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APOSTILA - DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL

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DIREITO 
COMERCIAL E 
EMPRESARIAL – 
DCE 
RESUMO 
Introduzir o aluno ao conhecimento na área do direito 
comercial, empresarial e trabalhista, de acordo com as 
diretrizes das bases tecnológicas do curso Técnico em 
Contabilidade. 
Nivânia Rocha 
Curso Técnico em Contabilidade -2º Módulo 
ETEC Fernando Prestes 
1 
 
DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL 
CURSO TÉCNICO EM CONTABILIDADE 
1º MÓDULO – ETEC – FERNANDO PRESTES 
Profª Nivânia A. Rocha 
 
1. Instituição do Direito Público e Privado. 
 
1.1. Noções de Direito – No início da civilização, imperava a lei do mais forte. O homem 
primitivo, para sua defesa, aprendeu a morar em árvores, cavernas e a colocar 
obstáculos à porta de sua moradia. A preocupação maior era aumentar, cada vez mais, 
os recursos para enfrentar seus inimigos naturais e, assim, aos poucos, submetê-los ao 
seu domínio. A descoberta do fogo, a confecção do machado de sílex1, de lanças com 
pontas de ossos ou pedras afiadas, de arcos e flechas tornaram-no superior aos 
animais. 
 
Entre os pequenos grupos formados por parentes de sangue surgiam rivalidades 
envolvendo o patrimônio ou suas mulheres. E nessas lutas, os fracos acabavam 
fugindo para outras regiões, deixando o que tinham acumulado. Era a “lei do mais 
forte”. Foi aí que apareceu o primeiro elemento do direito: “o respeito pela coisa 
alheia”. O homem começou a compreender que o direito é o respeito à propriedade, à 
vida e à liberdade de outrem. 
 
Surgiu, então, aos poucos, a necessidade de impor aos homens determinadas regras 
para dirigir a sua conduta, o seu comportamento, disciplinando, assim, a vida social. 
Através dessas normas, o Estado impõe um mandamento: uma proibição ou uma 
permissão, sem que sejam identificados o seu sujeito passivo ou ativo. Assim, o Poder 
Público regula o estado de fatos hipotéticos e ainda de fatos futuros na ordem social, 
prevendo uma relação entre pessoas ou entre pessoas e coisas, a fim de que haja paz e 
progresso na sociedade, respeito mútuo entre as pessoas e respeito à propriedade 
alheia, evitando atritos entre os homens. Nessas condições, todos passam a ter 
direitos e deveres de tal forma que para alguém exigir seus direitos precisa cumprir 
suas obrigações. 
 
Vivendo em sociedade, o homem encontra na ordem jurídica o instrumento para sua 
observância. A proteção coercitiva2 é elemento essencial para que haja paz e ordem 
social efetiva. São, portanto, as necessidades dos grupos sociais que levam o Estado a 
impor regras de conduta através de seus órgãos legislativos. Tais normas jurídicas 
provêm, exclusivamente, das leis jurídicas. Este é o preceito do direito: a obediência às 
regras. Caso contrário, a sociedade pereceria pela violência, ou pelo arbítrio do mais 
forte sobre o mais fraco. 
 
Enfim, o Direito composto por um conjunto de normas jurídicas, equaciona a vida 
social, atribuindo aos indivíduos que a constituem, não só uma reciprocidade de 
 
1 Sílex – espécie de rocha sedimentar muito cura com densidade elevada 
2 Coercitiva – Capaz de impor pena; em que há intervenção do Estado, geralmente contra a vontade de 
quem recebe, para que uma pena seja cumprida. 
2 
 
poderes e faculdades, mas também de deveres e obrigações, visando resolver os 
conflitos de interesses e assegurar a ordem de maneira imperativa. 
 
Todas essas regras jurídicas, existentes num dado momento no país, constituem a 
ordem jurídica dominante e recebem o nome de Direito Positivo. 
 
Direito Positivo é, portanto, um sistema normativo, ou seja, um conjunto de normas 
jurídicas visando a paz social, a ordem na sociedade. Sua finalidade primordial é o 
bem-estar da sociedade, vale dizer, seu fim principal é a ordem na sociedade. Por isso, 
Maria Helena Diniz definiu o direito como “o conjunto de normas, estabelecidas pelo 
poder político, que se impõem e regulam a vida social de um dado povo em 
determinada época3.” 
 
1.2. Divisão do Direito Positivo ou Objetivo 
 
Apesar da unidade do sistema normativo, o Direito divide-se em dois conjuntos de 
normas jurídicas, o Direito Público e o Direito Privado. 
 
Tanto o Direito Público como o Direito privado formam um conjunto de leis que lhe 
são inerentes, sendo que uma lei não pode pertencer, ao mesmo tempo, aos dois 
conjuntos. 
 
O Direito Público é o conjunto de normas interligadas entre si, regulando as atividades 
do Poder Público, ou seja, a atividade da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos 
Territórios, dos Municípios, das Autarquias e das demais entidades de caráter público, 
criadas por lei. 
 
O Direito Privado é o conjunto de normas interligadas entre si, regulando as atividades 
dos particulares. 
 
1.2.1. Direito Público 
 
Por figurar o Poder Público ou o Estado em um dos polos da relação jurídica, 
entende-se serem as normas de Direito Público destinadas a disciplinar os 
interesses gerais da coletividade. Esse conjunto de leis que compõem o Direito 
Público4, por sua vez, se subdivide em outros dois conjuntos de leis, surgindo de 
um lado, o Direito Externo, e de outro, o Direito Interno. 
 
O Direito Externo trata da atividade dos países. É um conjunto de regras, 
convenções ou tratados que disciplinam as relações entre as Nações, figurando, 
sempre, em um dos polos o Brasil, como país soberano, pessoa jurídica de Direito 
Público. Essas convenções ou tratados, colocados em um livro, formam o Código 
Internacional Público, que contém as normas do Direito Internacional Público. 
 
No Direito Interno, que vigora somente dentro do nosso país, encontramos 
diversos ramos do Direito: 
 
3 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2003. v. I. p. 8. 
4 O Direito Público é formado por normas que tendem aa regular um interesse, direto ou indireto do 
próprio Estado. 
3 
 
a) Direito Constitucional – visa regulamentar a estrutura básica do Estado e suas 
metas, além de fixar os direitos fundamentais da pessoa humana; 
b) Direito Administrativo – conjunto de regras destinadas ao funcionamento da 
administração pública no que concerne às relações entre a Administração e os 
administrados; 
c) Direito Tributário – cuida da forma de instituição e arrecadação de tributos e 
tem por escopo a obtenção da receita para o Estado. 
d) Direito Processual – disciplina a atividade do Poder Judiciário e dos que a ele 
recorrem; 
e) Direito Penal – visa à repressão dos delitos; é um conjunto de leis que define 
os crimes e estabelece as penas. 
 
1.2.2. Direito Privado 
 
O Direito Privado se encontra subdividido em duas massas de leis: de um lado, o 
Direito Comum e, de outro, o Direito Especial. 
 
Para sabermos se uma norma pertence ao Direito Comum ou ao Direito Especial, 
devemos considerar primeiro o ramo componente do Direito Especial; se a norma 
não pertence a este, será de Direito Comum representado pelo Direito Civil. 
 
Os ramos que formam o Direito Especial são: Direito do Consumidor e o Direito do 
Trabalho. 
 
Direito do Consumidor é o conjunto de leis que trata das relações entre 
consumidor e fornecedor/fabricante; Direito do Trabalho é o conjunto de leis que 
trata das relações entre empregado e empregador. 
 
Se a norma de Direito Privado não possui em um de seus polos o consumidor nem o 
empregado, ela pertence ao Direito Comum (Direito Civil). 
 
2. Tipos de Direito e Hierarquia das Leis. 
 
O Direito Positivo é o conjunto de todas as normas jurídicas que se encontram em 
vigor no país e que agem diretamente sobre o indivíduo, permitindo, proibindo ou 
impondo sanções. Esse número de leis é incontável, pois a cada instante se 
promulgam novas leis. Portanto, todas as normas jurídicas existentes no país 
constituem o sistema jurídico vigente, o qual varia de acordo com a época e com a 
política dominante. 
 
