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Introdução A alimentação orgânica parece ser uma das melhores opções antes do desenvolvimento da industrialização alimentar. Um movimento expansivo nos últimos anos alerta-nos sobre o abuso de aditivos como gorduras, sal, açúcar e xarope de milho com alto teor de frutose, contidos nos alimentos mais consumidos com o único propósito de torná-los mais saborosos. Não só a denominada “junk food”, mas também aquela que é vendida como saudável, faz parte de uma dieta à qual nos acostumamos e que causa dependência. Dentro do paradigma que considera o alimento em relação ao meio ambiente, uma das referências em questões de consumo é o jornalista científico Michael Pollan. O autor do recente livro “Cozinhar” e outros best-sellers como “O dilema onívoro”, recomenda “não comer nada que sua avó não reconheça como alimento”. De acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), 868 milhões de pessoas (12,5% da população mundial) estão desnutridas em termos de consumo de energia alimentar e 1,4 bilhão de pessoas tem sobrepeso, dos quais 500 milhões são obesos. Esses dados preocupantes exigem, a nível global, um novo olhar que permita recuperar as tradições esquecidas e modificar hábitos para viver melhor. O valor dos vegetais na dieta humana é inegável, e seus benefícios são reconhecidos pelo ambiente científico e médico, e por organizações internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda seu consumo com o objetivo de prevenir doenças e fortalecer as defesas do organismo. Por meio de uma alimentação natural, é possível encontrar todos os nutrientes essenciais para levar uma vida saudável. Mas, ao mesmo tempo, enfrentamos um problema: a maioria dos vegetais é manipulada em termos de produção e distribuição, com o objetivo de multiplicar seu rendimento. Em todo o mundo, o uso de agroquímicos e poluentes está sendo questionado e, em alguns países, novas leis foram criadas para proteger o consumidor. A Europa é pioneira nesse sentido e proibiu o uso de certos herbicidas e inseticidas como o Glifosato e o Endosulfan, exceto na Espanha e na Romênia. Por outro lado, nos Estados Unidos, há cada vez mais empresas que estão mudando suas formas de produzir. Voltar ao consumo orgânico é um processo que exige uma nova legislação e uma mudança de consciência. Para os consumidores, o uso de alimentos orgânicos significa, além de evitar agregados, conservantes e pesticidas, uma maneira de se conectar com a terra, entrar em contato com os alimentos e a natureza, aprofundar o conhecimento das variações sazonais e a influência da temperatura e do vento nas plantas. Para melhorar a qualidade dos vegetais orgânicos, é aconselhável consumi-los frescos e crus, alguns podem até ser consumidos com casca. A diferença é notável, o seu sabor e aroma são mais intensos que os do cultivo industrial. Cultivos artesanais são superiores em matéria de cuidado e qualidade. Os vegetais orgânicos têm um teor mineral mais elevado em termos de teor de cálcio, magnésio, potássio, sódio e fosfato. Seguindo essa premissa, os vegetais frescos em nossa casa tornam-se uma proposta atrativa e sustentável, mesmo para quem tem espaços reduzidos. De um vaso com especiarias em uma varanda ou terraço até um jardim ou horta compartilhado, as alternativas são variadas. O desenvolvimento desse tipo de empreendimento também pode ocorrer em escolas, cantinas, grupos de famílias ou vizinhos, associações que têm acesso a pequenas extensões de terra, ou que solicitam aos seus municípios ou governos a transmissão de terrenos. Um exemplo ecológico é o de Freiburg, na Alemanha, muito perto da fronteira com a França e a Suíça. Chamada de “cidade verde”, os recursos são orquestrados para integrar a cidade com o campo. Hortas orgânicas a poucos minutos da cidade permitem que as pessoas colham suas próprias frutas e vegetais, e que possam acessá-los quando for necessário. Mesmo nos centros urbanos mais populosos, existe a possibilidade de criar espaços de produção para ter uma alimentação mais completa, saudável e econômica. Para começar a planejá-lo, é aconselhável levar em consideração algumas diretrizes técnicas com as quais será possível manter um jardim orgânico produtivo ao longo do ano. • Organizar o espaço Nas hortas, o intuito é reproduzir os processos da natureza. Quando se dispõe de um lugar pequeno, deve-se procurar um lugar com sol e sombra ou alguma coisa para proteger o cultivo do clima. Uma boa alternativa é fazer jardins verticais se houver uma parede que receba pelo menos cinco horas de luz solar. Os vasos podem ser pequenos ou largos e com pelo menos 40 centímetros de profundidade. Em um metro quadrado você pode construir uma horta com alimento suficiente para suprir a porção de vegetais que uma família consome. Se tiver um espaço maior, o ideal é que o terreno possa ser delimitado e cercado, e que seja possível trabalhar a terra com conforto. As hortas compartilhadas têm a vantagem de reduzir o trabalho e a quantidade de ferramentas necessárias para mantê-las. É conveniente colocar a horta ao norte no hemisfério sul e ao sul no hemisfério norte, com objetivo de aproveitar a exposição ao sol durante a maior parte do dia. Plantas folhosas precisam de menos exposição ao sol do que as plantas frutíferas. Enquanto a alface ou a rúcula exigem 3 horas por dia, o tomate, a berinjela ou a pimenta precisam de cerca de 6 horas por dia. • Recipientes A escolha dos recipientes depende em grande parte do espaço, do peso e do material com o qual eles são fabricados. Desde vasos feitos de argila até materiais plásticos, é possível obter recipientes de qualquer tamanho e cor no mercado. A vantagem dos vasos de argila cozida é que eles são feitos de material poroso, mas são frágeis e pesados. Os recipientes de maior capacidade são feitos com fibrocimento, adequados para varandas e terraços, são adequados para frutíferas ou trepadeiras. Os materiais plásticos não são porosos, mas são leves e baratos, e podem ser usados em varandas e terraços. Também é possível utilizar materiais reciclados, vasilhas e recipientes