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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 DIREITO PENAL, POLÍTICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA ...................... 3 2.1 Aspectos gerais do Direito Penal.......................................................... 3 2.2 Direito penal e criminologia .................................................................. 6 2.3 Direito penal e política criminal ............................................................. 8 2.3.1 Os três pilares das ciências criminais ............................................. 9 3 TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA ................................... 10 4 INVESTIGAÇÃO – INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E FONÉTICA ....... 16 4.1 Interceptação telefônica ..................................................................... 16 4.1.1 Procedimento da interceptação .................................................... 19 4.2 Fonética .............................................................................................. 21 4.2.1 Linguística forense ....................................................................... 22 4.2.2 Fonética forense ........................................................................... 23 5 PERÍCIA FORENSE ................................................................................. 26 5.1 A perícia no século XXI ...................................................................... 27 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 30 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 DIREITO PENAL, POLÍTICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA Fonte: direitodiario.com.br O Direito Penal trata-se de um ramo do Direito que lida com valores essenciais à convivência social e sérias restrições à liberdade dos indivíduos. 2.1 Aspectos gerais do Direito Penal Quando se fala em direito penal logo vem em mente, em geral, uma ciência que se ocupa do crime e da sua respectiva pena. Não há equívoco em tal percepção. Contudo, o exame do fenômeno criminoso vai além da noção de norma penal. O Direito Penal pode ser definido como um ramo do Direito que se ocupa da tutela estatal dos principais bens jurídicos (vida, integridade física, integridade moral, patrimônio, etc.), impondo como sanção, para quem infringir suas normas, uma pena. Permite, única e legitimamente pelo Estado, coerção à liberdade individual; portanto, deve ser utilizado como a última opção – ultima ratio. Importante referir que funciona, igualmente, como regulador, possibilitando e limitando o poder punitivo do Estado por meio dos tipos penais (normas incriminadoras), evitando que ocorram abusos aos direitos mais essenciais dos indivíduos, conforme Nucci (2012). 4 Na visão de Jesus (2017, p. 47), deve-se compreender o Direito Penal: [...] como o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena, como consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado. Como visto, o autor agrega à definição de Direito Penal a aplicação não só das penas, mas também das medidas de segurança impostas àqueles considerados inimputáveis. Sendo assim, pode-se afirmar que o Direito Penal se valerá das penas, aos imputáveis, e das medidas de segurança, aos inimputáveis, como medidas de prevenção ou repressão, ou ainda, como consequências jurídicas do seu descumprimento, conforme afirma Jesus (2017). Cabe, ainda, relacionar outra definição. Para Colnago (2010), o Direito Penal configura o segmento do ordenamento jurídico que seleciona comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de abalar a convivência social, e os criminaliza, descrevendo-os como infrações penais, cominando-lhes sanções. Para o autor, o Direito Penal estabelece também as regras complementares e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação. Como este capítulo visa a estudar as inter-relações entre o Direito Penal, a criminologia e a política criminal, é importante apresentar um dos papéis fundamentais do Direito Penal. O Direito Penal é uma ciência dogmática, pois busca, no intuito de decidir os conflitos, analisar as normas penais (normas em sentido amplo: princípios e regras), sua interpretação e aplicação adequadas, sem, necessariamente, realizar avaliações críticas ou abstrações sobre o ordenamento penal proposto. É por isso que o estudo do Direito Penal se denomina também dogmática penal. A dogmática penal examina o crime como norma, buscando um “dever ser” socialmente adequado ao rechaçar as condutas delituosas, assim como se atenta na tipicidade do fenômeno criminoso, na antijuridicidade da conduta e na culpabilidade do autor do delito diante do sistema penal existente (FRAGA, 2018). E é, justamente, o seu caráter de fixar dogmas, princípios e conceitos, normatizando os crimes e suas cominações legais, que confere ao ordenamento jurídico-penal a segurança de que tanto necessita. Em outras palavras, clareando o 5 entendimento, Sánchez (1992) explica que a dogmática penal cumpre uma função essencial de garantir os direitos fundamentais do indivíduo perante o poder arbitrário do Estado, sendo uma consequência da própria legalidade exigida para a atuação do Estado, ainda mais nos casos de restrição da liberdade dos indivíduos. Em acréscimo, citando Gimbernat Ordeig, Sánchez aponta que a dogmática penal: [...] faz possível, por conseguinte, ao assinalar limites e definir conceitos, uma aplicação segura e calculável do Direito Penal, e faz possível subtrair-lhe a irracionalidade, a arbitrariedade e a improvisação. Quanto menos desenvolvida esteja uma dogmática, mais imprevisível será a decisão dos tribunais, mas dependerá do azar e de fatores incontroláveis à condenação ou à absolvição. (SÁNCHEZ, 1992, p. 43, tradução livre) O autor segue afirmando que a aspiração tradicional da dogmática é “de obter segurança jurídica, levantar um edifício firme frente às intervenções ideológicas e reafirmar, assim, a ideia de Estado de Direito [...]” (SÁNCHEZ, 1992, p. 44, tradução livre). A finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais importantes à vida em sociedade, mas apenas intervindo nas situações fáticas que não puderem ser tuteladas por outros ramos do Direito, como o Direito Civil, Administrativo, Tributário, etc., conforme afirma Jesus (2017). No que concerne às suas características, ainda de acordo com Jesus (2017), o Direito Penal é ramo do Direito Público; é uma ciência normativa – pois dispõe sobre o “dever ser”, que corresponde à norma; é uma ciência valorativa – pois, fazendo juízo dos valores mais essenciais à sociedade, tutela-os e protege- -os; é uma ciência sancionadora – pois, por meioda pena, sanciona, educa e previne, modulando condutas ao que compreende por adequado socialmente e condenando as condutas criminosas. Ademais, como já referido, o Direito Penal, como ciência jurídica, é de natureza dogmática, uma vez que toma por base o direito positivo, impondo normas penais e exigindo seu cumprimento por todos, sem reservas. Por fim, quanto ao método, o Direito Penal adota o método dedutivo sistemático, pois preocupa-se com o crime, desde que tipificado na norma, para descobrir quais são as suas consequências jurídicas. Interpreta a norma e a aplica ao caso concreto, como afirma Shecaira (2014). 