A lei ordinária é uma regra elaborada pelo legislador, para ordenar, dirigir o 
comportamento do homem que vive em sociedade,determinando como deve ser sua 
conduta. Chega até a proibir ou regular ações do homem. Esta é uma lei: “Aquele que, 
por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. (CC, art. 186). O 
art. 927 do CC complementa: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano 
a outrem, fica obrigado a repará-lo.” Se não existisse essa regra imposta pelo Poder 
Público, a reparação de um dano na condição acima ficaria a critério da consciência de 
cada um. Mas existindo essa lei, aquele que causar prejuízo a outrem, agindo com 
4 
 
culpa, fica, coercitivamente, obrigado a reparar o dano; basta para tanto requerer ao 
juiz, provar a culpa do agente e o prejuízo causado ou o dano moral. 
 
A lei caracteriza-se por duas peculiaridades: 
 
a) É genérica, pois não é feita para um grupo de pessoas, ou seja, não é dirigida 
individualmente a certas pessoas para resolver situações particulares, mas se 
dirige, a todas as pessoas da sociedade, regulando o comportamento de todos; 
b) É obrigatória, pois age sobre todos os indivíduos, impondo indistintamente um 
dever; e, para que haja respeito entre os homens, a lei se caracteriza pela 
coercibilidade, que é assegurada através da sanção5. A lei, portanto, é um 
comando, uma ordem imperativa. 
 
O certo é que toda norma jurídica pretende uma eficácia plena, ou seja, a pronta 
obediência do destinatário. Caso ocorra a desobediência, surge oportunidade à sanção 
nela contida. 
 
A sanção é o elemento constrangedor de toda lei, por obrigar o indivíduo a fazer o que 
ela determina. 
 
Há uma diferença entre a norma moral e a jurídica. “Noivado – por exemplo – é 
compromisso de natureza puramente moral e, por isso mesmo, ao desamparo de 
qualquer norma jurídica” – decidiu o Tribunal. “Assim, o seu rompimento, em tese, 
não admitirá nenhuma sanção de ordem econômico-financeira” (in RT 473/213). 
 
Só as leis jurídicas são dotadas de sanções para evitar que sejam violadas. A sanção é 
uma consequência jurídica, prevista pela lei, para fazer com que os homens a 
respeitem pelo temor às consequências de sua infração. Exemplificando, o art. 814 do 
CC dispõe; “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento;...” A sanção 
está em não autorizar o credor a exigir o seu adimplemento. Mas, se o devedor pagar 
a dívida voluntariamente, o próprio legislador prevê que não poderá exigir a 
devolução, conforme está na segunda parte do artigo supra: “As dívidas de jogo ou de 
aposta não obrigam a pagamento; mas não pode recobrar a quantia, que 
voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou 
interdito.” A sanção está, pois, na não obrigação de restituir a importância que se 
pagou. 
 
Fazendo-se um retrocesso, a lei jurídica é uma regra geral e obrigatória emanada do 
Poder Legislativo e editada no interesse do povo, mediante processo específico de 
elaboração. 
 
No sistema constitucional brasileiro, o conceito de lei é de suma importância, pois dele 
dependem todas as garantias e direitos individuais estabelecidos no art. 5º, II, da 
Constituição Federal. Este princípio diz o seguinte: “Ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Vale dizer, só a lei poderá 
obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. 
 
2.1. Quando a lei se torna obrigatória 
 
5 Sanção: aplicação das penas previstas na lei contra os infratores dela. 
5 
 
 
Quando uma lei está sendo elaborada, após a sanção do projeto por parte do 
Presidente da República, vem a sua publicação no jornal oficial para dar conhecimento 
a todos do texto legislativo. Sua força obrigatória está em função de sua vigência, ou 
seja, quando ela começa a vigorar, ou quando ela produz efeitos jurídicos. Esse dia 
pode ou não ser fixado pelo próprio texto legal. Muitas vezes, coincide com a própria 
data da publicação; outras vezes, a data é determinada pelo legislador e a lei passa a 
ser obrigatória a todos, tanto para os que estão dentro, como para os que estão fora 
do país e, ainda, para os estrangeiros que aqui estiverem. 
 
O primeiro dia de sua obrigatoriedade nem sempre coincide com a data de publicação. 
Ao período que vai da publicação da lei até a data de início da vigência, dá-se o nome 
“vacatio legis”. 
 
Caso não seja fixado período algum para o início da vigência da nova lei, ela começa a 
vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. Portanto, em nosso 
sistema, a vacatio legis é de 45 dias. 
 
2.1.1. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando a sua ignorância. 
 
A partir do momento em que a lei se torna obrigatória, há presunção legal de que 
todos a conheçam, ou seja, é inaceitável a desculpa de que se deixou de cumpri-la por 
ignorar a sua existência. É o que está no art. 3º da Lei de Introdução às Normas de 
Direito Brasileiro (LINDB), in verbis: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que 
não a conhecer”. 
 
Essa fórmula é uma necessidade para a estabilidade social e jurídica, pois se fosse 
admitida a exceção da ignorância, haveria insegurança jurídica em todos os negócios, 
comprometendo-se, assim, a força imperativa de norma com prejuízo para a 
comunidade. Fácil e cômodo ficaria safar-se de determinada situação jurídica com a 
simples alegação de desconhecimento da lei. Não traz vantagem alguma a uma pessoa 
alegar desconhecê-la. 
 
Contudo, a citada regra não é absoluta, pois admite exceções. Por exemplo, a Lei de 
Falência, em seu art. 186, parágrafo único, estabelece isenção de pena ao devedor que 
tiver instrução insuficiente e explorar comércio exíguo, desde que seja empresário 
individual (por exemplo, um alfaiate). 
 
2.2. Hierarquia das Leis no Brasil. 
 
Sob esse enfoque, as normas classificam-se em constitucionais, complementares, 
ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções e normas 
internas. 
 
2.2.1. Normas Constitucionais – são as que constam da Constituição, às quais as demais 
devem amoldar-se. São as mais importantes, por assegurarem os direitos 
fundamentais do homem, como indivíduo e como cidadão, e disciplinarem a 
estrutura da nação e a organização do Estado. A Constituição Federal situa-se, no 
topo da escala hierárquica das leis, por traçar as normas fundamentais do Estado. 
6 
 
2.2.2. Leis Complementares – são as que se situam entre a norma constitucional e a lei 
ordinária, porque tratam de matérias especiais que não podem ser deliberas em 
leis ordinárias e cuja aprovação exige “quórum” especial (CF, arts. 59, parágrafo 
único, e 69)6. Destinam-se à regulamentação de textos constitucionais, quando o 
direito definido não é auto executável e há necessidade de se estabelecerem os 
requisitos e forma de sua aquisição e exercício. Sobrepõem-se às ordinárias, que 
não podem contrariá-las7. 
O projeto de lei complementar só pode ser aprovado caso conquiste a maioria 
absoluta dos votos das duas Casas do Congresso (41 senadores e 257 deputados). 
A votação no Senado é feita em turno único, mas na Câmara realiza-se em dois 
turnos. A lei ordinária também não pode invadir o campo de atuação destinado à 
lei complementar. Caso haja invasão, ocorre a nulidade nos pontos específicos 
onde ocorreu a invasão, por desrespeito à norma constitucional. Podem propor tal 
espécie de lei o presidente da república, deputados, senadores, comissões da 
Câmara, do Senado e do Congresso, bem como o Supremo Tribunal Federal (STF), 
tribunais superiores, procurador-geral da república e, finalmente, por cidadãos 
comuns8. 
 
2.2.3. Leis Ordinárias – são as leis comuns que emanam dos órgãos investidos de função 
legislativa pela Constituição Federal mediante discussão e aprovação de projetos 
de lei submetidos às duas Casas do Congresso e, posteriormente, à sanção e 
promulgação do Presidente da República e publicação no Diário Oficial da União. 
A relaçãoda competência para propor leis ordinárias está disposto no art.61, da 
Subseção III (Das Leis). 
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro 
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso 
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais 
Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos 
previstos nesta Constituição. 
2.2.4. Leis Delegadas - são elaboradas pelo Executivo, por autorização expressa do 
Legislativo, tendo a mesma posição hierárquica das ordinárias (C.F., art. 68, §§ 1º 
ao 3º)9. 
 
