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AUTOMAÇÃO Fundamentos de instrumentação Pressão Nível Vazão Temperatura 9 788583 932239 ISBN 978-85-8393-223-9 Fundam entos de instrum entação – Pressão | N ível | Vazão | Tem peratura Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Fundamentos de instrumentação Pressão Nível Vazão Temperatura Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Fundamentos de instrumentação : pressão / nível / vazão / temperatura. SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 376 p. : il Inclui referências ISBN 978-85-8393-223-9 1. Automação industrial 2. Instrumentos de medição 3. Temperatura 4. Termômetros e termometria 5. Segurança do trabalho I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 629.8 Índice para o catálogo sistemático: 1. Automação industrial 629.8 Microsoft Office 005.43 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br AUTOMAÇÃO Fundamentos de instrumentação Pressão Nível Vazão Temperatura Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Comitê de Automação Industrial Direção Getulio Rocha Junior Colaboração Benedito Lourenço Costa Neto Carlos Alberto José de Almeida Daniel Divino Rodrigues da Silva Flávio Pedroso Cruz José Adilson Silva de Jesus Sergio Luiz da Conceição Matos Material didático encaminhado pela Gerência de Educação do SENAI-SP e validado pelas Escolas “Antonio Souza Noschese”, “Mauá”, “Luiz Simon”, “Prof. Dr. Euryclides J. Zerbini”, “Ettore Zanini” e “Lençóis Paulista”. O Caderno de exercícios deste livro está disponível para download no seguinte link: https://www.senaispeditora.com.br/downloads/respostas/ fundamentos_instrumentacao_pressao_caderno_exercicios.pdf Sumário 1. Conceitos básicos de automação 11 Benefícios da automação 11 Automação de processos 12 2. Instrumentação 17 Classes e sistemas de instrumentação 17 Terminologia 21 3. Medição de pressão 38 Conceitos de pressão 38 Unidades de pressão 39 Tabela de conversão de unidades de pressão 40 Escalas de pressão 41 Tipos de pressão 42 Medidores de pressão 47 4. Sistemas de selagem 63 Sistema de selagem 63 Tipos de selagem 64 Tomadas de impulso 68 Tubulação de impulso 68 Instalação de tubulação 69 5. Medição de nível 75 Medição de nível 75 Métodos de medição de nível de líquido 75 Métodos de medição de nível de sólidos 92 6. Telemetria em instrumentação 94 Transmissão pneumática 95 Transmissão eletrônica 96 Transmissão digital 97 Exemplos de aplicação da telemetria 98 7. Medição de temperatura 101 Medição da temperatura na indústria 101 Conceito de temperatura 102 8. Escalas de temperatura 104 Escala relativa de temperatura 106 Escala absoluta de temperatura 108 Escala Internacional de Temperatura (ITS90) 109 Conversão de unidades 110 9. Termômetros 112 Classificação 112 10. Termômetros de dilatação 115 Termômetros de dilatação de líquido 115 Descrição de diversos tipos de medidores 115 Termômetro de dilatação de gás 126 Termômetro a pressão de vapor 128 Termômetro de dilatação de sólido (bimetálico) 130 11. Termômetros de resistência 134 Termistores 135 Termorresistências 137 Construção do sensor 140 12. Termopares 147 Leis da termoeletricidade 147 Classificação dos termopares 155 Principais qualidades requeridas por um termopar 161 Proteção de termopares 176 Envelhecimento dos termopares 181 13. Termômetros de radiação 184 Radiação eletromagnética 185 Ondas eletromagnéticas 185 Medição de temperatura por radiação 187 Pirômetros de radiação total 189 Pirômetros óticos 192 Termômetros infravermelhos 197 14. Atividades de laboratório – temperatura 201 Calibração de termômetro – bimetálico 201 Ajuste de termostato 203 Calibração de termorresistência 206 Medição de temperatura com termopar com compensação automática e manual 209 Calibração de termopar 211 Verificação de erros de inversão com termopares 213 Associação de termopares 215 Configuração de transmissor de temperatura utilizando termorresistência 219 Configuração de transmissor de temperatura utilizando termopar 222 Medição de temperatura com termômetro infravermelho 225 15. Tabelas 227 16. Medição de vazão 257 Métodos de medição de vazão 258 17. Conceitos 260 Vazão volumétrica (Q) 260 Conversão de unidades de vazão volumétrica 262 Vazão mássica (Qm) 263 Relação entre vazão mássica e vazão volumétrica 263 Conversão de unidades de vazão mássica 263 Viscosidade 264 Regimes de escoamento 266 Número de Reynolds 268 Equação da continuidade 271 Equação de Bernoulli 272 18. Medidores de vazão por pressão diferencial 274 Relação vazão x pressão diferencial 274 Elementos deprimogênios 275 Equação básica para cálculos de vazão 275 Coeficiente de descarga 276 19. Placa de orifício 278 Principais características de uma placa de orifício 279 Tipos de orifício 279 Tipos de bordo 280 Tipos de tomada de impulso 281 Linearização da vazão 286 Tipos de instalação de transmissor de vazão com placa de orifício 287 20. Tubo Venturi 292 Tomadas de pressão 292 Principais aplicações 293 21. Bocal de vazão 294 Tipos de bocal de vazão 294 22. Tubo Pitot 296 Tomadas de pressão 297 Relação entre pressão dinâmica e velocidade 297 23. Rotâmetros 302 Princípio básico 303 Condições de equilíbrio 304 Tipos de flutuadores 305 Material do flutuador 306 Instalação 307 Influência da viscosidade 307 Perda de carga no flutuador 307 Fatores de correção 308 Características gerais 308 24. Medidor vortex 310 Relação entre frequência e velocidade 311 Método de detecção dos vórtices 312 Tipos de sensores utilizados 313 Vortex shedder 313 Características gerais 314 25. Turbina 315 Fator de calibração “K” 316 Performance 316 Influência da viscosidade 316 Características gerais 317 Desvantagens 318 26. Medidor magnético 319 Princípio de funcionamento 320 Relação entre a vazão e a FEM 321 Revestimento 322 Eletrodo 322 Tubo detector 322 Limites de condutividade 323 Aterramento 323 Escolha do diâmetro 323 Instalação elétrica 324 Características gerais 325 27. Medidor ultrassônico 327 Medidores de efeito Doppler 327 Medidores de tempo de trânsito 328 Medidores intrusivos (sondas internas) 330 Vazão de gases 330 Influência do número de Reynolds 331 28. Medidor Coriolis 332 Princípio 332 Coriolis em tubo reto 334 Aplicações 334 Características gerais 335 29. Medidores térmicos 336 Medidor térmico por inserção 337 Medidor térmico capilar 337 30. Medidores de vazão por deslocamento positivo 339 Medidor de engrenagens ovais 340 Disco de nutação 341 Palhetas rotativas 342 31. Medidores de vazão em canais abertos 343 Principais aplicações 343 Vertedores 344 Calha Parshall 345 32. Atividades de laboratório – vazão 348 Verificar relação vazão x pressão diferencial 348 Medir vazão de ar com placa de orifício 352 Medir vazão de água com placa de orifício 354 Medir vazão com compensação de temperatura e pressão 358 Obter curva de calibração e constante da turbina 361 Medir vazão de ar com turbina 365 Medir vazão de água com turbina 369 Medir vazão com medidor magnético 371 Referências 373 1. Conceitos básicos de automaçãoBenefícios da automação Automação de processos Benefícios da automação Nos últimos tempos, a automação trouxe, uma série de benefícios aos diversos setores da sociedade, propiciando conforto e facilidades. Nas indústrias, a necessidade do aumento de produção para atender à crescente demanda com custo baixo e a fabricação de novos produtos, atendendo o gosto dos consumidores, acarretou no aparecimento de números, cada vez maiores, de processos totalmente automatizados. A automação, quando utilizada com critério e de forma planejada, reduz custos, aumenta a produtividade e contribui com a qualidade e a segurança da produção, livrando os trabalhadores de atividades monótonas, repetitivas e, principalmente, perigosas. Embora a tecnologia que implementa processos ou sistemas automatizados mo- dernos exija diferentes níveis de investimento, os resultados são garantidos. Já as indústrias que não se ajustam a essa realidade estão seriamente condenadas ao fracasso. Apesar dos benefícios, o impacto da automação obrigou a sociedade a se adaptar a essa nova realidade. A chamada Era da Automação causou, inicialmente, sérios problemas, principalmente para os trabalhadores que não acompanharam sua evolução. Alguns problemas estão listados a seguir: 12 CONCEITOS BÁSICOS DE AUTOMAÇÃO • aumento do nível de desemprego, principalmente nas áreas de atuação de profissionais com baixo nível de qualificação; • a experiência de um trabalhador torna-se obsoleta rapidamente; • muitos empregos que eram importantes estão se extinguindo: por exemplo, telefonistas, que trabalhavam tanto antigamente, foram substituídas por cen- trais de telefonia automáticas. Esses problemas, no entanto, podem ser solucionados com programas contínuos de aprendizagem e reciclagem de trabalhadores para novas funções. Além disso, as indústrias de computadores, máquinas automatizadas e serviços vêm criando um número de novos empregos igual ou superior àqueles que foram eliminados no setor produtivo. A automação é classificada de acordo com suas diversas áreas: automação bancá- ria, comercial, industrial, agrícola, predial, de comunicações e de transportes. No setor industrial, a automação pode ser aplicada em dois segmentos produtivos: os processos contínuos e os processos de manufatura. Automação de processos Automação de processos contínuos Nas indústrias, o termo “processo” tem significado amplo. Uma operação unitá- ria, como, por exemplo, a destilação, a filtração ou o aquecimento, é considerada um processo. Quando se trata de controle, uma tubulação por onde escoa um fluido, um reservatório que contém água, um aquecedor ou um equipamento qualquer é denominado processo. Em linhas gerais, processo é uma operação ou uma série de operações realizadas por um determinado conjunto de equipamentos, onde varia, pelo menos, uma característica física ou química de um material para obtenção de um produto final. Os processos contínuos operam ininterruptamente grande quantidade de pro- dutos e materiais nas mais diversas formas sem manipulação direta. São proces- sos caracterizados por tubulações, tanques, trocadores de calor, misturadores, reatores, entre outros. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 13 Os processos contínuos são muito variados e abrangem diversas áreas, como por exemplo, as indústrias química, petroquímica, alimentícia, de papel e celulose etc. Um processo pode ser controlado por meio da medição de variáveis que repre- sentam o estado desejado e pelo ajuste automático de outras variáveis, de maneira a se conseguir o valor que se deseja para a variável controlada. As condições ambientais devem sempre ser incluídas na relação de variáveis de processo. Variáveis de processo São grandezas físicas que afetam o desempenho de um processo e podem mudar de valor espontaneamente em virtude de condições internas ou externas. Por essa razão, essas variáveis típicas de processos contínuos necessitam de controle. As principais variáveis medidas e controladas nos processos contínuos são pres- são: vazão, temperatura, nível, pH, condutividade, velocidade, umidade etc. Variável controlada A variável controlada de um processo é a que mais diretamente indica a forma ou o estado que se deseja do produto. Consideremos, por exemplo, o sistema de aquecimento de água, conforme mostra a figura a seguir. A finalidade deste sistema é fornecer uma determinada vazão de água aquecida. A variável mais indicativa desse objetivo é a temperatura da água de saída do aquecedor, que deve ser, então, a variável controlada ou manipulada. Água fria Água aquecida Condensado Vapor 14 CONCEITOS BÁSICOS DE AUTOMAÇÃO Variável manipulada A variável manipulada do processo é aquela em que o controlador automático atua no sentido de se manter a variável controlada no valor desejado. Pode ser qualquer variável do processo que cause variação rápida na variável controlada e que seja de fácil manipulação. Para o aquecedor mostrado pela figura a seguir, a variável manipulada pelo con- trolador será a vazão de vapor. Agente de controle Agente de controle é a energia ou o material do processo em que a variável manipulada é uma condição ou característica. No trocador de calor, o agente de controle é o vapor, pois a variável manipulada é a vazão de vapor. Malha de controle Quando se fala em controle, deve-se, necessariamente, subentender a medição de uma variável qualquer do processo e sua atuação no sentido de mantê-la constante; isto é, a informação recebida pelo controlador é comparada com um valor preestabelecido (set point). Verifica-se a diferença entre ambos e age-se para diminuir ao máximo essa diferença. Essa sequência de operações – medir a variável, comparar com o valor predeter- minado e atuar no sistema de modo a minimizar a diferença entre a medida e o set point – é denominada malha de controle. Água fria Sensor de temperatura Vapor Controlador Água aquecida Condensado Válvula de controle FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 15 Na ilustração do trocador de calor, a informação acerca da temperatura do fluido da água aquecida (fluido de saída) acarreta uma mudança no valor da variável do processo – no caso, a entrada de vapor. Se a temperatura da água aquecida estiver com valor abaixo do valor do set point, a válvula se abre, aumentando a vazão de vapor para aquecer a água. Já se a temperatura da água estiver com um valor acima do set point, a válvula se fecha, diminuindo a vazão de vapor para esfriar a água. Em sistemas de malha fechada, o controle de processo pode ser efetuado e com- pensado antes ou depois de afetar a variável controlada, supondo-se que no sistema apresentado como exemplo a variável controlada seja a temperatura de saída da água. Se o controle for efetuado após o sistema ter afetado a variável (ter ocorrido um distúrbio), o controle é do tipo feed-back, ou realimentado. Para poder controlar automaticamente um processo é necessário saber como ele se comporta, fornecendo ou retirando dele alguma forma de energia como, por exemplo, pressão ou calor. Pode-se medir e comparar grandezas por instrumen- tação por meio de sensores, transmissores, controladores, indicadores e sistemas digitais de aquisição de dados e controle, entre outros. Automação de processos de manufatura Processos de manufatura, ao contrário de processos contínuos, são aqueles em que o produto é manipulado direta ou indiretamente. São processos caracteriza- dos por máquinas e sistemas sequenciais encontrados tipicamente na indústria automobilística, eletroeletrônica, alimentícia, farmacêutica, entre tantas outras. Um sistema automático de manufatura é basicamente composto dos seguintes elementos: • Sensores: medem o desempenho do sistema de automação ou uma proprieda- de particular de algum de seus componentes. Exemplos: sensores de posição, óticos, entre outros. • Controle: utiliza a informação dos sensores para controlar o sequenciamento de uma determinada operação. Os robôs sãoexemplos perfeitos, pois o con- trole de suas posições é determinado por informações de sensores e por uma rotina de sequenciamento, acionando-se um conjunto de motores. Softwares 16 CONCEITOS BÁSICOS DE AUTOMAÇÃO de controle são conjuntos de instruções organizados de forma sequencial na execução de tarefas programadas. • Acionamento: provê o sistema de energia para atingir determinado objetivo. É o caso dos motores elétricos, servoválvulas, pistões hidráulicos etc. Na automação da manufatura, o processo (ou as máquina) é controlado eletro- nicamente, quase sem intervenção humana. Não se pode, entretanto confundir automação com mecanização, que consiste, simplesmente, no uso de máquinas para realizar um trabalho repetitivo, substituindo, assim, o esforço físico do ho- mem. A automação, por outro lado, possibilita fazer um trabalho por meio de máquinas controladas automaticamente, capazes de se regularem sozinhas, como robôs, máquinas de comando numérico computadorizado (CNC) e sistemas integrados de desenho e manufatura (CAD/CAM). 2. Instrumentação Classes e sistemas de instrumentação Terminologia Classes e sistemas de instrumentação Podemos classificar os instrumentos e dispositivos utilizados em instrumentação de acordo com a função que estes desempenham no processo (instrumentos de painel, campo, à prova de explosão, poeira, líquido etc.). Combinações dessas classificações são efetuadas formando instrumentos con- forme a necessidade. Instrumentos receptores São instrumentos que recebem sinais padronizados de instrumentação prove- nientes de transmissores em geral. Indicador Instrumento que dispõe de ponteiro e de escala graduada, na qual podemos ler o valor da variável. Os indicadores digitais indicam a variável em forma numérica, em dígitos ou em barras gráficas. 18 INSTRUMENTAÇÃO Registrador Instrumento que registra a variável (ou as variáveis) por meio de um traço con- tínuo ou de pontos em um gráfico. Transmissor Mede o valor de uma variável no processo a partir de um elemento primário (que pode estar incorporado ou não) e produz sinal de saída (pneumático, eletrônico ou digital) proporcional. Exemplos a. Transmissor pneumático de nível. b. Transmissor eletrônico de temperatura. Conversor Instrumento que recebe um sinal em padrão industrial de grandeza física e o converte em um sinal de outra grandeza, proporcionalmente. Exemplos a. I/P – Converte sinal de corrente em pressão. b. E/I – Converte sinal de tensão em corrente. Controlador Instrumento que compara a variável controlada com um valor desejado e fornece um sinal de saída a fim de manter a variável controlada em um valor específico ou entre valores determinados. A variável pode ser medida diretamente pelo con- trolador ou indiretamente, por meio do sinal de um transmissor ou transdutor. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 19 Tipos de controlador quanto ao processamento do sinal: a. Analógico pneumático. b. Analógico eletrônico. c. Digital. Tipos de controlador quanto ao número de variáveis controladas: a. Controlador single-loop: controla uma única variável. b. Controlador multi-loop: controla mais de uma variável simultaneamente. Possui diversos blocos de controle, que são interligados internamente por meio de programação (configuração), conforme as necessidades do usuário. Elemento final de controle Instrumento que atua diretamente sobre a variável manipulada, alterando seu valor. Exemplos a. Válvulas de controle. b. Reguladores de velocidade. Controlador programável (CLP) Possui uma memória programável para o armazenamento interno de instruções específicas, tais como lógica, sequenciamento, temporização, contagem e arit- mética, para controlar, por meio de módulos de entradas e saídas, vários tipos de máquinas e processos. 20 INSTRUMENTAÇÃO Sistema digital de controle distribuído (SDCD) É um sistema que possui ligações de estações de controle local a um computador com monitor de vídeo, teclado, impressora e traçador de gráficos, permitindo a visualização e monitoração de todas as informações do processo. Sistema supervisório É um sistema que recebe informações de diversos devices (instrumentos), com possibilidade de monitorar, controlar, manter e operar uma planta industrial. Incorpora funções de controle supervisório, como comando de atuadores de campo, monitoração de dados de processo, controle contínuo, controle em ba- teladas e controle estatístico, além de alarmes de condições e estado de variáveis de processo, emissão de relatórios e aquisição de dados. Acessórios de instrumentação São instrumentos que auxiliam o bom funcionamento de um instrumento, malha ou sistema de controle, além do controle do processo em geral. Chaves São instrumentos que detectam a variável do processo em um ponto pré-ajustado e mudam o estado de um interruptor, possibilitando a energização ou desenergi- zação de um circuito elétrico, eletrônico ou digital. Podem ser utilizados como alarme, segurança e controle. Exemplos a. Chaves de pressão (pressostatos). b. Chaves de temperatura (termostatos). c. Chaves de nível. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 21 Válvulas on-off São utilizadas para bloquear ou liberar a passagem de fluidos. Podem ser utilizadas em controles e sistemas de segurança; o exemplo mais comum é a válvula solenoide. Visores de nível Auxiliam a operação do processo por meio da visualização do nível de tanques. Válvulas reguladoras de pressão São utilizadas para reduzir e manter uma determinada pressão constante. São utilizadas frequentemente para alimentação de instrumentos pneumáticos. Válvulas de segurança e alívio São utilizadas para proteção de equipamentos sujeitos à elevação de pressão, como caldeiras e reatores. O aumento da pressão liberta o excesso de carga para a atmosfera ou para outro reservatório. Sistemas de alarme e segurança Os sistemas de alarme e segurança englobam os anunciadores de alarme e os sensores instalados para detectar irregularidades nos processos. Os anunciadores de alarme identificam anormalidades e alertam o operador por meio de sons ou luzes intermitentes. Estes sistemas são utilizados para qualquer tipo de variável, basta que um ele- mento sensor apropriado seja utilizado. Terminologia Os instrumentos de controle empregados na indústria de processos têm sua própria terminologia. Os termos utilizados definem as características próprias 22 INSTRUMENTAÇÃO de medida e controle dos diversos instrumentos utilizados: indicadores, regis- tradores, controladores, transmissores e válvulas de controle. A terminologia utilizada é padronizada entre fabricantes, usuários e organismos que intervêm direta ou indiretamente no campo da instrumentação industrial. Faixa de medida (range) É o conjunto de valores da variável de medida compreendido dentro do limite su- perior e inferior ou de transmissão do instrumento. Expressa-se determinando-se os valores extremos, por exemplo: 100 °C a 500 °C; 0 psi a 20 psi; 4 mA a 20 mA. Alcance (span) É a diferença algébrica entre o valor superior e inferior da faixa de medida do instrumento. Por exemplo, um instrumento com range de 100 °C a 500 °C possui span = 400 °C. Erro É a diferença entre o valor lido ou transmitido pelo instrumento em relação ao valor real da variável medida. Se tivermos o processo em regime permanente, chamaremos de erro estático, que poderá ser positivo ou negativo. Quando a variável mudar de valor, teremos um atraso na transferência de energia do meio para o medidor. O valor medido estará, geralmente, atrasado em relação ao valor real da variável. Essa diferença momentânea entre o valor real e o valor medido é chamada de erro dinâmico. Exatidão Pode ser definida como o maior valor de erro estático que um instrumento possa ter ao longo de sua faixa de trabalho. Ainda, pode-sedefinir “exatidão” como o grau de concordância entre o resultado de uma medição e o valor verdadeiro do mensurando. A exatidão pode ser expressa dediversas maneiras: FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 23 a. Em porcentagem do alcance (span). Um instrumento com range de 50 °C a 150 °C está indicando 80 °C; sua exatidão é de ± 0,5% do span. Sendo ± 0,5% = ± 0,5 100 = ± 0,005 e o span = 100 °C, teremos: 0,005 ? 100 = ± 0,5 °C. Portanto, a temperatura está entre 79,5 °C e 80,5 °C. b. Em unidades da variável. Um instrumento com range 0 psi a 200 psi e exatidão de ± 0,5 psi indicando 80 psi terá o valor correto entre 79,5 psi a 80,5 psi. c. Em porcentagem do valor medido. Um instrumento com range de 50 °C a 150 °C está indicando 80 °C e sua exa- tidão é de ± 0,5% do valor medido. Sendo ± 0,5% = ± 0,005 e o valor medido = 80 °C, teremos 0,005 ? 80 = ± 0,4 °C. Portanto, a temperatura estará entre 79,6 °C e 80,4 °C. d. Com variação ao longo da escala. Neste caso, o fabricante indica o valor da exatidão em algumas faixas da escala do instrumento. Por exêmplo, um manômetro pode ter exatidão de ± 1% em todo o seu range e na faixa central possuir exatidão de ± 0,5% do span. Zona morta É a máxima variação que a variável pode ter sem provocar alterações na indicação ou no sinal de saída de um instrumento ou em valores absolutos do seu range. Exemplo Um instrumento com range de 0 °C a 200 °C possui uma zona morta de ± 0,1% do span. A zona morta do instrumento pode ser calculada da seguinte forma: Sendo ± 0,1% = ± 0,1 100 = ± 0,001, teremos: 0,001 ? 200 = ± 0,2 °C. Portanto, se a variável de processo variar 0,2 °C, o instrumento não apresentará resposta alguma. 24 INSTRUMENTAÇÃO Histerese É a diferença máxima apresentada por um instrumento para um mesmo valor, em qualquer ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a escala no sentido ascendente e descendente. É expressa em porcentagem do span. Exemplo Durante a calibração de um determinado instrumento com range de 0 °C a 200 °C, foi levantada a curva dos valores indicados, conforme mostra a Figura 1. A diferença entre 120,2 °C e 119,8 °C representa o erro de histerese correspondente a 0,2% do span. Pode-se observar que o conceito de zona morta está incluído na histerese. Indicação 200 200 120,2 120 119,8 0 Característica descendente Característica ascendente Diferença máxima Sinal gerado °C °C Figura 1 – Curva característica do erro de histerese. Repetibilidade É a máxima diferença entre diversas medidas de um mesmo valor da variável, adotando sempre o mesmo sentido de variação. Expressa-se em porcentagem do span. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 25 Exemplo Um instrumento com range de 0 l/min a 1000 l/min, com repetibilidade de ± 0,1% do span, com exatidão de ± 1% do span, com uma vazão real na primeira passagem ascendente de 750 l/min e com o instrumento indicando 753 l/min, em uma segunda passagem ascendente com vazão real de 750 l/min, indicará 752 ± 1 l/min, conforme mostra a Figura 2, a seguir: Leitura l/min l/min 1000 1000 753 750 752 0 0 Máximo erro de repetibilidade Repetibilidade = ± 1 l/min ± 0,1 % do span Erro de repetibilidade Vazão real Figura 2 – Curva característica do erro de repetibilidade. Resolução É a menor diferença significativamente percebida entre indicações de um dispo- sitivo mostrador. Por exemplo, se um instrumento possuir escala onde o menor valor corresponda a 1 °C, sua resolução será de 1 °C. Ajuste Operação destinada a fazer com que um instrumento de medição tenha desem- penho compatível com a sua utilização. 26 INSTRUMENTAÇÃO Calibração Conjunto de operações que estabelece, sob condições específicas, a relação entre os valores indicados por um instrumento, ou sistema de medição, ou valores representados por uma medida materializada, ou material de referência com os valores correspondentes às grandezas estabelecidas por padrões. Incerteza de medição O resultado de uma medição é apenas uma estimativa do valor do mensurando. Sendo assim, a expressão que representará o valor de tal mensurando deverá in- cluir a incerteza de medição, que é um parâmetro que caracteriza o intervalo no qual estão os valores que poderão ser razoavelmente atribuídos ao mensurando dentro de uma determinada probabilidade. É também a indicação quantitativa da qualidade dos resultados da medição, sem a qual estes não poderiam ser com- parados com os valores de referência especificados ou com um padrão. Erro combinado É o desvio máximo entre a reta de referência e a curva de medição, incluindo os efeitos de não linearidade, histerese e repetibilidade. É expresso em porcentagem do sinal de saída nominal. Padrão Medida materializada, instrumento de medição, material de referência ou sis- tema de medição destinados a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como referência. Identificação e simbologia de instrumentação As normas de instrumentação ISA S5.1, 5.2, 5.3 e 5.4, de 1992, estabelecem sím- bolos, gráficos e codificações para identificação alfanumérica de instrumentos ou funções programadas que deverão ser utilizados nos diagramas e malhas de controle de projetos de instrumentação. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 27 Identificação de instrumentação De acordo com a norma preestabelecida, cada instrumento (ou função progra- mada) será identificado por um conjunto de letras – que o classifica funcional- mente –, e um conjunto de algarismos, que indica a malha à qual o instrumento ou função programada pertence. Eventualmente, para completar a identificação, um sufixo poderá ser acrescido. O quadro a seguir mostra um exemplo de instrumento identificado de acordo com a norma preestabelecida. Identificação do instrumento: PRC 00102ª P RC 001 02 A Variável Função Área da atividade nº sequencial S U F I X O Identificação funcional Identificação da malha de controle Onde: P: variável medida – pressão; R: função passiva ou de informação – registrador; C: função ativa ou de saída – controlador; 001: área de atividade onde o instrumento atua; 02: número sequencial da malha de controle; A: sufixo. A identificação funcional é formada por um conjunto de letras cujo significado é dado, anteriormente, no quadro. São letras que identificam qual é o tipo de medição ou indicação que se está efetuando. A primeira letra identifica a variável medida. Assim, um controle de temperatura se inicia com a letra “T”, o mesmo para pressão, “P”. As letras subsequentes identificam as funções do instrumento ou, ainda, fazem o papel de letras modificadoras, pois modificam seu nome original. Por exemplo, 28 INSTRUMENTAÇÃO um TE tem a primeira letra (T), que identifica a variável “temperatura”, e a se- gunda, (E), chamada de subsequente, identifica um elemento primário, que pode ser um sensor de temperatura, seja PT-100 ou termopar ou outro princípio de medição de temperatura. Outro exemplo: um FI (indicador de vazão) tem como primeira letra a variável vazão (F) e como segunda a função indicador (I). Ao se acrescentar a letra Q, esta modificará o nome original do FI, pois acrescenta ao instrumento um dispositivo de totalização, alterando a identificação funcional, que passará a ser FQI. A identificação funcional é estabelecida de acordo com a função do instrumento e não de acordo com sua construção. Um registrador de pressão diferencial, quando usado para registrar a vazão, é identificado por FR. Se um indicador de pressão ou um pressostato for conectado a um tanque onde se deseja indicar o nível e o alarme de nível, serão identificados com LI e LS, respectivamente. A primeira letra da identificação funcional é selecionada de acordo com a variá- vel medida e não com a variável manipulada. A variável manipulada é a variável controlada pela variável medida; logo, uma válvula de controle comandada por um controlador de nível, que altera a vazão para controlar um nível, é identifi- cada como LV, e não como FV. As letras subsequentes identificam as funções do instrumento, podendo ser: • Funçõespassivas – elemento primário, orifício de restrição, poço. • Funções de informação – indicador, registrador, visor. • Funções ativas ou de saída – controlador, transmissor, chave e outros. • Funções modificadoras – alarmes ou indicação de instrumento multifunção. As letras subsequentes usadas como modificadoras podem atuar ou comple- mentar o significado da letra precedente. A letra modificadora altera a primeira ou uma das subsequentes. No caso de LILL, deve-se explicar que o instrumento estava indicando um nível muito baixo. Então, utilizou-se uma quarta letra, um “L”, de low. Se o instrumento indicasse apenas um alarme de nível baixo, teríamos LIL. É possível que uma quarta letra seja incluída na identificação intencional do instrumento, sendo que esta opção deve ser utilizada apenas em casos de extrema necessidade. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 29 A sequência de formação da identificação intencional de um instrumento é dada pela posição das letras. A primeira deve sempre indicar a variável medida. Veja a coluna “Variável medida ou inicial”, na tabela a seguir. Se a primeira letra possuir sua função modificada, veja a coluna “Letra de modificação”. As letras subsequentes indicam as funções do instrumento na seguinte ordem: a. Letras que designam funções passivas ou de informação: veja a coluna “Fun- ção de leitura ou passiva” na tabela a seguir. b. Letras que designam funções ativas ou saídas: veja a coluna “Função de saída ou final”. c. Letras que modificam a função do instrumento ou que funcionam como complemento de explicação de função: veja a coluna “Letra de modificação” dentro da coluna de letras subsequentes. Se houver letras de modificação, estas devem ser colocadas imediatamente após a letra que as modificam. A identificação funcional deve ser composta de, no máximo, três letras. Uma quarta letra somente será permitida no caso da extrema necessidade de se expli- car completamente qual é a função do instrumento: a. para instrumentos mais complexos, as letras podem ser divididas em subgrupos; b. no caso de um instrumento com indicação e registro da mesma variável, a letra I pode ser omitida. Um instrumento complexo, com diversas medições ou funções, pode ser designa- do por mais de uma identificação funcional. Assim, um transmissor registrador de razão de vazões, com uma chave atuada pela razão, em fluxogramas, pode ser identificado por dois círculos tangenciais, contendo as identificações FFRT e FFS. Em outros documentos, onde são usados símbolos gráficos, o instrumento pode ser identificado por FFRT/FFS. Todas as letras da identificação funcional devem ser grafadas em caixa alta. 30 INSTRUMENTAÇÃO A tabela a seguir é a transcrição original da norma ISA – S5.1. 1ª Letra Letras subsequentes Letra Variávelmedida Letra de modificação Função de leitura passiva Função de saída ou final Letra de modificação A Analisador (4) Alarme B Queimador(chama) Indefinida Indefinida Indefinida C Condutibilidade elétrica Controlador D Densidade ou peso específico Diferencial (3) E Tensão (Fem) Elemento primário F Vazão Razão (3) G Medida dimensional Visor (7) H Comando manual Alto (5, 11, 12) I Corrente elétrica Indicação ou indicador J Potência Varredura K Tempo ou programa Estação de controle L Nível Lâmpada piloto Baixo (5, 11, 12) M Umidade Médio (5, 11, 12) O Orifício restrição (8) P Pressão Ponto de teste Q Quantidade Integração (3) R Radioatividade Registrador S Velocidade ou frequência Segurança (6) Chave ou Interruptor T Temperatura Transmissor U Multivariáveis (1) Multifunção Multifunção Multifunção (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 31 1ª Letra Letras subsequentes Letra Variávelmedida Letra de modificação Função de leitura passiva Função de saída ou final Letra de modificação V Viscosidade Válvula W Peso ou força Poço X (2) Não classificada Não classificada Não classificada Y Relê ou computador (9,10) Z Posição Elemento final de controle Notas da tabela (1) O uso da letra “U” no lugar de uma combinação de letras para variáveis ou instrumentos que executam multifunção é opcional. (2) A letra não classificada “X” é própria para indicar variáveis que serão usadas somente uma vez. Se usada como primeira letra, a variável poderá ter qualquer significado; como segunda letra, a função poderá ter qualquer significado. Por exemplo, um XR pode ser um registrador de amplitude, um TX pode ser um P/I ou um I/P montado no corpo de uma válvula de controle de temperatura ou no campo. Outro exemplo, um XR pode ser um registrador de tensão mecânica etc. (3) Qualquer primeira letra, se usada em combinação com as letras modificado- ras “D” (diferencial), “F” (vazão) ou “Q” (totalização ou integração), ou qualquer combinação delas, representará uma nova variável medida e a combinação será tratada como primeira letra. (4) A primeira letra “A” para análise cobre todas as análises não listadas na tabela. Cada tipo de análise deverá ser definida fora do seu círculo de identificação. No fluxograma, símbolos tradicionalmente conhecidos como pH, 02 e CO têm sido usados opcionalmente no lugar da primeira letra “A”. Como exemplo, podemos citar um AT, ou seja, um analisador de concentração de ácido, que pode ser simbolizado como mostra a figura a seguir: 32 INSTRUMENTAÇÃO HLC % AT 12 305 (5) O uso dos termos modificadores alto, baixo, médio (intermediário) e varredura é preferido, porém, opcional. Esses termos são utilizados para explicar se a variável apre- senta uma determinada condição de alarme, como, por exemplo, um TAL, instrumento que indica um alarme baixo de temperatura. Note que a letra “A” funciona como letra de função passiva, pois na realidade o instrumento pode ser um simples indicador de temperatura, onde a indicação não é importante; caso contrário, sua representação seria TIAL (indicador de temperatura com alarme de temperatura baixa). (6) O termo segurança será aplicado somente para elementos primários de pro- teção de emergência. Então, uma válvula auto-operada que previne a operação de um sistema acima da pressão desejada, aliviando a pressão, será uma PCV, mesmo que a válvula não opere continuamente, ou seja, uma válvula proporcio- nal. Entretanto, essa válvula receberá a representação de PSV se for usada para proteger o sistema contra condições de emergência, isto é, condições inesperadas que coloquem em risco o pessoal e o equipamento. A designação “PSV” se aplica para todas as condições de emergência em termos de pressão ou temperatura “TSV”, não importando a construção e o modo de operação da válvula de alívio (válvula de segurança) ou qualquer outra. É comum a designação “PV, TV ou LV” ser encontrada para válvulas propor- cionais ou de outro tipo que estão efetuando controle da variável manipulada. “PCV, TCV ou LCV” são indicadas quando as válvulas são autocontroladas, auto-operadas ou autopilotadas. (7) A função passiva “Visor” aplica-se a instrumentos que indicam a variável diretamente e que normalmente não possuem escala. Por exemplo, visores ou tubos de vidro acoplados a tanques para indicar a existência de fluido interno. (8) A letra “O” é usada precedida da letra “F”, significando orifício de restrição, independente da finalidade a que se destina, que é reduzir pressão ou limitar vazão. O orifício de restrição não é usado para medição. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 33 (9) Dependendo da aplicação, um dispositivo que conecta, desconecta ou trans- fere um ou mais circuitos pode ser uma chave, um relê ou um controlador de duas posições. (10) As funções associadas ao uso da letra subsequente “Y” devem ser definidas fora do círculo de identificação. Este procedimento não é necessário quando a função for evidente, tal como uma válvula solenoide em uma linha de sinal. A letra “Y” que consta na tabela – coluna “Letras subsequentes de saída ou função final” – refere-se a relês ou a funções de computação, ou seja,funções lógi- cas E, OU etc.; funções diversas, como “multiplicação/divisão/soma/subtração/ extração de raiz quadrada etc.” ou, ainda, a funções matemáticas especiais. É importante notar que essas funções devem ser representadas fora do círculo de identificação do instrumento. (11) O uso dos termos modificadores de alto, baixo e médio corresponde a valores das variáveis medidas e não dos sinais. Como abordado anteriormente, são muito frequentes para indicar o parâmetro de alarmes de uma variável. Como exemplo, pode-se citar que um alarme de nível alto atuado pelo sinal de um transmissor de nível será um LAH. (12) Os termos alto e baixo, aplicados às posições de válvulas, são definidos como: a. Alto: denota que a válvula está ou aproxima-se da posição totalmente aberta. b. Baixo: denota que a válvula está ou aproxima-se da posição totalmente fechada. Essa notação (alto – baixo) não é comumente utilizada para válvulas proporcio- nais, porém, no caso de válvulas On/Off que possuam sensores de proximidade, quando for desejado que indique que atingirão a posição “Aberta” ou “Fechada”, a utilização dessa notação pode ser possível. Exemplos de identificação funcional de instrumentos O objetivo é dar alguns exemplos sucintos de formação da identificação funcional de instrumentos. Esta identificação é muito importante, pois descreve qual é a variável que está sendo medida, qual é o tipo de instrumento e qual recurso está sendo utilizado. 