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AUTOMAÇÃO Fundamentos de instrumentação Pressão Nível Vazão Temperatura 9 788583 932239 ISBN 978-85-8393-223-9 Fundam entos de instrum entação – Pressão | N ível | Vazão | Tem peratura Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Fundamentos de instrumentação Pressão Nível Vazão Temperatura Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Fundamentos de instrumentação : pressão / nível / vazão / temperatura. SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 376 p. : il Inclui referências ISBN 978-85-8393-223-9 1. Automação industrial 2. Instrumentos de medição 3. Temperatura 4. Termômetros e termometria 5. Segurança do trabalho I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 629.8 Índice para o catálogo sistemático: 1. Automação industrial 629.8 Microsoft Office 005.43 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br AUTOMAÇÃO Fundamentos de instrumentação Pressão Nível Vazão Temperatura Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Comitê de Automação Industrial Direção Getulio Rocha Junior Colaboração Benedito Lourenço Costa Neto Carlos Alberto José de Almeida Daniel Divino Rodrigues da Silva Flávio Pedroso Cruz José Adilson Silva de Jesus Sergio Luiz da Conceição Matos Material didático encaminhado pela Gerência de Educação do SENAI-SP e validado pelas Escolas “Antonio Souza Noschese”, “Mauá”, “Luiz Simon”, “Prof. Dr. Euryclides J. Zerbini”, “Ettore Zanini” e “Lençóis Paulista”. O Caderno de exercícios deste livro está disponível para download no seguinte link: https://www.senaispeditora.com.br/downloads/respostas/ fundamentos_instrumentacao_pressao_caderno_exercicios.pdf Sumário 1. Conceitos básicos de automação 11 Benefícios da automação 11 Automação de processos 12 2. Instrumentação 17 Classes e sistemas de instrumentação 17 Terminologia 21 3. Medição de pressão 38 Conceitos de pressão 38 Unidades de pressão 39 Tabela de conversão de unidades de pressão 40 Escalas de pressão 41 Tipos de pressão 42 Medidores de pressão 47 4. Sistemas de selagem 63 Sistema de selagem 63 Tipos de selagem 64 Tomadas de impulso 68 Tubulação de impulso 68 Instalação de tubulação 69 5. Medição de nível 75 Medição de nível 75 Métodos de medição de nível de líquido 75 Métodos de medição de nível de sólidos 92 6. Telemetria em instrumentação 94 Transmissão pneumática 95 Transmissão eletrônica 96 Transmissão digital 97 Exemplos de aplicação da telemetria 98 7. Medição de temperatura 101 Medição da temperatura na indústria 101 Conceito de temperatura 102 8. Escalas de temperatura 104 Escala relativa de temperatura 106 Escala absoluta de temperatura 108 Escala Internacional de Temperatura (ITS90) 109 Conversão de unidades 110 9. Termômetros 112 Classificação 112 10. Termômetros de dilatação 115 Termômetros de dilatação de líquido 115 Descrição de diversos tipos de medidores 115 Termômetro de dilatação de gás 126 Termômetro a pressão de vapor 128 Termômetro de dilatação de sólido (bimetálico) 130 11. Termômetros de resistência 134 Termistores 135 Termorresistências 137 Construção do sensor 140 12. Termopares 147 Leis da termoeletricidade 147 Classificação dos termopares 155 Principais qualidades requeridas por um termopar 161 Proteção de termopares 176 Envelhecimento dos termopares 181 13. Termômetros de radiação 184 Radiação eletromagnética 185 Ondas eletromagnéticas 185 Medição de temperatura por radiação 187 Pirômetros de radiação total 189 Pirômetros óticos 192 Termômetros infravermelhos 197 14. Atividades de laboratório – temperatura 201 Calibração de termômetro – bimetálico 201 Ajuste de termostato 203 Calibração de termorresistência 206 Medição de temperatura com termopar com compensação automática e manual 209 Calibração de termopar 211 Verificação de erros de inversão com termopares 213 Associação de termopares 215 Configuração de transmissor de temperatura utilizando termorresistência 219 Configuração de transmissor de temperatura utilizando termopar 222 Medição de temperatura com termômetro infravermelho 225 15. Tabelas 227 16. Medição de vazão 257 Métodos de medição de vazão 258 17. Conceitos 260 Vazão volumétrica (Q) 260 Conversão de unidades de vazão volumétrica 262 Vazão mássica (Qm) 263 Relação entre vazão mássica e vazão volumétrica 263 Conversão de unidades de vazão mássica 263 Viscosidade 264 Regimes de escoamento 266 Número de Reynolds 268 Equação da continuidade 271 Equação de Bernoulli 272 18. Medidores de vazão por pressão diferencial 274 Relação vazão x pressão diferencial 274 Elementos deprimogênios 275 Equação básica para cálculos de vazão 275 Coeficiente de descarga 276 19. Placa de orifício 278 Principais características de uma placa de orifício 279 Tipos de orifício 279 Tipos de bordo 280 Tipos de tomada de impulso 281 Linearização da vazão 286 Tipos de instalação de transmissor de vazão com placa de orifício 287 20. Tubo Venturi 292 Tomadas de pressão 292 Principais aplicações 293 21. Bocal de vazão 294 Tipos de bocal de vazão 294 22. Tubo Pitot 296 Tomadas de pressão 297 Relação entre pressão dinâmica e velocidade 297 23. Rotâmetros 302 Princípio básico 303 Condições de equilíbrio 304 Tipos de flutuadores 305 Material do flutuador 306 Instalação 307 Influência da viscosidade 307 Perda de carga no flutuador 307 Fatores de correção 308 Características gerais 308 24. Medidor vortex 310 Relação entre frequência e velocidade 311 Método de detecção dos vórtices 312 Tipos de sensores utilizados 313 Vortex shedder 313 Características gerais 314 25. Turbina 315 Fator de calibração “K” 316 Performance 316 Influência da viscosidade 316 Características gerais 317 Desvantagens 318 26. Medidor magnético 319 Princípio de funcionamento 320 Relação entre a vazão e a FEM 321 Revestimento 322 Eletrodo 322 Tubo detector 322 Limites de condutividade 323 Aterramento 323 Escolha do diâmetro 323 Instalação elétrica 324 Características gerais 325 27. Medidor ultrassônico 327 Medidores de efeito Doppler 327 Medidores de tempo de trânsito 328 Medidores intrusivos (sondas internas) 330 Vazão de gases 330 Influência do número de Reynolds 331 28. Medidor Coriolis 332 Princípio 332 Coriolis em tubo reto 334 Aplicações 334 Características gerais 335 29. Medidores térmicos 336 Medidor térmico por inserção 337 Medidor térmico capilar 337 30. Medidores de vazão por deslocamento positivo 339 Medidor de engrenagens ovais 340 Disco de nutação 341 Palhetas rotativas 342 31. Medidores de vazão em canais abertos 343 Principais aplicações 343 Vertedores 344 Calha Parshall 345 32. Atividades de laboratório – vazão 348 Verificar relação vazão x pressão diferencial 348 Medir vazão de ar com placa de orifício 352 Medir vazão de água com placa de orifício 354 Medir vazão com compensação de temperatura e pressão 358 Obter curva de calibração e constante da turbina 361 Medir vazão de ar com turbina 365 Medir vazão de água com turbina 369 Medir vazão com medidor magnético 371 Referências 373 1. Conceitos básicos de automaçãoBenefícios da automação Automação de processos Benefícios da automação Nos últimos tempos, a automação trouxe, uma série de benefícios aos diversos setores da sociedade, propiciando conforto e facilidades. Nas indústrias, a necessidade do aumento de produção para atender à crescente demanda com custo baixo e a fabricação de novos produtos, atendendo o gosto dos consumidores, acarretou no aparecimento de números, cada vez maiores, de processos totalmente automatizados. A automação, quando utilizada com critério e de forma planejada, reduz custos, aumenta a produtividade e contribui com a qualidade e a segurança da produção, livrando os trabalhadores de atividades monótonas, repetitivas e, principalmente, perigosas. Embora a tecnologia que implementa processos ou sistemas automatizados mo- dernos exija diferentes níveis de investimento, os resultados são garantidos. Já as indústrias que não se ajustam a essa realidade estão seriamente condenadas ao fracasso. Apesar dos benefícios, o impacto da automação obrigou a sociedade a se adaptar a essa nova realidade. A chamada Era da Automação causou, inicialmente, sérios problemas, principalmente para os trabalhadores que não acompanharam sua evolução. Alguns problemas estão listados a seguir: 12 CONCEITOS BÁSICOS DE AUTOMAÇÃO • aumento do nível de desemprego, principalmente nas áreas de atuação de profissionais com baixo nível de qualificação; • a experiência de um trabalhador torna-se obsoleta rapidamente; • muitos empregos que eram importantes estão se extinguindo: por exemplo, telefonistas, que trabalhavam tanto antigamente, foram substituídas por cen- trais de telefonia automáticas. Esses problemas, no entanto, podem ser solucionados com programas contínuos de aprendizagem e reciclagem de trabalhadores para novas funções. Além disso, as indústrias de computadores, máquinas automatizadas e serviços vêm criando um número de novos empregos igual ou superior àqueles que foram eliminados no setor produtivo. A automação é classificada de acordo com suas diversas áreas: automação bancá- ria, comercial, industrial, agrícola, predial, de comunicações e de transportes. No setor industrial, a automação pode ser aplicada em dois segmentos produtivos: os processos contínuos e os processos de manufatura. Automação de processos Automação de processos contínuos Nas indústrias, o termo “processo” tem significado amplo. Uma operação unitá- ria, como, por exemplo, a destilação, a filtração ou o aquecimento, é considerada um processo. Quando se trata de controle, uma tubulação por onde escoa um fluido, um reservatório que contém água, um aquecedor ou um equipamento qualquer é denominado processo. Em linhas gerais, processo é uma operação ou uma série de operações realizadas por um determinado conjunto de equipamentos, onde varia, pelo menos, uma característica física ou química de um material para obtenção de um produto final. Os processos contínuos operam ininterruptamente grande quantidade de pro- dutos e materiais nas mais diversas formas sem manipulação direta. São proces- sos caracterizados por tubulações, tanques, trocadores de calor, misturadores, reatores, entre outros. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 13 Os processos contínuos são muito variados e abrangem diversas áreas, como por exemplo, as indústrias química, petroquímica, alimentícia, de papel e celulose etc. Um processo pode ser controlado por meio da medição de variáveis que repre- sentam o estado desejado e pelo ajuste automático de outras variáveis, de maneira a se conseguir o valor que se deseja para a variável controlada. As condições ambientais devem sempre ser incluídas na relação de variáveis de processo. Variáveis de processo São grandezas físicas que afetam o desempenho de um processo e podem mudar de valor espontaneamente em virtude de condições internas ou externas. Por essa razão, essas variáveis típicas de processos contínuos necessitam de controle. As principais variáveis medidas e controladas nos processos contínuos são pres- são: vazão, temperatura, nível, pH, condutividade, velocidade, umidade etc. Variável controlada A variável controlada de um processo é a que mais diretamente indica a forma ou o estado que se deseja do produto. Consideremos, por exemplo, o sistema de aquecimento de água, conforme mostra a figura a seguir. A finalidade deste sistema é fornecer uma determinada vazão de água aquecida. A variável mais indicativa desse objetivo é a temperatura da água de saída do aquecedor, que deve ser, então, a variável controlada ou manipulada. Água fria Água aquecida Condensado Vapor 14 CONCEITOS BÁSICOS DE AUTOMAÇÃO Variável manipulada A variável manipulada do processo é aquela em que o controlador automático atua no sentido de se manter a variável controlada no valor desejado. Pode ser qualquer variável do processo que cause variação rápida na variável controlada e que seja de fácil manipulação. Para o aquecedor mostrado pela figura a seguir, a variável manipulada pelo con- trolador será a vazão de vapor. Agente de controle Agente de controle é a energia ou o material do processo em que a variável manipulada é uma condição ou característica. No trocador de calor, o agente de controle é o vapor, pois a variável manipulada é a vazão de vapor. Malha de controle Quando se fala em controle, deve-se, necessariamente, subentender a medição de uma variável qualquer do processo e sua atuação no sentido de mantê-la constante; isto é, a informação recebida pelo controlador é comparada com um valor preestabelecido (set point). Verifica-se a diferença entre ambos e age-se para diminuir ao máximo essa diferença. Essa sequência de operações – medir a variável, comparar com o valor predeter- minado e atuar no sistema de modo a minimizar a diferença entre a medida e o set point – é denominada malha de controle. Água fria Sensor de temperatura Vapor Controlador Água aquecida Condensado Válvula de controle FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 15 Na ilustração do trocador de calor, a informação acerca da temperatura do fluido da água aquecida (fluido de saída) acarreta uma mudança no valor da variável do processo – no caso, a entrada de vapor. Se a temperatura da água aquecida estiver com valor abaixo do valor do set point, a válvula se abre, aumentando a vazão de vapor para aquecer a água. Já se a temperatura da água estiver com um valor acima do set point, a válvula se fecha, diminuindo a vazão de vapor para esfriar a água. Em sistemas de malha fechada, o controle de processo pode ser efetuado e com- pensado antes ou depois de afetar a variável controlada, supondo-se que no sistema apresentado como exemplo a variável controlada seja a temperatura de saída da água. Se o controle for efetuado após o sistema ter afetado a variável (ter ocorrido um distúrbio), o controle é do tipo feed-back, ou realimentado. Para poder controlar automaticamente um processo é necessário saber como ele se comporta, fornecendo ou retirando dele alguma forma de energia como, por exemplo, pressão ou calor. Pode-se medir e comparar grandezas por instrumen- tação por meio de sensores, transmissores, controladores, indicadores e sistemas digitais de aquisição de dados e controle, entre outros. Automação de processos de manufatura Processos de manufatura, ao contrário de processos contínuos, são aqueles em que o produto é manipulado direta ou indiretamente. São processos caracteriza- dos por máquinas e sistemas sequenciais encontrados tipicamente na indústria automobilística, eletroeletrônica, alimentícia, farmacêutica, entre tantas outras. Um sistema automático de manufatura é basicamente composto dos seguintes elementos: • Sensores: medem o desempenho do sistema de automação ou uma proprieda- de particular de algum de seus componentes. Exemplos: sensores de posição, óticos, entre outros. • Controle: utiliza a informação dos sensores para controlar o sequenciamento de uma determinada operação. Os robôs sãoexemplos perfeitos, pois o con- trole de suas posições é determinado por informações de sensores e por uma rotina de sequenciamento, acionando-se um conjunto de motores. Softwares 16 CONCEITOS BÁSICOS DE AUTOMAÇÃO de controle são conjuntos de instruções organizados de forma sequencial na execução de tarefas programadas. • Acionamento: provê o sistema de energia para atingir determinado objetivo. É o caso dos motores elétricos, servoválvulas, pistões hidráulicos etc. Na automação da manufatura, o processo (ou as máquina) é controlado eletro- nicamente, quase sem intervenção humana. Não se pode, entretanto confundir automação com mecanização, que consiste, simplesmente, no uso de máquinas para realizar um trabalho repetitivo, substituindo, assim, o esforço físico do ho- mem. A automação, por outro lado, possibilita fazer um trabalho por meio de máquinas controladas automaticamente, capazes de se regularem sozinhas, como robôs, máquinas de comando numérico computadorizado (CNC) e sistemas integrados de desenho e manufatura (CAD/CAM). 2. Instrumentação Classes e sistemas de instrumentação Terminologia Classes e sistemas de instrumentação Podemos classificar os instrumentos e dispositivos utilizados em instrumentação de acordo com a função que estes desempenham no processo (instrumentos de painel, campo, à prova de explosão, poeira, líquido etc.). Combinações dessas classificações são efetuadas formando instrumentos con- forme a necessidade. Instrumentos receptores São instrumentos que recebem sinais padronizados de instrumentação prove- nientes de transmissores em geral. Indicador Instrumento que dispõe de ponteiro e de escala graduada, na qual podemos ler o valor da variável. Os indicadores digitais indicam a variável em forma numérica, em dígitos ou em barras gráficas. 18 INSTRUMENTAÇÃO Registrador Instrumento que registra a variável (ou as variáveis) por meio de um traço con- tínuo ou de pontos em um gráfico. Transmissor Mede o valor de uma variável no processo a partir de um elemento primário (que pode estar incorporado ou não) e produz sinal de saída (pneumático, eletrônico ou digital) proporcional. Exemplos a. Transmissor pneumático de nível. b. Transmissor eletrônico de temperatura. Conversor Instrumento que recebe um sinal em padrão industrial de grandeza física e o converte em um sinal de outra grandeza, proporcionalmente. Exemplos a. I/P – Converte sinal de corrente em pressão. b. E/I – Converte sinal de tensão em corrente. Controlador Instrumento que compara a variável controlada com um valor desejado e fornece um sinal de saída a fim de manter a variável controlada em um valor específico ou entre valores determinados. A variável pode ser medida diretamente pelo con- trolador ou indiretamente, por meio do sinal de um transmissor ou transdutor. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 19 Tipos de controlador quanto ao processamento do sinal: a. Analógico pneumático. b. Analógico eletrônico. c. Digital. Tipos de controlador quanto ao número de variáveis controladas: a. Controlador single-loop: controla uma única variável. b. Controlador multi-loop: controla mais de uma variável simultaneamente. Possui diversos blocos de controle, que são interligados internamente por meio de programação (configuração), conforme as necessidades do usuário. Elemento final de controle Instrumento que atua diretamente sobre a variável manipulada, alterando seu valor. Exemplos a. Válvulas de controle. b. Reguladores de velocidade. Controlador programável (CLP) Possui uma memória programável para o armazenamento interno de instruções específicas, tais como lógica, sequenciamento, temporização, contagem e arit- mética, para controlar, por meio de módulos de entradas e saídas, vários tipos de máquinas e processos. 20 INSTRUMENTAÇÃO Sistema digital de controle distribuído (SDCD) É um sistema que possui ligações de estações de controle local a um computador com monitor de vídeo, teclado, impressora e traçador de gráficos, permitindo a visualização e monitoração de todas as informações do processo. Sistema supervisório É um sistema que recebe informações de diversos devices (instrumentos), com possibilidade de monitorar, controlar, manter e operar uma planta industrial. Incorpora funções de controle supervisório, como comando de atuadores de campo, monitoração de dados de processo, controle contínuo, controle em ba- teladas e controle estatístico, além de alarmes de condições e estado de variáveis de processo, emissão de relatórios e aquisição de dados. Acessórios de instrumentação São instrumentos que auxiliam o bom funcionamento de um instrumento, malha ou sistema de controle, além do controle do processo em geral. Chaves São instrumentos que detectam a variável do processo em um ponto pré-ajustado e mudam o estado de um interruptor, possibilitando a energização ou desenergi- zação de um circuito elétrico, eletrônico ou digital. Podem ser utilizados como alarme, segurança e controle. Exemplos a. Chaves de pressão (pressostatos). b. Chaves de temperatura (termostatos). c. Chaves de nível. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 21 Válvulas on-off São utilizadas para bloquear ou liberar a passagem de fluidos. Podem ser utilizadas em controles e sistemas de segurança; o exemplo mais comum é a válvula solenoide. Visores de nível Auxiliam a operação do processo por meio da visualização do nível de tanques. Válvulas reguladoras de pressão São utilizadas para reduzir e manter uma determinada pressão constante. São utilizadas frequentemente para alimentação de instrumentos pneumáticos. Válvulas de segurança e alívio São utilizadas para proteção de equipamentos sujeitos à elevação de pressão, como caldeiras e reatores. O aumento da pressão liberta o excesso de carga para a atmosfera ou para outro reservatório. Sistemas de alarme e segurança Os sistemas de alarme e segurança englobam os anunciadores de alarme e os sensores instalados para detectar irregularidades nos processos. Os anunciadores de alarme identificam anormalidades e alertam o operador por meio de sons ou luzes intermitentes. Estes sistemas são utilizados para qualquer tipo de variável, basta que um ele- mento sensor apropriado seja utilizado. Terminologia Os instrumentos de controle empregados na indústria de processos têm sua própria terminologia. Os termos utilizados definem as características próprias 22 INSTRUMENTAÇÃO de medida e controle dos diversos instrumentos utilizados: indicadores, regis- tradores, controladores, transmissores e válvulas de controle. A terminologia utilizada é padronizada entre fabricantes, usuários e organismos que intervêm direta ou indiretamente no campo da instrumentação industrial. Faixa de medida (range) É o conjunto de valores da variável de medida compreendido dentro do limite su- perior e inferior ou de transmissão do instrumento. Expressa-se determinando-se os valores extremos, por exemplo: 100 °C a 500 °C; 0 psi a 20 psi; 4 mA a 20 mA. Alcance (span) É a diferença algébrica entre o valor superior e inferior da faixa de medida do instrumento. Por exemplo, um instrumento com range de 100 °C a 500 °C possui span = 400 °C. Erro É a diferença entre o valor lido ou transmitido pelo instrumento em relação ao valor real da variável medida. Se tivermos o processo em regime permanente, chamaremos de erro estático, que poderá ser positivo ou negativo. Quando a variável mudar de valor, teremos um atraso na transferência de energia do meio para o medidor. O valor medido estará, geralmente, atrasado em relação ao valor real da variável. Essa diferença momentânea entre o valor real e o valor medido é chamada de erro dinâmico. Exatidão Pode ser definida como o maior valor de erro estático que um instrumento possa ter ao longo de sua faixa de trabalho. Ainda, pode-sedefinir “exatidão” como o grau de concordância entre o resultado de uma medição e o valor verdadeiro do mensurando. A exatidão pode ser expressa dediversas maneiras: FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 23 a. Em porcentagem do alcance (span). Um instrumento com range de 50 °C a 150 °C está indicando 80 °C; sua exatidão é de ± 0,5% do span. Sendo ± 0,5% = ± 0,5 100 = ± 0,005 e o span = 100 °C, teremos: 0,005 ? 100 = ± 0,5 °C. Portanto, a temperatura está entre 79,5 °C e 80,5 °C. b. Em unidades da variável. Um instrumento com range 0 psi a 200 psi e exatidão de ± 0,5 psi indicando 80 psi terá o valor correto entre 79,5 psi a 80,5 psi. c. Em porcentagem do valor medido. Um instrumento com range de 50 °C a 150 °C está indicando 80 °C e sua exa- tidão é de ± 0,5% do valor medido. Sendo ± 0,5% = ± 0,005 e o valor medido = 80 °C, teremos 0,005 ? 80 = ± 0,4 °C. Portanto, a temperatura estará entre 79,6 °C e 80,4 °C. d. Com variação ao longo da escala. Neste caso, o fabricante indica o valor da exatidão em algumas faixas da escala do instrumento. Por exêmplo, um manômetro pode ter exatidão de ± 1% em todo o seu range e na faixa central possuir exatidão de ± 0,5% do span. Zona morta É a máxima variação que a variável pode ter sem provocar alterações na indicação ou no sinal de saída de um instrumento ou em valores absolutos do seu range. Exemplo Um instrumento com range de 0 °C a 200 °C possui uma zona morta de ± 0,1% do span. A zona morta do instrumento pode ser calculada da seguinte forma: Sendo ± 0,1% = ± 0,1 100 = ± 0,001, teremos: 0,001 ? 200 = ± 0,2 °C. Portanto, se a variável de processo variar 0,2 °C, o instrumento não apresentará resposta alguma. 24 INSTRUMENTAÇÃO Histerese É a diferença máxima apresentada por um instrumento para um mesmo valor, em qualquer ponto da faixa de trabalho, quando a variável percorre toda a escala no sentido ascendente e descendente. É expressa em porcentagem do span. Exemplo Durante a calibração de um determinado instrumento com range de 0 °C a 200 °C, foi levantada a curva dos valores indicados, conforme mostra a Figura 1. A diferença entre 120,2 °C e 119,8 °C representa o erro de histerese correspondente a 0,2% do span. Pode-se observar que o conceito de zona morta está incluído na histerese. Indicação 200 200 120,2 120 119,8 0 Característica descendente Característica ascendente Diferença máxima Sinal gerado °C °C Figura 1 – Curva característica do erro de histerese. Repetibilidade É a máxima diferença entre diversas medidas de um mesmo valor da variável, adotando sempre o mesmo sentido de variação. Expressa-se em porcentagem do span. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 25 Exemplo Um instrumento com range de 0 l/min a 1000 l/min, com repetibilidade de ± 0,1% do span, com exatidão de ± 1% do span, com uma vazão real na primeira passagem ascendente de 750 l/min e com o instrumento indicando 753 l/min, em uma segunda passagem ascendente com vazão real de 750 l/min, indicará 752 ± 1 l/min, conforme mostra a Figura 2, a seguir: Leitura l/min l/min 1000 1000 753 750 752 0 0 Máximo erro de repetibilidade Repetibilidade = ± 1 l/min ± 0,1 % do span Erro de repetibilidade Vazão real Figura 2 – Curva característica do erro de repetibilidade. Resolução É a menor diferença significativamente percebida entre indicações de um dispo- sitivo mostrador. Por exemplo, se um instrumento possuir escala onde o menor valor corresponda a 1 °C, sua resolução será de 1 °C. Ajuste Operação destinada a fazer com que um instrumento de medição tenha desem- penho compatível com a sua utilização. 26 INSTRUMENTAÇÃO Calibração Conjunto de operações que estabelece, sob condições específicas, a relação entre os valores indicados por um instrumento, ou sistema de medição, ou valores representados por uma medida materializada, ou material de referência com os valores correspondentes às grandezas estabelecidas por padrões. Incerteza de medição O resultado de uma medição é apenas uma estimativa do valor do mensurando. Sendo assim, a expressão que representará o valor de tal mensurando deverá in- cluir a incerteza de medição, que é um parâmetro que caracteriza o intervalo no qual estão os valores que poderão ser razoavelmente atribuídos ao mensurando dentro de uma determinada probabilidade. É também a indicação quantitativa da qualidade dos resultados da medição, sem a qual estes não poderiam ser com- parados com os valores de referência especificados ou com um padrão. Erro combinado É o desvio máximo entre a reta de referência e a curva de medição, incluindo os efeitos de não linearidade, histerese e repetibilidade. É expresso em porcentagem do sinal de saída nominal. Padrão Medida materializada, instrumento de medição, material de referência ou sis- tema de medição destinados a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como referência. Identificação e simbologia de instrumentação As normas de instrumentação ISA S5.1, 5.2, 5.3 e 5.4, de 1992, estabelecem sím- bolos, gráficos e codificações para identificação alfanumérica de instrumentos ou funções programadas que deverão ser utilizados nos diagramas e malhas de controle de projetos de instrumentação. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 27 Identificação de instrumentação De acordo com a norma preestabelecida, cada instrumento (ou função progra- mada) será identificado por um conjunto de letras – que o classifica funcional- mente –, e um conjunto de algarismos, que indica a malha à qual o instrumento ou função programada pertence. Eventualmente, para completar a identificação, um sufixo poderá ser acrescido. O quadro a seguir mostra um exemplo de instrumento identificado de acordo com a norma preestabelecida. Identificação do instrumento: PRC 00102ª P RC 001 02 A Variável Função Área da atividade nº sequencial S U F I X O Identificação funcional Identificação da malha de controle Onde: P: variável medida – pressão; R: função passiva ou de informação – registrador; C: função ativa ou de saída – controlador; 001: área de atividade onde o instrumento atua; 02: número sequencial da malha de controle; A: sufixo. A identificação funcional é formada por um conjunto de letras cujo significado é dado, anteriormente, no quadro. São letras que identificam qual é o tipo de medição ou indicação que se está efetuando. A primeira letra identifica a variável medida. Assim, um controle de temperatura se inicia com a letra “T”, o mesmo para pressão, “P”. As letras subsequentes identificam as funções do instrumento ou, ainda, fazem o papel de letras modificadoras, pois modificam seu nome original. Por exemplo, 28 INSTRUMENTAÇÃO um TE tem a primeira letra (T), que identifica a variável “temperatura”, e a se- gunda, (E), chamada de subsequente, identifica um elemento primário, que pode ser um sensor de temperatura, seja PT-100 ou termopar ou outro princípio de medição de temperatura. Outro exemplo: um FI (indicador de vazão) tem como primeira letra a variável vazão (F) e como segunda a função indicador (I). Ao se acrescentar a letra Q, esta modificará o nome original do FI, pois acrescenta ao instrumento um dispositivo de totalização, alterando a identificação funcional, que passará a ser FQI. A identificação funcional é estabelecida de acordo com a função do instrumento e não de acordo com sua construção. Um registrador de pressão diferencial, quando usado para registrar a vazão, é identificado por FR. Se um indicador de pressão ou um pressostato for conectado a um tanque onde se deseja indicar o nível e o alarme de nível, serão identificados com LI e LS, respectivamente. A primeira letra da identificação funcional é selecionada de acordo com a variá- vel medida e não com a variável manipulada. A variável manipulada é a variável controlada pela variável medida; logo, uma válvula de controle comandada por um controlador de nível, que altera a vazão para controlar um nível, é identifi- cada como LV, e não como FV. As letras subsequentes identificam as funções do instrumento, podendo ser: • Funçõespassivas – elemento primário, orifício de restrição, poço. • Funções de informação – indicador, registrador, visor. • Funções ativas ou de saída – controlador, transmissor, chave e outros. • Funções modificadoras – alarmes ou indicação de instrumento multifunção. As letras subsequentes usadas como modificadoras podem atuar ou comple- mentar o significado da letra precedente. A letra modificadora altera a primeira ou uma das subsequentes. No caso de LILL, deve-se explicar que o instrumento estava indicando um nível muito baixo. Então, utilizou-se uma quarta letra, um “L”, de low. Se o instrumento indicasse apenas um alarme de nível baixo, teríamos LIL. É possível que uma quarta letra seja incluída na identificação intencional do instrumento, sendo que esta opção deve ser utilizada apenas em casos de extrema necessidade. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 29 A sequência de formação da identificação intencional de um instrumento é dada pela posição das letras. A primeira deve sempre indicar a variável medida. Veja a coluna “Variável medida ou inicial”, na tabela a seguir. Se a primeira letra possuir sua função modificada, veja a coluna “Letra de modificação”. As letras subsequentes indicam as funções do instrumento na seguinte ordem: a. Letras que designam funções passivas ou de informação: veja a coluna “Fun- ção de leitura ou passiva” na tabela a seguir. b. Letras que designam funções ativas ou saídas: veja a coluna “Função de saída ou final”. c. Letras que modificam a função do instrumento ou que funcionam como complemento de explicação de função: veja a coluna “Letra de modificação” dentro da coluna de letras subsequentes. Se houver letras de modificação, estas devem ser colocadas imediatamente após a letra que as modificam. A identificação funcional deve ser composta de, no máximo, três letras. Uma quarta letra somente será permitida no caso da extrema necessidade de se expli- car completamente qual é a função do instrumento: a. para instrumentos mais complexos, as letras podem ser divididas em subgrupos; b. no caso de um instrumento com indicação e registro da mesma variável, a letra I pode ser omitida. Um instrumento complexo, com diversas medições ou funções, pode ser designa- do por mais de uma identificação funcional. Assim, um transmissor registrador de razão de vazões, com uma chave atuada pela razão, em fluxogramas, pode ser identificado por dois círculos tangenciais, contendo as identificações FFRT e FFS. Em outros documentos, onde são usados símbolos gráficos, o instrumento pode ser identificado por FFRT/FFS. Todas as letras da identificação funcional devem ser grafadas em caixa alta. 30 INSTRUMENTAÇÃO A tabela a seguir é a transcrição original da norma ISA – S5.1. 1ª Letra Letras subsequentes Letra Variávelmedida Letra de modificação Função de leitura passiva Função de saída ou final Letra de modificação A Analisador (4) Alarme B Queimador(chama) Indefinida Indefinida Indefinida C Condutibilidade elétrica Controlador D Densidade ou peso específico Diferencial (3) E Tensão (Fem) Elemento primário F Vazão Razão (3) G Medida dimensional Visor (7) H Comando manual Alto (5, 11, 12) I Corrente elétrica Indicação ou indicador J Potência Varredura K Tempo ou programa Estação de controle L Nível Lâmpada piloto Baixo (5, 11, 12) M Umidade Médio (5, 11, 12) O Orifício restrição (8) P Pressão Ponto de teste Q Quantidade Integração (3) R Radioatividade Registrador S Velocidade ou frequência Segurança (6) Chave ou Interruptor T Temperatura Transmissor U Multivariáveis (1) Multifunção Multifunção Multifunção (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 31 1ª Letra Letras subsequentes Letra Variávelmedida Letra de modificação Função de leitura passiva Função de saída ou final Letra de modificação V Viscosidade Válvula W Peso ou força Poço X (2) Não classificada Não classificada Não classificada Y Relê ou computador (9,10) Z Posição Elemento final de controle Notas da tabela (1) O uso da letra “U” no lugar de uma combinação de letras para variáveis ou instrumentos que executam multifunção é opcional. (2) A letra não classificada “X” é própria para indicar variáveis que serão usadas somente uma vez. Se usada como primeira letra, a variável poderá ter qualquer significado; como segunda letra, a função poderá ter qualquer significado. Por exemplo, um XR pode ser um registrador de amplitude, um TX pode ser um P/I ou um I/P montado no corpo de uma válvula de controle de temperatura ou no campo. Outro exemplo, um XR pode ser um registrador de tensão mecânica etc. (3) Qualquer primeira letra, se usada em combinação com as letras modificado- ras “D” (diferencial), “F” (vazão) ou “Q” (totalização ou integração), ou qualquer combinação delas, representará uma nova variável medida e a combinação será tratada como primeira letra. (4) A primeira letra “A” para análise cobre todas as análises não listadas na tabela. Cada tipo de análise deverá ser definida fora do seu círculo de identificação. No fluxograma, símbolos tradicionalmente conhecidos como pH, 02 e CO têm sido usados opcionalmente no lugar da primeira letra “A”. Como exemplo, podemos citar um AT, ou seja, um analisador de concentração de ácido, que pode ser simbolizado como mostra a figura a seguir: 32 INSTRUMENTAÇÃO HLC % AT 12 305 (5) O uso dos termos modificadores alto, baixo, médio (intermediário) e varredura é preferido, porém, opcional. Esses termos são utilizados para explicar se a variável apre- senta uma determinada condição de alarme, como, por exemplo, um TAL, instrumento que indica um alarme baixo de temperatura. Note que a letra “A” funciona como letra de função passiva, pois na realidade o instrumento pode ser um simples indicador de temperatura, onde a indicação não é importante; caso contrário, sua representação seria TIAL (indicador de temperatura com alarme de temperatura baixa). (6) O termo segurança será aplicado somente para elementos primários de pro- teção de emergência. Então, uma válvula auto-operada que previne a operação de um sistema acima da pressão desejada, aliviando a pressão, será uma PCV, mesmo que a válvula não opere continuamente, ou seja, uma válvula proporcio- nal. Entretanto, essa válvula receberá a representação de PSV se for usada para proteger o sistema contra condições de emergência, isto é, condições inesperadas que coloquem em risco o pessoal e o equipamento. A designação “PSV” se aplica para todas as condições de emergência em termos de pressão ou temperatura “TSV”, não importando a construção e o modo de operação da válvula de alívio (válvula de segurança) ou qualquer outra. É comum a designação “PV, TV ou LV” ser encontrada para válvulas propor- cionais ou de outro tipo que estão efetuando controle da variável manipulada. “PCV, TCV ou LCV” são indicadas quando as válvulas são autocontroladas, auto-operadas ou autopilotadas. (7) A função passiva “Visor” aplica-se a instrumentos que indicam a variável diretamente e que normalmente não possuem escala. Por exemplo, visores ou tubos de vidro acoplados a tanques para indicar a existência de fluido interno. (8) A letra “O” é usada precedida da letra “F”, significando orifício de restrição, independente da finalidade a que se destina, que é reduzir pressão ou limitar vazão. O orifício de restrição não é usado para medição. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 33 (9) Dependendo da aplicação, um dispositivo que conecta, desconecta ou trans- fere um ou mais circuitos pode ser uma chave, um relê ou um controlador de duas posições. (10) As funções associadas ao uso da letra subsequente “Y” devem ser definidas fora do círculo de identificação. Este procedimento não é necessário quando a função for evidente, tal como uma válvula solenoide em uma linha de sinal. A letra “Y” que consta na tabela – coluna “Letras subsequentes de saída ou função final” – refere-se a relês ou a funções de computação, ou seja,funções lógi- cas E, OU etc.; funções diversas, como “multiplicação/divisão/soma/subtração/ extração de raiz quadrada etc.” ou, ainda, a funções matemáticas especiais. É importante notar que essas funções devem ser representadas fora do círculo de identificação do instrumento. (11) O uso dos termos modificadores de alto, baixo e médio corresponde a valores das variáveis medidas e não dos sinais. Como abordado anteriormente, são muito frequentes para indicar o parâmetro de alarmes de uma variável. Como exemplo, pode-se citar que um alarme de nível alto atuado pelo sinal de um transmissor de nível será um LAH. (12) Os termos alto e baixo, aplicados às posições de válvulas, são definidos como: a. Alto: denota que a válvula está ou aproxima-se da posição totalmente aberta. b. Baixo: denota que a válvula está ou aproxima-se da posição totalmente fechada. Essa notação (alto – baixo) não é comumente utilizada para válvulas proporcio- nais, porém, no caso de válvulas On/Off que possuam sensores de proximidade, quando for desejado que indique que atingirão a posição “Aberta” ou “Fechada”, a utilização dessa notação pode ser possível. Exemplos de identificação funcional de instrumentos O objetivo é dar alguns exemplos sucintos de formação da identificação funcional de instrumentos. Esta identificação é muito importante, pois descreve qual é a variável que está sendo medida, qual é o tipo de instrumento e qual recurso está sendo utilizado. 34 INSTRUMENTAÇÃO a) Indicadores e registradores PI = Indicador de pressão. “P” é a variável medida (pressão) e “I” é a função de informação ou função pas- siva. Neste caso, pode-se ter vários tipos de instrumentos, desde um manômetro mecânico até instrumentos eletrônicos sofisticados. Note que ao indicar PI em um fluxograma, a intenção é descrever que naquele determinado ponto deseja-se somente indicar a pressão, independentemente do tipo de instrumento utilizado. LI = Indicador de nível. SI = Indicador de velocidade. MR = Indicador de umidade. AIR = Registrador indicador de condutividade, ou pH, ou O2 etc. b) Controladores PIC = Indicador controlador de pressão. Neste caso, a função final é o controle de uma malha, portanto, a letra “C” da coluna “Função de saída ou final” e a letra “I” somente uma função passiva mencionando que o instrumento também está indicando, de alguma forma, a variável “P” de pressão. FIC = Controlador indicador de vazão. JRC = Controlador registrador de potência. SC = Controlador de velocidade. BC = Controlador de queima ou combustão (queimadores de caldeiras, fornos ou outros). FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 35 c) Alarmes LAH = Alarme de nível alto. Neste exemplo, a letra “A” define a função de informação, indicando que o ins- trumento está sendo utilizado para um alarme. A letra modificadora “H” com- plementa esta informação, indicando o parâmetro do alarme, no caso, nível alto. TAH = Alarme de temperatura alta. SAL = Alarme de velocidade baixa. WAL = Alarme de peso baixo. d) Válvulas HV = Válvula de controle manual. A letra “V” indica a função final e a letra “H” indica a variável inicial. Note que, neste caso, esta válvula não é proporcional. LCV = Válvula de controle de nível auto-operada. Neste exemplo, a letra “C” pode estar indicando que a válvula é auto-operada. LV = Válvula de nível. Geralmente, esta notação determina que se trata de uma válvula de controle proporcional. É importante notar que a primeira letra sempre indica a variável medida, e não a variável que está sendo manipulada. 36 INSTRUMENTAÇÃO Simbologia de instrumentação Localização Painel principal Campo Painel auxiliar Painel principal (atrás) Instrumentos discretos Instrumentos compartilhados Computadores de processo Controladores digitais Funções de processamento de sinais Símbolo Nome do relê Símbolo Nome do relê Σ ou + Somador x Multiplicador Σ/M Calculador de média ÷ Divisor Δ ou – Subtrator √ Extrator de raiz quadrada K ou P Proporcional n√ Extrator de raiz ∫ ou I Integrador X n Exponencial d/dt ou D Derivativo f (a) Função não linear > Seletor de sinal alto < Seletor de sinal baixo ± Polarizador I / P Conversor de sinal Identificação dos conversores de sinais I P E mV A D Corrente Pressão Tensão Milivoltagem (FEM) Analógico Digital FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 37 Sinais de transmissão e conexões de processo Conexão a processo ou ligação mecânica, ou alimentação de instrumentos. Sinal pneumático. Sinal elétrico. Tubo capilar. Sinal eletromagnético. Ligação configurada internamente ao sistema (ligação por software). 3. Medição de pressão Conceitos de pressão Unidades de pressão Tabela de conversão de unidades de pressão Escalas de pressão Tipos de pressão Medidores de pressão Medição de pressão é uma das variáveis medidas mais importantes em controle de processos, pois medidas de vazão, nível e densidade podem ser feitas utili- zando-se esse princípio. Conceitos de pressão Pressão é definida como uma força que atua sobre uma superfície. P = F A Onde: P = pressão; F = força; A = área. Pressões podem ser desenvolvidas por expansão de gases e vapores ou por ele- vação de colunas líquidas. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 39 Unidades de pressão A unidade de força no Sistema Internacional é o Newton (N); a unidade de área é o m2 e a unidade de pressão é o Pascal (Pa). Assim, 1 Pa equivale à força de 1N aplicada sobre uma superfície com área de 1 m2. Pa = N m2 Outra unidade de pressão conhecida é o bar, que equivale à força aplicada de 106 dinas sobre superfície de 1 cm2: bar = 10 6 dina cm2 A relação entre bar e Pa é a seguinte: 1bar = 100.000 Pa ou 100 kPa A pressão pode também ser medida pela altura de uma coluna de líquido neces- sária para equilibrar a pressão aplicada. Dessa forma, podemos ter: • mmHg (milímetros de mercúrio); • cmHg (centímetros de mercúrio); • inHg (polegadas de mercúrio); • péHg (pés de mercúrio); • mmca (milímetros de coluna de água); • mca (metros de coluna de água); • inca (polegadas de coluna de água). 40 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Ta be la d e co nv er sã o de u ni da de s d e pr es sã o Pa ra → D e ↓ Pa K pa m ca (4 °C ) m m ca (4 °C ) in ca (4 °C ) B ar m m H g (0 °C ) in H g (0 °C ) A tm ps i kg f/ cm ² Pa 1 0, 00 1 1, 01 97 2 ? 1 0– 4 0, 10 19 72 4, 01 46 3 ? 10 –3 10 –5 7, 50 06 3 ? 10 –3 2, 95 3 ? 10 –4 9, 86 92 3 ? 10 –6 1, 45 03 8 ? 10 –4 1, 01 97 21 0– 5 Kp a 10 00 1 0, 10 19 72 10 1, 97 2 4, 01 86 4 0, 01 7, 50 06 3 0, 29 52 9 9, 86 92 5 ? 10 –3 0, 14 50 38 0, 01 01 97 m ca (4 °C ) 98 06 ,6 5 9, 80 66 5 1 10 3 39 ,3 7 0, 09 79 7 73 ,4 82 2, 89 48 0, 09 66 9 1, 42 24 7 9, 98 98 ? 1 0– 2 m m ca (4 °C ) 9, 80 66 5 9, 80 66 ? 1 0– 3 10 –3 1 39 ,3 7 ? 10 –3 9, 79 7 ? 10 –5 0, 07 34 82 2, 89 5 ? 10 –3 9, 67 ? 1 0– 5 1, 42 24 7 ? 10 –3 9, 98 98 ? 1 0– 5 In ca (4 °C ) 24 9, 08 9 0, 24 88 4 0, 02 54 25 ,4 1 0, 00 24 88 1, 86 64 5 0, 07 34 8 0, 00 24 55 8 0, 03 60 91 0, 00 25 37 Ba r 10 00 00 10 0 10 ,2 07 10 20 7 40 1, 86 4 1 75 0, 06 3 29 ,5 29 98 0, 98 69 2 14 ,5 03 78 1, 01 97 1 m m H g (0 °C ) 13 3, 32 2 0, 13 33 22 0, 01 36 08 7 13 ,6 0, 53 57 7 1, 33 32 2 ? 10 –3 1 0, 03 93 7 1, 31 57 8 ? 10 –3 0, 01 93 36 7 1, 35 95 ? 1 0– 3 In H g (0 °C ) 33 86 ,3 8 3, 38 63 8 0, 34 54 5 34 5, 45 13 ,6 09 3, 38 63 89 ? 1 0– 2 25 ,4 1 3, 34 2 ? 10 –2 0, 49 11 5 3, 45 3 ? 