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Metodologia-da-Ciência-da-Religião-1-P-2

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1 
 
 
METODOLOGIA DA CIÊNCIA DA RELIGIÃO 
1 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. 
Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais 
em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de 
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem 
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras 
normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo 
no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no 
atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................... 1 
Metodologia da Ciência da Religião .............................................................................. 3 
1 - Campo religioso brasileiro, Cultura e Sociedade ...................................................... 3 
2 - Tradição e Experiências Religiosas, Cultura e Sociedade ......................................... 3 
3 - Ciência da religião ................................................................................................... 4 
4 - RELIGIÃO, CIÊNCIA E MÉTODO ........................................................................ 8 
5. A teologia no Brasil e o fenômeno religioso .............................................................. 9 
5.1 - A busca do método e a cientificidade da religião ................................................. 10 
5.2 - A disputa pelo método e o papel da religião ........................................................ 13 
6 – Conclusão ............................................................................................................. 15 
Referências ................................................................................................................. 16 
 
 
3 
 
 
Metodologia da Ciência da Religião 
 
1 - Campo religioso brasileiro, Cultura e Sociedade 
A linha de pesquisa “Campo Religioso Brasileiro, Cultura e Sociedade” 
baseia-se no pressuposto de que a prática coletiva da religião ou sua negação 
constitui-se um fenômeno social cujo estudo crítico e sistemático, com o aporte 
multidisciplinar das diversas ciências, é essencial para a compreensão da cultura 
brasileira. Buscando produzir estudos histórica e socialmente significativos, 
diante da amplidão do campo religioso no Brasil, a linha definiu para os próximos 
anos, a partir das pesquisas desenvolvidas atualmente, três blocos temáticos 
nos quais ela se concentra: Religião e Práticas Políticas e Sociais, Identidade e 
Religião, e Identidade e Sincretismos Religiosos. 
 
2 - Tradição e Experiências Religiosas, Cultura e Sociedade 
A linha estabelece, por meio de princípios metodológicos hermenêuticos, 
uma relação dialogal entre os desafios sociais da atualidade e os conteúdos 
simbólicos das religiões, tal como consignados em suas tradições orais, nos seus 
textos sagrados e nos desdobramentos culturais ao longo da história, através de 
múltiplas tradições que se institucionalizaram e das experiências dos sujeitos 
que nelas têm suas experiências. Entre as matrizes da religiosidade brasileira e 
continental, a tradição cristã ocupa um lugar de grande influência e coube à 
teologia desenvolver um discurso racional e, por vezes, apologético, dessa 
tradição. No mundo acadêmico da nossa cultura pluralista, e ligada ao campo 
transdisciplinar das Ciências da Religião, a linha de pesquisa coopera para uma 
nova interpretação dos símbolos da tradição cristã, pelo realismo que se impõe 
a quem dialoga com a história comparada das religiões e a crítica filosófica do 
fenômeno religioso. 
 
4 
 
 
3 - Ciência da religião 
O autor define o papel e o objeto de estudo da "ciência da religião", ao 
utilizar, didaticamente, uma metodologia científica da religião e uma linguagem 
simplificada. Sua intenção é levar os iniciantes da ciência da religião a uma 
reflexão mais abstrata e, para isso, parte de uma abordagem indutiva. Torna, 
assim, mais fácil e agradável a leitura da obra. Sua intenção supera as 
expectativas, pois vai além da simples explicação de como se processam os 
estudos metodológicos no campo da ciência da religião e orienta à prática 
científica, a pôr a "mão na massa", ou seja, trilhar os verdadeiros passos para a 
realização da pesquisa, identificar seu objeto e a forma de abordá-lo. Hans-
Jürgen Greschat é, atualmente, professor emérito de História da Religião na 
Universidade de Marburgo, na Alemanha. Sua obra Was ist 
religionswissenschaft?, escrita em 1988, fruto de 25 anos de pesquisa, resulta 
de alguns questionamentos de estudantes acerca dos objetivos e do objeto da 
ciência da religião. É por isso que ela nasceu como um estímulo ao labor 
científico. 
Trata-se, portanto, de um livro introdutório da coleção Repensando a 
religião, da Editora Paulinas, que vai além da simples expectativa da explicação 
de como desenvolver pesquisas no campo da ciência da religião. Ele convoca a 
refletir a discussão que perpassa também pela convergência (compreensão e 
interpretação do mundo) entre a ciência e a religião que, muitas vezes, têm sido 
vistas como campos opostos de conhecimento. A obra está dividida em cinco 
capítulos: a apresentação de o que é ciência e o objeto da religião; como 
desenvolver ou produzir, passo a passo, conhecimentos; a história da religião; a 
teoria da ciência sistemática da religião; até a definição de personalização da 
ciência da religião e sua distinção da teologia. 
 O livro pode ser tanto usado por alunos iniciantes ou por profissionais da 
área, uma vez que ele abre a discussão para o que, de imediato, se evidencia: 
algumas diferenciações e contradições entre o que se entende por pesquisa 
científica e como elas se processam no campo da religião na Alemanha e, de 
fato, no Brasil. Em algumas obras brasileiras, a exemplo de autores, tais como 
Faustino Teixeira (2001), o termo ciência vem pluralizado. Nesse sentido, 
5 
 
