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A Literatura Infantil Afro-Brasileira enquanto espaço de reflexão e construção da identidade da criança negra

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1 
 
A LITERATURA INFANTIL AFRO-BRASILEIRA ENQUANTO ESPAÇO DE 
REFLEXÃO E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA NEGRA 
The afro-brazilian children's literature as a space for reflection and 
construction of the identity of the black child 
 
Luani Borges Carneiro1 
Dileno Dustan Lucas de Souza2 
 
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo tratar o papel desempenhado pela 
literatura infantil afro-brasileira na construção da identidade da criança negra, por 
meio de uma análise da realidade encontrada em uma escola da rede estadual de 
Cataguases. A pesquisa leva a refletir sobre a forma como as literaturas que 
abordam a cultura africana permeiam o universo da biblioteca escolar e como estas 
podem ser utilizadas em sala de aula. Para isso, foram empreendidas pesquisas 
bibliográficas que apresentam características da literatura infantil e concepções 
acerca do processo de construção da identidade da criança. Analisa também, o 
histórico da inserção da figura do negro e da cultura afro nas obras literárias 
produzidas no Brasil, pensando em questões que contribuíram para que concepções 
sobre essa cultura fossem formadas. Compreende, também, que a adequação de 
um currículo voltado para o desenvolvimento de uma educação étnico-racial pode 
auxiliar em reflexões que permitam a desconstrução de conceitos pré-estabelecidos 
sobre o papel do negro e sua importância na nossa sociedade. A análise das obras 
literárias afro-brasileiras encontradas no acervo da biblioteca escolar, a entrevista 
realizada com a professora para o uso da biblioteca e a contação de histórias 
empreendida na turma do quarto ano do Ensino Fundamental, demonstrou que 
ainda existe um longo caminho a percorrer de lutas e mudanças, que perpassam, 
essencialmente, pela formação de educadores. 
 
Palavras-chave: Literatura Afro-Brasileira. Identidade. Escola. 
 
Abstract: The academic work aims to address the role played by Afro-Brazilian 
children's literature in the construction of the identity of the black child, through an 
 
1 Graduada em Pedagogia (FIC/UNIS); luaniborges@hotmail.com. 
2 Breve currículo do Dileno. 
2 
 
analysis of the reality found in a public school in Cataguases, in the state of Minas 
Gerais. The research is a reflection on how literatures that approach African culture 
permeate the universe of the school library and how they can be used in the 
classroom. For this purpose, bibliographical researches were carried out showing 
characteristics of children's literature and conceptions about the process of 
construction of the child's identity. It also analyzes the history of the insertion of the 
black figure and the Afro culture in the literary works produced in Brazil, thinking 
about issues that contributed to the conception of this culture. It also understands 
that the adequacy of a curriculum aimed at the development of an ethnic-racial 
education can help in reflections that allow the deconstruction of pre-established 
concepts about the role of the black and its importance in our society. The analysis of 
the Afro-Brazilian literary works found in the collection of the school library, the 
interview with the teacher for the use of the library and the storytelling undertaken in 
the class of the fourth year of elementary school, showed that there is still a long way 
to go of struggles and changes, which essentially involve the formation of educators. 
 
Keywords: Afro-Brazilian Literature. Identity. School. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
“...por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que 
escutam, há uma criança que pensa. ” 
Emília Ferreiro 
 
Pensar sobre o processo de construção da identidade infantil, é pensar 
sobretudo na criança e nas relações que esta constrói com o mundo a sua volta. 
Desde muito pequena, ela interioriza padrões e atitudes que observa nos sujeitos e 
no meio onde está inserida, padrões esses que em um primeiro momento são 
transmitidos pela família e ou pessoas que as cercam, e depois pelos diferentes 
estímulos que recebe, seja através de desenhos, brinquedos, livros, músicas e 
histórias. Lev Vygotsky (1896-1934), um grande psicólogo e teórico, reforça tal 
afirmação em suas obras, nas quais aborda a influência que as crianças recebem do 
meio e a compreensão de que o ser humano se desenvolve em contato com a 
sociedade, modificando e sendo modificado pelo ambiente. 
3 
 