10 –2 At m 10 13 25 10 1, 32 5 10 ,3 42 10 34 2 40 7, 18 93 1, 01 32 5 76 0 29 ,9 21 25 1 14 ,6 95 9 1, 03 32 27 Ps i 68 94 ,7 5 6, 89 47 57 0, 70 3 70 3 27 ,7 07 59 0, 06 89 47 5 51 ,7 15 93 2, 03 60 2 0, 06 80 46 1 0, 07 03 07 kg f/c m ² 98 06 6, 5 98 ,0 66 5 10 ,0 10 21 10 01 0,02 1 39 4, 09 45 9 0, 98 06 65 73 5, 55 92 28 ,9 59 02 0, 96 78 41 14 ,2 23 34 1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 41 Exemplos 1 kPa = 101,972 mmca = 0,145038 psi. 1 psi = 51,71593 mmHg = 0,070307 kgf/cm2. Escalas de pressão Pressão atmosférica É a pressão exercida pela atmosfera terrestre devido ao peso da camada de ga- ses que envolvem a Terra até uma altitude de 50 km. É medida pelo barômetro. Ao nível do mar a pressão é, aproximadamente, de 760 mmHg. Pressão relativa É a pressão medida tomando-se a pressão atmosférica como unidade de referên- cia. A pressão relativa positiva é também chamada de pressão efetiva enquanto a pressão relativa negativa é chamada de vácuo. Os manômetros medem pressão relativa positiva e os vacuômetros medem pressão relativa negativa. Pressão absoluta É a pressão medida a partir do vácuo absoluto. É a soma da pressão relativa e da pressão atmosférica. Para distinguir a pressão absoluta dos outros tipos de pressão é acrescentado, após a unidade, o índice “a”. Ao se exprimir um valor de pressão, determina-se se a pressão é absoluta ou relativa. Exemplo 3 psia (pressão absoluta). 4 kgf/cm2 (pressão relativa). 42 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Veja o diagrama comparativo das escalas: Pressão absoluta Pressão relativa Pressão atmosférica Vácuo absoluto Pressão absoluta Vácuo A pressão absoluta é a soma da pressão relativa com uma pressão equivalente a 1 atm, ou seja: Pabs = Prel + 1 atm Exemplo 54,697 psia = 40 psi + 14,697 psi, pois 1 atm = 14,697 psi. Tipos de pressão Pressão estática É a pressão exercida por um fluido em repouso (ou em movimento, desde que a tomada de pressão seja perpendicular ao escoamento). Pressão dinâmica ou cinética É a pressão exercida por um fluido em movimento. É medida fazendo a tomada de impulso de forma que recebe o impacto do fluxo. Pressão diferencial É a diferença entre duas pressões, sendo representada pelo símbolo ΔP (delta P). Essa diferença de pressão é utilizada normalmente para medir vazão, nível, pres- são e densidade. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 43 Peso específico e densidade Peso específico é a característica do fluido que relaciona o peso por unidade de volume. γ = W V Onde: γ = peso específico do fluido; W = peso do fluido; V= volume do fluido. Uma das formas mais comuns de se expressar o peso específico é utilizando a unidade kgf/m3. Como exemplo, temos o peso específico da água que vale 1.000 kgf/m3, ou seja, um metro cúbico de água pesa 1.000 kgf. Outra forma de expressar o peso específico é em gf/cm3. Tomando o mesmo exemplo da água, seu peso específico será de 1,0 gf/cm3, ou seja, 1 cm3 de água pesa 1 grama-força. Densidade relativa é a relação entre o peso específico de um fluido com o peso específico da água (para os líquidos) e do ar (para os gases). δlíquido = γlíquido γH20 e δgás = gás δar Exemplos: a. A densidade do mercúrio é 13,6, pois δmercúrio = 13600 kgf/m3 (peso específico do mercúrio) 1000 kgf/m3 (peso específico da água) . b. A densidade da amônia (em gás) é de 0,56, pois δamônia = 0,724 kgf/m3 (peso específico da amônia a 0 °C e 760 mmHg) 1,293 kgf/m3 (peso específico do ar a 0 °C e 760 mmHg) . Teorema de Stevin A diferença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto do peso específico do fluido pela diferença de cota entre os dois ponto”. p = γ ? h 44 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Todos os pontos situados na profundidade “h”, em um recipiente, estão submeti- dos à igual pressão. Temos, então, planos paralelos na superfície livre do líquido, cujos pontos têm a mesma pressão. Consideremos os tanques a seguir cheios de água. O volume do tanque A será de 2 m3; do tanque B, 1 m3; e do tanque C, 4 m3. 0,5 m 0,5 m 1 m 2 m 1 m 2 m 2 m 2 m 2 m Peso da água no tanque A: ? = 1000 kgf m 2 m 2000 kgf3 3 . Peso da água no tanque B: ? = 1000 kgf m 1 m 1000 kgf3 3 . Peso da água no tanque C: ? = 1000 kgf m 4 m 4000 kgf3 3 . Pressão no fundo dos tanques: Tanque A: = =p 2000 kgf 1 m 2000 kgf mA 2 2 Tanque B: = =p 1000 kgf 0,5 m 2000 kgf mB 2 2 Tanque C: = =p 4000 kgf 2 m 2000 kgf mC 2 2 Conclui-se, portanto, que a pressão no fundo dos tanques possui o mesmo valor. A seguir, temos a demonstração matemática do conceito do Teorema de Stevin: Pressão = = força (peso) área W A . (1) Peso (W) = peso específico (γ) ? volume (V) (2) Substituindo (2) em (1): ? P W A V A = = γ (3) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 45 V = área (A) ? altura (h), resultando: = γ ⋅ ⋅ P A h A (4) A pressão no fundo do tanque será dada por: P = γ ? h (5) Conclui-se, portanto, que a pressão no fundo dos tanques possui o mesmo valor e depende somente da altura líquida e do peso específico do líquido. Esta expressão é também chamada de carga de pressão. A aplicação do Teorema de Stevin é muito importante em instrumentação, pois simplifica os cálculos na medição de nível de tanques desconsiderando o formato do mesmo. Uma outra forma de se aplicar o Teorema de Stevin é utilizando a densidade: P = δ ? h, onde δ é a densidade relativa. A unidade de medida de pressão quando se usa essa expressão, no entanto, é a unidade de medida da altura h em coluna de água (ca), independente do líquido ou do valor de sua densidade, ou seja, se h for em metros, a unidade de pressão será metro de coluna de água (mca); se h for em polegadas, a unidade de pressão será polegadas de coluna de água (inca). Princípio de Pascal No século XVII, Pascal elaborou a lei que forma a base da hidráulica moderna: A pressão exercida em qualquer ponto por um líquido em forma estática transmi- te-se integralmente em todas as direções e produz a mesma força em áreas iguais. 46 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Pode-se demonstrar este princípio utilizando uma esfera oca preenchida com líquido e provida de vários orifícios, distribuídos em vários pontos de sua su- perfície. Em um desses orifícios temos, acoplado, um cilindro, dentro do qual podemos deslocar um êmbolo. A pressão desenvolvida pelo êmbolo será trans- mitida integralmente a todos os orifícios e a todas as partes do líquido. Na ilustração a seguir verifica-se que ao aplicarmos uma força de 10 kgf sobre o pistão 1, o pistão 2 levantará um peso de 50 kgf por ter uma área 5 vezes maior do que a área do pistão 1. 2 cm2 10 cm2 50 kgf 10 kgf h1 h2 ? ? = = = P P F A F A A h A h 1 2 1 1 2 2 1 1 2 2 Podemos verificar que o pistão 2 se movimentará cinco vezes mais lentamente do que o pistão 1 em razão da diferença de áreas, embora haja uma amplificação de forças. É no princípio de Pascal que se baseiam as máquinas hidráulicas para calibração de instrumentos utilizados pela instrumentação, macacos hidráulicos, servome- canismos, controles hidráulicos etc. F1 F2 A1 P1 P2 A2 =P F A1 1 1 e =P F A2 2 2 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 47 como P1 = P2, tem-se: = ⋅ = ⋅ F A F A , ou F A F A .1 1 2 2 1 2 2 1. assim, A1 > A2 → F1 > F2. Medidores de pressão Também chamados de manômetros, os medidores utilizam técnicas diversifica- das em medidores com indicação local e em transmissores. Elementos de coluna líquida Consiste, basicamente, em um tubo de vidro que contém certa quantidade de líquido, fixado a uma base com escala graduada. Os líquidos mais utilizados nas colunas são água (normalmente com um corante) e mercúrio. Quando se aplica uma pressão na coluna, o líquido é deslocado, sendo que este deslocamento é proporcional à pressão aplicada. As colunas podem ser, basicamente, de três tipos: coluna reta vertical, reta incli- nada e em forma de “U”. Manômetro de coluna tipo em “U” É constituído por um tubo de material transparente recurvado no formato de “U” e fixado sobre uma escala. O tubo é cheio até a metade por um líquido de densidade relativa conhecida (água, álcool ou mercúrio) denominado fluido manométrico. A leitura é realizada medindo-se a diferença de nível do líquido nos dois ramos. P1 P1 h 48 MEDIÇÃO DEPRESSÃO Coluna reta vertical A utilização da coluna reta vertical é idêntica à do tubo em “U”, sendo a pressão aplicada no ramo de maior diâmetro, enquanto que no ramo de menor diâme- tro ocorre um maior deslocamento do líquido. A leitura é realizada no ramo de menor diâmetro e pode ser em mmH2O, mmHg etc. Coluna reta inclinada O princípio de funcionamento da coluna reta inclinada é idêntico ao da coluna reta vertical, sendo que o tubo de menor diâmetro é inclinado em um certo ângulo, possibilitando um grande deslocamento do líquido no tubo para baixas pressões. Elementos elásticos Baseiam-se na deformação de elementos elásticos na forma de tubo, membrana ou fole para converter a pressão medida em movimento ou força produzindo indicação ou sinal de transmissão proporcional. Área A1 P1 H x Área A2Linha de zero P2 Área A1 P1 Área A2 Linha de zero α FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 49 a) Manômetros de tubo de Bourdon Tubo de Bourdon em C Consiste em um tubo metálico (Bourdon) de paredes finas, achatado (para for- mar uma seção elíptica) e recurvado (para formar um segmento de círculo). Uma extremidade é encontrada adaptada para a ligação com a fonte de pressão. A outra está selada e pode se movimentar livremente. A pressão do tubo atua sobre a seção elíptica, forçando-a a assumir a forma cir- cular, ao mesmo tempo em que o tubo recurvado tende a desenrolar. Por estes movimentos serem muito pequenos, são amplificados (por um dispo- sitivo formado por uma coroa e um pinhão) o suficiente para girar o eixo de um ponteiro em redor de uma escala graduada e calibrada em unidades de pressão. Tipos de tubos de Bourdon Quanto à forma, o tubo de Bourdon pode se apresentar nas seguintes formas: tipo C, espiral e helicoidal. Soquete Pressão Ângulo de deslocamento Braço Pivô Pinhão A A Seção A-A Cubo 50 MEDIÇÃO DE PRESSÃO a) Tipo C b) Tipo espiral c) Tipo helicoidal • Manômetro de Bourdon espiral – Estes manômetros utilizam um tubo de Bourdon achatado formando uma espiral com diversas voltas. Com a pressão aplicada à extremidade aberta, a espiral tende a desenrolar, transmitindo um movimento grande à extremidade livre. Por meio de uma ligação simples, o movimento é transferido ao braço de um ponteiro, não havendo necessidade de coroa e de pinhão, como no caso anterior. • Manômetro de Bourdon helicoidal – É similar ao tipo espiral, sendo que o tubo achatado do Bourdon é enrolado em forma de hélice, com quatro a cinco voltas completas. O Bourdon helicoidal é usado para registradores de temperatura e pressão. Fatores de erro em Bourdon • Temperatura – As variações de temperatura ambiente são responsáveis pela variação na deflexão do tubo de Bourdon. A maioria dos materiais tem seu módulo de elasticidade diminuído com a temperatura. O NI-SPAN é uma exceção, pois possui módulo de elasticidade constante. Existe, portanto, a possibilidade de, para uma mesma pressão, o Bourdon apresentar diferentes deflexões pela simples variação da temperatura ambiente. A correção deste erro é feita por meio de um bimetálico acoplado ao mecanismo. • Pressão atmosférica – O Bourdon pode apresentar erro com a mudança da pressão atmosférica, principalmente quando ocorre a variação da temperatura ambiente. P P P FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 51 Ajuste de manômetros Este método procura descrever os procedimentos básicos para o ajuste (cali- bração) de manômetros de tubo de Bourdon. Esse método é adequado para a maioria dos manômetros encontrados em ambiente industrial e mesmo para outros tipos de instrumentos. No entanto, convém lembrar que os procedimentos para ajuste podem diferir de um fabricante para outro, sendo, então, de grande importância as informações obtidas de manuais, catálogos e com o fabricante do instrumento. É importante notar que o procedimento recomendado pelo fabricante pode ser totalmente diferente do procedimento aqui descrito. Procedimento Basicamente, os manômetros possuem três ajustes: zero, span e linearidade (ou angularidade). O ajuste de zero serve para fazer com que uma pressão correspondente a 0% do span da faixa de trabalho produza uma leitura de 0% do span da faixa de medida. O ajuste de span serve para fazer com que uma pressão correspondente a 100% do span da faixa de trabalho produza uma leitura de 100% do span da faixa de medida. Já o ajuste de angularidade serve para fazer com que um valor de pressão medido entre 0% e 100% da faixa de trabalho corresponda ao valor real de pressão aplicado. Tubo de bourdon Ponteiro Link Setor Pivô Pinhão Mola Ajuste de linearidade Tomada de pressão Mesa Ajuste de span 52 MEDIÇÃO DE PRESSÃO A exatidão obtida no instrumento de medição depende fundamentalmente da exatidão garantida pelo fabricante, das condições das peças do instrumento e do cuidado ao se efetuar o ajuste. Para o ajuste do instrumento devem-se seguir os seguintes passos: 1. Aplicar o valor de pressão de 0% da faixa de trabalho e ajustar o zero do instrumento. 2. Aplicar o valor de 100% da faixa de trabalho e ajustar o span. 3. Reajustar o zero. 4. Reajustar o span. 5. Refazer os passos 3 e 4 até que o zero e o span não saiam mais do ajuste. 6. Após o ajuste de zero e de span, verificar se os valores de 25%, 50% e 75% da faixa de trabalho estão ajustados. Se esses pontos estiverem com um desvio maior do que o recomendado pelo fabricante, deve-se fazer o ajuste de angularidade e repetir todos os passos anteriores. Como referência para o ajuste de angularidade, pode-se ajustar a mesa do ma- nômetro até que o desvio obtido para o valor de 50% do span seja aumentado em cinco vezes. b) Manômetros de diafragma O diafragma é constituído por um disco de material elástico fixado pela borda. Uma haste fixada ao centro do disco está ligada a um mecanismo de indicação. Quando a pressão é aplicada, a membrana se desloca e esse deslocamento é pro- porcional à pressão. O diafragma, geralmente, é ondulado ou corrugado para aumentar sua área efetiva. Sem pressão Com pressão Com vácuo P P FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 53 Os diafragmas podem ser de materiais metálicos ou não metálicos: • Metálicos – Estes diafragmas são feitos de uma chapa metálica lisa ou enru- gada ligada a um ponteiro por meio de haste. O movimento de deflexão do diafragma, causado pela pressão, posiciona um ponteiro indicador ao longo de uma escala de graduação constante. Os diafragmas são feitos de bronze fosforoso, cobre, berílio, latão, aço inoxidável e Monel. • Não Metálicos – São fabricados em couro, teflon, neoprene e polietileno. São empregados para pressões baixas; geralmente, uma mola opõe-se ao movimento do diafragma, cuja deflexão é diretamente proporcional à pressão aplicada. c) Manômetros de fole O fole é também muito empregado na medição de pressão. É, basicamente, um cilindro metálico, corrugado ou sanfonado. • Foles com mola oposta – O instrumento possui um fole metálico e uma mola envolvida por uma câmara também de metal que é conectada à fonte de pres- são. A pressão, agindo pelo lado de fora do fole maior, comprime-o e move a sua extremidade livre contra a oposição da mola. Uma haste ligada ao fole por um disco transmite esse movimento ao braço de um ponteiro indicador ou registrador. • Foles opostos – Este tipo de elemento é usado para medir pressão absoluta. O instrumento possui duas sanfonas, em oposição, em uma só unidade. Um dos foles, aquele que é utilizado como referência, está fechado e sob a pressão de uma atmosfera. O outro está ligado à fonte de pressão. Fole Pressão Escala Mola 54 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Emprego dos elementos elásticos Para assegurar um longo período de trabalho é necessário observar os seguintes itens: • Não ultrapassar 2/3 do valor máximo (quando a pressão medida for constante). • Não ultrapassar 1/2 do valor máximo (quando a pressão medida for variável). • O instrumento deve ser equipado com válvula de bloqueio de 3 vias. • Quando o elemento for submetidoa pressões pulsantes, o mesmo deve ser protegido por um amortecedor de pulsação. Esse amortecedor pode ser uma válvula agulha, que serve também como bloqueio (possibilitando a retirada do instrumento sem parar o processo). • O elemento não deve ser submetido a uma temperatura que não permita o toque da mão sobre a caixa do medidor, evitando seu desgaste prematuro e dos demais componentes do medidor, e garantindo a confiabilidade da cali- bração feita à temperatura ambiente. Para resolver este problema é utilizado um tubo sifão entre o medidor e o processo. • O elemento deve ser isolado de fluidos corrosivos, com sólidos em suspensão, ou com possibilidade de cristalização e solidificação. Para isolar o elemento destes tipos de processo um selo é utilizado; • Quando o processo estiver sujeito à sobrecarga, deve-se proteger o elemento com um limitador de sobrecarga. • Devem ser tomadas precauções especiais quando se trata de medição de pe- tróleo e oxigênio. Para a indústria de petróleo, o tubo de Bourdon não deverá ser soldado com estanho. Para medidas com oxigênio, o elemento deve estar Fole de referência Pressão do processo Escala FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 55 livre de óleo, graxas e outras gorduras, pois existe o risco de explosão. A cali- bração do instrumento pode ser feita com álcool, água ou óleo de silicone. É recomendável que seja gravado na escala do instrumento: petróleo e oxigênio. Classificação de manômetros (pela exatidão) CLASSE EXATIDÃO A4 0,10% da faixa A3 0,25% da faixa A2 0,50% da faixa A1 1,00% da faixa A 1,00% na faixa de 25% a 75% 2% no restante da faixa B 2,00% na faixa de 25% a 75% 3% no restante da faixa C 3,00% na faixa de 25% a 75% 4% no restante da faixa D 4,00% na faixa de 25% a 75% 5% no restante da faixa Máquina de teste para instrumento de pressão É um equipamento que serve para aplicar uma pressão conhecida no instru- mento sob teste para sua aferição ou calibração. Constitui-se, basicamente, por uma câmara fechada, cheia de óleo, um êmbolo e um manômetro padrão ou um conjunto de “contrapesos”. A pressão desenvolvida será transmitida integralmen- te para todas as partes do fluido, de acordo com o Princípio de Pascal. Assim, pode-se comparar um manômetro de teste com um padrão. Manômetro de teste Volante Êmbolo Líquido Peso morto Reservatório de óleo 56 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Movimentando o êmbolo no sentido de pressionar o líquido, este transmite a pressão para o instrumento que se quer testar e para o peso morto. No momento em que a pressão do líquido deslocar o peso morto, a pressão aplicada no instru- mento sob teste é igual à indicada no disco de peso morto. Elementos eletroeletrônicos Sensor capacitivo A principal característica dos sensores capacitivos é a completa eliminação dos sistemas de alavancas na transferência da força/deslocamento entre o processo e o sensor. Este tipo de sensor resume-se na deformação de uma das armaduras do capa- citor. Tal deformação altera o valor da capacitância total, que é medida por um circuito eletrônico. Esta montagem, se por um lado elimina os problemas mecânicos das partes mó- veis, expõe a célula capacitiva às rudes condições do processo, principalmente à temperatura do processo. Esse inconveniente pode ser superado com circuitos sensíveis à temperatura montados no sensor. Outra característica inerente à montagem é a falta de linearidade entre a capaci- tância e a distância das armaduras devido à deformação não linear, sendo neces- sário, portanto, uma compensação (linearização) a cargo do circuito eletrônico. Manômetro de teste Manômetro padrão FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 57 O sensor é formado pelos seguintes componentes: • Armaduras fixas metalizadas sobre um isolante de vidro fundido. • Dielétrico formado pelo óleo de enchimento (silicone ou fluorube). • Armadura móvel (diafragma sensor). Uma diferença de pressão entre as câmaras de alta (high) e de baixa (low) produz uma força no diafragma isolador, que é transmitida pelo líquido de enchimento. A força atinge a armadura flexível (diafragma sensor), provocando sua defor- mação, alterando, portanto, o valor das capacitâncias formadas pelas armaduras fixas e a armadura móvel. Esta alteração é medida pelo circuito eletrônico que gera um sinal proporcional à variação de pressão aplicada à câmara da cápsula de pressão diferencial capacitiva. Sensor Strain-Gauge Baseia-se no princípio de variação da resistência de um fio, mudando-se as suas dimensões. L S F F Condutor Condutor sob tração S –AS L + AL Para variarmos a resistência de um condutor, é necessário analisar a equação geral da resistência: Diafragma sensor Diafragma isolador Cerâmica Vidro Aço Superfície metalizada Fluido de enchimento 58 MEDIÇÃO DE PRESSÃO R = ρ ? L S Onde R: resistência do condutor; ρ: resistividade do material; L: comprimento do condutor; S: área da seção transversal. A equação nos explica que a resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional à resistividade e ao comprimento e inversamente proporcional à área da seção transversal. A maneira mais prática de alterarmos as dimensões de um condutor é tracionar o mesmo no sentido axial, como mostrado a seguir: Seguindo esta linha de raciocínio, concluímos que para um comprimento L obti- vemos ΔL; então, para um comprimento 10 × L teríamos 10 × ΔL, ou seja, quanto maior o comprimento do fio, maior será a variação da resistência obtida e maior a sensibilidade do sensor para uma mesma pressão (força) aplicada. O sensor consiste de um fio firmemente colado sobre uma lâmina de base, do- brando-se o mais compacto possível. Esta montagem denomina-se tira extensio- métrica, onde o fio, apesar de estar solidamente ligado à lâmina de base, precisa estar eletricamente isolado da mesma. Uma das extremidades da lâmina é fixada em um ponto de apoio rígido enquanto a outra será o ponto de aplicação de força. Através da física tradicional sabemos que quando um material sofre uma fle- xão, suas fibras internas serão submetidas a dois tipos de deformação: tração L × nº de voltas Fio solidário a base Lâmina de base Ponto de aplicação da força F Fio solidário à base Lâmina de base (flexível) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 59 e compressão. As fibras localizadas mais externamente sofrem um alongamento com a tração, pois pertencem ao perímetro de maior raio de curvatura, enquanto as fibras internas sofrem uma redução de comprimento (menor raio de curvatura). Tração Compressão O fio solidário à lâmina também sofrerá o alongamento, acompanhando a su- perfície externa, variando a resistência total. Visando aumentar a sensibilidade do sensor, usaremos um circuito sensível à variação de resistência e uma confi- guração, como mostra a ilustração a seguir. Notamos que a ligação ideal para um Strain-Gauge, com quatro tiras extensio- métricas, é o circuito em ponte de Wheatstone, que tem a vantagem adicional de compensar as variações de temperatura ambiente, pois todos os elementos estão montados em um único bloco. Sensor por silício ressonante O sensor consiste em uma cápsula de silício colocada estrategicamente em um diafragma, utilizando o diferencial de pressão para vibrar em maior ou menor intensidade, a fim de que essa frequência seja proporcional à pressão aplicada. F R1 R3 R2 R4 60 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Construção do sensor Todo o conjunto pode ser visto na figura a seguir, porém, para uma melhor compreensão de funcionamento deste transmissor de pressão, faz-se necessário desmembrá-lo em algumas partes vitais. Na figura a seguir, podemos ver o conjunto do sensor. Ele possui um ímã per- manente e o sensor de silício propriamente dito. Dois rensores de silício ressonante Ressonante de silício Diafragma de silício Ressonadores em formato de H Diafragma de selagem Câmara de alta Flange da câmara Conjunto do sensor Corpo Óleo de silicone Diafragma do centro (P2)(P1) Câmara de baixa Sinal Pressãode baixa Espaçador Peça do sensor de silício Imã permanenteApoio do imã Pressão de alta (P1) (P2) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 61 Dois fatores que influenciam a ressonância do sensor de silício são o campo mag- nético, gerado por um imã permanente posicionado sobre o sensor, e o campo elétrico gerado por uma corrente em AC (além das pressões exercidas sobre o sensor, obviamente). Este enfoque pode ser observado na figura a seguir. A combinação do fator campo magnético/campo elétrico é responsável pela vibração do sensor. Um dos sensores ficará localizado ao centro do diafragma (FC), enquanto o outro terá sua disposição física mais à borda do diafragma (FR). Quando a pressão aumenta sobre FC, a frequência tende a baixar. P1 P2 Imã permanente Quando a pressão aumenta sobre FR, a frequência tende a aumentar. Peça do diafragma Base Espaçador Diafragma de silício Sensor ressonante Campo magnético Campo magnético Corrente de excitação Força eletromotriz Saída da frequência Imã permanente 62 MEDIÇÃO DE PRESSÃO Por estarem localizados em locais diferentes, porém no mesmo encapsulamento, um sofrerá compressão e o outro sofrerá tração, conforme a aplicação de pressão sentida pelo diafragma. Desta maneira, os sensores possuirão uma diferença de frequência entre si, que pode ser sentida por um circuito eletrônico e será pro- porcional ao ΔP aplicado. Por meio dessas informações é possível relacionar graficamente os pontos de operação de frequência × pressão. Sensor piezoelétrico Os elementos piezoelétricos são cristais, como o quartzo, a turmalina e o titanato, que acumulam cargas elétricas em certas áreas da estrutura cristalina quando so- frem uma deformação física por ação de uma pressão. São elementos pequenos e de construção robusta. Seu sinal de resposta é linear com a variação de pressão. São capazes de fornecer sinais de altíssimas frequências (milhões de ciclos por segundo). O efeito piezoelétrico é um fenômeno reversível. Se for conectado a um potencial elétrico, resultará em uma correspondente alteração da forma cristalina. Este efeito é altamente estável e exato, por isso é utilizado em relógios de precisão. A carga devida à alteração da forma é gerada sem energia auxiliar, uma vez que o quartzo é um elemento transmissor ativo. Esta carga é conectada à entrada de um amplificador, sendo indicada ou convertida em um sinal de saída, para tratamento posterior. Variação da frequência da pressão Tração Compressão Pressão diferencial (mmH2O) 5.000 10.000 80 85 90 95 100 Frequência (kHz) 4. Sistemas de selagem Sistema de selagem Tipos de selagem Tomadas de impulso Tubulação de impulso Instalação de tubulação Sistema de selagem Sistema de selagem é uma técnica muito utilizada na indústria para isolar o fluido de processo do contato direto com o instrumento de medição. Em muitos casos é necessário isolar o fluido de processo do elemento primário de medição quando: • O fluido do processo for altamente corrosivo. A superfície interna do instru- mento não pode ser protegida do ataque do fluido. • O fluido do processo for pastoso. A medição é dificultada pelas áreas mortas, inevitáveis em algumas unidades de medição. • O fluido do processo tende a cristalizar-se com a variação de temperatura, entupindo a tomada de impulso. • O fluido do processo tiver sólidos em suspensão. • O fluido for um gás com possibilidades de condensação, que forma colunas líquidas que podem interferir na medição. • O fluido é perecível. Pode ocorrer a decomposição de substâncias orgânicas, possibilitando a ocorrência de contaminação do produto. • A temperatura do fluido for muito elevada. A temperatura do instrumento pode atingir valores indesejáveis. 64 SISTEMAS DE SELAGEM • A instalação do instrumento é desfavorável, dificultando a leitura do operador e a manutenção do instrumento. • O instrumento estiver sujeito a vibrações constantes, que podem soltar para- fusos, porcas, escalas e ponteiros. • O fluido for periculoso – vazamentos para a atmosfera, meio ambiente ou poluição radioativa devem ser evitados por razões de segurança. Tipos de selagem Os tipos de selagem mais utilizados em processos industriais são: • selo líquido; • selo de ar; • selo volumétrico. Selo líquido Neste tipo de aplicação, o fluido de processo é isolado do elemento primário por meio de uma coluna líquida. A selagem pode ser realizada antes do elemento primário, em caso de medição de pressão. Se for medição de vazão com placa de orifício, porém, a selagem é aplicada somente para isolar o instrumento medidor. Na medição de nível, a densidade do líquido de selagem deve ser maior do que a densidade do processo quando o instrumento estiver instalado abaixo da tomada de impulso; deve ser menor quando o instrumento estiver instalado acima da tomada de impulso, para que os fluidos não se misturem. Os líquidos de processo e de selagem devem ser não miscíveis. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 65 Figura 1 – Selo líquido. Os tipos de líquido de selagem utilizados dependem das características químicas e físicas do processo. Os mais utilizados são: • glicerina; • querosene; • óleos; • glicol; • água. Pote de selagem Pote de selagem consiste em um reservatório instalado entre a tomada de im- pulso e o elemento primário de medição, que isola o líquido de processo do instrumento de medição por meio da diferença de densidade dos líquidos de processo e de selo. A pressão de processo atua sobre a superfície do líquido de selagem, pressionan- do o selo até o interior do elemento receptor. Na medição de nível por pressão diferencial em tanques fechados com vapores condensáveis é necessária a utilização de selagem na tomada de baixa pressão a fim de se evitar erros de medição devido a possíveis acúmulos de condensado na tomada. Para o elemento de medição Para o elemento de medição Líquido de selagem P P 66 SISTEMAS DE SELAGEM Figura 2 – Exemplo de aplicação de selo líquido na medição de nível. Tubo sifão Na medição de qualquer variável em linhas de vapor, geralmente é utilizado um tubo sifão para proteger o elemento de medição da alta temperatura. O condensado fica acumulado no tubo sifão, impedindo que o vapor entre em contato com o elemento de medição. A seguir são apresentados alguns tipos de tubo sifão utilizados na indústria. Tipo rabo de porco Tipo cachimbo Tipo bobina ou trombeta Figura 3 – Tipos de sifão. líquido de selagem líquido de selagem líquido de processo FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 67 Selo de ar Este tipo de selagem é muito utilizado em medição de baixas pressões. Consiste em uma câmara onde é instalado um diafragma que se desloca em função da variação da pressão aplicada. As tubulações e a câmara são preenchidas com ar à pressão atmosférica. A contração do diafragma aciona o elemento sensor. Figura 4 – Exemplo de aplicação do selo a ar. Selo volumétrico Consiste em uma câmara, totalmente preenchida com um líquido, em contato com o elemento de medição. O isolamento entre líquido de selagem e o processo é realizado por um diafragma ou fole. A pressão que atua sobre a área do diafrag- ma ou do fole provoca deslocamento do líquido, transmitindo qualquer variação de pressão ao elemento sensor. Em alguns casos, a comunicação entre a câmara e o elemento de medição pode ser feita por um tubo capilar. A faixa mínima recomendada para medidores com selo volumétrico é de 3 Kg/cm2, sendo que o comprimento do capilar não deve ultrapassar 15 metros. Cápsula de selagem Manômetro petroquímico Manômetro com capilar Figura 5 – Aplicações utilizando selo volumétrico. Entrada do selo Para o medidor Câmara de ar DiafragmaSinal do processo 68 SISTEMAS DE SELAGEM Tomadas de impulso É o ponto de medição do elemento primário que fica em contato direto com o fluido do processo. Figura 6 – Tomada de impulso em uma tubulação. As tomadas de pressão deverão ser instaladasna linha, observando-se os seguin- tes cuidados: • O eixo de simetria da tomada de impulso deve ser perpendicular ao eixo de simetria da tubulação. • Deve-se evitar a ocorrência de rebarbas na interseção do furo da tomada com a superfície interna da tubulação. • O diâmetro interno da tomada de impulso instalada em tubulações de pe- quenas dimensões (1 ½” e 2”) não deve ser maior do que D/20, limitando-se a 1/2” para tubulações de até 10” e podendo atingir 3/4” para tubulações de maior diâmetro. Figura 7 – Exemplo de instalação de tomadas de impulso em uma tubulação. Tubulação de impulso É a tubulação que liga a tomada de impulso a um instrumento de medição. É um componente do elemento primário dos instrumentos que medem pressão, pressão diferencial, nível por pressão diferencial e vazão por pressão diferencial. Tomada de impulso FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 69 Para instrumentos de pressão diferencial, a tubulação de impulso deverá estar conectada às tomadas de impulso por meio de duas linhas, uma conectada à câmara de baixa e outra conectada à câmara de alta do instrumento. Figura 8 – Tubulação de impulso para instrumentos de pressão diferencial. Instalação de tubulação A instalação de uma tubulação de impulso depende do tipo de fluido e da variável a ser medida. Toda instalação de instrumentos medidores de pressão deverá conter os seguintes componentes: • um nipple de determinado diâmetro, fixado à tomada de impulso; • uma válvula de bloqueio para bloquear o fluido de processo em caso de re- moção para manutenção ou substituição; • um tubo de determinado diâmetro conectado à válvula de bloqueio e ao instrumento; • uma válvula de dreno instalada próximo ao instrumento a fim de despres- surizar a tomada de impulso e drenar o fluido de processo contido na tomada de impulso. 70 SISTEMAS DE SELAGEM Figura 9 – Instalação típica de um manômetro. Instalação para medidores de vazão de gás por pressão diferencial O instrumento deve ser montado acima do elemento primário de vazão (placa de orifício) com válvulas de bloqueio conectadas às tomadas de impulso, para isolar o instrumento do líquido de processo, e com uma válvula equalizadora conectada entre as duas tomadas de impulso para igualar a pressão das câmaras do instrumento. Figura 10 – Instalação para medidores de vazão de gás por pressão diferencial. Válvula dreno Válvula de bloqueio FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 71 As válvulas de bloqueio e a válvula equalizadora podem ser substituídas por um manifold, um conjunto de três válvulas instaladas em um mesmo bloco. Figura 11 – Manifold. Instalação para medidores de vazão de líquido por pressão diferencial O instrumento deve ser montado abaixo do elemento primário de vazão (placa de orifício) com válvulas de bloqueio conectadas às tomadas de impulso, a fim de isolar o instrumento do líquido de processo, e com uma válvula equalizadora conectada entre as duas tomadas de impulso, a fim de igualar as pressões das câmaras do instrumento. Figura 12 – Instalação para medidores de vazão de líquido por pressão diferencial. 72 SISTEMAS DE SELAGEM As linhas de tomada de impulso deverão ser da mesma altura; caso contrário, podem ocorrer erros na medição devido à diferença de altura de coluna líquida. Instalação para medidores de vazão de vapor por pressão diferencial O instrumento deve ser montado abaixo do elemento primário de vazão (placa de orifício) com válvulas de bloqueio conectadas às tomadas de impulso, a fim de isolar o instrumento do líquido de processo, e com uma válvula equalizadora conectada entre as duas tomadas de impulso, a fim de igualar a pressão das câ- maras do instrumento. Figura 13 – Instalação para medidores de vazão de vapor por pressão diferencial. Na Figura 14 é mostrado um outro tipo de montagem para medição de vazão de vapor, onde as linhas de tomada são isoladas termicamente para evitar troca de calor. Válvula equalizadora Válvulas de bloqueio Válvulas de bloqueio Pote de selagem FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 73 Figura 14 – Montagem para medição de vazão de vapor com isolamento térmico. A seleção do material para instalação das tomadas de impulso depende do tipo de fluido a ser medido, da temperatura e da pressão de operação do fluido, da pos- sibilidade de corrosão e da distância entre o elemento primário e o instrumento. Purga É o sistema utilizado para evitar que o fluido de processo entre em contato di- reto com os medidores, cuja finalidade é evitar possíveis danos ou falhas no seu funcionamento. Purga com gás Ao sistema de medição é fornecido um gás com uma pressão ligeiramente su- perior à pressão máxima a ser medida (em torno de 10% a 20% da pressão). A vazão da purga deve ser mantida constante por meio de um regulador de vazão. Na Figura 15 é apresentada uma aplicação típica desse sistema na medição de nível. 74 SISTEMAS DE SELAGEM Figura 15 – Medição de nível por borbulhador. Purga com líquido A purga é realizada com água ou com outro líquido adequado quando o líquido do processo for corrosivo, contiver sólidos em suspensão ou com tendência a cristalizar-se com a variação de temperatura. Sangria É a técnica utilizada para extrair o ar contido em sistemas hidráulicos. A facili- dade de compressão do ar absorve a pressão transmitida pelo líquido, perdendo sua efetividade. Na instrumentação, a sangria é utilizada quando o fluido de enchimento de câ- maras de compressão e de sistemas de selagem for líquido. Transmissor de nível Rotrâmetro de purga 20 PSI 5. Medição de nível Medição de nível Métodos de medição de nível líquido Métodos de medição de nível de sólidos Medição de nível Nível é a altura do conteúdo de um reservatório. O conteúdo pode ser sólido ou líquido. Com a determinação de nível de um reservatório, temos condições de: a. Avaliar o estoque de tanques de armazenamento. b. Controlar processos contínuos em que existam volumes líquidos ou sólidos, de acumulação temporária, amortecimento, mistura, residência etc. Métodos de medição de nível de líquido Os três tipos básicos de medição de nível são: a. direto; b. descontínuo; c. indireto. Medição direta É a medição em que tomamos como referência a posição do plano superior da substância medida. Pode ser realizada: 76 MEDIÇÃO DE NÍVEL a. Pela observação visual direta, pela comparação com uma escala graduada. b. Pela determinação da posição de um detector, como uma boia, sobre a su- perfície do produto que se deseja medir. c. Pelo contato de eletrodos com a superfície livre do nível a ser medido. d. Pela interrupção de um feixe de luz enviado para uma célula fotoelétrica; pela interposição entre o emissor e a célula do produto cujo nível se deseja medir. e. Pela reflexão de ondas de rádio ou sônicas na superfície livre do produto. Régua ou gabarito Consiste na introdução de uma régua graduada e de comprimento adequado no reservatório a ser medido. A determinação do nível será efetuada pela leitura direta do comprimento mo- lhado na régua. Visores de nível Utilizam o princípio dos vasos comunicantes. O nível é observado por um visor de vidro especial, podendo haver uma escala graduada acompanhando o visor. Esta medição é realizada tanto em tanques abertos quanto em tanques fechados. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 77 Visor de nível tubular Normalmente é constituído por um tubo de vidro reto, com espessura adequada a cada aplicação. É conectado a blocos metálicos. O comprimento e o diâmetro do tubo dependem das condições a que o visor será submetido. Para proteger o tubo de vidro de eventuais choques mecânicos são montadas has- tes protetoras metálicas ou tubos e chapas plásticas que envolvem o tubo de vidro. Recomendações quanto à aplicação: • Utilizar em processos que não apresentem pressões superiores a 2 bar e em temperaturas abaixo de 100 °C. • Não utilizar com líquidos tóxicos, inflamáveis ou corrosivos. • O comprimento do tubo não deve exceder os 750 mm.Para faixas de medição maiores é comum a utilização de dois ou mais visores sobrepostos. Visor de vidro plano Os visores de nível de vidro plano são compostos por um ou vários módulos em que são fixadas barras planas de vidro, conhecidas como seções dos visores. Cada seção apresenta uma altura que varia de 100 mm a 350 mm. Podem ser compos- tos por, no máximo, quatro seções. Caso seja necessário, podem ser instaladas várias seções sobrepostas. 78 MEDIÇÃO DE NÍVEL Tipos de seções de visor de nível de vidro plano. O vidro é de borossilicato temperado, capaz de suportar choques térmicos e mecânicos. As juntas de vedação são de papelão hidráulico e as almofadadas são de amian- to grafitado. Os visores de vidro plano estão divididos em dois tipos: visor plano reflex e visor plano transparente. Visor de vidro plano reflex Este tipo de visor possui um vidro com hachuras prismáticas na face que fica em contato com o líquido que se deseja medir. Seu funcionamento é baseado na lei ótica da reflexão total da luz. A superfície interna do vidro é composta por prismas normais no sentido lon- gitudinal do visor. Os raios de luz normais à face do visor atingem a superfície do prisma com um ângulo de 45º, sofrendo reflexão total, pois o ângulo crítico é ultrapassado (para a superfície vidro-ar, o ângulo crítico é de 42º). Visor de nível reflex. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 79 Nesta condição, o visor apresenta uma cor prata brilhante. Na região do visor, onde existir líquido não ocorrerá reflexão total, pois o ângulo crítico não é ultra- passado (para a superfície vidro-água é de 62º). Desta forma, o visor apresentará cor escura. Os visores de nível plano reflex não devem ser utilizados nas seguintes aplicações: • Fluidos corrosivos ao vidro. • Fluidos viscosos. • Iluminação insuficiente no local de instalação. • Detecção da interface de dois líquidos não miscíveis. Visor de vidro plano transparente Este tipo de visor utiliza dois vidros: um montado na parte posterior e outro montado na parte anterior do visor. Permitem a transparência do visor à luz. Vista em corte superior de um visor de vidro plano transparente. Vista em corte superior de um visor de nível reflex. Porca Espelho Corpo Parafuso prisioneiro Junta de vedação Vidro Junta almofadada Líquido Vidro Vidro Gás 80 MEDIÇÃO DE NÍVEL Para melhorar a visibilidade, normalmente são instaladas lâmpadas iluminadoras na parte posterior do visor. Este tipo de visor é utilizado em aplicações com: • Fluidos coloridos, viscosos ou corrosivos ao vidro. • Interface entre dois líquidos. • Alta pressão e alta temperatura. Boia ou flutuador Consiste em uma boia presa a um cabo que tem sua extremidade ligada a um contrapeso, o qual está fixo a um ponteiro que indicará diretamente o nível em uma escala. Esta medição é normalmente encontrada em tanques abertos. Medição de nível por boia ou flutuador. Medição de nível blindado (magnético) O medidor blindado é constituído por um imã preso a uma boia no interior de um tubo metálico não magnético conectado a um reservatório, que aciona um dispositivo indicador. Este dispositivo pode ser uma palheta de duas cores cuja extremidade possui um metal magnetizável que gira acompanhando a boia. Roldana Corrente ou cabo Escala Contrapeso Boia FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 81 Tal dispositivo é utilizado em reservatórios com alta pressão e alta temperatura, com fluidos perigosos ou tóxicos. Também quando não é tolerável um derrama- mento do produto em caso de rompimento de vidro. Medição de nível blindado. Medição descontínua de nível Os medidores são empregados para fornecer indicação apenas quando o nível atinge os pontos fixos desejados, que são valores correspondentes à quantidade de um determinado produto em equipamentos que, uma vez alcançados, desen- cadeiam uma ação necessária à operação normal ou à segurança do sistema ao qual o equipamento pertence. Assim sendo, esses medidores podem ligar uma bomba, acionar um alarme ou desencadear uma sequência de operações auto- máticas quando o nível atinge um ponto fixo cujo valor pode ser previamente ajustado. Os medidores são compostos, basicamente, de duas partes: um detector de nível e um circuito de saída, que pode estar energizado ou desenergizado. O detector in- forma ao circuito de saída a presença ou a ausência do produto em determinada posição; cabe ao circuito normalizar o sinal de saída em função dessa informação. 82 MEDIÇÃO DE NÍVEL Medição indireta Neste tipo de medição são usadas propriedades físicas ao nível, como pressão, empuxo e radiação. Medição de nível por pressão Este tipo de medição é baseado no Teorema de Stevin: a pressão exercida no fundo de um reservatório que contém líquido é igual ao produto da densidade do líquido pela altura da coluna líquida. Essa pressão pode ser calculada pela equação: P = h ? dr ou P = h ? γ A diferença entre as equações está na unidade de pressão. Se for utilizada a pri- meira equação, a unidade de pressão resultante será em mH2O, cmH2O, mmH2O ou H2O, dependendo da unidade da altura do líquido utilizada. Utilizando-se a segunda equação, a unidade de pressão será em gf/cm2. Desta forma, podemos utilizar a pressão devido à altura da coluna líquida para medir indiretamente o nível – desde que a densidade ou o peso específico do líquido seja constante. Se tivermos um recipiente contendo água à temperatura ambiente, a medição de nosso instrumento será igual ao nível do tanque. Medidor de nível descontínuo por condutividade elétrica Medidor de nível descon- tínuo com interruptores acoplados em boias FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 83 h = P dr Onde: h = nível em milímetros ou em polegada; P = pressão em mm H2O ou polegada H2O. dr = densidade relativa do líquido em relação à água na temperatura ambiente. Medição de nível por pressão. Exemplo Podemos determinar a faixa de medição de nível de um determinado líquido em função da pressão utilizando a equação: P = h ? dr. Dados: • altura mínima do nível = 0 mm; • altura máxima do nível = 500 mm; • densidade do líquido = 0,75. Para calcular os valores máximos e mínimos de pressão determinada pela coluna líquida correspondente à altura mínima e máxima do nível, procedemos da seguinte forma: Valor mínimo: Valor máximo: P = 0 ? 