 
percebe-se distância de entendimento entre italianos, brasileiros e alemães no 
tocante à(s) ciência(s) da religião. Nesse assunto, Brandt (2006), em seu artigo 
As ciências da religião numa perspectiva oposta da fenomenologia da religião no 
Brasil e na Alemanha, apresenta as discussões mais atuais de como é vista a 
fenomenologia da religião pela(s) ciência(s) da religião. De antemão, o título O 
que é ciência da religião já é provocativo. Ao singularizar o termo ciências, já 
habitual para nossos cientistas da religião, o autor dá a entender que há, 
notadamente, "possíveis" diferenciações quanto a sua aplicabilidade, 
abrangência e delimitações. Nota-se que a singularização do termo, 
diferentemente de seu uso corrente em nosso país, não deve ser, portanto, falha 
de tradução ou edição original, como se percebe em algumas orações com 
expressões adverbiais antecipadas e outras sem as devidas pontuações que, a 
nosso ver, passaram por "vistas grossas". 
O livro é esclarecedor e vai além de uma simples introdução à temática 
proposta. Aliás, ele torna-se instrutor e provocador, principalmente, porque faz 
refletir sobre as situações atuais de como se praticam os estudos da(s) ciência(s) 
da religião. Por exemplo, quando o autor compara, define e distingueas 
atividades dos especialistas em teologia e seu campo de estudo, quer, na 
verdade, mostrar que deve haver "certa" neutralidade entre a religião pesquisada 
e o cientista pesquisador. Metodologicamente, as religiões pesquisadas são 
vistas como "sistemas" de sentido formalmente idênticos. Isso quer dizer que 
não se deve questionar a "verdade" ou a "qualidade" de uma religião. 
Greschat (2005) alerta sobre os perigos hermenêuticos dos estudos 
empíricos, pelo fato de, quando um teólogo da ciência da religião, ao analisar 
sua crença ou a crença alheia, correr o risco de estar comprometido confessional 
e institucionalmente com sua profissão de fé. Essa discussão epistemológica 
pretende, dessa forma, ser uma contribuição às experiências e às práticas 
desenvolvidas no Brasil, até porque, em nosso caso, os departamentos de 
Teologia e de Ciências da Religião estiveram sempre juntos e muitos cientistas 
da religião descenderam da teologia. Nossa realidade talvez não coincida com a 
realidade da Alemanha, pois esta, tradicionalmente, focou-se nas filologias e nas 
religiões orientais, enquanto, no Brasil, a(s) ciência(s) da religião ainda é uma 
realidade nova. 
6 
 