6 Porém, para compreender a integridade dos fenômenos criminosos (entendidos como fenômenos complexos), não basta apenas adaptar os fatos às normas. Por exemplo, é necessário analisar as causas dos crimes pessoais e as formas de combate-los. Por este motivo, a criminologia e a política criminal terão grande valor. 2.2 Direito penal e criminologia Diferentemente do Direito Penal, que se preocupa com o crime como norma, a criminologia se preocupa com o crime como fato social, em seus aspectos mais amplos. Nucci (2012, p. 19) conceitua criminologia como: [...] a ciência que estuda o crime, como fenômeno social, e o criminoso, como resultado desse fenômeno, sendo ele, integrante do cenário ilícito, não somente como agente, mas também quanto às causas do delito e da motivação para o cometimento de infrações penais. Por exemplo, no crime de furto, o Direito Penal focará na tipificação do crime: “Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. Igualmente, se preocupará com a pena prevista para esse tipo de conduta delituosa: “reclusão, de um a quatro anos, e multa”. A criminologia, no entanto, investigará de que modo o contexto social em que está inserido o autor do crime influenciou sua conduta, qual o perfil do ofensor, quais as circunstâncias e regiões em que tais delitos são cometidos com maior frequência, ou, ainda, em que situações as vítimas foram furtadas, para que, mediante a avaliação desses dados práticos, consiga levantar as possíveis soluções para o fenômeno criminal, como afirmam Bandeira e Portugal (2017). Dessa forma, a criminologia terá como objeto a análise crítica do próprio delito, do delinquente, da vítima e do controle social adequado para evitar as condutas delituosas, do encarceramento e de suas consequências na vida do encarcerado e no seu retorno à sociedade. Para tanto, terá de se valer de outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, a antropologia, pois configura uma ciência interdisciplinar. Contudo, de modo diverso da dogmática, terá o fato, a experiência e o ser (e não o dever ser) como pano de fundo de seu exame. 7 Corroborando sobre o objeto de estudo da criminologia, em relação ao objeto de estudo do Direito Penal, Shecaira (2014, p. 42) explica que: Ocupa-se a criminologia do estudo do delito, do delinquente, da vítima e do controle social do delito e, para tanto, lança mão de um objeto empírico e interdisciplinar. Diferentemente do Direito Penal, a criminologia pretende conhecer a realidade para explicá-la, enquanto aquela ciência valora, ordena e orienta a realidade, com o apoio de uma série de critérios axiológicos. A criminologia aproxima-se do fenômeno delitivo sem prejuízos, sem mediações, procurando obter uma informação direta deste fenômeno [...]. Se à criminologia interessa saber como é a realidade, para explicá-la e compreender o problema criminal, bem como transformá-la, ao Direito Penal só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito na norma legal, para descobrir sua adequação típica. Elucidando a característica empírica e crítica da criminologia, faz-se útil apontar o que Molina e Gomes (2000, p. 148) estabelecem como as três metas da criminologia, no que concerne à intervenção do Estado junto ao delinquente: 1. Examinar qual o impacto real da pena por quem a cumpre; quais os efeitos que produz, dadas suas atuais condições de cumprimento, não os fins e funções “ideais” que lhes são assinalados pelos teóricos a partir de posições “normativas”. 2. Desenhar e avaliar programas de reinserção; programas que propiciem uma efetiva reintegração do ex-condenado ao seu mundo familiar, laboral e social. 3. Fazer a sociedade perceber que o crime não é um problema exclusivo do sistema legal, senão de todos, no intuito de que a sociedade assuma sua responsabilidade e comprometa-se com a reinserção do ex-condenado. De sorte que o crime seja “compreendido” em termos “comunitários”, como problema nascido na e da comunidade à qual o infrator pertence. É oportuno lembrar que tanto o Direito Penal como a criminologia estudam o crime, o criminoso e a criminalidade, mesmo que de formas diversas, mas com interesses notoriamente complementares. O Direito Penal, por meio de seu método dedutivo e dogmático, se ocupa desses temas imersos em um ordenamento jurídico posto, no qual há condutas tipificadas que cominam penas que se estendem a todos. Já a criminologia, por meio de seu método indutivo e empírico, se ocupa, igualmente, 8 desses temas, mas com uma visão que engloba o fato, o autor, a vítima, o contexto e o controle social, buscando, nas raízes do fato, formas de prevenção e, até mesmo, programas de intervenção junto ao infrator, conforme estabelece Shecaira (2014). 2.3 Direito penal e política criminal Tomando como base as demais ciências criminais, a política criminal trata do posicionamento do Estado (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário) diante da criminalidade. A postura do Estado frente ao crime poderá ser “branda, média ou rígida, conforme a demanda da sociedade e os critérios eleitos pelos governantes, refletindo-se na maneira de elaborar as leis, executá-las e criar mecanismos para sua real eficiência”, como afirma Nucci (2012, p. 19). Edson Carvalho Vidigal, no prefácio da obra de Franz von Liszt, conceitua política criminal como a ciência: [...] chamada a apreciar o direito existente sob o ponto de vista da sua correlação com o fim do Direito Penal, – a repressão do crime, e a indicar, d’entre os meios disponíveis, os mais adequados para a consecução desse fim. É a ciência da legislação penal apreciada quer quanto aos resultados do seu desenvolvimento histórico, quer quanto às reformas que nela devem ser introduzidas (LISZT, 2006, p. 35). Embora se relacione intimamente com o Direito Penal e com a criminologia, a política criminal se ocupa do crime como um desvalor a ser combatido, criando estratégias para a prevenção, o controle e o combate da criminalidade. Voltando ao exemplo do crime de furto, enquanto o Direito Penal fará a subsunção do fato à norma e a criminologia estudará suas origens, motivações e consequências, nos mais variados aspectos, a política criminal, ao retirar seus subsídios dessas ciências, poderá concluir que, em furtos de valor irrisório (crime de bagatela ou lesão mínima), o adequado socialmente é compreender que o fato praticado pelo agente não é