0,75 P = 500 ? 0,75 P = 0 mmH2O P = 375 mmH2O Patm Atm H dr L h 84 MEDIÇÃO DE NÍVEL O range será de 0 mm a 375 mmH2O, ou seja, a pressão variará entre 0 (correspondente à altura de 0 mm) e 375 mmH2O (correspondente à altura de 500 mm). Medição de nível por pressão em tanques abertos Na medição de nível por pressão em tanques abertos, a pressão atmosférica age sobre a superfície do líquido, provocando um erro na altura calculada. A pressão no fundo do reservatório será de P = h ? dr. Exemplo Um determinado reservatório contém um líquido de densidade igual a 0,85. Sabendo-se que o nível mínimo é 0 m e o nível máximo corres- ponde a 5 m, qual será o valor da pressão que atua no fundo do tanque e qual será a altura do nível do reservatório correspondente a uma pressão de 2125 mmH2O? Solução: Cálculo da pressão até a tomada de impulso do instrumento: P = h ? dr P = 5000 mm ? 0,85 P = 4250 mmH2O Cálculo da altura do nível para P = 2125 mmH2O: P = h ? dr 2125 mmH2O = h ? 0,85 h = 2125 mmH2O 0,85 h = 2500 mm FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 85 Medição de nível com borbulhador Com o sistema de borbulhador é possível detectar o nível de qualquer tipo de líquido (viscosos, corrosivos etc.). Neste sistema, necessitamos de um suprimento de ar ou de gás e uma pressão ligeiramente superior à máxima pressão hidrostática exercida pelo líquido. Ajus- tamos o valor, normalmente para aproximadamente 10% a mais do que a pressão hidrostática. O sistema borbulhador engloba uma válvula agulha, um recipiente com líquido – pelo qual o ar ou o gás passarão – e um indicador de pressão. Ajus- tamos a vazão de ar ou gás atéque se observe a formação de bolhas em pequenas quantidades. Um tubo levará esta vazão de ar ou de gás até o fundo do vaso do qual queremos medir o nível. Teremos, então, um borbulhamento bem sensível de ar ou de gás no líquido. Na tubulação pela qual fluirá o ar ou o gás, instalamos um indicador de pressão, que indicará um valor equivalente à pressão devido ao peso da coluna líquida. A pressão do ar ou gás (purga) deve ser em torno de 10% do valor da pressão do peso da coluna líquida quando o nível do reservatório estiver em 100%. É possível instalar o medidor a distância. Patm Atm H L h dr 86 MEDIÇÃO DE NÍVEL Medição de nível por borbulhador. Medição de nível por empuxo Sgundo o princípio de Arquimedes, todo corpo mergulhado em um fluido sofre a ação de uma força vertical, dirigida de baixo para cima, igual ao peso do volume do fluido deslocado. Essa força exercida pelo peso do volume deslocado pelo corpo nele submerso ou flutuante é chamada de empuxo, a qual é representada pela equação: E = V ? γ Onde: E: empuxo; V: volume do deslocador submerso; γ: densidade ou peso específico do líquido. Neste tipo de medição utiliza-se um deslocador (displaycer) que sofre o empuxo do nível de um líquido, transmitindo esse movimento para um indicador por meio de um tubo de torque. O medidor deve ter um dispositivo de ajuste para densidade do líquido cujo nível está sendo medido, pois o empuxo varia com a densidade. Pressão de alimentação: 20 PSI H L FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 87 Medição de nível com interface Podemos definir interface como o ponto comum entre dois fluidos não miscíveis. Na indústria, muitas vezes é necessário medir o nível da interface em um tanque contendo dois líquidos diferentes. Este fato ocorre em torres de destilação torres de lavagem, decantadores etc. Um dos métodos mais utilizados para a medição da interface é a variação do empuxo. O empuxo aplicado no deslocador (displaycer) é igual à soma dos empuxos E1 e E2 aplicados pelos líquidos de pesos específicos γ1 e γ2, respectivamente. O empuxo será dado por: Et = E1 + E2 Onde: E1 = V1 ? γ1; E2 = V2 ? γ2. 88 MEDIÇÃO DE NÍVEL Líquido 1 Líquido 2 Líquido 1 Líquido 2 Líquido 1 Líquido 2 Líquido 1 Líquido 2 Líquido 1 Líquido 2 Nível em 0% A interface não toca no displacer. A interface está a 25% de altura do deslocador. A interface está a 50% de altura do deslocador. A interface está a 75% de altura do deslocador. A interface está a 100% de altura do deslocador. Nível em 25% Nível em 50% Nível em 75% Nível em 100% Para diferentes valores de altura de interface teremos diferentes variações de empuxo. Medição de nível com raios gamas Os medidores que utilizam radiações nucleares se distinguem pelo fato de serem completamente isentos do contato com os produtos que estão sendo medidos. Além disso, dispensam sondas ou outras técnicas que mantêm contato com sólidos ou líquidos, tornando-se possível, em qualquer momento, realizar a manutenção desses medidores sem a interferência ou a paralisação do processo. Dessa forma, os medidores que utilizam radiação podem ser usados para indi- cação e controle de materiais de manuseio extremamente difíceis (corrosivos, abrasivos, muito quentes, sob pressões elevadas ou de alta viscosidade). Esse sistema de medição consiste em uma emissão de raios gamas. É montado, verticalmente, na lateral do tanque. Do outro lado, teremos uma câmara de ionização (contador Geiger), que transforma a radiação gama recebida em um sinal elétrico de corrente contínua. Como a transmissão dos raios é inversamente proporcional à massa do líquido do tanque, a radiação captada pelo receptor é inversamente proporcional ao nível do líquido do tanque, já que o material bloquearia parte da energia emitida. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 89 Medidor de nível por radiação. O contador Geiger (Detector Geiger-Muller) é formado por um tubo de pequeno diâmetro (de 15 mm a 20 mm), de paredes bem finas. Contém, em seu interior, um gás inerte sob uma pressão de 100 mmHg. Na parte central é instalado um eletrodo com a forma de um fio fino conectado a um potencial de forma que qualquer partícula radiante produz um par de íons no gás. Uma vez iniciado esse processo, um simples par de íons, por meio de choques, origina uma avalanche de elétrons por efeito de multiplicação. Essa avalanche produz uma corrente pulsante que pode ser detectada sob a forma de uma corrente média ou por um processo de contagem. Para maior sensibilidade, podem ser montados dois tubos Geiger-Muller em paralelo. Medição de nível capacitivo A capacitância é uma grandeza elétrica que existe entre duas superfícies condu- toras isoladas entre si. O medidor de nível capacitivo mede as capacidades do capacitor formado pelo eletrodo submergido no líquido em relação às paredes do tanque. A capacidade do conjunto depende do nível do líquido. O elemento sensor geralmente é uma haste ou cabo flexível de metal. Em líqui- dos não condutores, emprega-se um eletrodo normal; em fluidos condutores, o eletrodo é isolado, normalmente, com teflon. À medida que o nível do tanque Fonte de radiação Sensor Geiger Amplificador Indicador 90 MEDIÇÃO DE NÍVEL for aumentando, o valor da capacitância varia, progressivamente, à medida que o dielétrico ar é substituído pelo dielétrico líquido a medir. A capacitância é convertida por um circuito eletrônico, em uma corrente elétrica, sendo este sinal indicado em um medidor. A medição de nível por capacitância também pode ser feita sem contato por meio de sondas de proximidade, que consistem de um disco que compõe uma das placas do capacitor. A outra placa é a própria superfície do produto. Tipo haste Sem contato Medidor de nível tipo capacitivo. Medidor de nível por ultrassom Aplicação Os dispositivos do tipo ultrassônico podem ser usados para a detecção contínua de nível, além de poderem atuar como sensores de nível descontínuo (chave de nível). Os dispositivos destinados à detecção contínua de nível caracterizam-se, princi- palmente, pelo tipo de instalação, ou seja, os transdutores podem encontrar-se totalmente submersos no produto ou instalados no topo do equipamento, sem contato com o produto. Amplificador Amplificador Indicador Indicador FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 91 Princípios físicos O ultrassom é uma onda sonora cuja frequência de oscilação é maior do que aquela sensível pelo ouvido humano, isto é, acima de 20 kHz. A geração ocorre quando uma força externa excita as moléculas de um meio elástico. Essa excitação é transferida de molécula a molécula com uma velocidade que depende da sua própria elasticidade e inércia. A propagação do ultrassom depende, portanto, do meio. Dependendo do meio, faremos a distinção da pro- pagação nos sólidos, líquidos e gases. Assim sendo, a velocidade do som é a base para a medição por meio da técnica de eco, usada nos dispositivos ultrassônicos. Geração do ultrassom As ondas de ultrassom são geradas pela excitação elétrica de materiais piezoelétricos. A característica marcante desses materiais é a produção de um deslocamento quando uma tensão é aplicada. Assim sendo, podem ser usados como geradores de ultrassom, compondo, portanto, os transmissores. Inversamente, quando se aplica uma força em um material piezoelétrico, há o aparecimento de uma tensão em seu terminal elétrico. Nesta modalidade, o material piezoelétrico é usado como receptor de ultrassom. Medidor de nível por ultrassom. 92 MEDIÇÃO DE NÍVEL Métodos de medição de nível de sólidos É necessário medir o nível dos sólidos, geralmente em forma de pó ou grãos, pelos mesmos motivos da medição de nível dos líquidos. Medição eletromecânica Esta medição é comumente feita por dispositivos eletromecânicos. É colocada uma sonda sobre a carga ou conteúdo que desce até tocar no produto. Logo após é recolhida para a posição inicial e realizada a medida do comprimento do cabo, quecorresponde à parte vazia do reservatório. Medição tipo pás rotativas Este princípio de medição só é utilizado em medição descontínua de nível. Consiste, basicamente, em um eixo vertical, acionado por um motor síncrono, dotado de palhetas que giram continuamente em baixa rotação. Quando o ma- terial alcança as pás, o movimento é submetido à resistência, acionando dois microswitches. O primeiro atua como dispositivo de alarme e o segundo desliga o motor síncrono. Quando o nível diminui, deixando as pá livres de qualquer resistência, uma mola faz com que o conjunto retorne à posição original. Cabo Sonda FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 93 Lâminas vibratórias O princípio de operação deste tipo de medidor é baseado no amortecimento da vibração de uma haste simples ou de duas hastes em forma de diapasão. O amortecimento ocorre devido à absorção da energia de vibração pela viscosida- de de um líquido ou pela resistência de sólidos em grãos ou em pó, quando em contato com a haste. Na chave de nível de haste simples, a vibração ocorre por excitações transversais ou por um sistema de bobina ou eletroímã ativado por um circuito oscilador eletrônico. A amplitude de vibração da haste é detectada por uma bobina sen- sora, gerando um sinal elétrico de saída que é amplificado, indo para um relé eletrônico, que muda um contato, modificando o estado do sinal de saída. Lâmina vibratória simples. Lâmina vibratória com duas hastes. 6. Telemetria em instrumentação Transmissão pneumática Transmissão eletrônica Transmissão digital Exemplos de aplicação de telemetria Chamamos de telemetria a técnica de transportar medições obtidas no processo a distância em função de um instrumento transmissor. A transmissão a distância dos valores medidos está tão intimamente relacionada com os processos contínuos que a necessidade e as vantagens da aplicação da telemetria e do processamento contínuo se entrelaçam. Um dos fatores que se destaca na utilização da telemetria é a possibilidade de centralizar instrumentos e controles de um determinado processo em painéis de controle ou sala de controle. Teremos, a partir daqui, inúmeras vantagens que não são difíceis de imaginar. a. Os instrumentos agrupados podem ser consultados com mais facilidade e rapidez, possibilitando uma visão conjunta do desempenho da unidade à operação. b. Pode-se reduzir o número de operadores com simultâneo aumento da efi- ciência do trabalho. c. Cresce consideravelmente a utilidade e a eficiência dos instrumentos face às possibilidades de pronta consulta, manutenção e inspeção, em situação mais acessível, mais protegida e mais confortável. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 95 Transmissão pneumática A transmissão pneumática utiliza ar comprimido como meio de transporte da informação. Características e tipos de sinais Em geral, os transmissores pneumáticos geram um sinal pneumático variável e linear de 3 psi a 15 psi (libras-força por polegada ao quadrado) para uma faixa de medidas de 0% a 100% da variável. Essa faixa de transmissão foi adotada pela Scientific Apparatur Makers Association (SAMA), pela Associação de Fabrican- tes de Instrumentos e pela maioria dos fabricantes de transmissores e controla- dores dos Estados Unidos. Podemos, entretanto, encontrar transmissores com outras faixas de sinais de transmissão, por exemplo, de 20 kPa a 100 kPa. Nos países que utilizam o sistema métrico decimal, utilizam-se as faixas de 0,2 kgf/cm2 a 1 kgf/cm2, que equivalem, aproximadamente, a um valor de 3 psi a 15 psi. O alcance do sinal no sistema métrico é aproximadamente 5% menor do que o sinal de 3 psi a 15 psi, sendo este um dos motivos pelos quais devemos calibrar os instrumentos de uma malha (transmissor, controlador, elemento final de controle etc.) utilizando uma mesma norma para todos. Note, também, que o valor mínimo do sinal pneumático também não é zero, e sim 3 psi ou 0,2 kgf/cm2; deste modo, conseguimos calibrar corretamente o instrumento, comprovando sua calibração correta e detectando vazamentos de ar nas linhas de transmissão. Podemos, ainda, ver que se tivéssemos um transmissor pneumático de tempe- ratura de range de 0 °C a 200 °C, e o mesmo estivesse com o bulbo a 0 °C e com um sinal de saída de 1 psi, o transmissor estaria descalibrado. Se o valor mínimo de saída fosse 0 psi não seria possível fazer esta comparação rapidamente e, para que pudéssemos detectá-lo, teríamos de esperar um aumento de temperatura para que houvesse um sinal de saída, o qual seria incorreto. 96 TELEMETRIA EM INSTRUMENTAÇÃO Linha de transmissão pneumática As linhas de transmissão pneumáticas são constituídas de tubos de cobre ou vinil com diâmetro externo de 1/4”. Em locais onde a atmosfera é oxidante utilizam-se tubos de aço inox. A distância máxima para transmissão de sinal pneumático é de, aproximadamente, 150 m. Para distâncias superiores, é recomendável intercalar relés pneumáticos (amplificadores) a cada 100 m para diminuir os retardos de transmissão do sinal. Transmissão eletrônica A transmissão eletrônica utiliza sinais elétricos como meio de transporte da informação. Os transmissores eletrônicos geram vários tipos de sinais: 4 mA a 20 mA, 10 mA a 50 mA e 1V a 5 V, sendo estes os mais utilizados. Temos estas discrepâncias nos sinais de saída entre diferentes fabricantes devido a esses instrumentos estarem preparados para uma fácil mudança do seu sinal de saída. Os sinais de 4 mA a 20 mA e de 1 V a 5 V têm a mesma proporção que um sinal pneumático de 3 psi a 15 psi. O “zero vivo” utilizado quando adotamos o valor mínimo de 4 mA, oferece a vantagem de poder detectar uma avaria (rompimento dos fios), o que provoca a queda do sinal quando o mesmo estiver em seu valor mínimo. A transmissão do sinal da variável é feita por dois fios. O sinal padrão de 4 mA a 20 mA é limitado pela sua capacidade de comunicação com instrumentos inteligentes porque só transmite o sinal de uma variável em uma direção, visto que os instrumentos inteligentes necessitam de um barramen- to de comunicação bidirecional (em duas direções). Linhas de transmissão elétrica As linhas de transmissão para instrumentos eletrônicos geralmente são consti- tuídas de fios de cobre flexível com isolamento de até 600 volts. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 97 Transmissão digital Na transmissão digital, o meio de transporte utilizado é um sinal elétrico digital transmitido em pulsos. Protocolo HART O protocolo HART (highway address remote transduce) é um sistema que com- bina o padrão 4 mA a 20 mA com a comunicação digital, permitindo conectar instrumentos com um computador. Utiliza dois fios com uma taxa de comuni- cação de 1.200 bits/s. Fieldbus Fieldbus é um sistema de comunicação digital bidirecional usado para interligar instrumentos inteligentes instalados no campo com os sistemas de controle ge- ralmente localizados na sala de controle. Os instrumentos inteligentes podem fornecer informações de diagnóstico e con- trole, reduzindo a quantidade de instrumentos de uma malha de controle. Este padrão permite a comunicação de múltiplas variáveis entre vários instrumentos, proporcionando uma melhora no desempenho dos processos de produção e automação. Os instrumentos possuem funções avançadas disponíveis para a melhoria do controle, as quais permitem a calibração remota (a distância), possibilitando um diagnóstico automático e facilitando a manutenção. Analógico Dados digital 4 mA a 20 mA HART 98 TELEMETRIA EM INSTRUMENTAÇÃO O fieldbus reduz os custos de manutenção, instalação e partida. Os custos da fiação são reduzidos em até 66% ou mais, pois o fieldbus permite a instalação de mais de um instrumento no mesmo par de fios. Além disso, podem ser conec- tados novos instrumentos sem a necessidade de instalação de uma nova fiação. Outra característica importante deste padrão de transmissão é a imunidade a ruídos, pois todos os dados são transmitidos digitalmente, aumentandoa pre- cisão dos mesmos. Os sinais podem ser transportados por meio de três meios físicos: • par de fios; • fibra ótica; • rádio. Exemplos de aplicação da telemetria Na figura a seguir é mostrada uma aplicação prática da telemetria na medição de variáveis de processo em um reservatório de armazenamento de um produto qualquer. Estação de operação Estação de manutenção Instrumento de campo PDT TT FV PT Comunicação digital bidirecional FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 99 Aplicação da telemetria na medição de variáveis de processo. Note que todas as informações estão concentradas no painel, que só recebe sinais pneumáticos ou elétricos enviados pelos transmissores. Uma das vantagens da padronização dos sinais é que podemos utilizar instrumentos indicadores iguais. Apesar de terem funções diferentes, recebem um sinal de entrada com o mesmo range do sinal de transmissão. A padronização do sinal de transmissão também evita que o produto manipulado no processo chegue até o painel, em caso da medição direta da variável. Relação matemática entre sinais Utilizando o desenho da figura anterior, adotaremos um range de transmissão para os instrumentos pneumáticos de 3 psi a 15 psi e uma faixa de medição de nível de 0 m a 4 m de altura. Podemos relacionar os ranges da seguinte forma: Entrada Saída Campo Painel 100 TELEMETRIA EM INSTRUMENTAÇÃO Cada valor da variável medida (%) corresponde a um valor de sinal de transmis- são (St), na mesma proporção: % – 0 100 – 0 = St – 3 15 – 0 ⇒ % 100 = St – 3 12 ⇒ % = St – 3 12 ? 100 ou St = ( % 100 ? 12) + 3 Suponha, por exemplo, que o nível no tanque seja de 75%. O LT enviará para o LI um sinal em psi proporcional ao nível. St = ( % 100 ? 12) + 3 St = ( 75% 100 ? 12) + 3 St = (0,75 ? 12) + 3 St = 9 + 3 St = 12 psi Variação percentual da variável medida Metros PSI STN% % 100 4,0 15 75 3,0 12 50 2,0 9 25 1,0 6 0 0 3 Variação do nível medido Variação do sinal de transmissão 7. Medição de temperatura Medição da temperatura na indústria Conceito de temperatura Medição de temperatura, ou termometria, é um termo abrangente que inclui desde a criometria até pirometria, que são casos particulares de medição. Criometria é a medição de baixas temperaturas, ou seja, aquelas próximas ao zero absoluto de temperatura. Pirometria é a medição de altas temperaturas, na faixa onde os efeitos de radiação térmica passam a se manifestar. Medição da temperatura na indústria A temperatura é uma das variáveis mais importantes na indústria de processa- mento. Praticamente todas características físico-químicas de qualquer substância alteram-se de forma bem-definida com a temperatura, como nos casos: • Dimensões (comprimento, volume). • Estado físico (sólido, líquido, gás). • Densidade. • Viscosidade. • Radiação térmica. • Reatividade química. • Condutividade. • pH. • Resistência mecânica. • Maleabilidade, ductilidade. 102 MEDIÇÃO DE TEMPERATURA Assim, qualquer que seja o tipo de processo, a temperatura afeta diretamente o seu comportamento, provocando, por exemplo: • Aceleração ou desaceleração do ritmo de produção. • Mudança na qualidade do produto. • Diminuição na segurança do equipamento e/ou pessoal. • Aumento do consumo de energia. Conceito de temperatura Temperatura é uma propriedade da matéria relacionada ao movimento de vi- bração e/ou deslocamento dos átomos de um corpo. Todas as substâncias são constituídas de átomos que, por sua vez, se compõe de um núcleo e um envoltó- rio de elétrons. Normalmente, estes átomos possuem certa energia cinética que se traduz na forma de vibração ou no mesmo deslocamento, como no caso de líquidos e gases. A energia cinética de cada átomo em um corpo não são iguais nem constantes, pois mudam de valor constantemente em um processo de intercâmbio de energia interna própria. Baseando-nos nesta conceituação, podemos definir a temperatura da seguinte forma: Temperatura é a propriedade da matéria que reflete a média da energia cinética dos átomos de um corpo. Na prática, a temperatura é representada em uma escala numérica, onde, quanto maior o seu valor, maior é a energia cinética média dos átomos do corpo em questão. Outros conceitos que às vezes se confundem com o de temperatura são: • Energia térmica. • Calor. Energia térmica de um corpo é a somatória das energias cinéticas dos seus áto- mos; além de depender da temperatura, depende também da massa e do tipo de substância. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 103 Calor é a energia que se transfere de um corpo para o outro por diferença de temperatura. A temperatura sob ponto de vista da experiência do homem, em seu cotidiano, introduz o uso dos termos quente e frio. A sensação de quente é o resultado do fluxo de calor de um corpo qualquer para o nosso próprio, decorrente de uma maior temperatura daquele corpo. A sensação de frio aparece quando o nosso corpo cede calor para outro qualquer. A superfície do corpo humano está coberta de sensores de temperatura que nos informam a cada instante do estado térmico do ambiente que nos cerca. As sensações de quente e frio que sentimos são relativas – um corpo à mesma temperatura pode nos transmitir sensações diversas dependendo das condições físicas e psicológicas do nosso corpo. Os nossos sentidos não são adequados para medir temperatura com segurança, além de atuarem em uma faixa de temperatura bastante estreita, próxima à tem- peratura do próprio corpo, devido ao aparecimento da dor. Até o final do século XVI, quando foi desenvolvido o primeiro dispositivo para avaliar temperatura, os sentidos do nosso corpo eram a única maneira de que os homens dispunham para saber se um corpo estava mais quente ou mais frio do que outro. Cientificamente, este não era um método preciso. Formas de transferência de calor • Condução (sólidos): é a transferência de calor por contato físico, como o aquecimento de uma barra de metal. • Convecção (líquidos e gases): é a transmissão ou transferência de calor de um lugar para o outro pelo deslocamento de material. Quando o material aquecido é forçado a se mover, existe uma convecção forçada. Quando o material aquecido se move por diferença de densidade, existe uma convecção natural ou livre. • Radiação (sem contato físico): é a emissão contínua de energia de um corpo para outro por meio do vácuo ou do ar (melhor no vácuo do que no ar, pois no ar é parcialmente absorvida). A energia radiante possui a forma de ondas eletromagnéticas e propagam-se com a velocidade da luz. 8. Escalas de temperatura Escala relativa de temperatura Escala absoluta de temperatura Escala Internacional de Temperatura (ITS90) Conversão de unidades O primeiro instrumento desenvolvido para avaliar temperaturas foi um termos- cópio fabricado por Galileu Galilei, sábio italiano, em 1592. Este instrumento permitia comparar as temperaturas de dois ambientes sem atribuir valores nu- méricos às mesmas. Atualmente sabe-se que a pressão atmosférica afetava as indicações deste termoscópio, limitando a precisão das indicações. Em 1654, Ferdinand II, Duque de Toscânia, fabricou termômetros na forma usual, ou seja, um bulbo e capilar de vidro, cheios parcialmente de álcool e to- talmente selado da pressão atmosférica. Neste instrumento, a propriedade usada para detectar variações de temperatura é a dilatação do álcool. Robert Hooke, em 1664, estabeleceu o primeiro ponto de referência em termô- metro, atribuindo o valor zero ao ponto onde se estabilizava a coluna de álcool – quando o termômetro era colocado no gelo fundente. Desde o início da termometria, os cientistas, pesquisadores e fabricantes de termômetro sentiam a dificuldade para atribuir valores de forma padronizada à temperatura por meio de escalas reproduzíveis, como existia na época, para peso, distância, tempo. Era um dilema que foi sendo resolvido gradativamente ao longo de muitos anos de evolução técnica. Por exemplo, em 1665, o cientista e matemáticoholandês Christian Huygens escreveu: [...] Seria bom existir um padrão universal e determinado de calor e frio, fixando uma proporção definida entre a capacidade do bulbo e do tubo, e então tomando para o começo o grau de frio no qual a água começa a congelar, ou melhor, a temperatura da água em ebulição [...] FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 105 Foi somente em 1694 que Carlo Renaldini, que ocupou a mesma cadeira de mate- mática na Universidade de Pádua que Galileu certa vez ocupou, sugeriu tomar o ponto de fusão do gelo e de ebulição da água como dois pontos fixos de temperatura em uma escala de termômetro. Ele dividiu o espaço entre eles em 12 partes iguais. Infelizmente, esta importante contribuição para a termometria foi esquecida. Newton, em 1701, definiu uma escala de temperatura baseada em dois pontos fixos reprodutíveis. Para um ponto fixo escolheu o ponto de fusão do gelo e o chamou de zero. Para o outro ponto fixo, ele escolheu o número 12 a este ponto. Baseado no que Newton chamava de “partes iguais de calor”, a água fervia no número 34 desta escala. Em 1706, Daniel Gabriel Fahrenheit, um fabricante de termômetros de Amster- dã, definiu que uma escala de temperatura possuía 3 pontos de referência: 0, 48 e 96, números que representavam nas suas palavras o seguinte: [...] 48 no meu termômetro é o meio entre o frio mais intenso produ- zido artificialmente por uma mistura de água, gelo e sal-amoníaco, ou mesmo sal comum; aquela (temperatura) que é encontrada no sangue de um homem saudável [...] Fahrenheit concluiu que na sua escala o ponto de fusão do gelo valia 32, e o de ebulição da água valia 212, aproximadamente. Estes pontos, posteriormente, fo- ram considerados mais reprodutíveis e foram definidos como exatos e adotados como referência. Em 1742, Anders Celsius, professor de Astronomia na Suécia, propôs uma escala com o zero no ponto de fusão do gelo e 100 no ponto de ebulição da água; no ano seguinte, Christian de Lyons, independentemente, sugeriu a familiar escala centígrada (atualmente chamada escala Celsius). As escalas que ficaram consagradas pelo uso foram a Fahrenheit e a Celsius. A escala Fahrenheit é definida atualmente com o valor 32 no ponto de fusão do gelo e 212 no ponto de ebulição da água. O intervalo entre estes dois pontos é dividido em 180 partes iguais, e cada parte é um grau Fahrenheit. A escala Celsius é definida atualmente com o valor zero no ponto de fusão do gelo e 100 no ponto de ebulição da água. O intervalo entre os dois pontos está 106 ESCALAS DE TEMPERATURA dividido em 100 partes iguais, e cada parte é um grau Celsius. A denominação “grau centígrado”, utilizada anteriormente no lugar de “Grau Celsius”, não é mais recomendada. Tanto a escala Celsius como a Fahrenheit são relativas, ou seja, os seus valores numéricos de referência são totalmente arbitrários. Existem, entretanto, escalas absolutas de temperatura – assim chamadas porque o zero delas é fixado no ponto teórico onde a temperatura atinge o seu valor mínimo, no ponto onde a energia cinética dos átomos se anula. Existem duas escalas absolutas atualmente em uso; a escala Kelvin e a Rankine. A escala Kelvin possui a mesma divisão da Celsius, isto é, um grau Kelvin é igual a um grau Celsius; porém, o seu zero se inicia no ponto de temperatura mais baixa possível, 273,15 graus abaixo do zero da escala Celsius. A escala Rankine possui, obviamente, o mesmo zero da escala Kelvin, porém sua divisão é idêntica à da escala Fahrenheit. A representação das escalas abso- lutas é análoga às escalas relativas: Kelvin: → 400K (sem o símbolo de grau “º”). Rankine: → 785 ºR. A escala Fahrenheit é usada principalmente na Inglaterra e nos Estados Unidos da América, porém seu uso tem declinado a favor da escala Celsius de aceitação universal. O sistema internacional de unidades adota (°C) graus Celsius. A escala Kelvin é utilizada nos meios científicos no mundo inteiro e deve substi- tuir, no futuro, a escala Rankine quando a Fahrenheit estiver em desuso. Existe uma outra escala relativa, a Reaumur, pouco usada atualmente. Esta escala adota como zero o ponto de fusão do gelo e 80 o ponto de ebulição da água. O intervalo é dividido em oitenta partes iguais. Representação: ºRe. Escala relativa de temperatura Utiliza como referência pontos fixos de temperatura de determinadas substân- cias. A temperatura interna do corpo humano pode ser considerada um ponto fixo de temperatura, entretanto, esta temperatura é afetada por vários fatores que FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 107 diminuem a precisão deste padrão. A mudança de estado de substâncias puras (fusão, ebulição) é normalmente desenvolvida sem alteração na temperatura. Todo calor recebido ou cedido pela substância é utilizado pelo mecanismo de mudança de estado. Calor sensível é a quantidade de calor necessária para que uma substância mude de temperatura até que comece a mudar de estado; nesse processo se saberá o calor latente e a quantidade de calor que uma substância troca por grama durante a mudança de estado. -273,15 0 100 374 1000 Co C ALOR S E NS ÍVE L C ALOR LAT E NT E T 1 T 2 P ONT O T R IP LO H O 2 (0,01 C )o L+S L+G T E MP E R AT UR A C R ÍT IC A VAP OR + G ÁS DE C OMP OS IÇ ÃO DA H O (H + 0 )2 2 2 P R E S S ÃO = 1 Atm (LÍQUIDO, S ÓLIDO, G AS OS O) Apesar de o calor cedido à água ser constante durante toda a experiência, nota-se que durante a fusão do gelo, entre T1 e T2, e ebulição da água, entre T3 e T4, a temperatura permanece constante. Se mantivermos uma mistura de água e gelo em equilíbrio, a temperatura permanecerá constante apesar de existir fluxo de calor entre a mistura e o ambiente. Tal mistura de duas ou três fases (vapor, líquido e sólido) em equilíbrio gera o que se convencionou chamar de ponto fixo de temperatura. Visando uma °C 1000 374 100 –237,15 Calor sensível Calor latente L + S L + G T1 T2 0 Pressão – 1 Atm Decomposição da H2O (H2 + O2) Temperatura crítica vapor + gás Ponto triplo H2O (líquido, sólido, gasoso) (0,01 °C) 108 ESCALAS DE TEMPERATURA simplificação nos processos de calibração, a Comissão Internacional de Pesos e Medidas relacionou uma série de pontos fixos secundários de temperatura. Escala absoluta de temperatura Não existe limite superior para a temperatura de uma substância qualquer. À medida que a temperatura sobe, ocorre uma série de transformações físico-quí- micas na substância, por exemplo: fusão, evaporação, decomposição molecular, ionização, reações nucleares etc. Se usarmos a substância água como exemplo, teríamos as seguintes temperaturas na escala Celsius, associados a estas transformações: • Fusão: 0 °C (por definição). • Evaporação: 100 °C (por definição). • Decomposição (H2O em H2 e O2): entre 1.000 e 3.000 °C. • Ionização – (perda de elétrons): acima de 2.000 °C. • Reações nucleares (fusão de hidrogênio): acima de 15.000.000 °C. Se baixarmos a temperatura continuamente de uma substância, atingimos um ponto limite além do qual é impossível ultrapassar. Pela própria definição de temperatura, este ponto, onde cessa praticamente o movimento atômico, é o zero absoluto de temperatura. As escalas absolutas (Kelvin e Rankine) atribuem o valor zero à temperatura mais baixa possível e é evidente que uma escala absoluta não pode ter temperaturas negativas. A escala Kelvin possui a graduação igual à da Celsius, portanto: 0 K = –273,15 °C e 0 ºR = 273,15 °C A escala Rankine possui a graduação igual à da Fahrenheit, portanto: 0 K = –459,67 ºF e 0 ºR = 459,67 ºF. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 109 Escala Internacional de Temperatura (ITS90) Para melhor expressar as leis da termodinâmica, foi criada uma escala baseada em fenômenos de mudança de estado físico de substâncias puras, que ocorrem em condições únicas de temperatura e pressão, determinando os pontos fixos de temperatura. A Escala Prática Internacional de Temperatura (IPTS) foi a primeira escala prática internacionalde temperatura e surgiu em 1927. Foi modificada em 1948 (IPTS- 48) e em 1960 mais modificações foram feitas; em 1968 foi publicada a IPTS-68. Em 1990, a Comissão Internacional de Pesos e Medidas homologou uma nova escala de temperatura, a ITS-90, definida a partir de vários pontos fixos de tem- peratura e com auxílio de instrumentos padrão de interpolação. Pontos fixos Temperatura Ebulição do nitrogênio –195,798 °C Ebulição do oxigênio –182,954 °C Ponto triplo do hélio –259,3467 °C Ponto triplo da água 0,010 °C Solidificação do estanho 231,928 °C Solidificação do zinco 419,527 °C Solidificação do alumínio 660,323 °C Solidificação da prata 961,78 °C Solidificação do cobre 1084,62 °C Solidificação do ouro 1064,18 °C A faixa de temperatura abrangida pela ITS-90 começa em 0,65 K (–272,5 °C) e vai até a mais alta temperatura mensurável por radiação. Os pontos fixos de temperatura são utilizados na definição das faixas dos termô- metros para as quais são definidas as equações de interpolação. • A faixa de –259,34°C a 630,74°C é representada pelo termômetro de resis- tência de platina. 110 ESCALAS DE TEMPERATURA • A faixa de 630,74 °C a 1064,43 °C é representada pelo termopar de platina. • Acima de 1064,43 °C é representada pelo termômetro de radiação. Existem várias equações que relacionam a temperatura e a propriedade termomé- trica utilizada nestes instrumentos (resistência elétrica, FEM – força eletro motriz –, termoelétrica e energia radiante). Pelo uso destas equações pode-se determinar com precisão a temperatura em que se encontra um determinado corpo de prova. Tal escala de temperatura é transferida para outros instrumentos de utilização mais simples, mantendo-se o erro de faixas bastante estreitas. Em princípio, de forma indireta, todo termômetro usado na prática tem a sua calibração relacio- nada à Escala Internacional de Temperatura. Conversão de unidades A figura a seguir compara as escalas de temperatura existentes. 100 50 0 212 122 32 Co Fo 373,15 323 273,15 K 671,67 582 491,67 ºR Co K Fo ºR Da comparação podemos retirar algumas relações básicas entre as escalas: • Celsius versus Fahrenheit: °C5 = ºF – 32 9 • Kelvin versus Celsius: K = 273,15 + °C °C °C 100 212373,15 671,67 50 122323 582 0 32273,15 491,67 ºF ºF ºR ºR K K FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 111 • Rankine versus Fahrenheit: ºR = 459,67 + ºF • Kelvin versus Rankine: K = ºR ? 5 9 Exemplos 1. Qual a temperatura em °C do zero da escala Fahrenheit? °C 5 = 0 – 32 9 → T = – 17,78 °C 2. O oxigênio entra em ebulição a 90,196 K. Determine essa tempera- tura em °C. 90,196 = 273,15 + °C → T = –182,954 °C 3. O ponto de ebulição do Tungstênio é 5.900 °C. Calcule essa tempe- ratura em Kelvin e em graus Fahrenheit. a. K = 273,15 + 5900 → T = 6173,15 K b. 59005 = ºF – 32 9 → T = 10652 ºF 9. Termômetros Classificação Classificação Os instrumentos de medida de temperatura podem ser divididos em duas gran- des categorias: por condução térmica e por radiação. Em instrumentos que medem temperatura por condução térmica, o elemento sensível está em contato com o corpo ou substância cuja temperatura deseja-se medir: • termômetros para dilatação de líquido. • termômetros para dilatação de gás. • termômetros para pressão de vapor. • termômetros para dilatação de sólido. • termômetros para resistência elétrica. • termômetros para par termoelétrico. A outra categoria compreende os instrumentos em que o elemento sensível não está em contato com o corpo cuja temperatura se quer medir. São eles: • Pirômetros à radiação total. • Pirômetros à radiação parcial (monocromáticos). A aplicação dos diversos tipos apresentados depende, em cada caso, de fatores técnicos e econômicos. Como fatores técnicos pode-se citar faixa de medição, tempo de respostas, precisão, robustez etc. A relação a seguir mostra resumidamente a aplicação de cada tipo de medidor na indústria. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 113 Termômetros para dilatação de líquido Os termômetros de vidro são amplamente usados em laboratórios, oficinas e, quando protegidos, na área industrial. A construção metálica é a mais utilizada industrialmente em razão da robustez. Termômetro para dilatação de gás Não encontra muita aplicação na indústria. Normalmente é encontrado em in- dicadores locais de temperatura. Termômetro para pressão de vapor Assim como os termômetros de dilatação de gás, tem utilização também limitada a indicadores locais de temperatura. Termômetro para dilatação de sólido Sob a forma de termômetro bimetálico, é atualmente o indicador de tempera- tura local mais usado na área industrial, devendo isso à sua simplicidade, à sua robustez e ao seu baixo preço. Termômetro para resistência elétrica Tem uso bastante difundido na indústria, sendo útil na transmissão à distância da temperatura medida. Seu uso deve-se ao fato de possuir boa precisão e ampla faixa de temperatura, apesar de o custo relativo ser elevado. Termômetro para par termoelétrico É atualmente o sistema de medição de temperatura mais utilizado na indústria para supervisão e controle de processos. É preciso, robusto, cobre uma ampla gama de temperaturas e possui, normalmente, preço inferior ao de resistência. 114 TERMÔMETROS Pirômetro de radiação total Tem grande aplicação na indústria nos casos de medição de altas temperaturas ou de objetos móveis, continuamente. Não possui concorrentes na sua faixa de aplicação. Pirômetro óptico monocromático (radiação parcial) Bastante usado na indústria para medir esporadicamente altas temperaturas e para calibração eventual do pirômetro de radiação total. Tem preço elevado. 10. Termômetros de dilatação Termômetro de dilatação de líquido Descrição de diversos tipos de medidores Termômetro de dilatação de gás Termômetro a pressão de vapor Termômetro de dilatação de sólido (bimetálico) Termômetros de dilatação de líquido Tiveram um grande efeito no desenvolvimento da termometria. Sua utilização dominou a medição da temperatura por muitas décadas. São baseados no fe- nômeno de dilatação aparente de um líquido dentro de um recipiente fechado. Apesar de sua fragilidade (termômetro de vidro), são bastante populares em aplicações gerais, podendo ser utilizados em temperaturas de –190 °C a 600 °C. Descrição de diversos tipos de medidores A seguir é apresentada uma descrição detalhada de cada tipo de medidor de temperatura. A lei que rege este fenômeno está representada matematicamente da seguinte forma: V = Vo ( 1 + αt ) Onde: V: volume aparente à temperatura t; Vo: volume aparente à temperatura 0 °C; α: coeficiente de dilatação do líquido; t: temperatura do líquido. 116 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO Tipos de construção • Transparente: o elemento indicador é a própria coluna de líquido visível através do recipiente, sendo seu copo a referência usada contra a escala que a acompanha. • Metálico: a expansão volumétrica é transmitida a um sensor (fole ou Bour- don) que aciona um ponteiro sobre uma escala normalmente circular. Termômetro transparente de vidro Este tipo de termômetro é constituído de um reservatório cujo tamanho depende da sensibilidade desejada soldada a um tubo capilar de seção, o mais uniforme possível, fechado na parte superior. O reservatório e parte do capilar são preen- chidos por um líquido. Na parte superior do capilar existe um alargamento que protege o termômetro no caso de a temperatura ultrapassar seu limite máximo. Assim que o líquido de dentro de um bulbo aquece, ele expande e é forçado a se deslocar através do capilar. Após a calibração, a parede do tubo capilar é gradua- da em graus ou frações, permitindo a leitura da temperatura no topo da coluna Escala Capilar Bulbo FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 117 líquida. Em alguns casos, em vez de graduar o tubo capilar, fixa-se ao mesmo uma escala graduada. Tipos de líquidos mais utilizados: Líquido Calor específico Ponto de solidificação Ponto de ebuliçãoFaixa de utilização Mercúrio 0,033 – 39 °C +357 °C – 35 °C a 550 °C Tolueno 0,421 – 92 °C +110 °C – 80 °C a 100 °C Álcool etílico 0,581 – 115 °C +78 °C – 100 °C a 70 °C Notas: • No termômetro de mercúrio, pode-se elevar o limite máximo até 550 °C injetando-se gás inerte, normalmente nitrogênio, sob pressão, evitando a vaporização do mercúrio. • No caso de se utilizar gás sob pressão, o termômetro prevê na parte superior um reservatório de grande capacidade, a fim de tornar a pressão interna o mais independente possível da posição da coluna de mercúrio. Tipos de recipientes usados: • Vidro (normal e especial); ponto de fusão: 900 °C a 1.200 °C, utilizado até 600 °C. • Quartzo fundido transparente; ponto de fusão: 1.770 °C utilizado até 1.050 °C. Notas: • Todos os tipos de vidro, quando aquecidos e resfriados, não retornam às di- mensões originais – fenômeno este conhecido como “histerese térmica dos sólidos”. Este fenômeno tende a desaparecer após o uso prolongado, isto é, aquecendo-se e resfriando-se o termômetro inúmeras vezes. • Os bons termômetros têm seus invólucros de vidro pré-envelhecido na fábrica a fim de minimizar erros produzidos pela histerese térmica. Exatidão dos termômetros de vidro A tabela a seguir mostra as faixas de utilização, intervalo de graduação e des- vios normalmente tolerados para termômetros comuns (A) e para termômetros padrão (B). 118 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO Faixa de utilização (°C) Graduação (°C/divisão) Desvio tolerado (°C) A B A B A B –20 a +50 0,5 1 –20 a +100 0,01 a 0,5 0,05 a 0,5 +50 a 200 1 a 2 2 100 a 200 0,2 a 1 0,5 a 1 200 a 300 2 1 a 2 3 2 a 3 300 a 400 5 1 a 2 6 3 a 5 400 a 500 5 1 a 5 9 5 a 9 De maneira geral, pode-se resumir as faixas de precisão do modo seguinte: • Termômetro comum: 0,5% até ± 3% do valor do fim da faixa. • Termômetro padrão: 0,1% até ± 0,5% do valor do fim da faixa. A aplicação dos diversos tipos em cada caso depende de fatores, como faixa de temperatura, tempo de resposta, exatidão, robustez, custo etc. Dos diversos tipos apresentados, alguns têm aplicação limitada enquanto outros são amplamente aplicados na indústria, como se pode ver a relação a seguir: Sensibilidade dos termômetros de vidro A sensibilidade do termômetro depende das características construtivas e dos materiais envolvidos: • Coeficiente de dilatação do líquido. • Coeficiente de dilatação do recipiente. • Volume do bulbo. • Diâmetro do capilar. Verificação dos termômetros de vidro A verificação e a calibração de termômetros de vidro podem ser feitas por com- paração e por pontos fixos. O método por comparação consiste em se comparar ao longo de toda a faixa a indicação do termômetro com a de um padrão de referência (outro termômetro FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 119 de vidro, termorresistência etc.). Neste tipo de calibração, deve-se ter cuidado com os seguintes pontos: • O termômetro escolhido como padrão deve ser de boa qualidade e ter sua escala aferida. • Durante a calibração, os dois termômetros deverão estar à mesma temperatura. O método por meio de pontos fixos de temperatura consiste em se medir a tem- peratura em que ocorre mudança de estado de algumas substâncias escolhidas como referência. Os pontos fixos mais fáceis de serem reproduzidos são os pontos de ebulição e fusão da água. Notas: • Como em todos os instrumentos de leitura, a posição correta de leitura evitará erros de paralaxe. • Em certos termômetros, a escala gravada no vidro minimiza os erros de leitura. Utilização dos termômetros de vidro Pelo fato de sua fragilidade, da impossibilidade de registrar sua indicação ou de transmiti-la a distância, o uso destes termômetros sem proteção é mais comum em laboratórios da indústria como elemento de comparação para outros tipos de medidores, assim como para medições de precisão. Quando convenientemente protegido por um arcabouço metálico, encontra larga aplicação em medição de temperatura em unidades industriais. Tempo de resposta dos termômetros de vidro O tempo de resposta de um instrumento de medição é o tempo transcorrido entre a sua colocação no meio e a estabilização de sua medição — supondo a temperatura do meio invariável. No caso de um termômetro, o tempo de resposta é menor se: • A temperatura do meio for mais elevada; o que se explica pelo fato de a trans- missão por radiação ocorrer com maior intensidade. • O meio for mais agitado. 