O povo brasileiro é um povo marcado pela miscigenação, somos 
descendentes de diferentes etnias e raças: africanos, indígenas, asiáticos, europeus. 
Em meio a essa diversidade, relacionamo-nos com a sociedade, aprendendo e 
ensinando, através de práticas sociais nas quais as relações étnico-raciais, sociais e 
pedagógicas nos apoiam, excluem ou visam modificar. Tais relações constroem 
nossas identidades e interferem diretamente no modo como transmitimos nossos 
valores, posturas, atitudes e ideais. (SILVA, 2007) 
Há que se cuidar, sobretudo no meio educacional e no processo de 
construção da identidade infantil, para que as relações elencadas no parágrafo 
anterior sejam construídas em um clima de respeito e igualdade. Para tanto, torna-
se essencial que mudanças ocorram no modo como são realizadas as interações 
sociais, com o objetivo de quebrar os paradigmas impostos pela sociedade, 
baseados em conceitos de inferioridade e superioridade. 
Brasil (2004, p. 7) ressalta que “a educação constitui-se um dos principais 
ativos e mecanismos de transformação de um povo”. Sendo a escola um espaço 
transformador do ser social e cultural, deve incentivar a formação de valores e 
hábitos que respeitem as diferenças e as singularidades dos indivíduos, sobretudo 
das minorias. O presente trabalho objetiva demonstrar que um dos principais meios 
para atingir essa transformação é através da leitura de obras literárias, em especial 
da literatura afro-brasileira, como facilitadora e potencializadora do diálogo sobre 
representações e significados da cultura negra e como aliada a construção da 
identidade da criança. 
 A escolha da literatura como objeto de pesquisa e transformação dá-se por 
acreditar no que afirma José (2009, p. 19): 
 
“A literatura pode nos levar a um mundo idealizado, capaz de nos dar, sem 
nos alienar, o que o cotidiano nos nega. A literatura pode nos levar a 
conhecer pessoas, as personagens de ficção, que geram em nosso espírito 
simpatia ou antipatia, e possibilitam que o nosso “eu” se encontre e se 
reconheça ou se estranhe em diferentes “eus”. Este processo de 
identificação ou de projeção já nos dá a medida psicológica do texto 
literário, que age categoricamente sobre o caminho que nos leva à difícil 
viagem ao nosso interior. Saímos de um conto ou romance tontos de prazer 
e cheios de perguntas sobre o mundo e as pessoas que nos cercam. Sobre 
o mundo que somos nós e que, muitas vezes, desconhecemos.” (JOSÉ, 
2009, p. 19). 
 
Como forma de investigar as possibilidades criadas pelo uso da literatura afro-
brasileira no espaço escolar, optou-se por realizar uma pesquisa qualitativa, 
4 
 
desenvolvida em três momentos, a ser realizada na Escola Estadual Chica da Silva3, 
localizada em um bairro periférico da cidade de Cataguases, Minas Gerais. Em um 
primeiro momento foi analisado o acervo de obras de literatura infantil 
disponibilizado na biblioteca da escola, com o intuito de verificar quantos e quais 
livros abordam elementos da cultura afro-brasileira. Em um segundo momento foi 
realizada uma entrevista com a professora para o uso da biblioteca, procurando 
identificar de que maneira a literatura afro-brasileira era trabalhada com as crianças. 
No terceiro momento foi realizada uma contação de estória com uso do livro “O 
Cabelo de Lelê”, de Valéria Belém, para uma turma do 4° ano do Ensino 
Fundamental, abordando a herança cultural e racial que recebemos dos africanos, 
com o objetivo de levar os alunos a uma reflexão sobre suas origens e ao respeitoàs diferenças. 
 
2 O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL 
 
As obras de literatura infantil passaram por inúmeras modificações ao longo 
dos anos, a partir da influência trazida pelo contexto social e pelas manifestações 
culturais dos períodos em que foram criadas. No entanto, um fato a seu respeito não 
sofreu alteração, o forte impacto que exerce sobre os sentimentos e emoções que 
envolvem a infância. Alcântara (2010, p. 15) ressalta que: 
 
O primeiro repertório de literatura para infância foram as fábulas e os contos 
de fadas, gêneros que, com a clara marcação da categoria infância, foram 
devidamente adaptados para “educar” as crianças nos moldes burgueses. 
Tendo sofrido alterações conforme a necessidade de cada época, os contos 
sobreviveram como manifestações culturais de diferentes grupos sociais. 
Os textos sofreram significativas transformações para atender os propósitos 
pedagógicos da cultura burguesa, que se utilizava da literatura para 
transmitir e consolidar valores (ALCÂNTARA, 2010, p. 15). 
 
