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A Cartomante - Machado de Assis. Roteiro: *Sexta-Feira de novembro de 1869, Camilo ria de Rita por na véspera desse dia ter ido consultar uma cartomante* Rita: · Ria, ria, homens são assim mesmo, não acreditam em nada, pois saiba que fui e antes mesmo que eu lhe dissesse o que era, apenas começou a botar cartas e disse-me ¨A senhora gosta de uma pessoa..¨ confessei que sim e ela então continuou a botar as cartas, as combinou e no fim declarou que eu tinha medo de que você me esquecesse… *Camilo ri* Camilo: · Que besteira! Rita: · Não diga isso Camilo, se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe, já lhe disse. Não ria de mim, não ria... *Camilo pega nas mãos de Rita e a olha fixamente* Camilo: · Eu te amo muito e se tiver algum receio, a melhor cartomante para se consultar sou eu. Além disso, tenha cuidado ao andar por aquela área, Vilela pode descobrir e... Rita: · Eu sei! Fui muito cuidadosa ao entrar na casa. Camilo: · Não acredito que crê nessas bobagens! Rita: · Há muita coisa misteriosa e verdadeira nesse mundo! E a cartomante acertou suas previsões. Narrador: Camilo se lembrou que mesmo se quisesse, não poderia julgá-la, pois além de não querer arrancar-lhe suas ilusões, quando menor possuía de crendices bobas, que com tempo deixou cair toda essa vegetação parasita, sobrando-lhe apenas o tronco da religião. Rita deixou o Camilo certa de que estava sendo amada, e Camilo não só a amava, como a via estremecer e arriscar-se por ele. No princípio de 1869, Vilela, seu amigo de infância voltou de uma província onde havia se casado com uma dama formosa e tonta, Camilo arranjou-lhe a casa, e uniram-se em um laço amigável os três. Com a morte da mãe de Camilo, Vilela e Rita se mostraram grandes amigos, Vilela cuidou do enterro e inventário, e Rita tratou especialmente de seu coração, e ninguém faria melhor. Camilo, em seu aniversário, Recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita recebeu um bilhetinho vulgar escrito á lápis, mas há certas vulgaridades sublimes, ou pelo menos deleitosas, passou horas admirando o bilhete recebido. Camilo sinceramente quis fugir dessa paixão, mas Rita, como uma serpente foi-se acercando dele e envolveu-o todo. Apesar da confiança de Vilela permanecer a mesma sem desconfiar da relação dos dois, Camilo recebeu uma carta anônima o chamando de imoral, com isso Camilo começou a rarear as visitas a casa de Vilela. Rita com medo de seu afastamento repentino, foi consultar sua cartomante. *Rita chega na sala da Cartomante* · Camilo se afastou de mim, eu não consigo entender o motivo, não o vejo mais e... *A Cartomante rapidamente tira três cartas, Rita a olha surpresa* Cartomante: · Não se preocupe jovem, você ainda possui o ardor de seu amado, porém ele está com medo de algo... Após isso, no mesmo dia, Rita procurou Camilo para conversar. Camilo: · Eu recebi uma carta anônima falando de nossa relação, estou com medo. *Camilo mostra a carta e Rita pega-a* Rita: · Não se preocupe, irei levá-la para comparar as letras, e se algum dia chegar alguma carta com a letra parecida, guardo-a e rasgo-a. Narrador: Com o tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como se estivesse desconfiado, Rita teve pressa a contar para Camilo, ela achava que Camilo deveria ir vê-lo e arrancar alguma confissão do mesmo. E Camilo achava que aparecer na casa de Vilela após tantos meses era confirmar sua suspeita ou denúncia. Nesse mesmo dia Camilo recebe uma carta de Vilela. *Camilo lê a carta em voz alta enquanto começa a andar em círculos no palco e repetir o que estava escrito, desesperado* · Vem já, já, à nossa casa, preciso falar-te sem demora*** · Mas e se.. Se ele descobriu tudo? Se só está me esperando para me matar? Isso não parece coisa boa. *Camilo desesperado, ri de nervoso* · Já sei, vou à minha casa primeiro, talvez Rita tenha me deixado um aviso que explique tudo isso. Narrador: Mesmo que a carta possuísse um tom de mistério e ameaça, Vilela procurou se agarrar à alguma explicação, e então, enquanto caminhava para casa, passou na frente da casa onde Rita dizia consultar a cartomante, e teve uma ideia... Camilo: · ¨Há muita coisa misteriosa e verdadeira nesse mundo¨ Rita disse, então já sei, irei me consultar com a cartomante, e ela me dirá o que acontecerá nessa visita a casa de Vilela. *Camilo entra na sala da cartomante, que retira o baralho da gaveta e começa a embaralhar as cartas, tira três cartas sobre a mesa e diz* · Vejamos o que o traz aqui, o senhor tem um grande susto... *Camilo maravilhado com tal adivinhação, faz um gesto afirmativo* · E quer saber se lhe acontecerá alguma coisa ou não... Camilo: · Sim! A mim e a ela. *A cartomante retira rapidamente novas três cartas* · As cartas dizem-me *Camilo inclina para beber uma a uma as palavras* -Para que não tenha medo de nada.. Seu amor e o de sua amada é muito forte, você terá uma vida de amor pleno. Camilo: · Obrigada! A senhora restituiu-me paz de espiríto! *Diz Camilo estendendo a mão por cima da mesa e apertando a mão da cartomante* Cartomante: · Vá, vá, ragazzo innamorato. *Camilo retira a carteira do bolso* · Quanto a senhora quer pelas previsões? Cartomante: · Pergunte ao seu coração. *Camilo retira uma nota alta de dinheiro, e a cartomante sorri olhando tal nota* · Vejo que a ama muito, e com razão! Ela gosta muito do senhor, vá tranquilo.Olhe o caminho ao voltar, é escuro. *Camilo sai da sala e ri* · Mas que receios pueris! Sou muito tolo! Vilela disse que era algo urgente, eu não deveria ter enrolado! *Camilo corre até a casa de Vilela, onde mal houve tempo de bater e a porta abriu-se, aparecendo Vilela* Camilo: · Desculpe! Não pude vir mais cedo, o que houve? *Vilela o conduz até uma saleta, onde ao entrar não pôde esconder a face de terror, no chão, Rita estava morta e ensanguentada, Vilela pega a arma e olha para Camilo* · Como você pôde fazer isso comigo?! Éramos amigos! *Então Vilela o pega pela gola, e com dois tiros de revólver o estira morto no chão*
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