120 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO • A condutibilidade térmica do meio for grande (os sólidos e os líquidos pos- suem condutividade mais elevada do que os gases). • As dimensões do próprio instrumento forem reduzidas. Normalmente, os termômetros de vidro são utilizados com uma proteção metálica aumentando sobremaneira seu tempo de resposta. Tipos especiais de termômetros de vidro Termômetro clínico É um termômetro de mercúrio graduado de 34 °C a 42 °C muito utilizado nos hospitais, pois nesta faixa estão as temperaturas limites do corpo humano; nor- malmente, possui divisões de 0,1 °C. Proteção metálica do bulbo Proteção metálica da escala FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 121 37 38 39 40 36 35 41 42 36,5 C Termômetro de vidro com contato elétrico Normalmente, o termômetro de mercúrio normal com dois ou mais pequenos eletrodos no interior do mercúrio (bulbo e/ou capilar), é o mais utilizado pelas pessoas. Sua operação se baseia na condutibilidade elétrica do mercúrio. 0 10 30 20 60 50 40 70 80 90 100 E letrodo E letrodo 36,5 °C Eletrodo Eletrodo 122 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO Termômetro de máxima e mínima Bastante usado em meteorologia para indicar as temperaturas máximas e míni- mas do ambiente em um determinado período de tempo. O mercúrio é mantido pressionado contra a coluna de álcool por meio de gás comprimido no ramo direito do tubo. A variação da temperatura provocará a dilatação do álcool, deslocando o mercúrio. O indicador de ferro móvel será posicionado pelo mercúrio “memorizando” as temperaturas máxima e mínima. 0 -10 -20 -30 0 10 20 30 40 -10 -20 -30 10 20 30 Ar C omprimido Álcool B ulbo E scala de Mínima E scala de Máxima Indicador de F erro Móvel Mercúrio 40 Indicador de F erro Móvel Notas: • Somente o álcool contido no ramo esquerdo do tubo em “U” opera como substância termométrica. • O reposicionamento dos indicadores para uma nova jornada é feito por meio de um ímã manuseado externamente. Mercúrio Bulbo Álcool Ar comprimido Escala de máxima Escala de mínima Indicador de ferro móvel Indicador de ferro móvel FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 123 Termômetros de dilatação de líquido de recipiente metálico No termômetro de vidro, a dilatação do líquido é observada e medida diretamen- te através de sua parede transparente. No tipo de recipiente metálico, o líquido preenche todo o instrumento e sob o efeito do aumento de temperatura se dila- ta, deformando um elemento extensível, o sensor volumétrico. O instrumento compreende três partes: • Bulbo: é o elemento termossensível do conjunto onde fica compreendido a maior parte do líquido do sistema. Deverá ficar em contato o mais íntimo possível com o ambiente onde se quer avaliar a temperatura. • Capilar: é o elemento de ligação entre o bulbo e o sensor volumétrico. Deverá conter o mínimo de líquido possível. Em alguns casos, o capilar é substituído por um pequeno e rígido pescoço de ligação. • Elemento sensor: é o que mede as variações de volume do líquido encerrado no bulbo. Tais variações são sensivelmente lineares à temperatura – daí o fato de a escala ser graduada linearmente, isto é, em partes iguais. P onteiro Link C remalheira S ens or C apilar Líquido B ulbo Sensor Ponteiro Link Cremalheira Capilar Líquido Bulbo 124 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO Faixas de trabalho: • Mercúrio: –35 e + 550 °C. • Álcool: –50 e + 150 °C. • Xileno: –40 e + 400 °C. Notas: • O mercúrio (Hg) é o mais usado entre os líquidos apresentados. Nesse caso, o material do bulbo, o capilare o sensor, não poderá ser de cobre de suas ligas. Quando o líquido utilizado é mercúrio, o material de construção mais comum do termômetro é o aço 1020 ou 316 (aço inoxidável). • A pressão de enchimento do termômetro é de cerca de 50 atm, o que justifica a faixa de utilização ultrapassar os limites do ponto de ebulição dos líquidos. Características construtivas Bulbo: Suas dimensões variam de acordo com a sensibilidade desejada e também com o tipo de líquido utilizado e sua aplicação. Os materiais mais usados são: aço 316, aço 1020, cobre, latão e monel. Notas: • O bulbo deve ser instalado no interior de um poço de proteção para permitir a retirada do mesmo sem afetar o processo; esse recurso, porém, aumenta o tempo de resposta do termômetro. • Este atraso pode ser reduzido ao introduzir qualquer elemento condutor térmico entre o bulbo e o poço, com a finalidade de eliminar o espaço vazio existente entre os mesmos. • Pode-se usar mercúrio, óleo, grafite, aparas de metal, observando sempre o tipo de aplicação e a faixa de temperatura a ser coberta pelo termômetro. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 125 Capilar: Suas dimensões são também bastante variáveis. O comprimento está limitado a alguns metros devido ao alto custo do capilar e a influência da temperatura ambiente. Na prática, o comprimento máximo pode chegar a três metros. O diâmetro interno deve ser o menor possível, a fim de limitar a influência da temperatura ambiente, porém, não deverá oferecer resistência à passagem do líquido em expansão. Normalmente, os valores do diâmetro interno estão entre 1,5 mm a 0,3 mm; os materiais mais utilizados são aço ou cobre. Notas: • Em alguns casos, o capilar é suprimido, ligando-se o bulbo ao medidor por meio de um pescoço de extensão. • O capilar é o elemento mais vulnerável a danos; por essa razão, deve ser en- volvido por uma proteção ou blindagem metálica. Elementos de medição: Basicamente, pode ser de três tipos: Bourdon em “C’, Bourdon espiral e helicoi- dal. O material de construção é normalmente bronze fosforoso, cobre, berílio, aço inoxidável e aço-carbono. O elemento de ligação do elemento ao ponteiro é igual ao usado em manômetros. Poço Bulbo Líquido Capilar 126 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO A aplicação destes termômetros ocorre na indústria em geral para indicação e registro, pois permite leituras remotas e por ser a mais precisa dos sistemas me- cânicos de medição de temperatura. Não é recomendável, porém, para controle, por causa de seu tempo de resposta ser relativamente grande (mesmo usando fluido trocador de calor entre bulbo e poço de proteção). Termômetro de dilatação de gás Princípio de funcionamento Fisicamente idêntico ao termômetro de dilatação de líquido, é formado por um bulbo, um elemento de medição, e o capilar de ligação entre estes dois elementos. C apilar B ulbo G ás Bourdon em “C” Bourdon espiral Capilar Gás Bulbo Bourdon helicoidal FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 127 O volume do conjunto é sensivelmente constante e é preenchido com gás a alta pressão. Com a variação de temperatura, o gás varia sua pressão conforme, apro- ximadamente, a lei dos gases perfeitos. O elemento de medição neste caso opera como medidor de pressão. A lei que rege o fenômeno é conhecida como a segunda lei de Gay-Lussac, ex- pressa matematicamente por: = = P T P T P T 1 1 2 2 n n Onde: P1, P2, ... Pn: pressões absolutas do gás; T1, T2, ... Tn: respectivas temperaturas absolutas. Pode-se observar na fórmula que as variações de pressão são linearmente depen- dentes da temperatura, sendo o volume constante. Outra maneira de representar o fenômeno é da seguinte maneira: P = Po ( 1 + γt) Onde: P: pressão relativa do gás à temperatura t; Po: pressão do gás a 0 °C; γ: coeficiente de variação de pressão do gás a volume constante; Tipos de gás de enchimento: • Hélio (He); • Hidrogênio (H2); • Nitrogênio (N2); • Dióxido de carbono (CO2). Notas: • O gás mais utilizado é o N2 e geralmente é enchido com uma pressão de 20 atm a 50 atm na temperatura mínima a medir. 128 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO • Sua faixa de medição vai de –100 °C a 600 °C; o limite inferior é o do próprio gás ao se aproximar da temperatura crítica; o superior é do recipiente devido à maior permeabilidade ao gás, o que acarretaria a sua perda, inutilizando o termômetro. Materiais de construção: • Bulbo e capilar: aço, aço inoxidável, cobre, latão e monel. • Elemento de medição: cobre-berílio, bronze fosforoso, aço e aço inoxidável. Termômetro a pressão de vapor Também fisicamente idêntico ao de dilatação de líquidos, possui um bulbo e um elemento de medição ligados entre si por meio de um capilar. O bulbo é parcial- mente cheio de um líquido volátil em equilíbrio com o seu vapor. A pressão do vapor é função exclusiva da temperatura (lei de Dalton) e do tipo de líquido. A pressão de vapor saturado depende somente de sua temperatura, e não do vo- lume, portanto para qualquer variação de temperatura haverá uma variação na tensão de vapor do gás liquefeito colocado no bulbo do termômetro e, em con- sequência disto, uma variação na pressão dentro do capilar. A relação matemática entre a pressão de vapor de um líquido e sua temperatura é do tipo logarítmico e pode ser simplificada para pequenos intervalos de tem- peratura na seguinte expressão: =log P P H 1 T 1 T 4,58 1 2 e 1 2 2 Onde: P1 e P2: pressões absolutas relativas às temperaturas; T1 e T2: também absolutas; HE: representa o calor latente de evaporação do líquido em questão. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 129 A tabela a seguir apresenta os líquidos de enchimento mais utilizados e seus respectivos pontos de fusão e ebulição. Líquido Ponto de fusão Ponto de ebulição Cloreto de metila – 139 °C – 24 °C Butano – 135 °C – 0,5 °C Éter etílico – 119 °C + 34 °C Tolueno – 95 °C + 110 °C Dióxido de enxofre – 73 °C – 10 °C Propano – 190 °C – 42 °C Materiais de construção: • Bulbo e capilar: aço inoxidável, aço, cobre e latão. • Elemento de medição: cobre-berílio, bronze fosforoso e aço inoxidável. C apilar Líquido V olátil V apor B ulbo Capilar Bulbo Vapor Líquido volátil 130 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO Termômetro de dilatação de sólido (bimetálico) O funcionamento deste tipo de termômetro se baseia no fenômeno da dilatação linear dos metais com a temperatura. O comprimento de uma barra metálica varia com a temperatura segundo a fór- mula aproximada: L = Lo (1 + α t) Onde: L: comprimento do metal à temperatura t; Lo: comprimento do metal à 0 °C; t: temperatura do metal; α: coeficiente de dilatação linear do metal utilizado. Deste modo, pode-se construir um termômetro baseado medição das variações de comprimento de uma barra metálica. As figuras a seguir mostram dois tipos de termômetros baseados diretamente neste fenômeno. • O primeiro tipo baseia-se na medição da diferença de dilatação entre um tubo feito de material de coeficiente de dilatação e uma haste interna de material de baixo coeficiente de dilatação. P onteiro Amplificação Mecânica T ubo de Dilatação (Latão) Haste de T ransmisssão (Invar) Ponteiro Amplificação mecânica Tubo de dilatação (latão) Haste de transmissão FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 131 • O segundo tipo consiste em uma barra metálica sustentada horizontalmente e um sistema mecânico de amplificação das variações de comprimento da barra. P onteiro Amplificação Mecânica B arra de Dilatação Ajuste de Zero Estes termômetros apresentam dois graves inconvenientes: • o elemento sensor possui uma grande massa, o que torna a resposta do ter- mômetro lenta; • a variação do comprimento experimentada pela barra é muito pequena, ne- cessitando de uma grande amplificação mecânica para indicação. O bimetal Fixando-se duas lâminas metálicas com coeficientes de dilatação diferentes, e submetendo o conjunto assim formado a uma variação de temperatura, ob- serva-se uma deformação que é proporcional à temperatura.Esse efeito é pro- duzido devido aos diferentes coeficientes de dilatação dos dois metais, sendo o segmento de círculo a forma geométrica que comporta as duas lâminas com comprimentos diferentes. Material A Material B a A > a B Ajuste de zero Barra de dilatação Amplificação mecânica Ponteiro Material A Material B αA . αB 132 TERMÔMETROS DE DILATAÇÃO Evidentemente, fixando-se uma extremidade da lâmina bimetálica, o movimento da outra ponta representará a temperatura da mesma. A sensibilidade deste sistema é bem superior à do apresentado na figura anterior, sendo tanto maior quanto for o comprimento da lâmina e a diferença entre os dois coeficientes de dilatação dos metais. O termômetro bimetálico Na prática, a lâmina bimetálica é enrolada em forma de espiral ou hélice, o que aumenta mais ainda a sensibilidade do sistema conforme a figura. E spiral Helicoidal O termômetro mais usado é o de lâmina bimetálica helicoidal. Consiste de um tubo bom condutor de calor, do interior do qual é fixado um eixo que, por sua vez, recebe um ponteiro que se desloca sobre uma escala. S olda B imetálico E ixo Apoio Espiral Helicoidal Apoio Solda Eixo Bimetálico FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 133 Normalmente, o eixo gira de um ângulo de 270º para uma variação de tempera- tura que cubra toda a faixa do termômetro. Características A sensibilidade do termômetro depende das dimensões de hélice bimetálica e de diferença de coeficiente de dilatação dos dois metais. Normalmente, usa-se 1 INVAR como metal de baixo coeficiente de dilatação. O latão é utilizado como material de alto coeficiente de dilatação; para temperaturas mais elevadas usa-se ligas de níquel. Nota: INVAR: aço com aproximadamente 36% de níquel e que possui baixo coeficiente de dilatação – aproximadamente 1/20 dos dois metais comuns. A faixa de trabalho dos termômetros bimetálicos vai de aproximadamente –50 °C a 800 °C, sendo a escala sensivelmente linear. A exatidão normalmente garantida é de ± 2% do valor máximo da escala. Usualmente, as lâminas bimetálicas são submetidas a tratamentos térmicos e mecânicos após a confecção, usando a estabilização do conjunto (repetibilidade). 11. Termômetros de resistência Termistores Termorresistências Contrução do sensor A medição de temperatura por meio de resistência elétrica consiste em se medir a resistência do sensor e traduzi-la em uma escala de temperatura. Teoricamente, o circuito elementar proporcionaria as indicações de temperatura procuradas na termorresistência Rx, medindo-se a corrente (i) que circula no circuito e a Rx pela lei de Ohm. mA r R x E i Rx = E r2 Onde: Rx: resistência do sensor de temperatura; r: resistência do circuito; E: alimentação do circuito. Conhecendo-se a relação entre Rx e a temperatura do mesmo, pode-se, baseado na equação do circuito mostrado anteriormente, calibrar o miliamperímetro em valores de temperatura. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 135 Termistores É o nome dado a elementos resistores semicondutores cerâmicos, normalmente óxidos metálicos aglutinados a alta temperatura. Características principais dos termistores • Alta sensibilidade. • Resposta rápida. • Robustez e durabilidade. • Resposta não linear. • Alta resistividade (possibilita a construção de elementos da massa diminuta). • Elevado coeficiente de variação de resistência (possibilita a construção de termômetros com faixa de utilização bastante estreita). A relação matemática entre a temperatura e a resistência é dada pela fórmula: R = a ? e –b/t Onde: R: é a resistência à temperatura t; a e b: são parâmetros característicos de cada termistor; e: a base dos logaritmos neperianos (e = 2,718); t: temperatura absoluta (K). 136 TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA Desta equação podemos concluir que: • A relação entre a temperatura e as resistências não é linear e sim logarítmica. • O coeficiente de resistência do termistor é negativo. A ilustração a seguir representa a curva de um termistor do tipo NTC, ou seja, coeficiente negativo de temperatura, em que a resistência diminui com o au- mento de temperatura. No termistor PTC, a resistência aumenta com o aumento da temperatura. Os termistores mais comuns possuem encapsulamento cerâmico e são utilizados em aplicações mais grosseiras, como proteção térmica de motores e alarmes. A precisão desses termistores é baixa (até ± 5%), e eles possuem baixo custo. A figura a seguir ilustra algumas formas típicas de termistores: Temperatura (°C) Resistência (kΩ) 15 140 120 100 80 40 60 20 30 70 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 137 Os melhores termistores têm precisão até ± 0,05 °C, porém, o custo é mais elevado. São encapsulados em epóxi ou vidro; devido à sua alta sensibilidade e baixa inércia térmica, podem ser encontrados nas seguintes aplicações: • Circuitos de compensação de temperatura de equipamentos de laboratório. • Controle de temperatura de equipamentos. A faixa de utilização típica dos termistores está entre os limites –50 °C e 150 °C, mas aplicações até a faixa de –100 °C a 300 °C são encontradas. Termorresistências O princípio de medição de temperatura por meio de termorresistências é fun- damentado essencialmente sobre a medição de variação da resistência elétrica de um fio metálico em função da temperatura. A relação matemática entre a resistência de um condutor e sua temperatura é dada pela expressão: R = Ro (1 + α t) Onde: R: resistência a t °C; Ro: resistência a 0 °C; α: coeficiente de variação de resistência do metal com a temperatura; t: temperatura. Observa-se que a resistência varia linearmente com a temperatura, porém, a rigor, o coeficiente de variação de resistência (α) muda de valor para cada faixa de temperatura, produzindo uma aproximação, limitando o uso da fórmula a determinadas faixas de temperatura. Para faixa de –200 °C a 0 °C, a variação da resistência com a temperatura é dada pela equação: 138 TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA Rt = Ro ? [1 + A ? T + B ? T 2 + C ? T 3. (T – 100)] E para faixa de 0 °C a 850 °C: Rt = Ro ? (1 + A ? T + B ? T 2) Onde: Rt: resistência na temperatura T (em Ω); Ro: resistência a 0 °C (em Ω); T: temperatura (em °C); A,B,C: coeficientes inerentes ao material empregado. Para um termômetro de resistência de platina padrão, os valores típicos são: A = 3,985 ? 10–3/°C, B = –5,85 ? 10–7/°C e C = –4,27 ? 10–12/°C O coeficiente que expressa a variação de resistência em função da temperatura é chamado alfa (α) e se relaciona da seguinte forma: α = ⋅ R R 100 R 100 0 0 2 Onde: R100: resistência a 100 °C; R0: resistência a 0 °C. Para uma termorresistência de platina, o valor típico de alfa é de 0,385Ω/°C. Tipos de bulbo de resistência O tipo de metal utilizado na confecção de bulbos sensores de temperatura deve possuir características apropriadas, como: • Alto coeficiente de variação de resistência com a temperatura (α1, α2, ... αn). Quanto maior o coeficiente, maior será a variação da resistência para uma mesma variação de temperatura, tornando mais fácil e precisa a sua medição. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 139 • Maior resistividade, isto é, para pequenas dimensões de fio uma alta resis- tência inicial. • Estabilidade do metal para as variações de temperatura e condições do meio (resistência à corrosão, baixa histerese etc.). Linearidade entre a variação de resistência e a temperatura, produzindo escalas de leitura de maior precisão e com maior comodidade de leitura. Os metais mais utilizados nas termorresistências são: • Platina (Pt). • Níquel (Ni). • Cobre (Cu). Para pequenas faixas de temperatura, um coeficiente médio α, variação de re- sistência, pode ser utilizado. Porém, para faixas mais amplas, necessita-se a in- trodução dos coeficientes de ordem superior, para uma maior aproximação à curva real R versus T. No caso da platina, por exemplo, dois coeficientes são suficientes até a tempera- tura de 649 °C. Esta relação é quadrática e se afasta darelação linear em aproxi- madamente 7% no valor máximo. Para o cobre, são necessários três constantes válidas até a temperatura de 121 °C. Apesar das três constantes, a relação entre a resistência e a temperatura é sensi- velmente linear (pequenos valores de α1 e α2). Três constantes são necessárias para o níquel na faixa usual da temperatura, sendo a relação sensivelmente não linear. 140 TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA A faixa de utilização aproximada dos três metais é: • Platina: –200 a 600 °C. • Níquel: –100 a 300 °C. • Cobre: –100 a 120 °C. Construção do sensor Normalmente, a termorresistência ou bulbo de resistência é constituída de um filamento de platina, cobre ou níquel enrolado sobre um encapsulamento isolante elétrico que poderá ser de mica, vidro ou cerâmica, de acordo com cada tipo de aplicação. Temperatura (°C) Ni 4.0 3.5 2.5 1.5 0.5 3.0 2.0 1.0 0.0 –200 –100 0 100 300 500200 400 600 Pt Cu R( t) / R( 0 °C ) Encapsulamento (vidro ou cerâmica) Espiral de platina Terminais Terminais Espiral de níquel Celeron ou mica FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 141 As extremidades dos fios de resistência são soldados em fios de prata ou cobre, que, por sua vez, vão ter a um bloco terminal existente no cabeçote do poço de proteção. Em casos especiais são fabricadas termorresistências duplas no mesmo conjunto, seja para maior segurança ou para acionar simultaneamente dois ou mais dispo- sitivos de medição e/ou controle. No caso de baixas temperaturas, melhora-se a condução de calor do poço para a termorresistência, pressurizando-o com um gás bom condutor de calor (hélio). Simultaneamente, esta prática protege os dispositivos contra condensações in- ternas que poderiam afetar a resistência da sonda. Termorresistência de platina As termorresistências de platina são conhecidas industrialmente como Pt-100, pois o elemento de platina possui resistência padronizada de 100 Ω a 0 °C. São as mais utilizadas industrialmente devido à sua grande estabilidade, larga faixa de utilização e alta precisão. Devido à alta estabilidade das termorresistências de platina, as mesmas são uti- lizadas como padrão de temperatura na faixa de –270 °C a 660 °C. Características Grande estabilidade devido às propriedades da platina. Esse fator é de grande importância, pois é a capacidade do sensor manter e reproduzir suas caracterís- ticas dentro da faixa especificada de operação durante anos. A confiabilidade das medições de temperatura com a termorresistência deve-se à excelente repetibilidade, que deve ser medida com leitura de diversas tempe- raturas consecutivas. Normalmente, as sondas instaladas corretamente em ambiente industriais apresentam uma precisão de até ± 0,5% do valor medido. De acordo com nor- mas, as termorresistências são classificadas em classe A e classe B de acordo os limites de erro, que são expressos pelas equações: 142 TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA • Classe A: ± [0,15 + (0,002 T)] °C. • Classe B: ± [0,3 + (0,005 T)] °C. Se, por exemplo, utilizarmos um sensor classe B na medição de uma tempera- tura de 360 °C, o erro poderá chegar a ± 2,1 °C, que representará ± 0,58% da temperatura medida. Se for utilizado um sensor classe A, o erro poderá chegar a ± 0,87 °C representando ± 0,24% da temperatura medida, que pode ser con- siderado excelente. O tempo de resposta das termorresistências varia consideravelmente, podendo ser considerado aceitável, bom e, em muitos casos, excelente. Isso se deve à cons- tante de tempo do sensor variar de acordo com o tamanho e tipo de montagem. Na instalação, o tempo de resposta sofre influência da massa do poço de proteção, das características térmicas do fluido do processo, na transmissão de calor entre o poço e a termorresistência e da própria temperatura medida. As constantes de tempo das termorresistências variam entre dois e seis segundos em geral e em aplicações em que o tempo de resposta é crítico: deve-se consultar criteriosamente os dados do sensor com o fabricante e tomar os devidos cuidados na instalação. Montagem da Pt-100 Uma das montagens mais utilizadas é a do tipo isolação mineral, em que o sensor é montado em um tubo metálico com uma extremidade fechada e é preenchido todos os espaços com óxido de magnésio, permitindo boa troca térmica, isolação elétrica e protegendo o sensor de choques mecânicos. A ligação do bulbo é feita com fios de cobre, prata ou níquel isolados entre si, sendo a extremidade aberta, selada com resina epóxi, vedando o sensor do Isoladores Condutores Isolação mineral Pt-100Bainha metálica FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 143 ambiente em que vai atuar. Este tipo de montagem permite a redução do diâme- tro e apresenta rápida velocidade de resposta. A bainha metálica que contém a termorresistência de isolação mineral deve ser instalada em um bloco cerâmico para serem efetuadas as ligações elétricas ao instrumento receptor. O bloco cerâmico de ligação fica alojado em um cabeçote metálico cuja função é proteger as conexões elétricas dos ambientes industriais como umidade, gases e poeira. Circuitos de medição Embora tecnicamente seja possível medir a temperatura pela queda de tensão no sensor resistivo, na prática alguns inconvenientes são apresentados: • A corrente no circuito depende das resistências associadas (fios de ligação, miliamperímetro, fonte). Bloco cerâmico Terminais Bainha metálica Cabeçote Conexão ao processo Bainha metálica Conexões elétricas 144 TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA • A corrente no circuito depende da tensão de alimentação. • A escala não seria linear. Circuito em ponte O circuito de medição em ponte é o mais utilizado na medição de resistência e, consequentemente, na medição de temperatura, pois elimina erros e incon- venientes de um circuito de série simples. A ponte de medição mais utilizada é usualmente a de Wheatstone. G B A R 1 R 2 R 3 R 4 R E E + - O equilíbrio da ponte é atingido quando R1 ? R3 = R2 ? R4. A diferença de tensão entre os pontos “A” e “B” (EAB) será dada por: = ⋅ + + E E R R R – R R RAB 1 4 1 2 2 3 Considerando-se o valor das resistências iguais, não circulará corrente pelo de- tector de nulo, pois os potenciais nos pontos “A” e “B” são idênticos. Qualquer alteração em uma das resistências desequilibrará o circuito e uma diferença de potencial surgirá entre os pontos “A” e “B” proporcionalmente ao valor da resistência. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 145 Ligação a dois fios Dois condutores de resistência relativamente baixa são usados para ligar a Pt-100 à ponte de Wheatstone, no instrumento de medição. Neste tipo de ligação, o valor da resistência do termossensor (PT-100) é somado à resistência de linha (RL1+RL2). Isto significa erros na medição da temperatura, a menos que os condutores sejam de muito baixa resistência ou, que a distância entre o sensor e o medidor seja des- prezível; ou, ainda, que algum tipo de ajuste ou compensação seja feita na ponte de Wheatstone com objetivo de equilibrar a diferença de resistência. G B A R 1 R 2 R 3 P t-100 R E E + - R L1 R L2 As resistências RL1 e RL2 são resistências de linha e ambas estão em série com a Pt-100. A condição de equilíbrio nesse caso será dada por: R1 ? R3 = R2 ? (RL1 + RL2 + RPt–100) Observa-se que mesmo que o valor das resistências sejam iguais, o circuito estará desequilibrado devido às resistências de linha, causando, assim, erros na medição da temperatura. A resistência R3 poderá ser utilizada como ajuste de correção da resistência de linha, porém, os erros devido à variação de temperatura ambiente incidente sobre a mesma não serão corrigidos. Na prática, utiliza-se a ligação de dois fios quando o sensor estiver a uma dis- tância máxima de, aproximadamente, três metros do instrumento receptor, por exemplo, em medições locais temporárias ou medições de laboratório. 146 TERMÔMETROS DE RESISTÊNCIA Ligação a três fios Quando a distância entre a termorresistência e o instrumentofor grande, usa-se o sistema de ligação compensado com três fios. É o tipo de ligação mais utilizada para termorresistências industriais. Neste circuito, a configuração elétrica é um pouco diferente; faz que a alimenta- ção fique o mais próximo possível do sensor, permitindo que a RL2 passe para o outro braço da ponte, balanceando o circuito. G B A R 1 R 2 R 3 P t-100 R A E + - R L1 R L2 R L Na ligação com dois fios, as resistências de linha estavam em série com o sensor; agora, na ligação com três fios temos RL1 em série com a Pt-100 e RL2 em série com R3. A condição de equilíbrio, nesse caso, será dada por: R1 ? (R3 + RL2 ) = R2 ? (RPt-100 + RL1) Como os fios de ligação são do mesmo tipo, possuem o mesmo comprimento e diâmetro e estão na mesma temperatura, observa-se que tanto a resistência de linha como a variação de temperatura ambiente incidentes sobre a mesma serão anuladas garantindo a devida precisão mesmo com grandes distâncias entre o elemento sensor e o circuito de medição. O terceiro fio atua somente como condutor de compensação, não influenciando nos cálculos de medição da resistência. – –+ + 12. Termopares Leis da termoeletricidade Classificação dos termopares Principais qualidades requeridas por um termopar Proteção de termopares Envelhecimento dos termopares Leis da termoeletricidade A aplicação de par termoelétrico (termopar) na medição de temperatura está baseada em diversos fenômenos descobertos e estudados por Seebeck, Peltier, Thomson e pelas leis da termoeletricidade. Efeito Seebeck O fenômeno da termoeletricidade foi descoberto em 1821 pelo físico alemão T.J. Seebeck, quando ele notou que em um circuito fechado, formado por dois condutores diferentes A e B, ocorre uma circulação de corrente enquanto existir uma diferença de temperatura (T1 – T2) entre as suas junções. A junta de medição é denominada Jm, e a junta de referência Jr. A (+) B (-) J r T2T1 J m f.e.m. 148 TERMOPARES A existência de uma FEM térmica AB no circuito é conhecida como efeito Seebeck. Quando a temperatura da junta de referência é mantida constante, verifica-se que a FEM térmica é uma função da temperatura Tm da junção de teste. Este fato permite utilizar um par termoelétrico, como um termômetro. Efeito Peltier Em 1834, o físico francês J. C. Peltier descobriu que dado um par termoelétrico com ambas as junções à mesma temperatura, se mediante uma bateria exterior produzir uma corrente no circuito, as temperaturas das junções variarão inver- samente, ou seja, uma das junções é aquecida enquanto a outra é resfriada. A essa variação denominou-se efeito Peltier. A (+) B (-) T + t T - t O coeficiente Peltier depende dos metais que formam uma junção e é reversível, ou seja, quando se inverte o sentido da corrente, inverte-se o efeito sobre as junções aquecida e resfriada. Efeito Thomson Em 1854, o físico inglês W. Thomson concluiu que a condução de calor, ao longo dos fios metálicos de um par termoelétrico que não transporta corrente, origina uma distribuição uniforme de temperatura em cada fio. Quando existe corrente, modifica-se em cada fio a distribuição de temperatura em uma quantidade não inteiramente devida ao efeito Joule. O efeito Thomson depende do metal de que é feito o fio e da temperatura média da pequena região considerada. Em certos metais há absorção de calor, quando uma corrente elétrica flui da parte fria para a parte quente do metal e que há ge- ração de calor quando se inverte o sentido da corrente. Em outros metais ocorre B (–) A (+) T + Δt T – Δt FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 149 o oposto deste efeito, isto é, há liberação de calor quando uma corrente elétrica flui da parte quente para a parte fria do metal. Da descoberta dos efeitos termoelétricos, partiu-se para a aplicação dos princí- pios da termodinâmica à enunciação das três leis que constituem a base da teoria termoelétrica nas medições de temperatura com termopares. Portanto, funda- mentados nestes efeitos e nestas leis, podemos compreender todos os fenômenos que ocorrem na medida de temperatura com os termopares. Lei do circuito homogêneo A FEM termal, desenvolvida em um circuito termoelétrico de dois metais diferentes, com suas junções às temperaturas T1 e T2, é independente do gradiente de temperatura e de sua distribuição ao longo dos fios. A (+) B (-) J r T2T1 J m T3 T4 f.e.m. Em outras palavras, a FEM medida depende única e exclusivamente da compo- sição química dos dois metais e das temperaturas existentes nas junções. Um exemplo de aplicação prática desta lei é que é possível ter uma grande varia- ção de temperatura em um ponto qualquer ao longo dos fios dos termopares, que esta não influirá na FEM produzida pela diferença de temperatura entre as juntas; portanto, pode-se fazer medidas de temperatura em pontos bem-definidos com os termopares, pois o importante é a diferença de temperatura entre as juntas. Lei das temperaturas intermediárias A FEM produzida em um circuito termoelétrico de dois metais homo- gêneos e diferentes entre si, com as suas junções às temperaturas T1 e T3 respectivamente, é a soma algébrica da FEM deste circuito com as junções às temperaturas T1 e T2 e a FEM deste mesmo circuito com as junções às temperaturas T2 e T3. B (–) A (+) FEM JM JR T1 T2 T3 T4 150 TERMOPARES B (-) A(+) A(+) B (-) f.e.m.= E 3 = E 1+E 2 f.e.m.= E 2 T3T1 T3T2 A(+) B (-) f.e.m.= E 1T1 Dos circuitos 1, 2 e 3: E1 = (ET1 – ET2) E2 = (ET2 – ET3) E3 = (ET1 – ET3) Se somarmos E1 + E2, temos: E1 + E2 = (ET1 – ET2) + (ET2 – ET3) = (ET1 – ET3) E1 + E2 = (ET1 – ET3) = E3 Portanto: E3 = (E1 + E2) Notas: • Se a FEM de vários metais versus um metal de referência, por exemplo, pla- tina, é conhecida, então a FEM, de qualquer combinação de metais, pode ser obtida por uma soma algébrica. • A temperatura da junta de referência pode estar em qualquer valor conve- niente, e a temperatura da junta de medição pode ser encontrada, por simples B (–) B (–) B (–) A (+) A (+) A (+) FEM = E1 FEM = E2 FEM = E3 = E1 + E2T1 T1 T2 T3 T3 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 151 diferença, baseando-se em uma tabela relacionada a uma temperatura padrão, por exemplo, 0 °C, 20 °C. Um exemplo prático da aplicação desta lei é a compensação ou correção da tem- peratura ambiente pelo instrumento receptor de milivoltagem Lei do metal intermediário A soma algébrica da FEM, em um circuito composto de certo número de metais diferentes, é zero se todo circuito estiver a uma só temperatura. A B T2T1 C T3 T3 B De outra maneira: A Fem do termopar não será afetada se em qualquer ponto de seu cir- cuito for inserido um metal qualquer, diferente do já existente, desde que as novas junções sejam mantidas a temperaturas iguais. Nota: • Em virtude desta lei, pode-se inserir o instrumento de medição da FEM (vol- tímetro) com seus fios de ligação em qualquer ponto do circuito termoelétrico sem alterar a FEM original. A CB B T1 T2 T3 T3 152 TERMOPARES A B T1 mV A B Metal Intermediário Junta de referência ou junta fria (compensação) Como já foi visto, a FEM desenvolvida em par termoelétrico é função da diferen- ça de temperatura entre as duas junções. Desta maneira, o termopar não mede a temperatura real na junção de medição, e sim a diferença entre esta junção (medição) e a outra tomada como referência. Para se obter a temperatura real é preciso conhecer exatamente a temperatura da junta de referência e procurar mantê-la constante, a fim de facilitar as leituras posteriores. Existem alguns mé- todos para se manter a temperatura da junta de referência: 1) Introduzindo-se a junta de referência em recipiente com gelo e água em equi- líbrio, onde a temperatura é constante e próxima a 0 °C. Como as tabelas de FEM fornecidas normalmente são referidas a 0 °C, este método é bastante cômodo, pois possibilita a leitura direta da temperatura na tabela conhecendo-seapenas a FEM gerada no circuito. Este método é utilizado em laboratório ou na indústria, em alguns casos espe- ciais. Evidentemente tal processo não é muito prático, pois necessita que a tempe- ratura desejada seja supervisionada por tempo prolongado, devido à necessidade da reposição contínua do gelo na junta de referência. Metal intermediário FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 153 A(+) B (-) T 1 ÁG UA + G E LO 0 Co C OB R E /C OB R E T r =0 C o E AB E AB = E - ET 1 T r E AB = E - 0T 1 E AB = E T 1 2) Mantendo-se a junta de referência em um ambiente aquecido, onde a tempe- ratura é controlada por um sistema termostático. Este método possui a vantagem de ser prático, sendo, porém, de precisão inferior ao do método precedente, salvo raras exceções. Evidentemente, a FEM neste processo é inferior ao sistema de junta de referência a 0 °C, tendo em vista que a temperatura neste caso é de cerca de 60 °C, deven- do-se dar a devida correção no caso de usar a tabela com a junta de referência em outra temperatura (0 °C ou 20 °C). 3) Atualmente dispositivos alternativos foram desenvolvidos para simular auto- maticamente uma temperatura de zero grau, chamada compensação automática da junta de referência ou temperatura ambiente. Nestes instrumentos, encontra- -se um sensor de temperatura que pode ser um resistor, uma termorresistência, termistor, diodo, transistor ou mesmo um circuito integrado que mede continua- mente a temperatura ambiente e suas variações, adicionando ao sinal que chega do termossensor uma mV correspondente à diferença da temperatura ambiente para a temperatura de 0°C. Exemplo de compensação: TERMOPAR TIPO K A 100 C JUNTA DE MEDIÇÃO 25 C A(+) B(-) T1 mVE 25 C o 100 Co E1 E = E100 - E25 E = 4,095 - 1,000 E = 3,095 mV o o B (–) A (+) T1 T1 = 0 °C COBRE/COBRE Água + Gelo 0 °C B (–) A (+) Termopar tipo K a 100 °C = junta de medição 25 °C E1T1 100 °C E = E100 – E25 E = 4,095 – 1,000 E - 3,095 mV EAB EAB = ET1 – ETr EAB = ET1 – 0 EAB = ET1 154 TERMOPARES Se não existisse a compensação, o sinal de 3,095 mV seria transformado em indica- ção de temperatura pelo instrumento e corresponderia a, aproximadamente, 76 °C, não correspondendo ao valor da temperatura existente na junta de medição. No instrumento medidor está incorporado um sistema de compensação de tem- peratura ambiente, que gera um sinal como se fosse um outro termopar. E1 = E25 – E0 E1 = 1,000 mV (sinal gerado pelo circuito de compensação) O sinal total que será convertido em temperatura pelo instrumento será a somatória do sinal do termopar e da compensação, resultando na indicação correta da tempe- ratura na qual o termopar está submetido (independente da temperatura ambiente). Etotal = E – E1 Etotal = 3,095 + 1,000 = 4,095 mV Etotal = 4,095 mV (100 °C) A indicação depois da compensação será de 100 °C. Relação entre FEM e temperatura Como a FEM gerada por um termopar depende da composição química dos condutores e da diferença de temperatura entre as juntas, a cada grau de variação de temperatura é possível observar uma variação da FEM gerada pelo termopar. Termopar tipo “J” °C 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 °C –20 –0,995 –1,044 –1,093 –1,141 –1,190 –1,239 –1,288 –1,336 –1,385 –1,433 –20 –10 –0,501 –0,550 –0,600 –0,650 –0,699 –0,748 –0,798 –0,847 –0,896 –0,945 –10 0 0,000 –0,050 –0,101 –0,151 –0,201 –0,251 –0,301 –0,351 –0,401 –0,451 0 0 0,000 0,050 0,101 0,151 0,202 0,253 0,303 0,354 0,405 0,456 0 10 0,507 0,558 0,609 0,660 0,711 0,762 0,813 0,865 0,916 0,967 10 20 1,019 1,070 1,122 1,174 1,225 1,277 1,329 1,381 1,432 1,484 20 30 1,536 1,588 1,640 1,693 1,745 1,797 1,849 1,901 1,954 2,006 30 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 155 As tabelas de correlação entre temperatura e a FEM para termopares foram construídas e padronizadas por diversas normas internacionais de acordo com a Escala Prática Internacional de Temperatura de 1968 (IPTS-68), recentemente atualizada pela ITS-90 para os termopares mais utilizados. Por questão prática padronizou-se essas curvas com a junta de referência à temperatura de 0 °C. Classificação dos termopares Existem várias ligas metálicas formando os fios dos termopares. As combinações desses fios foram feitas de modo a se obter uma alta potência termoelétrica, aliando-se, ainda, as melhores características como homogeneidade dos fios e resistência à corrosão na faixa de utilização; assim, cada tipo de termopar tem uma faixa de temperatura ideal de trabalho que deve ser respeitada para que se tenha a maior vida útil. A relação entre temperatura e FEM deve ser razoavel- mente linear. De acordo com a formação das ligas metálicas e suas características, os termo- pares são classificados em três grupos: • Termopares básicos. • Termopares nobres. • Termopares não normalizados. Termopares básicos São os termopares de maior uso industrial, pois os fios são de custo relativamen- te baixo, porém, os limites de erro são maiores se comparados aos termopares nobres. A construção das ligas metálicas de um termopar básico possui níquel na composição. Tipo T (cobre-constantan) • Composição: (+) cobre: (99,9%). (–) constantan: Cu (58%) e Ni (42%). 156 TERMOPARES • Faixa de trabalho: –200 °C a 350 °C. • FEM produzida: –5,603 mV a 17,816 mV • Limites de erro: classe standard: ± 1 °C ou 1,5% para faixa –200 a 0 °C. ± 1 °C ou 0,75% para faixa 0 a 350 °C. classe especial: ± 0,5 °C ou 0,4% para faixa 0 a 350 °C. • Identificação da polaridade: (+) cobre é avermelhado. (–) constantan não é avermelhado. • Características: resistente à corrosão em atmosferas úmidas e adequado para medições de temperaturas abaixo de zero. É resistente à atmosfera oxidantes (excesso de oxigênio), redutoras (rica em hidrogênio, monóxido de carbono), inertes (neutras), na faixa de –200 °C a 350°C. Tipo J (ferro-constantan) • Composição: (+) ferro: (99,5%). (–) constantan: Cu (58%) e Ni (42%). • Faixa de trabalho: –40 °C a 750 °C. • FEM produzida: –1,960 mV a 42,283 mV. • Limites de erro: classe standard: ± 2,2 °C ou 0,75%. classe especial: ± 1,1 °C ou 0,4%. • Identificação da polaridade: (+) ferro: magnético. (–) constantan: não magnético. • Características: adequado a atmosferas oxidantes, redutoras e inertes, po- rém, evita-se o uso em atmosferas sulfurosas. Embora possa trabalhar em temperaturas abaixo de 0 °C, deve-se evitar quando houver possibilidade de condensação, corroendo o ferro e possibilitando a quebra do fio de ferro. Em razão da dificuldade de obtenção de fios de ferro com alto teor de pureza, o tipo J tem baixo custo e é o mais utilizado industrialmente. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 157 Tipo E (cromel-constantan) • Composição: (+) cromel: Ni (90%) e Cr (10%). (–) constantan: Cu (58%) e Ni (42%). • Faixa de trabalho: –200 °C a 900 °C. • FEM produzida: –8,824 mV a 68,783 mV. • Limites de erro: classe standard: ± 1,7 °C ou 1% para faixa –200 °C a 0 °C. ± 1,7 °C ou 0,5% para faixa 0 °C a 900 °C. classe especial: ± 1 °C ou 0,4% para faixa 0 °C a 900 °C. • Identificação da polaridade: (+) cromel: rígido. (–) constantan: maleável. Características: pode ser utilizado em atmosferas oxidantes, redutoras e no vá- cuo. Adequado para o uso em temperaturas abaixo de zero, desde que não sujeito à corrosão em atmosferas úmidas. Apresenta a maior geração mV/°C (potência termoelétrica) do que todos os outros termopares, tornando-se útil na detecção de pequenas alterações de temperatura. Tipo K (cromel-alumel) • Composição: (+) cromel: Ni (90%) e Cr (10%). (–) alumel: Ni (95,4%), Mn (1,8%), Si (1,6%), Al (1,2%). • Faixa de trabalho: –200 °C a 1.200 °C. • FEM produzida: – 5,891 mV a 48,828 mV. • Limites de erro: classe standard: ± 2,2 °C ou ± 2% para faixa –200 °C a 0 °C. ± ± 2,2 °C ou ± 0,75% para 0 °C a 1.200 °C. classe especial: ± 1,1 °C ou ± 0,4% para 0 °C a 1.200 °C. • Identificaçãoda polaridade: (+) cromel: não magnético. (–) alumel: levemente magnético. • Características: recomendável para uso em atmosferas oxidantes ou inertes no seu range de trabalho. Por sua resistência à oxidação, são melhores que os tipos E,T e J, por isso são largamente usados em temperaturas acima de 540 °C e, ocasionalmente, em temperaturas abaixo de zero. Não deve ser utilizado em atmosferas redutoras, sulfurosas e a vácuo. 158 TERMOPARES Tipo N (nicrosil-nisil) • Composição: (+) níquel-cromo-silício. (–) níquel-silício. • Faixa de trabalho: –200 °C a 1.200 °C. • FEM produzida: –3,990 mV a 43,836 mV. • Limites de erro: classe standard: ± 2,2 °C ou ± 2% para faixa –200 °C a 0 °C. ± 2,2 °C ou ± 0,75% para 0 °C a 1.200 °C. classe especial: ± 1,1 °C ou ± 0,4% para 0 °C a 1.200 °C. Características: substitui o termopar tipo K; possui uma potência termoelétrica menor em relação ao tipo K, porém maior estabilidade, excelente resistência à corrosão e maior vida útil. Termopares nobres São construídos à base de platina, pois resistem significativamente a altas tempe- raturas. Embora possuam custo elevado e exijam instrumentos receptores de alta sensibilidade, devido à baixa potência termoelétrica, apresentam uma altíssima precisão, dada a homogeneidade e pureza dos fios. O termopar deve ser todo de platina, desde a junta de medição até a de referência. Em aplicações que se deseja estabilidade, mas não se necessita de alta exatidão, cabos de compensação podem ser utilizados. Tipo S e R (platina ródio-platina) • Composição: S (+) platina 90% – rhodio 10% e (–) platina 100%. R (+) platina 87% – rhodio 13% e (–) platina 100%. • Faixa de trabalho: 0 °C a 1.480 °C. • FEM produzida: S: 0 mV a 15,336 mV. R: 0 mV a 17,163 mV. • Limites de erro: classe standard: ± 1,5 °C ou ± 0,25 %. classe especial: ± 0,6 °C ou ± 0,1 %. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 159 • Identificação da polaridade: (+) platina rhodio: mais rígido. (–) platina: mais maleável. • Características: são recomendados para uso em atmosferas oxidantes ou iner- tes no seu range de trabalho. O uso contínuo em altas temperaturas causa crescimento excessivo de grão, podendo resultar em falha mecânica do fio de platina (quebra de fio) e tornar os fios susceptíveis à contaminação, causando redução da FEM gerada. Mudanças na calibração também são causadas pela difusão ou volatilização do ródio do elemento positivo para o fio de platina pura do elemento negativo. Todos estes efeitos tendem a causar heterogeneidades que influenciam na curva característica do sensor. Os tipos S e R não devem ser usados no vácuo, em atmosferas redutoras ou em atmosferas com vapores metálicos – a menos que estejam bem protegidos, com tubos protetores e isoladores cerâmicos de alumina e quando se usa tubo de proteção de platina (tubete), que por ser do mesmo material não contamina os fios e dá proteção necessária aos elementos. Apresentam grande precisão e estabilidade em altas temperaturas, sendo utiliza- dos como sensor padrão na calibração de outros termopares. A diferença básica entre o tipo R e o S está na diferença da potência termoelétrica: o tipo R gera um sinal aproximadamente 11% maior do que o tipo S. São utilizados em processos com temperaturas elevadas ou onde é exigido grande precisão, como indústrias de vidro, indústrias siderúrgicas etc. Tipo B (platina ródio-platina ródio) • Composição: (+) platina 70% – rhodio 30%. (–) platina 94% – rhodio 6%. • Faixa de trabalho: 800 °C a 1.700 °C. • FEM produzida: 3,154 mV a 12,426 mV. • Limites de erro: classe standard: ± 0,5 °C. • Identificação da polaridade: (+) platina ródio: mais rígido. (–) platina ródio: mais maleável. 