Durante muito tempo a literatura infantil serviu como um instrumento para as 
classes dominantes educarem as crianças de acordo com os padrões 
comportamentais, sociais e morais que acreditavam ser o correto. A menina, 
chamada de donzela ou princesa, aparecia nos contos de fada de forma indefesa, e 
construía sua vida à espera do príncipe encantado, que chegaria para libertá-la de 
 
3 Escola Estadual Chica da Silva: Nome fictício. 
5 
 
sua vida monótona e sem emoção, montado em um cavalo branco. Ao ser 
apresentada a essas estórias, através da oralização ou do contato com os livros, a 
criança vai buscar identificar nos personagens principais, seja ele um herói ou 
heroína, um animal, um príncipe ou princesa, uma fada, uma bruxa, dentre outros, 
características físicas e atitudinais relacionadas a si mesma ou às pessoas que 
estão ao seu redor. 
Contudo, não são raras as vezes em que os personagens parecem distantes 
de sua realidade. Portanto, torna-se extremamente importante o papel que os 
professores exercem na escolha das obras literárias a serem utilizadas com as 
crianças, sempre pensando na diversidade, despertando nos pequenos leitores, 
senso crítico, pois a literatura infantil pode influenciar de forma definitiva no processo 
de construção de identidades, servindo, muitas vezes, como fonte de significados 
existenciais que poderão ser aplicados à vida. (MARIOSA; REIS. 2011). 
 
[...] a sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do 
gosto pela leitura, assim como um campo importante para o intercâmbio da 
cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos desmentida sua 
utilidade. Por isso, o educador deve adotar uma postura criativa que 
estimule o desenvolvimento integral da criança. (ZILBERMAN, 2003, p.16) 
 
Pensar em desenvolvimento integral é pensar em desenvolver as múltiplas 
dimensões que formam o indivíduo: física, intelectual, social, emocional e simbólica. 
A falta de um projeto pedagógico, baseado na literatura infantil, que favoreça o 
diálogo, a reflexão e a quebra de paradigmas, que envolvem a construção das 
identidades dos sujeitos, nega à criança a possibilidade de enxergar, valorizar e 
respeitar as diferenças, entre elas, as étnico-raciais. 
Cabe, portanto, criar no espaço escolar uma literatura que descolonize a 
infância, aborde as diversidades étnico-raciais, de orientação sexual, de gênero, do 
corpo, das deficiências, dentre outras, e que sua aplicação para as crianças se 
afaste do objetivo pedagógico baseado nas lições moralizantes dos adultos, que 
muitas vezes buscam incessantemente domesticar e governar a infância. (PEREIRA, 
2017). Sobre isso: 
 
A inserção da diversidade nos currículos implica compreender as causas 
políticas, econômicas e sociais de fenômenos como etnocentrismo, racismo, 
sexismo, homofobia e xenofobia. Falar sobre diversidade e diferença implica 
posicionar-se contra processos de colonização e dominação. É perceber 
como, nesses contextos, algumas diferenças foram naturalizadas e 
6 
 
inferiorizadas sendo, portanto, tratadas de forma desigual e discriminatória. 
É entender os impactos subjetivos destes processos na vida dos sujeitos 
sociais e no cotidiano da escola. É incorporar no currículo, nos livros 
didáticos, no plano de aula, nos projetos pedagógicos das escolas os 
saberes produzidos pelas diversas áreas e ciências articulados com 
saberes produzidos pelos movimentos sociais e pela comunidade (GOMES, 
2007, p. 25) 
 
Sendo assim, torna-se fundamental que a escola e os professores pensem e 
trabalhem com a rica cultura literária que forma o nosso país, na qual está inserida a 
literatura afro-brasileira. 
 