de madeira artesanal. • Substratos Compostos por diferentes misturas e três fases (sólida, líquida e gasosa), seu objetivo é melhorar o crescimento das plantas do recipiente. Para isso, é importante que sua porosidade seja próxima de 85% para que as raízes se desenvolvam. Geralmente são comercializados em sacos de diferentes tamanhos. Deve-se combinar substâncias orgânicas e minerais para alcançar um equilíbrio entre a umidade e a aeração. Além disso, evite que o solo endureça e retenha os nutrientes para o crescimento das plantas. O pH, que é o índice de acidez, determinará a quantidade de nutrientes no substrato. Entre os substratos mais utilizados que podem ser comprados estão a turfa, produto da fermentação de vegetais pela ação da água, em condições de frio e falta de oxigênio, por isso está livre de contaminantes e permite a retenção de água e nutrientes. A areia pode ser incorporada em pequenas quantidades e limpa para uso em uma mistura de substratos. Há também substratos sintéticos, como a argila expandida ou leca, a perlita agrícola, que é um substrato de origem vulcânica, e a vermiculita, que tem um pH neutro e normalmente é usada para a mistura de germinação de sementes. • Terra Na agricultura orgânica, procura-se aproveitar ao máximo os recursos e aproveitar a fertilidade do solo e a atividade biológica.Acima de tudo, as leis da ecologia são respeitadas e utiliza-se os recursos fornecidos pela natureza, protegendo os recursos renováveis e reduzindo o uso de recursos não renováveis. A escolha e o cuidado da terra são fundamentais para que a horta seja produtiva. Para começar, é preciso remover as pedras que estão no fundo, pois impedirão que as raízes cresçam adequadamente. Se o lugar tiver lixo, remova todos os elementos que possam ser tóxicos e troque a terra velha por terra nova. Os solos férteis são ricos em nutrientes. Por isso é necessário incorporá-los por meio de adubo e fertilizantes. Para trabalhar a terra, é preciso regar o terreno e esperar três dias para que a umidade penetre nas camadas inferiores. Existem diferentes técnicas para remover a terra. Uma das mais cuidadosas é cavar com uma pá de ponta e deixar a terra no mesmo local (sem rotação) para manter a estrutura do solo. • Condições meteorológicas Tanto a umidade ambiente quanto a temperatura terão efeito no crescimento das plantas. O vento também influencia. Embora as rajadas de vento possam prejudicá-las ou quebrar seus caules e folhas, sendo necessários reparos, elas devem ser colocadas em um local que tenha circulação de ar. É possível criar proteções naturais. Uma boa opção é o plantio de ligustrinas ou gramas ornamentais e lavandas, que reduzem o impacto e a velocidade do vento. Por sua vez, elas serão um refúgio para predadores que controlarão as pragas. Outra opção é colocar uma cerca de juncos, canas ou varas de madeira. Além disso, com uma cerca haverá menos perda de água pela transpiração e evaporação. • Preparação do viveiro O viveiro é o recipiente no qual a semente será colocada. É usado quando a semente é muito delicada ou muito pequena para crescer diretamente no solo. Entre as opções, é possível escolher latas, recipientes de plástico, vasos, cujo fundo deve ser perfurado para permitir a eliminação do excesso de água. A base pode ser constituída por 3 centímetros de pedras, tijolos ou pedregulhos. No topo será colocada a terra fértil e o fertilizante. Deve-se formar uma cavidade em que duas ou três sementes serão inseridas e regadas (como uma chuva). As mudas devem estar em um espaço onde não recebam sol ou correntes de ar diretamente. Elas crescerão antes de serem transplantadas. • Trasplante Quando saírem as quatro primeiras folhas (alface, acelgas etc.) ou se tiverem a espessura de uma caneta (tomate, berinjela, alho-poró, pimentão, cebola), é hora de transplantar as mudas ou plantá-las para um lugar definitivo, no qual é preciso cavar um buraco primeiro. Faça isso com muito cuidado para não danificar a raiz e cerque-a com a terra que estava ao seu redor. O espaço varia de acordo com a espécie. Deve-se considerar o crescimento da planta em profundidade e para as laterais. Uma vez transplantada, cubra com fertilizante ou terra com composto orgânico e pressione até ficar firme. Em seguida, regue e cubra com uma camada de pasto ou húmus, que protege o solo do impacto da chuva ou do vento, pois mantém a umidade e a oxigenação, reduzindo a evaporação. • Comprar mudas De acordo com os vegetais escolhidos e a temperatura ambiente, é aconselhável comprar mudas e outras plantas adultas, que já estão fortalecidas ou enxertadas, pois são mais propensas a dar frutos sem aguardar o período de maturidade, como no caso das árvores frutíferas que terão mais chances de alcançar um rendimento melhor. Às vezes, é melhor comprar mudas de tomates ou cebolas, pois seu crescimento é lento em condições inadequadas. • Ferramentas Os materiais básicos são: Duas pás: Usadas para escavar e mover o solo, areia e esterco. É aconselhável ter duas, uma plana e outra com ponta. Enxada: Com ela, remove-se a terra para fazer sulcos. Seu tamanho dependerá do tamanho da horta. Colher: Será útil para fazer pequenos sulcos no jardim, por exemplo, para introduzir as plantas de tomate nas fileiras. Escardilho: Tem em uma extremidade uma folha plana para fazer pequenos sulcos na terra e esmagar. Na outra extremidade há uma parte pontiaguda para puxar as ervas daninhas desde a raiz. Rastelo: Com uma barra transversal dentada com cabo, é usado para remover pedras da superfície, remover ervas daninhas, folhas secas, achatar o terreno e amontoar resíduos do cultivo. Luvas: São úteis para proteger as mãos durante o trabalho agrícola. Mangueira ou regador: De acordo com a superfície a ser regada, um regador é suficiente. Se houver uma fonte de água próxima, uma mangueira também pode ser usada para irrigar. Não é conveniente regar diretamente, mas simular uma chuva. Transplantador: É uma ferramenta eficaz para realizar transplantes sem danificar plantas ou raízes. Carrinho de mão: Útil para se mover por distâncias consideráveis para transportar os elementos da horta com maior conforto. • Semeadura de sementes A escolha do que será plantado depende de um conjunto de fatores e variáveis, incluindo radiação solar, ar (em termos de dióxido de carbono) e a temperatura durante o ciclo de cultivo. É possível fazer a semeadura direta: 1.Em grupo: grupos de 3 a 5 sementes são semeados, já que algumas podem não germinar. A distância de plantação dependerá da espécie plantada. 