art. 13 da Medida Provisória n. 2.158-35 (BRASIL, 2001b) e das cooperativas que excluírem da receita quaisquer dos itens enumerados em seu art. 15; • as receitas correntes arrecadadas e as transferências correntes e de capital recebidas pela pessoa jurídica de direito público interno. A Cofins tem o seguinte fato gerador: • o auferimento de receita pela pessoa jurídica de direito privado, inclusive aquelas a ela equiparadas pela legislação do Imposto de Renda. Lembrete PIS é a sigla para Programa de Integração Social. Cofins significa Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. 7.3.2 Base de cálculo A legislação prevê basicamente duas modalidades de cálculo mensal do PIS e da Cofins incidentes sobre o faturamento: • aplica-se sobre a receita bruta das pessoas jurídicas em geral; • destina-se exclusivamente às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, sujeitas à sistemática da não cumulatividade de que tratam as Leis n. 10.637 (BRASIL, 2002d) e 10.833 (BRASIL, 2003b), com as alterações da Lei n. 10.865 (BRASIL, 2004b). No tocante às contribuições PIS/Cofins, a base de cálculo pode ser assim resumida: • faturamento/receita bruta: regime cumulativo; • faturamento/receita bruta: regime não cumulativo; 112 Unidade III • regimes especiais, compreendendo: — base de cálculo e alíquotas diferenciadas para instituições financeiras, entidades sem fins lucrativos e pessoas jurídicas de direito público interno; — base de cálculo diferenciada; — substituição tributária (cigarros, veículos) etc.; — alíquotas diferenciadas: – alíquotas concentradas (combustíveis, querosene de avião, biodiesel); – alíquotas reduzidas (nafta petroquímica, papel imune destinado à impressão de periódicos, produtos hortícolas e frutas). Em 15 de março de 2017, o STF concluiu o julgamento do Recurso Especial n. 574.706, e a decisão foi favorável aos contribuintes em relação à exclusão do ICMS na base de cálculo de PIS e Cofins. 7.3.3 Alíquotas Quanto à aplicação de alíquotas para PIS e Cofins, primeiro vamos estudar a base de cálculo. 7.3.3.1 Faturamento bruto/receita bruta – regime cumulativo O regime cumulativo é usado nas empresas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado; nesse caso, não é permitida a recuperação dos impostos. As empresas tributadas pelo lucro presumido ou com seu lucro arbitrado devem calcular PIS e Cofins com base nas regras cumulativas, utilizando, respectivamente, as alíquotas de 0,65% e 3% sobre o total de receitas menos as exclusões permitidas. A base será detalhada a seguir. Total de receitas O cálculo de PIS e Cofins tem como base inicial a totalidade das receitas da empresa. Basta considerar no balancete o grupo receitas e informar seu total. Contudo, existem algumas receitas não tributadas pela contribuição para o PIS e a Cofins, conforme exposto a seguir: • receita com vendas de mercadorias para o exterior, seja o recebimento em moeda conversível ou não; • renda de prestação de serviços ao exterior cujo valor recebido represente entrada de divisas; 113 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA • receita de vendas para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, e essa empresa deve comprovar o embarque das mercadorias para o exterior no prazo máximo de 180 dias; • reversões de provisões operacionais, como as reversões de PDD (provisão de devedores duvidosos), de provisões para perdas em processos cíveis, trabalhistas, fiscais etc.; • recuperação de créditos já baixados como perda (registrados inicialmente em conta de receita e lançados em despesa posteriormente, quando considerados incobráveis) até o valor desta; • resultado positivo da avaliação de investimentos em controladas e coligadas pelo método de equivalência patrimonial obtido no país; • receitas com lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição; • receitas em venda de bens pertencentes ao ativo permanente; • receitas com revenda de produtos com tributação monofásica, como gasolina, óleo diesel, perfumes, cosméticos, cervejas, refrigerantes e pneus; • IPI e ICMS cobrados como substituição tributária, quando registrados em receita. Com relação à tributação de PIS e Cofins, a partir de 28 de maio de 2009, as empresas tributadas pelo regime cumulativo poderão não tributar as receitas decorrentes de atividades alheias ao objeto social da pessoa jurídica, tais como receitas financeiras, receitas de aluguéis (quando não for o objetivo da empresa). Assim, o responsável pelo cálculo de PIS e Cofins deve ficar atento, pois o conjunto de receitas não tributadas é bastante extenso. Um supermercado de médio porte, por exemplo, deve ter um bom sistema de informações, que facilite o registro e o controle contábil, pois existem diversos produtos para revenda com tributação monofásica e produtos tributados normalmente. Então, a revenda de suco de frutas integrará a base das contribuições, enquanto a venda de água mineral não integrará, pois esse produto foi objeto de tributação monofásica por parte da proprietária da fonte. Quanto ao IPI, o entendimento é de que este não representa receita efetiva para o industrial, que cobra o imposto do comerciante ou da pessoa física no momento da venda do produto. O mesmo se aplica ao ICMS-ST. Deduções da base de cálculo Após considerar todas as receitas tributadas pelo PIS e pela Cofins, a empresa poderá deduzir da base algumas despesas, especialmente aquelas apresentadas como deduções da receita bruta na demonstração do resultado. São elas: 114 Unidade III • vendas canceladas; • devolução de vendas; • descontos incondicionais concedidos, incluindo bonificações; • exclusão do ICMS (BRASIL, 2019, art. 27, § único, I). Base de cálculo, alíquotas e despesas A base de cálculo de PIS e Cofins para todas as empresas tributadas pelo lucro presumido ou com seu lucro arbitrado é obtida por meio da seguinte fórmula: Quadro 4 – Base de cálculo (+) total de receitas, exceto as não tributadas (-) deduções permitidasem lei (=) base de cálculo de PIS e Cofins Após encontrar a base de cálculo, são aplicadas as alíquotas: PIS = 0,65% Cofins = 3% Exemplo numérico com deduções Suponha que a Cia. Caiçara seja uma empresa comercial tributada pelo lucro presumido e que apresentou, em janeiro de 2018, as seguintes contas de resultado: • receita com revenda de mercadorias: R$ 500.000 • ICMS de 18% sobre R$ 400.000 • devolução de vendas: R$ 10.000 • descontos incondicionais concedidos: R$ 25.000 • descontos financeiros concedidos: R$ 5.000 • receitas financeiras: R$ 4.000 • receita com aluguel de espaço: R$ 1.000 • ganho na venda de bens do imobilizado: R$ 6.000 115 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Observe que 20% das revendas são de produtos com tributação monofásica. As devoluções e os descontos são de produtos tributados normalmente e já estão liquidados de ICMS. Veja na tabela a seguir o cálculo de PIS e Cofins da Cia. Caiçara: Tabela 29 Total de receitas (tributadas) R$ 400.000 Revendas 400.000 (80% da revenda de mercadorias) (-) ICMS (R$ 72.000) (-) devolução de vendas (R$ 10.000) (-) descontos incondicionais concedidos (R$ 25.000) Base de cálculo de PIS e Cofins R$ 293.000 PIS – 0,65% R$ 1.904,50 Cofins – 3% R$ 8.790 Observação Os descontos financeiros concedidos (R$ 5.000), as receitas financeiras (R$ 4.000), a receita de aluguel (R$ 1.000) e o ganho na venda de bens do imobilizado (R$ 6.000) não são considerados no cálculo. 7.3.3.2 Faturamento bruto/receita bruta – regime não cumulativo O regime não cumulativo é utilizado nas empresas tributadas pelo lucro real. A empresa tributada pelo lucro real será obrigada a usar o método não cumulativo, com um cálculo bem mais complexo em relação às empresas tributadas pelo lucro presumido ou que tenham seu lucro arbitrado. As empresas obrigadas ao cálculo de PIS e Cofins pelo método não cumulativo pagam as contribuições com alíquotas de 1,65% e 7,6%, respectivamente, sobre a receita bruta da empresa e 0,65% e 4%, respectivamente, sobre as receitas financeiras. Contudo, essas empresas podem deduzir os créditos permitidos expressamente em lei. O sistema de registro de créditos do PIS, inicialmente, parecia guardar similaridade com o modelo adotado para o ICMS e IPI. Entretanto, não foi o que aconteceu na regulamentação feita por meio das leis que instituíram o método não cumulativo para PIS e Cofins. O legislador citou expressamente os itens que permitem crédito de PIS (e, depois, confirmou isso na Cofins), definindo claramente, em alguns casos, os itens que não permitem crédito, como os gastos com mão de obra. 116 Unidade III A seguir, serão apresentadas as regras de tributação de PIS e Cofins das empresas tributadas pelo lucro real. Destaca-se que existem empresas que, mesmo no lucro real, devem efetuar o cálculo das contribuições de outra forma, por exemplo: • as empresas submetidas ao modelo de tributação monofásica, como as refinarias e as indústrias de bebidas; • as instituições financeiras e empresas equiparadas; • as empresas com previsão de tributação de parte de suas receitas pelo método não cumulativo, como o setor de telecomunicações; • órgãos públicos, autarquias e fundações públicas federais, estaduais e municipais e fundações referidas no art. 61 do ADCT (“Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”) da Constituição Federal; • cooperativas, exceto as de produção agropecuária e as de consumo. Princípios constitucionais A não cumulatividade está prevista na Lei n. 10.637 (BRASIL, 2002d) para o PIS e na Lei n. 10.833 (BRASIL, 2003b) para a Cofins. Portanto, se a empresa contribuinte do PIS e da Cofins adquirir mercadorias que sofreram a incidência desses tributos e que, ao serem vendidas, também sofrerão essas incidências, poderá compensar os valores pagos desses tributos nas operações seguintes no sistema de débito e crédito. Deduções da base de cálculo Após considerar todas as receitas tributadas por PIS e Cofins, a empresa poderá deduzir da base algumas despesas, especificamente aquelas apresentadas como deduções da receita bruta na demonstração do resultado. São elas: • vendas canceladas; • devolução de vendas; • descontos incondicionais concedidos, incluindo bonificações; • exclusão do ICMS (BRASIL, 2019, art. 27, § único, I). As devoluções de vendas tributadas pelo método cumulativo não podem ser excluídas da base das contribuições no método não cumulativo; elas vão gerar crédito, no caso, pelas alíquotas antigas, em 12 parcelas iguais e sucessivas (BRASIL, 2004a, art. 4º, § 6º). 