2.1. A Literatura Afro-Brasileira: construindo identidades 
 
As pesquisas e censos demográficos mostram que o Brasil é a nação que 
possui a segunda maior população negra do planeta. A Figura 1 traz um paralelo 
entre a investigação étnico-racial presentes nos censos de 1872, anos antes do 
sancionamento da Lei Áurea, e no censo de 2010. Uma rápida análise da figura 
permite observar um crescente no número de pessoas que se enxergam negras 
e/ou pardas no país. Torna-se importante lembrar que ser negro no Brasil não se 
restringe às características físicas, trata-se, também, de uma escolha política, 
portanto, as estatísticas disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), apresentam o número de pessoas que se definem branca, parda, 
preta, amarela ou indígena. 
Figura 1 – A Investigação Étnico-Racial nos censos 
 
Fonte: Disponível em:< https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-
noticias/noticias/21206-ibge-mostra-as-cores-da-desigualdade>. Acesso em 15 jun. 2019. 
7 
 
Simultaneamente à transformação na forma como o povo brasileiro se 
identificava, ocorreu uma série de mudanças nas obras literárias, principalmente na 
forma como os personagens negros apareciam nas histórias. Jovino (2006) aponta o 
surgimento de personagens negros na literatura infantil entre os anos de 1920 e 
1930, no entanto os enredos dessas histórias apontavam os negros como 
subalternos, analfabetos e ignorantes. Durante muitos anos, as características que 
marcaram homens e mulheres negros na literatura infantil poderia ser definido da 
seguinte forma: 
 
O preto? Ora, somente ocupa funções de serviçal (setor doméstico ou 
industrial, e aí pode ter um uniforme profissional que o defina enquanto tal e 
que o limite nessa atividade, seja mordomo ou operário...). Normalmente é 
desempregado, subalterno, tornando claro que é coadjuvante na ação e, por 
conseqüência, coadjuvante na vida... Se mulher, é cozinheira ou lavadeira, 
gordona e bunduda. Seu ótimo coração e seu colo amigo são expressos no 
texto ou talvez nas entrelinhas... Importa que sua apresentação física não 
seja das mais agradáveis, das mais audaciosas ou belas... Altivos e 
elegantes?? Nunquinha... (ABRAMOVICH, 1989, p. 36-37) 
 
Segundo Jovino (2006), somente a partir de 1975 é que a abordagem étnico-
racial passa a ser inserida na literatura infantil, na tentativa de abordar questões até 
então consideradas impróprias, como o preconceito racial: 
 
[...] somente a partir de 1975 é que vamos encontrar uma produção de 
literatura infantil mais comprometida com uma outra representação da vida 
social brasileira; por isso, podemos conhecer nesse período obras em que a 
cultura e os personagens negros figurem com mais frequência. O resultado 
dessa proposta é um esforço desenvolvido por alguns autores para abordar 
temas até então considerados tabus e impróprios para crianças e 
adolescentes como, por exemplo, o preconceito racial. O propósito de uma 
representação mais de acordo com a realidade, nem sempre é alcançado. 
Embora muitas obras desse período tenham uma preocupação com a 
denúncia do preconceito e da discriminação racial, muitas delas terminam 
por apresentar personagens negros de ummodo que repete algumas 
imagens e representações com as quais pretendiam romper. Essas histórias 
terminavam por criar uma hierarquia de exposição dos personagens e das 
culturas negras, fixando-os em um lugar desprestigiado do ponto de vista 
racial, social e estético. Nessa hierarquia, os melhores postos, as melhores 
condições, a beleza mais ressaltada são sempre da personagem feminina 
mestiça e de pele clara. (JOVINO, 2006, p. 187) 
 
Apesar da preocupação dos escritores em denunciar o preconceito e a 
discriminação racial nas suas obras literárias, apresentando o personagem negro 
sobre um novo prisma, estes se mantinham em um plano camuflado de narrações e 
imagens preconceituosas, as quais eram sustentadas pelo mito da democracia 
8 
 
racial, evidenciando, por exemplo, a mestiçagem. Figurou-se assim, durante anos, 
uma literatura infantil na qual os protagonistas representavam, em sua maioria, 
personagens brancos ou mestiços, e quando apresentados como negros, 
carregavam consigo uma carga de traços estigmatizados pela sociedade. 
Na contemporaneidade já é possível encontrar obras e textos literários 
voltados para o público infantil que buscam romper com os estereótipos que 
caracterizavam e inferiorizavam os negros e sua cultura. Essas obras os apresentam 
em momentos comuns do cotidiano: em casa, na escola, com a família, enfrentando 
preconceitos, pesquisando, questionando e conhecendo suas origens, construindo 
suas identidades. Alguns livros trazem em sua construção símbolos da cultura afro-
brasileira, tais como as religiões de origens africanas, as danças, a capoeira e as 
lendas. Outras abordam aspectos da riqueza natural do continente africano e das 
relações que os povos construíram com a natureza, em especial com a árvore 
Adansonia digitata, o Baobá. 
 