2.Em linha ou enfileirado: é realizada a marcação dos sulcos onde serão plantados. 3.Aleatoriamente: consiste em espalhar as sementes em toda a superfície do canteiro. Para sementes grandes, como abóbora, melão, milho, feijão e melancia, esse tipo de plantio é apropriado, pois são espécies de germinação simples. Também deve ser feito com as espécies que não podem ser transplantadas, como rabanete, nabo, espinafre, salsa ou cenoura. Aplique fertilizante sobre a terra preparada e coloque as sementes usando uma das formas anteriores. É preciso levar em conta que, para calcular a profundidade, é preciso aplicar uma regra de três vezes o tamanho da semente. Em seguida, cubra com terra e composto, pressionando levemente. Por último, vamos regar com uma leve chuva. • Brotos ou germinados Os brotos são uma excelente escolha quando se trata de colher vegetais para consumo humano. Com um vaso já se pode obter um alimento completo em seu melhor estado. Quando a semente entra em contato com a água, o amido é transformado em açúcar simples por enzimas específicas, e as proteínas são divididas em aminoácidos. O oxigênio é vital para o seu crescimento, assim como a água, o ar e a luz para realizar a fotossíntese, mas é melhor não expô-lo diretamente e com uma temperatura de 20 a 25 °C. Uma vez germinado, o broto pode ser colhido e contém altos valores nutricionais. Para o processo de germinação, os grãos devem ser deixados em um frasco com água por 3 a 12 horas, dependendo do seu volume. Em seguida, descarte a água, enxague os grãos com água limpa, coloque o frasco de cabeça para baixo com uma rede, cubra-o e deixe-o em um lugar escuro e quente. É conveniente enxaguar os feijões duas vezes ao dia. Os que são adequados para a germinação são alfafa, feijão-mungo ou soja verde, ervilhas, abóbora, rabanete, repolho, brócolis, agrião, espinafre, beterraba, lentilhas, grão de bico, girassol, mostarda, linho, chia, milhete, nabo, quinoa, amaranto, gergelim e trigo. Não é aconselhável comer brotos da família Solanaceae (tomates, pimentões, berinjelas), uma vez que o seu teor de solanina tem certa toxicidade. • Irrigação É um dos fatores que determinam o sucesso da horta. Tanto quanto a qualidade da terra, a irrigação é essencial para que as plantas se desenvolvam saudáveis. A quantidade média é de 3 a 5 litros de água por metro quadrado, mas o mais importante é observar a terra everificar se não há excesso ou falta de umidade. Quando o clima estiver quente, é aconselhável regar todos os dias à tarde. Durante períodos de frio não é preciso regar com frequência, mas é preciso fazer isso no sol do meio-dia. É preferível regar com água sem cloro (a do tanque geralmente tem menos). O ideal é coletar água da chuva. Também não é conveniente regar com água muito salina. Em vasos, é aconselhável regar muito suavemente para evitar a perda de nutrientes. A melhor maneira de verificar a umidade é tocar o solo. Nem todas as plantas requerem uma rega diária e isso pode acabar destruindo as raízes delas. • Sistema de irrigação Dependendo do tamanho da horta, uma rega pode ser suficiente. É preciso avaliar se é viável usar uma mangueira ou instalar um sistema de irrigação por gotejamento. A técnica mais difundida consiste em instalar um sistema de mangueiras e gotejadores controlados com um temporizador para produzir uma irrigação direta no solo e favorecer a infiltração imediata da água. É possível usar apenas um motor que bombeia água para recipientes localizados na cabeceira dos canteiros. A partir daí, a água será distribuída através de fitas de irrigação por gotejamento, o que maximizará o rendimento. No mercado, há um sistema automático com programador. Esse sistema aumenta sua eficiência quando combinado com a técnica de acolchoado. • Técnicas para preservar a umidade Alguns métodos servem para conservar a água e fornecer nutrição à horta. Ao usá-los alternadamente, é possível obter resultados melhores. Acolchoado (compost): É uma camada de matéria orgânica seca que pode ser feita com folhas secas, pequenos ramos ou produtos como papel ou papelão. O acolchoado mantém a umidade da irrigação e contribui para o controle das ervas daninhas e a criação de terra fértil. Pedras: As pedras são usadas para reter a umidade e criar microclimas, pois têm a capacidade de refletir o calor do sol. Além disso, funcionam como um abrigo para diferentes insetos e animais que podem nos ajudar no controle de pragas. Na África, também são utilizadas linhas de pedra localizadas em curvas de nível para diminuir o fluxo de água e acumular matéria orgânica e sedimentos para plantar. Valetas: São escavações feitas normalmente nos contornos de um terreno para reter ou infiltrar água. Colaboram na reidratação do solo e impedem que a água corra livremente ajudando a combater a erosão e o deslizamento do solo, são mais eficazes em terreno inclinado e é uma técnica que requer um certo nível de experiência para ser desenvolvida com sucesso. Horta montanha: Essa técnica vinculada à permacultura consiste em cavar um grande buraco para preenchê-lo com troncos e ramos. Sobre eles coloca-se terra, material orgânico em decomposição e folhas secas. Quando os troncos se decompõem, eles fornecem nutrientes aos micro-organismos do solo e atuam como esponjas que, quando degradadas, retêm a água da chuva e liberam-na lentamente. Uma horta montanha de 1,80 m de altura pode ficar até 3 meses sem ser regada, dependendo do material utilizado e do tamanho. Vasos autoirrigáveis: São vasos não envernizados colocados junto às plantas e que proporcionam umidade a elas. Eles podem economizar até 70% da água usada na irrigação e são úteis para que a água chegue diretamente