 
A ênfase do pensamento de Greschat (2005) evidencia-se, quando diz 
que o cientista de religião, ao estudar seu objeto de pesquisa, deve não apenas 
partir das implicações epistemológicas, mas, sobretudo, da observação e análise 
do campo de pesquisa, uma vez que o sagrado, em qualquer religião, está aberto 
à experiência. Resumidamente, é, a partir da experiência in loco, segundo o 
autor, que se torna possível uma personalização da ciência da religião. Para 
Greschat (2005), a personalização trata de um novo paradigma, pois [..] ela nos 
obriga a levar a sério também os fiéis de outras religiões e não somente usá-los 
como instrumentos ou estudá-los de um ponto de vista distante, como o de 
biólogos que observam um grupo de chimpanzés. Nossas conclusões sobre 
determinada religiosidade alheia estão corretas? (GRESCHA7; 2005, p. 160). 
Segundo o autor, não há ninguém melhor do que os próprios fiéis para avaliar 
isso. Em sendo assim, em vez de privilegiar os textos religiosos como principais 
referências bibliográficas, o autor convida a cultivar nossa sensibilidade, como 
teóricos da religião, para "uma compreensão mais autêntica possível do olhar do 
fiel da religião em questão" (Idem, p. 10). 
A proposta de Greschat é um tanto desafiadora, pois convida também o 
pesquisador, em sua análise empírica, até mesmo a "vivenciar", de forma 
empática, "a religião alheia". Aqui está, pois, o mérito do autor. A fim de 
exemplificar seu método, Greschat cita Rudolf Otto, sua obra O sagrado e sua 
receptividade, como pesquisador, às impressões da vida religiosa alheia. Para 
Greschat (2005), torna-se preciso sair de seu âmbito costumeiro — tendencioso 
a observar de longe —, para ser capaz de "ver, ouvir, cheirar, tocar e saborear 
[...] a totalidade de uma religião alheia" (p. 91). 
Além do autor supracitado, em sua obra, encontramos Max Muller, 
considerado o pai da ciência da religião, que iniciou seus estudos filológicos com 
base em textos sagrados. Cari Rogers, psicólogo norte-americano, também é 
citado, quando Greschat sugere a produção, e não a reprodução do material das 
obras clássicas. Seguindo a abordagem criativa de Cari Rogers e sua 
aplicabilidade, Greschat anuncia que uma "futura Ciência da Religião não deverá 
padecer da falta de pesquisadores criativos" (2005, p. 163-64). Essa experiência 
comentada por Greschat não pode, portanto, confundir-se com as observações 
e análises teológicas, mesmo porque, para o autor, há, entre a teologia e a 
7 
 
 
ciência da religião, evidências de incompatibilidade, uma vez que a última tem, 
per si, independência e autonomia disciplinar. 
No intuito de estimular a "prática" cientifica, o autor procura mostrar, a 
partir das explicações de sua própria experiência acadêmica, como se pratica a 
ciência da religião. Entretanto, deixa transparecer que, no tocante às práticas, a 
fenomenologia da religião é encarada com certo ceticismo, por conta de sua 
abordagem clássica e das influências sofridas por parte do conceito de sagrado. 
Por conta dessa concepção, esse talvez seja um dos motivos do interesse de 
Usarski pela tradução da obra de Greschat por e tomá-lo conhecido do público 
brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Usarski apud GRESCHAT (2005,p. 7), a leitura de O que é 
ciência da religião confirmou sua abordagem "relativista" (tese de doutorado), 
antes rejeitada na Alemanha pelos representantes da Igreja Luterana. Talvez 
seja por isso que o terceiro volume da coleção Religião e Cultura tenha sido de 
sua autoria, cuja proposta é dizer como deveriam ser os Constituintes da ciência 
da religião (título da obra) como disciplina autônoma. O leitor, ao fazer uso dessa 
obra, observará que, para Greschat (2005), os cientistas da religião não podem 
perder de vista a totalidade da religião pesquisada, embora não estejam 
preocupados com atestar sua verdade ou falsidade. "A curiosidade de um 
cientista da religião para a solução de um problema intelectual deveria ocupá-lo 
8 
 