A afro-literatura brasileira poderia ser entendida, ainda, como aquela 
produção que: possui uma enunciação coletiva, ou seja, o eu que fala no 
texto traduz buscas de toda uma coletividade negra...Para que o livro seja 
uma obra de referência, não basta trazer personagens negras e abordagens 
sobre preconceitos. É importante levar em consideração o modo como são 
trabalhados o texto e a ilustração (PIRES; SOUSA; SOUZA, 2005, p. 1 apud 
MARIOSA; REIS, 2011, p. 46) 
O papel ocupado pelo protagonista negro, em paralelo com a valorização da 
identidade, da cultura, da religião e dos contos de tradição africana, presentes nas 
obras de literatura afro-brasileira, ganharam ainda mais espaço, sobre os moldes de 
uma literatura de enfrentamento étnico-racial, quando em 2003 o Ministério da 
Educação sancionou, entre outras ações, a Lei nº 10.639/03, que trazia, entre outras 
medidas, a alteração da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelecia 
as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial da Rede de 
Ensino a obrigatoriedade de se trabalhar com a "História e Cultura Afro-Brasileira". 
Outra conquista considerável foi a publicação, em 2004, das Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História 
e Cultura Afro-Brasileira e Africana. As diretrizes citadas anteriormente apresentam 
em um capítulo políticas de reconhecimento e valorização de ações afirmativas 
sobre a figura do negro na sociedade, entre as quais pode-se citar: 
 
9 
 
Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, à sua 
descendência africana, sua cultura e história. Significa buscar, compreender 
seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento causado por tantas formas 
de desqualificação: apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau 
gosto sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura 
de seus cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz africana. Implica criar 
condições para que os estudantes negros não sejam rejeitados em virtude 
da cor da sua pele, menosprezados em virtude de seus antepassados terem 
sido explorados como escravos, não sejam desencorajados de prosseguir 
estudos, de estudar questões que dizem respeito à comunidade negra. 
(BRASIL, 2004, p. 12). 
 
Esse reconhecimento, passa, inevitavelmente, pelos ambientes de ensino, 
que necessitam estar comprometidos com uma educação onde negros e brancos 
tenham os mesmos direitos e oportunidades, possam “relacionar-se com respeito, 
sendo capazes de corrigir posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e 
discriminação” (BRASIL, 2004, p.12). Outro ponto importante, é que a educação das 
relações étnico-raciais deve ser conduzida, tomando como base os princípios de 
consciência política e histórica da diversidade, fortalecimento de identidades e de 
direitos, ações de combate ao racismo e a discriminações. 
Sendo assim, torna-se urgente que a escola e os educadores repensem seu 
papel na formação de seus alunos, em especial na formação de leitores, de maneira 
que a literatura infantil seja vista e utilizada como uma ferramenta essencial na 
discussão de temas relevantes para a sociedade e não apenas como um artifício 
pedagógico da disciplina de Língua Portuguesa, utilizada nos momentos de 
consolidação do gênero literário para crianças, ou como um momento de distração. 
 
3 METODOLOGIA 
 
Conforme salientado na introdução, o presente artigo foi construído com base 
em pesquisas bibliográficas e pesquisa qualitativa, realizada na Escola Estadual 
Chica da Silva, localizada em um bairro periférico da cidade de Cataguases, Minas 
Gerais. Atualmente a escola atende cerca de setecentos alunos distribuídos nos 
seguintes níveis de ensino: Ensino Fundamental Anos Inicias e Finais, Ensino Médio 
e Educação de Jovens e Adultos (EJA). 
A pesquisa foi realizada no Ensino Fundamental Anos Iniciais em três etapas. 
Na primeira foi analisado o acervo de literatura infantil da biblioteca da escola, com o 
objetivo de identificar as obras que se enquadram na literatura infantil afro-brasileira 
e quais as abordagens utilizadas pelos autores dos livros para trabalhar o papel do 
10 
 
negro e/ou as histórias e influências africanas. Na segunda etapa foi realizada uma 
entrevista focalizada com a professora para o uso da biblioteca, a fim de conhecer a 
forma como a literatura infantil é desenvolvida pela escola, que tipo de livros e/ou 
histórias são selecionados e com quais objetivos são trabalhados. A terceira etapa 
foi realizada na turma do 4° ano do Ensino Fundamental, através de uma sequência 
didática envolvendo a contação da história do livro “O Cabelo de Lelê”, de Valéria 
Belém. 
A seguir serão apresentados os resultados obtidos no decorrer da pesquisa. 
 