típico, não configurando crime a ser punido, como afirma Jesus (2017). O exame realizado pela política criminal, por fim, serve como instrumento de evolução da legislação penal ou de orientação para a aplicação dessa legislação, no 9 momento presente, pelos órgãos de aplicação do Direito Penal, conforme afirma Sánchez (1992). No que tange ao seu papel fundamental, conforme Shecaira (2014, p. 44), a política criminal é uma disciplina (pois não é unanimidade sua consideração como ciência autônoma): [...] que oferece aos poderes públicos as opções científicas concretas mais adequadas para o controle do crime, de tal forma a servir de ponte eficaz entre o Direito Penal e a criminologia, facilitando a recepção das investigações empíricas e sua eventual transformação em preceitos normativos. [...] A políticacriminal, por seu turno, incumbe-se de transformar a experiência criminológica em opções e estratégias concretas assumíveis pelo legislador e pelos poderes públicos. O Direito Penal deve se encarregar de converter em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias o saber criminológico esgrimido pela política criminal. Essa passagem exprime, além do papel da política criminal, a inter-relação dessa espécie de ciência criminal com as demais, deixando claro que todas – criminologia, Direito Penal e política criminal –, para que sejam bem compreendidas, necessitam estar intrinsecamente relacionadas. 2.3.1 Os três pilares das ciências criminais De tudo o que foi estudado, você pode, por fim, deduzir que a ciência criminal tem como espécies autônomas, mas interdependentes, o Direito Penal, a criminologia e a política criminal. Em outras palavras, significa dizer que essas ciências compõem os três pilares do sistema das ciências criminais, que, embora distintos, necessitam dialogar constantemente no intuito de compreender o fenômeno delitual. O Direito Penal se baseará na norma penal criminalizadora; a criminologia, nas raízes da criminalidade; a política criminal se apropriará de todo o conhecimento gerado pela criminologia e pelo Direito Penal para estabelecer quais as maneiras mais adequadas de prevenir, sempre que possível, combater, quando necessário, e reprimir o fato criminoso (FRAGA, 2018). 10 3 TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA Fonte: www.estrategiaconcursos.com.br A investigação criminal, em regra, inicia-se com a notícia da ocorrência de um fato criminoso que chega até a polícia. A partir disso são destacados investigadores para trabalhar no caso. Estes irão levantar informações das mais diversas maneiras, entrevistando, acompanhando (seguindo um alvo) ou interrogando pessoas, procurando documentos, monitorando indivíduos, deslocamentos, conversas telefônicas, entre outras atividades (OLIVEIRA, 2013). Ainda segundo o autor, a investigação criminal (ou policial) deve buscar essencialmente, levantar as provas relativas a um ato criminoso sob investigação. Ocorre que nessa busca pela realidade dos fatos em apuração, verifica-se uma dicotomia no processo investigatório e na produção das provas. Aquelas de ordem subjetiva ficam sob a responsabilidade dos investigadores de campo que entrevistam, interrogam, buscam testemunhas etc., enquanto as segundas ficam a cargo dos peritos criminais, que efetuam o levantamento dos vestígios materiais do crime, seja ele um levantamento de local, de ambiente virtual (Internet), de armas ou materiais diversos utilizados para perpetração do delito, levantamentos contábeis nos crimes de ordem financeira, e diversos outros. 11 Antônio Carlos Villanova (1977) preleciona que: (...) a investigação criminal ou policial tem como objetivo fundamental, estabelecer as provas em relação ao delito em apuração, sejam elas de ordem material, objetiva; de ordem pessoal, informativa, ou apenas indiciárias, desde que possibilitem levar à certeza em relação aos fatos, ou seja à verdade…. Na realidade a investigação tem que buscar elucidar os fatos investigando pessoas e coisas. Ocorre que só as primeiras cometem crimes, entretanto sempre se utilizando, alterando, eliminando ou de qualquer maneira interferindo e relacionando-se com as segundas... (...) cabe à criminalística a investigação das evidências materiais do crime e à investigação de campo, ou subjetiva, as evidências pessoais. Ambas buscam segundo suas técnicas e ferramentas próprias, partindo de elementos conhecidos para os desconhecidos restabelecer a verdade, recuando no tempo para verificar a existência do crime, estabelecer a sua dinâmica, modos e meios de execução e determinar a sua autoria. No que tange à criminalística através dos vestígios objetivos do crime, enquanto a investigação empírica busca o mesmo fim, porém seguindo outros caminhos. Portanto uma completa a outra e a otimização de resultados só será possível quando as duas interagirem de modo lógico e harmônico para que as provas subjetivas e objetivas se ajustem e se completem. Oliveira (2013) apud Mingardi, o autor divide a investigação de homicídios em preliminar e de seguimento. A primeira se refere aos procedimentos usualmente realizados pela (s) equipe (s) policial (is) no local da ocorrência desde a comunicação do fato à polícia e a chegada dos policiais à cena do crime, momento em que, geralmente, fica em evidência a atuação da perícia. Por outro lado, a investigação de seguimento envolveria todos os procedimentos normalmente adotados após a instauração do inquérito policial. Na realidade, entretanto, ambos os processos têm continuidade. O processo de investigação criminal iniciado na cena do crime continua no bojo do inquérito policial, no que Mingardi chama de investigação de segmento. Já as atividades da perícia no local de crime, normalmente têm sua continuidade por meio de exames laboratoriais, de balística, ou de outros objetos ligados ao crime, de áudio e vídeo (quando existem mídias que podem ajudar a elucidar o crime), de reprodução simulada de fatos (reconstituição) etc... É fundamental uma investigação preliminar bem-feita, onde é observado, sobretudo, uma boa analise do local do crime. Oliveira (2013) apud Mingardi elenca os pontos principais para uma investigação com êxito: A rápida chegada dos policiais ao local do fato; 12 O completo isolamento e a preservação do local de crime, de modo a impedir qualquer modificação prejudicial aos exames periciais. Para tanto, o local do crime deveria ser mantido intacto até a chegada da perícia técnica, única polícia com competência e capacitação para coleta dos materiais e indícios que serão submetidos à análise. Contudo, a falta de preservação dos locais e o seu mau isolamento, são grandes problemas no que se refere a local do crime; A realização rápida de diligências na região do crime, buscando identificar e/ou prender os suspeitos; Arrolar rapidamente as testemunhas do fato, que devem ser