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INVESTIGAÇÃO-FORENSE-E-PERÍCIA-CRIMINAL-1

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1 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 DIREITO PENAL, POLÍTICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA ...................... 3 
2.1 Aspectos gerais do Direito Penal.......................................................... 3 
2.2 Direito penal e criminologia .................................................................. 6 
2.3 Direito penal e política criminal ............................................................. 8 
2.3.1 Os três pilares das ciências criminais ............................................. 9 
3 TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA ................................... 10 
4 INVESTIGAÇÃO – INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E FONÉTICA ....... 16 
4.1 Interceptação telefônica ..................................................................... 16 
4.1.1 Procedimento da interceptação .................................................... 19 
4.2 Fonética .............................................................................................. 21 
4.2.1 Linguística forense ....................................................................... 22 
4.2.2 Fonética forense ........................................................................... 23 
5 PERÍCIA FORENSE ................................................................................. 26 
5.1 A perícia no século XXI ...................................................................... 27 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
3 
 
 
 
2 DIREITO PENAL, POLÍTICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA 
 
Fonte: direitodiario.com.br 
O Direito Penal trata-se de um ramo do Direito que lida com valores essenciais 
à convivência social e sérias restrições à liberdade dos indivíduos. 
2.1 Aspectos gerais do Direito Penal 
Quando se fala em direito penal logo vem em mente, em geral, uma ciência que 
se ocupa do crime e da sua respectiva pena. Não há equívoco em tal percepção. 
Contudo, o exame do fenômeno criminoso vai além da noção de norma penal. 
O Direito Penal pode ser definido como um ramo do Direito que se ocupa da 
tutela estatal dos principais bens jurídicos (vida, integridade física, integridade moral, 
patrimônio, etc.), impondo como sanção, para quem infringir suas normas, uma pena. 
Permite, única e legitimamente pelo Estado, coerção à liberdade individual; portanto, 
deve ser utilizado como a última opção – ultima ratio. Importante referir que funciona, 
igualmente, como regulador, possibilitando e limitando o poder punitivo do Estado por 
meio dos tipos penais (normas incriminadoras), evitando que ocorram abusos aos 
direitos mais essenciais dos indivíduos, conforme Nucci (2012). 
 
4 
 
 
 
Na visão de Jesus (2017, p. 47), deve-se compreender o Direito Penal: 
[...] como o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena, como 
consequência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para 
estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito 
de liberdade em face do poder de punir do Estado. 
Como visto, o autor agrega à definição de Direito Penal a aplicação não só das 
penas, mas também das medidas de segurança impostas àqueles considerados 
inimputáveis. Sendo assim, pode-se afirmar que o Direito Penal se valerá das penas, 
aos imputáveis, e das medidas de segurança, aos inimputáveis, como medidas de 
prevenção ou repressão, ou ainda, como consequências jurídicas do seu 
descumprimento, conforme afirma Jesus (2017). 
Cabe, ainda, relacionar outra definição. Para Colnago (2010), o Direito Penal 
configura o segmento do ordenamento jurídico que seleciona comportamentos 
humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de abalar a convivência 
social, e os criminaliza, descrevendo-os como infrações penais, cominando-lhes 
sanções. Para o autor, o Direito Penal estabelece também as regras complementares 
e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação. 
Como este capítulo visa a estudar as inter-relações entre o Direito Penal, a 
criminologia e a política criminal, é importante apresentar um dos papéis fundamentais 
do Direito Penal. O Direito Penal é uma ciência dogmática, pois busca, no intuito de 
decidir os conflitos, analisar as normas penais (normas em sentido amplo: princípios 
e regras), sua interpretação e aplicação adequadas, sem, necessariamente, realizar 
avaliações críticas ou abstrações sobre o ordenamento penal proposto. É por isso que 
o estudo do Direito Penal se denomina também dogmática penal. A dogmática penal 
examina o crime como norma, buscando um “dever ser” socialmente adequado ao 
rechaçar as condutas delituosas, assim como se atenta na tipicidade do fenômeno 
criminoso, na antijuridicidade da conduta e na culpabilidade do autor do delito diante 
do sistema penal existente (FRAGA, 2018). 
E é, justamente, o seu caráter de fixar dogmas, princípios e conceitos, 
normatizando os crimes e suas cominações legais, que confere ao ordenamento 
jurídico-penal a segurança de que tanto necessita. Em outras palavras, clareando o 
 
5 
 
 
 
entendimento, Sánchez (1992) explica que a dogmática penal cumpre uma função 
essencial de garantir os direitos fundamentais do indivíduo perante o poder arbitrário 
do Estado, sendo uma consequência da própria legalidade exigida para a atuação do 
Estado, ainda mais nos casos de restrição da liberdade dos indivíduos. Em acréscimo, 
citando Gimbernat Ordeig, Sánchez aponta que a dogmática penal: 
[...] faz possível, por conseguinte, ao assinalar limites e definir conceitos, uma 
aplicação segura e calculável do Direito Penal, e faz possível subtrair-lhe a 
irracionalidade, a arbitrariedade e a improvisação. Quanto menos 
desenvolvida esteja uma dogmática, mais imprevisível será a decisão dos 
tribunais, mas dependerá do azar e de fatores incontroláveis à condenação 
ou à absolvição. (SÁNCHEZ, 1992, p. 43, tradução livre) 
O autor segue afirmando que a aspiração tradicional da dogmática é “de obter 
segurança jurídica, levantar um edifício firme frente às intervenções ideológicas e 
reafirmar, assim, a ideia de Estado de Direito [...]” (SÁNCHEZ, 1992, p. 44, tradução 
livre). 
A finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais importantes 
à vida em sociedade, mas apenas intervindo nas situações fáticas que não puderem 
ser tuteladas por outros ramos do Direito, como o Direito Civil, Administrativo, 
Tributário, etc., conforme afirma Jesus (2017). 
No que concerne às suas características, ainda de acordo com Jesus (2017), o 
Direito Penal é ramo do Direito Público; é uma ciência normativa – pois dispõe sobre 
o “dever ser”, que corresponde à norma; é uma ciência valorativa – pois, fazendo juízo 
dos valores mais essenciais à sociedade, tutela-os e protege- -os; é uma ciência 
sancionadora – pois, por meioda pena, sanciona, educa e previne, modulando 
condutas ao que compreende por adequado socialmente e condenando as condutas 
criminosas. Ademais, como já referido, o Direito Penal, como ciência jurídica, é de 
natureza dogmática, uma vez que toma por base o direito positivo, impondo normas 
penais e exigindo seu cumprimento por todos, sem reservas. Por fim, quanto ao 
método, o Direito Penal adota o método dedutivo sistemático, pois preocupa-se com 
o crime, desde que tipificado na norma, para descobrir quais são as suas 
consequências jurídicas. Interpreta a norma e a aplica ao caso concreto, como afirma 
Shecaira (2014). 
 