117 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Os valores relativos às bonificações concedidas em mercadorias serão excluídos da base de PIS e Cofins somente nos casos em que se caracterizarem como descontos incondicionais concedidos. Além das deduções tradicionais, que ocorrem na maior parte das empresas, existem outros itens que são excluídos das bases de PIS e Cofins, sendo que a maioria desses itens ocorre em empresas tributadas pelo lucro real. Algumas são elencadas a seguir: • Os recursos recebidos a título de repasse, oriundos do orçamento geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista. • Receitas com o fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível. • Receitas obtidas com o transporte internacional de cargas ou passageiros. • Receitas auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação, modernização, conversão e reparo de embarcações pré-registradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro (REB), instituído pela Lei n. 9.432 (BRASIL, 1997), de 8 de janeiro de 1997. • Receitas com frete de mercadorias transportadas entre o país e o exterior pelas embarcações registradas no REB. • Vendas realizadas pelo produtor/vendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do Decreto-lei n. 1.248 (BRASIL, 1972), de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior. • A receita auferida pelas instituições privadas de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos, não beneficentes, que aderirem ao Prouni, decorrentes de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos sequenciais de formação específica. • As receitas auferidas pela Itaipu Binacional, com a venda de energia elétrica. • O IPI destacado nas notas fiscais de venda (quando incluso na receita bruta) e o ICMS cobrado pelo vendedor na condição de substituto tributário. • As reversões de provisões e as recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas. • Os resultados positivos de participações societárias. Tais resultados correspondem a dividendos, lucros e registro de equivalência patrimonial credora, recebidos em decorrência de ações, quotas ou participações que a pessoa jurídica detiver. 118 Unidade III • A receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. Como exemplo, a venda de um terreno que está no imobilizado da pessoa jurídica não será computado na base de cálculo de PIS e Cofins. • As receitas de exportação de mercadorias para o exterior e as receitas dos serviços prestados a pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior cujo pagamento represente ingresso de divisas. É importante ressaltar que não basta que a receita seja auferida sobre uma pessoa que resida no exterior (por exemplo, um estrangeiro que esteja em visita ao Brasil). Para se considerar parcela excluível, deve haver um pagamento que represente um ingresso de divisas no Brasil. Observação Nos termos da Medida Provisória n. 315 (BRASIL, 2006b, art. 10), a não incidência do PIS e da Cofins, relativamente aos recebimentos de exportações de serviços para o exterior, no caso de a pessoa jurídica manter recursos em instituiçãofinanceira no exterior (observados os limites fixados pelo Conselho Monetário Nacional), independe do efetivo ingresso de divisas no país. • As receitas do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível. • As receitas de vendas, com o fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras, registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. • A parcela das receitas financeiras decorrentes da variação monetária dos direitos de créditos e das obrigações do contribuinte, em função das taxas de câmbio, submetida à tributação, segundo o regime de competência, relativa a períodos compreendidos no ano-calendário de 1999, excedente ao valor da variação monetária efetivamente realizada, ainda que a operação correspondente já tenha sido liquidada. A partir de 26 de julho de 2004, excluem-se da base de cálculo de PIS e Cofins das agências de publicidade e propaganda as importâncias pagas diretamente ou repassadas por estas a empresas de rádio, televisão, jornais e revistas, sendo vedado o aproveitamento do crédito em relação às parcelas excluídas (BRASIL, 2004c, art. 13). 119 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Lembrete O regime não cumulativo é utilizado nas empresas tributadas pelo lucro real. Base de cálculo, alíquotas e despesas A base de cálculo das empresas tributadas pelo lucro real, regra geral, será apurada por meio do somatório das receitas menos as deduções permitidas pelo legislador. Sobre essa base, são aplicadas alíquotas de 7,6% para a Cofins e de 1,65% para o PIS/Pasep. Entretanto, as empresas não precisarão pagar exatamente o valor apurado pela aplicação das alíquotas mais elevadas criadas para o método não cumulativo. O legislador define nos normativos um conjunto de itens que essas empresas podem utilizar como crédito para diminuir o valor das contribuições a pagar. Para fins de simplificação, veja a explicação: Receitas totais da empresa, exceto as não tributadas, menos as deduções permitidas (X) Cofins = 7,6%PIS = 1,65% (X) = PIS e Cofins a pagar (-) menos Créditos permitidos em lei (X) Cofins = 7,6%PIS = 1,65% (X) = PIS e Cofins a recuperar (=)igual PIS e Cofins devidos pela empresa Figura 20 – Esquema de cálculo de crédito Créditos permitidos no método não cumulativo Os créditos representam a essência de um método não cumulativo. No Brasil, o ICMS e o IPI têm essa característica de que o imposto pago na etapa anterior e destacado no documento fiscal é creditado pela empresa que compra um produto para revenda ou para transformação em outro produto que será vendido. Contudo, o modelo utilizado para o PIS e a Cofins é algo diferente, pois a legislação separou as empresas em dois tipos, conforme a forma de tributação. Com isso, o crédito de uma empresa compradora de um determinado bem não representa, necessariamente, o valor pago na empresa que vendeu esse bem. 120 Unidade III Portanto, os créditos de PIS e Cofins serão obtidos por meio da aplicação das alíquotas de 1,65% e 7,6% sobre valores expressamente determinados em lei, sem considerar a forma de tributação da empresa vendedora. O crédito será presumido, sendo considerado como liberalidade concedida pelo legislador. Na forma da lei, dão direito a crédito os seguintes itens: I – bens adquiridos para revenda, exceto aqueles em relação às mercadorias e aos produtos submetidos ao regime de substituição tributária; II – bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes; III – energia elétrica consumida no estabelecimento da pessoa jurídica; IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos pagos às pessoas jurídicas, utilizados nas atividades da empresa; V – o valor da contraprestação de arrendamento mercantil de pessoas jurídicas; VI – máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII – edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros utilizados nas atividades da empresa; VIII – bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado o faturamento do mês ou meses anteriores; IX – encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados e dos imóveis próprios ou de terceiros incorridos no mês; X – Simples [final de 2007] (BRASIL, 2003b). Não dão direito a crédito: • mão de obra paga à pessoa física; • despesas pagas a não residentes. 121 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 7.4 PIS/Pasep – folha de pagamento Quem contribui para o PIS/Pasep sobre a folha de pagamento são as entidades previstas no art. 13 da Medida Provisória n. 2.158-35 (BRASIL, 2001b): I – templos de qualquer culto; II – partidos políticos; III – instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei n. 9.532, de 1997; IV – instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei n. 9.532, de 1997; V – sindicatos, federações e confederações; VI – serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII – conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII – fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX – condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; X – Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1º da Lei n. 5.764, de 1971; XI – as cooperativas que fizerem uso das exclusões previstas no art. 15 da Medida Provisória n. 2.158-35, de 2001. Observação Essas entidades são isentas da Cofins (BRASIL, 2001b, art. 14, X). 7.4.1 Alíquota Essas entidades recolhem o PIS à alíquota de 1%. 