6 C.F. - Art. 59 – Parágrafo único - Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, 
redação, alteração e consolidação das leis. 
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. 
 
7 GONÇALVES, Carlos Roberto – LENZA Pedro Coordenador - Direito Civil 1 – Esquematizado - Parte 
Geral – Obrigações e Contratos – Editora: Saraiva – SP – Edição 7ª – 2017. 
8 Disponível em: < https://www.infoescola.com/direito/lei-complementar/ >. Acesso: 12/02/18. 
9 Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a 
delegação ao Congresso Nacional. 
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de 
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei 
complementar, nem a legislação sobre: 
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; 
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; 
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 
7 
 
2.2.5. Medidas Provisórias – estão situadas no mesmo plano das ordinárias e das 
delegadas, malgrado não sejam propriamente leis. São editadas pelo Poder 
Executivo (C.F., art. 84, XXVI), que exerce função normativa, nos casos previstos na 
Constituição Federal. Com o advento da Constituição de 1988, substituíram os 
antigos decretos-leis (art. 25, I, II, §§1º e 2º, do ADCT). O artigo 62 e §§ 1º a 12 do 
referido diploma, com a redação da Emenda Constitucional nº 32/2001, permitem 
que o Presidente da República adote tais medidas, com força de lei, em caso de 
relevância e urgência, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
Tais medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem 
convertidas em lei dentro de 60 (sessenta) dias, prorrogável por uma única vez por 
igual prazo, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as 
relações jurídicas delas decorrentes. 
2.2.6. Decretos Legislativos – são instrumentos normativos (C.F., art. 59, VI) por meio dos 
quais são materializadas as competências exclusivas do Congresso Nacional, como 
a de resolver definitivamente sobre tratados internacionais que acarretem 
compromissos gravosos ao patrimônio nacional (C.F., art. 49, I) e a de disciplinar os 
efeitos decorrentes da medida provisória não convertida em lei (C.F., art. 62, §3º). 
Não sujeito à sanção do presidente. 
Uma das funções mais importantes é regular o que acontece com as relações 
jurídicas que ocorrem na vigência de medias provisórias não convertidas em lei. 
Explico: é editada uma MP, que começa a produzir efeitos desde então. Mas aí ela 
não é convertida em lei (ou porque passou o prazo para conversão ou porque foi 
expressamente rejeitada). O que acontece com o período em que ela era válida e 
as relações jurídicas acontecidas nesse tempo? É exatamente isso que o decreto 
legislativo vai dizer. 
2.2.7. Resoluções – são normas expedidas pelo Poder Legislativo regulamentando 
matérias de competência privativa da Câmara dos Deputados (C.F., art. 51) e do 
Senado Federal (art. 52), com natureza administrativa ou política; por exemplo, a 
suspensão da execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do 
Supremo Tribunal Federal (C.F., art. 52, X). 
2.2.8. Normas Internas – são os regimentos e estatutos que disciplinam as regras 
procedimentais sobre o funcionamento do Legislativo. Os Regimentos Internos 
estabelecem os ditames sobre o processo legislativo. 
 
3. Direito Civil: pessoa física e jurídica; obrigações enquanto pessoa jurídica contábil; a 
contabilidade e o novo Código Civil. 
 
3.1. Pessoa Física ou Pessoa Natural – Dispõe o artigo 1º do Código Civil: 
“Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” 
 
 
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que 
especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. 
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em 
votação única, vedada qualquer emenda. 
 
8 
 
O Código Civil na parte concernente às pessoas, dispõe sobre as pessoas naturais, 
reportando-se tanto ao sujeito ativo como ao sujeito passivo da relação jurídica. No 
direito francês, no italiano e no de outros países, bem como na legislação brasileira 
concernente ao imposto de renda, é utilizada a denominação “pessoa física”. 
Pessoa Natural é, portanto, o ser humano considerado como sujeito de direitos e 
deveres. Para qualquer pessoa ser assim designada, basta nascer com vida e, desse 
modo, adquirir personalidade. 
 
3.2. Pessoa Jurídica 
 
3.2.1. Noções preliminares 
A razão de ser da pessoa jurídica está na necessidade ou conveniência de os indivíduos 
unirem esforços e utilizarem recursos coletivos para a realização de objetivos comuns, 
que transcendem as possibilidades individuais. Essa constatação motivou a 
organização de pessoas e bens com o reconhecimento do direito, que atribui 
personalidade ao grupo, distinta da de cada um de seus membros, passando este a 
atuar, na vida jurídica, com personalidade própria10. A necessária individualização, com 
efeito, “só se efetiva se a ordem jurídica atribui personalidade ao grupo, permitindo 
que atue em nome próprio, com capacidade jurídica igual à das pessoas naturais”. 
Surge, assim, “a necessidade de personalizar o grupo, para que possa proceder como 
uma unidade, participando do comércio jurídico com individualidade”11. 
 
3.2.2. Principal característica 
 
 A principal característica das pessoas jurídicas é a de que atuam na vida jurídica com 
personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem (C.C., art. 5012 a contrario sensu, 
e art. 102413). A nota distintiva repousa, pois, na distinção entre o seu patrimônio e o dos 
seus instituidores, não se confundindo a condição jurídica autonomamente conferida 
àquela entidade com a de seus criadores. Em vista disso, não podem, em regra, ser 
penhorados bens dos sócios por dívidas da sociedade. 
 
3.3. Obrigações enquanto pessoa jurídica contábil14 
 
Através da Lei n° 10.406/02 foram introduzidas algumas alterações nos procedimentos 
contábeis das empresas, bem como em relação à responsabilidade do contabilista. As 
normas apresentadas abaixo se aplicam não só às sociedades, como também às 
sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade com sede em país 
estrangeiro (art. 1195 do Novo Código Civil). 
 
 
 
10 Arnoldo Wald, Curso de direito civil brasileiro, v.1, p. 146; Francisco Amaral, Direito civil: introdução, 
p.269-270; Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, v.1, p.280. 
11 Orlando Gomes, Introdução ao direito civil, p. 162-163. 
12 Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe 
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejamestendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
13 Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão 
depois de executados os bens sociais. 
14 Disponível em: < http://www.contabeis.com.br/artigos/277/a-responsabilidade-do-contabilista-
conforme-novo-codigo-civil/>. Acesso em: 25/02/18. 
9 
 
Responsabilidade do Contabilista 
 
O novo Código Civil, na Seção III - Do Contabilista e outros Auxiliares, trata das 
responsabilidades civis dos contadores (prepostos), definindo que são os mesmos 
responsáveis pelos atos relativos à escrituração contábil e fiscal praticados e ao 
mesmo tempo, respondendo solidariamente quando praticarem atos que causem 
danos a terceiros (clientes por exemplo). Nesse sentido, os artigos 1.177 e 1.178: 
 
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer 
dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver 
procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. 
 
Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente 
responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, 
solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. 
 
Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, 
praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que 
não autorizados por escrito. 
 
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, 
somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, 
cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. 
 
De Plácido e Silva, in Vocabulário Jurídico, V III, Forense, 11ª ed., p. 431, ensina que: 
 
"Preponente, entende-se, na linguagem jurídica e comercial, a pessoa que pôs ou 
colocou alguém em seu lugar, em certo negócio ou comércio, para que o dirija, o 
faça ou o administre em seu nome. Preponente é propriamente o patrão, o 
empregador, quando se apresenta no duplo aspecto de locatário de serviços e de 
mandante. Juridicamente, o preponente é, em regra, responsável pelos atos 
praticados por seus prepostos: caixeiros, feitores, viajantes, quando no exercício da 
propositura, isto é, quando em desempenho das funções ou dos encargos, que se 
mostrem objetos da preposição". 
 
"Preposto: designa a pessoa ou o empregado que, além de ser um locador de 
serviços, está investido no poder de representação de seu chefe ou patrão, 
praticando atos concernentes à locação, sob direção e autoridade do preponente ou 
empregador". 
 
De acordo com o art. 1.182 do Novo Código Civil, a escrituração ficará sob a 
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na 
localidade. No exercício de suas funções, os prepostos (contabilistas) são 
pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos e, perante 
terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. 
 
Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos 
seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados 
por escrito (art. 1178 do Novo Código Civil). 
 
10 
 
Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão os 
preponentes nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode 
ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. 
 
3.4. A contabilidade e o Novo Código Civil15 
 
3.4.1. Escrituração Contábil – A obrigatoriedade da Escrituração – A empresa é 
constituída para praticar atos mercantis, financeiros, trabalhistas, fiscais, civis, 
mas de maneira documentada. Para um documento ser hábil, é necessário que 
seja: a) idôneo; b) devidamente preenchido; c) vinculado com a atividade da 
empresa. 
 
Podemos definir a escrituração como sendo o ato de registrar as operações 
exercidas e comprovadas que ocorrem no decorrer de um período. A escrituração 
tem a função de relatar o passado, para que se tenha ideia do que se passará no 
futuro. 
 
Para tal, deve-se manter um sistema de escrituração uniforme dos atos e fatos 
administrativos ocorridos na sociedade empresarial, através de processo manual, 
mecanizado ou eletrônico (Resolução 563, de 28/10/83 do Conselho Federal de 
Contabilidade), de livre escolha do empresário, mas desde que cumpridos algumas 
formalidades básicas previstas nas legislações de regência, como: 
- em idioma e moeda nacional; 
- em forma contábil; 
- em ordem cronológica de dia, mês e ano; 
- sem ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas, 
etc.; 
- com base em documentos de origem externa ou interna, ou na sua falta, em 
elementos que comprovem ou evidenciem fatos e atos e a prática de atos 
administrativos. 
 
Pelo Princípio Contábil da Entidade, é a partir da aquisição da personalidade 
jurídica que se pode ter início a escrituração contábil da sociedade. O empresário e 
a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, 
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em 
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o 
balanço patrimonial e o de resultado econômico (art. 1.179). 
 
O número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados, ficando o 
pequeno empresário a que se refere o art. 970, dispensado das exigências de 
escrituração contábil. Prescreve o art. 970 que a lei assegurará tratamento 
favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno 
empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. 
 
3.4.2. A obrigatoriedade do Livro Diário - O empresário e a sociedade empresária, entre 
as quais as sociedades limitadas, são obrigadas a seguir um sistema 
de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de 
 
15Disponível em: < http://www.contabeis.com.br/artigos/277/a-responsabilidade-do-contabilista-
conforme-novo-codigo-civil/>. Acesso em: 25/02/18. 
11 
 
seus livros, em correspondência com a documentação respectiva (art. 1.179 do 
Novo Código Civil). 
 
Além dos demais livro exigido por lei, é indispensável o Diário, que pode ser 
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. A 
adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento 
do balanço patrimonial e do de resultado econômico (art. 1180 do Novo Código 
Civil). Ressalvada a obrigatoriedade do Livro Diário, o número e a espécie de 
livros ficam a critério dos interessados. 
 
3.4.2.1. Dispensa da Escrituração - O empresário rural e o pequeno empresário são 
dispensados das exigências de manutenção de sistema de contabilidade, mas 
não ficam desobrigados, para registro de suas operações, do uso do Livro 
Diário ou fichas, no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica (§ 2º do art. 
1179 do Novo Código Civil). 
 
3.4.3. Forma de Escrituração - A escrituração será feita em idioma e moeda corrente 
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem 
intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou 
transportes para as margens. 
 
É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de 
livro próprio, regularmente autenticado (art. 1183 do Novo Código Civil). 
 
No Diário serão lançadas. com individuação, clareza e caracterização do 
documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as 
operações relativas ao exercício da empresa, observado o seguinte (art. 1184 do 
Novo Código Civil): 
 
I - admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o 
período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas 
ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros 
auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e 
conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação;II - serão lançados no Diário o balanço Patrimonial e o de resultado econômico, 
devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente 
habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. 
 
3.4.4. Livro de Balancetes Diários e Balanços - O empresário ou sociedade empresária 
que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o Livro Diário 
pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades 
extrínsecas exigidas para aquele. 
 
O livro Balancetes Diários e Balanços serão escriturados de modo que registre 
(art. 1186 do Novo Código Civil): 
 
I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo 
saldo, em forma de balancetes diários; 
12 
 
II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do 
exercício. 
 
3.4.5. Demonstrações Contábeis - O balanço patrimonial deverá exprimir, com 
fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades 
desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o 
ativo e o passivo (Art. 1.188). O balanço de resultado econômico, ou 
demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço 
patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da 
lei especial (Art. 1.189). 
 
3.4.6. Autenticação no Registro de Comércio - Salvo disposição especial de lei, os livros 
obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser 
autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. 
 
A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade 
empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. 
 
3.4.7. Livro de Registro de Inventário - O art. 1187 do Novo Código Civil reformulou a 
função do livro Registro de Inventário, estabelecendo que na coleta dos 
elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir 
determinados: 
 
I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de 
aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, 
pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, 
criando-se fundos de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a 
conservação do valor; 
 
II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que 
constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa podem ser 
estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, 
sempre que este seja inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou 
venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens 
forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo 
não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as 
percentagens referentes a fundos de reserva; 
 
III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base 
na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não 
acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição; 
 
IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de 
realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liquidação, salvo 
se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente. 
 
Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anualmente, à 
sua amortização: a) as despesas de instalação da sociedade, até o limite 
correspondente a dez por cento do capital social; b) os juros pagos aos acionistas 
da sociedade anônima, no período antecedente ao início das operações sociais, à 
13 
 
taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto; c) a quantia 
efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido pelo 
empresário ou sociedade. 
 
3.5. Valor Probante da escrituração - A escrituração contábil, quando formalmente 
elaborada, observando-se os princípios contábeis e requisitos essenciais de registro, 
tem valor probante para todos os efeitos judiciais e extrajudiciais, apresentando os 
mesmos efeitos como se o fossem por aquele, salvo se houver procedido de má-fé. 
Portanto, cumpre ao contador assegurar na escrituração dos atos constitutivos e 
posteriores alterações contratuais que demandem registros contábeis, a certeza 
manifesta de todas as determinações destes atos societários, bem como evidenciar 
os respectivos números de registro que embasem sua escrituração (art. 1.177 do 
Novo Código Civil). 
 
3.6. Conservação e Guarda da Documentação - O empresário e a sociedade empresária 
são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e 
mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou 
decadência no tocante aos atos neles consignados (art. 1194 do Novo Código Civil). 
 
3.7. Exibição dos Instrumentos de Escrituração Contábil a Terceiros - Ressalvados os casos 
previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, 
poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade 
empresária observa, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em 
lei (arts. 1190 e 1191 do Novo Código Civil): 
 
I - o juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração 
quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou 
Sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência; 
 
II - o juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a 
requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de 
ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a 
que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que 
interessar à questão; 
 
III - achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o 
respectivo juiz. 
 
As restrições estabelecidas ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não 
se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de 
impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais (Art. 1.193). 
do prazo de um ano. 
 
3.8. Considerações Finais - Ao todo são 18 artigos do novo código civil definindo à 
responsabilidades do contabilista. Com o Art. 1.177 em seu parágrafo único 
estabelece que "No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente 
responsáveis perante os preponentes pelos atos culposos; e perante terceiros, 
solidariamente com os preponentes, pelos atos dolosos." no entanto, quem é o 
preposto (contabilista), o que pode acarretar diferentes interpretações da lei visto 
não ser obrigatória à contratação de profissional para a execução de serviços 
14 
 
contábeis, mas conclui-se, desde o princípio tratar-se de contabilista. Desse modo 
identifica-se no referido artigo à responsabilidade do contabilista perante seus atos, 
sejam eles culposos ou dolosos, praticados no exercício de sua função sendo 
responsável, inclusive perante terceiros quando há intenção de cometer ato que 
cause danos àqueles. No caso de ato culposo, não há a intenção de cometer ato 
prejudicial a outrem e doloso quando há a intenção de cometê-lo. 
 
No entanto, cabe ressaltar que o exercício da profissão contábil também está sujeita 
às normas do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078 de 11 de setembro de 
1990) que entre outras regras estabelece em seu artigo 14 parágrafos quarto que "A 
responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa." 
 