interrogadas ainda no local, visando manter incólumes suas impressões e percepções antes que sofram influencia ou contaminação de outros fatores inclusive dos próprios relatos que serão apresentados na mídia, dúvidas, esquecimento ou mesmo ameaças; Detido acompanhamento de todas as pericias que são realizadas no local do crime, nos vestígios, encontrados e após, no caso de exames laboratoriais. Já a investigação de seguimento, abrange todos os procedimentos e diligências executados após a instauração do respectivo inquérito policial. Trata-se da identificação, localização, intimação e inquirimento de testemunhas, vítima (s), suspeito (s) e demais envolvidos no crime. Normalmente, essa etapa da investigação criminal tem uma base excessivamente burocrática e cartorial, o que acaba por apartá-la da prática operativa de investigação. Além disso, também nessa fase, normalmente, não se observa a troca de informações com a perícia criminal, o que pode prejudicar tanto a execução e o direcionamento a ser dado à investigação, quanto a interpretação dos depoimentos de testemunhas e do interrogatório do acusado. Isso é ainda mais relevante quando se trata de crimes que envolvam conhecimentos técnicos específicos, tais como crimes financeiros, de informática ou de meio ambiente. O mesmo se deve esperar quando o crime cometido envolva uma dinâmica, que para ser bem definida, exija balizamento técnico-científico, como acidente de trânsito, homicídio, incêndio etc. 13 Nesses casos, é interessante que o delegado converse com o perito criminal para discutir questões sobre o interrogatório, ou a oitiva das testemunhas. Do mesmo modo, pode ser interessante o diálogo entre o agente de polícia e o perito criminal acerca da melhor forma de se conseguir as informaçõesque serão úteis para a investigação (OLIVEIRA, 2013). Segundo o método de Mingardi, Oliveira (2013), preleciona que logo no início da investigação de seguimento deve-se buscar reunir o máximo de informações sobre a vítima, focando naquilo que os americanos chamam de “vitimologia aplicada” (VARGAS et al, 2010, p. 130). Deve ser feito, portanto, um levantamento biográfico da vítima, histórico, relacionamentos, família, amigos, inimigos, atividades profissionais, caráter, etc. (MINGARDI, 2005). Além disso, deve ser feita, mais rapidamente possível, a reconstituição das últimas 24 horas da vítima, levando em consideração todos esses fatores. Essas informações então serão comparadas com os depoimentos de testemunhas, parentes, amigos etc., buscando desenvolver hipóteses sobre a possível autoria e a motivação do crime. Neste quesito é que se torna importante a cooperação entre peritos criminais responsáveis pela perícia e por formular o laudo, para trocar informações sobre as relações, rotinas, principalmente nas últimas 24 horas, podendo oferecer auxílio, tais como a junção de informações da perícia com aquelas advindas da investigação. Na sequência da investigação, os policiais, em geral já podem ter uma ideia das possíveis motivações e de uma lista limitada de suspeitos do crime. Os investigadores passam, então, a trabalhar com os princípios de oportunidade e do meio utilizado para estabelecer, dentre os suspeitos, quais seriam os mais prováveis. Cabe agora investigar, dentre os suspeitos quais teriam tido a oportunidade e em seguida analisar-se detidamente os álibis por eles apresentados. Na sequência, cabe verificar qual (is) dentre os suspeitos teriam acesso aos meios para a prática do crime ou se tem aptidão para utilizá-lo. Por exemplo: algum deles possuía arma, ou sabia atirar? (OLIVEIRA, 2013). Outro problema com todo o processo é que este seria mais eficaz se feito imediatamente, mas geralmente leva alguns dias. Normalmente, equipes de especialistas e equipes de pesquisa trabalham em plantões. Esta situação significa 14 que a polícia que participou da ocorrência ficará alguns dias de folga antes de retornar ao trabalho e, por isso, a investigação será passada a outras equipes, o que dificultará o processo de investigação. Para Oliveira (2013), espera-se que a investigação policial contenha, de forma clara e organizada, uma cadeia de evidências capazes de demonstrar, de forma lícita, clara e sistematizada os fatos sob investigação. Nesse ponto, é preciso que se recorde que as provas de caráter subjetivo/informativo (testemunhais, interrogatório) devem se ajustar e complementar às provas de caráter objetivo/material. A efetividade das provas tende a ocorrer mais eficientemente quando a investigação é realizada de maneira concomitante e integrada com a perícia criminal. A perícia criminal é atividade típica de Estado, de cunho técnico-científico, prevista no Código de Processo Penal, que visa a analisar vestígios, sendo indispensável para elucidação de crimes (APCF, 2020). Art. 158 do CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Esta atividade é realizada por peritos oficiais, que são responsáveis por identificar, recolher, processar e interpretar corretamente os vestígios no âmbito cientificamente determinado, para posteriormente fornecerem provas substantivas contidas no laudo pericial. Art. 159 do CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. A Lei 12.030 de 2009, que dispõe sobre as perícias oficiais, em seu art. 5º prevê que, “são peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas”. Os peritos criminais desenvolvem suas atribuições motivados por requisições provenientes de autoridades competentes, no interesse de procedimentos pré- processuais (inquéritos policiais) e processuais (processos judiciais) de natureza 15 criminal, cabendo-lhes as mesmas suspeições dos juízes, conforme art. 280 do CPP, in verbis: Art. 280 - É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. A perícia é uma atividade que é, na sua origem, simultaneamente meio de prova e ferramenta de investigação criminal. Por esse motivo a perícia vive essa dualidade de funcionar como uma consultoria técnica da investigação criminal e, por outro lado, representar ou materializar em forma de laudo pericial a prova que será levada ao tribunal, cuja independência é necessária para a garantia de sua metodologia científica e imparcialidade (OLIVEIRA, 2013). Oliveira (2013) preleciona que na maior parte dos casos, a atividade de perícia criminal continua a ser percebida pelos agentes de polícia, delegados e demais investigadores como uma mera ação dentro do processo de investigação, que só existe porque assim determina a legislação. Prevalece, na percepção dos investigadores, o modelo de investigação policial, baseado mais no “que as pessoas dizem” e em um exagerado formalismo burocrático-cartorial, do que em um real trabalho investigativo da cena do crime e de seus elementos subjetivos e objetivos, capaz de reconstruir uma realidade desconhecida a partir de um complexo mosaico de