122 Unidade III 7.4.2 Base de cálculo É o valor total da folha de pagamento mensal de salários de seus empregados. A folha de pagamento mensal compreende os valores dos rendimentos do trabalho assalariado de qualquer natureza, tais como salários, gratificações, comissões, adicional de função, ajuda de custo, aviso prévio trabalhado, adicional de férias, quinquênios, adicional noturno, horas extras, 13º salário, repouso semanal remunerado e diárias superiores a 50% do salário. Observação Não integram a base de cálculo os valores relativos a salário-família, tíquete-alimentação, vale-transporte, aviso-prévio indenizado, férias e licença-prêmio indenizadas, incentivo pago em decorrência de adesão a Plano de Demissão Voluntária (PDV), ao FGTS pago diretamente ao empregado decorrente de rescisão contratual e outras indenizações por dispensa, desde que dentro dos limites legais (BRASIL, 2002b, art. 51). 7.5 PIS e Cofins – instituições financeiras e equiparadas Instituições financeiras, apesar de serem obrigadas à tributação pelo lucro real, são excluídas do recolhimento de PIS e Cofins pela não cumulatividade e têm alíquotas especiais. Figura 21 – Instituições financeiras têm alíquotas especiais 7.5.1 Alíquotas PIS = 0,65% Cofins = 4% – incidentes sobre as receitas aferidas, a partir de 1º de setembro de 2003, pelos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados 123 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA (corretoras de seguro) e de crédito e entidades de previdência privada, abertas e fechadas, bem como pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários ou financeiros.7.5.2 Base de cálculo A base de cálculo compreende: • receita bruta, considerada como o resultado positivo dos ajustes diários ocorridos no mês nas operações realizadas em mercados futuros; • receita bruta, considerada como a diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra da moeda estrangeira nas operações de câmbio; • as variações monetárias ativas dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual. Saiba mais Verifique na legislação todas as exclusões permitidas da base de cálculo. É vedada a dedução de qualquer despesa administrativa. BRASIL. Decreto n. 9.718, de 27 de novembro de 1998. Altera a legislação tributária federal. Brasília, 1998b. Disponível em: https://bit.ly/3qVFVLJ. Acesso em: 5 fev. 2021. 7.6 PIS e Cofins – monofásico 7.6.1 Base de cálculo Figura 22 – Medicamentos têm regime monofásico de PIS Cofins 124 Unidade III O regime monofásico do PIS e da Cofins é um mecanismo semelhante à substituição tributária porque atribui a um determinado contribuinte a responsabilidade pelo tributo devido em toda cadeia. Portanto, com a edição da Lei n. 10.147 (BRASIL, 2000a), de 21 de dezembro de 2000, o governo federal criou o regime monofásico para os produtos de higiene pessoal, medicamentos e cosméticos, que também tornou os importadores e industriais desses produtos responsáveis pelo recolhimento do PIS e da Cofins incidentes sobre a cadeia de produção e consumo mediante a aplicação de uma alíquota global de 12,50% e reduziu a zero a alíquota do PIS e da Cofins para revendedores e varejistas. Ou seja, é na primeira operação que o imposto será recolhido, ficando as operações subsequentes reduzidas a zero. Portanto, distribuidores, atacadistas e comerciantes varejistas que revendem produtos farmacêuticos de perfumaria, toucador e cosméticos estão isentos do pagamento de PIS e Cofins. Serão aplicadas alíquotas de 2,20% para o PIS e 10,30% para a Cofins sobre as receitas com venda, pelo industrial ou importador, de produtos classificados na Tipi (BRASIL, 2017) nas posições 33.03 a 33.07 e nos códigos 3401.11.90, 3401.20.10 e 9603.21.00. São exemplos de produtos incluídos na lista: • perfumes e águas-de-colônia; • produtos de maquilagem para os lábios e olhos; • cremes de beleza; • xampus; • cremes de barbear; • desodorante; • fio dental. Na industrialização ou importação de produtos farmacêuticos classificados nas posições 30.01, 30.03, exceto no código 3003.90.56, 30.04, e no código 3004.90.46, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1, 3006.30.2 e nos códigos 3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10, 3006.60.00, as alíquotas aplicadas serão 2,10% para o PIS e 9,90% para a Cofins. Contudo, foi concedido regime especial de utilização de crédito presumido da contribuição para PIS e Cofins às pessoas jurídicas que procedam à industrialização ou à importação dos produtos classificados na posição 30.03, exceto no código 3003.90.56, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2 e nos códigos 3001.20.90, 3001.90.10, 3001.90.90, 3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10 e 3006.60.00 e na posição 30.04, exceto no código 3004.90.46, todos da Tipi (BRASIL, 2017), pelas alíquotas utilizadas no regime monofásico. Na prática, os produtos farmacêuticos listados neste parágrafo não pagam PIS e Cofins. As distribuidoras de remédios e as farmácias, quando revendem os medicamentos com tributação monofásica, não pagam PIS e Cofins. No entanto, devem recolher as duas contribuições calculadas sobre as 125 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA demais receitas não tributadas no modelo monofásico, aplicando as alíquotas de 0,65% e 3% (se estiverem no lucro presumido) ou 1,65% e 7,6% (se estiverem no lucro real), para PIS e Cofins, respectivamente. A Lei n. 10.865 (BRASIL, 2004b) disciplinou que, nas importações de alguns produtos farmacêuticos, sejam aplicadas alíquotas de 2,10% para o PIS e 9,90% para a Cofins. Nas importações de produtos de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, as alíquotas são de 2,2% e 10,30%, respectivamente. Em relação à dedução de créditos, a Instrução Normativa SRF n. 594 (BRASIL, 2005b) esclarece o assunto no art. 26, permitindo às empresas com tributação monofásica a dedução de créditos nos mesmos moldes concedidos para as demais empresas tributadas pelo lucro real e submetidas ao método não cumulativo. 7.7 Tratamento de PIS e Cofins em operações de venda para empresas da ZFM e ALC De acordo com o art. 2º da Lei n. 10.996 (BRASIL, 2004d), as vendas destinadas à ZFM e a ALC: Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/ Pasep e da Cofins incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus (ZFM), por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendem-se como vendas de mercadorias de consumo na Zona Franca de Manaus (ZFM) as que tenham como destinatárias pessoas jurídicas que as venham utilizar diretamente ou para comercialização por atacado ou a varejo. § 2º Aplicam-se às operações de que trata o caput deste art. as disposições do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei n. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei n. 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3º As disposições deste art. aplicam-se às vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização nas Áreas de Livre Comércio de que tratam as Leis n. 7.965, de 22 de dezembro de 1989, n. 8.210, de 19 de julho de 1991, e n. 8.256, de 25 de novembro de 1991, o art. 11 da Lei n. 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e a Lei n. 8.857, de 8 de março de 1994, por pessoa jurídica estabelecida fora dessas áreas (Redação dada pela Lei n. 11.945, de 4 de junho de 2009). § 4º Não se aplica o disposto neste artigo às vendas de mercadorias que tenham como destinatárias pessoas jurídicas atacadistas e varejistas, sujeitas ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, estabelecidas nas Áreas de Livre Comércio referidas no § 3º (Incluído pela Lei n. 12.350, de 20 de dezembro de 2010). 126 Unidade III § 5º Nas notas fiscais relativas à venda de que trata o caput deste artigo, deverá constar a expressão “Venda de mercadoria efetuada com alíquota zero da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins”, com a especificação do dispositivo legal correspondente (Incluído pela Lei n. 12.350, de 20 de dezembro de 2010). Podemos observar que somente estão reduzidas a zero as alíquotas de PIS e Cofins quando o adquirente for tributado pelo sistema cumulativo, não abrangendo as demais empresas, conforme estipulado na Lei n. 12.350 (BRASIL, 2010e). Saiba mais Para entender melhor o conteúdo da lei, acesse: BRASIL. Lei n. 12.350, de 20 de dezembro de 2010. Dispõe sobre medidas tributárias referentes à realização, no Brasil, da Copa das Confederações Fifa 2013 e da Copa do Mundo Fifa 2014; promove desoneração tributária de subvenções governamentais destinadas ao fomento das atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica nas empresas. Brasília, 2010e. Disponível em: https://bit.ly/3rYCuoZ. Acesso em: 5 fev. 2021. 