 
mais ardentemente do que qualquer interesse cotidiano em alguma coisa, uma 
vez que seu fervor cientifico tem de perdurar semanas ou, até mesmo, meses" 
(GRESCHAT, 2005, p. 34). 
Os cientistas da religião devem, pois, ser capazes de trazer à luz aspectos 
de uma religião alheia ao conversar com o crente que melhor poderá responder 
à questão de como algo religioso funciona, e não meramente explicar o 
fenômeno da religião. Todavia, eles devem partir, exclusivamente, Sélcio de 
Souza Silva do fenômeno religioso, e examiná-lo, não do ponto de vista da fé, 
mas da ciência. Em outras palavras, examinam não a verdade do discurso, mas 
a validade científica do argumento do pesquisador. Dessa forma, há uma ponte, 
talvez estreita, entre os labores dos especialistas em religião (científica da 
religião), cuja tarefa é a descrição e análise do fenômeno religioso. Cabe, pois, 
aos especialistas religiosos (teólogos) não só a análise, mas, sobretudo, a 
interpretação e a veracidade do fenômeno. Os filósofos baseiam-se, por sua vez, 
em estruturas racionais e tendem "a ignorar os elementos específicos das 
experiências religiosas" (OTTO, 1985, p. 10). 
Enfim, convidamos o leitor a enveredar pelo caminho da ciência da 
religião, por onde toda a reflexão centra-se no papel do cientista da religião e em 
sua maneira de lidar com seu objeto de estudo. Esses são os direcionamentos 
de Greschat (2005). Quem assim o fizer perceberá que há uma enorme ponte 
entre os labores dos especialistas em religião (cientistas da religião, cuja tarefa 
é descrever o fenômeno religioso) e os especialistas religiosos (teólogos, cuja 
tarefa é a análise, interpretação e veracidade do fenômeno), e, certamente, 
deixará de cometer alguns equívocos ao lidar com essa disciplina e seu campo 
de estudo. 
4 - RELIGIÃO, CIÊNCIA E MÉTODO 
Na primeira parte abordamos a relação entre teologia e o fenômeno 
religioso, tendo em vista as dificuldades do tema na modernidade onde a religião 
não passava de um subterfúgio da ideologia. No segundo momento 
apresentamos o trabalho epistemológico de Clodovis Boff, como uma 
experiência concreta de unir método e teologia, ciências do social e religião. 
9 
 
 
Enfim, na terceira parte (que será publicada na próxima edição) demonstraremos 
que as disputas entre teologia e método proporcionaram o uso das ciências 
sociais na teologia e a valorização do aspecto teológico-religioso da fé na vida 
de cada indivíduo, nas Igrejas e na sociedade, possibilitando o desenvolvimento 
da teologia e das ciências da religião. 
A presente comunicação é fruto das pesquisas referentes ao método 
teológico no Brasil, na qual as ciências da religião têm um papel interdisciplinar 
e favorece a pertinênciae a diversidade de objeto do tema dos demais campos 
que lidam com a religião, a saber, a teologia, a filosofia da religião e a ciências 
da religião. 
O presente trabalho se fundamenta na tese Ver-Julgar-Agir: o debate 
sobre o método da Teologia da Libertação no Brasil. Palavras Chaves: Religião 
– Teologia – Ciência – Metodologia teológica – Relação entre Teologia-Filosofia-
Ciências – Teologia e Pós-Modernidade. 
 
5. A teologia no Brasil e o fenômeno religioso 
O contexto do nascimento da teologia da libertação no Brasil está ligado 
ao fenômeno religioso brasileiro. Pois a teologia da libertação no Brasil nasceu 
de uma resposta de um povo extremamente religioso e extremamente oprimido. 
Estas duas vertentes queriam superar a distância entre a religião e o 
racionalismo. Pois a modernidade criticava abertamente a religião e a totalidade 
dos seus fenômenos, acusada de ideologia e falsidade. Por isso, a religião busca 
aproximar-se da luta pela libertação. Esta busca fazia com que a Igreja estivesse 
aberta ao mundo e procurasse inserir-se nas atividades humanas. 
Neste contexto as ciências da religião ainda não são valorizadas pela 
modernidade, mas exige de seu objeto uma mudança substancial para que se 
aproxime da pessoa humana e do seu próprio contexto. Assim, a teologia da 
libertação buscou na religiosidade popular, nas manifestações religiosas a 
presença de Deus Libertador e exigiu dos cristãos uma mudança de atitude. 
10 
 