Está claro, portanto, que a responsabilização do profissional contábil em suas 
atribuições está sujeita a teoria subjetiva, o que pode levar o fato consumado ficar 
sujeito a opiniões pessoais que podem variar de acordo com o conhecimento técnico 
daquele que o fizer. Ressalte-se, em todo caso, que o estabelecimento de 
responsabilidades mediante a confecção de contrato de prestação de serviços é 
imperativo no sentido de dar clareza às responsabilidades de prepostos epreponentes, visando estabelecer limites na prestação do serviço e sua consequente 
responsabilidade. Cabe ao contabilista, como sempre fez, e agora ainda mais, 
preocupar-se em prestar melhores serviços junto a seus clientes, devendo ainda, 
ocupar-se de renovar seus conhecimentos técnicos e de todos aqueles que com ele 
trabalham no caso de empresas de serviços contábeis, visando à melhoria contínua 
na orientação e solução de questões inerentes à profissão contábil. 
 
 
4. Direito Tributário: princípios constitucionais tributários; impostos, taxas e 
contribuição de melhoria. 
4.1. Direito Tributário – é um dos ramos do Direito Público Interno que trata dos tributos e 
da ordem econômica. 
4.1.1. Princípios Constitucionais Tributários - Os princípios constitucionais tributários 
prevalecem sobre todas as demais normas jurídicas, as quais só têm validade se 
editadas em rigorosa consonância com eles. Tais princípios, segundo a 
Constituição Federal, são: 
4.1.1.1. Princípio da Legalidade - Significa que a instituição, majoração, extinção e redução 
de tributos sempre dependem de lei. 
Essa lei, em regra, é a Lei Ordinária, pois é ela que trata de praticamente tudo em 
termos de tributação, somente é exigida a Lei Complementar para a criação de 04 
tributos: os empréstimos compulsórios; os impostos residuais; as contribuições 
previdenciárias residuais e para a criação do IGF (Imposto sobre Grandes 
Fortunas). 
Exceções à legalidade – Existem 06 tributos cujas alíquotas podem ser alteradas 
por Decreto. Alteradas e não instituídas. 
São eles: 
15 
 
IOF; IPI; I.I.; I.E.; a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico 
Combustíveis(CIDE Combustíveis) e o ICMS Combustíveis. 
4.1.1.2. Princípio da anterioridade ou não surpresa – Impede que alterações repentinas na 
lei tributária atinjam de maneira imediata o patrimônio do contribuinte. 
*Atenção* - A Emenda Constitucional 42 mudou o Princípio da anterioridade, 
agora, tributo criado ou majorado em um exercício somente poderá ser exigido no 
ano seguinte, respeitado o intervalo mínimo de 90 (noventa) dias. Exemplo: Se um 
tributo foi criado no dia 13/03/2018 só poderá ser exigido após 01/01/2019, 
porém, se o tributo for instituído no dia 13/12/2018 a cobrança só seria possível 
90 dias depois, ou seja, em 13/03/2019. 
A Emenda 42 criou 03 (três) grupos de exceções ao princípio da anterioridade. 
O primeiro grupo é formado por tributos de cobrança imediata, são eles: o I.I.; o 
I.E.; o I.O.F.; o Empréstimo Compulsório de Calamidade Pública ou Guerra e o 
Imposto Extraordinário de Guerra, conhecido como IEG. 
O segundo grupo é composto por tributos que respeitam somente os 90 (noventa) 
dias. Somente a anterioridade nonagesimal, podendo ser cobrados no mesmo ano, 
são eles, o IPI; as Contribuições Previdenciárias do artigo 195 da Constituição 
Federal; a CIDE Combustíveis e o ICMS Combustíveis. 
O terceiro grupo é formado por tributos que são cobrados sempre no ano 
seguinte, não precisando respeitar os 90 (noventa) dias, são eles: o I.R. e as 
alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA. 
*Atenção* - A mera atualização monetária da base de cálculo não precisa respeitar 
a anterioridade. 
4.1.1.3. Princípio da Irretroatividade - Proíbe que haja incidência de tributos sobre fatos 
geradores ocorridos antes da vigência da lei. 
 *Atenção para as exceções* - A lei tributária pode retroagir em 02 (dois) casos: a) 
quando for interpretativa; b) quando for mais benéfica em matéria de infração, 
nesse caso a lei pode retroagir desde que o caso não tenha sido definitivamente 
julgado. 
 Exemplos: - A lei que reduz percentual de multa; 
 - A lei que deixa de definir ato como infracional; 
4.1.1.4. Princípio da Capacidade Contributiva – Sempre que possível os impostos deverão 
ter caráter pessoal e ser graduado segundo a capacidade econômica do 
contribuinte, através dos sistemas de alíquotas progressivas, isto é, alíquotas que 
aumentam ou diminuem conforme a capacidade econômica. 
 *Atenção* - Na Constituição de 1988 só 03 (três) impostos são progressivos: o IR; o 
ITR e o IPTU. 
16 
 
4.1.1.5. Princípio da Vedação do Confisco – Proíbe que a tributação seja utilizada para 
subtrair todos os bens do contribuinte ou para inviabilizar o exercício de atividade 
econômica. 
Outra novidade, agora o STF entende que as multas tributárias também estão 
sujeitas à Vedação do Confisco. 
4.1.1.6. Princípio do non olet – ao pé da letra significa – sem cheiro – o dinheiro não tem 
cheiro. Existe uma história por trás desse termo “o dinheiro não tem cheiro”. Diz a 
lenda que um imperador qualquer (não lembro quem era) estava conversando 
com seu filho, e este perguntou por que havia tributação sobre o uso dos 
banheiros públicos. O pai respondeu que o dinheiro desses tributos não trazia o 
cheiro dos banheiros. Era dinheiro, independentemente do lugar de onde viesse. 
Assim, para o direito Tributário é irrelevante a origem do dinheiro do contribuinte. 
Significa que qualquer pessoa que realizar o fato gerador em princípio deve pagar 
o tributo. Não importa quem, como, por quê, não importa nada: praticou o fato 
gerador, paga. 
A análise objetiva é simples. Vejam o exemplo do I.R: você auferiu renda, tem que 
pagar. Não interessa se você a recebeu vendendo drogas, fazendo tráfico 
internacional de órgãos, rodando bolsinha na rua. Ganhou, pagou. É isso. 
Não importa, ainda, se o negócio jurídico que originou a obrigação tributária é 
nulo, anulável ou inválido. Também não importa se o fato gerador foi praticado 
por pessoa considerada relativa ou absolutamente incapaz civilmente ou por 
pessoa jurídica que não esteja constituída regularmente. 
Para o direito tributário não interessa nada disso. 
4.1.1.7. Princípio da não cumulatividade – O objetivo do princípio é evitar a tributação em 
cascata. Aplicável somente ao ICMS; o IPI e COFINS. 
4.1.1.8. Princípio da seletividade – O legislador está obrigado a graduar as alíquotas do 
ICMS e do IPI em função da essencialidade, essa é a palavra chave, essencialidade, 
do produto ou do serviço. 
Lembre por fim que no IPI a seletividade é um dever do legislador já no ICMS é 
uma simples faculdade isso porque a Constituição diz que o IPI deverá ser seletivo 
enquanto que o ICMS poderá ser facultativo. 
4.1.1.9. Princípio da uniformidade geográfica - afirma que todos os tributos federais 
devem ter a mesma alíquota no território nacional. Ex.: seria inconstitucional 
aumentar a alíquota do IPI somente sobre os calçados fabricados em São Paulo. 
*Atenção* - Exceção a este princípio – A própria Constituição autoriza a concessão 
de incentivos fiscais para estimular o desenvolvimento de certa região como 
ocorre com a Zona Franca de Manaus. 
17 
 