7.8 Exercício prático Questão 1 (CFC, 2016b) Em 15.8.2016, uma sociedade empresária comprou mercadorias para revenda, no valor de R$ 156.000,00, para pagamento em 31.8.2016. No valor de R$ 156.000,00, está incluso o ICMS calculado à alíquota de 17%. A empresa adota o regime de incidência cumulativo de PIS e Cofins, com as alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente. Considerando-se as informações apresentadas, assinale a opção que apresenta o lançamento contábil correto dessa operação. a) Débito: Mercadorias para revenda – estoques R$ 129.480,00 Débito: ICMS a recuperar R$ 26.520,00 Crédito: Fornecedoresnacionais R$ 156.000,00 127 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA b) Débito: Mercadorias para revenda – estoques R$ 150.306,00 Débito: PIS a recuperar R$ 1.014,00 Débito: Cofins a recuperar R$ 4.680,00 Crédito: Fornecedores nacionais R$ 156.000,00 c) Débito: Mercadorias para revenda – estoques R$ 128.466,00 Débito: PIS a recuperar R$ 1.014,00 Débito: ICMS a recuperar R$ 26.520,00 Crédito: Fornecedores nacionais R$ 156.000,00 d) Débito: Mercadorias para revenda – estoques R$ 129.480,00 Débito: PIS a recuperar R$ 1.014,00 Débito: Cofins a recuperar R$ 4.680,00 Débito: ICMS a recuperar R$ 26.520,00 Crédito: Fornecedores nacionais R$ 156.000,00 Estratégias para responder à questão Primeiro, é preciso identificar a atividade empresarial para poder classificá-la em comercial, industrial e/ou prestação de serviços, e, assim, verificar quais os tributos poderão ser recuperados quando se tratar de aquisições de itens por uma empresa, uma vez que nem todo item adquirido, mesmo com imposto mencionado na nota fiscal, é passível de recuperação. Conforme estudamos, isso depende da utilização desse mesmo material na empresa, se haverá continuidade dele (revenda e/ou utilização na produção) ou seu consumo. Em caso de continuidade, poderá haver a recuperação; porém, em caso de consumo, não é permitida legalmente sua recuperação. Deve-se verificar quais tributos estão envolvidos na operação: ICMS, IPI, PIS, Cofins e ISS e, em seguida, saber quais serão recuperáveis. Então, é preciso observar o tipo de regime de incidência para PIS e Cofins, isto é, cumulativo e não cumulativo, porque haverá diferença no valor da alíquota e também no valor a ser recuperado (ou não) dos respectivos tributos, ou seja: • cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro presumido, não haverá recuperação de PIS e Confis (alíquotas 0,65% e 3%, respectivamente); • não cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro real, haverá recuperação de PIS e Confis (alíquotas 1,65% e 7,6%, respectivamente). Observação Vale informar que a tributação das empresas vinculadas ao lucro presumido ou lucro real está relacionada com o pagamento do IRPJ e da CSLL. 128 Unidade III Em seguida, deve-se verificar se a operação foi à vista ou prazo, isto é, se haverá saída de recursos financeiros de imediato ou se a empresa adquirirá uma dívida. A preocupação aqui está no registro contábil a ser efetuado. Na questão apresentada, a empresa adquiriu mercadorias para revenda, portanto, trata-se de uma empresa com atividade comercial. Logo, poderá recuperar o ICMS, uma vez que a mercadoria será revendida, ou seja, circulada, portanto, não havendo consumo sobre ela na empresa adquirente. Destaca-se que nessa questão não consta o valor do IPI, mas, se houvesse, não seria possível sua recuperação, pois se trata de uma empresa comercial; logo, o IPI seria acrescido ao custo de aquisição. Por se tratar do regime de incidência cumulativo de PIS e Cofins, não haverá recuperação desses tributos; como já estão inseridos no preço das mercadorias, farão parte do custo de aquisição das mercadorias. Trata-se de uma operação a prazo, uma vez que a aquisição das mercadorias ocorreu em 15.8.2016 com pagamento para 31.8.2016; a empresa acaba de adquirir uma dívida com essa operação, ou seja, uma obrigação assumida nesse momento. A questão solicita o lançamento contábil correto dessa operação. Assim, analisaremos cada uma das alternativas. Análise do lançamento contábil para alternativa a) Débito: mercadorias para revenda – estoques R$ 129.480,00 Débito: ICMS a recuperar R$ 26.520,00 Crédito: fornecedores nacionais R$ 156.000,00 Como a mercadoria é para revenda, a empresa compradora terá o direito de recuperar o ICMS, o que significa dizer que terá um direito com esse imposto. Os direitos são registrados a débito e pertencem ao ativo, um dos grupos do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo). A alíquota informada no enunciado do ICMS é de 17%. Então, como base no total da operação, será apurado o valor do ICMS: Total da operação = R$ 156.000,00 x 0,17 = R$ 26.520,00 → ICMS a recuperar Após identificar o ICMS como imposto recuperável e calculá-lo, teremos que apurar o valor líquido que será registrado a débito da conta de mercadorias para revenda – estoque, que, por se tratar de um bem, também pertence ao ativo, um dos grupos do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo). O valor líquido da conta de mercadorias equivale a: Total da operação ( - ) Imposto recuperável ( = ) Mercadorias para revenda 129 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Seguem os cálculos: Total da operação R$ 156.000,00 ( - ) ICMS a recuperar (R$ 26.520,00) (=) Mercadorias para revenda R$ 129.480,00 Considera-se que a operação foi a prazo, logo, não teremos de imediato a saída de um numerário e, assim, uma dívida assumida, o que está totalmente contemplado ao registrar a crédito na conta de fornecedores nacionais o valor total da operação, ou seja, valor que deverá ser pago no vencimento acordado por ambas as partes – comprador/vendedor. Após todas essas análises sobre a operação de compras de mercadorias para revenda, chega-se à conclusão de que a alternativa a está correta, uma vez que contempla todos os valores apurados em nossa análise. Análise do lançamento contábil para alternativa b) Débito: mercadorias para revenda – estoques R$ 150.306,00 Débito: PIS a recuperar R$ 1.014,00 Débito: Cofins a recuperar R$ 4.680,00 Crédito: fornecedores nacionais R$ 156.000,00 Como destacado, a alternativa a) está correta. Contudo, é importante entender o que está errado nas outras alternativas para obter um aprendizado eficaz. Na alternativa b), um dos erros é a falta do ICMS a recuperar, uma vez que, havendo circulação de mercadorias, haverá sua recuperação. Por esse equívoco, já seria possível descartar a alternativa, mas há mais erros em relação a PIS e Confins. Conforme o enunciado, não há recuperação para o regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins, embora sejam informados corretamente os percentuais das alíquotas, 0,65% e 3%, respectivamente. Portanto, é uma empresa tributada pelo lucro presumido. Embora tenha ocorrido o registro contábil com o valor líquido a débito da conta de mercadorias para revenda – estoque, que, por se tratar de um bem que também pertence ao ativo, um dos grupos do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo), o que está incorreto é o valor da operação (e não a conta contábil), uma vez que não se considerou o valor do ICMS recuperável e, sim, indevidamente, foram considerados os tributos recuperáveis para PIS e Cofins. Mesmo com o valor correto registrado contabilmente a crédito na conta de fornecedores nacionais, que deverá ser pago no vencimento acordado por ambas as partes – comprador/vendedor, não teremos de imediato a saída de um numerário e, assim, uma dívida assumida; não é possível ter parte do lançamento contábil efetuado de forma certa para o registro de uma operação. 130 Unidade III Análise do lançamento contábil para alternativa c) Débito: mercadorias para revenda – estoques R$ 128.466,00 Débito: PIS a recuperar R$ 1.014,00 Débito: ICMS a recuperar R$ 26.520,00 Crédito: fornecedores nacionais R$ 156.000,00 Na alternativa c, embora constem, e de maneira correta, tanto o registro contábil quanto o valor do ICMS a recuperar, há também o PIS a recuperar, o que está totalmente indevido, uma vez que se trata do regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins. Assim, não há recuperação, mesmo que não tenha sido apurada a Cofins no registro contábil, o que de fato não deve ser feito. Conforme consta no enunciado, não há recuperação para o regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins, embora sejam informados corretamente os percentuais das alíquotas, 0,65% e 3%, respectivamente. Portanto, é uma empresa tributada pelo lucro presumido. Embora tenha ocorrido o registro contábil com o valor líquidoa débito da conta de mercadorias para revenda – estoque, que, por tratar-se de um bem que também pertence ao ativo, um dos grupos do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo), o que está incorreto é o valor da operação (e não a conta contábil). Mesmo considerando-se o valor do ICMS como recuperável (o que está correto), considerou-se indevidamente o tributo do PIS como recuperável; além disso, apurou-se de forma indevida o valor da mercadoria para revenda. Mesmo com o valor correto registrado contabilmente a crédito na conta de fornecedores nacionais, que deverá ser pago no vencimento acordado por ambas as partes – comprador/vendedor, não teremos de imediato a saída de um numerário e, assim, uma dívida assumida; não é possível ter parte do lançamento contábil efetuado de forma certa para o registro de uma operação. Análise do lançamento contábil para alternativa d) Débito: mercadorias para revenda – estoques R$ 123.786,00 Débito: PIS a recuperar R$ 1.014,00 Débito: Cofins a recuperar R$ 4.680,00 Débito: ICMS a recuperar R$ 26.520,00 Crédito: fornecedores nacionais R$ 156.000,00 Na alternativa d), embora constem de maneira correta tanto o registro contábil quanto o valor do ICMS a recuperar, há também o PIS a recuperar e a Cofins a recuperar, o que está totalmente indevido, uma vez que se trata do regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins. Logo, não há recuperação. Conforme consta no enunciado, não há recuperação para o regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins, embora sejam informados corretamente os percentuais das alíquotas, 0,65% e 3%, respectivamente. Portanto, é uma empresa tributada pelo lucro presumido. 