 
Esta atitude pastoral partia de uma reflexão baseada na religião e na 
busca de Deus, que fomentava a leitura orante da Palavra de Deus e dos 
documentos eclesiais para que depois promovesse uma ação eficaz em prol da 
libertação dos oprimidos, como foi a atitude de Cristo. Isto demonstra o valor e a 
necessidade da epistemologia para definir a pertinência de cada campo de 
estudo da religião, com a definição do seu objeto e sua metodologia. 
Assim, se por um lado as ciências humanas viam na religião somente um 
fenômeno, por outro a teologia tentava uma abertura para o homem e o mundo. 
A primeira atitude de base estruturalista somente via a religião como mais uma 
atividade humana e social. Portanto, esta era concebida como uma ideologia ou 
como uma atividade subjetiva, que somente deveria chamar atenção devido sua 
implicação social e cultural. A outra atitude procurava responder a modernidade 
e mostrava a sua prática e sua importância no contexto social. 
No entanto, a tentativa de modernidade por parte das religiões valorizou 
a situação pastoral, porém, a experiência pastoral do Brasil não permitiu a 
construção de um método acadêmico, nem possibilitou uma disputa intelectual 
como posse do saber. Mas pelo contrário, fizeram emergir a necessidade de uma 
articulação eclesial e pastoral, que se efetivou na organização da Igreja do Brasil, 
com a fundação da CNBB e seus primeiros planos pastorais e a irradiação de 
diversos movimentos religiosos e sociais que possibilitaram a formação de 
comunidades e uma “nova maneira de ser Igreja”. 
Enfim, constata-se a dificuldade de fontes propriamente teológicas para 
definição do papel da religião e nota-se uma ausência das ciências das religiões, 
uma vez que havia durante os anos 70 uma oposição entre modernidade e 
religião e a impossibilidade de uma ciência baseada no fenômeno religioso. 
 
5.1 - A busca do método e a cientificidade da religião 
Em razão da oposição da modernidade com a religião e da lacuna 
epistemológica sobre a teologia, a religião e a ciência e suas relações há a 
necessidade de se buscar um método capaz de dar sustentáculo a teologia e 
11 
 
 
que favorecesse a prática religiosa. Neste contexto, Leonardo Boff já tinha 
elaborado de modo simples e popular uma teologia que tentava valorizar o 
aspecto “sacramental” da realidade, partindo da realidade humana para propor 
uma teologia que estabeleceria uma relação dialética entre teologia e libertação. 
Mas sua teologia absorvia uma série de afirmações e generalidades, precisando 
de uma definição mais coesa e forte. 
Esta proposta de uma metodologia própria que desse valor acadêmico e 
oportunidade à religião é a tentativa de Clodovis Boff. O seu método procurava 
dar uma resposta aos imperativos científicos e propunha a teologia como práxis, 
na qual o elemento religioso trabalharia com um dado não-teológico. Embora sua 
tese doutoral fosse valorizada e popularizada no ambiente latino-americano sua 
demonstração e valorização acadêmica foi mais comentada nos países ricos e 
gerou por parte da autoridade eclesial uma perplexidade devido a mudança 
do auditus fidei. 
Para Clodovis, a teologia deveria definir seu novo estatuto partindo do 
conceito de Práxis e instaurando a Teologia do Político. É a tentativa de abordar 
um elemento não-teológico a partir de sua própria pertinência, enriquecendo com 
a racionalidade moderna e levando a um aprofundamento da práxis cristã. Este 
processo baseia-se no processo de prática teórica de L. Althusser dando 
condições epistemológicas para elaborar diversas teologias particulares sobre 
determinados assuntos. Isto também possibilitou a mediação das ciências 
sociais de modo que a religião respondesse às necessidades da atualidade tal 
como foi realizada por Jesus no seu tempo, para que a teologia e a religião 
fossem também pertinentes diante da nossa situação de opressão. 
Como a Práxis, é o «lugar» teológico fundamental, é necessário o uso da 
Mediação Sócio-Analítica e da Mediação Hermenêutica. A Mediação Sócio-
Analítica permite a distinção do elemento não-teológico da religião, a 
demonstração dos obstáculos teológicos para construção de uma teologia 
particular e a definição dos dois regimes da prática teológica, isto é, a autonomia 
e a dependência, dando lugar à teologia no contexto científico e demonstrando 
o objeto da religião e da teologia. 
12 
 