4.2. Tributo - é uma prestação pecuniária compulsória, que não constitui sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada (CTN – Lei 5.172/66 – Artigo 3º). 
Caracteriza o tributo pela compulsoriedade16, pelo pagamento em dinheiro ou valor 
equivalente, pelo seu caráter não punitivo, pela previsão legal e por sua cobrança 
vinculada sem margem de discricionariedade17. 
4.2.1. Imposto – é um tributo de caráter genérico que independe de qualquer atividade 
ou serviço do poder público em relação ao contribuinte. 
O imposto é simplesmente exigido, sem contraprestação e sem indicação prévia 
sobre a sua destinação. A aplicação posterior será para o custeio da administração, 
e para serviços em benefício de toda a comunidade, em geral, como ocorre, por 
exemplo, com os serviços de saúde pública, sem destinatário especifico. 
Dispõe o Artigo 16 do Código Tributário Nacional que “imposto é o tributo cuja 
obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade 
estatal especifica, relativa ao contribuinte”. 
4.2.2. Taxa - é um tributo relacionado coma prestação de algum serviço público para um 
beneficiário identificado ou identificável. O serviço pode ser efetivo ou potencial, 
considerando-se como potencial o serviço posto à disposição, ainda que não 
utilizado. 
A taxa pode também estar relacionada com a atividade estatal de polícia (poder de 
polícia) que abrange licenciamentos e fiscalizações em geral. 
Como dispõe o Artigo 77 do Código Tributário Nacional: 
Taxa é o tributo cobrado em razão de atos decorrentes do poder de polícia ou da 
utilização efetiva ou potencial de serviço público especifico e divisível, prestado ao 
contribuinte ou posto à sua disposição. 
Tem-se entendido, de modo geral, que no caso de ato de império, de imposição do 
Estado, trata-se de TAXA. 
Se ao contrário, o ato tem caráter contratual, em regime de direito privado trata-
se de tarifa ou preço público. 
 
16 Compulsoriedade vem de compulsório (latim compulsus, -a, -um, particípio passado de compello, -ere, 
empurrar + -ório) adj. = Que compele ou obriga. 
(http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx?pal=compulsório) 
17 A discricionariedade está ligada ao poder discricionário da Administração Pública. Poder Discricionário 
é a prerrogativa legal conferida à Administração Pública, explícita ou implicitamente, para a prática de 
atos administrativos, quanto a conveniência, oportunidade e conteúdo destes. É a liberdade de ação 
administrativa dentro dos limites estabelecidos pela lei. 
18 
 
4.2.3. Contribuição de Melhoria - é um tributo sobre a valorização de imóvel particular 
em decorrência de obras públicas realizadas. 
A Contribuição de Melhoria cobrada pela União, Estados, Distrito Federal ou pelos 
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições é instituída para fazer face 
ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como 
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que 
da obra resultar para cada imóvel beneficiado (Artigo 81 do CTN). 
A Contribuição de Melhoria, embora de nome semelhante tem natureza bem 
diversa das outras contribuições. 
4.2.4. Contribuição Social - também denominadas especiais ou parafiscais são tributos 
destinados à coleta de recursos para certas áreas de interesse do poder público, 
na Administração direta ou indireta, ou na atividade de entes que colaboram com 
a Administração. 
A Contribuição Social tem destinação certa sendo recolhido com uma finalidade 
predeterminada, indicada na lei que a instituiu. 
Exemplos de Contribuições Sociais (Especiais ou Parafiscais) são as contribuições 
para a Seguridade Social (CF – Artigo 14), para o salário educação (CF, Artigo 212, § 
5º), para órgãos profissionais como a OAB (CF, Artigo 149), ou para outros entes, 
de colaboração com o poder público, como o SENAI (CF, Artigo 240). 
As Leis referentes às Contribuições Sociais não têm seguido um padrão 
homogêneo, devendo ser examinadas caso a caso. Como observa Ruy Barbosa 
Nogueira (Curso de Direito Tributário, p. 178), tais contribuições até hoje não 
comportaram uma sistematização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Portanto, os Tributos são classificados em: 
 
- IMPOSTOS 
 
- TAXAS 
TRIBUTOS 
- EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS 
 
 1. - De Melhoria. 
- CONTRIBUIÇÕES 
2. Sociais (Especiais ou 
Parafiscais) 
 
 
5. Direito do Trabalho: fundamentos legais; admissão; 13º salário; férias; horas extras; 
adicional noturno; rescisão de contrato de trabalho; insalubridade; periculosidade. 
5.1. Direito do Trabalho – Fundamentos Legais 
5.1.1. Direito do Trabalho – é um conjunto de princípios, normas e instituições 
pertinentes à relação de trabalho subordinado, cujo sentido finalístico é a 
proteção do trabalhador hipossuficiente, assegurando-lhe melhores condições 
sociais e de trabalhos, para que haja equilíbrio entre as partes, tomador e 
prestador de serviços, na relação contratual. 
5.1.2. Evolução no Brasil: Em brevíssimas linhas, vale lembrar: 
� 1500 a 1888 – Prevalência do Trabalho Escravo; 
� 188 a 1930 – Houve regulação incipiente18 da matéria, algumas 
disposições acerca de sindicatos e do tratamento coletivo do trabalho; 
 
18incipiente 
(latim incipiens, -entis, particípio presente de incipio, incipere, começar) 
adjetivo de dois gêneros 
Que começa; que está no princípio (ex.: os sintomas ainda são incipientes). = INICIANTE, PRINCIPIANTE 
"incipiente", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2013, https://www.priberam.pt/dlpo/incipiente [consultado em 25-02-2018]. 
 
20 
 
� 1943 – Edição da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, consolidando as 
leis esparsas editadas no período anterior. 
5.1.3. Fundamentos legais: Quando se fala de fundamento, pensamos na base, neste 
caso, os princípios do Direito do Trabalho, então, vejamos: 
5.1.3.1. Princípio da Proteção – busca equilibrar a relação existente entre o trabalhador e o 
empregador. É uma forma de compensar a superioridade econômica do 
empregador em relação ao empregado, dando a este uma superioridade jurídica. 
O princípio da proteção com o advento da Reforma Trabalhista, Lei nº 
13.467/2017, está ameaçado diante dos interesses da classe empresária, que 
altera em mais de 100 (cem) pontos a legislação trabalhista. 
 Este princípio desmembra-se em três outros princípios: 
a) In dúbio pro misero ou in dúbio pro operário – é voltado para o intérprete da 
norma que deve sempre, na existência de duas ou mais possíveis 
interpretações, optar pela mais favorável ao trabalhador. Portanto, sempre 
que for vislumbrada pelo intérprete da norma uma dúvida razoável, deverá ele 
escolher a interpretação que seja mais benéfica ao obreiro. 
b) Da norma favorável ao trabalhador – havendo duas ou mais normas aplicáveis 
ao caso concreto, deverá ser aplicada aquela mais favorável ao trabalhador, 
independentemente de ser ela hierarquicamente superior a outra. Havendo 
conflito de interesses terá aplicação a norma que atenda melhor aos 
interesses do empregado; 
5.1.3.2. Da condição mais benéfica ou “cláusula mais vantajosa” – as condições mais 
benéficas estabelecidas no contrato de trabalho ou no regulamento da empresa 
serão incorporadas definitivamente ao contrato de trabalho, não podendo ser 
reduzidas ou suprimidas no seu curso. Cabe observar que essas condições são 
sempre concedidas ao empregado de forma voluntária e expressa pelo 
empregador, sendo as concedidas tacitamente incorporadas quando usufruídas 
pelo empregado de forma habitual. Esse princípio foi consagrado nas Súmulas19 
51 e 288 do TST. 
5.1.3.3. Princípio da Primazia da Realidade – para o Direito do Trabalho, o que realmente 
importa são os fatos reais, e não a aparente verdade traduzida por meros 
documentos. Sendo assim, havendo confronto entre a verdade real/provas, a 
primeira prevalecerá. Não importam as cláusulas de um contrato de trabalho, mas 
sim o que o empregado faz. Os fatos é que são relevantes. Exemplo: determinado 
empregado tem registro na CTPS de salário no valor de R$ 1.000,00 (Um Mil 
Reais); todo dia 20 (vinte) de cada mês, ocorre o pagamento de mais R$500,00 
 