4 O ACERVO LITERÁRIO E AS PRÁTICAS DE LITERATURA 
 
A Base Nacional Comum Curricular destaca a importância da literatura para o 
desenvolvimento da empatia e do diálogo, por permitir a aproximação com diferentes 
valores, comportamentos, crenças, desejos e conflitos, contribuindo assim para que 
as crianças reconheçam e percebam modos distintos de ser e estar no mundo, 
compreendendo a si mesmo e desenvolvendo uma atitude de respeito e valorização 
do que é diferente. 
Na análise feita no acervo de literatura infantil da biblioteca escolar com o 
objetivo de selecionar os livros cujos títulos e ilustrações fizessem referência ao 
negro e à cultura afro, foram selecionados sete livros, a saber: A Semente que veio 
da África; Plantando as árvores do Quênia: a história de Wangari Maathai; 
Contos ao redor da fogueira; Chica e João; Betina; O herói de Damião: em a 
descoberta da capoeira e Obax. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Figura 2 – Livros do acervo da biblioteca 
 
 
Fonte: O próprio autor. 
 
A análise das obras literárias permite identificar que a temática em foco é 
desenvolvida em duas perspectivas: a primeira, diz respeito à valorização da 
tradição cultural dos países africanos através da narrativa de lendas e contos 
populares; a segunda caracteriza-se pelo empenho em transformarà histórica 
invisibilidade da etnia negra através do protagonismo dos personagens. 
No livro “A Semente que veio da África” os autores utilizam diferentes formas 
literárias para explorar o tema do livro, que gira em torno da árvore de nome 
científico Adansonia digitata (o baobá), entre elas: lendas, mitos, relatos, 
informações científicas, ilustrações, imagens, jogos e até mesmo a história pessoal 
de dois dos autores (Georges Gneka, nativo da Costa do Marfim, e Mário Lemos, 
nascido em Moçambique). Os autores ressaltam, nas entrelinhas, que o ser humano 
é capaz de aprender de diferentes formas, e apresentam para os leitores um 
continente rico em culturas e belezas naturais. Seguindo a mesma perspectiva, a 
obra “Contos ao Redor da Fogueira” contém dois mitos de origem africana que 
estimulam a imaginação e a criatividade, nos quais o autor, inspirado em fatos 
transmitidos pela cultura oral, de geração em geração, recria lendas originais do 
continente africano, em torno de seus personagens e da forma como estes encaram 
as superstições entranhadas na sociedade em que vivem. 
12 
 
As demais obras analisadas seguem a perspectiva de valorização do 
protagonismo negro. O livro “Plantando as Árvores do Quênia” narra a história de 
Wangari Maathai, primeira mulher africana a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 
2004. Por meio da história de Wangari, os leitores são levados a refletir sobre o 
mundo e a necessidade de cuidar e proteger o Meio Ambiente, além de pensar 
sobre o papel da mulher ativista na sociedade. Na obra “Chica e João” o autor 
aborda de forma envolvente e com uma linguagem simples a história de uma das 
figuras mais marcantes do período escravo no Brasil, Chica da Silva, sendo contada 
na visão da própria personagem, passando para o leitor um sentimento de diálogo e 
identificação com a personagem. Em “Betina” o leitor é apresentado a história da 
menina Betina, que diferentemente da maioria dos livros de literatura infantil, é uma 
menina negra. O livro aborda o relacionamento da neta com sua avó e os cuidados 
que essa tem com suas tranças, e inicia a discussão sobre a identidade da criança 
negra ao abordar a relação que a personagem principal tem com seu corpo e seu 
cabelo, ressaltando em diversos momentos a beleza do povo negro. O livro “O Herói 
de Damião” conta a história de um garoto que não se reconhece em nenhum dos 
heróis que vê nos filmes e na televisão e a partir dessa inquietação, em sua busca 
por um herói, Damião descobre na capoeira uma forma de tornar ele mesmo seu 
próprio herói. Por último, a obra “Obax” a partir de uma mistura de textos e 
riquíssimas ilustrações, permite que a criança faça uma viagem a riqueza do 
continente africano, abordando questões como a relação afetiva de mãe e filha, 
culturas e tradições africanas, fauna e flora, além dos sentimentos que cercam esse 
continente. 
O diálogo com a professora para uso da biblioteca retrata uma realidade que, 
infelizmente, pode ser observada em muitas escolas do Ensino Fundamental, o uso 
da literatura e da contação de histórias como um momento de lazer, de abordagem 
de datas comemorativas e como um mero artifício pedagógico, sem um 
planejamento que leve a reflexão e à construção de conhecimentos e identidades. 
Sendo assim, a professora destacou que, na maioria das vezes, as histórias e livros 
utilizados no momento de contação, são escolhidos com base no tema que está 
sendo desenvolvido na escola, ou com base em datas importantes de determinado 
mês, sem a preocupação de utilizar a história do livro como um momento de debate 
e de solidificação de aprendizagens emocionais. 
13 
 