 
Assim, Clodovis ressalta o caráter propriamente teológico-religioso da fé 
demonstrada pela Mediação Hermenêutica, por se tratar do «recurso teórico 
obrigatório e constitutivo de todo processo teológico», uma vez que a teologia 
tem a sua própria pertinência, o seu fundamento é o real da Salvação, enquanto 
o seu conhecimento se dá a partir da Revelação, porém distinguindo a 
transcendência da Fé e a imanência da Teologia, e porque não dizer das 
Religiões e com seus diversos modos de compreensão científica, doutrinal, 
celebrativa e mística. 
Porém, a tese de Clodovis sofre uma mudança mais popular e pastoral no 
qual mais que a elaboração de uma meta-teoria sobre a teologia foi preciso 
retornar à concepção de ver a realidade como uma atitude de encarnação 
valorizando o aspecto existencial, lúdico e simbólico. Enfim, a religião e a 
teologia deveriam levar a uma busca do Transcendente, retornando a uma 
experiência unitotalizadora da pessoa para que seja capaz de encontrar-se 
consigo, com Deus com os outros e com o mundo, no qual a fé forneceria as 
condições necessárias para ver o mundo . Por isso, tem-se uma reviravolta na 
atitude metodológica de Clodovis na qual o elemento místico-religioso passa a 
ser um elemento preponderante do método teológico e elemento fundamental a 
ser considerado pela teologia e que depois é desenvolvido de forma ampla pelas 
ciências da religião e suas manifestações. Isso também demonstra a 
necessidade que a teologia da libertação no Brasil retomasse a uma visão mais 
religiosa enquanto manifestação profética, fiducial e transformadora a partir da 
própria fé. Deste modo, a religião seria valorizada como uma atitude de 
conversão que transforma a vida das pessoas e provoca uma mudança estrutural 
na sociedade para manifestar a presença de Deus entre os homens e do 
cumprimento do mandamento do amor. 
Porém, de modo prático a tentativa desta metodologia não favoreceu um 
discurso acadêmico do tema, mas de certa forma propiciou uma abertura para o 
valor da religião nos diversos campospela valorização da práxis. 
 
13 
 
 
5.2 - A disputa pelo método e o papel da religião 
As disputas no campo teológico demonstrado pelo interesse pela teologia 
da libertação no Brasil promoveram diversos debates sobre a religião, não mais 
como um simples fenômeno social ou como uma busca de metodológica para a 
afirmação do espiritual e transcendente, mas a afirmação explícita do papel da 
religião. Isto acontece particularmente pelo debate do uso da sociologia na 
teologia da libertação e, consequentemente, na religião e da valorização do 
aspecto religioso-teológico da realidade. 
A preocupação com o uso das ciências sociais na teologia tinha em vista 
reconhecer o valor da realidade social como ponto de partida para a ação 
evangelizadora da Igreja. A razão disso é a necessidade de que a religião e, 
particularmente, a teologia tenha como ponto de partida o concreto da realidade, 
precisando fazer uma análise social e discorrer sobre o papel da religião e da 
teologia. 
Esta discussão favorece a busca de um instrumental teórico sociológico 
para a constatação do elemento religioso e seu significado, ou seja, há a 
necessidade da definição epistemológica e da pertinência de cada ciência da 
religião e de modo que possa demonstrar a validade da doutrina cristã e de sua 
prática, onde há a necessidade de um “certo” pluralismo de opiniões, em razão 
da possibilidade de interpretação diversa da analogia entre os dados da ciência 
e a fé, mas ao mesmo tempo, para evitar a equivocidade e identificação objetiva 
entre sociedade e teologia e, por que não dizer, levar a própria religião a uma 
concepção intimista e subjetivista, fugindo da sua própria finalidade, desviando-
se do seu conceito e, consequentemente, tornando um simples material 
ideológico. Portanto, esta atitude favorece a busca de outras interpretações 
científicas da religião nas diferentes matizes das ciências humanas. Com isso se 
estabelece uma relação entre fé, teologia e ciências . Nesta relação se define o 
caráter próprio da teologia e da religião e procura um “modelo” científico de 
interpretação, mas afirmando o caráter próprio de cada um destes campos que 
não pode ser confundido. Segundo P.F. Carneiro de Andrade, este é um modelo 
complexo, que envolvendo relações equidistantes entre os objetos 
apresentados, não pode correr o risco de delimitação e nem provocar uma 
14 
 