6 
 
 
 
Porém, para compreender a integridade dos fenômenos criminosos 
(entendidos como fenômenos complexos), não basta apenas adaptar os fatos às 
normas. Por exemplo, é necessário analisar as causas dos crimes pessoais e as 
formas de combate-los. Por este motivo, a criminologia e a política criminal terão 
grande valor. 
2.2 Direito penal e criminologia 
Diferentemente do Direito Penal, que se preocupa com o crime como norma, a 
criminologia se preocupa com o crime como fato social, em seus aspectos mais 
amplos. Nucci (2012, p. 19) conceitua criminologia como: 
[...] a ciência que estuda o crime, como fenômeno social, e o criminoso, como 
resultado desse fenômeno, sendo ele, integrante do cenário ilícito, não 
somente como agente, mas também quanto às causas do delito e da 
motivação para o cometimento de infrações penais. 
Por exemplo, no crime de furto, o Direito Penal focará na tipificação do crime: 
“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. Igualmente, se 
preocupará com a pena prevista para esse tipo de conduta delituosa: “reclusão, de 
um a quatro anos, e multa”. A criminologia, no entanto, investigará de que modo o 
contexto social em que está inserido o autor do crime influenciou sua conduta, qual o 
perfil do ofensor, quais as circunstâncias e regiões em que tais delitos são cometidos 
com maior frequência, ou, ainda, em que situações as vítimas foram furtadas, para 
que, mediante a avaliação desses dados práticos, consiga levantar as possíveis 
soluções para o fenômeno criminal, como afirmam Bandeira e Portugal (2017). 
Dessa forma, a criminologia terá como objeto a análise crítica do próprio delito, 
do delinquente, da vítima e do controle social adequado para evitar as condutas 
delituosas, do encarceramento e de suas consequências na vida do encarcerado e no 
seu retorno à sociedade. Para tanto, terá de se valer de outras ciências, tais como a 
sociologia, a psicologia, a antropologia, pois configura uma ciência interdisciplinar. 
Contudo, de modo diverso da dogmática, terá o fato, a experiência e o ser (e não o 
dever ser) como pano de fundo de seu exame. 
 
7 
 
 
 
Corroborando sobre o objeto de estudo da criminologia, em relação ao objeto 
de estudo do Direito Penal, Shecaira (2014, p. 42) explica que: 
Ocupa-se a criminologia do estudo do delito, do delinquente, da vítima e do 
controle social do delito e, para tanto, lança mão de um objeto empírico e 
interdisciplinar. Diferentemente do Direito Penal, a criminologia pretende 
conhecer a realidade para explicá-la, enquanto aquela ciência valora, ordena 
e orienta a realidade, com o apoio de uma série de critérios axiológicos. A 
criminologia aproxima-se do fenômeno delitivo sem prejuízos, sem 
mediações, procurando obter uma informação direta deste fenômeno [...]. Se 
à criminologia interessa saber como é a realidade, para explicá-la e 
compreender o problema criminal, bem como transformá-la, ao Direito Penal 
só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito na norma legal, para descobrir 
sua adequação típica. 
Elucidando a característica empírica e crítica da criminologia, faz-se útil apontar 
o que Molina e Gomes (2000, p. 148) estabelecem como as três metas da 
criminologia, no que concerne à intervenção do Estado junto ao delinquente: 
1. Examinar qual o impacto real da pena por quem a cumpre; quais os efeitos 
que produz, dadas suas atuais condições de cumprimento, não os fins e 
funções “ideais” que lhes são assinalados pelos teóricos a partir de posições 
“normativas”. 
2. Desenhar e avaliar programas de reinserção; programas que propiciem uma 
efetiva reintegração do ex-condenado ao seu mundo familiar, laboral e 
social. 
3. Fazer a sociedade perceber que o crime não é um problema exclusivo do 
sistema legal, senão de todos, no intuito de que a sociedade assuma sua 
responsabilidade e comprometa-se com a reinserção do ex-condenado. De 
sorte que o crime seja “compreendido” em termos “comunitários”, como 
problema nascido na e da comunidade à qual o infrator pertence. 
É oportuno lembrar que tanto o Direito Penal como a criminologia estudam o 
crime, o criminoso e a criminalidade, mesmo que de formas diversas, mas com 
interesses notoriamente complementares. O Direito Penal, por meio de seu método 
dedutivo e dogmático, se ocupa desses temas imersos em um ordenamento jurídico 
posto, no qual há condutas tipificadas que cominam penas que se estendem a todos. 
Já a criminologia, por meio de seu método indutivo e empírico, se ocupa, igualmente, 
 
8 
 
 
 
desses temas, mas com uma visão que engloba o fato, o autor, a vítima, o contexto e 
o controle social, buscando, nas raízes do fato, formas de prevenção e, até mesmo, 
programas de intervenção junto ao infrator, conforme estabelece Shecaira (2014). 
2.3 Direito penal e política criminal 
Tomando como base as demais ciências criminais, a política criminal trata do 
posicionamento do Estado (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário) diante da 
criminalidade. A postura do Estado frente ao crime poderá ser “branda, média ou 
rígida, conforme a demanda da sociedade e os critérios eleitos pelos governantes, 
refletindo-se na maneira de elaborar as leis, executá-las e criar mecanismos para sua 
real eficiência”, como afirma Nucci (2012, p. 19). 
Edson Carvalho Vidigal, no prefácio da obra de Franz von Liszt, conceitua 
política criminal como a ciência: 
[...] chamada a apreciar o direito existente sob o ponto de vista da sua 
correlação com o fim do Direito Penal, – a repressão do crime, e a indicar, 
d’entre os meios disponíveis, os mais adequados para a consecução desse 
fim. É a ciência da legislação penal apreciada quer quanto aos resultados do 
seu desenvolvimento histórico, quer quanto às reformas que nela devem ser 
introduzidas (LISZT, 2006, p. 35). 
Embora se relacione intimamente com o Direito Penal e com a criminologia, a 
política criminal se ocupa do crime como um desvalor a ser combatido, criando 
estratégias para a prevenção, o controle e o combate da criminalidade. 
Voltando ao exemplo do crime de furto, enquanto o Direito Penal fará a 
subsunção do fato à norma e a criminologia estudará suas origens, motivações e 
consequências, nos mais variados aspectos, a política criminal, ao retirar seus 
subsídios dessas ciências, poderá concluir que, em furtos de valor irrisório (crime de 
bagatela ou lesão mínima), o adequado socialmente é compreender que o fato 
praticado pelo agente não é típico, não configurando crime a ser punido, como afirma 
Jesus (2017). 
O exame realizado pela política criminal, por fim, serve como instrumento de 
evolução da legislação penal ou de orientação para a aplicação dessa legislação, no 
 