160 TERMOPARES • Características: seu uso é recomendado para atmosferas oxidantes e inertes; também é adequado para curtos períodos no vácuo. Não deve ser aplicado em atmosferas redutoras nem as que contem vapores metálicos, requerendo tubo de proteção cerâmico como os tipo R e S. O tipo B possui maior resistência mecânica que os tipos R e S; não necessita de cabo compensado para sua interligação. É utilizado cabos de cobre comum (até 50 °C). Termopares não normalizados Com o desenvolvimento de novos processos industriais ao longo do tempo, novos tipos de termopares foram desenvolvidos para atender condições que os termopares que foram vistos até agora não atendiam. Muitos deles ainda não estão normalizados e também não são encontrados no Brasil. • (+) platina 60% ródio 40% (–) platina 80% ródio 20%. Para uso contínuo até 1.800 °C 1.850 °C, substituindo o tipo B. Não é recomen- dado para atmosferas redutoras. • (+) irídio 60% ródio 40% (–) Irídio. Podem ser usados até 2.000 °C em atmosferas inertes ou no vácuo; não recomen- dado para atmosferas redutoras ou oxidantes. • (+) paládio 83% platina 14% ouro 3% (–) ouro 65% paládio 35%. Aproxima-se do tipo K, atuando na faixa de até 1.250 °C. Sua composição é apenas de metais nobres, apresentando excelente estabilidade em atmosfera oxidante, mas não em atmosferas redutoras ou vácuo. • (+) tungstênio 95% rhênio 5% (–) tungstênio 74% rhênio 26%. Ainda não normalizado, denominado termopar tipo C. Pode ser utilizado conti- nuamente até 2.300 °C e em curtos períodos até 2.700 °C no vácuo, na presença de gás inerte ou hidrogênio. Não recomendado em atmosfera oxidante. Sua principal aplicação é em reatores nucleares. • (+) irídio 40% rhodio (–) irídio. Podem ser utilizados, por períodos limitados, até 2.000 °C. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 161 • (+) níquel-cromo (–) ouro-ferro. Usado em temperaturas criogênicas de –268 °C até 15 °C. Principais qualidades requeridas por um termopar Para corresponder às exigências em aplicações industriais, os termopares devem possuir as seguintes características: • Desenvolver a maior FEM possível, função contínua da temperatura de ma- neira a ser possível utilizar instrumentos de indicação de temperatura de construção simples e robusta. A faixa de FEM normalmente fornecida nas temperaturas de trabalho normal vai de 10 mV a 50 mV. • Precisão de calibração (intercambialidade). Um termopar deve ser capaz de ser calibrado com um padrão de FEM versus temperatura e deve manter esta calibração mantendo-a por um longo período de tempo sem desvios. Os ter- mopares são construídos para trabalhar em conjunto com instrumentos tendo cartas e escalas pré-calibradas. A intercambialidade entre dois termopares do mesmo material é a principal razão do seu uso em grande escala na indústria. • Resistência à corrosão e oxidação (durabilidade). Um termopar deve ser fí- sica e quimicamente resistente de maneira a possuir uma longa vida, e mais ainda exibindo a propriedade para uma dada temperatura gerar uma FEM constante. • Relação linear FEM versus temperatura (linearidade). É interessante possuir uma relação mais linear possível, pois facilita a construção de escalas e grá- ficos, facilita a compensação de junta de referência e torna-se compatível ao uso em indicadores digitais. Termopares de classe especial Existem duas classes de precisão para termopares: a classe standard, que é a mais comum e utilizada, e a classe especial. Os termopares da classe especial são obtidos na forma de pares casados, isto é, com características de ligas com graus de pureza superiores ao standard. Existe 162 TERMOPARES também um trabalho laboratorial para adequação de lote de fios, conseguindo com isto uma melhor precisão na medição de temperatura. Fios e cabos de compensação e extensão Os fios utilizados normalmente na confecção de termopares são, geralmente, dispendiosos devido ao custo da matéria-prima (platina, ródio, cromo e níquel) utilizada e ao critério na composição das diversas ligas. Geralmente, em aplica- ções industriais, não é possível manter a junta de referência como o ponto de medição devido às condições de medição no local inadequado. Nestascondições, torna-se necessário que o instrumento seja ligado ao termopar por fios que possuam uma curva de força eletromotriz em função da temperatura similar àquela do termopar, a fim de que no instrumento possa ser efetuada a correção na junta de referência. Fios e cabos de extensão São condutores formados com as mesmas ligas dos termopares a que se destinam, apresentando a mesma curva de FEM por temperatura. Apresentam custo infe- rior, pois sua composição química não é tão homogênea quanto a do termopar, limitando sua exposição a temperaturas altas como do termopar. Exemplo: tipo TX, JX, e KX. Termopar Extensão Instrumento Processo Cabeçote de ligação FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 163 Fios e cabos de compensação São fabricados com ligas diferentes dos termopares a que se destinam, mas tam- bém apresentam a mesma curva FEM versus temperatura dos termopares. Usa- dos principalmente com termopares nobres, tipos (R e S), pois é economicamente inviável construir fios de extensão de platina. Os fios de compensação são fabricados normalmente sob a forma de um cabo de dois condutores. Os dois condutores são isolados individualmente, recebendo posteriormente uma isolação externa comum, podendo em alguns casos possuir uma blindagem metálica externa (shield). Os materiais mais empregados na isolação são borracha, PVC, fibra de vidro, amianto, silicone e teflon. Exemplos: tipo WX, SX e BX. Os fios e cabos de extensão e compensação são recomendados, na maioria dos casos, para utilização desde temperatura ambiente até limite máximo de 200 °C. Termopar Fio ou cabo de extensão Tipo Material dos condutores Faixa de utilização Limites de erroPositivo Negativo T TX Cobre Constantan –60 a 100 °C ± 1,0 °C J JX Ferro Constantan 0 a 200 °C ± 2,2 °C E EX Chromel Constantan 0 a 200 °C ± 1,7 °C K KX Chromel Alumel 0 a 200 °C ± 2,2 °C N NX Nicrosil Nisil 0 a 200 °C ± 2,2 °C S SX Cobre Constantan 0 a 200°C ± 5,0 °C R RX Cobre Constantan 0 a 200 °C ± 5,0 °C B BX Cobre Cobre 0 a 100 °C ± 4,2 °C 164 TERMOPARES Termopar Código de cores Tipo Norma ANSI Norma IEC Capa (+) (–) Capa (+) (–) T TX Azul Azul Verm. Marrom Marrom Branco J JX Preta Branca Verm. Preto Preto Branco E EX Roxa Roxa Verm. Violeta Violeta Branco K KX Amarelo Amarelo Verm. Verde Verde Branco N NX Laranja Laranja Verm. Rosa Rosa Branco S SX Verde Preta Verm. Laranja Laranja Branco R RX Verde Preta Verm. Laranja Laranja Branco B BX Cinza Cinza Verm. – – – Ligação de termopares com cabos de extensão ou compensação Na instalação industrial, geralmente o instrumento receptor fica afastado do local da medição, evitando a exposição à fonte de calor. Com a utilização apropriada de compensação entre o cabeçote e o registrador, não haverá erros na medição, como mostra o exemplo a seguir. Cabeçote 38 °C Forno 538 °C 22,265 mV TC tipo K 20,735 mV + 0,570 mV + 0,960 mV 22,265 mV 538 °C → °C → Erro = 0 °C Registrador 24 °C Cabo tipo KX 0,570 mV 20,735 mV + + –– – – – + + + 0,960 mV 1,530 mV FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 165 Observa-se que a FEM efetiva no cabeçote é de 20,735 mV. Até o registrador são utilizados fios de extensão compensados, os quais adicionam à FEM uma parcela igual a 0,570 mV, fazendo assim com que chegue ao registrador uma FEM efetiva de 22,265 mV. Este valor corresponderá a temperatura real dentro do forno (538 °C). Apesar dos cabos de extensão e compensação serem mais caros do que os cabos de cobre comuns, possuem a também a vantagem de resistirem a altas tempera- turas devido à qualidade do material isolante. Ligação de termopares com cabos de cobre Observam-se erros de medição nesse tipo de instalação, pois o cobre formará nova junção com o material do termopar, não compensando a diferença de tem- peratura entre o cabeçote e o instrumento. Cabos de cobre comuns poderiam ser utilizados sem problemas, desde que a tem- peratura de exposição do cabo não fosse elevada e as temperaturas do cabeçote e do registrador fossem a mesma. A instalação, nesse caso, seria mais econômica. Cabeçote 38 °C Forno 538 °C 22,265 mV TC tipo K 20,735 mV + 0,000 mV + 0,960 mV 21,695 mV 524,64 °C → °C → Erro = –13,36 °C Registrador 24 °C Cabo de cobre 0,00 mV 20,735 mV + –– –+ + 0,960 mV 1,530 mV 166 TERMOPARES Erros de ligação de termopares Apesar da aparente facilidade da ligação dos fios de compensação, esta opera- ção pode trazer surpresas para o instrumentista despreparado. O motivo re- side no fato de não haver uma padronização dos códigos de cores dos fios de compensação. Se os fios de compensação forem ligados invertidos, a FEM resultante irá de- pender das duas temperaturas nos extremos desses fios, e quanto maior for a diferença entre as temperaturas deste dois pontos, maior será o erro. No caso de serem iguais, o erro será nulo (metal intermediário). Erros de inversão simples Conforme a instalação representada pela figura a seguir, os fios de compensação foram invertidos no cabeçote. Assume-se que o forno esteja a 538 °C, o cabeçote a 38 °C e o registrador a 24 °C. Devido à diferença de temperatura entre o cabeçote e o registrador, será gerada uma FEM de 0,57 mV. A indicação da temperatura será negativa por conta da inversão de polaridade. Erros de inversão dupla Quando uma inversão simples é constatada, é comum pensar que uma nova troca de ligação dos terminais compensará o erro, pois será apresentada uma Cabeçote 38 °C Forno 538 °C 22,265 mV TC tipo K – 20,735 mV + 0,570 mV + 0,960 mV – 19,205 mV Registrador 24 °C Cabo tipo KX 0,570 mV 20,735 mV + + –– – – – + + + 0,960 mV 1,530 mV FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 167 temperatura positiva de valor aproximado do real. Isto não acontece, porém, pois apesar da indicação positiva, um erro significativo se manifestará. A única maneira de solucionar o problema será efetuar a ligação correta. Preparação, solda e montagem de termopares Apesar da utilização de diferentes sistemas para realização de um bom contato elétrico na junção quente de um termopar, a soldagem é mais eficiente, pois assegura uma ligação perfeita dos fios por uma fusão dos metais sobre uma pequena profundidade. É certo que a soldagem pode criar heterogeneidades, garantir que a precisão final do termopar não seja afetada desde que estas heterogeneidades sejam mantidas em uma zona uniforme de temperaturas. Preparação dos fios Os fios do termopar são, geralmente, fornecidos em bobinas. Deve-se endireitá- -los cuidadosamente à mão, evitando-se qualquer torção ou flexão exagerada que possa afetar a estrutura do material com consequente modificação na sua FEM. Após cortar os pedaços destinados à soldagem (lembrar a necessidade de deixar Cabeçote 38 °C Forno 538 °C 22,265 mV TC tipo K Registrador 24 °C Cabo tipo KX 0,570 mV 20,735 mV + + –– – – – + + + 0,960 mV 1,530 mV + 20,735 mV – 0,570 mV + 0,960 mV + 21,125 mV → 511,28 °C → Erro = –26,72 °C 168 TERMOPARES um pequeno excesso, caso haja imprevistos na soldagem), deve-se partir para a limpeza das pontas a serem unidas. A seguir, prepara-se as pontas conforme a figura abaixo, em uma das três opções. x x x x a) b) c) ou IS OLADOR DE C E R ÂMIC A No caso a, mantém-se o fio duro, reto, enquanto dobra-se o macio; no caso b, dobra-se os dois fios e, no caso c, o fio macio é torcido sobre o fio duro cerca de três voltas. Nos três casos é importante manter a distância “x” entre os dois fios, visando a posterior colocação dos isoladores. O tipo de ligação c é o mais adequado para fios de grande bitola, pois oferece bastante resistência, apesar de aumentar a marca térmica da junção. Soldagem do ferro constantan Para se soldar os fios de ferro e constantan emprega-se uma chama oxiacetilênica com o bico apropriado à bitola de fio a soldar. Regula-se o bico para se obter uma chama neutra e coloca-se os dois fios. Se vermelho, passa-se, então, um pouco de bórax na junção.Volta-se a aquecer as duas extremidades até a sua fusão. Soldagem do cromel-alumel Procede-se da mesma maneira que para o ferro constantan utilizando-se uma chama neutra ou ligeiramente oxidante. Dirigir a chama na direção do cromel, que é o metal de maior ponto de fusão. Isolador de cerâmica a) b) c) ou FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 169 Soldagem de platina rodiana – platina Para a soldagem dos fios de platina rodiana e platina, usa-se chama oxi-hidrogê- nio ou oxigênio GLP. Todavia, tendo em vista que os fios são geralmente finos, usa-se, também, a soldagem por arco elétrico. A soldagem por arco elétrico é ca- racterizada por se fazer um arco elétrico entre os fios a serem soldados, formando um eletrodo, e um pedaço de carbono manipulado pelos soldados, formando o outro eletrodo. Tocando-se a ponta torcida do termopar com o eletrodo de carbono, fecha-se o circuito. Afastando-se o eletrodo, apenas uma fração de milímetro, estabelece-se um arco, elevando-se a temperatura e fundindo a junção. A experiência mostra que os fios a serem soldados deverão constituir o eletrodo positivo a fim de evitar a contaminação dos mesmos por partículas de carbono. Notas: • Os fios de ferro constantan e de cromel-alumel de pequeno diâmetro podem ser soldados a arco elétrico. Se forem a maçarico, escolhe-se um bico de pe- queno diâmetro (0,4 mm) a fim de retardar a fusão dos fios. • É bom lembrar que qualquer que seja a natureza dos fios a serem soldados, deve-se evitar um aquecimento muito prolongado, o que poderia acarretar uma modificação na estrutura molecular das duas ligas, deixando-as quebra- diças – particularmente no caso do alumel. Montagem dos termopares Após a soldagem dos dois fios, eles são isolados entre si por meio de pequenos tubos, ou melhor, por meio de isoladores com dois furos (miçangas). O material dos isoladores é normalmente de cerâmica, porcelanas, quartzo etc. Este conjunto é, então, protegido por um ou mais tubos concêntricos apropriados a cada aplicação. A parte superior é ligada a uma borracha ou bloco de terminais de abonite ou cerâmica instalada dentro de um cabeçote de ligação. 170 TERMOPARES J UNT A DE ME DIÇ ÃO T UB O DE P R OT E Ç ÃO IS OLADOR C E R ÂMIC O C AB E Ç OT E DE LIG AÇ ÃO B LOC O DE T E R MINAIS T AMP A Termopares isolação mineral O desenvolvimento dos termopares isolação mineral partiu da necessidade de satisfazer as severas exigências do setor nuclear. Desde então, os benefícios deste trabalho puderam ser transmitidos à indústria em geral, que os utiliza em uma grande variedade de aplicações devido à série de vantagens que oferecem, tais como grande estabilidade, resistência mecânica entre outras. O termopar isolação mineral consiste de três partes básicas: um ou mais pares de fios isolados entre si por um material cerâmico compactado em uma bainha metálica externa. Este tipo de montagem é de extrema utilidade, pois os fios ficam completamente isolados dos ambientes agressivos, que podem causar a completa deterioração dos termoelementos, além da grande resistência mecânica, o que faz com que o termopar isolação mineral possa ser usado em um número quase infinito de aplicações. Isolador cerâmico Cabeçote de ligação Bloco de terminais Tubo de proteção Tampa Junta de medição FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 171 Construção do cabo isolação mineral O processo de fabricação dos termopares isolação mineral começa com os ter- moelementos de diâmetros definidos, inseridos em um tubo metálico e isolados entre si e o tubo por um material cerâmico (pó de óxido de magnésio). Pelo processo mecânico de estiramento (trefilação), o tubo e os termoelementos são reduzidos em seus diâmetros (aumentando seu comprimento) e o óxido de mag- nésio fica altamente compactado, isolando e posicionando os fios em relação à bainha metálica. Óxido de Magnésio B ainha Metálica T ermopar O óxido de magnésio é um excelente isolante elétrico e um bom condutor tér- mico, de maneira que, quando compactado, ocupa todos os espaços internos, isolando eletricamente os fios entre si e a bainha; além de dar alta resistência mecânica ao conjunto, proporciona boa troca térmica. Como este processo de trefilação ou estiramento (redução do diâmetro e aumento do comprimento, proporcionalmente) cria tensões moleculares intensas no material, torna-se ne- cessário tratar termicamente o conjunto. Este tratamento térmico alivia estas tensões e recoloca o termopar em sua curva característica, obtendo, assim, um produto final na forma de cabos compactados muito reduzidos em seus diâmetros (desde 0,5 mm até 8,0 mm de diâmetro ex- terno), porém, mantendo proporcionalmente as dimensões e isolação da forma primitiva. Além do óxido de magnésio, usa-se também como material isolante a alumina, óxido de berílio e óxido de tório; o óxido de magnésio, porém, é mais barato, compatível com os termoelementos e mais comum de ser encontrado. Uma grande atenção deve ser tomada com a pureza química e metalúrgica dos com- ponentes envolvidos na fabricação do termopar isolação mineral. Óxido de magnésio Bainha metálica Termopar 172 TERMOPARES Isolação elétrica do cabo isolação mineral Em razão da tendência natural do óxido de magnésio absorver umidade (higros- cópico) e outras substâncias que podem vir a contaminar os termoelementos, a isolação elétrica mínima admitida entre os condutores e a bainha é de no mínimo 100 mΩ em temperatura ambiente (20 °C). Várias precauções devem ser manti- das para a fabricação do termopar isolação mineral, como: • Não deixar o cabo aberto exposto no ambiente por mais de um minuto. Ime- diatamente sele a ponta aberta com resina depois de aquecê-la para retirar a umidade. • O armazenamento deve ser em local aquecido e seco (aproximadamente 38 °C e 25% de umidade relativa do ar). Vantagens do termopar isolação mineral Estabilidade na FEM É caracterizada pelo fato de os condutores estarem totalmente protegidos de ambientes agressivos que normalmente causam oxidação e envelhecimento dos termopares. Resposta rápida O pequeno volume e alta condutividade térmica do óxido de magnésio promo- vem uma rápida transferência de calor – superior aos termopares com montagem convencional. Grande resistência mecânica e flexibilidade Em razão da alta compactação do óxido de magnésio dentro da bainha metálica que mantém os termoelementos uniformemente posicionados, permite que o cabo seja dobrado, achatado, torcido ou estirado, suportando pressões externas e “choques térmicos” sem quaisquer perdas de suas propriedades termoelétricas. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 173 Facilidade de instalação A dimensão reduzida, a grande maleabilidade e a alta resistência mecânica do cabo isolação mineral asseguram uma facilidade de instalação mesmo em locais de difícil acesso. Resistência à corrosão Os termopares isolação mineral são disponíveis com diversos tipos de capas metálicas para garantir sua integridade em qualquer tipo de ambiente corrosivo, qualquer que seja o termopar. Resistência de isolação (a frio) A resistência de isolação entre condutores e bainha, segundo norma ASTM E-608/84, é sempre superior a 100 MΩ (a 20 °C) – qualquer que seja o diâmetro, em qualquer tipo de ambiente corrosivo, em qualquer condição de umidade. Blindagem eletrostática A bainha metálica devidamente aterrada oferece excelente blindagem contra interferências eletrostáticas (ruídos). Características técnicas Para a perfeita seleção de um termopar de isolação mineral, devem ser levadas em consideração todas as possíveis características e normas exigidas pelo processo. Tipos e números de sensores Os termopares isolação mineral podem ser dos tipos T, E, J e K; podem ser simples (um par de fios), duplo (dois pares de fios) ou mesmo até triplo (seis termoelementos dentro de uma única bainha). Existem termopares isolação mineral de platina dos tipos S, R e B. Sua isolação pode ser de óxido de magnésio, óxido deberílio, alumina; o material da bainha, 174 TERMOPARES de molibdênio, tântalo ou titânio. A escolha destes materiais vai depender da temperatura e do meio em que for colocado o termopar, mas sua aplicação é muito pequena. Características da bainha metálica A escolha do material da bainha é fundamental para a vida útil do termopar isolação mineral, pois se a bainha resistir às condições do ambiente agressivo, o termoelemento também resistirá. Tipos de junções de medições Podemos classificar os termopares isolação mineral, de acordo com a posição da junção de medição em relação à bainha metálica, em três tipos: Junção isolada É quando a junção de medição é eletricamente isolada da bainha. T ermopar B ainha Metálica Este tipo de montagem é o mais utilizado e suas características são: • Um tempo de resposta maior do que as montagens seguintes. • Os termoelementos ficam totalmente protegidos do meio externo, garantindo maior vida útil e podendo ser usado em ambientes sujeitos a campos elétricos, pois sendo isolado da bainha, fica mais imune a interferências eletrostáticas. Termopar Bainha metálica FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 175 Junção aterrada Neste caso, os termoelementos e a bainha são soldados para formar a junção de medição. Assim, os fios são aterrados na bainha. S olda T ermopar B ainha Metálica Este tipo de montagem apresenta um tempo de resposta um pouco maior do que a junção exposta, mas ainda menor do que a junção isolada, podendo ser usado em ambientes agressivos devido à isolação dos termoelementos. Não é recomendável a ambientes sujeitos a ruídos, pois poderá transmiti-los para o instrumento indicador, gerando erros e instabilidade na leitura. Junção exposta Neste tipo de montagem, parte da bainha e da isolação são removidas, expondo os termoelementos ao ambiente. Tem como características um tempo de resposta ex- tremamente pequeno e grande sensibilidade a pequenas variações na temperatura, mas apresenta como desvantagem o rápido envelhecimento dos termoelementos devido ao contato com o ambiente agressivo, altas temperaturas e pressões. T ermopar B ainha Metálica Termopar Bainha metálica Bainha metálica Termopar Solda 176 TERMOPARES Aplicações do termopar isolação mineral Além da utilização em número ilimitado de processos industriais, seja na indús- tria cerâmica, siderúrgica, química, petroquímica, papel e celulose, alimentícia, cimenteira, vidreira, de eletricidade, automotiva, de eletrodoméstico, nuclear, aeronáutica, têxtil e muitas outras, o termopar de isolação mineral também se aplica em laboratórios de pesquisas experimentais para estudos em arcoplasma, feixe de elétrons, laser e outros experimentos físicos. Proteção de termopares A proteção dos termopares é fundamental para garantir a durabilidade e a con- fiabilidade da medição. Entre as condições mais frequentes do processo que provocariam danos ao termopar estão: • Exposição a gases, provocando a oxidação e degradação. • Contato com ácidos, provocando a corrosão. • Contato com metais em alta temperatura provocando a fusão. Os tubos e poços são os recursos mais utilizados para proteção e são dimensio- nados e especificados de acordo com cada aplicação. O maior inconveniente da utilização de proteção é a influência sobre o tempo de resposta. Tubos de proteção Não são indicados para áreas onde se necessita a vedação. Para especificar um tubo é necessário levar em consideração todas as condições de uso do termopar, como temperatura, atmosfera do processo, resistência mecânica, pressão, tipos de fluido em contato, velocidade de resposta etc. Os tubos de proteção estão divididos em metálicos e cerâmicos. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 177 Tubos metálicos Podem ser com ou sem costura. O tubo com costura é construído de uma chapa enrolada e soldada longitudi- nalmente (costurada); depois é polida para dar acabamento final. Os tubos sem costura são construídos por meio de processo mecânico (extrudados), ficando sem soldas em sua extensão. A conexão do tubo ao cabeçote de ligação é feita, geralmente, por rosca, podendo ser também soldada. Lembrando que o tubo de proteção não é designado para dar estanqueidade (vedação) ao processo, e sim para dar proteção ao elemento sensor. Os materiais mais utilizados nos tubos são: ferro fundido, aço carbono, aço inoxi- dável (304, 310, 316, 321), aço cromo 446, alloy 600, hastelloy, monel, entre outros. Materiais e características dos tubos de proteção metálicos • Aço carbono Temperatura máxima de utilização: 550 °C. São de uso geral, mas com resistên- cia à corrosão limitada; portanto, não pode ser usado em ambientes redutores e oxidantes continuamente. • Aço inoxidável 304 Temperatura máxima de utilização: 900 °C. São largamente usados como mate- rial de proteção em baixas temperaturas, é resistente à corrosão, não recomen- dável para uso em atmosferas sulfurosas ou com chamas redutoras. 178 TERMOPARES • Aço inoxidável 310 Temperatura máxima de utilização: 1.100 °C. Possui elevada resistência à corro- são em altas temperaturas, resistência mecânica superior ao 304, boa resistência em ambientes redutores, sulfurosos e carbonizantes. • Aço inoxidável 316 Temperatura máxima de utilização: 900 °C. Possui melhor resistência ao ca- lor, álcalis e ácidos do que o 304. Pode ser usado na presença de componentes sulfúricos. • Aço cromo 446 Temperatura máxima de utilização: 1.100 °C. Possui excelente resistência a corro- são e oxidação em atmosferas sulfurosas, e a aplicações que envolvam altas tem- peraturas. Boa resistência em ácidos nítrico, sulfúrico e na maioria dos álcalis. • Alloy 600 Temperatura máxima de utilização: 1.150 °C. Excelente em ambientes corrosivos sujeitos a altas temperaturas. Excelente resistência mecânica; não aplicável em atmosferas que contenham enxofre. • Alloy 800 Temperatura máxima de utilização: 1.090 °C. Boa resistência à oxidação, carbo- nização e outros efeitos prejudiciais da exposição a altas temperaturas. • Tântalo Temperatura máxima de utilização: 2.200 °C em gás inerte ou vácuo. Excelente resistência a muitos ácidos em temperatura ambiente. • Titânio Temperatura máxima de utilização: 1.000 °C em atmosfera redutora e 250 °C em atmosfera oxidante. Boa resistência à oxidação e a ataques químicos. Tubos cerâmicos São utilizados, normalmente, em processos que envolvem temperaturas superio- res a 1.200 °C em que as ligas metálicas não resistiriam. São adaptados sob uma base metálica para que esta seja instalada ao cabeçote de ligações. As vantagens dos tubos cerâmicos são a resistência a altas temperaturas, neutralidade à reações FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 179 químicas e boa resistência à abrasão; porém, possui baixa resistência mecânica, sensibilidade a choques térmicos e porosidade em elevadas temperaturas. Os materiais cerâmicos mais usados são a alumina, quartzo e carbureto de silício. Existem, também, tubos metálicos/cerâmicos (cermets); são combinações de metais e óxidos metálicos, que após receberem tratamento tornam-se tubos de alta resistência mecânica, resistentes à corrosão e a choques térmicos. Características dos materiais de proteção cerâmicos • Cerâmica tipo 610 – Mulita Temperatura máxima de utilização: 1.650 °C. Contém 60% de alumina, 40% de sílica, boa condutibilidade térmica, boa resistência a choques mecânicos, e não é porosa. • Cerâmica tipo 710 – Alumina recristalizada Temperatura máxima de utilização: 1.900 °C. Contém 99% de alumina, conduti- bilidade térmica e boa resistência mecânica superior a 610; é sensível a choques mecânicos e é impermeável à maioria dos gases sob condições de processo. • Carbureto de silício Temperatura máxima de utilização: 1.500 °C. Possui baixa resistência mecânica e porosidade. Excelente condutibilidade térmica e resistência a choques térmicos. Base metálica Cerâmica 180 TERMOPARES • Carbureto de silício cristalizado Temperatura máxima de utilização: 1.500 °C. Possui baixa resistênciamecânica e porosidade. Excelente condutibilidade térmica e resistência a choques térmicos. Boa resistência em ácidos, álcalis e utilizado em metais líquidos, como zinco, chumbo, alumínio e cobre. Poços de proteção Possuem a mesma função dos tubos de proteção, porém, a sua principal carac- terística é que ele possui estanqueidade, isto é, veda o processo, não permitindo vazamentos, perda de pressão e contaminações. São usados onde as condições de processo requisitam segurança em altas temperaturas e pressões, fluidos muito corrosivos, vibrações e alta velocidade de fluxo. Os materiais utilizados nos poços são os mesmos dos tubos. Os poços são feitos a partir de uma barra maciça com um furo longitudinal usinado, mantendo-se assim, a espessura da parede de acordo com as especificações. A construção do poço deve proporcionar resistência (rigidez) mecânica à pressão e à deformação superiores aos tubos metálicos, pois o fluido de processo, quando atrita no poço, Cabeçote Nipple União Flange Rosca Poço FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 181 forma uma turbulência que possui uma frequência definida na relação entre o diâmetro do poço e a velocidade do fluido. Se o poço entrar em ressonância durante a turbulência, ele tende a se quebrar, perdendo o poço e contaminando o processo. Pode haver transbordo de fluido e o elemento será afetado. Os poços com haste cônica são os que apresentam melhores resultados diante do problema de vibração e proporcionam maior rigidez mecânica, mantendo a sensibilidade em relação aos poços de haste reta ou paralela. A fixação ao processo é feita por rosca externa, solda, flange ou outros meios de fixação hermética. Isto elimina a parada e esvaziamento do processo para troca ou manutenção do elemento sensor Envelhecimento dos termopares É importante que o termopar seja durável a fim de fornecer uma medição con- fiável. Infelizmente, após alguns anos, o termopar é suscetível a variações na sua curva FEM versus temperatura. É difícil de prever a vida útil de um termopar, pois o envelhecimento depende de uma série de fatores, entre os quais: • Bitola dos fios. • Atmosfera do ambiente. • Presença de um tubo de proteção. • Temperatura de operação. Pode-se dizer que os termopares de bitola maior evidentemente envelhecem mais lentamente do que os construídos de fio fino. Em relação à atmosfera, sua importância é capital no envelhecimento de termo- pares. Um termopar de platina em alta temperatura é afetado por uma atmosfera redutora; assim, deve-se manter uma corrente de ar no poço de proteção. Como já visto, o tubo de proteção deve ser escolhido com bastante cuidado. Sua principal qualidade será a estanqueidade e a sua inércia química. Sobre a temperatura de operação, observa-se que o envelhecimento prematuro ocorre quando se opera próximo dos limites do termopar. Por exemplo, para 182 TERMOPARES temperaturas inferiores a 700 °C, os termopares tipo K e J envelhecem muito lentamente; o mesmo ocorre com o termopar tipo R e S para temperaturas in- feriores a 1.100 °C. No caso do termopar de platina, se a temperatura ultrapassar 1.100 °C, o ele- mento ródio evapora lentamente, produzindo a autocontaminação do termopar e, consequentemente, alterando as características. Calibração dos termopares A calibração é efetuada para determinar se as características dos termopares estão dentro dos padrões estabelecidos. Diversos métodos podem ser usados. Método de comparação com um termopar padrão Esta comparação é efetuada colocando dois termopares na mesma temperatura e comparando a FEM fornecida por ambos. Isto pode ser levado a cabo no próprio local, ou então em um laboratório por meio de um forno especial para testes; evidentemente, o segundo procedimento é de maior precisão. Método de fusão de um fio de ouro Corta-se a junção do termopar e entre as extremidades é soldado um fio de ouro de, aproximadamente, 0,3 mm por 10 mm de comprimento. Leva-se a um forno onde será aquecido gradativamente até o ponto onde se funde o ouro (1.063 °C), registrando-se, então, a FEM correspondente a este ponto. Outros métodos Método de comparação entre dois termopares da mesma natureza. O termopar em teste é associado em oposição a um termopar padrão do mesmo material. Aquece-se o conjunto e observa-se a FEM desenvolvida que deverá ser nula, no caso de os termopares serem iguais. Neste caso, a FEM desenvolvida acusará diretamente o desvio do termopar em teste. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 183 Inércia dos termopares – erro dinâmico Se a temperatura de um ambiente, por exemplo um forno, aumenta ou diminui a uma velocidade constante, o termopar acusa um retardo constante sobre a temperatura. Esse erro momentâneo chamado “erro dinâmico” é afetado pelos seguintes fatores: • Capacidade térmica do termopar. • Condutividade térmica do termopar. • A relação superfície/massa do termopar. • O coeficiente de transferência de calor entre o fluido e o termopar. • A capacidade térmica do fluido que envolve o termopar. O poço de proteção tem um papel preponderante no tempo de resposta do termopar. O espaço morto entre a junta de medição e o poço afeta o tempo de resposta do termopar. Existem alguns processos para reduzir o retardo devido a este espaço morto. São eles: • Junta de medição soldada ao poço. • Óleo entre a junta de medição e o poço. • O poço como elemento do termopar (ferro-constantan). Quando o poço é montado verticalmente, tem-se uma desvantagem adicional: forma-se em seu interior uma corrente de convexão no sentido da junta de me- dição para o cabeçote. Evita-se o fenômeno, não permitindo espaços vazios que permitem a circulação da massa gasosa. No caso de medição de altas temperaturas, o tempo de resposta é sensivelmen- te reduzido à medida em que a temperatura sobe devido à troca de calor por radiação e depende da quarta potência da temperatura: absoluta. Por exemplo, colocando-se um termopar em um ambiente a 250 °C, levará 5,7 min para se obter o equilíbrio. Se colocarmos em um ambiente igual, porém, a 950 °C, o tempo será reduzido a 1,7 min. 13. Termômetros de radiação Radiação eletromagnética Ondas eletromagnéticas Medição de temperatura por radiação Pirômetros de radiação total Pirômetros óticos Termômetros infravermelhos Um corpo aquecido emite energia mesmo que esteja no vácuo. Esta energia, a radiação térmica, é transportada por ondas eletromagnéticas, como a energia lumi- nosa, mas com predominância de frequências bem menores do que as do espectro visível, enquanto o corpo está à temperatura não muito elevada. À medida que se aquece um corpo a partir de temperaturas da ordem de 500 °C, o brilho do corpo começa a ficar visível porque dá início à emissão de radiações que têm uma fração apreciável com frequência de luz: (espectro visível). Ainda assim, a maior parte da intensidade da radiação tem frequência localizada na região do infravermelho. Se pudéssemos aquecer indefinidamente o corpo, ele passaria do rubro para o branco e para o azul, ou seja, a predominância da intensidade da radiação emitida dentro do espectro visível corresponde a frequências crescentes à medida que a temperatura do corpo é elevada. Medidas de temperatura de corpos aquecidos pela radiação emitida têm sido largamente empregadas no processamento industrial. Não há contato direto com o corpo cuja temperatura está sendo medida e há uma independência relativa quanto à distância ao elemento detector de radiação. O corpo pode estar em repouso ou em movimento, o que torna o método particularmente aplicável em processos contínuos (fornos rotativos, laminação etc.). Temperaturas acima de 1500 °C (limite superior de uso de termopares de Pt-Pt, Rh) são comuns nas indústrias e, apesar dos progressos na técnica da fabricação FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 185 de novos tipos de termopares, os pirômetros de radiação ocupam um lugar de- finido na pirometria e não têm, em princípio, limite superior de temperatura.Radiação eletromagnética Os trabalhos científicos de Coulomb, Ampère, Faraday e outros estabeleceram os princípios da eletricidade. Na década de 1860, o físico escocês Maxwell desen- volveu uma teoria matemática na qual generalizou tais princípios. Considerando que na indução eletromagnética um campo magnético variável in- duz uma força eletromotriz, o que é característico de um campo elétrico, Maxwell apresentou as seguintes hipóteses: “Um campo magnético variável é equivalente, nos seus efeitos, a um campo elétrico”. E inversamente, “Um campo elétrico variável é equivalente, nos seus efeitos, a um campo magnético” Com essas hipóteses, Maxwell generalizou, matematicamente, os princípios da eletricidade. A verificação experimental de sua teoria só foi possível quando se considerou um novo tipo de onda, as chamadas ondas eletromagnéticas. Essas ondas surgem como consequência de dois efeitos: um campo magnético variá- vel produz um campo elétrico, e um campo elétrico variável produz um campo magnético. Esses dois campos em constantes e recíprocas induções propagam-se pelo espaço. Ondas eletromagnéticas De acordo com Maxwell, se em um ponto P produzirmos um campo elétrico variável E, ele induzirá um campo magnético B variável com o tempo e com a distância ao ponto P. Além disso, o vetor B variável induzirá um vetor E, que também varia com o tempo e com a distância do campo magnético variável. 186 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO Esta indução recíproca de campos magnéticos e elétricos, variáveis com o tempo e com a distância, torna possível a propagação desta sequência de induções atra- vés do espaço. Portanto, uma perturbação elétrica no ponto P, devida à oscilação de cargas elétricas, por exemplo, propaga-se a pontos distantes por meio da mú- tua formação de campos elétricos e magnéticos variáveis. Maxwell estabeleceu equações para a propagação desta perturbação, mostrando que ela apresentava todas as características de uma onda: reflete, refrata, difrata e interfere. Por isso, denominou-a ondas ou radiações eletromagnéticas. Espectro eletromagnético Atualmente, sabemos que existe uma variação ampla e contínua nos comprimen- tos de onda e frequência das ondas eletromagnéticas. No quadro a seguir, temos um resumo dos diversos tipos de ondas eletromag- néticas, chamado espectro eletromagnético; as frequências estão em hertz e os comprimentos de onda, em metros. Comprimento de onda λ(m) Frequência (Hertz) Ondas de rádio Infravermelho Micro-ondas TV AM 10 102 103 104 105 106 107 108 109 1010 1011 1012 1013 1014 1015 1016 1017 1018 1019 1020 1021 1022 1023 107 106 105 104 103 102 10 1 10–1 10–2 10–3 10–4 10–5 10–6 10–7 10–8 10–9 10–10 10–11 10–12 10–13 FM Radar Luz Raios X Ultravioleta Raios gama FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 187 Analisando esse quadro, observamos que luz, ondas de rádio e raios X são nomes dados a certas faixas de frequência e comprimentos de onda do espectro eletromag- nético. Cada nome caracteriza uma faixa na qual as ondas são emitidas e recebidas de um modo determinado. Por exemplo, a luz, de comprimentos de onda em torno de 10–6 m, pode ser percebida por meio de seu efeito sobre a retina, provocando a sensação de visão; mas, para detectar ondas de rádio, cujo comprimento de onda varia em torno de 105 m a 10–1 m, são necessários equipamentos eletrônicos. Medição de temperatura por radiação Em 1860, Gustav Kirchoff demonstrou a lei que estabelecia a igualdade entre a capacidade de um corpo em absorver e emitir energia radiante. Essa lei é funda- mental na teoria da transferência de calor por radiação. Kirchoff também propôs o termo “corpo negro” para designar um objeto que absorve toda a energia radiante que sobre ele incide. Tal objeto, em consequência, seria um excelente emissor. Em 1879, Joel Stefan enunciou, a partir de resultados experimentais, a lei que relaciona a radiância de um corpo com a sua temperatura. A radiância, W, é a potência da radiação térmica emitida por unidade de área da superfície do corpo emissor. Ludwing Boltzmann chegou, em 1884, às mesmas conclusões através da termodinâmica clássica, o que resultou na chamada Lei de Stefan-Boltzmann: W = ε ? δ ? T4 Onde: W: energia radiante (Watts/m2); T: temperatura absoluta (K); ε: emissividade; δ: constante de Stefan-Boltzmann. ⋅ ⋅ ⋅−(5,7 10 W K m )8 4 2 Chama-se corpo negro ou radiador perfeito um corpo que absorve toda a radiação que sobre ele incide, emitindo, por sua vez, energia em todos os comprimentos 188 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO de onda, com máximo em comprimento de onda em função de sua temperatura. Um corpo opaco, que não se enquadra no conceito do corpo negro, reflete parte da energia que sobre ele incide. Para o corpo negro, a máxima emissividade é igual a um, portanto: W = δ ? T4 Embora o corpo negro seja uma idealização, existem certos corpos, como laca preta, placas ásperas de aço e placas de asbesto, com poder de absorção e de emissão de radiação térmica tão altos que podem ser considerados idênticos ao corpo negro. O corpo negro é considerado, portanto, um padrão com o qual são comparadas as emissões dos corpos reais. Quando, sobre um corpo qualquer ocorrer a inci- dência de irradiação, teremos uma divisão dessa energia em três parcelas: WR WA WT W Corpo Onde: W: energia incidente; WA: energia absorvida; WR: energia refletida; WT: energia transmitida. Sendo: • Absorvidade α= W W A . • Refletividade δ=W W R . W = WA + WR + WT FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 189 • Transmissividade τ =W W T . Somando-se os três coeficientes para um mesmo comprimento de onda, temos: α+ δ + τ = 1 Sendo que para materiais opacos, τ = 0. Normalmente, a absorvidade é denominada “emissividade”, que simbolizaremos por “ε” . De acordo com a Lei de Kirchoff, existe uma igualdade entre a capacida- de de um corpo em absorver a energia incidente e sua capacidade de reemiti-la. A emissividade pode ser assim definida: É a relação entre a energia irradiada, em um dado comprimento de onda, por um corpo qualquer e um corpo negro à mesma temperatura. ε= W(corpo qualquer) W (corpo negro) A emissividade sempre assume valores entre 0 e 1, sendo numericamente iguais à fração de radiação absorvida pelo corpo e é influenciada por vários fatores, sendo os principais: • Natureza do material. • Acabamento superficial: as superfícies polidas têm baixa absorvidade, pois a refletividade é alta. • Temperatura da superfície: quando esta aumenta, a emissividade também aumenta. Pirômetros de radiação total Os pirômetros de radiação operam essencialmente segundo a lei de Stefan- -Boltzmann, pois medem a radiância da superfície. É possível medir a temperatura de um corpo pela medida do fluxo radiante emitido por ele. A radiação é coletada por um arranjo óptico fixo que concentra 190 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO o feixe radiante sobre uma superfície absorvente (corpo negro) atuando como detetor, o qual é aquecido pela radiação incidente. O detetor pode ser uma termopilha (associação de termopares em série) ou semi- condutor nos pirômetros mais modernos. A temperatura do detetor aumentará até atingir o equilíbrio térmico, podendo haver perdas por radiação, convecção e condução. A indicação da temperatura é feita, geralmente, em indicadores analógicos e digitais; os resultados das medições podem ser memorizadas por meio de microprocessadores. Apesar de serem instrumentos portáteis, que produzem indicação local, podem ser empregados também no controle de processos a partir de montagens mecâ- nicas fixas com circuitos de transmissão. Fontes de erro Fumaça, poeira e gases absorvem radiação, diminuindo a temperatura aparente. SO2, CO2, vapor d’água e amônia apresentam bandas de absorção nos compri- mentos de onda usados na pirometria. Por outro lado, gases quentes, chamas e carbono em alta temperatura contribuem para aumentar a temperatura aparente. Nesses casos, o único recurso é usar um tubo alvo (target tube) fechado, cujo fundoé o alvo ou um tubo aberto, purgado com ar ou gás inerte, que garante uma linha de visada livre de meios absorventes. Lente Termopilha En er gi a ra di an te Diafragma Detetor Indicador Amplificador com ajuste de ganho FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 191 O tubo alvo pode ser construído com uma variedade de materiais (carbureto de silício, inconel, níquel-cromo, ferro e aço) diminuindo a velocidade de resposta, uma das características mais favoráveis dos pirômetros de radiação. A re-radiação de energia pelas lentes, espelhos, janelas etc. pode causar erro, a menos que a temperatura interna do pirômetro seja homogênea. Nos casos em que a temperatura apresenta um valor demasiadamente elevado ou variações violentas, utiliza-se resfriamento a água ou ar. Distância e dimensões do alvo A resposta de um pirômetro de radiação independe da distância do alvo, desde que o sistema ótico esteja inteiramente coberto. As dimensões do alvo são usual- mente expressas em termos de diâmetro de um circuito equivalente situado em plano perpendicular ao eixo ótico. Além de certas distâncias mínimas permissí- veis, define-se uma relação denominada fator de distância: Fator de distância = distância do alvo diâmetro mínimo de alvo Na maioria das medidas industriais, o fator de distância estará na região 20:1 a 24:1. Tempo de resposta A velocidade de resposta dos pirômetros de radiação é limitada pela termopilha. Alterações no filamento dos termopares, no número de junções e na espessura do material de enegrecimento, diminuem o tempo de resposta, porém, compro- metem a sensibilidade. Reduz-se, desse modo, a capacidade do detetor e tempos de resposta da ordem de 0,5 segundos a 2 segundos são atingidos. Principais aplicações dos pirômetros de radiação • Onde a temperatura do processo está acima da faixa de operação dos termopares. • Quando a atmosfera do processo for prejudicial aos termopares. • No interior de fornalhas a vácuo ou pressão. • Onde o contato dos sensores de temperatura possa contaminar o produto, • Quando o objeto cuja temperatura será medida está em movimento. 