19 Súmula – breve resumo feito com clareza de uma obra ou doutrina. 
21 
 
(Quinhentos Reais), “por fora”, como forma de burlar os encargos trabalhistas. 
Nessa hipótese, o real salário do obreiro corresponde ao valor de R$ 1.500,00 (Um 
Mil e Quinhentos Reais), pouco importa o que está anotado na usa CTPS. Esse 
princípio está consagrado no art. 9º da CLT, segundo o qual: “Serão nulos de pleno 
direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a 
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”. A Súmula 12 do TST 
também consagra esse princípio – Súmula 12 do TST. Carteira profissional 
(mantida)– Res. 121/2002, DJ 19, 20 e 21/11/2003. As anotações apostas pelo 
empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção juris et 
de jure20, mas apenas juris tantum21. 
5.1.3.4. Princípio da Inalterabilidade contratual lesiva – os contratos de trabalho, assim 
como os contratos regidos pelo Direito Civil, fazem lei entre as partes, ou seja, 
vigora o princípio do “pacta sunt servanda” na área trabalhista. Contudo, sobre os 
contratos de trabalho também incide o princípio da inalterabilidade contratual 
lesiva, que preconiza a vedação de alteração contratual desfavorável ao 
trabalhador. Preceitua o art. 468, caput, da CLT que: “Nos contratos individuais de 
trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo 
consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, 
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta 
garantia.” 
Este princípio não significa, contudo, a extinção do “jus variandi22” do empregador, 
este instituto é plenamente aplicável desde que observados certos requisitos. 
Podemos citar, como exemplos, o poder do empregador de alterar o horário de 
trabalho do empregado, que deixa de laborar no período noturno e passa para o 
diurno, e o uso obrigatório de uniformes. 
A reforma trabalhista permite várias alterações contratuais, mesmo que 
prejudiciais ao empregado, como exemplo, a suspensão da gratificação de função 
de confiança mesmo após 10 (dez) anos, caso o empregado seja revertido ao cargo 
efetivo (art. 468, §1º) 
5.1.3.5. Princípio da intangibilidade salarial – em regra, o trabalhador tem direito de 
receber o seu salário de forma integral, sem sofrer qualquer desconto abusivo. 
Todavia, os descontos legais (ex.: dedução de imposto de renda, contribuição 
sindical e pagamento de pensão alimentícia) são permitidos. 
Não podemos afastar a natureza alimentar do salário, que faz com que o 
empregado garanta sua subsistência e a de sua família, não podendo haver 
 
20 Juris et de jure – não admite prova em contrário. 
21 Juris tantum – admite prova em contrário. 
22 Jus variandi. Consiste no poder de direção do empregador, pelo qual este pode alterar 
unilateralmente, dentro dos limites da lei, as condições de trabalho de seus empregados. 
Disponível em:<https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1056/Jus-variandi>. Acesso em: 
25/02/18 
22 
 
restrição à disposição do seu salário. O empregado é livre para utilizá-lo como bem 
lhe aprouver. 
5.1.3.6. Princípio da irredutibilidade salarial – este princípio faz referência tão somente ao 
valor nominal do salário do trabalhador, proibindo que o empregador diminua o 
valor “numérico” que paga a seus funcionários. Porém, tal princípio não tem 
caráter absoluto. De acordo com a própria Constituição Federal23 o trabalhador 
pode sofrer redução salarial mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. 
5.1.3.7. Princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas (ou indisponibilidade, ou 
inderrogabilidade) – Para podermos compreender esse princípio é preciso que 
façamos uma breve análise da posição constitucional dos direitos sociais. Os 
direitos sociais encontram-se dispostos no Capítulo II do Título II da CF/1988, 
sendo esse título destinado aos chamados Direitos e Garantias Fundamentais. 
Portanto, os direitos sociais garantidos pelo ordenamento constitucional brasileiro 
integram o rol dos direitos e garantias fundamentais. Desta maneira, em regra, os 
direitos trabalhistas não podem ser objeto de renúncia ou transação, ou seja, os 
direitos trabalhistas são irrenunciáveis pelo trabalhador, em razão do caráter 
imperativo das normas trabalhistas. 
5.1.3.8. Princípio da continuidade da relação de emprego – o princípio da continuidade da 
relação de emprego busca proteger aquilo que todo homem pretende quando 
busca um emprego, que ´e poder prover o sustento de sua casa e de sua família. 
Se o contrato de trabalho fosse marcado pela fugacidade, pela brevidade e pela 
incerteza, não haveria nenhum aprimoramento sobre a sua qualidade. Aliás, nem 
poderia ser chamado de contrato de trabalho por tão exíguo24 e indefinido. O 
princípio da continuidade da relação de emprego, então, determina que a regra é 
a de que os contratos de trabalho sejam pactuados por prazo indeterminado. 
Sendo assim, os contratos por prazo determinado constituem exceções permitidas 
em lei, desde que observados os requisitos por ela impostos, como, por exemplo, 
a exigência de os contratos serem sempre escritos, em outros termos, tais 
contratos devem seguir os requisitos legais para a sua configuração e precisam ser 
provados, pois impera a presunção de os contratos serem a prazo indeterminado 
em razão desse princípio. Podemos afirmar que esse princípio confere uma 
presunção juris tantum de que os contratos de trabalho são celebrados por prazo 
indeterminado. 
5.1.3.9. Princípio da imperatividade – é sabido que as partes têm ampla liberdade para 
pactuarem as condições atinentes ao contrato de trabalho. Contudo, no Direito do 
Trabalho temos norma cogente25, obrigatórias, que limitam a autonomia de 
 
23 Art. 7º, VI, da CF.: VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
24Exíguo= Insignificante 
25Cogente (latim cogens, -entis, particípio presente de cogo, -ere, constranger, forçar, restringir) 
adjetivo de dois gêneros 
1. Cuja veracidade satisfaz de maneira total e coerciva o entendimento ou o intelecto (ex.: argumento co
gente). 
23 
 
vontade das partes. Exemplo: não será possível empregado e empregador 
pactuarem contratualmente que o pagamento das horas extras prestadas terá a 
natureza indenizatória. 
5.2. Admissão - Ingresso; ação através da qual uma pessoa passa a fazer parte do corpo 
de funcionários de uma empresa: pedido de admissão26. 
A admissão de um colaborador de dá através do Contrato de Trabalho, então, vejamos 
as formas legais de contrato de trabalho. 
5.2.1. Contrato Individual de Trabalho – é o acordo tácito ou expresso correspondente à 
relação de emprego (art. 442). Poderá também ser verbal ou escrito, por prazo 
determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente (art. 
443). 
5.2.2. Requisitos – Consensual, sinalagmático (que liga mutuamente dois contraentes = 
bilateral27), continuidade, subordinação, onerosidade, pessoalidade. 
5.2.3. Anotação do contrato de trabalho – O empregador terá o prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas para anotar na carteira de trabalho especificamente, a data de 
admissão, a remuneração e as condições especiais (art.29). 
Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente 
apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, 
o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, 
especificamente, a data de admissão, a remuneração e as condições 
especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, 
mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo 
Ministério do Trabalho. 
 
 
Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro dos 
respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema 
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. 
(art. 41) 
Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão ser 
anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego, duração e 
efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que interessem 
à proteção do trabalhador. (art. 41, parágrafo único) 
 
2. Que coage ou constrange. 
 
"cogente", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa[em linha], 2008-
2013, https://www.priberam.pt/dlpo/cogente [consultado em 26-02-2018]. 
 