9 
 
 
 
momento presente, pelos órgãos de aplicação do Direito Penal, conforme afirma 
Sánchez (1992). 
No que tange ao seu papel fundamental, conforme Shecaira (2014, p. 44), a 
política criminal é uma disciplina (pois não é unanimidade sua consideração como 
ciência autônoma): 
[...] que oferece aos poderes públicos as opções científicas concretas mais 
adequadas para o controle do crime, de tal forma a servir de ponte eficaz 
entre o Direito Penal e a criminologia, facilitando a recepção das 
investigações empíricas e sua eventual transformação em preceitos 
normativos. [...] A políticacriminal, por seu turno, incumbe-se de transformar 
a experiência criminológica em opções e estratégias concretas assumíveis 
pelo legislador e pelos poderes públicos. O Direito Penal deve se encarregar 
de converter em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias o saber 
criminológico esgrimido pela política criminal. 
Essa passagem exprime, além do papel da política criminal, a inter-relação 
dessa espécie de ciência criminal com as demais, deixando claro que todas – 
criminologia, Direito Penal e política criminal –, para que sejam bem compreendidas, 
necessitam estar intrinsecamente relacionadas. 
 
2.3.1 Os três pilares das ciências criminais 
 
De tudo o que foi estudado, você pode, por fim, deduzir que a ciência criminal 
tem como espécies autônomas, mas interdependentes, o Direito Penal, a criminologia 
e a política criminal. Em outras palavras, significa dizer que essas ciências compõem 
os três pilares do sistema das ciências criminais, que, embora distintos, necessitam 
dialogar constantemente no intuito de compreender o fenômeno delitual. O Direito 
Penal se baseará na norma penal criminalizadora; a criminologia, nas raízes da 
criminalidade; a política criminal se apropriará de todo o conhecimento gerado pela 
criminologia e pelo Direito Penal para estabelecer quais as maneiras mais adequadas 
de prevenir, sempre que possível, combater, quando necessário, e reprimir o fato 
criminoso (FRAGA, 2018). 
 
10 
 
 
 
3 TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA 
 
Fonte: www.estrategiaconcursos.com.br 
A investigação criminal, em regra, inicia-se com a notícia da ocorrência de um 
fato criminoso que chega até a polícia. A partir disso são destacados investigadores 
para trabalhar no caso. Estes irão levantar informações das mais diversas maneiras, 
entrevistando, acompanhando (seguindo um alvo) ou interrogando pessoas, 
procurando documentos, monitorando indivíduos, deslocamentos, conversas 
telefônicas, entre outras atividades (OLIVEIRA, 2013). 
Ainda segundo o autor, a investigação criminal (ou policial) deve buscar 
essencialmente, levantar as provas relativas a um ato criminoso sob investigação. 
Ocorre que nessa busca pela realidade dos fatos em apuração, verifica-se uma 
dicotomia no processo investigatório e na produção das provas. Aquelas de ordem 
subjetiva ficam sob a responsabilidade dos investigadores de campo que entrevistam, 
interrogam, buscam testemunhas etc., enquanto as segundas ficam a cargo dos 
peritos criminais, que efetuam o levantamento dos vestígios materiais do crime, seja 
ele um levantamento de local, de ambiente virtual (Internet), de armas ou materiais 
diversos utilizados para perpetração do delito, levantamentos contábeis nos crimes de 
ordem financeira, e diversos outros. 
 
11 
 
 
 
Antônio Carlos Villanova (1977) preleciona que: 
(...) a investigação criminal ou policial tem como objetivo fundamental, 
estabelecer as provas em relação ao delito em apuração, sejam elas de 
ordem material, objetiva; de ordem pessoal, informativa, ou apenas 
indiciárias, desde que possibilitem levar à certeza em relação aos fatos, ou 
seja à verdade…. Na realidade a investigação tem que buscar elucidar os 
fatos investigando pessoas e coisas. Ocorre que só as primeiras cometem 
crimes, entretanto sempre se utilizando, alterando, eliminando ou de qualquer 
maneira interferindo e relacionando-se com as segundas... 
(...) cabe à criminalística a investigação das evidências materiais do crime e 
à investigação de campo, ou subjetiva, as evidências pessoais. Ambas 
buscam segundo suas técnicas e ferramentas próprias, partindo de 
elementos conhecidos para os desconhecidos restabelecer a verdade, 
recuando no tempo para verificar a existência do crime, estabelecer a sua 
dinâmica, modos e meios de execução e determinar a sua autoria. No que 
tange à criminalística através dos vestígios objetivos do crime, enquanto a 
investigação empírica busca o mesmo fim, porém seguindo outros caminhos. 
Portanto uma completa a outra e a otimização de resultados só será possível 
quando as duas interagirem de modo lógico e harmônico para que as provas 
subjetivas e objetivas se ajustem e se completem. 
Oliveira (2013) apud Mingardi, o autor divide a investigação de homicídios em 
preliminar e de seguimento. A primeira se refere aos procedimentos usualmente 
realizados pela (s) equipe (s) policial (is) no local da ocorrência desde a comunicação 
do fato à polícia e a chegada dos policiais à cena do crime, momento em que, 
geralmente, fica em evidência a atuação da perícia. Por outro lado, a investigação de 
seguimento envolveria todos os procedimentos normalmente adotados após a 
instauração do inquérito policial. Na realidade, entretanto, ambos os processos têm 
continuidade. O processo de investigação criminal iniciado na cena do crime continua 
no bojo do inquérito policial, no que Mingardi chama de investigação de segmento. Já 
as atividades da perícia no local de crime, normalmente têm sua continuidade por 
meio de exames laboratoriais, de balística, ou de outros objetos ligados ao crime, de 
áudio e vídeo (quando existem mídias que podem ajudar a elucidar o crime), de 
reprodução simulada de fatos (reconstituição) etc... 
É fundamental uma investigação preliminar bem-feita, onde é observado, 
sobretudo, uma boa analise do local do crime. Oliveira (2013) apud Mingardi elenca 
os pontos principais para uma investigação com êxito: 
 A rápida chegada dos policiais ao local do fato; 
 
12 
 
 
 