Questionada sobre o acervo literário da biblioteca e sobre a presença das 
obras de literatura afro-brasileira, a professora disse não ter conhecimento. Segundo 
ela, não lembra de ter utilizado nenhuma obra com características da literatura afro-
brasileira durante seus anos de atuação na biblioteca escola, mas disse que isso 
pode ter acontecido durante a semana da Consciência Negra. 
Urge, portanto, a necessidade de um estudo aprofundado entre os 
profissionais da escola acerca do processo de construção das aprendizagens 
infantis e do papel que a literatura exerce sobre ele, pois a ausência de um projeto 
pedagógico de literatura infantil que aborde os processos identitários dos sujeitos, 
diminui as oportunidades de a criança construir diálogos e valorizar as diferenças, 
entre elas, as étnico-raciais. 
 
5 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: “O CABELO DE LELÊ” 
 
“Descobre a beleza de ser como é 
Herança trocada no ventre da raça 
Do pai, do avô, de além-mar até 
[...] Lelê ama o que vê! E você?” 
(Trecho do livro “O Cabelo de Lelê”. Valéria Belém) 
 
A obra O Cabelo de Lelê, da escritora Valéria Belém, foi publicada em 2007 
pela Companhia Editora Nacional. O livro caracteriza-se entre as literaturas infantis 
afro-brasileiras como aquela que busca desenvolver no leitor o sentimento de 
pertencimento e conhecimento de suas origens, desenvolvendo a autoestima 
favorável ao leitor negro e o contato, pelo leitor não negro, de uma visão dos 
personagens negros que dificilmente é explorada nas obras infantis. A imagem da 
personagem negra, que é transmitida pela obra, não é baseada no passado histórico 
de escravidão dos negros no Brasil, mas é apresentada com características e 
questões que são intrínsecas às de qualquer outro cidadão. Com um narrador em 
terceira pessoa, O Cabelo de Lelê aborda as inquietações de uma menina acerca de 
seu cabelo e da forma como utilizá-lo. Partindo dessas inquietações, a menina 
descobre que as características físicas que possui é herança de sua família, que 
teve origem nos países africanos. Em suas pesquisas, Lelê percebe que as pessoas 
são belas devido à sua essência e história, e assim passa a aceitar e explorar as 
diversas formas como sua imagem pode ser refletida no espelho. 
14 
 
O livro foi explorado com os alunos do 4° ano do Ensino Fundamental através 
de uma sequência didática. Em um primeiro momento, foi utilizada uma caixa com 
um espelho dentro para desafiar os alunos a descobrirem e em seguida 
descreverem o que viam dentro da caixa. Por meio dessa dinâmica foi possível 
observar a dificuldade das crianças em olhar sua imagem refletida em um espelho e 
em seguida descrevê-la para a turma, principalmente por parte dos alunos negros, 
que em sua maioria descreveram-se como “morenos” de “olhos castanhos”. Além 
disso, foi possível notar um certo preconceito por parte de alguns alunos que riam e 
faziam comentários depreciativos nos momentos onde os alunos pardos ou negros 
iam se olhar e descrever. 
A segunda parte da sequência didática explorou as imagens do livro e a 
contação da história “O Cabelo de Lelê”. Em uma das partes do livro, a ilustradora 
Adriana Mendonça, apresenta diversos penteados possíveis de serem feitos com o 
cabelo da menina Lelê, como pode ser observado na Figura 3. Durante a contação 
de histórias, ao chegar nessa determinada parte do livro, a maioria dos alunos riram 
e criticaram os penteados apresentados, comparando-os com outras imagens de 
sua realidade. 
 