às raízes. Captura de água: Trata-se de direcionar a água que cai no telhado para armazená-la em tanques ou barris. Pode ser usada para a irrigação, mas também pode ser filtrada para outros usos. Tratamento de águas cinzas: Reutiliza a água armazenada de pias, chuveiros e máquinas de lavar. Aquaponia: É uma combinação de criação de peixe com colheita de alimentos. Os peixes fornecem nutrição às plantas e elas colaboram na limpeza da água do peixe. A técnica é usada principalmente para o cultivo de hortaliças de folhas. Chinampas (jardins flutuantes): Por meio dessa técnica desenvolvida no México são criadas ilhas artificiais em que se empilham materiais orgânicos, como pedras, terra, sedimentos e matéria em decomposição. As sementes são plantadas em ilhotas sem necessidade de rega. • Composto Uma maneira de manter a fertilidade do solo é incorporar composto, que é o resultado de um conjunto de restos orgânicos que, por meio de um processo de fermentação, é transformado em húmus. Existe a opção de comprar ou fazer de modo caseiro. Basta reservar um espaço para eliminar todos os resíduos orgânicos. O composto pode ser formado através dos restos de vegetais e do lixo que é gerado no consumo doméstico. Para produzi-lo é conveniente ter recipientes nos quais os materiais orgânicos correspondes serão separados e levados para o jardim, em um canto coberto onde eles possam receber luz solar, mas onde também haja sombra na maior parte do dia. O importante é equilibrar os restos verdes (ricos em nitrogênio) e os marrons (ricos em carbono). É preciso combinar o molhado com o seco. Podem ser folhas, recortes de grama, vegetais, galhos, ervas sem sementes ou esterco de aves de curral e animais herbívoros como vacas e cavalos. O esterco pode ser obtido em lojas de jardim a um preço econômico. Quanto ao lixo doméstico, é possível utilizar cinzas de madeira, borras de café, folhas de chá, cascas de ovos trituradas, cascas de frutas e vegetais crus, folhas de jornais, papelão, fibras naturais como algodão ou lã. Não se deve incorporar ervas daninhas com ou sem sementes, plantas doentes, plástico, vidro, alimentos cozidos, peixe, carne, gordura, produtos lácteos, ossos, vegetais podres em excesso, excrementos de animais domésticos. É possível adquirir “composteiras” em lojas ou criá-las com um recipiente que permita a circulação do ar ou uma lata lixo fechada, mas que possua ventilação suficiente para a realização do processo de decomposição. Com esse objetivo, pequenos furos (entre 40 e 50) serão feitos com uma broca. Uma vez por semana, o conteúdo deve ser removido adicionando terra para favorecer a oxigenação. Cada 100 quilogramas de restos orgânicos produzem 33 quilos de fertilizante, por isso é aconselhável ter pelo menos dois baldes para permitir que o processo avance mais rapidamente sem incorporar novos elementos brutos. Ele fica pronto para uso no período de dois a seis meses. O composto promove a incorporação de micro-organismos indispensáveis para o solo. Em uma grama de húmus, há um bilhão de micro-organismos (bactérias, algas, fungos) responsáveis por decompor as substâncias orgânicas em seus componentes básicos. • Chorume de composto É conhecido como chorume ou “chá” de composto, a preparação usada para melhorar a fertilidade da terra. Pode ser aplicado em vasos por meio da incorporação de nutrientes solúveis. É preparado misturando uma parte do composto pronto e cinco partes de água. Uma vez agitado, deixe repousar por uma semana. Uma colher de açúcar pode ser adicionada para estimular o desenvolvimento de micro-organismos. Em seguida, regue as plantas com um borrifador. • Plantas aromáticas e ervas Plantas usadas como condimentos de diferentes preparações são importantes não só para dar sabor e cor às refeições, mas também, em muitos casos, cumprem funções medicinais. A maioria exige cerca de seis horas de exposição ao sol, embora existam espécies como salsa, manjericão e coentro que podem ficar a maior parte do tempo na sombra. É possível plantar em vasos e recipientes: Alecrim e orégano: atraem abelhas e outros polinizadores. Erva-doce: durante a estação fria, funciona como um refúgio para insetos e, durante o calor,a floração amarela atrai vespas parasitas que controlam as pragas da horta. Coentro, lavanda, manjericão e endro: são produtores de pólen e néctar. Louro: além de produzir folhas aromáticas, é capaz de suportar rajadas de vento graças à flexibilidade de seus ramos. Também são plantados em vasos: manjericão-anis, sálvia-ananás, tomilho, cebolinha. • Hortas verticais Os sistemas para hortas verticais podem ser feitos de modo caseiro. Vasos, garrafas ou tubos de PVC cortados funcionam como recipientes para serem colocados em prateleiras ou na parede. Plantas aromáticas ou que precisam de um lugar para se emaranhar, como ervilhas ou feijões, são adequadas para hortas verticais. É importante que os recipientes tenham uma profundidade de pelo menos 40 centímetros para permitir o desenvolvimento das raízes. Os tomates, qualquer que seja sua variedade, precisarão de uma estrutura onde possam se enrolar para crescer, pois o peso pode quebrar seus ramos. As melhores espécies para cultivar são: Tomate: é uma fruta que cresce na maioria dos solos e por isso é uma opção apropriada. As sementes são colocadas em recipientes, a dois centímetros da superfície e precisam de um ambiente onde a temperatura seja superior a dez graus. Após a germinação das sementes, é preciso colocá-las em uma área em que recebam grande quantidade de luz. Devem ser transplantados, se necessário, para recipientes maiores e devem ser colocados em ambiente externo por curtos períodos de tempo para aclimatar a planta. Tomate cereja: é cultivado em tempos quentes e requer muito sol. É conveniente começar com mudas enraizadas. É preciso acompanhar o seu crescimento com varas ou alguma fiação, pois é uma espécie de trepadeira. Embora seja reproduzido por semente em viveiro, é aconselhável adquirir mudas ou mudas de viveiro. Em pleno sol, dará flores abundantes e depois frutos. É recomendável plantá-los em locais com boa circulação de ar