34 INSTRUMENTAÇÃO a) Indicadores e registradores PI = Indicador de pressão. “P” é a variável medida (pressão) e “I” é a função de informação ou função pas- siva. Neste caso, pode-se ter vários tipos de instrumentos, desde um manômetro mecânico até instrumentos eletrônicos sofisticados. Note que ao indicar PI em um fluxograma, a intenção é descrever que naquele determinado ponto deseja-se somente indicar a pressão, independentemente do tipo de instrumento utilizado. LI = Indicador de nível. SI = Indicador de velocidade. MR = Indicador de umidade. AIR = Registrador indicador de condutividade, ou pH, ou O2 etc. b) Controladores PIC = Indicador controlador de pressão. Neste caso, a função final é o controle de uma malha, portanto, a letra “C” da coluna “Função de saída ou final” e a letra “I” somente uma função passiva mencionando que o instrumento também está indicando, de alguma forma, a variável “P” de pressão. FIC = Controlador indicador de vazão. JRC = Controlador registrador de potência. SC = Controlador de velocidade. BC = Controlador de queima ou combustão (queimadores de caldeiras, fornos ou outros). FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 35 c) Alarmes LAH = Alarme de nível alto. Neste exemplo, a letra “A” define a função de informação, indicando que o ins- trumento está sendo utilizado para um alarme. A letra modificadora “H” com- plementa esta informação, indicando o parâmetro do alarme, no caso, nível alto. TAH = Alarme de temperatura alta. SAL = Alarme de velocidade baixa. WAL = Alarme de peso baixo. d) Válvulas HV = Válvula de controle manual. A letra “V” indica a função final e a letra “H” indica a variável inicial. Note que, neste caso, esta válvula não é proporcional. LCV = Válvula de controle de nível auto-operada. Neste exemplo, a letra “C” pode estar indicando que a válvula é auto-operada. LV = Válvula de nível. Geralmente, esta notação determina que se trata de uma válvula de controle proporcional. É importante notar que a primeira letra sempre indica a variável medida, e não a variável que está sendo manipulada. 36 INSTRUMENTAÇÃO Simbologia de instrumentação Localização Painel principal Campo Painel auxiliar Painel principal (atrás) Instrumentos discretos Instrumentos compartilhados Computadores de processo Controladores digitais Funções de processamento de sinais Símbolo Nome do relê Símbolo Nome do relê Σ ou + Somador x Multiplicador Σ/M Calculador de média ÷ Divisor Δ ou – Subtrator √ Extrator de raiz quadrada K ou P Proporcional n√ Extrator de raiz ∫ ou I Integrador X n Exponencial d/dt ou D Derivativo f (a) Função não linear > Seletor de sinal alto < Seletor de sinal baixo ± Polarizador I / P Conversor de sinal Identificação dos conversores de sinais I P E mV A D Corrente Pressão Tensão Milivoltagem (FEM) Analógico Digital FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 37 Sinais de transmissão e conexões de processo Conexão a processo ou ligação mecânica, ou alimentação de instrumentos. Sinal pneumático. Sinal elétrico. Tubo capilar. Sinal eletromagnético. Ligação configurada internamente ao sistema (ligação por software). 3. Medição de pressão Conceitos de pressão Unidades de pressão Tabela de conversão de unidades de pressão Escalas de pressão Tipos de pressão Medidores de pressão Medição de pressão é uma das variáveis medidas mais importantes em controle de processos, pois medidas de vazão, nível e densidade podem ser feitas utili- zando-se esse princípio. Conceitos de pressão Pressão é definida como uma força que atua sobre uma superfície. P = F A Onde: P = pressão; F = força; A = área. Pressões podem ser desenvolvidas por expansão de gases e vapores ou por ele- vação de colunas líquidas. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 39 Unidades de pressão A unidade de força no Sistema Internacional é o Newton (N); a unidade de área é o m2 e a unidade de pressão é o Pascal (Pa). Assim, 1 Pa equivale à força de 1N aplicada sobre uma superfície com área de 1 m2. Pa = N m2 Outra unidade de pressão conhecida é o bar, que equivale à força aplicada de 106 dinas sobre superfície de 1 cm2: bar = 10 6 dina cm2 A relação entre bar e Pa é a seguinte: 1bar = 100.000 Pa ou 100 kPa A pressão pode também ser medida pela altura de uma coluna de líquido neces- sária para equilibrar a pressão aplicada. Dessa forma, podemos ter: • mmHg (milímetros de mercúrio); • cmHg (centímetros de mercúrio); • inHg (polegadas de mercúrio); • péHg (pés de mercúrio); • mmca (milímetros de coluna de água); • mca (metros de coluna de água); • inca (polegadas de coluna de água). 40 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Ta be la d e co nv er sã o de u ni da de s d e pr es sã o Pa ra → D e ↓ Pa K pa m ca (4 °C ) m m ca (4 °C ) in ca (4 °C ) B ar m m H g (0 °C ) in H g (0 °C ) A tm ps i kg f/ cm ² Pa 1 0, 00 1 1, 01 97 2 ? 1 0– 4 0, 10 19 72 4, 01 46 3 ? 10 –3 10 –5 7, 50 06 3 ? 10 –3 2, 95 3 ? 10 –4 9, 86 92 3 ? 10 –6 1, 45 03 8 ? 10 –4 1, 01 97 21 0– 5 Kp a 10 00 1 0, 10 19 72 10 1, 97 2 4, 01 86 4 0, 01 7, 50 06 3 0, 29 52 9 9, 86 92 5 ? 10 –3 0, 14 50 38 0, 01 01 97 m ca (4 °C ) 98 06 ,6 5 9, 80 66 5 1 10 3 39 ,3 7 0, 09 79 7 73 ,4 82 2, 89 48 0, 09 66 9 1, 42 24 7 9, 98 98 ? 1 0– 2 m m ca (4 °C ) 9, 80 66 5 9, 80 66 ? 1 0– 3 10 –3 1 39 ,3 7 ? 10 –3 9, 79 7 ? 10 –5 0, 07 34 82 2, 89 5 ? 10 –3 9, 67 ? 1 0– 5 1, 42 24 7 ? 10 –3 9, 98 98 ? 1 0– 5 In ca (4 °C ) 24 9, 08 9 0, 24 88 4 0, 02 54 25 ,4 1 0, 00 24 88 1, 86 64 5 0, 07 34 8 0, 00 24 55 8 0, 03 60 91 0, 00 25 37 Ba r 10 00 00 10 0 10 ,2 07 10 20 7 40 1, 86 4 1 75 0, 06 3 29 ,5 29 98 0, 98 69 2 14 ,5 03 78 1, 01 97 1 m m H g (0 °C ) 13 3, 32 2 0, 13 33 22 0, 01 36 08 7 13 ,6 0, 53 57 7 1, 33 32 2 ? 10 –3 1 0, 03 93 7 1, 31 57 8 ? 10 –3 0, 01 93 36 7 1, 35 95 ? 1 0– 3 In H g (0 °C ) 33 86 ,3 8 3, 38 63 8 0, 34 54 5 34 5, 45 13 ,6 09 3, 38 63 89 ? 1 0– 2 25 ,4 1 3, 34 2 ? 10 –2 0, 49 11 5 3, 45 3 ? 10 –2 At m 10 13 25 10 1, 32 5 10 ,3 42 10 34 2 40 7, 18 93 1, 01 32 5 76 0 29 ,9 21 25 1 14 ,6 95 9 1, 03 32 27 Ps i 68 94 ,7 5 6, 89 47 57 0, 70 3 70 3 27 ,7 07 59 0, 06 89 47 5 51 ,7 15 93 2, 03 60 2 0, 06 80 46 1 0, 07 03 07 kg f/c m ² 98 06 6, 5 98 ,0 66 5 10 ,0 10 21 10 01 0,02 1 39 4, 09 45 9 0, 98 06 65 73 5, 55 92 28 ,9 59 02 0, 96 78 41 14 ,2 23 34 1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 41 Exemplos 1 kPa = 101,972 mmca = 0,145038 psi. 1 psi = 51,71593 mmHg = 0,070307 kgf/cm2. Escalas de pressão Pressão atmosférica É a pressão exercida pela atmosfera terrestre devido ao peso da camada de ga- ses que envolvem a Terra até uma altitude de 50 km. É medida pelo barômetro. Ao nível do mar a pressão é, aproximadamente, de 760 mmHg. Pressão relativa É a pressão medida tomando-se a pressão atmosférica como unidade de referên- cia. A pressão relativa positiva é também chamada de pressão efetiva enquanto a pressão relativa negativa é chamada de vácuo. Os manômetros medem pressão relativa positiva e os vacuômetros medem pressão relativa negativa. Pressão absoluta É a pressão medida a partir do vácuo absoluto. É a soma da pressão relativa e da pressão atmosférica. Para distinguir a pressão absoluta dos outros tipos de pressão é acrescentado, após a unidade, o índice “a”. Ao se exprimir um valor de pressão, determina-se se a pressão é absoluta ou relativa. Exemplo 3 psia (pressão absoluta). 4 kgf/cm2 (pressão relativa). 42 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Veja o diagrama comparativo das escalas: Pressão absoluta Pressão relativa Pressão atmosférica Vácuo absoluto Pressão absoluta Vácuo A pressão absoluta é a soma da pressão relativa com uma pressão equivalente a 1 atm, ou seja: Pabs = Prel + 1 atm Exemplo 54,697 psia = 40 psi + 14,697 psi, pois 1 atm = 14,697 psi. Tipos de pressão Pressão estática É a pressão exercida por um fluido em repouso (ou em movimento, desde que a tomada de pressão seja perpendicular ao escoamento). Pressão dinâmica ou cinética É a pressão exercida por um fluido em movimento. É medida fazendo a tomada de impulso de forma que recebe o impacto do fluxo. Pressão diferencial É a diferença entre duas pressões, sendo representada pelo símbolo ΔP (delta P). Essa diferença de pressão é utilizada normalmente para medir vazão, nível, pres- são e densidade. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 43 Peso específico e densidade Peso específico é a característica do fluido que relaciona o peso por unidade de volume. γ = W V Onde: γ = peso específico do fluido; W = peso do fluido; V= volume do fluido. Uma das formas mais comuns de se expressar o peso específico é utilizando a unidade kgf/m3. Como exemplo, temos o peso específico da água que vale 1.000 kgf/m3, ou seja, um metro cúbico de água pesa 1.000 kgf. Outra forma de expressar o peso específico é em gf/cm3. Tomando o mesmo exemplo da água, seu peso específico será de 1,0 gf/cm3, ou seja, 1 cm3 de água pesa 1 grama-força. Densidade relativa é a relação entre o peso específico de um fluido com o peso específico da água (para os líquidos) e do ar (para os gases). δlíquido = γlíquido γH20 e δgás = gás δar Exemplos: a. A densidade do mercúrio é 13,6, pois δmercúrio = 13600 kgf/m3 (peso específico do mercúrio) 1000 kgf/m3 (peso específico da água) . b. A densidade da amônia (em gás) é de 0,56, pois δamônia = 0,724 kgf/m3 (peso específico da amônia a 0 °C e 760 mmHg) 1,293 kgf/m3 (peso específico do ar a 0 °C e 760 mmHg) . Teorema de Stevin A diferença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto do peso específico do fluido pela diferença de cota entre os dois ponto”. p = γ ? h 44 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Todos os pontos situados na profundidade “h”, em um recipiente, estão submeti- dos à igual pressão. Temos, então, planos paralelos na superfície livre do líquido, cujos pontos têm a mesma pressão. Consideremos os tanques a seguir cheios de água. O volume do tanque A será de 2 m3; do tanque B, 1 m3; e do tanque C, 4 m3. 0,5 m 0,5 m 1 m 2 m 1 m 2 m 2 m 2 m 2 m Peso da água no tanque A: ? = 1000 kgf m 2 m 2000 kgf3 3 . Peso da água no tanque B: ? = 1000 kgf m 1 m 1000 kgf3 3 . Peso da água no tanque C: ? = 1000 kgf m 4 m 4000 kgf3 3 . Pressão no fundo dos tanques: Tanque A: = =p 2000 kgf 1 m 2000 kgf mA 2 2 Tanque B: = =p 1000 kgf 0,5 m 2000 kgf mB 2 2 Tanque C: = =p 4000 kgf 2 m 2000 kgf mC 2 2 Conclui-se, portanto, que a pressão no fundo dos tanques possui o mesmo valor. A seguir, temos a demonstração matemática do conceito do Teorema de Stevin: Pressão = = força (peso) área W A . (1) Peso (W) = peso específico (γ) ? volume (V) (2) Substituindo (2) em (1): ? P W A V A = = γ (3) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 45 V = área (A) ? altura (h), resultando: = γ ⋅ ⋅ P A h A (4) A pressão no fundo do tanque será dada por: P = γ ? h (5) Conclui-se, portanto, que a pressão no fundo dos tanques possui o mesmo valor e depende somente da altura líquida e do peso específico do líquido. Esta expressão é também chamada de carga de pressão. A aplicação do Teorema de Stevin é muito importante em instrumentação, pois simplifica os cálculos na medição de nível de tanques desconsiderando o formato do mesmo. Uma outra forma de se aplicar o Teorema de Stevin é utilizando a densidade: P = δ ? h, onde δ é a densidade relativa. A unidade de medida de pressão quando se usa essa expressão, no entanto, é a unidade de medida da altura h em coluna de água (ca), independente do líquido ou do valor de sua densidade, ou seja, se h for em metros, a unidade de pressão será metro de coluna de água (mca); se h for em polegadas, a unidade de pressão será polegadas de coluna de água (inca). Princípio de Pascal No século XVII, Pascal elaborou a lei que forma a base da hidráulica moderna: A pressão exercida em qualquer ponto por um líquido em forma estática transmi- te-se integralmente em todas as direções e produz a mesma força em áreas iguais. 46 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Pode-se demonstrar este princípio utilizando uma esfera oca preenchida com líquido e provida de vários orifícios, distribuídos em vários pontos de sua su- perfície. Em um desses orifícios temos, acoplado, um cilindro, dentro do qual podemos deslocar um êmbolo. A pressão desenvolvida pelo êmbolo será trans- mitida integralmente a todos os orifícios e a todas as partes do líquido. Na ilustração a seguir verifica-se que ao aplicarmos uma força de 10 kgf sobre o pistão 1, o pistão 2 levantará um peso de 50 kgf por ter uma área 5 vezes maior do que a área do pistão 1. 2 cm2 10 cm2 50 kgf 10 kgf h1 h2 ? ? = = = P P F A F A A h A h 1 2 1 1 2 2 1 1 2 2 Podemos verificar que o pistão 2 se movimentará cinco vezes mais lentamente do que o pistão 1 em razão da diferença de áreas, embora haja uma amplificação de forças. É no princípio de Pascal que se baseiam as máquinas hidráulicas para calibração de instrumentos utilizados pela instrumentação, macacos hidráulicos, servome- canismos, controles hidráulicos etc. F1 F2 A1 P1 P2 A2 =P F A1 1 1 e =P F A2 2 2 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 47 como P1 = P2, tem-se: = ⋅ = ⋅ F A F A , ou F A F A .1 1 2 2 1 2 2 1. assim, A1 > A2 → F1 > F2. Medidores de pressão Também chamados de manômetros, os medidores utilizam técnicas diversifica- das em medidores com indicação local e em transmissores. Elementos de coluna líquida Consiste, basicamente, em um tubo de vidro que contém certa quantidade de líquido, fixado a uma base com escala graduada. Os líquidos mais utilizados nas colunas são água (normalmente com um corante) e mercúrio. Quando se aplica uma pressão na coluna, o líquido é deslocado, sendo que este deslocamento é proporcional à pressão aplicada. As colunas podem ser, basicamente, de três tipos: coluna reta vertical, reta incli- nada e em forma de “U”. Manômetro de coluna tipo em “U” É constituído por um tubo de material transparente recurvado no formato de “U” e fixado sobre uma escala. O tubo é cheio até a metade por um líquido de densidade relativa conhecida (água, álcool ou mercúrio) denominado fluido manométrico. A leitura é realizada medindo-se a diferença de nível do líquido nos dois ramos. P1 P1 h 48 MEDIÇÃO DEPRESSÃO Coluna reta vertical A utilização da coluna reta vertical é idêntica à do tubo em “U”, sendo a pressão aplicada no ramo de maior diâmetro, enquanto que no ramo de menor diâme- tro ocorre um maior deslocamento do líquido. A leitura é realizada no ramo de menor diâmetro e pode ser em mmH2O, mmHg etc. Coluna reta inclinada O princípio de funcionamento da coluna reta inclinada é idêntico ao da coluna reta vertical, sendo que o tubo de menor diâmetro é inclinado em um certo ângulo, possibilitando um grande deslocamento do líquido no tubo para baixas pressões. Elementos elásticos Baseiam-se na deformação de elementos elásticos na forma de tubo, membrana ou fole para converter a pressão medida em movimento ou força produzindo indicação ou sinal de transmissão proporcional. Área A1 P1 H x Área A2Linha de zero P2 Área A1 P1 Área A2 Linha de zero α FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 49 a) Manômetros de tubo de Bourdon Tubo de Bourdon em C Consiste em um tubo metálico (Bourdon) de paredes finas, achatado (para for- mar uma seção elíptica) e recurvado (para formar um segmento de círculo). Uma extremidade é encontrada adaptada para a ligação com a fonte de pressão. A outra está selada e pode se movimentar livremente. A pressão do tubo atua sobre a seção elíptica, forçando-a a assumir a forma cir- cular, ao mesmo tempo em que o tubo recurvado tende a desenrolar. Por estes movimentos serem muito pequenos, são amplificados (por um dispo- sitivo formado por uma coroa e um pinhão) o suficiente para girar o eixo de um ponteiro em redor de uma escala graduada e calibrada em unidades de pressão. Tipos de tubos de Bourdon Quanto à forma, o tubo de Bourdon pode se apresentar nas seguintes formas: tipo C, espiral e helicoidal. Soquete Pressão Ângulo de deslocamento Braço Pivô Pinhão A A Seção A-A Cubo 50 MEDIÇÃO DE PRESSÃO a) Tipo C b) Tipo espiral c) Tipo helicoidal • Manômetro de Bourdon espiral – Estes manômetros utilizam um tubo de Bourdon achatado formando uma espiral com diversas voltas. Com a pressão aplicada à extremidade aberta, a espiral tende a desenrolar, transmitindo um movimento grande à extremidade livre. Por meio de uma ligação simples, o movimento é transferido ao braço de um ponteiro, não havendo necessidade de coroa e de pinhão, como no caso anterior. • Manômetro de Bourdon helicoidal – É similar ao tipo espiral, sendo que o tubo achatado do Bourdon é enrolado em forma de hélice, com quatro a cinco voltas completas. O Bourdon helicoidal é usado para registradores de temperatura e pressão. Fatores de erro em Bourdon • Temperatura – As variações de temperatura ambiente são responsáveis pela variação na deflexão do tubo de Bourdon. A maioria dos materiais tem seu módulo de elasticidade diminuído com a temperatura. O NI-SPAN é uma exceção, pois possui módulo de elasticidade constante. Existe, portanto, a possibilidade de, para uma mesma pressão, o Bourdon apresentar diferentes deflexões pela simples variação da temperatura ambiente. A correção deste erro é feita por meio de um bimetálico acoplado ao mecanismo. • Pressão atmosférica – O Bourdon pode apresentar erro com a mudança da pressão atmosférica, principalmente quando ocorre a variação da temperatura ambiente. P P P FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 51 Ajuste de manômetros Este método procura descrever os procedimentos básicos para o ajuste (cali- bração) de manômetros de tubo de Bourdon. Esse método é adequado para a maioria dos manômetros encontrados em ambiente industrial e mesmo para outros tipos de instrumentos. No entanto, convém lembrar que os procedimentos para ajuste podem diferir de um fabricante para outro, sendo, então, de grande importância as informações obtidas de manuais, catálogos e com o fabricante do instrumento. É importante notar que o procedimento recomendado pelo fabricante pode ser totalmente diferente do procedimento aqui descrito. Procedimento Basicamente, os manômetros possuem três ajustes: zero, span e linearidade (ou angularidade). O ajuste de zero serve para fazer com que uma pressão correspondente a 0% do span da faixa de trabalho produza uma leitura de 0% do span da faixa de medida. O ajuste de span serve para fazer com que uma pressão correspondente a 100% do span da faixa de trabalho produza uma leitura de 100% do span da faixa de medida. Já o ajuste de angularidade serve para fazer com que um valor de pressão medido entre 0% e 100% da faixa de trabalho corresponda ao valor real de pressão aplicado. Tubo de bourdon Ponteiro Link Setor Pivô Pinhão Mola Ajuste de linearidade Tomada de pressão Mesa Ajuste de span 52 MEDIÇÃO DE PRESSÃO A exatidão obtida no instrumento de medição depende fundamentalmente da exatidão garantida pelo fabricante, das condições das peças do instrumento e do cuidado ao se efetuar o ajuste. Para o ajuste do instrumento devem-se seguir os seguintes passos: 1. Aplicar o valor de pressão de 0% da faixa de trabalho e ajustar o zero do instrumento. 