 O completo isolamento e a preservação do local de crime, de modo a 
impedir qualquer modificação prejudicial aos exames periciais. Para tanto, 
o local do crime deveria ser mantido intacto até a chegada da perícia 
técnica, única polícia com competência e capacitação para coleta dos 
materiais e indícios que serão submetidos à análise. Contudo, a falta de 
preservação dos locais e o seu mau isolamento, são grandes problemas no 
que se refere a local do crime; 
 A realização rápida de diligências na região do crime, buscando identificar 
e/ou prender os suspeitos; 
 Arrolar rapidamente as testemunhas do fato, que devem ser interrogadas 
ainda no local, visando manter incólumes suas impressões e percepções 
antes que sofram influencia ou contaminação de outros fatores inclusive dos 
próprios relatos que serão apresentados na mídia, dúvidas, esquecimento 
ou mesmo ameaças; 
 Detido acompanhamento de todas as pericias que são realizadas no local 
do crime, nos vestígios, encontrados e após, no caso de exames 
laboratoriais. 
Já a investigação de seguimento, abrange todos os procedimentos e diligências 
executados após a instauração do respectivo inquérito policial. Trata-se da 
identificação, localização, intimação e inquirimento de testemunhas, vítima (s), 
suspeito (s) e demais envolvidos no crime. Normalmente, essa etapa da investigação 
criminal tem uma base excessivamente burocrática e cartorial, o que acaba por 
apartá-la da prática operativa de investigação. 
Além disso, também nessa fase, normalmente, não se observa a troca de 
informações com a perícia criminal, o que pode prejudicar tanto a execução e o 
direcionamento a ser dado à investigação, quanto a interpretação dos depoimentos 
de testemunhas e do interrogatório do acusado. Isso é ainda mais relevante quando 
se trata de crimes que envolvam conhecimentos técnicos específicos, tais como 
crimes financeiros, de informática ou de meio ambiente. O mesmo se deve esperar 
quando o crime cometido envolva uma dinâmica, que para ser bem definida, exija 
balizamento técnico-científico, como acidente de trânsito, homicídio, incêndio etc. 
 
13 
 
 
 
Nesses casos, é interessante que o delegado converse com o perito criminal para 
discutir questões sobre o interrogatório, ou a oitiva das testemunhas. Do mesmo 
modo, pode ser interessante o diálogo entre o agente de polícia e o perito criminal 
acerca da melhor forma de se conseguir as informaçõesque serão úteis para a 
investigação (OLIVEIRA, 2013). 
Segundo o método de Mingardi, Oliveira (2013), preleciona que logo no início 
da investigação de seguimento deve-se buscar reunir o máximo de informações sobre 
a vítima, focando naquilo que os americanos chamam de “vitimologia aplicada” 
(VARGAS et al, 2010, p. 130). Deve ser feito, portanto, um levantamento biográfico 
da vítima, histórico, relacionamentos, família, amigos, inimigos, atividades 
profissionais, caráter, etc. (MINGARDI, 2005). Além disso, deve ser feita, mais 
rapidamente possível, a reconstituição das últimas 24 horas da vítima, levando em 
consideração todos esses fatores. Essas informações então serão comparadas com 
os depoimentos de testemunhas, parentes, amigos etc., buscando desenvolver 
hipóteses sobre a possível autoria e a motivação do crime. 
Neste quesito é que se torna importante a cooperação entre peritos criminais 
responsáveis pela perícia e por formular o laudo, para trocar informações sobre as 
relações, rotinas, principalmente nas últimas 24 horas, podendo oferecer auxílio, tais 
como a junção de informações da perícia com aquelas advindas da investigação. 
Na sequência da investigação, os policiais, em geral já podem ter uma ideia 
das possíveis motivações e de uma lista limitada de suspeitos do crime. Os 
investigadores passam, então, a trabalhar com os princípios de oportunidade e do 
meio utilizado para estabelecer, dentre os suspeitos, quais seriam os mais prováveis. 
Cabe agora investigar, dentre os suspeitos quais teriam tido a oportunidade e em 
seguida analisar-se detidamente os álibis por eles apresentados. Na sequência, cabe 
verificar qual (is) dentre os suspeitos teriam acesso aos meios para a prática do crime 
ou se tem aptidão para utilizá-lo. Por exemplo: algum deles possuía arma, ou sabia 
atirar? (OLIVEIRA, 2013). 
Outro problema com todo o processo é que este seria mais eficaz se feito 
imediatamente, mas geralmente leva alguns dias. Normalmente, equipes de 
especialistas e equipes de pesquisa trabalham em plantões. Esta situação significa 
 
14 
 
 
 
que a polícia que participou da ocorrência ficará alguns dias de folga antes de retornar 
ao trabalho e, por isso, a investigação será passada a outras equipes, o que dificultará 
o processo de investigação. 
Para Oliveira (2013), espera-se que a investigação policial contenha, de forma 
clara e organizada, uma cadeia de evidências capazes de demonstrar, de forma lícita, 
clara e sistematizada os fatos sob investigação. Nesse ponto, é preciso que se recorde 
que as provas de caráter subjetivo/informativo (testemunhais, interrogatório) devem 
se ajustar e complementar às provas de caráter objetivo/material. A efetividade das 
provas tende a ocorrer mais eficientemente quando a investigação é realizada de 
maneira concomitante e integrada com a perícia criminal. 
A perícia criminal é atividade típica de Estado, de cunho técnico-científico, 
prevista no Código de Processo Penal, que visa a analisar vestígios, sendo 
indispensável para elucidação de crimes (APCF, 2020). 
Art. 158 do CPP. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o 
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão 
do acusado. 
Esta atividade é realizada por peritos oficiais, que são responsáveis por 
identificar, recolher, processar e interpretar corretamente os vestígios no âmbito 
cientificamente determinado, para posteriormente fornecerem provas substantivas 
contidas no laudo pericial. 
Art. 159 do CPP. O exame de corpo de delito e outras perícias serão 
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão 
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. 
A Lei 12.030 de 2009, que dispõe sobre as perícias oficiais, em seu art. 5º prevê 
que, “são peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-legistas e 
peritos odontolegistas”. 
Os peritos criminais desenvolvem suas atribuições motivados por requisições 
provenientes de autoridades competentes, no interesse de procedimentos pré-
processuais (inquéritos policiais) e processuais (processos judiciais) de natureza 
 