131 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Embora tenha ocorrido o registro contábil com o valor líquido a débito da conta de mercadorias para revenda – estoque, que, por se tratar de um bem que também pertence ao ativo, um dos grupos do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo), o que está incorreto é o valor da operação (e não a conta contábil). Mesmo considerando-se o valor do ICMS como recuperável (o que está correto), considerou-se indevidamente o tributo do PIS como recuperável; e, assim, além de ter apresentado essa conta indevida, apurou-se de forma indevida o valor da mercadoria para revenda. Mesmo com o valor correto registrado contabilmente a crédito na conta de fornecedores nacionais, que deverá ser pago no vencimento acordado por ambas as partes – comprador/vendedor, não teremos de imediato a saída de um numerário e, assim, uma dívida assumida; não é possível ter parte do lançamento contábil efetuado de forma correta para o registro de uma operação. Observação As alternativas b, c e d mencionam a recuperação de PIS e Cofins, ou seja, totalmente erradas, por se tratar do regime de incidência cumulativo, isto é, sem recuperação dos respectivos tributos. 8 EXEMPLOS DE CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES COM MERCADORIAS E SERVIÇOS COM TRIBUTAÇÃO A seguir, serão acentuados alguns exemplos de operações para que o conteúdo estudado fique mais claro. 8.1 Compra de mercadorias com incidência de ICMS, PIS e Cofins recuperáveis Suponhamos uma compra de mercadorias por R$ 100.000, com incidência de ICMS à alíquota de 17% e, considerando as alíquotas do PIS a 1,65% e Cofins a 7,6%, deveremos fazer a contabilização da seguinte forma: Tabela 30 – Nota fiscal de compra de mercadorias Mercadorias – X unidades 100.000 ICMS (17% X 100.000) = 17.000 100.000 Tabela 31 – Memória de cálculo R$ 1) Valor da compra 100.000 2) ICMS sobre a operação (17%) – incluso no preço 17.000 3) PIS sobre a operação (1,65%) – incluso no preço – base de cálculo 83.000 1.370 4) Cofins sobre a operação (7,6%) – inclusa no preço – base de cálculo 83.000 6.308 Valor líquido de mercadoria = 1 – (2 + 3 + 4) 75.32 132 Unidade III Ao adquirir as mercadorias por R$ 100.000, R$ 17.000 se referem ao ICMS, R$ 1.370 ao PIS e R$ 6.308 à Cofins. Para o comprador, esses tributos, em virtude do princípio da não cumulatividade, representam um adiantamento do que será devido quando da venda desse estoque de mercadorias. Logo, esses valores pagos na compra de mercadorias representam um direito da empresa contra o Estado (ICMS) e a União (PIS/Cofins), devendo ser reconhecidos na escrituração contábil por meio de contas próprias, que podem ser chamadas de contas-correntes – C/C ICMS (ou ICMS a recuperar), C/C PIS (ou PIS a recuperar) e C/C Cofins (ou Cofins a recuperar). Todas essas contas são contas de ativo, pois significam direitos. Vejamos o funcionamento dessas contas. Quando da compra das mercadorias, são debitadas pelo valor embutido (incluído) no preço. Quando do encerramento do período de apuração do imposto, são creditadas para a transferência de seu saldo para as contas do passivo, ICMS a recolher, PIS a recolher e Cofins a recolher. A operação poder ser contabilizada conforme tabelas a seguir: Tabela 32 – Considerando compra à vista Débito Mercadorias (Ativo) R$ 75.322,00 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 17.000,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.370,00 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 6.308,00 Crédito Caixa (Ativo) R$ 100.000,00 Tabela 33 – Considerando compra a prazo Débito Mercadorias (Ativo) R$ 75.322,00 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 17.000,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.370,00 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 6.308,00 Crédito Fornecedores (Passivo) R$ 100.000,00 Observamos que muitas empresas utilizam uma única conta para substituir as contas a recuperar e a recolher. Essa conta é denominada conta-corrente (C/C ICMS; C/C Cofins). 133 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Quando a empresa compra mercadorias, a conta-corrente é debitada pelos impostos e contribuições incidentes sobre a operação de compra. Por outro lado, quando a empresa vende mercadorias, a conta-corrente é creditada pelo valor dos impostos e contribuições incidentes sobre a operação de venda. Assim, no final do período da operação, a conta-corrente poderá apresentar saldo devedor ou saldo credor. O saldo devedor da conta-corrente indica que a empresa tem um direito contra a Fazenda Pública, sendo, portanto, um ativo. O saldo credor da conta corrente indica que a empresa tem uma obrigação com a Fazenda Pública, sendo, portanto, um passivo. 8.2 Compra de mercadorias com incidência de IPI, ICMS, PIS e Cofins recuperáveis A diferença do IPI em relação a ICMS, PIS e Cofins é que seu valor não está incluído no preço dos produtos. Se o comprador dos produtos sobre os quais incidiu o IPI é contribuinte do IPI (empresa industrial ou equiparada à industrial) e os produtos adquiridos são utilizados em seu processo de industrialização, o IPI incidente na operação de compra poderá ser recuperado quando da venda dos bens industrializados pela empresa (princípio da não cumulatividade). Por exemplo: considerando uma compra de matéria-prima por R$ 100.000, com incidência de ICMS à alíquota de 17%, do PIS a 1,65% e Cofins a 7,6%, bem como o IPI com alíquota de 30%, a contabilização será feita da seguinte forma: Tabela 34 – Nota fiscal de compra de matérias-primas Matéria-prima – X unidades 100.000 IPI – 30% sobre 100.000 30.000 ICMS (17% sobre 100.000) 17.000 Valor total da nota fiscal 130.000 Tabela 35 – Memória de cálculo R$ 1) Valor da compra 100.000 2) IPI sobre compra (30%) – não incluso no preço da matéria-prima 30.000 3) Valor da nota fiscal 130.000 4) ICMS sobre a compra (17%) – incluso no preço da matéria-prima 17.000 5) PIS sobre a operação (1,65%) – incluso no preço da matéria-prima 1.650 6) Cofins sobre a operação (7,6%) – inclusa no preço da matéria-prima 7.600 7) IPI sobre a compra (30%) – recuperável (neste exemplo) 30.000 8) Valor líquido da matéria-prima = 3 – (4 + 5 + 6 + 7) 73.750 Como o IPI é recuperável nesse exemplo, seu valor não entra na base de cálculo do ICMS (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, XI), do PIS (BRASIL, 2002b, art. 66, § 3º) e da Cofins (BRASIL, 2004a, art. 8º, § 3º, I). 134 Unidade III A contabilização, considerandoa compra à vista, será: Tabela 36 – Contabilização Débito Mercadorias (Ativo) R$ 73.750,00 IPI a recuperar (Ativo) R$ 30.000,00 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 17.000,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.650,00 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 7.600,00 Crédito Caixa (Ativo) R$ 130.000,00 8.3 Compra de produtos para revenda por empresa comercial – IPI não recuperável e ICMS, PIS e Cofins recuperáveis Nesse caso, a empresa compradora não é contribuinte do IPI, pois é uma empresa comercial, ou, mesmo sendo contribuinte, não utiliza o produto comprado em seu processo de fabricação. O IPI incidente na operação de compra não será recuperado, portanto, integrará o custo de aquisição. Por exemplo: a empresa Comercial Ltda. adquire, a prazo, produtos industrializados para revenda por R$ 250.000, com IPI à alíquota de 20%, ICMS à alíquota de 17%, PIS à alíquota de 1,65% e a Cofins à alíquota de 7,6%. Como a empresa compradora não é contribuinte do IPI, este não será recuperável, devendo integrar o custo de aquisição. Tabela 37 – Nota fiscal de compra do produto Produto – X unidades 250.000 IPI – 20% sobre 250.000 50.000 ICMS (17% sobre 250.000) 42.500 300.000 Tabela 38 – Memória de cálculo R$ 1) Valor da compra 250.000 2) IPI sobre compra (20%) – cobrado destacadamente 50.000 3) Valor da nota fiscal 300.000 4) ICMS sobre compra (17%) – incluso no preço (17% x 250.000) 42.500 5) PIS sobre compra (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 257.500) 4.249 6) Cofins sobre compra (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 257.500) 19.570 7) Valor líquido do produto = 3 – (4 + 5 + 6) 233.681 135 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Como o IPI não é recuperável, porém o produto é destinado à comercialização, seu valor (do IPI) não entra na base de cálculo do ICMS (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, XI). Entretanto, o valor do IPI integra a base de cálculo do PIS e da Cofins, por interpretação do disposto nos art. 66, § 3º, da Instrução Normativa n. 247 (BRASIL, 2002b), e art. 8º, § 3º, I, da Instrução Normativa n. 404 (BRASIL, 2004a). A contabilização, considerando a compra a prazo, será: Tabela 39 – Contabilização Débito Mercadorias (Ativo) R$ 233.681,00 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 42.500,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 4.249,00 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 19.570,00 Crédito Fornecedores (Passivo) R$ 300.000,00 8.4 Compra de bens para uso da empresa quando o IPI não é recuperável e ICMS, PIS e Cofins são recuperáveis Por exemplo: uma empresa comercial adquire à vista uma máquina para seu ativo não circulante imobilizado diretamente da indústria por R$ 50.000, com alíquota de IPI de 20%, de ICMS de 17%, de PIS de 1,65% e da Cofins de 7,6%. Como se trata de uma aquisição para uso, e não para revenda, o IPI não será recuperável, devendo integrar o custo de aquisição. Tabela 40 – Nota fiscal de compra da máquina Máquina 50.000 IPI – 20% sobre 50.000 10.000 ICMS (17% sobre 60.000) R$ 10.200 60.000 Tabela 41 – Memória de cálculo R$ 1) Valor da compra 50.000 2) IPI sobre compra (20%) – cobrado destacadamente 10.000 3) Valor da nota fiscal 60.000 4) ICMS sobre compra (17%) – incluso no preço 10.200 5) PIS sobre compra (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 39.800) 657 6) Cofins sobre compra (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 39.800) 3.025 7) Valor líquido da máquina = 3 – (4 + 5 + 6) 46.118 136 Unidade III A contabilização, considerando a compra à vista, será: Tabela 42 – Contabilização Débito Máquinas (Ativo) R$ 46.118,00 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 10.000,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 657,00 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 3.025,00 Crédito Caixa (Ativo) R$ 60.000,00 8.5 Outros gastos nas compras: imposto de importação, fretes e seguros Quanto ao imposto de importação, não existe a possibilidade de sua recuperação pelo importador. Portanto, o importador deverá acrescer o custo de aquisição das mercadorias importadas. Quanto aos fretes e seguros que o comprador é obrigado a pagar, seus valores devem integrar o custo de aquisição das mercadorias compradas. 