informações tal qual um imenso quebra-cabeças, que precisa ser montado. As investigações criminais são conduzidas em diferentes aspectos do conhecimento humano. Por melhores que sejam os especialistas em todos os aspectos desse conhecimento, eles nunca serão tão bons quanto a integração dessas duas áreas de conhecimento. Portanto, o sucesso das investigações criminais dependerá da eficiência de unificar os resultados das investigações no local com a análise de especialistas. Na realidade a investigação tem que buscar elucidar os fatos investigando pessoas e coisas. Ocorre que só as primeiras cometem crimes, entretanto sempre se utilizando, alterando, eliminando ou de qualquer maneira interferindo e relacionando- se com as segundas (VILLANOVA, 1977). A investigação do indivíduo, das pessoas pode ser chamada de empírica. Compete à perícia criminal investigar os objetos relacionados ao crime. A eficácia da 16 investigação se dá com a junção destas duas formas supracitadas, se amoldando e se complementando equilibradamente. 4 INVESTIGAÇÃO – INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E FONÉTICA 4.1 Interceptação telefônica Fonte: vadenews.com.br A interceptação telefônica é um meio de prova que permite a obtenção de uma gravação, sem o conhecimento das partes ou de terceiros, o que em tese é ilícito, dado ao fato da inviolabilidade do sigilo telefônico, preceituado na Constituição Federal, mas que, por via obliqua, é autorizada pela Lei nº 9.296/96, desde que obedecidos os requisitos por ela estabelecidos (GARCIA; JORGE, 2017). Importa ressaltar que se um dos interlocutores tiver ciência de que está sendo gravado, a interceptação fica descaracterizada, isso porque é requisito de validade que a interceptação não seja de conhecimento deles. Há muito já se discutiu se o fato de que os interlocutores não tenham conhecimento de que estão sendo interceptados, seria uma prática lícita, uma vez que, feriria o art. 5º, XXII da Constituição Federal. 17 Contudo, a segunda parte do dispositivo legal nos permite inferir que o legislador deixou uma possibilidade de quebra do sigilo das comunicações telefônicas, mediante autorização judicial e cumprimento dos requisitos impostos pela lei. A interceptação telefônica foi inserida no nosso ordenamento jurídico somente com a edição da Constituição Federal de 1988. Até então,a única proteção que se tinha a esse respeito era em relação ao sigilo das comunicações. Com a promulgação da Constituição de 1937 é que foi prevista uma possibilidade de exceção para a quebra do sigilo telefônico em seu artigo 122, § 6º., todavia, muito embora previu-se a possibilidade quanto à violação do domicilio e da correspondência, exigia-se regulamentação específica para tanto. A Carta Maior ainda introduziu a inviolabilidade quanto às comunicações telegráficas e telefônicas, em seu artigo 150, § 9º. Porém, tal inviolabilidade era absoluta, não dispondo de exceções nesse sentido. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 é que foi inserido no ordenamento jurídico, além da proteção quanto ao sigilo das correspondências e comunicações telegráficas e telefônicas, a possibilidade de interceptar as ligações, com a consequente quebra do sigilo, sem que isso ferisse a disposição constitucional, desde que obedecidos os ditames legais, ou seja, seguindo as hipóteses e forma pela lei estabelecida (GARCIA; JORGE, 2017). O art. 5º, XII, prevê que: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996). Como a Lei de Interceptação Telefônica surgiu em 1996, e foi disciplinada pelo Constituição de 1988, durante esse tempo ela foi regida pela lei nº 4.117/1962 – Código Brasileiro de Telecomunicações, em seu art. 57. Assim, todas as interceptações realizadas no período compreendido entre a criação da Constituição Federal de 1988 e a criação da lei nº 9.9296/96 foram 18 consideradas pelo STF e STJ como provas ilícitas, ou seja, foi decido que o artigo 5º, inciso XII é uma norma de eficácia limitada que exige norma regulamentadora (GARCIA; JORGE, 2017). Ainda segundo os autores, a interceptação telefônica é um meio de prova muito eficaz no combate à criminalidade, de forma que é possível que crimes possam ser descobertos e sujeitos punidos com a possibilidade de obtenção da prova por intermédio da mesma. Insta esclarecer que a interceptação telefônica tem a natureza jurídica de fonte de prova, pois é dela que se extrai a comprovação de uma infração penal ou do envolvimento de um agente ao crime. A interceptação telefônica, por sua vez, funciona como meio de obtenção de prova, mais especificamente como medida cautelar processual, consubstanciada em uma apreensão imprópria, no sentido de por ela se apreenderem os elementos fonéticos que formam a conversação telefônica. Assim, a gravação da interceptação das comunicações telefônicas é o resultado da operação técnica e, portanto, a materialização da fonte de prova. Por fim, a transcrição das gravações funciona como o meio de prova, que será juntado aos autos para que possa ser valorado pelo magistrado. A finalidade da interceptação telefônica é a obtenção de uma prova, que se materializa num documento (auto circunstanciado, transcrição) ou num depoimento (prova testemunhal) (GARCIA; JORGE, 2017). Necessário se faz salientar que, a interceptação telefônica não se confunde com a quebra do sigilo telefônico, pois enquanto a interceptação de uma comunicação telefônica se refere à chamada que está ocorrendo naquele momento, a quebra do sigilo de dados telefônicos diz respeito às chamadas telefônicas já realizadas. Garcia et all. (2017) destaca que a interceptação telefônica não se confunde com a quebra do sigilo dos dados telefônicos, isso porque enquanto a interceptação de uma comunicação telefônica diz respeito a algo que está acontecendo, a quebra do sigilo de dados telefônicos guarda relação com as chamadas telefônicas já realizadas. A quebra do sigilo de dados telefônicos está relacionada aos registros documentados e armazenados pelas companhias telefônicas, tais como data da chamada telefônica, horário da ligação, número do telefone chamado, duração do uso, etc. 19 A garantia constitucional não é absoluta, pelo que pode ser relativa quando posta ao lado da interceptação, uma vez que o próprio ordenamento permite exceções, desde que cumprido os requisitos legais. 