15 
 
 
 
criminal, cabendo-lhes as mesmas suspeições dos juízes, conforme art. 280 do CPP, 
in verbis: 
Art. 280 - É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre 
suspeição dos juízes. 
A perícia é uma atividade que é, na sua origem, simultaneamente meio de prova 
e ferramenta de investigação criminal. Por esse motivo a perícia vive essa dualidade 
de funcionar como uma consultoria técnica da investigação criminal e, por outro lado, 
representar ou materializar em forma de laudo pericial a prova que será levada ao 
tribunal, cuja independência é necessária para a garantia de sua metodologia 
científica e imparcialidade (OLIVEIRA, 2013). 
Oliveira (2013) preleciona que na maior parte dos casos, a atividade de perícia 
criminal continua a ser percebida pelos agentes de polícia, delegados e demais 
investigadores como uma mera ação dentro do processo de investigação, que só 
existe porque assim determina a legislação. Prevalece, na percepção dos 
investigadores, o modelo de investigação policial, baseado mais no “que as pessoas 
dizem” e em um exagerado formalismo burocrático-cartorial, do que em um real 
trabalho investigativo da cena do crime e de seus elementos subjetivos e objetivos, 
capaz de reconstruir uma realidade desconhecida a partir de um complexo mosaico 
de informações tal qual um imenso quebra-cabeças, que precisa ser montado. 
As investigações criminais são conduzidas em diferentes aspectos do 
conhecimento humano. Por melhores que sejam os especialistas em todos os 
aspectos desse conhecimento, eles nunca serão tão bons quanto a integração dessas 
duas áreas de conhecimento. Portanto, o sucesso das investigações criminais 
dependerá da eficiência de unificar os resultados das investigações no local com a 
análise de especialistas. 
Na realidade a investigação tem que buscar elucidar os fatos investigando 
pessoas e coisas. Ocorre que só as primeiras cometem crimes, entretanto sempre se 
utilizando, alterando, eliminando ou de qualquer maneira interferindo e relacionando-
se com as segundas (VILLANOVA, 1977). 
A investigação do indivíduo, das pessoas pode ser chamada de empírica. 
Compete à perícia criminal investigar os objetos relacionados ao crime. A eficácia da 
 
16 
 
 
 
investigação se dá com a junção destas duas formas supracitadas, se amoldando e 
se complementando equilibradamente. 
4 INVESTIGAÇÃO – INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E FONÉTICA 
4.1 Interceptação telefônica 
 
Fonte: vadenews.com.br 
A interceptação telefônica é um meio de prova que permite a obtenção de uma 
gravação, sem o conhecimento das partes ou de terceiros, o que em tese é ilícito, 
dado ao fato da inviolabilidade do sigilo telefônico, preceituado na Constituição 
Federal, mas que, por via obliqua, é autorizada pela Lei nº 9.296/96, desde que 
obedecidos os requisitos por ela estabelecidos (GARCIA; JORGE, 2017). 
Importa ressaltar que se um dos interlocutores tiver ciência de que está sendo 
gravado, a interceptação fica descaracterizada, isso porque é requisito de validade 
que a interceptação não seja de conhecimento deles. 
Há muito já se discutiu se o fato de que os interlocutores não tenham 
conhecimento de que estão sendo interceptados, seria uma prática lícita, uma vez 
que, feriria o art. 5º, XXII da Constituição Federal. 
 
17 
 
 
 
Contudo, a segunda parte do dispositivo legal nos permite inferir que o 
legislador deixou uma possibilidade de quebra do sigilo das comunicações telefônicas, 
mediante autorização judicial e cumprimento dos requisitos impostos pela lei. 
A interceptação telefônica foi inserida no nosso ordenamento jurídico somente 
com a edição da Constituição Federal de 1988. Até então,a única proteção que se 
tinha a esse respeito era em relação ao sigilo das comunicações. 
Com a promulgação da Constituição de 1937 é que foi prevista uma 
possibilidade de exceção para a quebra do sigilo telefônico em seu artigo 122, § 6º., 
todavia, muito embora previu-se a possibilidade quanto à violação do domicilio e da 
correspondência, exigia-se regulamentação específica para tanto. A Carta Maior ainda 
introduziu a inviolabilidade quanto às comunicações telegráficas e telefônicas, em seu 
artigo 150, § 9º. Porém, tal inviolabilidade era absoluta, não dispondo de exceções 
nesse sentido. 
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 é que foi inserido no 
ordenamento jurídico, além da proteção quanto ao sigilo das correspondências e 
comunicações telegráficas e telefônicas, a possibilidade de interceptar as ligações, 
com a consequente quebra do sigilo, sem que isso ferisse a disposição constitucional, 
desde que obedecidos os ditames legais, ou seja, seguindo as hipóteses e forma pela 
lei estabelecida (GARCIA; JORGE, 2017). 
O art. 5º, XII, prevê que: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, 
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 
1996). 
Como a Lei de Interceptação Telefônica surgiu em 1996, e foi disciplinada pelo 
Constituição de 1988, durante esse tempo ela foi regida pela lei nº 4.117/1962 – 
Código Brasileiro de Telecomunicações, em seu art. 57. 
Assim, todas as interceptações realizadas no período compreendido entre a 
criação da Constituição Federal de 1988 e a criação da lei nº 9.9296/96 foram 
 
18 
 
 
 
consideradas pelo STF e STJ como provas ilícitas, ou seja, foi decido que o artigo 5º, 
inciso XII é uma norma de eficácia limitada que exige norma regulamentadora 
(GARCIA; JORGE, 2017). 
Ainda segundo os autores, a interceptação telefônica é um meio de prova muito 
eficaz no combate à criminalidade, de forma que é possível que crimes possam ser 
descobertos e sujeitos punidos com a possibilidade de obtenção da prova por 
intermédio da mesma. 
Insta esclarecer que a interceptação telefônica tem a natureza jurídica de fonte 
de prova, pois é dela que se extrai a comprovação de uma infração penal ou do 
envolvimento de um agente ao crime. A interceptação telefônica, por sua vez, funciona 
como meio de obtenção de prova, mais especificamente como medida cautelar 
processual, consubstanciada em uma apreensão imprópria, no sentido de por ela se 
apreenderem os elementos fonéticos que formam a conversação telefônica. Assim, a 
gravação da interceptação das comunicações telefônicas é o resultado da operação 
técnica e, portanto, a materialização da fonte de prova. Por fim, a transcrição das 
gravações funciona como o meio de prova, que será juntado aos autos para que possa 
ser valorado pelo magistrado. A finalidade da interceptação telefônica é a obtenção 
de uma prova, que se materializa num documento (auto circunstanciado, transcrição) 
ou num depoimento (prova testemunhal) (GARCIA; JORGE, 2017). 
Necessário se faz salientar que, a interceptação telefônica não se confunde 
com a quebra do sigilo telefônico, pois enquanto a interceptação de uma comunicação 
telefônica se refere à chamada que está ocorrendo naquele momento, a quebra do 
sigilo de dados telefônicos diz respeito às chamadas telefônicas já realizadas. 
Garcia et all. (2017) destaca que a interceptação telefônica não se confunde 
com a quebra do sigilo dos dados telefônicos, isso porque enquanto a interceptação 
de uma comunicação telefônica diz respeito a algo que está acontecendo, a quebra 
do sigilo de dados telefônicos guarda relação com as chamadas telefônicas já 
realizadas. A quebra do sigilo de dados telefônicos está relacionada aos registros 
documentados e armazenados pelas companhias telefônicas, tais como data da 
chamada telefônica, horário da ligação, número do telefone chamado, duração do uso, 
etc. 
 