2. Aplicar o valor de 100% da faixa de trabalho e ajustar o span. 3. Reajustar o zero. 4. Reajustar o span. 5. Refazer os passos 3 e 4 até que o zero e o span não saiam mais do ajuste. 6. Após o ajuste de zero e de span, verificar se os valores de 25%, 50% e 75% da faixa de trabalho estão ajustados. Se esses pontos estiverem com um desvio maior do que o recomendado pelo fabricante, deve-se fazer o ajuste de angularidade e repetir todos os passos anteriores. Como referência para o ajuste de angularidade, pode-se ajustar a mesa do ma- nômetro até que o desvio obtido para o valor de 50% do span seja aumentado em cinco vezes. b) Manômetros de diafragma O diafragma é constituído por um disco de material elástico fixado pela borda. Uma haste fixada ao centro do disco está ligada a um mecanismo de indicação. Quando a pressão é aplicada, a membrana se desloca e esse deslocamento é pro- porcional à pressão. O diafragma, geralmente, é ondulado ou corrugado para aumentar sua área efetiva. Sem pressão Com pressão Com vácuo P P FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 53 Os diafragmas podem ser de materiais metálicos ou não metálicos: • Metálicos – Estes diafragmas são feitos de uma chapa metálica lisa ou enru- gada ligada a um ponteiro por meio de haste. O movimento de deflexão do diafragma, causado pela pressão, posiciona um ponteiro indicador ao longo de uma escala de graduação constante. Os diafragmas são feitos de bronze fosforoso, cobre, berílio, latão, aço inoxidável e Monel. • Não Metálicos – São fabricados em couro, teflon, neoprene e polietileno. São empregados para pressões baixas; geralmente, uma mola opõe-se ao movimento do diafragma, cuja deflexão é diretamente proporcional à pressão aplicada. c) Manômetros de fole O fole é também muito empregado na medição de pressão. É, basicamente, um cilindro metálico, corrugado ou sanfonado. • Foles com mola oposta – O instrumento possui um fole metálico e uma mola envolvida por uma câmara também de metal que é conectada à fonte de pres- são. A pressão, agindo pelo lado de fora do fole maior, comprime-o e move a sua extremidade livre contra a oposição da mola. Uma haste ligada ao fole por um disco transmite esse movimento ao braço de um ponteiro indicador ou registrador. • Foles opostos – Este tipo de elemento é usado para medir pressão absoluta. O instrumento possui duas sanfonas, em oposição, em uma só unidade. Um dos foles, aquele que é utilizado como referência, está fechado e sob a pressão de uma atmosfera. O outro está ligado à fonte de pressão. Fole Pressão Escala Mola 54 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Emprego dos elementos elásticos Para assegurar um longo período de trabalho é necessário observar os seguintes itens: • Não ultrapassar 2/3 do valor máximo (quando a pressão medida for constante). • Não ultrapassar 1/2 do valor máximo (quando a pressão medida for variável). • O instrumento deve ser equipado com válvula de bloqueio de 3 vias. • Quando o elemento for submetidoa pressões pulsantes, o mesmo deve ser protegido por um amortecedor de pulsação. Esse amortecedor pode ser uma válvula agulha, que serve também como bloqueio (possibilitando a retirada do instrumento sem parar o processo). • O elemento não deve ser submetido a uma temperatura que não permita o toque da mão sobre a caixa do medidor, evitando seu desgaste prematuro e dos demais componentes do medidor, e garantindo a confiabilidade da cali- bração feita à temperatura ambiente. Para resolver este problema é utilizado um tubo sifão entre o medidor e o processo. • O elemento deve ser isolado de fluidos corrosivos, com sólidos em suspensão, ou com possibilidade de cristalização e solidificação. Para isolar o elemento destes tipos de processo um selo é utilizado; • Quando o processo estiver sujeito à sobrecarga, deve-se proteger o elemento com um limitador de sobrecarga. • Devem ser tomadas precauções especiais quando se trata de medição de pe- tróleo e oxigênio. Para a indústria de petróleo, o tubo de Bourdon não deverá ser soldado com estanho. Para medidas com oxigênio, o elemento deve estar Fole de referência Pressão do processo Escala FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 55 livre de óleo, graxas e outras gorduras, pois existe o risco de explosão. A cali- bração do instrumento pode ser feita com álcool, água ou óleo de silicone. É recomendável que seja gravado na escala do instrumento: petróleo e oxigênio. Classificação de manômetros (pela exatidão) CLASSE EXATIDÃO A4 0,10% da faixa A3 0,25% da faixa A2 0,50% da faixa A1 1,00% da faixa A 1,00% na faixa de 25% a 75% 2% no restante da faixa B 2,00% na faixa de 25% a 75% 3% no restante da faixa C 3,00% na faixa de 25% a 75% 4% no restante da faixa D 4,00% na faixa de 25% a 75% 5% no restante da faixa Máquina de teste para instrumento de pressão É um equipamento que serve para aplicar uma pressão conhecida no instru- mento sob teste para sua aferição ou calibração. Constitui-se, basicamente, por uma câmara fechada, cheia de óleo, um êmbolo e um manômetro padrão ou um conjunto de “contrapesos”. A pressão desenvolvida será transmitida integralmen- te para todas as partes do fluido, de acordo com o Princípio de Pascal. Assim, pode-se comparar um manômetro de teste com um padrão. Manômetro de teste Volante Êmbolo Líquido Peso morto Reservatório de óleo 56 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Movimentando o êmbolo no sentido de pressionar o líquido, este transmite a pressão para o instrumento que se quer testar e para o peso morto. No momento em que a pressão do líquido deslocar o peso morto, a pressão aplicada no instru- mento sob teste é igual à indicada no disco de peso morto. Elementos eletroeletrônicos Sensor capacitivo A principal característica dos sensores capacitivos é a completa eliminação dos sistemas de alavancas na transferência da força/deslocamento entre o processo e o sensor. Este tipo de sensor resume-se na deformação de uma das armaduras do capa- citor. Tal deformação altera o valor da capacitância total, que é medida por um circuito eletrônico. Esta montagem, se por um lado elimina os problemas mecânicos das partes mó- veis, expõe a célula capacitiva às rudes condições do processo, principalmente à temperatura do processo. Esse inconveniente pode ser superado com circuitos sensíveis à temperatura montados no sensor. Outra característica inerente à montagem é a falta de linearidade entre a capaci- tância e a distância das armaduras devido à deformação não linear, sendo neces- sário, portanto, uma compensação (linearização) a cargo do circuito eletrônico. Manômetro de teste Manômetro padrão FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 57 O sensor é formado pelos seguintes componentes: • Armaduras fixas metalizadas sobre um isolante de vidro fundido. • Dielétrico formado pelo óleo de enchimento (silicone ou fluorube). • Armadura móvel (diafragma sensor). Uma diferença de pressão entre as câmaras de alta (high) e de baixa (low) produz uma força no diafragma isolador, que é transmitida pelo líquido de enchimento. A força atinge a armadura flexível (diafragma sensor), provocando sua defor- mação, alterando, portanto, o valor das capacitâncias formadas pelas armaduras fixas e a armadura móvel. Esta alteração é medida pelo circuito eletrônico que gera um sinal proporcional à variação de pressão aplicada à câmara da cápsula de pressão diferencial capacitiva. Sensor Strain-Gauge Baseia-se no princípio de variação da resistência de um fio, mudando-se as suas dimensões. L S F F Condutor Condutor sob tração S –AS L + AL Para variarmos a resistência de um condutor, é necessário analisar a equação geral da resistência: Diafragma sensor Diafragma isolador Cerâmica Vidro Aço Superfície metalizada Fluido de enchimento 58 MEDIÇÃO DE PRESSÃO R = ρ ? L S Onde R: resistência do condutor; ρ: resistividade do material; L: comprimento do condutor; S: área da seção transversal. A equação nos explica que a resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional à resistividade e ao comprimento e inversamente proporcional à área da seção transversal. A maneira mais prática de alterarmos as dimensões de um condutor é tracionar o mesmo no sentido axial, como mostrado a seguir: Seguindo esta linha de raciocínio, concluímos que para um comprimento L obti- vemos ΔL; então, para um comprimento 10 × L teríamos 10 × ΔL, ou seja, quanto maior o comprimento do fio, maior será a variação da resistência obtida e maior a sensibilidade do sensor para uma mesma pressão (força) aplicada. O sensor consiste de um fio firmemente colado sobre uma lâmina de base, do- brando-se o mais compacto possível. Esta montagem denomina-se tira extensio- métrica, onde o fio, apesar de estar solidamente ligado à lâmina de base, precisa estar eletricamente isolado da mesma. Uma das extremidades da lâmina é fixada em um ponto de apoio rígido enquanto a outra será o ponto de aplicação de força. Através da física tradicional sabemos que quando um material sofre uma fle- xão, suas fibras internas serão submetidas a dois tipos de deformação: tração L × nº de voltas Fio solidário a base Lâmina de base Ponto de aplicação da força F Fio solidário à base