para mantê-los saudáveis. Orégano: produz folhas e flores durante cinco anos. Precisa de sol e sofre com o excesso de irrigação. É conveniente podar 3 ou 4 vezes por ano. Manjericão: é uma planta herbácea anual que pode chegar até meio metro de altura; sua folhagem é muito aromática. Existem mais de quarenta espécies, sendo a mais comum o manjericão doce. Não tolera o frio, por isso deve ser plantado no início da estação de calor. A base deve ser umedecida com pouca rega. Salsa: é reproduzida com sementes; as folhas e os talos podem ser coletados. A planta é rapidamente renovada, por isso é possível cortar pequenos maços. Deve ser plantada com uma distância de 15 centímetros entre as plantas. Demora cerca de um mês para germinar e é colhida até o final do período mais quente. Devido à sua delicadeza, é importante evitar o sol do meio-dia. Cebolinha: é uma variedade de cebola cujas folhas são consumidas. É possível comê-la crua ou cozida e geralmente é encontrada em alimentos gourmet. Deve ser plantada em fevereiro ou março no hemisfério sul, ou junho e julho no hemisfério norte. É reproduzida a partir de mudas com raízes. Embora seja bem resistente e resista à geada, é preferível mantê-la no sol, a uma distância de 20 centímetros entre as plantas. Recomenda-se evitar o excesso de umidade, pois produz fungos. Demora 2 ou 3 meses para dar folhagem abundante e, em seguida, pode ser cortada em dois terços. Após dois anos, é conveniente replantar. Alecrim: você tem de cultivá-lo em vasos grandes e precisa de um lugar com sol. A irrigação não deve ser abundante. É importante garantir uma boa drenagem. Para crescer mais densamente, os caules principais devem ser cortados, o que ajuda a controlar o crescimento excessivo, mas é preciso ter cuidado para não cortar mais de um quarto da planta, porque isso a enfraquece. Outras espécies adequadas para vasos são: acelga, alho, aipo, berinjela, pepino, alho-poró, repolho, rúcula, abobrinha. • Hortas de um metro quadrado Essa horta é dividida em quadrados ou retângulos menores. Para a construção devem ser utilizados tubos e arames. A disposição das plantas será feita de acordo com o tamanho: as maiores ficam nas fileiras detrás e as plantas verticais ficam penduradas nos tubos. Algumas das variedades recomendadas para esse espaço são: Chicória: sua semente germina em 10 dias. Deve ser plantada com uma distância de 15 centímetros entre as plantas. É importante podar e regar abundantemente, principalmente durante os tempos mais quentes. É colhida 100 ou 110 dias após a semeadura, quando as folhas ainda mantêm sua cor verde. Alface: pode ser cultivado nas quatro estações do ano. É colocado em vasos com 20 centímetros de profundidade e a uma distância de 30 centímetros entre uma planta e outra. A colheita é feita a cada 90 ou 120 dias, dependendo da variedade. Pimentão: embora seja uma planta tropical e subtropical que atinge 75 centímetros de altura, é possível tê-lo em uma pequena horta. Precisa de uma temperatura mínima de 21 ºC e umidade de 70 a 75%. Deve ser irrigado com frequência. Suas sementes são plantadas com uma distância de 40 centímetros entre cada planta. Para ter um rendimento melhor, a copa deve ser cortada. Por ser uma planta trepadeira, é necessário ajudá-lo com varas ou uma rede. Colhe- se o fruto 130 dias após a plantação. Rabanete: o período vegetativo do rabanete é muito curto; cerca de 40 dias após o plantio, a planta inteira é arrancada. Adapta-se a qualquer tipo de clima, embora prefira climas moderados e muito luminosos. A estação de plantio vai de agosto a outubro e de fevereiro a maio. A distância entre as plantas deve ser de 10 centímetros e entre linhas de 40 centímetros. • Escolha de sementes O mais aconselhável é comprar sementes em um viveiro de confiança, para garantir que estejam em boas condições de conservação, que sejam frescas e de boa qualidade. É preferível comprar sementes que são vendidas pelo seu peso em gramas (entre 1 a 10 gramas para um jardim doméstico), em vez de comprar os clássicos envelopes de sementes. Nesse caso, a data de validade deve estar claramente marcada. Para escolher as sementes que serão plantadas, além do gosto pessoal, será útil conhecer quais são as mais propensas a crescer de acordo com o clima da região e a época do ano em que serão plantadas. O mais adequado será consultar o calendário de plantio de acordo com o país, para obter informações sobre todas as espécies que podem ser plantadas. É conveniente colher sementes de algumas espécies comuns, deixando que algumas plantas ou frutos amadureçam. Cucurbitáceas como abóboras, abobrinhas etc. Pepinos, tomates, acelgas, manjericão, salsa, aipo, cebolas, vagem. • Tutorado Certas plantas precisam de um guia ou tutor para se escorar. Feijões, ervilhas, fava, pepinos e tomates são alguns exemplos. As plantas devem ser cuidadosamente amarradas aos ramos ou varas longas, com muito cuidado para não danificar os talos. No tutorado, é feita uma amarração à planta com o uso de malhas tecidas, ou um fio em gancho para plantas individuais ou estacas. Ele serve como um suporte para que a planta consiga uma produção melhor e para facilitar a colheita. Facilita a poda e proporciona uma estética melhor aos cultivos, além disso, a densidade da semeadura aumenta ao ocupar o espaço aéreo. A estrutura que geralmente é usada na horta (especialmente para tutorar os tomates) é a “tenda indiana”, juntando varas ou ramos na forma de “v”. Para amarrar as plantas ao suporte, utiliza-se um fio forte, que podeser de sisal, esparto ou uma corda que não danifique o caule da planta. É amarrado sem apertar e se move no ritmo de seu crescimento. Também são fabricadas malhas de plástico que são práticas para o tutorado, já que permitem a sua reutilização. Se os tomates estiverem em recipientes, dois tutores paralelos devem ser cravados no substrato para guiar o caule principal entre eles, dessa maneira é possível manter a planta erguida. • Hidroponia Nessa técnica, as plantas são produzidas sem o uso do solo. A hidroponia tornou- se uma tendência nas cidades que compõem um movimento de agricultura