19 
 
 
 
A garantia constitucional não é absoluta, pelo que pode ser relativa quando 
posta ao lado da interceptação, uma vez que o próprio ordenamento permite 
exceções, desde que cumprido os requisitos legais. 
 
4.1.1 Procedimento da interceptação 
 
Segundo o artigo 3º da Lei nº 9.296/96: 
Art. 3º - A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser 
determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: 
I – Da autoridade policial, na investigação criminal; 
II – Do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na 
instrução processual penal. 
Conforme disposição legal, a interceptação telefônica pode ser requerida pelo 
Delegado de Polícia ou pelo Promotor de Justiça. O Delegado fará a solicitação no 
decorrer da investigação criminal, já o membro do Ministério Público poderá solicitar 
a interceptação durante a instrução processual. Quanto ao magistrado, a lei é 
expressa que o mesmo poderá conceder a interceptação mediante requisição das 
partes ou de ofício, o que nos permite entender que poderá fazer em qualquer fase 
processual (GARCIA; JORGE, 2017). 
O art. 4º, determina que o pedido deve ser: 
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a 
demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração 
penal, com indicação dos meios a serem empregados. 
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado 
verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a 
interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a 
termo. 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. 
O prazo no qual se refere o § 2º da legislação supracitada começará a fluir de 
acordo com o art. 800 do CPP, in verbis: 
Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos 
prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos: 
I - De dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista; 
II - De cinco dias, se for interlocutória simples; 
III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. 
§ 1º Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão. 
 
20 
 
 
 
§ 2º Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo 
para a interposição do recurso (art. 798, § 5o). 
§ 3º Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder 
por igual tempo os prazos a ele fixados neste Código. 
§ 4º O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão do Ministério 
Público no dia em que assinar termo de conclusão ou de vista estará sujeito 
à sanção estabelecida no art. 799. 
Reza o art. 5º que: 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando 
também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo 
de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a 
indispensabilidade do meio de prova. 
Evidente que, 15 dias é prazo máximo que a interceptação telefônica pode ser 
concedida, no entanto, nada impede que o juiz conceda a autorização por prazo 
inferior caso entenda ser tal prazo suficiente para as investigações (GARCIA; JORGE, 
2017). 
No que se refere à renovação do prazo, esta não se dá de maneira automática, 
devendo ficar comprovado a indispensabilidade do meio de prova em pedido 
fundamentado. O Supremo Tribunal Federal já tem se posicionado no sentido de 
autorizar a renovação por mais de uma vez quando se tratar de fato complexo cujo 
teor do HC: 83515 RS. Nessa linha de raciocínio é possível concluir que a prorrogação 
do prazo pode ser feita tantas quantas vezes foremnecessárias (GARCIA; JORGE, 
2017). 
O art. 6º determina os procedimentos seguintes ao deferimento do pedido: 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos 
de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá 
acompanhar a sua realização. 
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação 
interceptada, será determinada a sua transcrição. 
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da 
interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá 
conter o resumo das operações realizadas. 
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, 
ciente o Ministério Público. 
Importa salientar que a Autoridade Policial deve dar o andamento para a 
interceptação e dar ciência ao membro do Ministério Público para que, caso queira, 
acompanhe a realização da interceptação. 
 
21 
 
 
 
A transcrição determinada no §1º, segundo entendimento da jurisprudência, 
não precisará ser integral e sim parcial, bastando que sejam transcritos os trechos 
necessários para o oferecimento da denúncia, porém a totalidade das gravações 
deverá ficar à disposição da defesa. 
4.2 Fonética 
 
Fonte: ibptechedu.com.br 
De acordo com Jorge (2016) apud Bonastre et al. (2003), a Fonética Forense 
estuda os sons da língua através de uma abordagem linguística de reconhecimento, 
ou seja, as análises são feitas para verificação de locutor, isto é, através desta 
verificação é possível determinar se duas falas foram produzidas pelo mesmo 
interlocutor. Geralmente uma das falas analisada pertence a uma gravação telefônica 
ou gravação ambiental, que é obtida por meio de dispositivos digitais como: celulares, 
gravadores digitais, tablets, computadores portáteis, etc. Estas gravações podem ser 
apresentadas como provas em um inquérito policial. Já a outra fala é coletada 
mediante entrevista com o suspeito. É importante salientar que a ligação telefônica é 
interceptada por policiais por intermédio de autorização judicial, uma vez que quebra 
o direito constitucional à privacidade, já a gravação de ambiente pode ser feita através 
 
22 
 
 
 
de qualquer dos dispositivos mencionados, inclusive havendo a possibilidade de um 
interlocutor gravar sua conversa ao telefone, com ciência, como nos casos de serviços 
de atendimento, ou sem a ciência de um, quando o outro utiliza um gravador e grava 
a conversa de ambos. Porém, na interceptação telefônica ninguém tem ciência, desta 
forma ocorre quebra de privacidade. 
O trabalho dos peritos criminais é identificar o grau de semelhanças ou 
diferenças entre as duas falas. Para tal função, o perito faz uso de conhecimentos 
linguísticos/sociolinguísticos, entre outros. 
A aplicabilidade da Fonética Forense em uma investigação criminal é de 
extrema relevância tanto para a resolução e esclarecimento de um crime no domínio 
judicial como no âmbito social, uma vez que a área auxilia, por intermediário do 
reconhecimento de sons da linguagem, a determinar a culpabilidade ou inocência de 
um réu em um inquérito criminal (JORGE, 2016). 
 
4.2.1 Linguística forense 
 
 
Fonte: www.defesa.tv.br 
 
 
23 
 
 
 
A Linguística Forense é um campo de conhecimento da Linguística que 
estabelece uma interface com o Direito, ou seja, dedica-se aos estudos da linguagem 
em contextos forenses e judiciais. 
A Linguística Forense surgiu devido à necessidade por parte de juristas e 
advogados de utilizarem a linguagem como evidência, já que, conforme Butters 
(2011), a Linguística Forense surgiu em virtude da imprescindibilidade de analisar uma 
possível ligação entre a Linguística e o Direito e os reflexos da linguagem aplicada 
nos tribunais. Por meio disto, a Linguística Forense foi recebendo adeptos e as 
perícias na área foram crescendo. Ainda segundo o autor, no início a área era utilizada 
para preparar advogados civis e/ou criminais para apresentações em tribunais, bem 
como amparar e avaliar as provas em investigações criminais e procedimentos penais. 
Porém, com o passar do tempo, a área foi expandindo-se e obtendo novas funções e 
utilidades no contexto forense (JORGE, 2016). 
Este campo forense da Linguística objetiva estudar as diferenças e/ ou 
semelhanças do discurso oral ou escrito de um indivíduo, isto é, a finalidade do estudo 
por meio da Linguística Forense é identificar e comparar a autoria, autenticidade ou 
falsificação tanto de textos escritos (cartas, documentos), quanto de discursos orais 
(gravações telefônicas) apresentados como evidências contra um suspeito em uma 
investigação criminal. Através da análise pericial é possível comprovar, portanto, a 
autoria ou não de um crime (JORGE, 2016). 
 