4.1.1 Procedimento da interceptação Segundo o artigo 3º da Lei nº 9.296/96: Art. 3º - A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I – Da autoridade policial, na investigação criminal; II – Do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Conforme disposição legal, a interceptação telefônica pode ser requerida pelo Delegado de Polícia ou pelo Promotor de Justiça. O Delegado fará a solicitação no decorrer da investigação criminal, já o membro do Ministério Público poderá solicitar a interceptação durante a instrução processual. Quanto ao magistrado, a lei é expressa que o mesmo poderá conceder a interceptação mediante requisição das partes ou de ofício, o que nos permite entender que poderá fazer em qualquer fase processual (GARCIA; JORGE, 2017). O art. 4º, determina que o pedido deve ser: Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados. § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. O prazo no qual se refere o § 2º da legislação supracitada começará a fluir de acordo com o art. 800 do CPP, in verbis: Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos: I - De dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista; II - De cinco dias, se for interlocutória simples; III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. § 1º Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão. 20 § 2º Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a interposição do recurso (art. 798, § 5o). § 3º Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder por igual tempo os prazos a ele fixados neste Código. § 4º O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão do Ministério Público no dia em que assinar termo de conclusão ou de vista estará sujeito à sanção estabelecida no art. 799. Reza o art. 5º que: Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. Evidente que, 15 dias é prazo máximo que a interceptação telefônica pode ser concedida, no entanto, nada impede que o juiz conceda a autorização por prazo inferior caso entenda ser tal prazo suficiente para as investigações (GARCIA; JORGE, 2017). No que se refere à renovação do prazo, esta não se dá de maneira automática, devendo ficar comprovado a indispensabilidade do meio de prova em pedido fundamentado. O Supremo Tribunal Federal já tem se posicionado no sentido de autorizar a renovação por mais de uma vez quando se tratar de fato complexo cujo teor do HC: 83515 RS. Nessa linha de raciocínio é possível concluir que a prorrogação do prazo pode ser feita tantas quantas vezes foremnecessárias (GARCIA; JORGE, 2017). O art. 6º determina os procedimentos seguintes ao deferimento do pedido: Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização. § 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição. § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas. § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o Ministério Público. Importa salientar que a Autoridade Policial deve dar o andamento para a interceptação e dar ciência ao membro do Ministério Público para que, caso queira, acompanhe a realização da interceptação. 21 A transcrição determinada no §1º, segundo entendimento da jurisprudência, não precisará ser integral e sim parcial, bastando que sejam transcritos os trechos necessários para o oferecimento da denúncia, porém a totalidade das gravações deverá ficar à disposição da defesa. 4.2 Fonética Fonte: ibptechedu.com.br De acordo com Jorge (2016) apud Bonastre et al. (2003), a Fonética Forense estuda os sons da língua através de uma abordagem linguística de reconhecimento, ou seja, as análises são feitas para verificação de locutor, isto é, através desta verificação é possível determinar se duas falas foram produzidas pelo mesmo interlocutor. Geralmente uma das falas analisada pertence a uma gravação telefônica ou gravação ambiental, que é obtida por meio de dispositivos digitais como: celulares, gravadores digitais, tablets, computadores portáteis, etc. Estas gravações podem ser apresentadas como provas em um inquérito policial. Já a outra fala é coletada mediante entrevista com o suspeito. É importante salientar que a ligação telefônica é interceptada por policiais por intermédio de autorização judicial, uma vez que quebra o direito constitucional à privacidade, já a gravação de ambiente pode ser feita através 22 de qualquer dos dispositivos mencionados, inclusive havendo a possibilidade de um interlocutor gravar sua conversa ao telefone, com ciência, como nos casos de serviços de atendimento, ou sem a ciência de um, quando o outro utiliza um gravador e grava a conversa de ambos. Porém, na interceptação telefônica ninguém tem ciência, desta forma ocorre quebra de privacidade. O trabalho dos peritos criminais é identificar o grau de semelhanças ou diferenças entre as duas falas. Para tal função, o perito faz uso de conhecimentos linguísticos/sociolinguísticos, entre outros. A aplicabilidade da Fonética Forense em uma investigação criminal é de extrema relevância tanto para a resolução e esclarecimento de um crime no domínio judicial como no âmbito social, uma vez que a área auxilia, por intermediário do reconhecimento de sons da linguagem, a determinar a culpabilidade ou inocência de um réu em um inquérito criminal (JORGE, 2016). 4.2.1 Linguística forense Fonte: www.defesa.tv.br 23 A Linguística Forense é um campo de conhecimento da Linguística que estabelece uma interface com o Direito, ou seja, dedica-se aos estudos da linguagem em contextos forenses e judiciais. A Linguística Forense surgiu devido à necessidade por parte de juristas e advogados de utilizarem a linguagem como evidência, já que, conforme Butters (2011), a Linguística Forense surgiu em virtude da imprescindibilidade de analisar uma possível ligação entre a Linguística e o Direito e os reflexos da linguagem aplicada nos tribunais. Por meio disto, a Linguística Forense foi recebendo adeptos e as perícias na área foram crescendo. Ainda segundo o autor, no início a área era utilizada para preparar advogados civis e/ou criminais para apresentações em tribunais, bem como amparar e avaliar as provas em investigações criminais e procedimentos penais. Porém, com o passar do tempo, a área foi expandindo-se e obtendo novas funções e utilidades no contexto forense (JORGE, 2016). Este campo forense da Linguística objetiva estudar as diferenças e/ ou semelhanças do discurso oral ou escrito de um indivíduo, isto é, a finalidade do estudo por meio da Linguística Forense é identificar e comparar a autoria, autenticidade ou falsificação tanto de textos escritos (cartas, documentos), quanto de discursos orais (gravações telefônicas) apresentados como evidências contra um suspeito em uma investigação criminal. Através da análise pericial é possível comprovar, portanto, a autoria ou não de um crime (JORGE, 2016). 