8.6 Contabilização das operações de vendas Para o registro das operações de vendas de mercadorias, são efetuados débitos de uma conta que representa a disponibilidade (caixa ou bancos) no caso de venda à vista, ou de uma conta representativa de um direito (clientes ou duplicatas a receber), no caso de venda a prazo. Como contrapartida, tem-se um crédito em uma conta de receita (vendas ou receita bruta de vendas). 8.6.1 Impostos e contribuições incidentes sobre vendas Considerando-se as diversas legislações (federal, estadual), quando uma empresa vende uma mercadoria ou um produto, no preço desses bens estão embutidos impostos e contribuições sobre o valor das vendas, tais como ICMS, PIS, Cofins, que deverão ser recolhidos aos cofres públicos. Observamos que o IPI não integra a receita bruta, apesar de compor o preço final da nota fiscal, conforme o Decreto n. 3.000 (BRASIL, 1999a, art. 279, § único). Revenda de mercadorias sem incidência do IPI Exemplo: operação a prazo pelo valor de R$ 100.000,00. 137 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Tabela 43 – Esquema de revenda de mercadoria sem incidência do IPI D – Clientes 100.000 Pelo reconhecimento da receitaC – Vendas brutas 100.000 D – Tributos sobre vendas 24.678 Revenda de mercadorias sem incidência de IPI C – ICMS a recolher 17.000 C – PIS a recolher 1.370 C – Cofins a recolher 6.308 Base de cálculo: PIS: R$ 83.000,00 x 1,65% = R$ 1.370,00 Cofins: R$ 83.000,00 x 7,6% = R$ 6.308,00 A conta tributos sobre vendas foi debitada, pois vai reduzir as vendas brutas. A contrapartida foi efetuada em contas que representam obrigações da empresa com as fazendas públicas. Dos 100.000 cobrados, somente R$ 75.322 pertencem à empresa. O restante, R$ 24.678, pertence aos cofres públicos. Venda de produto fabricado pela empresa com alíquota de IPI de 10% Exemplo: operação a prazo pelo valor de R$ 100.000,00. Nessa operação, o valor do IPI é de R$ 10.000, sendo a contabilização feita da seguinte forma: Tabela 44 – Esquema de venda de produto com alíquota de IPI de 10% D – Clientes 110.000 Pelo reconhecimento de vendas com IPI C – Receita bruta 110.000 D – IPI faturado 10.000 Pelo reconhecimento do IPI C – IPI a pagar 10.000 D – Tributos sobre vendas 24.678 Pelo reconhecimento dos impostos e contribuições sobre venda C – ICMS a pagar 17.000 C – PIS a pagar 1.370 C – Cofins a pagar 6.308 138 Unidade III Tabela 45 – Memória de cálculo R$ Vendas brutas 110.000 IPI faturado (10.000) = Receita bruta de vendas 100.000 ICMS sobre vendas (17.000) PIS sobre vendas (1.370) Cofins sobre vendas (6.308) = Receita líquida de vendas 75.322 Observamos que substituímos na memória de cálculo a conta tributos sobre vendas por outras três contas: ICMS sobre vendas, PIS sobre vendas e Cofins sobre vendas. 8.6.2 Contabilização dos fatos que alteram as compras e as vendas Devoluções de compras Exemplo: Compra de 100 unidades de mercadoria Y para revenda pela empresa X por R$ 10.000, à vista, mais IPI de 10%, com ICMS de 17%, PIS de 1,65% e Cofins de 7,6%. Quando do recebimento das mercadorias, foram verificados defeitos em 5 unidades e, por esse motivo, a empresa compradora resolveu devolvê-las. Assim teremos: A – Compra das mercadorias Tabela 46 – Nota fiscal de compra 100 mercadorias y x R$ 100,00 10.000 IPI – 10% sobre 10.000 1.000 ICMS (17% sobre 10.000) = 1.700 Total da Nota Fiscal 11.000 Tabela 47 – Memória de cálculo R$ Valor da compra 10.000 IPI sobre compra – cobrado separadamente 1.000 Valor total da nota 11.000 ICMS sobre compra – incluso no preço – base de cálculo 9.300,00 1.700 PIS sobre compra – incluso no preço – base de cálculo 9.300,00 153,45 Cofins sobre compra – inclusa no preço 706,80 Valor líquido da mercadoria 8.439,75 139 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Como o IPI não é recuperável, porém o produto é destinado à comercialização, seu valor não entra na base de cálculo do ICMS nem na base de cálculo de PIS e Cofins. Assim, teremos acontabilização pela compra: Tabela 48 – Contabilização Débito Mecadorias (Ativo) R$ 8.439,75 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 1.700,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 153,45 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 706,80 Crédito Caixa (Ativo) R$ 11.000,00 B – Devolução da compra da mercadoria Tabela 49 – Nota fiscal de devolução 5 mercadorias Y x 100 500 IPI: 10% sobre 500 50 ICMS (17% sobre 500) 85 Total da nota fiscal 550 Tabela 50 – Memória de cálculo Valor da devolução R$ IPI sobre devolução – cobrado destacadamente 500 Valor total da nota 50 ICMS sobre devolução (17% sobre 500,00) – incluso no preço 550 PIS sobre devolução (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 465,00) 85 Cofins sobre devolução (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 465,00) 7,67 Valor líquido da mercadoria devolvida 35,34 Valor da devolução 421,99 Base de cálculo: (550,00 – 85,00) = 465,00 Assim, teremos a contabilização da devolução de compra de mercadorias: 140 Unidade III Tabela 51 – Contabilização Débito Caixa (Ativo) R$ 550,00 Crédito Mecadorias (Ativo) R$ 421,99 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 85,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 7,67 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 35,34 Devoluções de vendas Usaremos o mesmo exemplo anterior e registraremos as operações sob o ponto de vista do vendedor. A – Venda das mercadorias Tabela 52 – Nota fiscal da venda 100 mercadorias y x 100,00 10.000 IPI – 10% sobre 10.000 1.000 ICMS (17% sobre 10.000) = 1.700 Total da nota de devolução 11.000 Tabela 53 – Memória de cálculo R$ Valor da venda 10.000 IPI sobre venda 10% – cobrado destacadamente 1.000 Valor da nota 11.000 ICMS sobre venda (17%) – incluso no preço 1.700 PIS sobre devolução (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 8.300,00) 136,95 Cofins sobre devolução (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 8.300,00) 630,80 Como a empresa vendedora é contribuinte do IPI, a contabilização da venda é a seguinte: a) D – caixa R$ 11.000 C – faturamento bruto R$ 11.000 b) D – IPI faturado R$ 1.000 C – IPI a pagar R$ 1.000 c) D – ICMS s/faturamento R$ 1.700 C – ICMS a pagar R$ 1.700 141 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA d) D – PIS s/faturamento R$ 136,95 C – PIS a pagar R$ 136,95 e) D – Cofins s/faturamento R$ 630,80 C – Cofins a pagar R$ 630,80 Da devolução a) D – Devoluções de vendas R$ 550 C – Caixa R$ 550 b) D – IPI a recolher R$ 50 D – ICMS a recolher R$ 85 D – PIS a recolher R$ 6,85 D – Cofins a recolher R$ 31,54 C – IPI faturado R$ 50 C – ICMS sobre venda R$ 85 C – PIS sobre venda R$ 8,25 C – Cofins sobre venda R$ 38 Observamos que as devoluções de vendas constarão da DRE como parcela redutora das vendas brutas. 8.6.3 Abatimentos sobre compras Nas operações mercantis podem ocorrer situações entre a saída da mercadoria do estabelecimento vendedor e o ingresso no estabelecimento comprador. O comprador adquire mercadoria de primeira qualidade e recebe mercadoria de segunda qualidade, por exemplo. Então, para evitar a devolução da mercadoria, as partes podem negociar um abatimento no preço da mercadoria. Assim, por exemplo, a empresa Comércio de Equipamentos Ltda. compra 20 computadores para revenda por R$ 20.000, à vista, com as seguintes alíquotas: ICMS 17%, PIS 1,65% e Cofins 7,6%. Ao receber a mercadoria, é constatado que dois computadores estão fora das especificações técnicas acordadas. Para que as 2 unidades não fossem devolvidas, o vendedor concedeu um abatimento no valor total de R$ 400, que foi prontamente aceito pelo comprador. A contabilização dessas operações seria feita da seguinte maneira: 142 Unidade III A – Compra da mercadoria Tabela 54 – Nota fiscal de compra 20 computadores x 1.000 20.000 ICMS (17% sobre 20.000) = 3.400 Valor da nota fiscal 20.000 Tabela 55 – Memória de cálculo R$ Valor da compra 20.000 ICMS sobre compra (17%) – incluso no preço 3.400 PIS sobre compra (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 16.600,00) 273,90 Cofins sobre devolução (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 16.600,00) 1.261,60 Valor da nota 20.000 Valor líquido da mercadoria 15.064,50 A contabilização da aquisição ficaria assim: Tabela 56 – Contabilização Débito Mecadorias (Ativo) R$ 15.064,50 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 3.400,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 273,90 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 1.261,60 Crédito Caixa (Ativo) R$ 20.000,00 Quando ocorrer o abatimento no valor de R$ 400, teremos: D – Caixa (Ativo) R$ 400 C – Abatimento (R) R$ 400 Observamos que não houve ajuste sobre o valor dos impostos incidentes na operação, devido a ter sido um fato posterior à emissão da nota fiscal e que não resultou na devolução de mercadorias. 