4.2.2 Fonética forense 
 
Todo e qualquer indivíduo é dotado de particularidades que o distinguem e o 
caracterizam. A fala é um artefato complexo, porém peculiar que nos difere e nos 
constitui como seres humanos. Segundo Braid (2003), a fala é um fenômeno 
articulatório que demanda a mais espetacular habilidade do sistema motor do 
organismo humano (JORGE, 2016). 
A Fonética Forense é uma subárea da Linguística Forense que se estabelece 
como uma área pluridisciplinar que compreende distintos âmbitos e especialistas. A 
área de fonética, assim como outras ciências afins, está intimamente ligada aos 
 
24 
 
 
 
estudos da fala, sendo assim, a fonética é utilizada no âmbito forense como meio de 
verificar traços linguísticos característicos e peculiares de cada sujeito. Estes podem 
ser traços de seu perfil, origem regional e social, propriedades de sons por ele 
produzidos, através de seu instantâneo estado emocional ou de todos outros 
possíveis vestígios que possam ser inferidos com base no material contido em sua 
fala. A análise destes traços linguísticos únicos e inerentes a cada indivíduo serão 
fatores determinantes para a realização de análise da fala por meio da Fonética 
Forense (JORGE, 2016). 
No que diz respeito à sua utilização na área da perícia, a fonética forense é 
uma ferramenta multidisciplinar essencial para a resolução de crimes relacionados 
com vozes gravadas em qualquer tipo de suporte. Dessa forma, por meio da 
tecnologia forense de voz, será possível identificar o locutor. 
Segundo Braid (2003), a Fonética Forense não se finda apenas na identificação 
de falantes, contudo incide em todas as artes criminalísticas que compreendem 
aspectos da fala ou sons em geral. 
Conforme Nolan (2001), a voz não pode ser considerada constante assim como 
uma impressão digital, uma vez que a impressão digital fornece um traço distintivo, ou 
seja, produz um modelo único e invariável para o reconhecimento/identificação de um 
indivíduo. A voz, porém, é variável e instável, ou seja, muda de acordo com vários 
fatores, sejam eles externos ou internos. 
Para Jorge (2016) na área de Fonética Forense, dois termos são 
indispensáveis no que se refere ao reconhecimento da fala dos sujeitos. São os 
seguintes: Identificação de Locutor (Speaker Identification) e Verificação de Locutor 
(Speaker Verification). Estes mesmos termos podem ser substituídos, de acordo com 
Machado (2011), por “Reconhecimento de Locutor” (Speaker Recognition), que seria 
uma maneira genérica de nomear a SPID (Speaker Identification) assim como a SV 
(Speaker Verification). Todos estes termos referem-se e têm à finalidade de 
reconhecer um sujeito no discurso. Porém, os meios usados no reconhecimento de 
fala diferem entre si. 
Ainda segundo Jorge (2016) apud Machado (2011), a verificação de locutor tem 
o papel de identificar um sujeito por meio da análise de sua fala em contextos que 
 
25 
 
 
 
podem ter distorções e ruídos. O suspeito em questão é absolutamente desconhecido. 
Neste caso a acústica do ambiente influenciará na precisão da identificação; a 
investigação em questão poderá ter vários suspeitos em potencial. Esta técnica é 
aplicada quando nãohá pistas que apontem um único suspeito, desta forma, todos os 
membros de uma comunidade podem ser supostos suspeitos. Porém, um dos grandes 
problemas da Verificação de Locutor é que, se o suspeito estiver em uma população 
desconhecida, prejudicará a delimitação dos sujeitos analisados. Isto é, não podemos 
ter completa certeza que, em um total de 7 bilhões de indivíduos, a fala deste suspeito 
apresentará de fato peculiaridades de elocução diferente das outras. 
Portanto, segundo Machado (2011, p. 3), “não podemos falar com certeza (sem 
estabelecer um quadro limitado de falantes) se as diferenças intrafalantes são 
menores que a variabilidade interfalantes”. Segundo a autora “podemos sempre 
delimitar um grupo, não tem que comparar com a população mundial. Se o sujeito 
desconhecido é uma mulher, devemos eliminar homens e crianças. Se ela fala um 
determinado dialeto eliminamos o resto dos demais dialetos e línguas.” 
Atualmente no Brasil prevalece a tarefa de Comparação de Locutores em 
perícias referentes a registros de áudio, já que esta técnica tem a tarefa de confrontar 
duas amostras, ou seja, segundo Gonçalves (2013, p. 25), “tendo sido uma delas, a 
relativa ao locutor que se deseja saber a autoria”. Esta é obtida através de 
interceptação telefônica autorizada pela Justiça, “e a outra, a relativa ao locutor de 
identidade conhecida, recolhida pelos próprios peritos em procedimento de coleta 
técnica padrão vocal” (JORGE, 2016). 
Mediante o exame de Comparação de Locutores é provável que os peritos 
criminais possam encontrar dificuldades no que tange, de acordo com Nolan (1999), 
fatores que delimitam a confiabilidade do reconhecimento de voz. Ou seja, as 
amostras podem ser demasiadamente curtas para a análise; outro fator é relacionado 
à qualidade das gravações que podem apresentar ruídos de fundo e distorções. 
Ademais, segundo Nolan (1999, p. 525), “há sempre a possibilidade de que um locutor 
use disfarce de voz”. Portanto, estes fatores podem dificultar as análises (JORGE, 
2016). 
 
26 
 
 
 
5 PERÍCIA FORENSE 
 
Fonte: www.segurilatam.com 
Segundo Silva (2010) apud Cretella, perícia vem do latim perita, ciência 
experimental, perfeito conhecimento, capacidade, inteligência. Forense, derivada do 
latim forenses, indica pertencente ao foro judicial, sendo realizada pelo perito. 
A prova pericial, sob o aspecto objetivo, é meio pelo qual a verdade chega ao 
espirito de quem aprecia, sendo o de demonstração da verdade dos fatos sobre os 
quais versa a ação. Quanto ao seu aspecto subjetivo, é a própria convicção da 
verdade dos fatos alegados, sendo, nas palavras de Santos (..) “resultado do exame 
sereno da prova, ou seja, das pessoas que falam, do documento que atesta, das 
coisas que na própria mudez retêm os fatos. Tanto melhor e mais forte se forma a 
convicção quanto mais diretamente sejam as provas no sentido objetivo examinado 
pelo juiz” (SILVA, 2010). 
Para Silva (2010) apud Tornaghi (1978) a perícia é “uma pesquisa que exige 
conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos”, informa ainda que existem 
divergências dos autores em conceituar a perícia, e algumas a consideram meio de 
prova, como testemunho de pessoa entendida, enquanto outros a reputam como um 
pouco mais que a prova, já que possui tudo que se exige de um meio de prova e mais 
 