4.2.2 Fonética forense Todo e qualquer indivíduo é dotado de particularidades que o distinguem e o caracterizam. A fala é um artefato complexo, porém peculiar que nos difere e nos constitui como seres humanos. Segundo Braid (2003), a fala é um fenômeno articulatório que demanda a mais espetacular habilidade do sistema motor do organismo humano (JORGE, 2016). A Fonética Forense é uma subárea da Linguística Forense que se estabelece como uma área pluridisciplinar que compreende distintos âmbitos e especialistas. A área de fonética, assim como outras ciências afins, está intimamente ligada aos 24 estudos da fala, sendo assim, a fonética é utilizada no âmbito forense como meio de verificar traços linguísticos característicos e peculiares de cada sujeito. Estes podem ser traços de seu perfil, origem regional e social, propriedades de sons por ele produzidos, através de seu instantâneo estado emocional ou de todos outros possíveis vestígios que possam ser inferidos com base no material contido em sua fala. A análise destes traços linguísticos únicos e inerentes a cada indivíduo serão fatores determinantes para a realização de análise da fala por meio da Fonética Forense (JORGE, 2016). No que diz respeito à sua utilização na área da perícia, a fonética forense é uma ferramenta multidisciplinar essencial para a resolução de crimes relacionados com vozes gravadas em qualquer tipo de suporte. Dessa forma, por meio da tecnologia forense de voz, será possível identificar o locutor. Segundo Braid (2003), a Fonética Forense não se finda apenas na identificação de falantes, contudo incide em todas as artes criminalísticas que compreendem aspectos da fala ou sons em geral. Conforme Nolan (2001), a voz não pode ser considerada constante assim como uma impressão digital, uma vez que a impressão digital fornece um traço distintivo, ou seja, produz um modelo único e invariável para o reconhecimento/identificação de um indivíduo. A voz, porém, é variável e instável, ou seja, muda de acordo com vários fatores, sejam eles externos ou internos. Para Jorge (2016) na área de Fonética Forense, dois termos são indispensáveis no que se refere ao reconhecimento da fala dos sujeitos. São os seguintes: Identificação de Locutor (Speaker Identification) e Verificação de Locutor (Speaker Verification). Estes mesmos termos podem ser substituídos, de acordo com Machado (2011), por “Reconhecimento de Locutor” (Speaker Recognition), que seria uma maneira genérica de nomear a SPID (Speaker Identification) assim como a SV (Speaker Verification). Todos estes termos referem-se e têm à finalidade de reconhecer um sujeito no discurso. Porém, os meios usados no reconhecimento de fala diferem entre si. Ainda segundo Jorge (2016) apud Machado (2011), a verificação de locutor tem o papel de identificar um sujeito por meio da análise de sua fala em contextos que 25 podem ter distorções e ruídos. O suspeito em questão é absolutamente desconhecido. Neste caso a acústica do ambiente influenciará na precisão da identificação; a investigação em questão poderá ter vários suspeitos em potencial. Esta técnica é aplicada quando nãohá pistas que apontem um único suspeito, desta forma, todos os membros de uma comunidade podem ser supostos suspeitos. Porém, um dos grandes problemas da Verificação de Locutor é que, se o suspeito estiver em uma população desconhecida, prejudicará a delimitação dos sujeitos analisados. Isto é, não podemos ter completa certeza que, em um total de 7 bilhões de indivíduos, a fala deste suspeito apresentará de fato peculiaridades de elocução diferente das outras. Portanto, segundo Machado (2011, p. 3), “não podemos falar com certeza (sem estabelecer um quadro limitado de falantes) se as diferenças intrafalantes são menores que a variabilidade interfalantes”. Segundo a autora “podemos sempre delimitar um grupo, não tem que comparar com a população mundial. Se o sujeito desconhecido é uma mulher, devemos eliminar homens e crianças. Se ela fala um determinado dialeto eliminamos o resto dos demais dialetos e línguas.” Atualmente no Brasil prevalece a tarefa de Comparação de Locutores em perícias referentes a registros de áudio, já que esta técnica tem a tarefa de confrontar duas amostras, ou seja, segundo Gonçalves (2013, p. 25), “tendo sido uma delas, a relativa ao locutor que se deseja saber a autoria”. Esta é obtida através de interceptação telefônica autorizada pela Justiça, “e a outra, a relativa ao locutor de identidade conhecida, recolhida pelos próprios peritos em procedimento de coleta técnica padrão vocal” (JORGE, 2016). Mediante o exame de Comparação de Locutores é provável que os peritos criminais possam encontrar dificuldades no que tange, de acordo com Nolan (1999), fatores que delimitam a confiabilidade do reconhecimento de voz. Ou seja, as amostras podem ser demasiadamente curtas para a análise; outro fator é relacionado à qualidade das gravações que podem apresentar ruídos de fundo e distorções. Ademais, segundo Nolan (1999, p. 525), “há sempre a possibilidade de que um locutor use disfarce de voz”. Portanto, estes fatores podem dificultar as análises (JORGE, 2016). 26 5 PERÍCIA FORENSE Fonte: www.segurilatam.com Segundo Silva (2010) apud Cretella, perícia vem do latim perita, ciência experimental, perfeito conhecimento, capacidade, inteligência. Forense, derivada do latim forenses, indica pertencente ao foro judicial, sendo realizada pelo perito. A prova pericial, sob o aspecto objetivo, é meio pelo qual a verdade chega ao espirito de quem aprecia, sendo o de demonstração da verdade dos fatos sobre os quais versa a ação. Quanto ao seu aspecto subjetivo, é a própria convicção da verdade dos fatos alegados, sendo, nas palavras de Santos (..) “resultado do exame sereno da prova, ou seja, das pessoas que falam, do documento que atesta, das coisas que na própria mudez retêm os fatos. Tanto melhor e mais forte se forma a convicção quanto mais diretamente sejam as provas no sentido objetivo examinado pelo juiz” (SILVA, 2010). Para Silva (2010) apud Tornaghi (1978) a perícia é “uma pesquisa que exige conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos”, informa ainda que existem divergências dos autores em conceituar a perícia, e algumas a consideram meio de prova, como testemunho de pessoa entendida, enquanto outros a reputam como um pouco mais que a prova, já que possui tudo que se exige de um meio de prova e mais 27 qualquer coisa que nesta não existe, sendo mais que um sujeito de prova e menos que o juiz. Ainda segundo os autores, se o perito se limitasse a pedir ao juiz o apurado com seus conhecimentos técnicos, a perícia seria apenas meio de prova, testemunho. Quando o perito emite juízo de valor sobre os fatos, externando impressão, sobre a possibilidade de terem sidos causados por outros acontecimentos e de virem a produzir outros ainda, acaba por considerar não só a realidade, e trabalha com probabilidades, com os princípios da experiência. Silva (2010) apud Espínola Filho, explica que os elementos do corpo de delito que chegam à percepção, devem ser objeto de prova, constituída por pessoas que tiveram a oportunidade de verificá-los em sua existência material, acessível aos sentidos humanos, e que estas pessoas podem dizer da natureza destes fatos, podendo estabelecer de maneira segura o nexo de causalidade entre eles e o ato ou omissão pelo qual se incrimina o acusado, não havendo melhor prática do que submetê-los à apreciação de técnicos especializados que, por processos científicos, darão ao julgador uma opinião digna do maior acatamento, justamente por que se manifesta sobre matéria em que os examinadores são peritos. 