Figura 3 – Penteados 
 
Fonte: BELÉM, Valéria. O Cabelo de Lelê. 1. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 
 
No entanto, ao chegar no final da contação, os alunos perceberam, 
juntamente com a menina Lelê, que cada criança tem características diferentes, bem 
como cabelos diferentes, e que cada uma dessas características precisa ser 
15 
 
valorizada e respeitada, pois trazem consigo uma herança familiar e uma história de 
vida. 
Em um terceiro momento os alunos foram convidados a fazerem uma viagem 
pelo continente africano, conhecendo através de fotografias, características culturais 
e naturais desse continente. Durante a “viagem” os alunos puderam construir uma 
nova imagem acerca da África e de sua importância para o povo brasileiro. Muitos 
alunos disseramfrases como: “Como a África é linda!”, “Como as roupas são 
coloridas.”, “A capoeira!! Ela veio da África né tia?”, “Eu quero conhecer a África um 
dia.”. Por último, os alunos foram estimulados a fazerem um autorretrato, apontando 
no desenho as belezas que os diferem de outras pessoas. 
Diante disso, a prática realizada com os alunos, permite inferir que quando a 
escola apresenta ao aluno uma variedade dos grupos raciais, promovendo uma 
educação antirracista, que prevê, necessariamente, um cotidiano escolar que 
respeite, não apenas com palavras, mas também com atitudes, as diferenças 
raciais, está desenvolvendo não apenas a autoestima do aluno negro, mas também 
criando possibilidades para que os demais alunos conheçam novas etnias e raças. 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O ocultamento da figura do negro nas obras literárias infantis vem 
contribuindo para que as crianças negras cresçam com o sentimento de não 
pertencerem à sociedade. O desconhecimento das experiências de ser, viver, 
pensar e realizar dos descendentes de africanos faz com que ensinemos como se 
vivêssemos numa sociedade monocultural. Sendo assim, conclui-se que a escola, 
enquanto agente de inclusão e transformação cultural, social e educacional, que 
objetiva o desenvolvimento integral do indivíduo e a formação de um cidadão apto 
para atuar em sociedade, repense o seu papel na formação de leitores e avalie a 
literatura infantil afro-brasileira como instrumento para o debate de temas 
fundamentais, a exemplo das relações étnico-raciais e não apenas como uma 
postura utilitário-pedagógica. 
A prática e pesquisa realizada em campo nos possibilitou refletir que ainda 
existe um longo caminho a percorrer, de estudos, informação e conscientização 
acerca das potencialidades da literatura. Além disso, foi possível notar que o uso da 
literatura afro-brasileira em sala de aula, permite que as crianças negras enxerguem 
16 
 
a si mesmo como peças centrais do ensino, proporcionando o crescimento de sua 
autonomia e autoestima, que por sua vez, contribuem para o desenvolvimento de 
sua aprendizagem. 
Pode-se afirmar ainda que a diversidade cultural pode e deve ser trabalhada 
nas escolas e em sala de aula, com o objetivo de preparar as novas gerações para 
um mundo sem preconceito racial ou de qualquer outro gênero, possibilitando as 
crianças, a oportunidade de serem críticos e capazes de viver em sociedade, de 
maneira harmoniosa, e ativamente. 
No entanto, reconhecemos que esse é um caminho de luta que inclui, 
necessariamente, a formação de educadores com base em uma educação étnico-
racial, que estejam preparados para trabalhar com os desafios encontrados no dia-a-
dia do ambiente escolar. 
17 
 
REFERÊNCIAS 
 
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algumas reflexões. In: GOMES, Nilma Lino (Org.). Um olhar além das fronteiras: 
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Centro de Estudos Afro- Orientais, Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006 
 
MARIOSA, Gilmara Santos; REIS, Maria da Glória dos. A influência da literatura 
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Fundamental I. Seminário Gepráxis, Vitória da Conquista – Bahia – Brasil, v. 6, n. 6, 
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ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. ed. São Paulo: Global, 
2003.

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