27 
 
 
 
qualquer coisa que nesta não existe, sendo mais que um sujeito de prova e menos 
que o juiz. 
Ainda segundo os autores, se o perito se limitasse a pedir ao juiz o apurado 
com seus conhecimentos técnicos, a perícia seria apenas meio de prova, testemunho. 
Quando o perito emite juízo de valor sobre os fatos, externando impressão, sobre a 
possibilidade de terem sidos causados por outros acontecimentos e de virem a 
produzir outros ainda, acaba por considerar não só a realidade, e trabalha com 
probabilidades, com os princípios da experiência. 
Silva (2010) apud Espínola Filho, explica que os elementos do corpo de delito 
que chegam à percepção, devem ser objeto de prova, constituída por pessoas que 
tiveram a oportunidade de verificá-los em sua existência material, acessível aos 
sentidos humanos, e que estas pessoas podem dizer da natureza destes fatos, 
podendo estabelecer de maneira segura o nexo de causalidade entre eles e o ato ou 
omissão pelo qual se incrimina o acusado, não havendo melhor prática do que 
submetê-los à apreciação de técnicos especializados que, por processos científicos, 
darão ao julgador uma opinião digna do maior acatamento, justamente por que se 
manifesta sobre matéria em que os examinadores são peritos. 
5.1 A perícia no século XXI 
O Deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) apresentou uma proposta de 
regulamentação das atividades do perito judicial e do assistente técnico, pelo seguinte 
motivo, dentre outros apontados: 
…permitir que a Justiça possua o controle e o registro desses profissionais, 
conhecendo-os por categoria, por experiência, pela capacidade e 
especialidade adquirida nas universidades e, principalmente, o conhecimento 
das tarefas que, por direito e conquista, se encontram habituados a exercer. 
De acordo com a proposta do nobre deputado, os peritos seriam obrigados a 
aderir a uma associação especializada de peritos judiciais, e somente estes poderiam 
realizar perícias no âmbito judicial, sendo obrigatório o perito realizar registro prévio, 
 
28 
 
 
 
individualmente, nos Tribunais de Justiça Estaduais, Tribunais Regionais e também 
Tribunais Federais. 
Outro fator importante é que o perito não teria nenhum benefício em se associar 
a tal ou qual associação, ou muito pelo contrário, teria ainda maiores dificuldades no 
desempenho de suas funções, uma vez que seria obrigado a recolher pagamentos 
para se manter associado, não obstante continuar ainda com diversos ônus presentes 
na atual legislação, como por exemplo, ter que se inscrever em todos os Tribunais 
Estaduais, Federais, Fóruns, e Varas, fazendo uma verdadeira via sacra para realizar 
tal tarefa (SILVA, 2010). 
 Nos artigos 4º e 6º o projeto traz questões subjetivas: 
Art. 4º - A linguagem adotada pelo Perito Judicial em seu laudo e pelo 
Assistente Técnico em seu parecer deve ser acessível aos interlocutores, 
possibilitando aos julgadores proferirem justa decisão e às partes da 
demanda, conhecimento e interpretação dos resultados dos trabalhos 
periciais. 
… 
Art. 6º - O Perito Judicial deve informar todos os fatos relevantes por ele 
encontrados no decorrer de suas pesquisas e diligências. 
Legislações subjetivas não auxiliam o operador jurídico. Tanto quem se socorre 
da perícia (partes), como quem é receptor do trabalho final (juiz) e quem realiza o 
trabalho (perito) não podem ficar sob a égide de regras obscuras e subjetivas (SILVA, 
2010). 
O perito, para desenvolver tal mister, precisa antes de mais nada possuir o 
conhecimento, a expertise, para poder realizar adequadamente a tarefa para qual foi 
designado, ou seja, antes do profissional poder ser perito, precisa ter ao menos uma 
graduação, somada sua experiência e possíveis títulos acadêmicos e conhecimentos 
profundos sobre determinada área de conhecimento, ou não, uma vez que em muitos 
casos pode não ser necessário, podendo ser o perito um prático com uma habilidade 
acima da média em determinado assunto (SILVA, 2010). 
Não é possível, quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou 
científico, que o juiz fique com o ônus de julgar sem o auxílio de peritos, já que esse 
ônus será transferido para as partes e por consequência, não se alcançará a tão 
almejada Justiça, conforme redação do art. 156 do CPC, in verbis: 
 
29 
 
 
 
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de 
conhecimento técnico ou científico. 
A proposta traz ainda em seus dois primeiros artigos a exigência de o perito se 
associar em juntar a uma “Associação de Peritos do Estado”, não obstante estar 
também registradoem seu órgão de classe, conforme podemos observar abaixo: 
Art. 1º - Perito Judicial é o profissional com curso superior, habilitado pelo 
respectivo órgão de classe regional, inscrito na Associação de Peritos do 
Estado, nomeado por Juiz de Direito para atuar em processo judicial que 
tramite em Varas e Tribunais de Justiça Estaduais, em Varas e Tribunais 
Regionais e Federais, com a finalidade de pesquisar e informar a verdade 
sobre as questões propostas, através de Laudos e de provas científicas e 
documentais. 
Art. 2º - Assistente Técnico é o profissional com curso superior, habilitado 
pelo órgão de classe regional, inscrito na Associação de Peritos do Estado, 
indicado pelas partes para atuar em processo judicial que tramite em Varas e 
Tribunais de Justiça Estaduais, em Varas e Tribunais Regionais e Federais, 
em conjunto com o Perito Judicial ou, separadamente, com a finalidade de 
pesquisar e informar a verdade sobre as questões propostas, através de 
pareceres técnicos e de provas científicas e documentais. 
Segundo a proposta, o perito seria obrigado a associar-se a uma “associação 
de peritos oficiais” (que por si só contraria a Constituição Federal, um dos motivos 
pelo qual o Projeto foi arquivado), formando então verdadeiras corporações de ofício, 
semelhante às do século XVII que, como já pudemos observar, não trouxeram 
melhorias à atividade, para as partes envolvidas, ou ainda para a Justiça de maneira 
geral (SILVA, 2010). 
A questão é que realmente se faz necessário o aperfeiçoamento constante das 
técnicas periciais, assim como a legislação que a regula, porém é necessário o 
cuidado para que o contrário não ocorra, ou seja, que o exercício da perícia não fique 
engessado em uma legislação de conteúdo antiquado, apesar de possuir uma 
aparência revolucionária (SILVA, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
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