5.1 A perícia no século XXI O Deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) apresentou uma proposta de regulamentação das atividades do perito judicial e do assistente técnico, pelo seguinte motivo, dentre outros apontados: …permitir que a Justiça possua o controle e o registro desses profissionais, conhecendo-os por categoria, por experiência, pela capacidade e especialidade adquirida nas universidades e, principalmente, o conhecimento das tarefas que, por direito e conquista, se encontram habituados a exercer. De acordo com a proposta do nobre deputado, os peritos seriam obrigados a aderir a uma associação especializada de peritos judiciais, e somente estes poderiam realizar perícias no âmbito judicial, sendo obrigatório o perito realizar registro prévio, 28 individualmente, nos Tribunais de Justiça Estaduais, Tribunais Regionais e também Tribunais Federais. Outro fator importante é que o perito não teria nenhum benefício em se associar a tal ou qual associação, ou muito pelo contrário, teria ainda maiores dificuldades no desempenho de suas funções, uma vez que seria obrigado a recolher pagamentos para se manter associado, não obstante continuar ainda com diversos ônus presentes na atual legislação, como por exemplo, ter que se inscrever em todos os Tribunais Estaduais, Federais, Fóruns, e Varas, fazendo uma verdadeira via sacra para realizar tal tarefa (SILVA, 2010). Nos artigos 4º e 6º o projeto traz questões subjetivas: Art. 4º - A linguagem adotada pelo Perito Judicial em seu laudo e pelo Assistente Técnico em seu parecer deve ser acessível aos interlocutores, possibilitando aos julgadores proferirem justa decisão e às partes da demanda, conhecimento e interpretação dos resultados dos trabalhos periciais. … Art. 6º - O Perito Judicial deve informar todos os fatos relevantes por ele encontrados no decorrer de suas pesquisas e diligências. Legislações subjetivas não auxiliam o operador jurídico. Tanto quem se socorre da perícia (partes), como quem é receptor do trabalho final (juiz) e quem realiza o trabalho (perito) não podem ficar sob a égide de regras obscuras e subjetivas (SILVA, 2010). O perito, para desenvolver tal mister, precisa antes de mais nada possuir o conhecimento, a expertise, para poder realizar adequadamente a tarefa para qual foi designado, ou seja, antes do profissional poder ser perito, precisa ter ao menos uma graduação, somada sua experiência e possíveis títulos acadêmicos e conhecimentos profundos sobre determinada área de conhecimento, ou não, uma vez que em muitos casos pode não ser necessário, podendo ser o perito um prático com uma habilidade acima da média em determinado assunto (SILVA, 2010). Não é possível, quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, que o juiz fique com o ônus de julgar sem o auxílio de peritos, já que esse ônus será transferido para as partes e por consequência, não se alcançará a tão almejada Justiça, conforme redação do art. 156 do CPC, in verbis: 29 Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. A proposta traz ainda em seus dois primeiros artigos a exigência de o perito se associar em juntar a uma “Associação de Peritos do Estado”, não obstante estar também registradoem seu órgão de classe, conforme podemos observar abaixo: Art. 1º - Perito Judicial é o profissional com curso superior, habilitado pelo respectivo órgão de classe regional, inscrito na Associação de Peritos do Estado, nomeado por Juiz de Direito para atuar em processo judicial que tramite em Varas e Tribunais de Justiça Estaduais, em Varas e Tribunais Regionais e Federais, com a finalidade de pesquisar e informar a verdade sobre as questões propostas, através de Laudos e de provas científicas e documentais. Art. 2º - Assistente Técnico é o profissional com curso superior, habilitado pelo órgão de classe regional, inscrito na Associação de Peritos do Estado, indicado pelas partes para atuar em processo judicial que tramite em Varas e Tribunais de Justiça Estaduais, em Varas e Tribunais Regionais e Federais, em conjunto com o Perito Judicial ou, separadamente, com a finalidade de pesquisar e informar a verdade sobre as questões propostas, através de pareceres técnicos e de provas científicas e documentais. Segundo a proposta, o perito seria obrigado a associar-se a uma “associação de peritos oficiais” (que por si só contraria a Constituição Federal, um dos motivos pelo qual o Projeto foi arquivado), formando então verdadeiras corporações de ofício, semelhante às do século XVII que, como já pudemos observar, não trouxeram melhorias à atividade, para as partes envolvidas, ou ainda para a Justiça de maneira geral (SILVA, 2010). A questão é que realmente se faz necessário o aperfeiçoamento constante das técnicas periciais, assim como a legislação que a regula, porém é necessário o cuidado para que o contrário não ocorra, ou seja, que o exercício da perícia não fique engessado em uma legislação de conteúdo antiquado, apesar de possuir uma aparência revolucionária (SILVA, 2010). 30 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Decreto-lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 29 jan. 2021. BANDEIRA, T.; PORTUGAL, D. Criminologia. Salvador: UFBA, 2017. COLNAGO, R. Direito penal: parte geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. JESUS, D. Direito penal: parte geral. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. v. 1. LISZT, Franz von. Tratado de Direito Penal alemão. Brasília: Senado Federal, 2006. v. I. MOLINA, A. G. P.; GOMES, L. F. Criminologia. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. NUCCI, G. S. Direito penal: parte geral. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. SÁNCHEZ, J. M. S. Aproximación al Derecho Penal Contemporáneo. Barcelona: José Maria Bosch, 1992. SHECAIRA, S. S. Criminologia. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. FRAGA, Patricia Fernandes. Direito penal I. [S.I.], 2018. OLIVEIRA, João Luiz Moreira de. Perícia e investigação criminal: uma proposta de melhoria do modelo organizacional visando a otimização de resultados / João Luiz Moreira de Oliveira. – 2013. VILLANOVA, A. C. Criminalística e investigação policial. In Anais do IV Congresso Brasileiro de Criminalística - Brasília - DF – 1977. MINGARDI, Guaracy. A Investigação de Homicídios - Construção de Um Modelo. Projeto. São Paulo, 2005. 31 MIRABETE, Julio Fabbrini. Código do Processo Penal interpretado. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. APCF. Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. 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