192 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO • Em locais onde os termopares não podem ser instalados, por causa de vibra- ções, choques mecânicos ou impossibilidade de montagem. Principais considerações na aplicação dos pirômetros de radiação • Temperatura do alvo e temperatura normal de operação. • Sinal de saída é independente da distância do alvo, desde que o campo de visão do sistema óptico esteja preenchido totalmente pelo mesmo. • Material da fonte e sua emitância. • Ângulos de foco devem-se restringir a 45°, ou menos, da perpendicular. • Condições do ambiente, temperatura e poeira. • Velocidade do alvo. Tolerância Em condições de laboratório, a precisão estática da calibração é da ordem de ± 0,5%. Na prática industrial, esse valor é aumentado pela ação das causas de erro apontadas. Faixa de trabalho Os radiômetros operam na faixa entre –30 °C a 4.000 °C, respondendo em 0,1 segundo ou 0,2 segundo a 98% da mudança de temperatura com precisão de ± 1% da faixa medida. Pirômetros óticos Instrumentos designados como pirômetros óticos são aqueles que medem a energia radiante emitida por uma superfície-alvo em estreito intervalo de com- primentos de onda (faixa de 100 Å até em torno de 6500 Å, vermelho). A medida baseia-se na grande sensibilidade que caracteriza o olho humano no que concerne à distinção de nuances de brilho. O processo consiste, essencial- mente, em comparar o brilho da imagem da superfície – alvo com o brilho de um FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 193 filamento incandescente (até que os dois se confundem), medir alguma grandeza relacionada ao brilho (radiância espectral) de um dos componentes e traduzir a medida em termos de temperatura. É o método do filamento evanescente, adotado na Conferência Internacional de Pesos e Medidas de 1927 (confirmado em 1948) para definir a Escala Prática Internacional de Temperaturas acima do ponto de ouro, ou seja, 1.063 °C. Lei de radiação de Planck – Lei de Wien A densidade de fluxo radiante emitido por um radiador perfeito (corpo negro) à temperatura T em uma faixa de 100 Å em torno de um comprimento de onda é dada pela Lei de Planck. Para cada valor de T, a distribuição de energia é feita em função de l. Observa-se que a intensidade de radiação varia apreciavelmente com o comprimento de onda. O máximo de intensidade radiante se desloca no sentido dos menores compri- mentos de onda, quando a temperatura cresce de acordo com a Lei do Desloca- mento de Wien. Quando T cresce, λ decresce proporcionalmente; por isso observa-se a cor de um corpo incandescente, a qual varia com o acréscimo de temperatura, do vermelho sombrio para o branco. Daí também o conceito de cor de temperatura em um corpo negro. En er gi a ra di an te (W c m 2 μ ) Comprimento de onda (μm) XIO3 3 2 1 0 1 2 3 194 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO Em um pirômetro ótico, a radiação da superfície-alvo é focalizada por meio de uma objetiva em um plano onde se encontra o filamento de uma lâmpada de tungstênio. O pirômetro óptico mede a intensidade de energia radiante emitida em uma faixa estreita do comprimento de onda do espectro visível. A intensidade da luz emitida por um objeto quente no espectro visível varia rapidamente com sua temperatura. Assim, com uma pequena variação da temperatura há uma variação muito maior na luminosidade, o que fornece um meio natural para a determinação de tem- peraturas com boa precisão. O pirômetro óptico é um instrumento com o qual a luminosidade desconhecida de um objeto é medida comparando-a com a luminosidade conhecida de uma fonte padrão. Os pirômetros utilizam dois métodos para comparação: • Variação da intensidade da luz emitida por uma lâmpada padrão (corrente que passa pelo filamento) até atingir o mesmo brilho da fonte. • Variação da luminosidade aparente do corpo quente por meio de dispositivos ópticos enquanto uma corrente constante atravessa o filamento da lâmpada padrão que permanece com brilho constante. 1 – Alvo. 2 – Lente. 3 – Diafragma. 4 – Filtro absorvente. 5 – Lâmpada. 6 – Filtro vermelho. 7 – Lente objetiva. 8 – Diafragma. 9 – Lente ocular. 10 – Observador. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 195 A comparação do brilho entre a fonte a ser medida e o filamento da lâmpada é feita por um observador, o que faz com que essa medida dependa, portanto, da sensibilidade do olho humano às diferenças no brilho entre duas fontes da mesma cor. Para temperaturas acima de 1.300 °C, torna-se necessário interpor um filtro (screen) para reduzir a radiância observada, protegendo, assim, o filamento da lâmpada (menor temperatura). Pelo conjunto de lentes 7 a 9, o olho humano compara as duas imagens devidamente filtradas por 6 (6500 Å). Se o filamento aparece escuro no fundo vermelho, sua temperatura é inferior à do alvo; se destaca o vermelho brilhante, está mais quente – o ponto procurado é aquele em que não se consegue distingui-lo (filamento evanescente). Filtros absorventes (screens) O limite inferior das temperaturas mensuráveis com o pirômetro ótico é de cerca de 1.400 ºF (760 °C). A temperatura mais baixa à intensidade da radiação trans- mitida pelo filtro vermelho é demasiadamente baixa para fornecer visibilidade adequada à fonte e ao filamento. O limite superior é determinado por dois fatores: deterioração do filamento e altas temperaturas e o esforço visual (fadiga). O limite estabelecido é de 1.250 °C. Para temperatura mais alta, reduz-se o brilho aparente do alvo por meio de screens absorventes de vidro colocados entre a objetiva e o filamento da lâmpada. Para evitar refocalização do instrumento quando o alcance mais baixo é usado, um filtro transparente com vidro do mesmo índice de refração é interposto no caminho ótico. A calibração da escala baixa é efetuada com este filtro em posição. Desse modo, pode-se obter dupla ou tripla escala com limites muito superiores àquelespermissíveis para a lâmpada. Como exemplo, tem-se o pirômetro ótico L & N com três escalas: • 1.075 °C – 1.750 °C. • 1.500 °C – 2.800 °C. • 2.500 °C – 4.200 °C. 196 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO Fontes de erro Temperatura ambiente tem pouca influência na precisão. A distância entre o pirômetro e o alvo não é crítica desde que a superfície visada seja suficiente para “encher” o campo ótico. Há, em geral, dois fatores que interferem no uso do pirômetro ótico: • O efeito de meios absorventes. • Emitância espectral da superfície-alvo. O efeito de meios absorventes é o de baixar as leituras, pois o brilho aparente do alvo diminui por efeito de absorção de radiação por gases, fumaça, poeiras etc. Vapor d’água, CO e outros gases absorvem radiação, especialmente infra- vermelho, mas não influem sensivelmente nas leituras, desde que a densidade ou concentração sejam relativamente pequenas. A influência da emitância espectral da superfície-alvo é a mesma no caso dos pirômetros de radiação total, embora o afastamento das condições de corpo ne- gro da medida monocromática seja menor do que no caso mencionado. Principais considerações dos pirômetros ópticos • Os limites normais de utilização estão entre 750 °C e 2.850 °C. Com filtros de absorção especiais, pode-se estender sua calibração até 5.500 °C. • As medidas efetuadas com pirômetros ópticos são independentes da distância entre a fonte e o aparelho, além de que são providos de um conjunto de lentes que aproximam o objetivo a ser medido. • Em uso industrial, consegue-se uma precisão de até ± 2%. • Devido à medida de temperatura ser baseada na emissividade da luz (brilho), erros significativos podem ser criados devido à reflexão de luz ambiente pela fonte a ser medida. • Quando o meio onde se executa a medida possui partículas em suspensão, causando assim uma diminuição da intensidade da luz proveniente da fonte, diminuindo a precisão da medição. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 197 Termômetros infravermelhos Os termômetros infravermelhos normalmente empregam sensores que atuam na faixa do infravermelho e, portanto, abrangem uma faixa de temperatura maior do que os pirômetros de radiação total e ótico; além disso, são mais rápidos, respondendo na casa dos milissegundos. Sensores de infravermelho não só operam em altas temperaturas, mas também podem ser usados nos chamados processos industriais a frio (forjamento, ex- trusão, trefilação etc.). Sua faixa de uso pode ser descrita de 0 °C a 3.600 °C. Os pirômetros infravermelhos possuem basicamente a mesma estrutura de um pirômetro de radiação total, só que a termopilha, por exemplo, é substituída por um fotodiodo e, consequentemente, o circuito de leitura e processamento do sinal é um pouco diferente. Os fotodiodos são junções P-N (Si ou Ge), onde a radiação incidente atinge a re- gião da junção; esses diodos são operados com tensão reversa, isso é, condição de não condução; nessas condições, os elétrons não possuem energia suficiente para cruzar a barreira de potencial, entretanto, com a radiação incidente, a colisão dos fótons com os elétrons fará com que os elétrons ganhem energia e cruzem a jun- ção. A energia transportada pelos fótons depende de seu comprimento de onda. A escolha de Si ou Ge depende da temperatura e, consequentemente, do compri- mento de onda a ser medido. O Si tem uma resposta na faixa de 1,1 μm a 0,4 μm; o Ge possui uma banda de 2,5 μm a 1 μm. Para aplicações acima de 600 °C, o comprimento de onda usado situa-se na faixa dos 0,9 μm. Todos esses pirômetros (ótico, radiação total e infravermelho) precisam de cor- reção de leitura em função da variação da temperatura ambiente. Geralmente, um circuito baseado em um NTC é empregado com essa finalidade. Outro aspecto relevante relacionado à medição com pirômetros de radiação diz respeito ao fato de que a superfície dos objetos, cuja temperatura se pretende medir, não se comporta como um “corpo negro”; dessa maneira, é necessário fazer uma “correção” da emissividade. Esse erro pode ser muito significativo de- vido à variedade de materiais usados industrialmente bem como das condições da superfície. 198 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO A técnica de medição de emissividade é bastante complexa, por isso, a nível in- dustrial, desenvolveu-se a técnica de medir a “emissividade aparente”, que resolve os problemas industriais de maneira satisfatória. Mais recentemente, surgiram os pirômetros de duplo comprimento de onda, que aparentemente deveriam realizar a medida de temperatura independentemente do comprimento; estes instrumentos também incorrem em erros de medição, apesar de serem menores do que os casos citados anteriormente. Esses instrumentos, entretanto, possuem um custo bastante superior (cerca de 3 a 4 vezes o de um pirômetro infraverme- lho convencional). Fatores de influência sobre a precisão da medição É fácil fazer a medição da temperatura com o termômetro infravermelho. É só apontar o sensor para o objeto que deseja medir e ler a temperatura no visor. Durante a leitura, deve-se considerar: • Distância do alvo. • Campo de visão. • Condições do ambiente. • Temperatura ambiente. • Emissividade. Distância do alvo e resolução óptica O sistema óptico de um sensor infravermelho coleta a energia infravermelha de um objeto medido e a focaliza dentro do detector. A distância do alvo é obtida considerando-se o tamanho do foco e a resolução óptica. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 199 A resolução óptica é definida a partir da razão entre a distância do objeto e o ins- trumento comparado com o tamanho do alvo a ser medido (D:S razão). A maior razão é melhor para a resolução do instrumento; alvos de dimensões menores podem ser medidos a longas distâncias. Campo de visão Deve-se garantir que o alvo é maior do que o tamanho da área a ser medida. Quando o alvo for menor, deve-se aproximar. Quando a precisão é crítica, de- ve-se ter certeza de que o alvo seja duas vezes maior do que o tamanho do foco. O sinal laser incluso em muitos instrumentos apenas ajuda a mirar a área medida; ele não faz a medição. 200 TERMÔMETROS DE RADIAÇÃO Condições ambientais Deve-se observar as condições do ambiente externo como vapor, poeira e fu- maça que podem obstruir a ótica dos instrumentos, não garantindo a precisão da medição. Também campos eletromagnéticos e vibração devem ser evitados antes da medição e da instalação. Caixas de proteção podem ser utilizadas para garantir precisão das medições. Temperatura ambiente Se o termômetro é exposto em ambientes com temperaturas bruscas diferentes em 20 graus ou mais, ele se ajusta ao novo ambiente de temperatura em menos de 20 minutos. Vantagens dos termômetros infravermelhos • Economia de tempo; permite mais medições e memória de dados. • Medição de objetos em movimento. • Medição de objetos perigosos (alta-voltagem). • Medição de objetos de difícil acesso (instalações aéreas). • Medição de altas temperaturas (acima de 1.300 °C). • Não existe risco de contaminação e efeitos mecânicos no objeto. • Alta velocidade de resposta (ms). 14. Atividades de laboratório – temperatura Calibração de termômetro – bimetálico Ajuste de termostato Calibração de termorresistência Medição de temperatura com termopar com compensação automática e manual Calibração de termopar Verificação de erros de inversão com termopares Associação de termopares Configuração de transmissor de temperatura utilizando termorresistência Configuração de transmissor de temperatura utilizando termopar Medição de temperatura com termômetro infravermelho Calibração de termômetro – bimetálico Objetivo Verificação prática das medições e características dos termômetros bimetálicos. Material necessário: • termômetros bimetálicos; • banho térmico de bloco seco. 202 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA Literatura: • manual do banho térmico de bloco seco. Procedimento: 1. Calibre o termômetro bimetálico (1) • Dados do termômetro: Escala:0 °C a 100 °C Faixa de utilização: 10 °C a 70 °C Conexão: traseira Haste: 10 cm • Instale o termômetro no poço do banho térmico de bloco seco. • Programe o banho térmico para as temperaturas da tabela e anote as indicações: Banho térmico Indicação 10 °C 30 °C 50 °C 70 °C • Instale o termômetro em um recipiente com água gelada e meça a temperatura com um termômetro de vidro e com o termômetro bimetálico. Água gelada Termômetro de vidro Termômetro bimetálico 2. Calibre o termômetro bimetálico (2) • Dados do termômetro: Escala: 0 °C a 250 °C Faixa de utilização: 20 °C a 90 °C Conexão: vertical Haste: 20 cm FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 203 • Instale o termômetro no poço do banho térmico de bloco seco. • Programe o banho térmico para as temperaturas da tabela e anote as indicações: Banho térmico Indicação 20 °C 35 °C 50 °C 65 °C 80 °C • Instale o termômetro em um recipiente com água gelada e meça a temperatura com um termômetro de vidro e com o termômetro bimetálico. Água gelada Termômetro de vidro: 3. Justifique os resultados obtidos baseados nas fontes de erro e de exatidão dos termômetros. Ajuste de termostato Objetivo Verificação prática de ajuste e teste de termostato Material necessário: • termostato; • multímetro; • banho térmico de bloco seco. Literatura: • manual do banho térmico de bloco seco. 204 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA Procedimento: 1. Identifique os contatos NA, NF e comum do termostato com um multímetro. 2. Deixe o multímetro conectado para monitorar o acionamento do contato N.A. C omum N.A. N.F . 3. Instale o termostato no banho térmico e ajuste o set-point (do termostato) em 50 °C. Banho térmico TSH NA NF C Set: 50 ºC 4. Anote as temperaturas de acionamento, desarme e diferencial: • Ajuste a temperatura do banho térmico na ascendente para 40 °C, 45 °C, 50 °C, 55 °C e 60º C e observe (e anote) a temperatura do acionamento do termostato. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 205 Observação Aguarde sempre o equilíbrio térmico entre as mudanças de temperatura. T emperatura de acionamento: ……….ºC C ontato N.A. 45 ºC 55 ºC • Ajuste a temperatura do banho térmico na descendente para 60 °C, 55 °C, 50 °C, 45 °C e 40 °C e observe (anote) a temperatura de desarme do termostato. Observação Aguarde sempre o equilíbrio térmico entre as mudanças de temperatura. T emperatura de des arme: ………ºC C ontato N.A. 45 ºC 55 ºC • Anote o valor do diferencial de temperatura. T emperatura (ºC ) C ontato N.A. Diferencial: …... . . .ºC 206 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA Calibração de termorresistência Objetivo Verificação prática de medição de temperatura utilizando termorresistência e do conceito de ligação a dois e três fios. Material necessário: • termorresistência; • cabo de extensão; • banho térmico de bloco seco; • calibrador de temperatura. Literatura: • catálogo de termorresistências; • manual do banho térmico de bloco seco; • manual do calibrador de temperatura. Procedimento: 1. Identifique os três terminais da termorresistência com o ohmímetro: 2. Verifique no manual do calibrador TC-502 o esquema de ligação para ter- morresistência a dois e a três fios. Faça o esboço da ligação a seguir e leia a temperatura ambiente para cada caso. a) Ligação a dois fios b) Ligação a três fios Indicação: ____°C Indicação: ____°C A B FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 207 3. Conecte um cabo de extensão entre o sensor e o instrumento receptor. 4. Faça ligação a dois e a três fios e submeta o sensor a uma temperatura de 50 °C. 5. Faça a leitura das temperaturas do forno e do calibrador. 6. Calcule o erro da medição em °C e em porcentagem para cada caso. = − ×Erro (%) T T T 100forno medida forno Ligação a dois fios Forno: 50 °C Calibrador____°C Erro____°C Ligação a três fios Forno: 50 °C Calibrador____°C Erro____°C 7. Compare o valor medido com o valor teórico: • Dados: Comprimento do cabo:_______m • Resistividade do cabo:______________Ω/m • Sensibilidade do sensor: _______0,385Ω/°C 8. Com a conexão a três fios da termorresistência ao calibrador, ajuste a tempe- ratura do forno para 0 oC e registre a resistência medida em Ω no calibrador, conforme mostra a tabela a seguir. Em seguida, configure o calibrador para medir a temperatura com termorresistência a três fios e registre a tempera- tura medida em °C segundo o modelo da tabela a seguir. 9. Repita o procedimento anterior para cada valor de temperatura que consta na tabela a seguir. Temp. forno (°C) Rmedida (Ω) Tmedida (°C) 0 °C 25 °C 50 °C 75 °C 100 °C 10. Construa um gráfico que mostra a relação resistência versus temperatura (cores diferentes) com duas curvas: Erro: _______°C 208 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA a. Os valores de R versus T da tabela padrão (0 °C, 25 °C, 50 °C, 75 °C e 100 °C) b. Os valores de R versus T do ensaio (resistência medida e temperatura do forno) 95 Temperatura (ºC) -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 100 105 110 115 120 125 130 Legenda: Curva padrão Medições (item 9) 135 140 R es is tê nc ia (O hm ) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 209 Medição de temperatura com termopar com compensação automática e manual Objetivo Verificação prática das medições de temperatura com termopar com compensa- ção automática, compensação manual e pela milivoltagem. Material necessário: • termopar tipo J; • cabo de extensão tipo J; • banho térmico de bloco seco; • calibrador de temperatura. Literatura: • catálogo de termopares; • manual do banho térmico de bloco seco; • manual do calibrador de temperatura. Procedimento: 1. Consulte o catálogo de termopares e obtenha os dados abaixo do termopar tipo J: • Ligas metálicas (material): (+)______ (–)______ • Faixa de utilização: ______ °C a______°C • Limites de erro do termopar (standard) p/ temp. positiva: ± ______°C • Limites de erro do cabo de extensão: ± ______°C 2. Faça a ligação do termopar ao calibrador utilizando o cabo de extensão adequado. C abo de extensão T ermopar tipo J B loco de ligação ++ __ 210 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA 3. Observe o menu de leitura do calibrador para medição com compensação automática (interna) e manual IN TC Internal T = ____ °C T = ____ °C Digitar de temp. junta fria CJ = ______°C Leitura de temp. junta fria CJ = ______°C ManualJ mA N Ohm T mV K E RTD S S SW R B 4. Programe o forno para 0 °C a 100 °C com passos de 25 °C 5. Anote do calibrador a temperatura da junta fria (cold junction) CJ =______ °C (leitura no calibrador) 6. Faça as medições utilizando os 3 métodos abaixo para cada temperatura: Método 0 °C 25 °C 50 °C 75 °C 100 °C 1 Com compensação automática ou interna (leitura direta do calibrador) 2 Com compensação manual (temperatura lida + temperatura da junta fria) 3 Pela milivoltagem (mV lida + mV junta fria) e obter t na tabela Conclusão: com base nos dados obtidos, verificar se os valores medidos estão dentro dos limites de erro dos termopares. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 211 Calibração de termopar Objetivo Verificação prática das medições e características dos termopares. Material necessário: • termopar tipo K; • cabo de extensão tipo K; • banho térmico de bloco seco; • calibrador de temperatura. Literatura: • catálogo de termopares; • manual do banho térmico de bloco seco; • manual do calibrador de temperatura. Procedimento: 1. Consulte o catálogo de termopares e obtenha os dados do termopar tipo K mostrados abaixo: • Ligas metálicas (material): (+)______ (–)______ • Faixa de utilização: ______ °C a______°C • Limites de erro do termopar (standard) p/ temp. positiva: ± ______°C • Limites de erro do cabo de extensão: ± ______°C 2. Faça a ligação do termopar ao calibrador utilizando o cabo de extensão adequado. 212 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA 3. Programe o banho térmico para 0 °C a 100 °C com passos de 25°C. 4. Selecione a entrada do calibrador para milivolt (mV). 5. Obtenha a temperatura da junta fria (cold junction) por meio de de um ter- mômetro de vidro ou usando o próprio calibrador de temperatura. Em caso de dúvida, solicitar apoio do instrutor: CJ =________°C (leitura no calibrador). 6. Obtenha do catálogo de termopares o valor da força eletromotriz (F.E.M.) correspondente à temperatura da junta fria. F.E.M. (CJ) =________mV. 7. Obtenha do catálogo de termopares os valores de força eletromotriz (F.E.M.) do termopar tipo K para as temperaturas a seguir: T (°C) 0 °C 10 °C 20 °C 25 °C 30 °C 40 °C 50 °C 60 °C 70 °C 75 °C 80 °C 90 °C 100 °C F.E.M. 8. Trace a curva padrão do termopar tipo K (gráfico FEM versus T) a partir dos dados obtidos. 9. Faça as medições de milivoltagem partindo o banho térmico com 0 °C. Aguarde a estabilização da temperatura em cada passo para efetuar as medições. T (°C) 0 °C 25 °C 50 °C 75 °C 100 °C F.E.M. (mV) 10. Some a milivoltagem da junta fria (item 6) a cada valor de milivoltagem (item 9). T (°C) 0 °C 25 °C 50 °C 75 °C 100 °C F.E.M. (mV) 11. Plote no gráfico (F.E.M. versus T) duas curvas: • Curva padrão do termopar tipo “K” (proveniente da tabela) considerando a junta de referência em 0 oC com os dados obtidos no item 7. • Curva medida do termopar tipo “K” considerando a junta de referência em 0 oC com os dados obtidos no item 10. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 213 –0.800 Temperatura (ºC) –20 –10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 –0.400 0.000 0.400 0.800 1.200 1.600 2.000 2.400 2.800 3.200 3.600 4.000 4.400 4.800 5.200 F. E .M . ( m V ) Legenda: Curva padrão Medições (item 10) 12. Conclusão: com base nos dados obtidos, verificar se os valores medidos estão dentro dos limites de erro dos termopares. Verificação de erros de inversão com termopares Objetivo Verificação prática dos erros produzidos por inversão de polaridade com termopares. 214 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA Material necessário: • termopar tipo K; • cabo de extensão tipo K; • banho térmico de bloco seco; • calibrador de temperatura; • termômetro de vidro. Literatura: • catálogo de termopares; • manual do banho térmico de bloco seco; • manual do calibrador de temperatura. Procedimento: 1. Instale o termopar com inversão simples. + + _ _ Bloco de ligação Calibrador Temp. ambiente = ______ºC. Junta fria (CJ) = ______ºC + _ Termopar Forno T = 80 ºC Cabo de extensão a. Configure o forno para 80 °C e espere a estabilização da temperatura. b. Faça a leitura da temperatura ambiente (termômetro de vidro) e da junta fria no calibrador c. Faça a leitura da temperatura no calibrador com compensação automática. T = ________°C. d. Demonstre o cálculo (justificativa teórica) do valor obtido. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 215 2. Instale o termopar com Inversão Dupla: + + _ _ Bloco de ligação Calibrador Temp. ambiente = ______ºC. Junta fria (CJ) = _____ºC + _ Termopar Forno T = 80 ºC Cabo de extensão a. Configure o forno para 80 °C e espere a estabilização da temperatura. b. Faça a leitura da temperatura ambiente (termômetro de vidro) e da junta fria no calibrador. c. Faça a leitura da temperatura no calibrador com compensação automática. T = ______°C. d. Demonstre o cálculo (justificativa teórica) do valor obtido. Associação de termopares Objetivo Verificação prática das medições de temperatura com associação de termopares. Material necessário: • termopares tipo K. • cabo de extensão tipo K. • banho térmico de bloco seco. • calibrador de temperatura. • termômetro de vidro. 216 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA Literatura: • apostila; • catálogo de termopares; • manual do banho térmico de bloco seco; • manual do calibrador de temperatura. Procedimento: 1. Soma de temperaturas – Ligação em série de termopar tipo... + + + _ _ _ T 1 T 2 T ambiente T junta fria (C J ) C alibrador F orno Água Tjunta fria (CJ) = ______°C. Tambiente = ______°C. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 217 Soma de temperaturas (real) T1 = Tforno (90 °C) T2 = Tágua T1 = ______°C T2 = ______°C Δ1T (valor esperado) = T1 + T2 =______°C Soma de temperaturas (calibrador) Com compensação manual Com compensação interna Temp. de referência (Tjunta fria + Tambiente ) Soma de temperaturas (Tleitura) Soma de temperaturas (Tleitura + Tambiente) Tref______°C Δ2T= ______°C Δ3T= ______°C Comparação de valores de soma de temperaturas Soma (real) Soma (compens. manual) Soma (compens. automática) ΔT1= ______°C ΔT2= ______°C ΔT3= ______°C 2. Diferença de temperaturas – série oposta de termopar tipo... + + + _ _ _ T 1 T 2 T ambiente T junta fria (C J ) C alibrador F orno Água Tjunta fria (CJ) = ______°C. Tambiente = ______°C. 218 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA Diferença de temperaturas (real) T1 = Tforno (90°C) T2 = Tágua T1 = ______°C T2 = ______°C Δ1T (valor esperado) = T1 – T2 ______°C Diferença de temperaturas (calibrador) Leitura com o calibrador de temperatura Com compensação manual Com compensação interna Temp. de referência (ref. = 0ºc) Difer. de temperaturas (leitura) Difer. de temperaturas (Tleitura – Tjunta fria) 0 °C Δ2T = _______°C Δ3T = _______°C Comparar os valores de diferença de temperaturas: Diferença (real) Diferença (compens. manual) Diferença (compens. automática) Δ1T= _______°C Δ2T= _______°C Δ3T= _______°C 3. Média de temperaturas – paralelo de termopar tipo... + +_ _ T1 T2 T ambiente Calibrador Forno Água + _ T junta fria (CJ) Tambiente = _______°C Tjunta fria (CJ) = _______°C FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 219 Média de temperaturas (real) T1 = Tforno (90 °C) T2 = Tágua T1 = _______C T2 = _______°C T média1 (valor esperado) = +T T 2 1 2 =_______°C Média de temperaturas (calibrador) Com compensação manual Com compensação interna Temp. de referência (Tjunta fria ) Temperatura média (leitura) Temperatura média (leitura) Tref = _______°C T média2 = _______°C T média3 = _______°C Comparação de valores de média de temperaturas Média (Real) Média (compens. manual) Média (compens. automática) T média1 = _______°C T média2 = _______°C T média3 = _______°C Configuração de transmissor de temperatura utilizando termorresistência Objetivo Verificação prática de configuração do transmissor digital de temperatura utili- zando a termorresistência como sensor. Material necessário: • termorresistência (Pt-100); • banho térmico de bloco seco; • calibrador de temperatura; • transmissor de temperatura. Literatura: • apostila; • manual do banho térmico de bloco seco; 220 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA • manual do calibrador de temperatura; • manual transmissor de temperatura; • catálogo de termopares e Pt-100. Procedimento: 1. Faça a configuração do transmissor, utilizando a termorresistência (Pt-100) como sensor. • Sensor: Pt-100. • Range: ______ °C a ______°C utilizando como sensor uma Pt-100. • Indicação do display: saída em mA e temperatura (PV) em °C. Testes: Caso (a): utilizando o calibrador como entrada (Pt-100): • Ligue a saída do calibrador (simulando a RTD) com a entrada do transmissor (ligação da Pt-100 a três fios). • Ligue a saída do transmissor (4 mA a 20 mA) com a entrada de corrente do calibrador (ligação da Pt-100 a dois fios). _ F onte 24 V cc + T T 1 2 3 4 + _ FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 221 • Complete a tabela de verificações a seguir: Saída do calibrador (entrada do transmissor) Temperatura (display TT) Saída do transmissor Valor Teórico Calibrador Display TT 0% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 25% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 50% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 75% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 100% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA Caso (b): utilizando a Pt-100 como entrada: • Ligue a Pt-100 na entrada dotransmissor (ligação a três fios). • Ligue a saída de transmissor (4 mA a 20 mA) na entrada de corrente do ca- librador. (ligação a dois fios) F onte 24 V cc + _ T T 1 2 3 4 + _ • Complete a tabela de verificações a seguir: Temperatura Saída do transmissor Forno Display TT Valor teórico Calibrador Display TT 10 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 30 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 50 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 70 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 90 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 222 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA • Anote o valor da exatidão da Pt-100 e instrumentos: Pt-100 classe B Forno Calibrador Transmissor Saída Pt-100 Entrada mA Entrada Pt-100 Saída mA • Com base na exatidão dos componentes e dos valores medidos, comente os resultados. Configuração de transmissor de temperatura utilizando termopar Objetivo Verificação prática de configuração do transmissor digital de temperatura utili- zando termopar como sensor. Material necessário: • termopar tipo K; • banho térmico de bloco seco; • calibrador de temperatura; • transmissor de Temperatura. Literatura: • apostila; • manual do banho térmico de bloco seco; • manual do calibrador de temperatura; • manual transmissor de temperatura; • catálogo de termopares e Pt-100. Procedimento: 1. Utilizando o termopar como sensor, faça a configuração do transmissor: • Sensor: Termopar tipo _______. • Range: ______ °C a ______°C. • Indicação do display: saída em mA e temperatura (PV) em °C. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 223 Testes: Caso (a): utilizando o calibrador como entrada (termopar): • Ligue a saída do calibrador (simulando o termopar) na entrada do transmissor. • Ligue a saída de transmissor (4 mA a 20 mA) na entrada de corrente do ca- librador. (ligação a dois fios) • Complete a tabela de verificações a seguir: Saída do calibrador (entrada do transmissor) Temperatura (Display TT) Saída do transmissor Valor Teórico Calibrador Display TT 0% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 25% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 50% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 75% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA 100% ______°C ______°C ______mA ______mA ______mA Caso (b): utilizando o termopar como sensor: • Ligue o termopar na entrada do transmissor. • Ligue a saída de transmissor (4 mA a 20 mA) na entrada de corrente do ca- librador. (ligação a dois fios) 224 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA F onte 24 V cc + _ + + _ _ T T 1 2 3 4 + _ • Complete a tabela de verificações a seguir: Temperatura Saída do transmissor Forno Display TT Valor teórico Calibrador Display TT 10 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 30 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 50 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 70 °C ______°C ______mA ______mA ______mA 90 °C ______°C ______mA ______mA ______mA • Anote o valor da exatidão do termopar e instrumentos: Termopar (standard) Forno Calibrador Transmissor Saída termopar Entrada mA Entr. termopar Saída mA • Com base na exatidão dos componentes e dos valores medidos, comente os resultados: Bloco de ligação Cabo de extensão FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 225 Medição de temperatura com termômetro infravermelho Objetivo Verificação prática de medição de temperatura com termômetro infravermelho. Material necessário: • Termômetro infravermelho. Literatura: • Catálogo termômetro Raytek. Observações importantes: • Nunca aponte a mira a laser para sua vista ou para de um colega. • Evite quedas e mantenha a lente sempre protegida de qualquer tipo de contato. Procedimento: 1. Complete os dados e as características do termômetro infravermelho: • Faixa de trabalho: _______ °C a ______ °C. • Exatidão: ± ......% do valor medido ou ± ______ °C. • Tempo de resposta: _______ms. • Temperatura de operação: ______ °C a ______ °C. • Valor da emissividade dos materiais: Vidro:______ Areia:______ Tijolo:______ Pele:______ Tecido:______ • Relação entre o diâmetro do foco (mm) e distância (m). Distância (m) 0 0,1 0,15 0,2 0,5 1,15 1,5 2,5 3 Diâmetro (mm) 2. Identifique no visor: • laser ativo; • hora; • temperatura medida; • valor gráfico da temperatura; 226 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – TEMPERATURA • emissividade, • status de indicação de carga da bateria. 3. Faça a medição de duas temperaturas distintas do mesmo material e confi- gure o display para indicar: • valor máximo e mínimo; • média; • diferencial de temperatura; • máx. ↔ mín. 4. Ajuste o alarme do termômetro mínimo para –5 °C e máx para +40 °C e faça um teste. 5. Desative e ative a mira laser do termômetro. 6. Configure o termômetro para medição contínua (sem gatilho). 7. Selecione a emissividade e meça a temperatura dos materiais: (água, gelo, madeira etc.). Observação O termômetro permite armazenar até 100 temperaturas em posições de memória (1 a 100). Material (1) Água (2) Gelo (3) Madeira (4) Metal (5) Vidro (6) Borracha Posição de memória Temperatura 8. Faça a leitura das temperaturas gravadas na memória (item anterior). 15. Tabelas (continua) Tabela 1 – Termorresistência Pt-100 228 TABELAS Tabela 1 – Termorresistência Pt-100 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 229 (continua) Tabela 2 – Termopar tipo E 230 TABELAS Tabela 2 – Termopar tipo E (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 231 Tabela 2 – Termopar tipo E 232 TABELAS (continua) Tabela 3 – Termopar tipo J FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 233 Tabela 3 – Termopar tipo J (continua) 234 TABELAS Tabela 3 – Termopar tipo J FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 235 Tabela 4 – Termopar tipo K (continua) 236 TABELAS Tabela 4 – Termopar tipo K (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 237 Tabela 4 – Termopar tipo K (continua) 238 TABELAS Tabela 4 – Termopar tipo K FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 239 Tabela 5 – Termopar tipo N (continua) 240 TABELAS Tabela 5 – Termopar tipo N (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 241 Tabela 5 – Termopar tipo N (continua) 242 TABELAS Tabela 5 – Termopar tipo N FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 243 Tabela 6 – Termopar tipo T (continua) 244 TABELAS Tabela 6 – Termopar tipo T FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 245 Tabela 7 – Termopar tipo R (continua) 246 TABELAS Tabela 7 – Termopar tipo R (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 247 Tabela 7 – Termopar tipo R (continua) 248 TABELAS Tabela 7 – Termopar tipo R FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 249 Tabela 8 – Termopar tipo S (continua) 250 TABELAS Tabela 8 – Termopar tipo S (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 251 Tabela 8 – Termopar tipo S (continua) 252 TABELAS Tabela 8 – Termopar tipo S FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 253 Tabela 9 – Termopar tipo B (continua) 254 TABELAS Tabela 9 – Termopar tipo B (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 255 Tabela 9 – Termopar tipo B (continua) 256 TABELAS Tabela 9 – Termopar tipo B 16. Medição de vazão Métodos de medição de vazão A vazão é considerada uma das principais variáveis em um processo contínuo, pois é pela sua medição que se determinam o controle e o balanço de materiais. A qualidade e a técnica correta para sua medição é de fundamental importância, podendo representar economia altamente significativa. A medição da vazão inclui no seu sentido mais amplo a determinação da quanti- dade de líquidos, gases e sólidos que passa por um determinado local na unidade de tempo. Podem também ser incluídos os instrumentos que indicam a quanti- dade total movimentada em um intervalo de tempo. A quantidade total movimentada pode ser medida em unidades de volume (li- tros, mm3, cm3, m3, galões, pés cúbicos), ou em unidades de massa (g, Kg, tone- ladas, libras), e a vazão instantânea, por uma das unidades acima citadas dividida por unidade de tempo (litros/min, m3/hora, galões/min). Vale dizer que: 1 m3 = 1.000 litros. 1 libra = 0,4536 kg. 1 pé cúbico = 0,0283168 m3. 1 galão (americano) = 3,785litros. Quando se mede a vazão em unidades de volume, devem ser especificadas as “condições base” consideradas. Assim, no caso de líquidos, é importante indicar que a vazão se considera “nas condições de operação”, ou a 0 °C, 20 °C, ou a outra temperatura qualquer. Na medição de gases é comum indicar a vazão em Kg/h ou Nm3/h (metros cú- bicos normais por hora, ou seja, a temperatura de 0 °C e a pressão atmosférica) ou em SCFM (pés cúbicos standard por minuto – temperatura. 60 °F e 14,696 PSIA de pressão atmosférica). 258 MEDIÇÃO DE VAZÃO Métodos de medição de vazão A especificação e a seleção correta do medidor de vazão não é uma tarefa muito simples, pois exigem conhecimentos e informações precisas sobre o fluido, ca- racterísticas de operação e instalação. A enorme oferta de medidores e técnicas de medição é outro fator decisivo nesse processo de escolha, pois devem ser considerados, além de critérios econômicos, inúmeros critérios técnicos, como: • Vazão operacional. • Diâmetro da tubulação. • Precisão. • Rangeabilidade. • Características do fluido. • Características de operação. • Tipo de instalação. • Perda de carga. Existem vários métodos para medição de vazão. A cada dia, novas tecnologias surgem no mercado. A variação dos preços em função do sucesso de cada medi- dor também dificulta o processo seletivo, pois exige conhecimento e constante atualização por parte do usuário. Entre os métodos mais usados atualmente, destacamos por classe: Medição por pressão diferencial (elementos deprimogênios): • Placa de orifício. • Tubo Venturi. • Bocal de vazão. • Tubo Pitot. • Tubo Annubar. Medição por área variável (rotâmetro) Medição por frequência (pulsos): • Vortex. • Turbina. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 259 Medição por tensão induzida (medidor magnético) Medidores mássicos: • Efeito Coriolis. • Térmicos. Medição por ultrassom: • Efeito doppler. • Por tempo de trânsito. Medição por deslocamento positivo: • Disco nutante. • Pistão oscilante. • Medidor rotativo oval. Medição em canais abertos: • Calha Parshall. • Vertedores. 17. Conceitos Vazão volumétrica (Q) Conversão de unidades de vazão volumétrica Vazão mássica (Qm) Relação entre vazão mássica e vazão volumétrica Conversão de unidades de vazão mássica Viscosidade Regimes de escoamento Número de Reynolds Equação da continuidade Equação de Bernoulli Vazão volumétrica (Q) A vazão em volume é dada pela relação entre o volume escoado V e o tempo t que esse volume levou para escoar: =Q V t A vazão que flui por um conduto de área de seção transversal (A) faz com que uma partícula do fluido percorra uma distância (h) entre os pontos a e b do conduto em dado tempo (t), conforme a figura a seguir: FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 261 A velocidade de escoamento v do fluido é dada por: =v h t (1) No mesmo tempo t que a partícula de fluido levou para se deslocar do ponto a para o ponto b, o volume V do fluido que passou pelo ponto a preenche toda a parte do conduto compreendida entre os pontos a e b, e é dado por: V = A ? h (2). Da expressão (1) fazendo =t h v (3), substituímos (2) e (3) em Q = V t → Q = ⋅A hh v → Q = ⋅ ⋅A h v h Então: Q = A ? v. Ou seja, a vazão em volume é igual ao produto da área de seção transversal do conduto pela velocidade de deslocamento do fluido dentro do mesmo. É impor- tante notar que essa equação não é válida para vazões em condutos ou tubulações parcialmente cheias. Principais unidades de vazão volumétrica: m3/h, m3/min, m3/s, litros/min, litros/seg, GPM, pé3/h e pé3/min. 262 CONCEITOS Co nv er sã o de u ni da de s d e va zã o vo lu m ét ric a (3 ) O bt er (2 ) M ul ti pl ic ar (1 ) V al or e m m 3 / h m 3 / m in m 3 / s G PM BP D pé 3 / h pé 3 / m in m 3 / h 1 0, 01 66 67 0, 00 02 77 78 4, 40 28 7 15 0, 95 6 35 ,3 14 66 6 0, 58 85 79 m 3 / m in 60 1 0, 01 66 67 26 4, 17 21 90 57 ,3 4 21 18 ,8 80 2 35 ,3 14 7 m 3 / s 36 00 60 1 15 85 0, 33 54 34 40 ,7 12 71 32 ,8 1 21 18 ,8 84 G PM (G al ão /m in ) 0, 22 71 2 0, 00 37 85 4 63 ,0 9. 