Lâmina de base (flexível) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 59 e compressão. As fibras localizadas mais externamente sofrem um alongamento com a tração, pois pertencem ao perímetro de maior raio de curvatura, enquanto as fibras internas sofrem uma redução de comprimento (menor raio de curvatura). Tração Compressão O fio solidário à lâmina também sofrerá o alongamento, acompanhando a su- perfície externa, variando a resistência total. Visando aumentar a sensibilidade do sensor, usaremos um circuito sensível à variação de resistência e uma confi- guração, como mostra a ilustração a seguir. Notamos que a ligação ideal para um Strain-Gauge, com quatro tiras extensio- métricas, é o circuito em ponte de Wheatstone, que tem a vantagem adicional de compensar as variações de temperatura ambiente, pois todos os elementos estão montados em um único bloco. Sensor por silício ressonante O sensor consiste em uma cápsula de silício colocada estrategicamente em um diafragma, utilizando o diferencial de pressão para vibrar em maior ou menor intensidade, a fim de que essa frequência seja proporcional à pressão aplicada. F R1 R3 R2 R4 60 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Construção do sensor Todo o conjunto pode ser visto na figura a seguir, porém, para uma melhor compreensão de funcionamento deste transmissor de pressão, faz-se necessário desmembrá-lo em algumas partes vitais. Na figura a seguir, podemos ver o conjunto do sensor. Ele possui um ímã per- manente e o sensor de silício propriamente dito. Dois rensores de silício ressonante Ressonante de silício Diafragma de silício Ressonadores em formato de H Diafragma de selagem Câmara de alta Flange da câmara Conjunto do sensor Corpo Óleo de silicone Diafragma do centro (P2)(P1) Câmara de baixa Sinal Pressãode baixa Espaçador Peça do sensor de silício Imã permanenteApoio do imã Pressão de alta (P1) (P2) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 61 Dois fatores que influenciam a ressonância do sensor de silício são o campo mag- nético, gerado por um imã permanente posicionado sobre o sensor, e o campo elétrico gerado por uma corrente em AC (além das pressões exercidas sobre o sensor, obviamente). Este enfoque pode ser observado na figura a seguir. A combinação do fator campo magnético/campo elétrico é responsável pela vibração do sensor. Um dos sensores ficará localizado ao centro do diafragma (FC), enquanto o outro terá sua disposição física mais à borda do diafragma (FR). Quando a pressão aumenta sobre FC, a frequência tende a baixar. P1 P2 Imã permanente Quando a pressão aumenta sobre FR, a frequência tende a aumentar. Peça do diafragma Base Espaçador Diafragma de silício Sensor ressonante Campo magnético Campo magnético Corrente de excitação Força eletromotriz Saída da frequência Imã permanente 62 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Por estarem localizados em locais diferentes, porém no mesmo encapsulamento, um sofrerá compressão e o outro sofrerá tração, conforme a aplicação de pressão sentida pelo diafragma. Desta maneira, os sensores possuirão uma diferença de frequência entre si, que pode ser sentida por um circuito eletrônico e será pro- porcional ao ΔP aplicado. Por meio dessas informações é possível relacionar graficamente os pontos de operação de frequência × pressão. Sensor piezoelétrico Os elementos piezoelétricos são cristais, como o quartzo, a turmalina e o titanato, que acumulam cargas elétricas em certas áreas da estrutura cristalina quando so- frem uma deformação física por ação de uma pressão. São elementos pequenos e de construção robusta. Seu sinal de resposta é linear com a variação de pressão. São capazes de fornecer sinais de altíssimas frequências (milhões de ciclos por segundo). O efeito piezoelétrico é um fenômeno reversível. Se for conectado a um potencial elétrico, resultará em uma correspondente alteração da forma cristalina. Este efeito é altamente estável e exato, por isso é utilizado em relógios de precisão. A carga devida à alteração da forma é gerada sem energia auxiliar, uma vez que o quartzo é um elemento transmissor ativo. Esta carga é conectada à entrada de um amplificador, sendo indicada ou convertida em um sinal de saída, para tratamento posterior. Variação da frequência da pressão Tração Compressão Pressão diferencial (mmH2O) 5.000 10.000 80 85 90 95 100 Frequência (kHz) 4. Sistemas de selagem Sistema de selagem Tipos de selagem Tomadas de impulso Tubulação de impulso Instalação de tubulação Sistema de selagem Sistema de selagem é uma técnica muito utilizada na indústria para isolar o fluido de processo do contato direto com o instrumento de medição. Em muitos casos é necessário isolar o fluido de processo do elemento primário de medição quando: • O fluido do processo for altamente corrosivo. A superfície interna do instru- mento não pode ser protegida do ataque do fluido. • O fluido do processo for pastoso. A medição é dificultada pelas áreas mortas, inevitáveis em algumas unidades de medição. • O fluido do processo tende a cristalizar-se com a variação de temperatura, entupindo a tomada de impulso. • O fluido do processo tiver sólidos em suspensão. • O fluido for um gás com possibilidades de condensação, que forma colunas líquidas que podem interferir na medição. • O fluido é perecível. Pode ocorrer a decomposição de substâncias orgânicas, possibilitando a ocorrência de contaminação do produto. • A temperatura do fluido for muito elevada. A temperatura do instrumento pode atingir valores indesejáveis. 64 SISTEMAS DE SELAGEM • A instalação do instrumento é desfavorável, dificultando a leitura do operador e a manutenção do instrumento. • O instrumento estiver sujeito a vibrações constantes, que podem soltar para- fusos, porcas, escalas e ponteiros. • O fluido for periculoso – vazamentos para a atmosfera, meio ambiente ou poluição radioativa devem ser evitados por razões de segurança. Tipos de selagem Os tipos de selagem mais utilizados em processos industriais são: • selo líquido; • selo de ar; • selo volumétrico. Selo líquido Neste tipo de aplicação, o fluido de processo é isolado do elemento primário por meio de uma coluna líquida. A selagem pode ser realizada antes do elemento primário, em caso de medição de pressão. Se for medição de vazão com placa de orifício, porém, a selagem é aplicada somente para isolar o instrumento medidor. Na medição de nível, a densidade do líquido de selagem deve ser maior do que a densidade do processo quando o instrumento estiver instalado abaixo da tomada de impulso; deve ser menor quando o instrumento estiver instalado acima da tomada de impulso, para que os fluidos não se misturem. Os líquidos de processo e de selagem devem ser não miscíveis. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 65 Figura 1 – Selo líquido. Os tipos de líquido de selagem utilizados dependem das características químicas e físicas do processo. Os mais utilizados são: • glicerina; • querosene; • óleos; • glicol; • água. Pote de selagem Pote de selagem consiste em um reservatório instalado entre a tomada de im- pulso e o elemento primário de medição, que isola o líquido de processo do instrumento de medição por meio da diferença de densidade dos líquidos de processo e de selo. A pressão de processo atua sobre a superfície do líquido de selagem, pressionan- do o selo até o interior do elemento receptor. Na medição de nível por pressão diferencial em tanques fechados com vapores condensáveis é necessária a utilização de selagem na tomada de baixa pressão a fim de se evitar erros de medição devido a possíveis acúmulos de condensado na tomada. Para o elemento de medição Para o elemento de medição Líquido de selagem P P 66 SISTEMAS DE SELAGEM Figura 2 – Exemplo de aplicação de selo líquido na medição de nível. Tubo sifão Na medição de qualquer variável em linhas de vapor, geralmente é utilizado um tubo sifão para proteger o elemento de medição da alta temperatura. O condensado fica acumulado no tubo sifão, impedindo que o vapor entre em contato com o elemento de medição. A seguir são apresentados alguns tipos de tubo sifão utilizados na indústria. Tipo rabo de porco Tipo cachimbo Tipo bobina ou trombeta Figura 3 – Tipos de sifão. líquido de selagem líquido de selagem líquido de processo FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 67 Selo de ar Este tipo de selagem é muito utilizado em medição de baixas pressões. Consiste em uma câmara onde é instalado um diafragma que se desloca em função da variação da pressão aplicada. As tubulações e a câmara são preenchidas com ar à pressão atmosférica. A contração do diafragma aciona o elemento sensor. Figura 4 – Exemplo de aplicação do selo a ar. Selo volumétrico Consiste em uma câmara, totalmente preenchida com um líquido, em contato com o elemento de medição. O isolamento entre líquido de selagem e o processo é realizado por um diafragma ou fole. A pressão que atua sobre a área do diafrag- ma ou do fole provoca deslocamento do líquido, transmitindo qualquer variação de pressão ao elemento sensor. Em alguns casos, a comunicação entre a câmara e o elemento de medição pode ser feita por um tubo capilar. A faixa mínima recomendada para medidores com selo volumétrico é de 3 Kg/cm2, sendo que o comprimento do capilar não deve ultrapassar 15 metros. Cápsula de selagem Manômetro petroquímico Manômetro com capilar Figura 5 – Aplicações utilizando selo volumétrico. Entrada do selo Para o medidor Câmara de ar DiafragmaSinal do processo 68 SISTEMAS DE SELAGEM Tomadas de impulso É o ponto de medição do elemento primário que fica em contato direto com o fluido do processo. Figura 6 – Tomada de impulso em uma tubulação. As tomadas de pressão deverão ser instaladas
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