urbana. É uma técnica de cultivo sem terra que pode produzir hortaliças, frutas e flores. Como não é necessário transportar a produção, ela se converte em uma atividade sustentável e gera economia de energia. Dessa maneira, é possível obter produtos alimentícios e aplicar a técnica em escala comercial e caseira, variando os espaços. O cultivo em hortas hidropônicas requer baixo consumo de água e maior produção em menos espaço. Permite cultivar hortaliças, flores, ervas medicinais, aromáticas, livres de inseticidas e tóxicos. As raízes das plantas crescerão dentro de um substrato como areia, agrolita ou lã de rocha, e os nutrientes são incorporados por meio da irrigação. Como a hidroponia é baseada em princípios científicos, tornou-se uma maneira natural de obter alimentos, especialmente nos países latino-americanos. Existem 3 tipos de técnicas utilizadas para a produção de hortaliças: a) Técnica de hidroponia NFT: permite cultivar vegetais em tubos redondos ou quadrados de PVC; utiliza-se água com nutrientes sem nenhum tipo de substrato, o que faz com que a planta disponha dos minerais que necessita para seu crescimento. b) Técnica hidropônica Raiz flutuante: os vegetais são cultivados em caixas de madeira ou de plástico, em uma placa de isopor (poliestireno expandido) que flutua na água com nutrientes. c) Técnica hidropônica em substrato: é a mais usada para cultivar hortaliças altas já que, devido ao tamanho, não podem ser cultivadas nas técnicas mencionadas anteriormente; permite o uso de substratos como tezontle, agrolita, musgo de turfa, vermiculita, entre outros. • Construção da horta De acordo com a disposição do espaço, é preciso escolher o cercado, principalmente se a horta estiver ao ar livre e se houver risco de receber visitas de animais de estimação ou animais que possam arruinar os cultivos. A cerca perimetral terá uma porta de acesso ampla o suficiente para passar um carrinho de mão. Além disso, a cerca será alta e forte o suficiente para evitar a entrada de animais, mas com um tecido que permita a passagem de ar e a luz. Para evitar a invasão de ervas daninhas ao redor, é aconselhável ter uma barreira que ultrapasse 15 ou 20 centímetros em todo o seu perímetro, a qual pode ser feita com tijolos, telhas ou ladrilhos. • Projetar os canteiros É aconselhável fazer o projeto dos canteiros antes de construí-los. As medidas sugeridas são de 1,20 m de largura, no máximo, com o objetivo de poder trabalhar de ambos os lados sem percorrer o solo. O largura se adequará ao espaço. Não esqueça de deixar corredores entre os canteiros de 40 centímetros de largura para poder se mover com conforto. A forma clássica retangular pode variar de acordo com o gosto e o espaço. Triângulos, hexágonos e estrelas são possibilidades interessantes quando se pensa em projetos mais originais. Além da forma, também é possível brincar com as cores. Para conseguir um ambiente colorido, plante repolho e alface desde os verdes e azuis aos vermelhos e roxos, ou pimentões que fornecem a cor amarela. Além disso, as flores contribuem com cores ou com seu aroma e são utilizadas na gastronomia tanto para saladas e chás. Tenha em mente que uma dieta completa é aquela em que todos os grupos de cores são consumidos: vermelho, verde, laranja-amarelo, branco e roxo. Cada um representa um grupo seleto de vitaminas e minerais essenciais para a vida. Antes de começar, você pode marcar os canteiros com estacas e amarrar cordas entre eles. Recomenda-se que a divisão seja feita com um setor dedicado a hortaliças frescas, folhas, raiz e bulbo, principais fontes de vitaminas e minerais. Outro setor pode ser dedicado ao que requer menos cuidado, como milho, abóbora, feijão, favas, mandioca, entre outros. Se colocar uma cerca, em um canto reservado coloque trepadeiras como ervilhas, feijões, batatas e aromáticas. • Armação do canteiro Uma das maneiras de fazer os canteiros é remover a terra empurrando a pá para frente e para trás, sem girar o conteúdo, e fazer uma escavação com uma pá de ponta com 30 centímetros de largura e 30 centímetros de profundidade. Coloque a terra no canteiro, cubra com uma camada de fertilizante orgânico, misture com a terra usando o rastelo e quebre os pedaços grandes com a enxada. O rastelo é usado para dar ao solo uma consistência suave e prepará-lo para ser semeado. A delimitação pode ser feita com pedras ou tijolos. Em uma extremidade do canteiro, cave uma valeta com cerca de 20 centímetros de profundidade e 20 a 25 centímetros de largura ao longo do comprimento e coloque cada torrão na extremidade oposta do canteiro. No fundo da valeta, devem ser colocados restos de vegetais (folhas, grama, palha, ervas daninhas). Em seguida, abra outra valeta paralela e coloque a terra sobre a primeira valeta. Proceda dessa forma com toda a superfície e na última valeta coloque a terra que foi reservada da primeira. Deixe coberto e em repouso por 15 a 20 dias antes do plantio. É importante manter a umidade do espaço. • Opção de estufa Quando as mudanças de temperatura são muito acentuadas, é melhor cuidar das hortaliças em um local condicionado e fechado. As vantagens de plantar em estufas são muitas, mas o mais importante é que as plantas conseguem um microclima no qual é possível plantar sem ter de esperar a estação de plantio. Também é possível fazer sementeiras para ter mudas e transplantá-las quando a estação chegar. É possível usar um local com iluminação solar direta, ou construir uma estufa com pilares de metal ou de madeira para fazer a estrutura. É preferível que o telhado e as paredes da estufa sejam de um material que permita o aproveitamento do sol. Uma chapa de policarbonato rígido de 6 milímetros é uma opção adequada. Recomenda-se que você tenha duas portas porque, em climas quentes, toda a estufa terá de ser arejada, e é possível adicionar janelas que facilitam a circulação do vento. Use o solo trabalhado com material orgânico ou plante em recipientes levando em conta as necessidades específicas de cada planta. Também existem pequenas estufas pré-fabricadas em formato de carpa feitas de material resistente, que