143 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Abatimentos sobre vendas Para o vendedor da mercadoria, o abatimento concedido reduz o resultado e deverá ser registrado como uma conta de resultado, redutora da receita bruta de vendas, para apuração da receita líquida de vendas. Utilizamos o mesmo exemplo do item anterior, e a contabilização será feita sob o ponto de vista do vendedor. A – Na venda a) D – caixa R$ 20.000 C – receita bruta de venda R$ 20.000 b) D – ICMS sobre vendas R$ 3.400 D – PIS sobre vendas R$ 273,90 D – Cofins sobre vendas R$ 1.261,60 C – ICMS a recolher R$ 3.400 C – PIS a recolher R$ 273,90 C – Cofins a recolher R$ 1.261,60 B – No momento da concessão do abatimento a) D – abatimento sobre vendas R$ 400 C – caixa R$ 400 Os descontos comerciais são aqueles concedidos na nota fiscal, no momento da operação de compra (obtidos) ou de venda (concedidos), em função, normalmente, do volume de vendas ou da qualidade do comprador. Os descontos comerciais obtidos são descontos obtidos na nota fiscal. A regra geral do desconto comercial obtido é a sua não contabilização por parte do comprador, ou seja, a mercadoria é contabilizada pelo seu valor líquido negociado. Entretanto, se a empresa compradora desejar, poderá utilizar uma conta retificadora de comprar descontos comerciais obtidos. O exemplo está a seguir. A empresa H Ltda. compra 1.000 unidades de um produto beta da indústria J pelo preço unitário de tabela de R$ 100, mais 10% de IPI. Como a empresa H Ltda. é um excelente cliente, a indústria J concede 20% de desconto no ato da venda. A operação é à vista, com incidência de ICMS 17%, PIS 1,65% e Cofins 7,6%. 144 Unidade III A – Compra de produtos Tabela 57 – Nota fiscal de compra Produto beta 1.000 X R$ 100 100.000 Desconto (20% sobre 100.000) (20.000) IPI (10% sobre 100.000) 10.000 ICMS (17% sobre 80.000) = 13.600 90.000 Tabela 58 – Memória de cálculo R$ Valor da compra 100.000 Desconto comercial (20% sobre 100.000) (20.000) IPI sobre compra (10% 100.000) – cobrado destacado 10.000 Valor total da nota 90.000 ICMS sobre compra (17% sobre 80.000) – incluso no preço 13.600 PIS sobre compra – incluso no preço (1,65% x 76.400,00) 1.260 Cofins sobre compra – inclusa no preço (7,6% x 76.400,00) 5.806,40 Valor líquido da mercadoria 69.333 Observamos que, como o IPI não é recuperável nesse exemplo, mas o produto é destinado à revenda, o valor do IPI não entra na base de cálculo do ICMS (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, XI). Porém, integra a base de cálculo de PIS e Cofins, por interpretação ao disposto nos art. 66, § 3º da Instrução Normativa n. 247 (BRASIL, 2002b) e art. 8º, § 3º, I, da Instrução Normativa SRF n. 404 (BRASIL, 2004a). O lançamento contábil será: Tabela 59 – Lançamento contábil Débito Mecadorias (Ativo) R$ 69.333,00 ICMS a recuperar (Ativo) R$ 13.600,00 PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.260,00 Cofins a recuperar (Ativo) R$ 5.806,40 Crédito Caixa (Ativo) R$ 90.000,00 Destaca-se que o desconto comercial não foi contabilizado pelo comprador, sendo essa a forma mais usual de contabilização. 145 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Descontos comerciais concedidos Na empresa vendedora, os descontos comerciais devem ser registrados em conta redutora da receita bruta de vendas, para apuração da receita líquida.Utilizando-se o mesmo exemplo do item anterior, teremos: A – Venda da mercadoria Tabela 60 – Nota fiscal de compra Produto beta 1.000 x R$ 100 100.000 Desconto (20% sobre 100.000) (20.000) IPI (10% sobre 100.000) 10.000 ICMS (17% sobre 80.000) = 13.600 90.000 Tabela 61 – Memória de cálculo R$ Valor da compra 100.000 Desconto comercial (20% sobre 100.000) (20.000) IPI sobre compra (10% 100.000) – cobrado destacado 10.000 Valor total da nota 90.000 ICMS sobre compra (17% sobre 80.000) – incluso no preço 13.600 PIS sobre compra – incluso no preço (1,65% x 66.400,00) 1.095,60 Cofins sobre compra – inclusa no preço (7,6% x 66.400,00) 5.046,40 Valor líquido da mercadoria 70.258 Observamos os seguintes aspectos: • como o IPI não é recuperável nesse exemplo e o produto é destinado à revenda, seu valor entra na base de cálculo do ICMS (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, XI), bem como a base de cálculo (no devedor) de PIS e Cofins; • o valor de PIS e Cofins para o vendedor é diferente do valor para o comprador, o que ocorre por causa da Legislação de Regência da Instrução Normativa n. 247 (BRASIL, 2002b, art. 66, § 3º) para o comprador e art. 24 da mesma lei no caso do vendedor. A contabilização está a seguir: a) D – caixa R$ 90.000 D – descontos comerciais concedidos R$ 20.000 C – faturamento bruto R$ 110.000 146 Unidade III b) D – IPI faturamento R$ 10.000 C – IPI a recolher R$ 10.000 c) D – ICMS sobre vendas R$ 13.600 D – PIS sobre vendas R$ 1.095,60 D – Cofins sobre venda R$ 5.046,40 C – ICMS a pagar R$ 13.600 C – PIS a pagar R$ 1.095,60 C – Cofins a pagar R$ 5.046,40 8.6.4 Cálculo de ICMS sobre energia elétrica A título de curiosidade, vamos explicar como é feito o cálculo do ICMS sobre as contas de energia elétrica. Esse cálculo é muito complexo e normalmente os contribuintes não entendem como é feito, inclusive existem muitas matérias em discussão sob a inconstitucionalidade do cálculo. Para facilitar a compreensão, vamos utilizar valores e alíquotas praticadas no estado de São Paulo e o consumo de uma residência média. Valor do consumo de energia registrado R$ 110,60 PIS R$ 1,56 Cofins R$ 7,16 ICMS R$ 39,77% (alíquota de 25%) Para a base de cálculo, será considerado o valor efetivo do consumo mais PIS e Cofins. R$ 110,60 + R$ 1,56 + R$ 7,16 = R$ 119,32. Esse será o valor utilizado para encontrar a nossa base de cálculo. Agora, vamos para o cálculo propriamente dito. Temos alíquota de 25%, portanto, 0,25 em números. Vamos pegar a unidade 1 – 0,25 (alíquota do ICMS) = 0,75. O valor de R$ 119,32/0,75 é igual a R$ 159,09, que é a base de cálculo do ICMS. Ou seja, R$ 159,09 x 25% = R$ 39,77. Analisando a operação, constata-se que a carga tributária do ICMS não resulta em 25%. É bem maior que isso, pois se o ponto de partida é R$ 119,32 e um ICMS de R$ 39,77, ao fazer a operação inversa, chega-se ao percentual de 33,33%. R$ 39,77/119,32 = 33,33% 147 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 8.7 Estudo de caso envolvendo compra, venda e contabilização Para finalizar nosso estudo, observe o exemplo acentuado a seguir. Exemplo de aplicação Vamos analisar a operação de uma empresa fabricante que adquire mercadorias, produz e comercializa os produtos resultantes da operação. A empresa Industriax Ltda., estabelecida na cidade de Salvador (BA), fabrica máquinas e equipamentos industriais de controle de qualidade para processos produtivos. Por ser optante do lucro presumido, tem o regime de cumulatividade para PIS e Cofins e teve as seguintes operações no mês de março de 2010: Aquisição de matéria-prima a prazo, sendo o valor da mercadoria de R$ 332.610,00 sobre a matéria-prima adquirida. No valor, há incidência de IPI e ICMS de 15% e 17%, respectivamente. Venda de 20 máquinas de checagem de peso no valor de R$ 27.500,00. Essas máquinas serão utilizadas como ativo fixo de uma empresa localizada no mesmo Estado, incidindo, sobre essa venda, IPI de 15%, ICMS de 17%, PIS e Cofins no sistema cumulativo. Com os dados apresentados, vamos seguir os procedimentos: a) Na operação de aquisição de matéria-prima, devem-se calcular os impostos incidentes na operação de aquisição e efetuar a contabilização. b) Na operação de saída, vamos calcular o total da nota fiscal e os impostos, contabilizar a venda e os impostos, fazer os lançamentos de apuração dos impostos no final do período e levantar a DRE para apuração do lucro bruto. • Apresentação das operações: a) Na operação de aquisição de matéria-prima, vamos calcular os impostos incidentes na operação de aquisição: Valor da mercadoria R$ 332.610,00 IPI 15% R$ 49.891,50 Valor total da nota fiscal R$ 382.501,50 ICMS 17% R$ 56.543,70 Comentários: como a aquisição é de material que será utilizado na fabricação de produtos que serão comercializados posteriormente, ou seja, matéria-prima, o ICMS incide sobre o valor da mercadoria, não entrando na base de cálculo do ICMS a parcela correspondente ao IPI. 148 Unidade III • Efetuar a contabilização: D – Matéria-prima (Ativo) R$ 276.066,30 D – IPI a recuperar (Ativo) R$ 49.891,50 D – ICMS a recuperar (Ativo) R$ 56.543,70 C – Fornecedores (Passivo) R$ 382.501,50 Comentários: como a empresa compradora, apesar de ser fabricante de máquinas e equipamentos industriais, é optante pelo lucro presumido, para efeitos de PIS e Cofins, recolhe-se pelo sistema de cumulatividade. Assim, não tem direito a PIS e Cofins, mesmo havendo a aquisição de matéria-prima. b) Na operação de saída, vamos calcular o total da nota fiscal e dos impostos: 20 equipamentos a R$ 27.500,00 R$ 550.000,00 IPI de 15% R$ 82.500,00 Total da nota fiscal R$ 632.500,00 ICMS de 17% R$ 107.525,00 PIS 0,65% R$ 2.876,06 Cofins 3% R$ 13.274,25 Base do cálculo: 55.000,00 – 107.525,00 = 442.475,00 Comentários: por se tratar de venda para fins de consumo final, o valor do IPI integrará a base de cálculo do ICMS; então, a alíquota incidirá sobre o total da nota fiscal, e não somente da mercadoria. As alíquotas de PIS e Cofins, no caso de sistema cumulativo, são de 0,65% e 3%, respectivamente, e o cálculo é feito sobre o valor da