 
confusão de pertinências. Esta relação é necessária e interdisciplinar por 
propiciar o caráter imanente de qualquer ciência e demonstrar a amplitude do 
objeto, quer seja da teologia ou da religião, que sempre escapam da mediação 
fenomenológica e social e abrem espaço para o além, o Metafísico e o 
Transcendente. 
Porém, o fundamento desta relação entre a teologia, a religião, a filosofia 
e as ciências deve ser o valor da pessoa humana e a construção do bem-comum, 
de modo que se percebam na fé cristã os elementos de verdade e validade para 
a vida e para a sociedade, na qual a prática religiosa deve ser expressão 
enquanto celebração, doutrina e ciência, no qual o Transcendente e o Santo se 
manifeste na história e na prática religiosa e confirme sua manifestação e 
presença na verdade da Revelação cristã onde o Deus Criador e Providente, que 
vem ao encontro do homem definitivamente em Jesus Cristo dando-nos o seu 
Espírito e convocando o povo para a sua Igreja, seja a verdade religiosa inerente 
a todos. 
Por sua vez, o aspecto religioso-teológico da realidade é importante, pois 
determina o «lugar» em que se elabora a teologia e se vive a religião. Por isso, 
se busca «um novo modo de fazer teologia» e uma «nova maneira de ser Igreja». 
No entanto, a mudança da sociedade nos anos 90 fazem aparecer novos 
paradigmas que se distanciam da concepção sócio-econômica-política dando 
espaço para novos sujeitos emergentes – mulher, índios, excluídos – como 
também aparecem novos problemas como a ecologia, o futuro das próximas 
gerações e a subjetividade. Enfim, a concepção sócio-econômica-política é 
enriquecida por outras dimensões da subjetividade e da realidade. 
A influência destes novos paradigmas é confirmada pela necessidade 
uma nova interpretação da religião por parte das ciências humanas e da 
importância do diálogo interdisciplinar entre a teologia, religião e ciências, devido 
ao pluralismo cultural e a complexidade da pós-modernidade. Esta 
interdisciplinaridade deve favorecer uma interpretação da vida humana em todos 
os seus aspectos, no qual é importante definir o valor e o significado da religião 
e das instituições religiosas, de tal modo que se possa estabelecer o seu papel 
e sua importância na sociedade. Enfim, se tem a aprovação a nível 
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governamental da ciência teológica e do valor de suas instituições e a divulgação 
e abertura de tantas áreas de pesquisas para as ciências da religião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 – Conclusão 
O crescimento dos trabalhos acadêmicos a respeito da religião e da 
teologia aparece por todo o território nacional. Por isso, é preciso aprofundar o 
desenvolvimento da teologia e das ciências da religião ao longo destes quarenta 
anos e verificar o valor e o significado da religião para a sociedade. Mas é preciso 
definir os seguintes conceitos: teologia – religião – ciência e determinar o objeto 
de cada uma destas instâncias. Portanto, o campo da epistemologia é 
fundamental. É preciso determinar a metodologia do trabalho para estabelecer 
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as relações entre estes campos que envolvem o tema religioso. Precisaria dar 
continuidade à metodologia tal como foi feita por Clodovis Boff, nas suas 
pesquisas e como tem demonstrado as últimas pesquisas nesta área. Pois, 
somente com uma epistemologia apropriada é possível definir a cientificidade da 
teologia e da religião e das suas ciências conexas. Isto favorecerá não somente 
uma resposta no campo acadêmico, mas permitirá que a teologia e a religião 
tenham a sua importância na sociedade, principalmente, numa sociedade em 
constantes mudanças e com alterações rápidas de paradigmas. 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 BRANDT, H. As ciências da religião numa perspectiva intercultural. A 
percepção oposta da fenomenologia da religião no Brasil e na Alemanha. 
Disponível em: Acesso em: 17 jun. 2007. GRESCHAT, Hans-Jürgen. O 
que é ciência da religião? São Paulo: Paulinas, 2005. 
 TEIXEIRA, F. (Org.). A(s) ciências(s) da religião no Brasil: afirmação de 
uma área acadêmica. São Paulo: Ed. Paulinas, 2001. 
USARSKI, F. Constituintes da religião. Cinco ensaios em prol de uma 
disciplina autônoma. São Paulo: Paulinas, 2006. 
http://www.cienciaefe.org.br/jornal/ed118/mt1.html-acessoem13/06/2016 
- Prof. José Carlos Veloso 
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