são adquiridas em lojas especializadas e destinam-se a otimizar o espaço e a ter um melhor controle de pragas, além de evitar a entrada de animais. • Alternativa de Walipini Significa “lugar quente” na língua indígena Amaraya. Trata-se de uma alternativa mais econômica de estufa subterrânea. Combina os princípios do aquecimento solar com uma estrutura protegida. É preciso cavar uma cova retangular na terra com dois ou três metros de profundidade e cobrir com uma manta de plástico. A área mais longa do retângulo ficará direcionada para o sol de inverno (ao norte no hemisfério sul e ao sul no hemisfério norte). A parede de terra grossa pressionada na parte de trás da estrutura e uma parede menor na frente fornecem o ângulo exato para colocar o telhado de plástico. O telhado proporcionará um espaço de ar isoladodentro das duas camadas do plástico e permitirá que os raios do sol penetrem, o que gerará um ambiente quente e estável para o crescimento de plantas. • Associar cultivos As associações são feitas para beneficiar as plantas, seja para o controle de pragas ou para estimular o crescimento. Para aproveitar o espaço, é possível associar plantas de crescimento vertical com outras de crescimento horizontal. Ou aquelas que crescem rapidamente com as mais lentas. Dessa forma, o solo é utilizado intensamente e diminui o surgimento de ervas daninhas. Outro fator positivo na associação de cultivos é que as plantas não competem pelos nutrientes do solo. Enquanto as verduras de folhas extraem nitrogênio, as de raízes profundas extraem o potássio. Existem muitas plantas que crescem muito bem juntas. Por exemplo, alface, rabanete, acelga e abobrinha. Ou alface com alho-poró ou cebola verde. Funcionam muito bem as beterrabas com salsa, tomates com manjericão e repolhos com alho. Na associação de milho com feijão, o feijão fornece o nitrogênio de que o milho precisa para o seu crescimento. O pé de milho serve de suporte ao feijão, que está enramado nele. Por sua vez, a abóbora, pelo seu crescimento horizontal, cobre o solo, ajudando a controlar as ervas daninhas. Em contrapartida, as batatas são incompatíveis com tomates e abóboras; ou brócolis com tomate. • Cuidado contra pragas Entre as práticas mais difundidas está a de eliminar qualquer tipo de inseto que possa prejudicar plantações, mas algumas espécies beneficiam o crescimento das plantas. A prevenção é essencial no controle de pragas e doenças. É por isso que o planejamento é importante, pois dependerá dele para evitar problemas posteriores. Atenuar as rajadas de vento, refrescar as plantas em climas quentes e protegê-las contra o frio extremo são algumas das formas de criar um ambiente adequado. Em boas condições, as plantas são resistentes, já que contam com sistemas imunológicos fortalecidos. Quando há um desequilíbrio, as pragas aparecem, assim como as doenças em humanos. Uma maneira de preveni-las é cultivar plantas aromáticas: sálvia, alecrim, orégano, menta, arruda, manjericão e flores como calêndulas, nas bordas dos canteiros. Além disso, deixe florescer algumas plantas de aipo, brócolis, erva-doce, salsa, acelga, que atraem insetos benéficos para a horta. A urtiga também é uma boa aliada, pois atua como outra planta hospedeira de insetos. As pragas são consideradas ácaros, gafanhoto, vermes, lagartas, pulgões, caracóis, lesmas e formigas. Algumas podem ser removidas manualmente. Os insetos benéficos são libélulas, joaninhas, louva-a-deus, vespas. É possível usar alguns remédios caseiros que são úteis para prevenir ataques de insetos. Para as formigas, pulverize as folhas com chá de absinto. Com 3 xícaras de água e um punhado de absinto, ferva e filtre. Também é possível pulverizar com alho: coloque vários dentes de alho dentro de uma panela com água e deixe repousar um dia inteiro. Em seguida, leve ao fogo e cozinhe por cerca de 15 minutos, pulverize as plantas com um borrifador. A preparação de urtiga é usada para ataques de qualquer classe de insetos, pois fornece nitrogênio e também induz a resistência. Macere em um recipiente não metálico 100 gramas de urtiga em 10 litros de água durante 2 dias. Em seguida, pulverize sobre as plantas. A possibilidade de ser atacada por pragas ou doenças aumenta se houver desequilíbrio na proporção de nutrientes ou se a planta estiver intoxicada com agroquímicos. • Estratégias orgânicas A cobertura ou manta é uma proteção ideal para o substrato e a umidade, além disso serve como refúgio de algumas espécies de trepadeiras. Também é possível usar armadilhas atraentes para insetos, como a cor amarela, a luz, feromônios sexuais e vinagre, dentre outros. É bastante comum o uso de recipientes amarelos com água ou substâncias adesivas transparentes onde os insetos ficam presos. Há também armadilhas com cerveja para lesmas e caracóis que morrem afogados dentro do recipiente. • Doenças nas plantas Agentes parasitários ou não parasitários podem deixar as plantas doentes. Os parasitas são fungos, vírus e bactérias (oídio, ferrugem ou fumagina). Entre os não parasitários estão os nutricionais, químicos, ambientais e mecânicos, como a falta de nutrientes no substrato, o efeito de temperaturas baixas ou altas, a rega inadequada, as precipitações (pedra ou granizo) e alterações que influenciam a saúde da planta. É preciso ficar atento ao estado e à cor, pois isso permite detectar problemas e tomar uma decisão. • Rotação de cultivos A rotação será realizada de modo planejado para poder aproveitar os recursos do solo e interromper o ciclo de vida das pragas ou doenças em um determinado setor correspondente onde a planta se encontra. Para isso, é preciso seguir uma regra: a) Hortaliças de raízes (cenoura, beterraba). b) Hortaliças de folhas (alface, acelga, espinafre). c) Hortaliças de frutos (tomate, pimentão, berinjelas, abobrinha. d) Espécies que repõem a fertilidade do solo (leguminosas: ervilhas, fava, feijão). Não é recomendável plantar a mesma hortaliça após pelo menos três anos. • Colheita No momento da colheita, você colherá alimentos saudáveis e naturais, e vários deles podem ser removidos gradualmente. Verduras de folhas