mercadoria, sem considerar o IPI. • Contabilizar a venda e os impostos: Pelo reconhecimento da venda C – Receita de venda de Produtos (R) R$ 632.500,00 D – Clientes (Ativo) R$ 632.500,00 Pelo reconhecimento dos impostos D–IPI s/ vendas (Resultado) R$ 82.500,00 C – IPI a pagar (Passivo) R$ 82.500,00 D – ICMS s/ vendas (Resultado) R$ 107.525,00 C – ICMS a pagar (Passivo) R$ 107.525,00 D – PIS s/ vendas (Resultado) R$ 2.876,09 C – PIS a pagar (Passivo) R$ 2.876,09 149 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA D – Cofins s/ vendas (Resultado) R$ 13.274,25 C – Cofins a pagar (Passivo) R$ 13.274,25 Pelo registro do custo dos produtos vendidos D – CMV (Resultado) R$ 276.066,30 C – Matéria-prima (Ativo) R$ 276.066,30 • Fazer os lançamentos de apuração dos impostos no final do período: D – IPI a recolher (Passivo) R$ 49.891,50 D – IPI a recolher (Passivo) R$ 49.891,50 C – IPI a recuperar (Ativo) R$ 49.891,50 D – ICMS a recolher (Passivo) R$ 56.543,70 C – ICMS a recuperar (Ativo) R$ 56.543,70 • Levantar a DRE para apuração do lucro bruto: Vendas de mercadorias R$ 632.500,00 ( – ) Impostos R$ 206.175,34 = Vendas líquidas R$ 426.324,66 ( – ) CMV R$ 276.066,30 = Lucro bruto R$ 150.258,36 Resumo O PIS e a Cofins são contribuições sociais com funções fiscais. Incidem sobre o faturamento das empresas. O PIS tem como fatos geradores o auferimento de receita pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda; a folha de salários das entidades relacionadas no art. 13 da MP n. 2.158-35 (BRASIL, 2001b); as receitas correntes arrecadadas e as transferências correntes e de capital recebidas pela pessoa jurídica de direito público interno. A Cofins tem como fato gerador o auferimentode receita pela pessoa jurídica de direito privado, inclusive aquelas a ela equiparadas pela legislação do Imposto de Renda. Para as empresas que utilizam o regime cumulativo, tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado, a alíquota de PIS é 0,65% e Cofins 3%. Nesse regime, as empresas não poderão recuperar o imposto no momento da aquisição de materiais. A base de cálculo é a totalidade das receitas, 150 Unidade III sem considerar IPI, ICMS-ST, exportações, reversões de provisões, receitas financeiras, receitas de ganhos de capital, entre outras. Para as empresas que utilizam o regime não cumulativo, que são as empresas tributadas pelo lucro real, a alíquota é 1,65% para o PIS e 7,6% para a Cofins, podendo deduzir os créditos permitidos expressamente em lei. Lembrando que existem empresas que, mesmo sendo tributadas pelo lucro real, não podem optar pelo regime não cumulativo. É o caso de empresas com tributação monofásica: as refinarias e as indústrias de bebidas; as que tenham somente parte de suas receitas tributadas pela não cumulatividade, como o setor de telecomunicações, as instituições financeiras e empresas equiparadas. O STF, em 15 de março de 2017, concluiu o julgamento do Recurso Especial n. 574.706, e a decisão foi favorável aos contribuintes em relação à exclusão do ICMS na base de cálculo de PIS e Cofins. Também estudamos a modalidade de PIS/Pasep. Quem contribui para o PIS/Pasep sobre a folha de pagamento são os templos de qualquer culto, partidos políticos, instituições de educação e de assistência social, instituições filantrópicas, entre outras. Para o PIS sobre a folha de pagamento, a alíquota é 1% sobre o valor total da folha de pagamento mensal de salários a seus empregados. Não integram a base: salário-família, benefícios, indenizações, FGTS, entre outros autorizados por leis. Essas entidades são isentas do recolhimento da Cofins. Instituições financeiras, apesar de serem obrigadas à tributação pelo lucro real, recolhem o imposto com as seguintes alíquotas: PIS (0,65%) e Cofins (4%). No caso das operações de câmbio realizadas, o ganho obtido entre o preço de venda e o preço de compra da moeda estrangeira deverá ser considerado como receita bruta; as variações monetárias ativas dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual. Por fim, vimos que o regime monofásico de PIS e Cofins é um mecanismo semelhante ao da substituição tributária. O governo federal criou o regime monofásico para os produtos de higiene pessoal, medicamentos e cosméticos, e também tornou os importadores e industriais desses produtos responsáveis pelo recolhimento do imposto. 151 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Exercícios Questão 1. (FCC/Sanasa 2019, adaptada) Existem dois regimes de apuração do PIS e da Cofins: o regime cumulativo e o regime não cumulativo. Embora os dois regimes sejam considerados contribuições sobre faturamento, há diferenças entre eles. Em relação aos dois regimes, considere as afirmativas a seguir. I – No regime não cumulativo, aplicam-se as alíquotas de 1,65% para PIS e de 7,6% para Cofins. II – Na apropriação de créditos, a empresa poderá aplicar o regime cumulativo. III – Para as empresas optantes pelo lucro presumido, sujeitas ao regime cumulativo, as alíquotas do PIS e da Cofins são 0,65% e 3%, respectivamente. É correto o que se afirma apenas em: A) II. B) I e II. C) I e III. D) III. E) II e III. Resposta correta: alternativa C. Análise da questão São regimes tributários do PIS e da Cofins, o regime cumulativo e o regime não cumulativo. As empresas optantes pelo lucro presumido devem recolher o PIS e a Cofins pelo regime cumulativo. As empresas optantes pelo lucro real devem recolher as contribuições pelo regime não cumulativo. Quanto às diferenças existentes entre eles, destacam-se as alíquotas e o aproveitamento de créditos. Para o regime cumulativo, as alíquotas são 0,65% para o PIS e 3% para a Cofins. Já para o regime não cumulativo, as alíquotas são 1,65% para o PIS e 7,6% para a Cofins. O aproveitamento de créditos é específico para o regime não cumulativo: logo, as empresas sujeitas ao regime cumulativo não podem se utilizar do aproveitamento do crédito. 152 Unidade III Questão 2. A Indústria Iluminada S.A. é uma empresa que fabrica lâmpadas e está sujeita à apuração do PIS e da Cofins pelo regime não cumulativo. A principal característica do regime não cumulativo é o direito ao crédito nas operações anteriores que pode ser deduzido das contribuições a pagar. Ao final do mês, para o cálculo dessas contribuições, a empresa apurou as informações a seguir. Tabela 62 Faturamento bruto R$ 150.000,00 IPI incluído no faturamento R$ 15.000,00 Vendas canceladas R$ 4.000,00 Compra de matéria-prima e insumos para industrialização R$ 52.500,00 Gastos com energia elétrica consumida no estabelecimento R$ 4.500,00 Gastos com o aluguel do imóvel onde a fábrica está instalada, pago à pessoa jurídica R$ 4.500,00 Gastos com o aluguel do imóvel onde a área administrativa está instalada, pago à pessoa física R$ 4.000,00 Encargos com depreciação do imobilizado utilizado na produção R$ 3.000,00 Despesas administrativas R$ 3.000,00 Com base nas informações apresentadas, o valor da Cofins a ser pago pela empresa deve ser de A) R$ 4.750,00 B) R$ 5.054,00 C) R$ 5.966,00 D) R$ 1.964,00 E) R$ 7.410,00 Resposta correta: alternativa B. Análise da questão De acordo com a Lei n. 10.833 de 29.12.2003 e atualizações posteriores, o IPI e as vendas canceladas não integram a base de cálculo da Cofins (portanto, deve haver dedução). No tratamento dos créditos admitidos, o art. 3º da mesma lei permite que, do valor apurado, a pessoa jurídica poderá descontar, entre outros, os créditos calculados em relação a: • bens e serviços utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; • energia elétrica consumida no estabelecimento; 153 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA • aluguéis, desde que pagos à pessoa jurídica; • encargos de depreciação de imobilizado adquirido para utilização na produção. As despesas administrativas não admitem créditos, assim como o aluguel pago à pessoa física. Logo, ficamos com o que se apresenta a seguir (valores dados em R$). Faturamento bruto 150.000,00 IPI incluído no faturamento (15.000,00) Vendas canceladas (4.000,00) Base de cálculo sobre o faturamento 131.000,00 Cofins (7,6%) 9.956,00 Créditos: Compra de matéria-prima e insumos para industrialização 52.500,00 Gastos com energia elétrica consumida no estabelecimento 4.500,00 Gastos com aluguel do imóvel da fábrica pago à PJ 4.500,00 Encargos com depreciação (imobilizado da fábrica) 3.000,00 Total dos créditos 64.500,00 Cofins (7,6%) 4.902,00 Cofins a pagar 5.054,00 154 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 2 AFONSO, J. R.; CASTRO, K. P. Carga tributária bruta de 2019: recorde histórico e evidências federativas. Folha de S. Paulo, 2020. Disponível em: https://joserobertoafonso.com.br/ attachment/198646#:~:text=A%20carga%20tribut%C3%A1ria%20bruta%20do,muito%20lenta%20 da%20atividade%20econ%C3%B4mica. Acesso em: 15 fev. 2021. Adaptada. Figura 3 AFONSO, J. R.; CASTRO, K. P. Carga tributária bruta de 2019: recorde histórico e evidências federativas. Folha de S. Paulo, 2020. Disponível em: https://joserobertoafonso.com.br/ attachment/198646#:~:text=A%20carga%20tribut%C3%A1ria%20bruta%20do,muito%20lenta%20 da%20atividade%20econ%C3%B4mica. Acesso em: 15 fev. 2021. Adaptada. Figura 4 BOOKCASE-335849_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2014/05/02/02/19/ bookcase-335849_960_720.jpg. Acesso em: 15 fev. 2021. Figura 5 WINDOW-CLEANER-4593185_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/ photo/2019/11/01/02/08/window-cleaner-4593185_960_720.jpg. Acesso em: 15 fev. 2021. Figura 6 TRACTOR-3859930_960_720.JPG. Disponível
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