10 –6 1 34 28 57 8, 02 08 0, 13 36 8 BP D (B ar ri l/ di a) 0, 00 66 24 5 0, 00 01 10 41 1, 84 01 .1 0– 6 0, 02 91 67 1 0, 23 39 4 0, 00 38 99 0 C FH (p é3 /h ) 0, 02 83 16 8 0, 00 04 71 95 7, 86 57 .1 0– 6 0, 12 46 76 4, 27 46 1 0, 01 66 67 C FM (p é3 /m in ) 1, 69 90 1 0, 02 83 17 0, 00 04 71 95 7, 48 05 19 25 6, 47 6 60 1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 263 Vazão mássica (Qm) A vazão em massa é dada pela relação entre a massa escoada M e o tempo t que essa massa levou para escoar: Q M tm = Relação entre vazão mássica e vazão volumétrica Como a massa específica ρ é a relação entre a massa M e o volume V, temos: M V ρ= e M = ρ ? V, então = ρ ⋅ Q V tm como V / t = Q, temos: Qm = ρ ? Q Principais unidades de vazão: ton/dia, ton/h, kg/h, kg/min, kg/seg, lb/h, lb/min e lb/seg Conversão de unidades de vazão mássica (3) Obter (2) Multiplicar (1) Valor em t/dia t/h kg/h kg/s Ib/h Ib/min Ib/s t/dia (tonelada/dia) 1 0,041667 41,667 0,011574 91,858 1,53097 0,025516 t/h (tonelada/hora) 24 1 1000 0,27778 2204,6 36,7433 0,61239 kg/h (kilograma/hora) 0,024 0,001 1 0,000278 2,2046 0,03674 0,000612 kg/s (kilograma/seg) 86,4 3,6 3600 1 7936,6 132,276 2,2046 Ib/h (libra/hora) 0,01089 0,0004536 0,4536 0,000126 1 0,01667 0,000278 lb/min (libra/min) 0,65317 0,02722 27,216 0,00756 60 1 0,01667 Ib/s (libra/seg) 39,1907 1,63295 1 632,95 0,45360 3600 60 1 264 CONCEITOS Viscosidade A viscosidade do fluido é um fator de grande importância nos cálculos de ele- mentos primários por pressão diferencial, pois interfere diretamente nos regimes de escoamento, no qual é utilizado como fator corretivo. Considerando-se que as equações de origem para cálculo de vazão são puramente teóricas, ou seja, con- sideram o fluido como perfeito, tais correções tornam as equações teóricas reais. Viscosidade absoluta (μ) A viscosidade pode ser definida como sendo a resistência que o fluido oferece ao escoamento. Para se determinar o valor da viscosidade absoluta ou dinâmica, usamos o esquema mostrado a seguir como exemplo. Há duas placas, sendo uma fixa e outra móvel. O espaço entre as placas e é preenchido por um líquido. Ao aplicarmos uma força F sobre a placa móvel de área A, esta deslizará uniformemente sobre a placa fixa a uma velocidade uniforme. A resistência do fluido à força tangencial é o valor da viscosidade absoluta representada pela equação a seguir: Onde: μ: viscosidade absoluta do fluido (Pa ? s); F: força aplicada à placa móvel (N); e: espessura da camada fluida (m); A: área da placa móvel (m2); V: velocidade da placa móvel (m/s). Fluido de viscosidade μ e F FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 265 A unidade no Sistema Internacional de Medidas (SI) é o poiseuille ou pascal.seg: Pa s N s m2 ⋅ = ⋅ Sendo a força igual à massa vezes a aceleração: N Kg m s2 = ⋅ Reescrevemos a equação: μ Pa s Kg m s = ⋅ = ⋅ No sistema Centímetro–Grama–Segundo (CGS), a unidade da viscosidade ab- soluta é o poise: μ dina s cm gr cm s = ⋅ = ⋅ Em baixas viscosidades utiliza-se o centipoise: 1 cp = 0,01 poise. A viscosidade absoluta, assim como a massa específica de um fluido, é uma grandeza que varia com a temperatura. A viscosidade geralmente decresce com o aumento da temperatura, porém, para os gases ocorre o inverso. Viscosidade cinemática (V) A viscosidade da cinemática de um fluido (ν) é a relação entre a viscosidade absoluta (μ) e a massa específica do fluido (ρ) à mesma temperatura: ν = μ ρ No SI, a unidade é o metro quadrado por segundo: ν = m 2 s 266 CONCEITOS No sistema C.G.S., a unidade é o stokes: ν = cm 2 s [stokes] O centistokes (cSt) é a unidade usada geralmente para líquidos derivados do petróleo: 1cSt 10 m s 0 ,01Stokes6 2 = ⋅ =− stokes Regimes de escoamento O escoamento de umfluido em uma tubulação pode ser caracterizado por um dos seguintes regimes: laminar ou turbulento. A corrente laminar se caracteriza por um escoamento em camadas planas ou concêntricas, dependendo da forma do canal ou do tubo, sem passagem das partículas do fluido de uma camada para outra e sem variação de velocidade para determinada vazão. A corrente turbulenta, ao contrário, é caracterizada por uma mistura intensa do líquido e das oscilações de velocidades e pressões. O movimento das partículas é desordenado e suas trajetórias têm, geralmente, formas complicadas. Nas medições de vazão na indústria, o regime de escoamento, na maioria dos ca- sos, é turbulento. O regime laminar é caracterizado por um perfil de velocidades mais uniforme do que o perfil correspondente ao regime turbulento. Laminar Turbulento FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 267 Em razão da distribuição irregular das velocidades no interior de uma tubulação, considera-se na prática a velocidade máxima ao centro do tubo, enquanto ao aproximar-se das paredes a velocidade tende a zero em razão da aderência do fluido ao tubo. Admite-se, então, a velocidade média do escoamento no trata- mento da vazão sendo representada pela expressão: V Q Sm = A relação velocidade média/velocidade do centro (Vm/Vc) é, aproximadamente, 0,5 em escoamentos laminares e 0,8 em escoamentos turbulentos. A experiência conhecida que evidencia os dois regimes de escoamento é mostra- da na figura a seguir, onde em um recipiente com água é ligado um tubo de vidro terminado por uma válvula. Um outro recipiente cheio de tinta permite a injeção de um pequeno filete de tinta no centro do tubo de vidro. Ao se abrir um pouco a válvula, observa-se que o filete de tinta não se mistura à água, caracterizando o regime laminar. Aumentando gradativamente a abertura da válvula, percebe- -se que, a uma determinada vazão, o filete de tinta começa a se misturar com a água em redemoinhos característicos do regime turbulento. É possível voltar ao regime laminar diminuindo a abertura da válvula. A mudança de regime de escoamento ocorre a uma velocidade chamada crítica, diretamente proporcional à viscosidade cinemática e inversamente proporcional ao diâmetro do tubo, ou seja: Tinta Água Escoamento laminar Escoamento turbulento 268 CONCEITOS V K Dcr c = ⋅ ν Número de Reynolds O coeficiente adimensional de proporcionalidade Kc tem um significado univer- sal, isto é, serve para todos os líquidos e gases e qualquer diâmetro de tubo. Isto significa que a mudança de regime de escoamento ocorre quando a relação entre a velocidade, o diâmetro e a viscosidade apresenta um valor igual a: K V D c cr= ⋅ ν Este número adimensional chama-se número crítico de Reynolds e é represen- tado por: Re V D cr cr= ⋅ ν Como demonstrado experimentalmente, o número crítico de Reynolds é aproxi- madamente 2.300 e pode-se dizer que, se Re > Recr, o escoamento será turbulento, e se Re < Recr, o escoamento será laminar. O número de Reynolds é então representado por: Re V D= ⋅ ν Onde: Rd: número de Reynolds; V: velocidade do escoamento (m/s); D: diâmetro interno da tubulação (m); ν: viscosidade cinemática (m2/s). FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 269 Observação: O diâmetro interno da tubulação é obtido em função do diâmetro no- minal e do schedule do tubo (fator de espessura), como mostra tabela a seguir: Diâmetro nominal Schedule Diâmetro interno (D) 1 ” 40 1,049 ” 80 0,957 ” 160 0,815 ” 1 ¼ ” 40 1,38 ” 80 1,278 ” 160 1,16 ” 1 ½ ” 40 1,61 ” 80 1,5 ” 160 1,338 ” 2 ” 40 2,067 ” 80 1,939 ” 160 1,689 ” 2 ½ ” 40 2,469 ” 80 2,323 ” 160 2,125 ” 3 ” 40 3,068 ” 80 2,9 ” 160 2,624 ” Diâmetro nominal Schedule Diâmetro interno (D) 3 ½ ” 40 3,458 ” 80 3,364 ” 160 2,768 ” 4 ” 40 4,026 ” 80 3,826 ” 160 3,438 ” 5 ” 40 5,047 ” 80 4,813 ” 160 4,313 ” 6 ” 40 6,065 ” 80 5,761 ” 160 5,189 ” 8 ” 40 7,981 ” 80 7,625 ” 160 6,813 ” 10 ” 40 10,02 ” 80 9,564 ” 160 8,5 ” Equações para cálculo do número de Reynolds a. Utilizando vazão em volume (Q) e viscosidade absoluta (μ): Rd = 353,66 ? Q ? ρ D ? μ (equação 1) 270 CONCEITOS Onde: Q: vazão usual (0,7 ? Qmáx) em m 3/h; ρ: massa específica em Kg/ m3; μ: viscosidade absoluta em cp; D: diâmetro interno da tubulação em mm. b. Utilizando vazão em volume (Q) e viscosidade cinemática (ν). Rd = 353660 ? Q D ? n (equação 2) Onde: Q: vazão usual (0,7. Qmáx) em m 3/h; ρ: massa específica em Kg/ m3; ν: viscosidade cinemática em cst; D: diâmetro interno da tubulação em mm. Exemplo Fluido: óleo combustível Unidades usuais: Qusual: 840 GPM; Q = 190,78 m 3/h; μ: 15 cp; μ = 15 cp; D: 5” schedule 40; D = 5,047”. ρ: 0,94 gr/cm3. ρ = 940 Kg/m3. Convertendo as unidades: Q = 840 GPM = 190,78 m3/h. D = 5,047” = 128,194 mm. ρ = 0,94 gr/cm3 = 940 Kg/m3. E utilizando a equação (1): Rd 353 ,66 190 ,78 940 15 . 128 ,194 = ⋅ ⋅ Rd = 32983 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 271 Equação da continuidade Supondo um fluxo em regime permanente na tubulação a seguir, não podemos acumular massa no volume compreendido entre as seções 1 e 2, pois, neste caso, pelo menos a massa específica variaria, deixando ser regime permanente. Ou seja, a massa que entra na redução é igual à massa de produto que sai da re- dução, o que ocorre quando o fluido é incompressível e sua densidade absoluta não varia através da redução. Nesse caso, pode-se dizer que: Q1 = Q2 Onde: Q1 = v1 ? A1; Q2 = v2 ? A2 Então: v1 ? A1 = v2 ? A2 Para os fluidos compressíveis, a equação da continuidade é dada por: v1 ? A1 ? ρ1 = v2 ? A2 ? ρ2 272 CONCEITOS Equação de Bernoulli Suponha que um fluido perfeito (ideal) não possua viscosidade. Ele se desloca sem atritos e, portanto, sem perdas de energia. Considerando-se que a energia total de um sistema dinâmico é constante, temos que: Et Et1 2∑ ∑= Ep Ep Ec Ep Ep Ecpo 1 pr 1 1 po 2 pr 2 2+ + = + + Onde: Eppo: energia potencial de posição; Eppr: energia potencial de pressão; Ec: energia cinética. Considerando-se os estados de energia parciais, temos: M g Z P W M v 2 M g Z P W M v 21 1 1 2 2 2 2 2 ⋅ ⋅ + γ ⋅ + ⋅ = ⋅ ⋅ + γ ⋅ + ⋅ Onde: M: massa; W: peso; FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 273 v1 e v2: velocidades nas seções 1 e 2; g: aceleração da gravidade; P1 e P2: Pressão estática nas seções 1 e 2; γ: peso específico. Como M ? g = W: ? ? ? ? ? ?W Z P W M 2 W Z P W M 2 1 1 2 2 2 2 2 + γ + ν = + γ + ν Substituindo-se M por W g : ? ? ? ? ? ?W Z P W M 2g W Z P W W 2g1 1 1 2 2 2 2 2 + γ + ν = + γ + ν Dividindo-se por W: + γ + ν = + γ + ν Z P 2g Z P 2g1 1 1 2 2 2 2 2 A equação acima é conhecida como equação de Bernoulli para fluidos perfeitos em regime permanente. É a base para cálculos de vazão, considerando-se qual- quer seção do escoamento. 18. Medidores de vazão por pressão diferencial Relação vazão x pressão diferencial Elementos deprimogênios Equação básica para cálculos de vazão Coeficiente de descarga É um dos métodos mais utilizados para medir vazão e baseia-se na pressão di- ferencial produzida por elementos primários. A seleção desses elementos é feita de forma criteriosa, e o conhecimento das características do fluido, assim como a teoria que envolve essa técnica, é de fundamental importância. Relação vazão x pressão diferencial A pressão diferencial é produzida por vários tipos de elementos primários co- locados na tubulação de forma que o fluido passe através deles. A sua função é aumentar a velocidade do fluido, diminuindo a área da seção em um pequeno comprimento para haver uma queda de pressão. A vazão pode, então, ser medida a partir desta queda. Mercúrio Vazão 250 249 248 PS I FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 275 Elementos deprimogênios São os elementos primários instalados na tubulação com o propósito de gerar uma perda de pressão no escoamento do fluido. A diferença entre as pressões estáticas antes e após o elemento primário permitirádeterminar a vazão em massa ou em volume. Uma vantagem primordial dos medidores de vazão por ΔP é que eles podem ser aplicados em uma grande variedade de medições envolvendo a maioria dos gases e líquidos, inclusive fluidos com sólidos em suspensão, bem como fluidos visco- sos, em uma faixa de temperatura e pressão bastante ampla. Um inconveniente deste tipo de medidor é a perda de carga que ele causa ao processo. Equação básica para cálculos de vazão O desenvolvimento da equação básica de elementos geradores de pressão dife- rencial tem como ponto de partida a equação de Bernoulli para fluido perfeito, incompressível e em regime permanente. Considerando Z1 = Z2 e agrupando-se os termos semelhantes: P P v v 2g 1 2 2 2 1 2− γ = − Como Q1 = Q2, aplicando a equação da continuidade, temos: ? ?v S v S1 1 2 2= → ?v v S S1 2 2 1 = Chamando de β a relação dos diâmetros: d D β = → S S 2 2 1 β = Podemos dizer que: v1 = v2 ? β 2 276 MEDIDORES DE VAZÃO POR PRESSÃO DIFERENCIAL Chamando (P1 – P2) de ΔP, e substituindo v1 na equação de Bernoulli, temos: ( ) γ = − ⋅βP v v 2g 2 2 2 2 D Isolando v2 : ( )γ ⋅ = ⋅ −β P 2g v 12 2 4D → = γ ⋅ −β v P 2g 12 4 D Chamando 1 1 4−β de “E” (fator de velocidade de aproximação), temos: = ⋅ γ ⋅v E P 2g2 D Onde v2 é a velocidade do escoamento na garganta do elemento primário: v1 ? S1 = v2 ? S2 Então, a velocidade de escoamento na tubulação (v1) fica: v v S S1 2 2 1 = ⋅ Ou então: ? D ? ?v E P 2g S S1 2 1 = γ Substituindo S2 S2 por β2, temos: =β ⋅ ⋅ γ ⋅v E P 2g1 2 D Como Q = v ? S, então: ? ? ? D ?Q S E P 2g1 2= β γ Coeficiente de descarga A equação deduzida é puramente teórica, principalmente pelo fato de consi- derar que, nas seções 1 e 2, as velocidades são uniformemente distribuídas e FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 277 respectivamente iguais a v1 e v2. Esta equação pode ser transformada adequa- damente para uso prático se incluirmos um coeficiente de correção que leve em consideração todos os elementos de um escoamento real. Este coeficiente chama-se coeficiente de descarga C: C = Vazão real Vazão teórica Portanto, a vazão real será dada por: Qreal = Qteórica ? C Ou ainda: ? ? ? ? ? D ?Q C S E F P 2g1 2 a= β γ Os valores de C são resultados experimentais e variam em função de: • tipo de elemento primário; • tomada de impulso; • diâmetro (D) da tubulação; • número de Reynolds (Rd); • densidade do fluido; • temperatura de operação; • pressão de operação; • relação dos diâmetros β. 19. Placa de orifício Principais características de uma placa de orifício Tipos de orifício Tipos de bordo Tipos de tomada de impulso Linearização da vazão Tipos de instalação de transmissor de vazão com placa de orifício Dos elementos primários utilizados industrialmente para produzir pressão di- ferencial, o mais simples e o mais comum é a placa de orifício. Consiste em uma placa metálica precisamente perfurada, a qual é instalada perpendicularmente ao eixo da tubulação. É essencial que as bordas do orifício estejam sempre perfeitas, porque se ficarem desgastadas ou corroídas pelo fluido, a precisão da medição será comprometida. Costumeiramente são fabricadas com aço inoxidável, monel, latão etc., depen- dendo do fluido. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 279 Principais características de uma placa de orifício • Instalação fácil e troca simples. • Econômica. • Construção simples. • Manutenção simples. • Alta perda de carga. • Baixa rangeabilidade. Tipos de orifício Orifício concêntrico É o tipo de orifício mais comum e mais utilizado. Utiliza-se na medição de vazão de líquidos, gases e vapor que não contenham sólidos em suspensão. Orifício excêntrico Utilizado para fluido com sólidos em suspensão, os quais possam ser retidos e acu- mulados na base da placa, sendo o orifício posicionado na parte de baixo do tubo. Concêntrico Excêntrico 280 PLACA DE ORIFÍCIO Orifício segmental Esta placa tem a abertura para passagem de fluido disposta em forma de segmento de círculo. É destinada para uso em fluidos laminados e com alta porcentagem de sólidos em suspensão. Tipos de bordo Bordo quadrado Usado em tubulações normalmente maiores que 6”. Bordo arredondado Usado em fluidos altamente viscosos onde o número de Rd está abaixo de 250. d s = 0,25 r = 0,5s d Segmental FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 281 Bordo com entrada cônica Usado em aplicações com altíssima viscosidade onde o número de RD é inferior a 25. Tipos de tomada de impulso Em relação às placas de orifício concêntricas existem diversos critérios de ins- talação das tomadas de impulso. Essa falta de padronização se deve a fatores de praticidade e à dispersão inicial de esforços de pesquisa. Denominação Distância àmontante (K1) Distância à jusante (K2) Vista em corte Flange taps (Tomada de flange) 1” 1” Radius taps (Tomada radial) 1D 1/2D r = 0,1d 0,3d 75º 45º 40º 45º d 0,3d 0,06d (continua) 282 PLACA DE ORIFÍCIO Denominação Distância àmontante (K1) Distância à jusante (K2) Vista em corte Vena contracta (Tom. veia contraída) 1/2D a 2D (*) tabela Corner taps (Tomada de canto) Junto junto Pipe taps (Tomada de tubulação) 2,5D 8D Tomadas de flange São as mais populares. Seus furos já são feitos no próprio flange. Tomadas na vena contracta Utilizam flanges comuns, sendo o centro da tomada de alta pressão entre 1/2 e 2D (em geral, 1D); o centro da tomada de baixa estará no ponto de pressão mínima, conforme mostra tabela a seguir, dependendo do β. β Distância K2 0,20 0,80 D 0,25 0,78 D 0,30 0,76 D 0,35 0,73 D 0,40 0,70 D (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 283 β Distância K2 0,45 0,67 D 0,50 0,63 D 0,55 0,59 D 0,60 0,55 D 0,65 0,50 D 0,70 0,45 D 0.75 0,40 D 0,80 0,34 D Tomadas D e D/2 Usadas em tubulações de 2” a 30” com Rd entre 8.000 e 400.000 para entre 0,15 e 0,75. Tomadas em canto São construídas no próprio flange e seu uso principal é em tubulações menores do que 2”, tendo como desvantagem a grande possibilidade de entupimento. Tomadas de tubulação Possuem o menor diferencial de pressão entre todas tomadas e perdem muita precisão devido à rugosidade do tubo. Transmissor de vazão A placa de orifício, em conjunto com o transmissor de pressão diferencial, forma um conjunto dos mais utilizados na medição de vazão de líquidos, gases e vapores em inúmeras aplicações industriais. Na ilustração a seguir, vemos as tomadas de pressão conectadas a um transmissor de vazão por pressão diferencial. 284 PLACA DE ORIFÍCIO Representa-se esta malha de medição pelo fluxograma: FI FT Q ΔP FE Da equação básica deduzida no item anterior pode-se concluir que a vazão só irá variar em função de ΔP, pois S1, E, C, β, g, e γ são constantes. Portanto, podemos simplificar a expressão da seguinte forma: = ⋅Q K PD Onde K representa a constante que torna a relação real, compatibiliza as unidades utilizadas e depende de fatores como tipo de elemento primário, tipo de tomada de impulso, β e as características do fluido, entre outros. É importante observar que o ΔP varia quadraticamente em função da vazão, como mostra a curva a seguir: Válvula de bloqueio Válvula equalizadora FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 285 Vazão (%) ΔP (%) 0,0 0,0 50,0 25,0 70,7 50,00 86,6 75,00 100,00 100,00 Conhecendo-se o range do medidor e a vazão máxima, torna-se possível encon- trar qualquer valor de vazão (ou pressão diferencial) compreendido na curva. = ⋅Q K Pmáx. máx.D Supondo o fluxograma citado anteriormente com as seguintes características: • Vazão máxima = 10 m3/h. • ΔP produzido com esta vazão é de 2500 mmH2O. Como saber o valor da pressão diferencial quando a vazão for 8 m3/h e o sinal de saída do transmissor (FT)? Determinação do K para essa condição: =K Q P máx. máx.D Para vazão máxima: K 10 2500 0 ,2= = Portanto: DP= Q K ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ 2 = 8 0 ,2 ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ 2 =1600 mmH 2 O Outro método baseia-se no cálculo em porcentagem,adotando-se K = 10; então, 8 m3/h equivale a 80% da vazão, portanto: 286 PLACA DE ORIFÍCIO DP= Q K ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ 2 = 80 10 ⎛ ⎝ ⎜ ⎞ ⎠ ⎟ 2 =64% Assim: Q = 0,64 ? 2500mm H2O = 1600mm H2O. Considerando-se que o sinal de saída do transmissor é linear com a pressão di- ferencial, podemos também determinar esse valor. Se no exemplo tivermos um transmissor eletrônico com a saída ajustada em 4 mA a 20 mA, teremos: SaídaFT = [(%ΔP) ? 16 mA] + 4 mA No exemplo, portanto, a saída do FT será: SFT = [64% ? 16 mA] + 4 mA = 14,24 mA Linearização da vazão O sinal de saída de um transmissor de vazão por pressão diferencial varia li- nearmente em função do ΔP e quadraticamente em função da vazão. Portanto, quando é acoplado um receptor para fazer a leitura ou controle da vazão, sua escala deve ser quadrática para termos leitura direta. FI FT Fe Para linearizar o sinal de saída do transmissor em função de vazão, faz-se ne- cessário o uso da função de linearização presente na maioria dos transmisso- res de vazão microprocessados. O sinal de saída do transmissor será, então, FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 287 proporcional e linear em relação à vazão, ou seja, para uma faixa de vazão de 0 m3/h a 10 m3/h, 50% da vazão corresponderá a 12 mA na saída do transmissor. Nesse caso, deverão ser utilizados receptores com escala linear. Tipos de instalação de transmissor de vazão com placa de orifício Líquidos Transmissor instalado ao nível da tubulação Transmissor instalado abaixo da tubulação 288 PLACA DE ORIFÍCIO Vapores condensáveis Gases FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 289 Compensação de temperatura e pressão Na medição de vazão de gases e vapores, a vazão mássica do fluido deve ser ob- tida devido à variação das características do fluido provocada por alterações da pressão e temperatura do escoamento. A instalação representada por fluxograma de instrumentação: FI FT Fe Q P T FT TE O cálculo é efetuado por meio da medição em tempo real da pressão diferencial, temperatura e pressão estática atualizando os valores de densidade, viscosidade, número de Reynolds, velocidade de escoamento, β (d/D), coeficiente de descarga, velocidade de aproximação e o fator de expansão do gás. A equação para efetuar a correção é obtida na forma ? ? D Q K P P T a a = Sensor de temperatura Tomadas de pressão Transmissor Fluxo 290 PLACA DE ORIFÍCIO Onde: Q: vazão compensada; Pa: pressão estática absoluta do fluido tomada à montante do elemento primário; Ta: temperatura absoluta do fluido após o elemento primário de vazão (K); K: características de operação do fluido, elemento primário e instalação; ΔP: pressão diferencial (bar). É feita então a medição da pressão e a temperatura real para que se proceda à correção que será executada pelos relés ou elementos de computação analógica. Nos instrumentos microprocessados, a compensação é feita por meio de confi- guração interna, facilitando, assim, a aplicação. Exemplo Qmáx: 30 Kg/h; Pressão de operação (à montante): 2,0 Kgf/cm2; Pressão diferencial: 200 mmH2O; Temperatura de operação: 30 °C. a. Cálculo do K: Pressão absoluta: 2,0 Kgf/cm2 + 1,033 Kgf/cm2 = 3,033 Kgf/cm2; Temperatura absoluta (K): 30 °C + 273,15 = 303,15 K. ? D K Q P P T máx a a = ? K 30 3,033 200 303,15 = Assim: K = 21,208. b. Vazão corrigida para nova condição de operação: Nova pressão à montante: 2,8 Kgf/cm2; FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 291 Nova temperatura de escoamento: 75º C; Pressão absoluta: 2,8 + 1,033 = 3,833 Kgf/cm2. Temperatura absoluta: 75 °C + 273,15 = 348,15 K. ?Q 21,208 3 ,833.200 348 ,15 = Então: Q’ = 31,47 Kg/h. 20. Tubo Venturi Tomadas de pressão Principais aplicações O tubo Venturi combina dentro de uma unidade simples uma curta garganta estreita entre duas seções cônicas e está instalado entre duas flanges, em uma tubulação. Seu propósito é acelerar o fluido e temporariamente baixar sua pressão estática. O Venturi produz um diferencial menor do que uma placa de orifício para uma mesma vazão e diâmetro igual à sua garganta. Tomadas de pressão Baixa pressão Garganta Cone de saída Cone de entrada Alta pressão FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 293 A tomada de impulso pode ser formada por vários furos espaçados em torno do tubo. Eles são interligados por meio de um anel anular chamado anel piezomé- trico para obter-se a média das pressões em torno do ponto de medição. A recuperação de pressão em um tubo Venturi é bastante eficiente, como po- demos ver na figura anterior. Seu uso é recomendado quando se deseja um maior restabelecimento de pressão e quando o fluido medido carrega sólidos em suspensão. Principais aplicações • Vazão de gases. • Vazão de ar de combustão. • Tubulações de grande diâmetro. Tubo de venturiGarganta Seção principal Tubos piezométricos Direção da vazão H1 H2 H3 H1 – H3 Gradiente hidráulico Δ h = H 1 – H 2 21. Bocal de vazão Tipos de bocal de vazão O bocal de vazão (flow nozzle) é, em muitos aspectos, um meio termo entre a placa de orifício e o tubo Venturi, considerando-se o formato e a recuperação de pressão. O perfil de entrada é projetado de forma a guiar a veia fluída até atingir a seção mais estrangulada do elemento de medição, seguindo uma curva elíptica (projeto ASME) ou pseudoelíptica (projeto ISA). Tipos de bocal de vazão Bocal ASME • Tomadas do tipo D e D/2 (radius taps); • 0,2 < β < 0,8; • 50 mm < D < 400 mm; • 104 < RD < 107. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 295 Bocal ISA • Tomadas de canto (corner taps); • 0,32 < β < 0,8; • 50 mm < D < 500mm; • 2 ? 104 < RD < 107. É recomendado para tubulações acima de 50 mm. Aplicações • Vazão de vapor superaquecido. • Fluidos abrasivos. • Fluidos com sólidos em suspensão. 22. Tubo Pitot Tomadas de pressão Relação entre pressão dinâmica e velocidade É um dispositivo para medição de vazão pela velocidade detectada em um ponto da tubulação. O tubo de Pitot é um tubo com uma abertura em sua extremidade, sendo esta colocada na direção da corrente fluida de um duto. A diferença da pressão total e a pressão estática da linha nos dará a pressão dinâmica, a qual é proporcional ao quadrado da velocidade. P1 P2 P2 – P2 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 297 Tomadas de pressão Relação entre pressão dinâmica e velocidade A relação entre a pressão dinâmica e a velocidade é dada por: Pd v 2g 2 = γ ⋅ Isolando a velocidade: v Pd 2g = ⋅ γ Onde: Pd: pressão dinâmica (pressão total – pressão estática) em kgf/m2; γ: peso específico do fluido em kgf/m3; Pressão de impacto Pressão estática Caixa vedada Bloco de fixação Orifício de impacto Orifício estático 298 TUBO PITOT v: velocidade do fluido no ponto de medição em m/s; g: aceleração da gravidade (9,8 m/s2). Ao se determinar a velocidade de um fluido em um duto, sabe-se que ao centro deste a velocidade é máxima; para saber a velocidade média é necessário usar um fator “K”, o qual é determinado em função do número de Reynolds e rugosidade da tubulação. Então: ?K Pd 2g médioν = γ Na prática, o fator “K” é obtido mantendo-se a vazão constante e medindo-se a velocidade em 10 pontos equidistantes; em seguida, calcula-se a média das 10 velocidades e divide-a pela velocidade máxima, encontrando-se o fator “K”. K v v v 10 v médio máx. 10 1 máx. ∑ = = Algumas versões quanto ao formato podem ser encontradas industrialmente buscando aproximações de precisão principalmente em função da viscosidade. Principais características do tubo Pitot • Utilizado para medição de vazão temporária (investigação de vazões). • Mede vazão de líquidos e gases. • Alta confiabilidade. • Sofre influência da viscosidade do fluido. • Sujeito a entupimento. • É necessária a medição em vários pontos da tubulação. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 299 Medidor Annubar (sonda múltipla) O projeto de um Annubar é baseado no princípio do tubo Pitot, porém, com o fim de medir a pressão dinâmica média em função do perfilde velocidades do fluido. O lado da alta pressão corresponde à pressão total que é produzida pelo impacto do fluido nos furos do sensor. Após o fluido separar-se em torno do sensor Annubar, uma zona de baixa pressão é criada devido ao formato do sensor. O lado de baixa pressão é sentido pelos furos na jusante do Annubar e a diferença de pressão é proporcional à raiz qua- drada da vazão assim como os medidores anteriores. A instalação deste tipo de medidor não requer medições de velocidade em várias seções da tubulação, podendo, então, ficar instalado definitivamente no processo. O fator de calibração “K” é sempre fornecido pelo fabricante. O tubo Annubar pode ser utilizado na medição de vazão de líquidos e gases des- de que não possuam partículas em suspensão, o que ocasionaria o entupimento dos furos. Tomadas de pressão Fluxo Furos 300 TUBO PITOT Co m pa ra çã o en tr e el em en to s pr im ár io s de v az ão (D P) El em en to pr im ár io Lí qu id os lim po s Lí qu id os vi sc os os Lí qu id os su jo s G as es va po re s Lí qu id os co rr os iv os Lo do s ou p ou pa s ab ra si va s Te m p. al ta s Te m p. cr io gê ni ca s Li m it e m ín im o de R d Pl ac a co nc ên tr ic a fla ng e x √ x x x O >8 .0 00 Pl ac a co nc ên tr ic a co ne r x x x x O >5 .0 00 Pl ac a co nc ên tr ic a ra di us x √ x x x O >8 .0 00 Pl ac a co nc ên tr ic a ve na x √ x x x O >6 .0 00 Pl ac a co nc ên tr ic a pi pe x √ x x x O >1 4. 00 0 Pl ac a ex cê nt ric a O x x x x >1 0. 00 0 Pl ac a se gm en ta l O x x x x >1 0. 00 0 Bo ca l I SA x x O O O >2 0. 00 0 Bo ca l A SM E X x O O O >6 .0 00 Ve nt ur i c lá ss ic o X √ x O O O >4 0. 00 0 Ve nt ur i re ta ng ul ar O O x O O >2 00 .0 00 Tu bo P ito t X x x O >2 .0 00 LE GE N D A : ( x) R ec om en da do (O ) : A pl ic áv el ( √ ) : A pl ic áv el q ua nd o a co nd iç ão a dv er sa é m od er ad a. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 301 El em en to p ri m ár io Ta m an ho (m m ) La rg ur a de fa ix a Pr ec is ão (% ) Es ca la In st al aç ão Tr ec ho r et o M ín im o M áx im o Pa dr ão C al ib ra do Pl ac a co nc ên tr ic a fla ng e 50 76 0 3, 5: 1 ± 1, 5 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Pl ac a co nc ên tr ic a co ne r 50 10 00 3, 5: 1 ± 1, 5 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Pl ac a co nc ên tr ic a ra di us 50 76 0 3, 5: 1 ± 1, 4 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Pl ac a co nc ên tr ic a ve na 50 76 0 3, 5: 1 ± 1, 4 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Pl ac a co nc ên tr ic a pi pe 50 30 0 3, 5: 1 ± 1, 7 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Pl ac a ex cê nt ric a 10 0 35 0 3, 5: 1 ± 2, 1 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Pl ac a se gm en ta l 10 0 35 0 3, 5: 1 ± 2, 2 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Bo ca l I SA 50 76 0 3, 5: 1 ± 2, 2 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Bo ca l A SM E 50 20 0 3, 5: 1 ± 2, 2 ± 0, 75 √ fá ci l ne ce ss ár io Ve nt ur i c lá ss ic o 20 0 12 00 3, 5: 1 ± 1, 7 ± 0, 75 √ ra zo áv el ne ce ss ár io Ve nt ur i r et an gu la r 3, 5: 1 ± 5. 0 ± 1, 0 √ ra zo áv el ne ce ss ár io Tu bo P ito t 20 0 qu al qu er 3, 5: 1 ± 1, 5 ± 0, 75 √ m ui to fá ci l ne ce ss ár io 23. Rotâmetros Princípio básico Condições de equilíbrio Tipos de flutuadores Material do flutuador Instalação Influência da viscosidade Perda de carga no flutuador Fatores de correção Características gerais Rotâmetros são medidores de vazão por área variável nos quais um flutuador varia sua posição dentro de um tubo cônico proporcionalmente à vazão do fluido. Basicamente, um rotâmetro consiste de duas partes: Um tubo de vidro de formato cônico, o qual é colocado verticalmente na tubula- ção em que passará o fluido que queremos medir. A extremidade maior do tubo cônico ficará voltada para cima. No interior do tubo cônico teremos um flutuador que se moverá verticalmente em função da vazão medida. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 303 Princípio básico O fluido passa pelo tubo da base para o topo. Quando não há vazão, o flutuador permanece na base do tubo e seu diâmetro maior é usualmente selecionado de maneira que bloqueie a pequena extremidade do tubo quase que completamente. Quando a vazão começa e o fluido atinge o flutuador, o empuxo torna o flutuador mais leve; porém, como o flutuador tem uma densidade maior que a do fluido, o empuxo não é suficiente para levantar o flutuador. A área de passagem oferece resistência à vazão e a queda de pressão do fluido começa a aumentar. Quando a pressão diferencial, somada ao efeito de empuxo do líquido, excede a pressão devido ao peso do flutuador, então o flutuador sobe e flutua na corrente fluida. Com o movimento ascendente do flutuador em direção à parte mais larga do tubo, a área anular, entre a parede do tubo de vidro e a periferia do flutuador, aumenta. Como a área aumenta, o diferencial de pressão devido ao flutuador decresce. O flutuador ficará em equilíbrio dinâmico quando a pressão diferencial através do flutuador, somada ao efeito do empuxo, contrabalançar o peso do flutuador. Qualquer aumento na vazão movimenta o flutuador para a parte superior do tubo de vidro e a diminuição causa uma queda a um nível mais baixo. Cada posição do flutuador corresponde a somente um valor determinado de vazão. Leitura do medidor Limite de mínima vazão Conexão de entrada Flutuador Conexão de saída Limite de máxima vazão 304 ROTÂMETROS É somente necessário colocar uma escala calibrada na parte externa do tubo e a vazão poderá ser determinada pela observação direta da posição do flutuador. Condições de equilíbrio As forças que atuam no flutuador estão representadas na figura a seguir. E W O equilíbrio dinâmico será dado por: W = F + E A decomposição de cada força será: W = Vf ? γf (1) E = Vf ? γl (2) F = Cd ? γl ? Af . v 2 2g Onde: W: peso do flutuador; Vf: volume do flutuador; γf: peso específico do flutuador; E: força de empuxo do fluido sobre o flutuador; γl: peso específico do fluido; F FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 305 F: força de arraste do fluido sobre o flutuador; Cd: coeficiente de arraste do fluido sobre o flutuador; v: velocidade do fluido; Af: área da seção do flutuador. Agrupando os termos semelhantes e isolando a velocidade, temos: V 2g vf yf yl Cd yl Af ( ) = ⋅ ⋅ − ⋅ ⋅ O valor de Cd depende da viscosidade do fluido e da aerodinâmica do flutuador. Por conveniência, incorporamos o termo 1 Cd a este coeficiente de descarga, passando a expressão anterior para: V Cd 2g vf yf yl yl Af ( ) = ⋅ ⋅ ⋅ − ⋅ Chamando a seção interior do tubo (livre) de Aw, tem-se Q = V ? Aw ? ? ? ? ? Q Cd Aw 2g vf yf yl yl Af ( ) = − Como os dados dentro da raiz são constantes (temperatura e viscosidade cons- tantes), podemos concluir que a vazão varia linearmente com a área de passagem; assim, teremos uma escala de leitura também linear. Tipos de flutuadores Os flutuadores podem ter vários perfis de construção. Na figura a seguir, pode- mos ver os tipos mais utilizados: 306 ROTÂMETROS • Esférico: para baixas vazões e pouca precisão, sofre uma influência conside- rável da viscosidade do fluido. • Cilindro com bordo plano: para vazões médias e elevadas, sofre uma influên- cia média da viscosidade do fluido. • Cilindro com bordo saliente de face inclinada para o fluxo: sofre menor in- fluência da viscosidade do fluido. • Cilindro com bordo saliente contra o fluxo: sofre a mínima influência da viscosidade do fluido. Material do flutuador O material mais empregado nos flutuadores é o aço inoxidável 316; no entanto, para satisfazer outras exigências, como resistência àcorrosão, abrasão e outras, utilizam-se outros tipos de materiais. A tabela a seguir mostra os pesos especí- ficos de diversos materiais empregados em flutuadores: Material g/cm3 Alumínio 2,72 Bronze 8,78 Monel 8,84 Níquel 8,91 Borracha 1,20 Aço inoxidável 303 7,92 Aço inoxidável 316 8,04 Hastelloy B 9,24 Hastelloy C 8,94 Chumbo 11,38 (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 307 Material g/cm3 Tântalo 16,60 Teflon 2,20 Titânio 4,50 Instalação Os rotâmetros são montados verticalmente na tubulação do fluido, cuja vazão se quer medir, de maneira que o fluido seja dirigido de baixo para cima. Influência da viscosidade Sua magnitude dependerá da forma do flutuador, da viscosidade do fluido e do espaço anular compreendido entre a superfície do flutuador e a parede interna do tubo, sendo este um dos fatores que determinarão o número de Reynolds. Quanto maior o número de Reynolds, menor será a influência em razão das variações da viscosidade do fluido. Perda de carga no flutuador A perda de carga do rotâmetro é constante em todo o percurso do flutuador. A perda de carga do flutuador pode ser determinada pela seguinte equação: = − ⋅γ DP Wf (Vf l ) Af Onde: Wf: peso do flutuador; Vf: volume do flutuador; 308 ROTÂMETROS yl: peso específico do líquido; Af: área transversal máxima. Fatores de correção Se variarmos as condições de trabalho de um rotâmetro já calibrado, é necessário aplicarmos fatores para corrigir a vazão lida. Estes fatores são peso específico do flutuador, peso específico do líquido e temperatura do líquido. Podemos achar o fator de correção pela equação a seguir: ? ? K ( yf 2 yl 2 ) yl1 ( yl1 yl1) yl 2 = − − Onde: yf2: peso específico do flutuador 2; yf1: peso específico do flutuador 1; yl1: peso específico do líquido 1 ou na temperatura 1; yl2: peso específico do líquido 2 ou na temperatura 2. Características gerais • Fluidos: gases, líquidos e vapor de viscosidade média a baixa. • Vazão de líquidos: 0,01 cm3/min a 15 m3/min. • Vazão de gases: 0,3 cm3/min a 400 m3/min. • Diâmetro da linha: ¼” a 6” (6 mm a 150 mm). • Precisão: depende do tamanho do rotâmetro e do tipo de flutuador (± 0,5% a 10%). • Custo: relativamente baixo. • Pressão máxima de operação: 25 Kgf/cm2 (tubo de vidro); 50 Kgf/cm2 (tubos metálicos). FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 309 • Temperatura máxima de operação: 200 °C (tubo de vidro); 500 °C (tubos metálicos). • Material do flutuador: deve ser compatível com as características de visco- sidade, corrosão e abrasão do fluido, sendo o aço inoxidável 316 e o PVC os mais utilizados. • Material do tubo: borosilicato temperado (transparentes), aço inoxidável ou ferro fundido. • Instalação: vertical, sem necessidade de trecho reto. • Conexões: flange e rosca. • Acessórios: contatos magnéticos. • Perda de carga no rotâmetro: é constante ao longo de todo o curso do flutua- dor e depende do peso específico do fluido e das características do flutuador (peso, volume e área maior). • Recalibração da escala: é possível, conhecendo-se o peso específico do flutua- dor, peso específico do fluido e temperatura de escoamento. • Influência da viscosidade: dependerá da forma do flutuador e da área de passagem. • Principal vantagem: indicação local, direta e linear. • Principal desvantagem: é a pior alternativa para transmissão e controle. 24. Medidor vortex Relação entre frequência e velocidade Método de detecção dos vórtices Tipos de sensores utilizados Vortex shedder Características gerais Quando um anteparo de geometria definida é colocado de forma a obstruir par- cialmente uma tubulação em que escoa um fluido, ocorre a formação de vórtices, que se desprendem alternadamente de cada lado do anteparo, como mostrado na figura a seguir. Este é um fenômeno muito conhecido e demonstrado em aplicações de mecânica dos fluidos. Os vórtices também podem ser observados em situações frequentes do nosso dia a dia, como, por exemplo: • Movimento oscilatório das plantas aquáticas em razão da correnteza. • As bandeiras flutuando ao vento. • As oscilações de fios elétricos quando expostos ao vento. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 311 Relação entre frequência e velocidade Assumindo que a frequência de geração dos vórtices provocados por um obstá- culo colocado verticalmente no sentido de movimento de um fluido seja “f ”, a velocidade do fluido seja “v” e a dimensão do obstáculo perpendicular ao sentido do fluxo seja “d”, a seguinte relação é obtida: f St v d = ⋅ Onde St representa o número de Strouhal, que é a relação entre o intervalo “L” entre cada vórtice e a dimensão “d” do anteparo perpendicular ao sentido do fluxo (St = L/d). A relação entre a frequência dos vórtices e a velocidade é, então, aplicada a um medidor vortex, medindo vazão em uma tubulação de processo. Adicionalmente, neste caso, a seguinte expressão também é válida: Q = A ? v Onde: Q: vazão volumétrica; A: área da seção da tubulação; v: velocidade do fluido. Mediante uma simples substituição e considerando os parâmetros constantes agrupados em um único fator, teremos: Q = k ? f Logo, conforme pode ser verificado nas expressões dispostas anteriormente, se o número de Strouhal for constante, a vazão volumétrica do fluido pode ser medida pela contagem do número de vórtices. 312 MEDIDOR VORTEX Para uma ampla faixa de número de Reynolds que define o regime de escoamen- to, temos que St é constante, conforme pode ser verificado no gráfico a seguir. Logo, para a imensa maioria das aplicações industriais, que estão situadas na faixa de número de Reynolds entre 2 × 104 e 7 × 106, todas as expressões ante- riores são totalmente válidas. 0,3 0,2 0,1 5.000 20.000 7.000.000 Faixa mensurável Faixa de operação Rd St Adicionalmente, nesta faixa, a frequência “f ” de geração de vórtices não é afe- tada por variações na viscosidade, na densidade, na temperatura ou na pressão do fluido. Método de detecção dos vórtices As duas maiores questões referentes ao desenvolvimento prático de um medidor de vazão, com base nos princípios anteriormente mencionados, são: Zona de alta velocidade Frequência de vórtices Vazão FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 313 • Criação de um obstáculo gerador de vórtices (vortex shedder) que possa gerar vórtices regulares e de parâmetros totalmente estabilizados, determinando a precisão do medidor. • Projeto de um sensor e respectivo sistema eletrônico para detectar e medir a frequência dos vórtices, determinando os limites para as condições de ope- ração do medidor. Tipos de sensores utilizados Piezoelétrico. Capacitivo. Strain gage. Vortex shedder Numerosos tipos de vortex shedder, com diferentes formas, foram sistemati- camente testados e comparados em diversos fabricantes e centros de pesquisa. Vazão + ruído Vortex shedder Ruído Filtro Disparo Saída de pulsos Saída 4 mA a 20 mASensores piezoelétricos D/A 314 MEDIDOR VORTEX Um shedder com formato trapezoidal foi o que obteve um desempenho conside- rado ótimo. O corte trapezoidal proporciona excelente linearidade na frequência de geração dos vórtices, além de extrema estabilidade dos parâmetros envolvidos. Características gerais • Tipo de fluido: líquidos e gases não incrustantes e não erosivos, vapor limpo. • Precisão: 1%. • Diâmetro 12 mm a 300 mm. • Vazão unidirecional (*). • Custo: equivalente ao conjunto placa de orifício e transmissor. • Perda de carga: inferior à placa de orifício (mesma vazão). • Limites de Rd: 20.000 a 7.000.000. • Instalação: – O fluido deve preencher totalmente a linha; – Trecho reto curto (4D e 2D) para tubos polidos. • Vantagens: – Baixa perda de carga; – Configuração manutenção simples. • Não sofre influência da densidade e viscosidade em larga faixa. • Desvantagem: – Sofre influência de vórtices provocados por vibração e imperfeição da linha. 25. Turbina Fator de calibração “K” Performance Influência da viscosidade Características gerais Desvantagens O medidoré constituído basicamente por um rotor montado axialmente na tu- bulação. O rotor é provido de aletas que o fazem girar quando passa um fluido na tubulação do processo. Uma bobina captadora com um imã permanente é montada externamente, fora da trajetória do fluido; quando este se movimenta através do tubo, o rotor gira a uma velocidade determinada pela velocidade do fluido; e pelo ângulo das lâminas do rotor. À medida que cada lâmina passa diante da bobina e do imã, ocorre uma variação da relutância do circuito magnético e no fluxo magnético total a que está submetida a bobina, verifica-se, então, a indução de um ciclo de tensão alternada. Rotor 316 TURBINA A frequência dos pulsos gerados desta maneira é proporcional à velocidade do fluido, e a vazão pode ser determinada pela medição e totalização de pulsos. Fator de calibração “K” “K” é o coeficiente de vazão de cada turbina e relaciona o número de pulsos gerados por unidade de volume. K pulso volume ⎛ ⎝ ⎞ ⎠ = frequência pulso seg ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ vazão volume tempo ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ Performance Cada turbina sofre uma calibração na fábrica, usando água como fluido. Os da- dos obtidos são documentados e fornecidos com a turbina. Usando estes dados, obtêm-se o fator médio de calibração K relativo à faixa de vazão específica. Influência da viscosidade Como visto anteriormente, a frequência de saída do sensor é proporcional à vazão, de forma que é possível, para cada turbina, fazer o levantamento do coe- ficiente de vazão K, que é o parâmetro de calibração da turbina, expresso em ciclos (pulsos) por unidade de volume. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 317 Em uma turbina ideal, este valor K seria uma constante independente da viscosi- dade do fluido medido. Observa-se, entretanto, que à medida que a viscosidade aumenta, o fator K deixa de ser uma constante e passa a ser uma função da vis- cosidade e da frequência de saída da turbina. Abaixo de 2 cSt, o coeficiente K é aproximadamente constante para frequências de saída acima de 50 Hz. Características gerais • Utilizado para fluidos limpos em geral. • Precisão de 0,1% a 3%. • Escala linear. • Excelente repetibilidade. • Pressão de operação máxima: 200 kgf/cm2. • Faixa de temperatura: – 200 °C a 250 °C. • Range de vazão: 4 l/min a 150 m3/min. • Diâmetros de tubulação: ¼” a 30” (760 mm). • Trecho reto necessário: 10D (à montante) e 5D (à jusante). • Acessório: necessita de medidor (transmissor). • Custo médio (considerando o conjunto e o diâmetro da linha). • Pode ser utilizado em vazão bidirecional (altera “k”). 318 TURBINA Desvantagens • Desgaste das pás. • Travamento do rotor. • Inércia para baixas vazões. • Diâmetro “D” limitado. • Não é utilizado para baixo número de Reynolds. 26. Medidor magnético Princípio de funcionamento Relação entre a vazão e a FEM Revestimento Eletrodo Tubo detector Limites de condutividade Aterramento Escolha do diâmetro Instalação elétrica Características gerais O medidor magnético de vazão é seguramente um dos medidores mais flexíveis e universais dentre os métodos de medição de vazão. Sua perda de carga é equi- valente a de um trecho reto de tubulação, já que não possui qualquer obstrução. É virtualmente insensível à densidade e à viscosidade do fluido de medição. Medidores magnéticos são, portanto, ideais para medição de produtos químicos altamente corrosivos, fluidos com sólidos em suspensão, lama, água, polpa de papel. Sua aplicação estende-se desde saneamento até indústrias químicas, papel e celulose, mineração e indústrias alimentícias. Para medição de líquidos limpos com baixa viscosidade, o medidor eletromag- nético é uma opção. Se o líquido de medição tiver partículas sólidas e abrasivas, como polpa de mineração ou papel, ele é praticamente a única alternativa. A restrição, em princípio, é que o fluido tem que ser eletricamente condutivo, mas tem ainda como limitação o fato de fluidos com propriedades magnéticas adi- cionarem certo erro de medição. 320 MEDIDOR MAGNÉTICO Como as partes úmidas são apenas os eletrodos e o revestimento, é possível, por meio de uma seleção cuidadosa destes elementos, medir fluidos altamente cor- rosivos, como os ácidos e as bases. É possível, por exemplo, a medição de ácido fluorídrico, selecionando-se eletrodos de platina e revestimento de teflon. Outro fluido, particularmente adequado para medição por essa técnica, é o da indústria alimentícia. Como o sistema de vedação dos eletrodos não possui reentrâncias, as aprovações para uso sanitário são facilmente obtidas. Princípio de funcionamento O medidor eletromagnético de vazão é baseado na Lei de Faraday, em que um objeto condutor que se move em um campo magnético produz uma força eletromotriz. A relação entre a direção do campo magnético, o movimento do fluido e a FEM induzida pode facilmente ser determinada pela regra da mão direita de FLE- MING. Assim, a direção do campo magnético, a vazão e a FEM estão vetorial- mente posicionadas em 90 graus. No caso do medidor eletromagnético, o corpo móvel é o fluido que flui pelo tubo detector. Regime turbulento Bobina eletromagnética Regime laminarou FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 321 Relação entre a vazão e a FEM De acordo com a Lei de Faraday, a FEM induzida no medidor eletromagnético é expressa pela seguinte equação: E = B ? d ? v (1) Onde: E: FEM induzida (Volts); B: densidade do fluxo magnético (T); D: diâmetro interno do detector (m); V: velocidade do fluido (m/s). Levando-se em consideração que a densidade de fluxo magnético B é constante, temos que a FEM é proporcional à velocidade. Para a vazão, temos o seguinte: Q = S ? v (2) Onde: Q: vazão; S: área da secção transversal do tubo (m); v: velocidade média do fluido (m/s). Fazendo uso das equações (1) e (2), podemos determinar que a FEM induzida é proporcional à vazão: ?S π d 4 2 = (3) e E = B ? d ? v (4) Substituindo a equação (3) e (4) na equação (2), temos: ? ? ? ? Q π d E 4 B d 2 = 322 MEDIDOR MAGNÉTICO Ou então: ? ? ? Q π d E 4 B = (5) Na equação 5, se ?π d 4 B é constante, então a vazão Q será diretamente propor- cional à tensão induzida E. Revestimento Para se obter um sinal elétrico proporcional à vazão, é necessário que o interior do tubo seja isolado eletricamente. Se isto não for feito, a FEM será curto-cir- cuitada e, dessa forma, não estará presente nos eletrodos. Se o tubo fosse de material isolante, não haveria problema, mas geralmente o tubo é feito de material condutor. Para evitar que a FEM seja curto-circuitada pela parede condutiva do tubo, um isolante, tal como teflon, borracha de poliu- retano ou cerâmica, é utilizado. A escolha do material isolante é feita em função do tipo de fluido. Eletrodo Eletrodos são dois condutores instalados na parede do tubo para receber a tensão induzida no fluido. Existem vários materiais de fabricação, como aço inoxidável, monel, hastelloy, platina e outros que dependem do tipo de fluido a ser medido. Tubo detector O material de fabricação do tubo do medidor não pode ser de substâncias ferro- magnéticas, como aço ou níquel, pois estas causam distúrbios no campo eletro- magnético. Na prática, o aço inoxidável é o mais usado. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 323 Limites de condutividade A condutividade elétrica mínima do líquido de 0,5 µS/cm é considerada como limite para os medidores magnéticos. Assim, não é possível medir vazão de produtos, como os derivados de petróleo. Aterramento Por razões de segurança do pessoal e para obter uma medição de vazão satisfató- ria, é muito importante atender a todos os requerimentos dos fabricantes quanto ao aterramento. Uma interligação elétrica permanente entre o fluido, o medidor, a tubulação adjacente e um ponto de terra comum é especialmente importante quando a condutividade do líquido for baixa. A forma de efetuar o aterramento depende do tipo de medidor (revestimento interno etc.). Quando o medidor é instalado entre tubulações não metálicas ourevestidas internamente, é normal instalar anéis metálicos entre os flanges do medidor e a tubulação. Assim é obtido o contato elétrico com o fluido para pos- terior aterramento. Estes anéis devem ser de diâmetro interno igual ao medidor e de diâmetro externo menor do que a circunferência de furos dos flanges do medidor. Escolha do diâmetro Os medidores magnéticos industriais apresentam um melhor desempenho rela- tivo à precisão quando a vazão medida corresponde a uma velocidade apreciável. Devem ser levadas em conta considerações relativas ao compromisso entre a decantação/incrustação e abrasão. Tipicamente, eles têm uma precisão de ± 1% da escala quando a velocidade do fluido for superior a 1 m/s, podendo variar de um fabricante para outro. Uma forma de escolha do diâmetro do magnético é utilizando-se ábacos a partir da vazão de escoamento. 324 MEDIDOR MAGNÉTICO Instalação elétrica Alimentação das bobinas A grande transformação sofrida pelos medidores eletromagnéticos de vazão, nos últimos anos, foi com relação à forma de excitação das bobinas. Os quatro tipos principais de excitação são: corrente contínua, corrente alternada, corrente pulsante e frequência dupla simultânea. Excitação em corrente contínua A excitação em corrente contínua tem a vantagem de permitir uma rápida detec- ção da variação de velocidade do fluido e só é aplicada em casos muitos especiais, como, por exemplo, metais líquido. Entre as desvantagens deste método, citamos: dificuldade de amplificação do sinal obtido, influência do potencial eletroquímico, fenômeno de eletrólise entre os eletrodos e outros ruídos. Excitação em corrente alternada A excitação em CA tem as vantagens de não ser afetada pelo potencial eletro- químico, ser imune à eletrólise e, ainda, ser de fácil amplificação. Por outro lado, temos as desvantagens de vários ruídos surgirem em função da corrente alter- nada, que são provocados pela indução eletromagnética, chamados de ruído de Transmissor de vazão Bobina Excitação Eletrodo FEMB A EX2 EX1 Velocidade Campo magnético FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 325 quadratura, pela corrente de Foucault, que provoca o desvio de zero. Há ainda, os que são provocados pelos ruídos de rede que se somam ao sinal de vazão e, muitas vezes, são difíceis de serem eliminados. Excitação em corrente contínua pulsada A excitação em corrente contínua pulsada ou em onda quadrada combina as vantagens dos métodos anteriores e não tem as desvantagens. Não é afetada pelo potencial eletroquímico, pois o campo magnético inverte o sentido perio- dicamente, mas, como durante a medição o campo é constante, não teremos problemas com correntes de Foucault nem com indução eletromagnética, que são fenômenos que ocorrem somente quando o campo magnético varia. O ruído da rede é eliminado ao sincronizar o sinal de amostragem com a fre- quência da rede, utilizando-se uma frequência que seja um submúltiplo par da frequência; finalmente, a amplificação torna-se simples com amplificadores diferenciais. Características gerais • Tipo de fluido: líquidos com condutividade acima de 1μS/cm (água limpa, ácidos, polpa e lamas). • Precisão: 0,5 a 1%. • Diâmetro: 3 mm a 1200 mm. • Vazão bidirecional (sempre com a linha cheia). • Custo: economicamente viável. • Pressão máxima: 350 bar. • Temperatura máxima: 150 °C (isolação das bobinas e revestimento). • Acessórios/material: revestimento e eletrodo (de acordo com o fluido). • Manutenção: limpeza e inspeção dos eletrodos. • Instalação: – Trecho reto: 5D a 10D à montante e 5D à jusante; – Aterramento do fluido em tubulações não metálicas. 326 MEDIDOR MAGNÉTICO • Vantagens: – Não oferece perda de carga; – Não sofre influência da densidade e viscosidade; – É a melhor opção para os fluidos citados. • Desvantagens: – Não mede vazão de gases; – Não mede vazão de fluidos isolantes, lubrificantes e hidrocarbonetos. 27. Medidor ultrassônico Medidores de efeito Doppler Medidores de tempo de trânsito Medidores intrusivos (sondas internas) Vazão de gases Influência do número de Reynolds Medidores ultrassônicos de vazão utilizam a velocidade do som como meio au- xiliar de medição e podem ser divididos em dois tipos principais: • Medidores a efeito Doppler. • Medidores de tempo de trânsito. Os emissores-receptores de ultrassom consistem em cristais piezoelétricos que, na emissão, produzem o ultrassom por excitação elétrica; na recepção, produzem sinal elétrico de mesma frequência excitado pelo ultrassom. Medidores de efeito Doppler O efeito Doppler é a variação aparente de frequência produzida pelo movimento relativo de um emissor e de um receptor de frequência. Esta variação de fre- quência ocorre quando as ondas são refletidas pelas partículas móveis ou bolhas presentes no fluido. 328 MEDIDOR ULTRASSÔNICO Nos medidores baseados neste princípio, os emissores projetam um feixe contí- nuo de ultrassom na faixa das centenas de khz. A reflexão produzida pelas par- tículas do fluido tem sua frequência alterada proporcionalmente ao componente da velocidade das partículas na direção do feixe. Tais instrumentos são, consequentemente, adequados para medir vazão de flui- dos que contêm partículas capazes de refletir ondas acústicas. Medidores de tempo de trânsito Ao contrário dos instrumentos anteriores, estes não são adequados para medir vazão de fluidos que contêm partículas. Para que a medição seja possível, os me- didores de tempo de trânsito devem medir vazão de fluidos relativamente limpos. Nestes medidores, um emissor-receptor de ultrassom é fixado à parede externa do tubo, ao longo de duas geratrizes diametralmente opostas. O eixo que reúne os emissores-receptores forma um ângulo α. Emissor Receptor Emissor/receptor Emissor/receptor t1 t2 2 ΔT = t1 – t2 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 329 Os transdutores transmitem e recebem alternadamente um trem de ondas ul- trassônicas de duração pequena. O tempo de transmissão é levemente inferior (t1) orientado para a jusante, e levemente superior (t2) quando orientado para a montante. Sendo L a distância entre os sensores, v1 a velocidade média do fluido e v2 a velocidade do som no líquido considerado, temos: = − α1/ t1 Vs V1 cos L e = + α1/ t2 Vs V1 cosL A diferença dos tempos de trânsito t1 e t2 serve como base de medição da ve- locidade v1. Os dois tipos de medidores são complementares, já que o primeiro opera com líquidos que contêm partículas sólidas ou gasosas, e o segundo requer fluidos limpos. Em ambos os tipos de medidores, o perfil de velocidades da veia fluida deve ser compensado. Nos medidores de efeito Doppler, e dependendo das realizações práticas, a in- fluência da densidade de partículas reflexivas poderá introduzir erros suple- mentares. Quando a quantidade de partículas for muito grande, as partículas próximas dos sensores, que são as mais lentas, serão as que mais contribuem na reflexão das ondas, introduzindo um erro para menos. Nos medidores de tempo de trânsito, a configuração geométrica do percurso do feixe acústico é perfeitamente definida. Será, então, possível corrigir a leitura adequadamente, levando em consideração o perfil padrão em função do número de Reynolds do escoamento. Os circuitos eletrônicos dos instrumentos são previstos para eliminar os efeitos das turbulências, efetuando continuamente a média das velocidades em uma base de tempo relativamente longa. É desaconselhada a aplicação destes instrumentos em produtos que se depositam na superfície interna do tubo, formando uma camada absorvente de energia acústica. 330 MEDIDOR ULTRASSÔNICO Medidores intrusivos (sondas internas) Existem medidores ultrassônicos nos quais os transdutores são presos à superfí- cie externa da tubulação, e outros com os transdutores em contato direto com o fluido. Os que estão em contato com o fluido são chamados de intrusivos e tem o fluido como único meio de propagação. As sondas afetam o perfil do escoamento em razão da localizaçãoembutida. Os medidores ultrassônicos de vazão não intrusivos apresentam vantagem de não precisar ficar em contato com o fluido, tendo como meio de propagação a parede do tubo além do fluido. As sondas, neste caso, estão protegidas da natureza agressiva do fluido, porém, erros podem ocorrer em razão do mau posicionamento das sondas. Apesar disso, o medidor não intrusivo apresenta um desempenho superior ao intrusivo, ainda que isso seja difícil de ser aceito, baseando-se, somente, em intuição, além das diferenças citadas, tornando-se óbvio o custo da instalação e manutenção. Vazão de gases Gases são absorventes de ultrassom; assim, apenas uma parte da energia é trans- mitida. Frequências bem inferiores são utilizadas (10 KHz a 500 KHz) em relação aos líquidos, considerando que a velocidade de escoamento dos gases é maior. A técnica utilizada nesse caso é o “tempo de trânsito”. Emissor – receptor Emissor – receptor Vazão FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 331 Influência do número de Reynolds A variação do perfil de velocidades dentro da tubulação, em razão do número de Reynolds, pode provocar desvios na medição; com isso, na configuração dos medidores, informa-se a viscosidade de operação do fluido, que calcula automa- ticamente o fator de calibração do medidor. Características Tempo de trânsito Doppler Serviço Líquidos limpos. Líquidos com sólidos ou gases. Escala Linear. Precisão 1% da vazão. 3% fim de escala. Conexões Flange (intrusivo). Extrusivo. Diâmetro da linha ½” a 200”. Vantagens • Portabilidade (extrusivo). • Tubulações de grande diâmetro. • Bidirecional. • Sem perda de carga. • Para-lamas e líquidos com gases. • Instalação sem parada. Limitações • Necessita de trecho reto. • O perfil do fluxo deve ser uniforme. • Não se aplica a fluidos limpos. Manutenção • Simples (extrusivo), pois não exige a parada do processo.. Preço • Alto, comparado aos medidores para pequeno diâmetro (D).• Excelente para tubulações acima de 12”. 28. Medidor Coriolis Princípio Coriolis em tubo reto Aplicações Características gerais É um instrumento de grande sucesso na medição de vazão, pois tem grande aplicabilidade nas indústrias alimentícia, farmacêutica, química, papel e petróleo. Sua medição independe das características do fluido, como densidade, viscosi- dade, condutibilidade, pressão, temperatura e perfil de velocidades. Princípio Uma massa que se desloca a uma velocidade em relação a um sistema rotacional é submetida a uma força conhecida como força de Coriolis. Fc = 2M ? [ω ? v ] Onde: Fc : Força de Coriolis; M: Massa; ω: Velocidade angular (rotação); v: Velocidade. Um medidor Coriolis possui, basicamente, dois componentes: tubos de sensores de medição e transmissor. Os tubos de medição são submetidos a uma oscilação e ficam vibrando na sua própria frequência natural à baixa amplitude, quase FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 333 imperceptível a olho nu. Quando um fluido qualquer é introduzido no tubo em vibração, o efeito do Coriolis se manifesta causando uma deformação, isto é, uma torção, que é captada por meio de sensores magnéticos que geram uma tensão em formato de ondas senoidais. As forças geradas pelos tubos criam certa oposição à passagem do fluido em sua região de entrada (região da bobina 1); em oposição, auxiliam o fluido na região de saída dos tubos. O atraso entre os dois lados é diretamente proporcional à vazão mássica. Um RTD é montado no tubo, monitorando a temperatura deste, a fim de compensar as vibrações das deformações elásticas sofridas com a oscilação da temperatura. A unidade transmissora é composta de um circuito eletrônico que gera um sinal para os tubos de vazão, alimenta e recebe o sinal de medida, propiciando saídas analógicas 4 mA a 20 mA, de frequência (0 KHz a 10 kHz) e até digital no padrão Bobina sensora 1 Bobina sensora 2 Sem vazão Com vazão Bobina excitadora Vazão Vazão Imã Bobina Bobina de vibração Tubos paralelos 334 MEDIDOR CORIOLIS RS-232 ou RS-485. Estas saídas são enviadas para instrumentos receptores que controlam bateladas, indicam vazão instantânea e totalizada, ou para PLCs, SDCDs etc. Coriolis em tubo reto Podemos encontrar o modelo com tubo reto, onde um tubo de medição oscila sobre o eixo neutro A-B, sendo percorrido por um fluido com velocidade “v”. Entre os pontos A-C, as partículas do fluido são aceleradas de uma baixa para uma alta velocidade rotacional; a massa destas partículas aceleradas geram as forças de Coriolis (Fc) opostas à direção de rotação. Entre os pontos C-B, as partículas do fluido são desaceleradas, o que leva a força de Coriolis no mesmo sentido da rotação. A força de Coriolis (Fc), a qual atua sobre as duas metades do tubo com direções opostas, é diretamente proporcional à vazão mássica. Aplicações • Fluidos com alta viscosidade, com sólidos em suspensão e não condutivos. • Misturas não homogêneas. • Gases de alta densidade. • Geleias e lamas. • Transferência de custódia. • Sistemas de envase. Tubo sem fluxo Bobina sensora Bobina sensora Bobina excitadora Tubo com fluxo FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 335 • Carregamento de caminhões. • Controle de vazão de produtos alimentícios e farmacêuticos. Características gerais • Precisão: 0,1%. • Diâmetro: 1/16” a 6”. • Vazão: mínima: 0,05 kg/min (l/min) / máxima: 11.000 kg/min (11 m3/min). • Pressão máx.: 200 bar. • Temp. máx.: 400 °C. • Rangeabilidade: 10:1 até 100:1. • Trecho reto: não é necessário. 29. Medidores térmicos Medidor térmico por inserção Medidor térmico capilar Os medidores térmicos são baseados em transferência de calor ou desequilí- brio térmico. Esta técnica consiste em aquecer a corrente fluida por meio de uma resistência elétrica onde a potência fornecida à resistência é igual ao calor transferido ao fluido. A temperatura do fluido é medida à montante (T1) e à ju- sante (T2) da resistência de aquecimento por meio de um termopar ou de uma termorresistência. A vazão volumétrica (Q) é, então, igual à diferença de temperatura (T1-T2) divi- dida pelo produto entre o calor específico (Cp) e a massa específica (ρ) do fluido medido. A constante de calibração do medidor é representada por “k”. Q= k ? Dt ρ ? Cp Como a vazão mássica é o produto entre a vazão volumétrica (Q) e a massa es- pecífica (ρ), o dispositivo é, então, um medidor de vazão mássica. Resistência de aquecimento Q T2 T1 Sensores de temperatura FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 337 Medidor térmico por inserção Características gerais • Escoamentos turbulentos (gás). • Exatidão: ± 0,5% da faixa. • Diâmetros: ¼” a 4”. Medidor térmico capilar Sensor de temperatura Filtro Elemento laminar Sensor de temperatura Resistência de aquecimento Inserção 338 MEDIDORES TÉRMICOS Características gerais • Baixas vazões – laminares (0,5 kg/h a 5 kg/h). • Fluidos limpos (gases). • Exatidão: ± 0,5% a ± 1,0% da faixa. 30. Medidores de vazão por deslocamento positivo Medidor de engrenagens ovais Disco de nutação Palhetas rotativas Medidores de deslocamento positivo, conhecidos também como medidores vo- lumétricos, são medidores que possuem uma relação bem-definida entre o vo- lume de produto que passa pelo medidor e o acionamento de um dispositivo de medição de acordo com a sequência operacional: • O fluido passa pela câmara de volume conhecido do medidor. • Para cada unidade de volume que atravessa o medidor é acionado o disposi- tivo de medição um certo número de vezes. • Um contador totaliza o volume que passa em um certo intervalo de tempo. • O medidor produz pulsos proporcionais à vazão que passa pelo medidor. • Os pulsos podem ser convertidos em sinais analógicos de transmissão (4mA – 20mA). Esse tipo de medidor apresenta um fator que permite determinar a vazão em volume. Se um medidor tem um fator de 20 cm³/rev do conjunto de engrenagens quando movidas pelo fluido, e se o medidor contabilizar 10 voltas em 1 minuto, a vazão será de 200 cm³/min.As duas principais características dos medidores de vazão por deslocamento positivo são a excelente precisão e a perda de carga produzida na tubulação. Para uma operação eficiente deve-se ficar atento a algumas condições operacionais: • Verificar a perda de carga e a viscosidade. • Evitar a presença de gases dissolvidos no líquido na entrada do medidor. • Instalar filtro à montante em caso de líquidos com sólidos em suspensão. 340 MEDIDORES DE VAZÃO POR DESLOCAMENTO POSITIVO Medidor de engrenagens ovais Princípio de funcionamento Nesse medidor, o fluido circula entre as engrenagens e as paredes da câmara de medição. Características gerais • Diâmetros: 1” a 16”. • Classe de pressão: 600 lbs (máx). • Temperatura: 290 °C (máx). • Viscosidade: 0.2 cP a 500.000 cP. • ΔP máx: 15 psi. • Vazão máxima: 20.000 m3/h. • Exatidão: ± 0.2 % da vazão. • Rangeabilidade: 20:1. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 341 Disco de nutação Princípio de funcionamento O deslocamento do fluido provoca o movimento do disco transferindo o volume da entrada para a saída da câmara de medição. Características gerais • Vazão máxima: 30 m3/h. • Exatidão: ± 1 % da vazão. • Diâmetros: ½” a 2”. • Classe de pressão: 150 lbs (máx). • Temperatura: 120 °C (máx). • Rangeabilidade: 20:1. Disco de nutação Câmara de medição 342 MEDIDORES DE VAZÃO POR DESLOCAMENTO POSITIVO • ΔP máx: 15 psi. • Baixo custo. Palhetas rotativas Princípio de funcionamento O deslocamento do fluido provoca o movimento das palhetas transferindo o volume da entrada para a saída da câmara de medição. Características gerais • Vazão máxima: 250 m3/h. • Diâmetros: 1” a 6”. • Classe de pressão: 600 lbs (máx). • Temperatura: 230 °C (máx). • ΔP máx: definido graficamente pelo fabricante. • Exatidão: ± 0,2 % da vazão. • Rangeabilidade: 10:1. • Faixa de viscosidade: 1 cP a 25.000 cP. 31. Medidores de vazão em canais abertos Principais aplicações Vertedores Calha Parshall É a técnica utilizada para medição de vazão de líquidos parcialmente confinados, ao contrário dos medidores instalados exclusivamente em tubulações. São aplicados em instalações industriais onde o escoamento é feito por ação da gravidade ou desnível com superfície livre. Principais aplicações • Sistemas de tratamento de água. • Tubulações não preenchidas pelo líquido. • Escoamentos de grande volume por gravidade (desnível). • Sistemas de irrigação. O elemento primário irá oferecer uma resistência à passagem do líquido. A me- dição da vazão é, então, baseada na variação do nível produzida pelo elemento primário na presença do aumento da vazão. Os principais medidores em canais abertos são os vertedores e a calha Parshall. 344 MEDIDORES DE VAZÃO EM CANAIS ABERTOS Vertedores Trata-se de uma barragem vertical com um entalhe interpondo-se ao fluxo, obrigando o fluido subir à montante até verter à jusante pela abertura da base. A medição é feita pela altura estática do fluido e proporcional à vazão. Vertedor trapezoidal: 3 l/s a 85 l/s Relação vazão versus nível. Q m 3 s ⎡ ⎣⎢ ⎤ ⎦⎥ = 1,86 ? L ? H1,5 Vertedor em “V”: 3 l/s a 95 l/s Relação vazão versus nível Q m 3 s ⎡ ⎣⎢ ⎤ ⎦⎥ = 1,369 ? tg (0,5) ? H2,5 Vertedor retangular: 30 l/s a 1.700 l/s Relação vazão versus nível Q m 3 s ⎡ ⎣⎢ ⎤ ⎦⎥ = 1,839 ? L–0,2 H( ) ? H1,5 Fluxo Vertedor V FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 345 Calha Parshall É um tipo de Venturi aberto que mede a altura estática do fluido devido ao au- mento da velocidade. É um método mais vantajoso que o vertedor, porque apre- senta menor perda de carga e serve para medir fluidos com sólidos em suspensão. É constituída de uma estrutura com paredes verticais, possuindo, na entrada, um trecho convergente (0–1) e um trecho contraído em declive de seção constante (1–2) e, na saída, um trecho divergente em aclive (2–3). O trecho convergente, também chamado de crista, produz um nível no líquido medido que está dire- tamente relacionado com a vazão. Com auxílio de um medidor de nível externo adequado, podemos obter leituras de vazão com uma boa precisão. Por meio de testes experimentais, os resultados obtidos correspondem a expres- sões do tipo: Q = K ?Hn Onde: K: constante que depende das dimensões da calha e unidade de engenharia; n: valor que difere ligeiramente de 3/2; H: altura do fluido. 346 MEDIDORES DE VAZÃO EM CANAIS ABERTOS Operando-se com um escoamento livre, basta uma medida H para se conhecer a vazão. A medida H é feita na seção convergente, crista, localizada a 2/3 da dimensão B. Na operação não desejada, porém possível, ou seja, condição de escoamento por submersão, além da medida na crista, será preciso também uma medida Hb, em um ponto próximo da seção final da garganta. Para medidores de 6” a 96”, a posição dessa segunda medida deverá ficar a 2” à montante da parte final da seção estrangulada. A relação Hb/Ha que constitui a vazão de submersão na prática não deve ultrapassar 95%. O medidor para calha Parshall pode ser fornecido com escala graduada em vazão nas unidades de engenharia mais comuns, como m3/h, m3/min, l/min ou l/s. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 347 A tabela a seguir mostra a capacidade de vazão máxima e mínima da calha Par- shall em função da largura da garganta (W). O medidor de nível mais utilizado nas calhas Parshall é do tipo ultrassônico, por sua precisão (±0,25% FE) e praticidade. Como o sensor não entra em contato direto com o fluido, não há problemas de incrustações; além disso, possui a vantagem de fornecer a indicação no local e transmitir a distância os valores de vazão (instantânea ou totalizada) seja por um sinal analógico 4–20 mA, ou por uma comunicação digital. 32. Atividades de laboratório – vazão Verificar relação vazão x pressão diferencial Medir vazão de ar com placa de orifício Medir vazão de água com placa de orifício Medir vazão com compensação de temperatura e pressão Obter curva de calibração e constante da turbina Medir vazão de ar com turbina Medir vazão de água com turbina Medir vazão com medidor magnético Verificar relação vazão x pressão diferencial Objetivo Verificação prática da relação quadrática entre vazão e pressão diferencial utili- zando placa de orifício Material necessário: • kit placa de orifício (vazão de ar); • rotâmetro (0 l/h a 5.600 l/h); • reguladora de pressão; • reguladora de vazão; • manômetro (kPa); • coluna em “U”; FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 349 • mangueiras de vinil; • conexões. Procedimento: 1. Instale a coluna em “U” e acessórios como mostra a figura: Observações: a. Zerar a coluna de água. b. Manter inicialmente a válvula reguladora de pressão com a mola aliviada. c. Manter a válvula reguladora de fluxo totalmente aberta antes de conectar a alimentação de ar. d. Utilizar a tomada de ar comprimido em 80 psi. 2. Obtenha as vazões correspondentes a cada valor de ΔP: a. Conecte a alimentação pneumática. b. Com a reguladora de vazão totalmente aberta, ajuste a pressão gradativa- mente (reguladora de pressão) até que a coluna indique 560 mmH2O (ΔPmáx). c. Anote na tabela o valor de vazão indicado no rotâmetro (Qmáx). d. Escreva em seu caderno o valor da pressão para essa condição. Manômetro (kPa) Placa de orifício Reguladora de vazão Reguladora de pressão Coluna em "U" (mmH2O) Zero Q FI PI Rotâmetro ΔP 350 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO P =_____________KPa e. Ajuste a vazão (reguladora de vazão) de tal forma que a coluna indique 0 mmH2O, 140 mmH2O, 280 mmH2O, 420 mmH2O e 560 mmH2O. Man- tendo a pressão por meio da reguladora de pressão. f. Escreva em seu caderno os valores de vazão para cada valor de ΔP. g. Converta cada valor de vazão em % a partir da tabela a seguir. Relação ΔP versus Q ΔP Q 100% 560 mmH2O _______litros/hora 100% 75% 420 mmH2O _______litros/hora ______% 50% 280 mmH2O _______litros/hora ______% 25% 140 mmH2O _______litros/hora ______% 0% 0 mmH2O ___0___ litros/hora 0% Gráfico 3. Construa o gráfico vazão versusΔP com os valores (%) obtidos de vazão e ΔP (curva prática). 4. Calcule por meio da expressão Q% =10 DP% os valores teóricos (%) de vazão para cada valor de ΔP. a. =Q 10 75% Q = _____________% b. =Q 10 50% Q = _____________% c. =Q 10 25% Q = _____________% ΔP% Q% 100% 100 % 75% ______% 50% ______% 25% ______% 0% __0__ % Gráfico FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 351 5. Construa o gráfico vazão versus ΔP com valores (%) de Q% e ΔP% (curva teórica) Gráfico vazão (Q%) versus pressão diferencial (ΔP%) Vazão (%) Pr es sã o di fe re nc ia l ( % ) 0 25 50 75 100 0 25 50 75 100 Legenda: Valores teóricos Valores práticos 6. Observe a relação não linear (quadrática) entre a vazão e a pressão diferen- cial e compare a curva teórica com a curva prática, considerando como prin- cipais fontes de incerteza a leitura da coluna “em U” e a escala do rotâmetro. 7. Comentários: 352 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO Medir vazão de ar com placa de orifício Objetivo Medição de vazão de ar por pressão diferencial com placa de orifício e transmis- sor de pressão diferencial. Material necessário: • kit placa de orifício (vazão de ar); • rotâmetro (0 l/h a 5.600 l/h); • reguladora de pressão; • reguladora de vazão; • manômetro (kPa); • transmissor de pressão (LD-301); • mangueiras de vinil; • conexões. Procedimento: 1. Obtenha o valor da vazão (rotâmetro) e da pressão diferencial (transmissor). a. Configure o transmissor de pressão diferencial: • Range: 0 mmH2O a 1.000 mmH2O; • Display: pressão (função linear). b. Faça a instalação do transmissor e dos acessórios de acordo com a figura: Manômetro (kPa) Reguladora de pressão Reguladora de vazão Rotâmetro Placa de orifício H L PI FI FT FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 353 c. Abra totalmente a válvula reguladora de vazão. d. Ajuste a pressão da linha à montante (PI) em 60 kPa. e. Anote o valor da vazão indicada no rotâmetro f. Faça a leitura da pressão diferencial no display. 2. Determine o “K” da aplicação e a vazão máxima (escala). a. Com os valores da vazão e da pressão diferencial, calcule o “K” para essa aplicação. b. Considerando ΔP máximo = 1.000 mmH2O e o “K” obtido, determine a vazão máxima para efeito de escala. 3. Determine os valores teóricos de: a. ΔP em função utilizando “K” já obtido. b. Sinais de saída em função da vazão considerando saída linear com a vazão – exemplo: 50% da vazão = 50% da saída. Vazão ΔP Saída 4.000 litros/h _______mmH2O _____________mA 3.000 litros/h _______mmH2O _____________mA 2.000 litros/h _______mmH2O _____________mA Saída linear com a vazão 4. Configure o transmissor para medição de vazão: • Range: 0 mmH2O a 1.000 mmH2O. Q = _______ litros/h. ΔP = _______ mmH2O. K = _______. ΔPmáx. = 1.000 mmH2O. Qmáx = _______litros/h. 354 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO • Habilitar a função “RAIZ” (SQRT) • Display: 5. Faça os testes de verificação: a. Conecte um miliamperímetro (ou calibrador) na saída do transmissor. b. Mantenha a pressão à montante em 60 kPa. c. Regule a vazão através do rotâmetro para os valores sugeridos na tabela a seguir e faça as leituras da saída de corrente, ΔP e vazão. Rotâmetro Display Saída (miliamperímetro)1ª variável (ΔP) 2ª variável (vazão) 4.000 litros/h _______mmH2O _______litros/h _______mA 3.000 litros/h _______mmH2O _______litros/h _______mA 2.000 litros/h _______mmH2O _______litros/h _______mA 6. Compare os valores medidos com os valores calculados: Medir vazão de água com placa de orifício Objetivo Medir a vazão de água por pressão diferencial com placa de orifício e transmissor de pressão diferencial. Material necessário: • bancada de vazão; • transmissor de pressão diferencial (LD-301); • miliamperímetro ou calibrador; • mangueiras de vinil; • conexões. Procedimento: 1. Localize a placa de orifício e o transmissor de pressão diferencial na bancada de vazão: 1ª variável: pressão (mmH2O). 2ª variável: PV (vazão em litros/hora). FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 355 FV 03 FY 03 ReservatórioE-20B01 FI 01 FIT 03 FE 03 M FIT 02PI 01 FY 01 FE 01 FIT 01 FE 02 2. Alimente o transmissor (FIT-01) e o configure para medição de pressão diferencial: + _ Fonte 24 Vcc +FIT 01 _ + _ Calibrador (mA)4 mA a 20 mA Configurações: • range (pressão diferencial): 0 mmH2O a 1.000 mmH2O; • função: linear; • display: – 1ª variável: pressão. – 2ª variável: pressão. 356 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO 3. Ajuste a vazão da planta por meio do inversor de frequência (FY-01) para leitura no rotâmetro (FI-1) de 3.000 l/h e anote em seu caderno o valor da pressão diferencial indicada no display: 4. Calcule o “K” dessa aplicação: 5. Calcule o ΔP para cada valor de vazão: Valores teóricos Valores práticos Vazão (Rotâmetro) Vazão (Display) ΔP (Display) Q1 = 1.000 litros/h _______ litros/h ΔP1 = ______ mmH2O Q2 = 2.000 litros/h _______ litros/h ΔP2 = ______ mmH2O Q3 = 3.000 litros/h _______ litros/h ΔP3 = ______ mmH2O ΔP (calculado) ΔP1 = ______ mmH2O ΔP2 = ______ mmH2O ΔP3 = ______ mmH2O Vazão Q1 = 1.000 litros/h Q2 = 2.000 litros/h Q3 = 3.000 litros/h 6. Desligue o inversor e configure o transmissor para medição de vazão. a. Range (pressão diferencial): • 0 mmH2O a _______ mmH2O (ΔPmáx). Utilizar valor do item 3; • habilitar a função “RAIZ” (SQRT). b. Display: • 1ª variável: vazão (escala: 0 l/h a 3.000 l/h). • 2ª variável: pressão. 7. Ajustar a vazão da planta por meio do inversor de frequência (FY-01) para as vazões a seguir e fazer as medições. Compare os valores práticos com os teóricos. ΔP. = _______mmH2O Q = 3.000 litros/h K = _______ FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 357 8. Observe os dados para cálculo e complete a tabela: Dados para cálculo Observações Gerais Método Delmée Sistema Métrico Vazão Volumétrica Fluido Tipo de fluido Líquido (água) Massa específica (ρ) 989 kg/m3 Viscosidade (ν) 1,0 cP Placa Diâmetro da placa (d) _______ mm Ver instalação Material _____________ Tomada de impulso _____________ Tubo Diâmetro interno (D) _______ mm Diâmetro nominal 1” Operação Temperatura do fluido 23 °C Pressão 0,1 kgf/cm2 9. Calcule as vazões utilizando o ELEMVAZ 10. Compare os valores das vazões calculadas com as vazões medidas: Vazão Vazão (Elemvaz) Erro (%) Q1 = 1.000 litros/h Q1 = _______ litros/h _______% Q2 = 2.000 litros/h Q2 = _______ litros/h _______% Q3 = 3.000 litros/h Q3 = _______ litros/h _______% ΔP (do item 7) ΔP1 = ______ mmH2O ΔP2 = ______ mmH2O ΔP3 = ______ mmH2O Vazão calculada Q1 = ______ litros/h Q2 = ______ litros/h Q3 = ______ litros/h Elemvaz 358 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO Medir vazão com compensação de temperatura e pressão Objetivo Medição de vazão de ar por pressão diferencial com compensação de temperatura e pressão utilizando computador de vazão. Material necessário: • kit placa de orifício (vazão de ar); • reguladora de pressão; • reguladora de vazão; • manômetro (kPa); • computador de vazão (3095MV); • mangueiras de vinil; • conexões. Procedimento: 1. Faça a instalação do computador de vazão e acessórios de acordo com a figura: Display: • Vazão (Kg/h) • ΔP (mmH2O) • Temperatura (°C) • Pressão (Kpa) Calibrador de temperatura Sinal Pt-100 Reguladora de fluxo Reguladora de pressão Fonte 24 Vcc H PI + L – atm FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 359 Dados de operação: • Fluido: ar; • Qmáx: 4,2 Kg/h; • ΔPmáx: 770 mmH2O; • Temp. de operação: 25 °C; • Pr. de operação: 40 Kpa; • D: 52,5 mm; • d: 4 mm. 2. Obtenha o valor de “K” da aplicação (valor teórico) a partir dos dados de operação: Pressão teórica = 40 KPa e temperatura teórica = 25 °C ΔPmáx. = 770 mmH2O Qmáx. = 4,2 Kg/h P = 40 kPa → Pabs :______kPa T = 25 °C → Tabs :______K Cálculo: Kteórico = _______ 3. Obtenha o valor de “K” da aplicação (valor prático) e compare com o teórico: Manter reguladora de fluxo aberta, P = 40 KPa e T = 25 °C ΔP(display) = ______mmH2O Q(display) =______Kg/h P(display) : ______kPa T (display) = ______°C → Tabs :______K Cálculo: Kprático = _______ 4. Meça a vazão com pressão e temperatura de operação (P= 40 kPa e T= 25 °C). a. Regule a vazão entre 1,9 kg/h e 2,1 kg/h (aprox. 50%) e anote os valores em seu caderno: Manter P = 40 KPa e T = 25 °C ΔP(display) = _______ mmH2O Q(display) = _______ Kg/h P(display) : _______kPa T (display) = _______°C → Tabs :______K b. Calcule a vazão utilizando esses dados (usar o kprático): Q= _______ Kg/h 360 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO c. Compare a vazão indicada (display) com a vazão calculada. 5. Meça a vazão com compensação de pressão (temperatura constante): a. Mantenha a reguladora de fluxo aberta, P = 30 kPa, T = 25 °C e faça as medições: ΔP(display) = __________ mmH2O Vazão(display) = __________ Kg/h P(display): __________ kPa T (display) = ________°C → Tabs :________.K b. Calcule a vazão compensada (usar o kprático): Q(calculada):_______ Kg/h c. Com a reguladora de fluxo aberta, ajuste a pressão em 20 kPa e faça as medições: ΔP(display) = _______ mmH2O Vazão(display) = _______ Kg/h P(display) : ____________ kPa T(display) = _______ °C → Tabs :______ K d. Calcule a vazão compensada (usar o kprático): Q(calculada):_______ Kg/h e. Compare as vazões calculadas com as vazões práticas. 6. Meça a vazão com compensação de temperatura (pressão constante): a. Mantenha reguladora de fluxo aberta, T = 60 °C, P = 40 kPa e faça as medições: ΔP(display) = _______ mmH2O Vazão(display) = _______ Kg/h P(display) : _______ kPa T (display) = _______°C → Tabs :______ K b. Calcule a vazão compensada (usar o kprático): Q(calculada):_______ Kg/h c. Com a reguladora de fluxo aberta ajuste a temperatura em 90 °C (P = 40 kPa) ΔP(display) = _______ mmH2O Vazão(display) = _______ Kg/h P(display) : _______ kPa T (display) = _______ °C → Tabs :______ K d. Calcule a vazão compensada (usar o kprático): Q(calculada):_______ Kg/h e. Compare as vazões calculadas com as vazões práticas. FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 361 Obter curva de calibração e constante da turbina Objetivos Medir a frequência produzida, determinar a curva e constante de calibração da turbina. Material necessário: • turbina Contech; • mangueiras de vinil; • calibrador Isocal; • reguladora de fluxo; • reguladora de pressão; • manômetro padrão (kPa); • rotâmetro (0 l/h a 5.500 l/h). Procedimento: 1. Instale o sistema a seguir: C alibrador P I F E R eguladora de pressão 7 bar T recho reto F I R otâmetro R eguladora de F luxo Mantenha a mola da reguladora aliviada e a pressão desconectada Anote o número da turbina: no______________ Mantenha a reguladora de fluxo totalmente aberta Rotâmetro Calibrador FI PI Trecho reto 7 bar Reguladora de pressão Reguladora de fluxo 362 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO 2. Conecte a saída de pulsos da turbina na entrada de frequência do calibrador. 1 2 3 4 5 _ +S Rotor Rotor Isocal frequência 3. Conecte a alimentação pneumática. 4. Aumente gradativamente a pressão (reguladora) e anote a frequência de partida (inércia) da turbina, assim como a vazão indicada no rotâmetro. • Frequência (partida): _______ Hz. • Vazão (partida): ______________litros/hora. 5. Mantenha a pressão ajustada em 90 kPa e a válvula reguladora de fluxo aberta. 6. Por meio da reguladora de vazão, faça o ajuste para 5.000 litros/hora man- tendo a pressão pela reguladora em 90 kPa e anote em seu caderno o valor da frequência. 7. Repita o procedimento para os valores de vazão indicados na tabela. Vazão Frequência 1 5.500 litros/hora _______Hz 2 5.000 litros/hora _______Hz 3 4.500 litros/hora _______Hz 4 4.000 litros/hora _______Hz 5 3.500 litros/hora _______Hz 6 3.000 litros/hora _______Hz 7 2.500 litros/hora _______Hz 8 2.000 litros/hora _______Hz 9 1.500 litros/hora _______Hz (continua) FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 363 Vazão Frequência 10 1.000 litros/hora _______Hz Observação: Mantenha a pressão em 90 Kpa pela reguladora de pressão e ajuste a indicação do rotâmetro pela reguladora de fluxo. 8. Com os dados da tabela (item 7), construa o gráfico (curva de calibração). 1000 2000 4000 3000 1000 3000 50000 60002000 4000 V azão (litros/hora) 0 5000 500 1500 2500 3500 4500 500 1500 2500 3500 4500 5500 9. Determinar o “K” da turbina: a. Pegue 5 pontos da faixa linear da turbina e calcule o “K” para cada vazão. Frequência (Hertz) Vazão (litros/hora) 364 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO Vazão Frequência K 1 _______ litros/seg. _______ Hz K1 =_______ pulsos/litro 2 _______ litros/seg. _______ Hz K2 = _______ pulsos/litro 3 _______ litros/seg. _______ Hz K3 = _______ pulsos/litro 4 _______ litros/seg. _______ Hz K4 = _______ pulsos/litro 5 _______ litros/seg. _______ Hz K4 = _______ pulsos/litro b. Calcule o “k” médio da turbina. = + + + +K (médio) K K K K K 4 1 2 3 4 5 K = _______pulsos/litro 10. Refaça as ligações da turbina. 1 2 3 4 5 _ +S RotorRotor Isocal frequência FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 365 Medir vazão de ar com turbina Objetivo Configurar o indicador e totalizador na medição de vazão de ar com turbina. Material necessário: • mangueiras de vinil; • calibrador Isocal; • indicador/totalizador Contech; • turbina Contech; • reguladora de fluxo; • reguladora de pressão; • manômetro padrão (kPa); • rotâmetro (0 litros/h a 5.500 litros/h). Procedimento: 1. Faça as ligações da turbina ao indicador/totalizador de vazão e em seguida ligue a alimentação elétrica (110 Vac). 1 2 3 4 5 preto (-) amarelo (sinal) vermelho (+) _ +S Indicador/totalizador Rotor 110 Vac FQI 366 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO 2. Instale a turbina de acordo com a ilustração: C alibrador P I F E R eguladora de pressão 7 bar T recho reto F I R otâmetro R eguladora de F luxo 3. Faça uma breve familiarização com indicador/totalizador de vazão. a. Selecione indicação/totalização: • ⇓: CA-1 (canal 1 – indicação de vazão); • ⇓: TOT (totalização). b. Resete (zere) o totalizador (em totalização): • ⇑ • RESET ⇔ • RESET TOT ⇔ • RESET ⇑ • VOLTA ⇔ 4. Da atividade anterior (faixa linear), anote os dados para configuração: Frequência Vazão Mínima (Lim. Low) Máxima (Lim. High) Mínima (Eng. Low) Máxima (Eng. High) _______Hz _______Hz _______m3/h _______m3/h 5. Configure o indicador de vazão. Procedimento: • ⇔ (senha: ⇑, ⇓, ⇔) Mantenha a mola da reguladora aliviada e a pressão desconectada Anote o número da turbina: no______________ Mantenha a reguladora de fluxo totalmente aberta Rotâmetro Calibrador FI PI FE Trecho reto 7 bar Reguladora de pressão Reguladora de fluxo FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 367 • GERAL ⇑ • ENTR ⇔ • CA-1 ⇔ • ESCALA ⇔ • LIM.LO ⇓ • .....0..... (digitar zero) ⇔ ⇔ ⇔ • LIM.LO ⇓ • LIM.HI ⇔ • ______ (digitar valor da frequência máxima) ⇔ ⇔ ⇔ • LIN.MI ⇓ • ENG.LO ⇔ • ......0...... (digitar zero) ⇔ ⇔ ⇔ • ENG.LO ⇓ • ENG.HI ⇔ • _______ (digitar valor da vazão máxima) ⇔ ⇔ ⇔ • ENG.HI ⇓ • OFF-SET ⇓ • PT.DEC ⇓ • VOLTA ⇔ • ESCALA ⇑ • VOLTA ⇔ • CA-1 ⇑ • VOLTA ⇔ • ENTR. ⇓ • GERAL ⇓ • MODO DE OPERAÇÃO 6. Teste o indicador de vazão: a. Abra totalmente a reguladora de fluxo e conecte a alimentação pneumática; b. Mantenha a pressão ajustada em 90 kPa; c. Regule o fluxo para que o rotâmetro indique 5.000 l/h, 4.000 l/h, 3.000 l/h, 2.000 l/h e 1.000 l/h; d. Faça as leituras do indicador e calcule o erro (m3/h e %). 368 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO Rotâmetro Indicador Erro 5.000 litros/h _______ m3/h ______ m3/h ______% 4.000 litros/h _______ m3/h ______ m3/h ______% 3.000 litros/h _______ m3/h ______ m3/h ______% 2.000 litros/h _______ m3/h ______ m3/h ______% 1.000 litros/h _______ m3/h ______ m3/h ______% 7. Configure totalizador de vazão: Procedimento: • ⇔ • GERAL ⇑ ⇑ ... até aparecer “TOTAL” • TOTAL ⇔ • CA-1 ⇔ • CONT ⇔ • _______ (valor de ENG.HI) em litros ⇔ ⇔ ⇔ • CONT ⇓ • TEMPO ⇔ • ....60.... (valor em minutos) ⇔ ⇔ ⇔ • TEMPO ⇓ • PT. DEC ⇓ ______atéVOLTA • VOLTA ⇔ • TOTAL ⇓ ⇓ ..... até “GERAL” • MODO LEITURA 8. Testar totalizador de vazão: a. Mantenha a pressão ajustada em 90 kPa e a válvula reguladora de fluxo ajustada para que o rotâmetro indique 5.000 litros/hora. b. Anote o valor indicado no indicador: Q = _______ m3/h c. Cronometre 4 minutos e anote o volume totalizado em litros nesse período. V = _______ litros d. Calcule a vazão em L/min: Q = ______ L/min FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 369 e. Converta a vazão para m3/h: Q = _______m3/h f. Compare a vazão indicada com a vazão valor calculada. Vazões Erro (Qindicada – Qcalculada) Rotâmetro Indicada Calculada ______ m3/h ______% 5,0 m3/h ______ m3/h ______ m3/h ______ m3/h ______% Medir vazão de água com turbina Objetivo Configurar indicador e totalizador de vazão na medição de vazão de água com turbina. Material necessário: • bancada de vazão; • turbina Burket; • calibrador (miliamperímetro). Procedimentos: 1. Localize a turbina na bancada de vazão. FV 03 FY 03 ReservatórioE-20B01 FI 01 FIT 03 FE 03 M FIT 02PI 01 FY 01 FE 01 FIT 01 FE 02 370 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO 2. Ligue a bancada, ajuste a vazão por meio do inversor de frequência para os valores da tabela, leia os valores de frequência indicados na turbina e calcule o “k” para cada vazão. Rotâmetro Frequência K Q1 = 1.000 l/h Fr1 =_______ Hz K1 = ______ pulso/litro Q2 = 2.000 l/h Fr2 =_______ Hz K2 = ______ pulso/litro Q3 = 3.000 l/h Fr3 =_______ Hz K3= ______ pulso/litro 3. Determine o fator “K” da turbina (Kmédio): 4. Parametrizar a turbina com os dados a seguir: • Indicação de vazão: ______litros/hora. • Totalizador: _____________litros. • “K” (médio): _____________pulsos/litro (calculado). • Range: ______________0 l/h a 3000 l/h. • Saída:________________4 mA a 20 mA. • Damping (filtro): ________3. 5. Fazer as ligações a seguir: FT-03 + _ mA4 mA a 20 mA 24 Vcc + _ _ + 6. Faça o teste vazão conforme tabela a seguir: Rotâmetro Turbina Saída (calculada) Saída (medida) 1.000 l/h _______ l/h _______ mA _______ mA 2.000 l/h _______ l/h _______ mA _______ mA 3.000 l/h _______ l/h _______ mA _______ mA K médio = _______ pulsos/litro. Obs.: ligação a dois fios FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO 371 7. Ajuste a vazão para 3.000 l/h e anote o número de litros totalizados em 3 minutos. Totalização em 3 min: _______ litros. 8. Calcule a vazão e compare com o valor indicado na turbina: Vazão calculada:_______ l/min = _______ l/h. Medir vazão com medidor magnético Objetivo Configurar indicador e totalizador de vazão na medição de vazão de água com turbina. Material necessário: • bancada de vazão; • medidor magnético Conaut; • calibrador (miliamperímetro). Procedimentos: 1. Localize o medidor magnético na bancada de vazão: FV 03 FY 03 ReservatórioE-20B01 FI 01 FIT 03 FE 03 M FIT 02PI 01 FY 01 FE 01 FIT 01 FE 02 372 ATIVIDADES DE LABORATÓRIO – VAZÃO 2. Ligue a bancada de vazão e faça a parametrização do medidor magnético: • Indicação vazão: litros/hora. • Indicação totalização: + total (sentido direto). • Range: 0 litros/hora a 3.000 litros/hora. • Habilitar corrente de saída. • Range de saída: 4 mA a 20 mA. • Diâmetro da linha: 25 mm (1”). • Fator (GKL): _______ (da placa). 3. Conecte um miliamperímetro à saída do medidor magnético: FT- 02 + _ mA F N Alimentação 110 Vac Saída 4 mA a 20 mA 4. Ajuste a vazão através do inversor de frequência para os valores da tabela e anote as indicações em seu caderno. Rotâmetro Magnético Saída (calculada) Saída (medida) 1.000 l/h _______ l/h _______mA _______mA 2.000 l/h _______ l/h _______mA _______mA 3.000 l/h _______ l/h _______mA _______mA 5. Selecionar indicação do display para totalização. 6. Ajuste a vazão para 3.000 litros/hora e anote o número de litros totalizados em dois minutos. Totalização em dois min: _______ litros. 7. Calcule a vazão e compare com o valor indicado no medidor magnético. Vazão calculada:_______ litros/hora. Obs.: Não altere o parâmetro “User Unit Factor” ATENÇÃO! Não ligar fonte 24 Vcc ATENÇÃO! O FT-02 já está alimentado (110 Vac) pela bancada Referências ANDREW, W. G.; WILLIANS, H. B. Applied instrumentation in the process industries. 2. ed. Houston: Gulf Publishing Company. 1979, v. 1. _______. Applied instrumentation in the process industries. Practical Guidelines 2. ed. Houston: Gulf Publishing Company, 1980, v. 2. BEGA, Egídio Alberto et al. Instrumentação industrial. Rio de Janeiro: Inter- ciência, 2006. BORCHARAT, Ildon Guilherme; GOMES, Alvaro Ferreira. Termopares. Porto Alegre: Sagra, [s.d.]. BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Cia da Letras, 2000. DALLY, James W.; RILEY, William F.; McCONNELL, Kenneth G. Instrumenta- tion for engineering measurements. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1993. DELMÉE, Gerard J. Medição de vazão. São Paulo: Edgard Blücher, [s.d.] FIALHO, Arivelto Bustamante. Instrumentação industrial: conceitos, aplicações e análises. São Paulo: Editora Érica, 2002. HUTCHISON, J. W. (Ed.). Isa handbook of control valves. 2. ed. Pittsburgh: ISA 1984. MOLLENKAMP, Robert A. Introduction to automatic process control. Pitts- burgh: ISA, 1984. SENAI. ES. 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