a) Extrai-se a planta inteira com raiz. Normalmente, isso é feito com o intuito de vender. b) Para folhas, das maiores que estão por fora até as de dentro, a planta continuará crescendo até completar seu ciclo. Em verduras de folhas como acelga, alface e espinafre, ao cortar as folhas maduras aproveita-se melhor a produção de cada planta. Verduras de raiz Algumas verduras, como o rabanete, aparecem quando estão maduras e seu diâmetro indica o momento certo de removê-las. Isso deve ser feito antes que comecem a inchar. No caso das cenouras, é melhor se orientar pelo tempo estimado de cinco a seis meses, pois elas podem não aparecer na terra. A planta inteira é colhida. Verduras de fruto Quando os tomates, os pimentões e as berinjelas ganham cor e tamanho adequados, podem ser colhidos. O tomate deve estar totalmente vermelho, embora também possa terminar de amadurecer fora da planta. Para abóboras, é preciso esperar o tempo necessário até que elas sequem e adquiram cor. Depois disso, será possível cortá-las com a penca. Corte com faca afiada deixando parte desse pedúnculo em cada abóbora. Leguminosas Nota-se que estão maduras quando a bainha está mole e já é possível comer o legume. São colhidas na maturidade completa ou passada. Verduras de bulbo No caso das cebolas e dos alhos, eles começam a secar e às vezes se separam da planta. No caso da salsa, chicória e rúcula, são cortadas com uma faca afiada no nível do solo. • Autoprodução de sementes Para obter sementes de suas próprias plantas, é melhor escolher uma planta de aparência saudável e que não tenha doença. No momento da colheita, deixe que o ciclo dela continue e extraia a semente da flor, cortando-a e deixando-a secar. Nas sementes de frutos, retire-as e deixe-as secar, ou deixe o fruto amadurecer bem para que as sementes concentrem os nutrientes. As sementes devem ser mantidas em um local fresco e seco, e duram de 1 a 2 anos. Após esse período elas começam a perder o poder de germinação. • Manutenção Após a primeira colheita, o solo deve ser preparado para a nova semeadura, mas será mais fácil do que da primeira vez. Remova a camada superficial com uma pá ou enxada, de modo que a terra adquira uma consistência esponjosa. Adicione adubo e use o rastelo para misturá-lo. Devemos estar sempre atentos ao crescimento de ervasdaninhas que podem esgotar os nutrientes dos cultivos. Elas podem ser removidas manualmente desde a raiz e quebrando os pedaços que se formaram. Ao plantar sementes diretamente, é aconselhável manter o solo adubado em repouso e com umidade cerca de 10 dias antes para que o adubo se degrade; para transplantar mudas de viveiro é conveniente fazer isso depois de uma semana; se as mudas tiverem um torrão, é possível fazer isso imediatamente.. • Permacultura O conceito de “permacultura” criado na Austrália por Bill Mollison e David Holmgreen, na década de setenta, traçou métodos alternativos para o modelo de produção dominante. Mas desde então, desenvolveu-se como um sistema de projeto mais complexo que aplica princípios ecológicos ao planejamento, organização e preservação de espaços aptos para sustentar a vida no presente e no futuro. Fusão de ciência e arte, inspirada em filosofias e técnicas tradicionais, mas também vanguardistas, com o objetivo de construir uma cultura permanente, a permacultura está em desenvolvimento contínuo. A permacultura tem três éticas fundamentais: a) Cuidar da Terra b) Cuidar das pessoas c) Compartilhar recursos com equidade Os campos de ação são muito amplos. Por se tratar de um sistema de projeto, pode ser trabalhada desde o indivíduo até projetos em toda a sociedade que perdurem no tempo sem prejudicar seus ecossistemas. A ideia de hortas orgânicas como alternativa na alimentação faz parte de um plano para voltar a produzir alimentos em áreas urbanas, mas também remodelar edifícios para que economizem e produzam sua própria energia e sejam ecológicos. A permacultura busca integrar a tecnologia antiga e a moderna, para viver em harmonia com a natureza, conectar-se com o meio ambiente e alcançar a sustentabilidade energética, ecológica, econômica e social do planeta. * Vanderbilt, Emma Horta orgânica : 50 ideias para fazer diferentes tipos de hortas em sua própria casa / Emma Vanderbilt. - 1a ed . - Ciudad Autónoma de Buenos Aires : Music Brokers, 2017. Libro digital, Mobipocket ISBN 9789877442472 1ª edição Cooltura Design da capa: Federico Dell’Albani / Music Brokers Art Dept. Design o interior do livro: Ana Paula Giunta / Music Brokers Art Dept. Não é permitida a reprodução total ou parcial deste livro, por qualquer indivíduo ou entidade, em qualquer formato ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo a fotocópia, a digitalização ou qualquer sistema de armazenamento, sem a permissão prévia e por escrito do editor. Table of Contents Introdução Recipientes Substratos Terra Condições meteorológicas Preparação do viveiro Trasplante Comprar mudas Ferramentas Semeadura de sementes Brotos ou germinados Irrigação Sistema de irrigação Técnicas para preservar a umidade Composto Chorume de composto Plantas aromáticas e ervas Hortas verticais Hortas de um metro quadrado Escolha de sementes Hidroponia Construção da horta Projetar os canteiros Armação do canteiro Opção de estufa Alternativa de Walipini Associar cultivos Cuidado contra pragas Estratégias orgânicas Doenças nas plantas Rotação de cultivos Colheita Autoprodução de sementes Permacultura Introdução Recipientes Substratos Terra Condições meteorológicas Preparação do viveiro Trasplante Comprar mudas Ferramentas Semeadura de sementes Brotos ou germinados Irrigação Sistema de irrigação Técnicas para preservar a umidade Composto Chorume de composto Plantas aromáticas e ervas Hortas verticais Hortas de um metro quadrado Escolha de sementes Hidroponia Construção da horta Projetar os canteiros Armação do canteiro Opção de estufa Alternativa de Walipini Associar cultivos Cuidado contra pragas Estratégias orgânicas Doenças nas plantas Rotação de cultivos Colheita Autoprodução de sementes Permacultura
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