26 Disponível em: < https://www.dicio.com.br/admissao/>. Acesso em 13/02/18 
27 Disponível em: < https://www.priberam.pt/dlpo/sinalagmatico>. Acesso em 13/02/18 
24 
 
5.2.3.1. Empregado sem registro – Infração administrativa - O empregador que mantiver 
empregado não registrado nos termos do art. 41 da CLT ficará sujeito a multa no 
valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de 
igual valor em cada reincidência. (art. 47) 
Especificamente quanto à infração a que se refere o caput do artigo 47 da CLT, o 
valor final da multa aplicada será de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado 
não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa de 
pequeno porte. (art. 47, §1º) 
Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere 
o parágrafo único do art. 41 da CLT, o empregador ficará sujeito à multa de R$ 
600,00 (seiscentos reais) por empregado prejudicado. (art. 47 A) 
As multas previstas nesta Seção serão aplicadas pelas Delegacias Regionais do 
Trabalho. (art. 48) 
5.2.4. Livre estipulação entre as partes – as relações contratuais de trabalho podem ser 
objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não 
contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que 
lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes (art. 444). No 
caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário 
mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime 
Geral de Previdência Social, fica livre a estipulação prevista no art. 611-A (art. 444, 
parágrafo único) 
Esta é uma mudança importante, trazendo para empregados com um salário 
maior (hoje equivalente a R$ 11.062,62) a possibilidade de negociar diretamente 
com seu empregador os itens dispostos no artigo 611-A, que dispõe sobre as 
hipóteses de direitos que podem ser negociados coletivamente. Para esses 
empregados, a negociação pode ser individual. A relação ali prevista é exaustiva e 
não exemplificativa, isto significa que o artigo traz um limite não podendo este 
empregado negociar outros direitos ali não previstos. 
A prestação de serviço a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, 
durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de 
um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário (Súmula 129, TST). 
5.2.5. Prazos do contrato de trabalho. 
5.2.5.1. Prazo indeterminado – é o contrato de duração indefinida ao longo do tempo. Pelo 
princípio da continuidade, presume-se que todos os contratos sejam por prazo 
indeterminado. 
5.2.5.2. Prazo determinado – é o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo 
prefixado, da execução de serviços especificados ou da realização de certo 
acontecimento suscetível de previsão aproximada (art. 443, §1º). 
25 
 
De acordo com o §2º do artigo 443, só será válido em se tratando: 
a) De serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do 
prazo; 
b) De atividades empresariais de caráter transitório. 
Não poderá ser estipulado por mais de dois anos, podendo ser prorrogado uma só 
vez. 
Considera-se também indeterminado aquele contrato que suceder, dentro de seis 
meses, a outro contrato por prazo determinado (art. 452). 
5.2.5.3. Contrato de trabalho intermitente – considera-se como intermitente o contrato de 
trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, 
ocorrendo com alternância de períodos de prestação de sérvios e de inatividade, 
determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade 
do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação 
própria (art. 443, §3º). As regras estão dispostas no artigo 452-A e parágrafos. 
Um dos mais polêmicos institutos da reforma trabalhista de 2017, caracterizado 
pela admissão da licitude da conduta patronal de contratar um empregado para 
pagar-lhe, somente quando se mostrarem necessários os seus serviços, apenas as 
horas laboradas sem que se estipule uma jornada fixa mínima de trabalho ou uma 
carga semanal fixa mínima a ser cumprida. O tipo contratual, aliás, é identificado 
pelo extermínio da ideia do tempo à disposição do empregador, motivo pelo qual, 
há quem a identifique na Inglaterra como “zero-hour contract” (contrato sem 
horas preestabelecidas) ou na Itália como “lavoro a chiamata” (trabalho mediante 
chamada). 
Nesse tipo contratual a prestação dos serviços subordinados é oferecida de 
maneira fracionada, com alternância de períodos de atividade e inatividade, 
segundo a lógica do “just in time”, vale dizer, do consumo fatiado, a granel, do 
número exato de horas, dias ou meses necessários à satisfação dos interesses 
patronais. 
O argumento mais utilizado pra justificar a adoção do contrato para a prestação do 
trabalho intermitente foi o de retirar da informalidade um conjunto de 
trabalhadores que normalmente eram identificados como biscateiros o 
freelancers. Partiu-se do inocente pressuposto de que, uma vez reconhecida a ora 
analisada figura contratual, as pessoas que viviam de “bico” poderiam, enfim, ter 
CTPS anotada, férias, décimo terceiro salário, FGTS e recolhimento de 
contribuições previdenciárias. Na lógica da análise econômica do direito, os 
tomadores de serviço, porém, não aderirão a essa novidade contratual, porque, 
obviamente, o custo de tornar formal quem nunca precisou ser formal será bem 
superior do que aquele de mantê-los como se encontram, à margem da proteção 
trabalhista e previdenciária. Será que alguém imagina uma empresa sair dos seus 
26 
 
cuidados para formalizar o contrato de emprego de um trabalhador que lhe 
atende nos momentos apenas episódicos? Carlo que não28. 
5.2.5.3.1. Afastamento – no tocante a ocorrência de afastamento do empregado para o 
serviço militar ou outro encargo público, o contrato de trabalho também 
terminará ao final do prazo. Esse período não será computado na contagem do 
prazo para a respectiva terminação, se acordarem as partes interessadas (art. 
472, §2º). 
5.2.5.4. Contrato de experiência – o contrato de experiência não poderá exceder 90 
(noventa) dias (art. 445, parágrafo único), podendo ser prorrogado uma só vez. A 
prorrogação do contrato de experiência deverá observar o prazo máximo de 90 
dias (Súmula 188, TST29). 
5.2.6. Alteração do contrato de trabalho – nos contratos individuais de trabalho, só é 
lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda 
assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, em prejuízos ao 
empregado, sob pena de nulidade. (art. 468). 
A lei admite exceções: a) retorno ao cargo efetivo anteriormente ocupado, 
deixando o exercício de função de confiança. A alteração não assegura ao 
empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente 
(art. 468, §2º); b) substituição eventual ou temporária; c) readaptação do 
trabalhador em nova função. 
5.2.6.1. Transferência do empregado – é vedado transferir o empregado, sem sua 
anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, acarretando a 
mudança do seu domicílio (art. 469). Não estão compreendidos na proibição desse 
artigo os empregados que exerçam cargos de confiança e aqueles cujos contratos 
tenham a transferência como condição. É lícita a transferência quando ocorrer 
extinção do estabelecimento. O empregador ficará obrigado a um pagamento 
suplementar, nunca inferior a 25%, enquanto durar essa situação. 
Não será considerada abusiva a transferência quando ocorrer a extinção do 
estabelecimento (art. 469, §2º, da CLT). As despesas resultantes da transferência 
correrão por conta do empregador (art. 470, CLT). 
O empregado eleito para o cargo de administração sindical não poderá ser 
transferido para lugar que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho dassuas atribuições sindicais (art. 453, CLT). O empregado perderá o mandato se a 
transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita (art. 543, §1º, CLT). 
 
28 Martinez, Luciano Reforma trabalhista – entenda o que mudou: CLT comparada e comentada, p. 444, 
São Paulo – Saraiva – 2018. 
29 Súmula 188, TST - O contrato de experiência pode ser prorrogado, respeitado o limite máximo de 90 
(noventa) dias. 
27 
 
Presume-se abusiva a transferência sem comprovação da necessidade do serviço 
(Súmula 43, TST). 
5.2.6.2. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho (art. 471) – ao empregado 
afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as 
vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que 
pertencia na empresa. 
Suspensão – Não há trabalho. Não há pagamento de salário. 
Interrupção – Não há trabalho. Há pagamento de salário. 
5.3. 13º Salário – ou gratificação natalina, é pago com base na remuneração integral ou 
no valor da aposentadoria (art. 7º, VIII, CF). A fração igual ou superior a 15 dias será 
havida como remuneração integral. O pagamento será feito em duas parcelas, a 1ª até 
o dia 30 de novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro (Lei 4.090/62). 
5.4. Férias – De acordo com o artigo 7º da CF, XVII ... gozo de férias anuais remuneradas 
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. 
Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem 
prejuízo da remuneração. (art. 129 – CLT) 
5.4.1. Período aquisitivo – Sistemática de aquisição e de concessão de férias. Após cada 
período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá 
direito a férias de 30 dais corridos, quando não houver faltado ao serviço de forma 
injustificada, na proporção determinada no artigo 130 da CLT conforme segue: 
DIAS DE FÉRIAS NÚMERO DE FALTAS INJUSTIFICADAS 
30 dias corridos Até 5 
24 dias corridos De 06 até 14 
18 dias corridos De 15 até 23 
12 dias corridos De 24 até 32 
Não se concedem férias A partir de 33 
 
Exemplo: Se um empregado foi admitido no dia 01/01/2010, pode-se dizer que 
ele, depois de um período de 12 meses de vigência do contrato de emprego, 
adquiriu o primeiro período de férias. A aquisição se completará no dia 
31/12/2010, mas a fruição somente se dará a partir do dia 01.01.2011. 
Em outras palavras: a partir do dia 01/01/2011 se iniciará o período de concessão 
das férias adquiridas entre os dias 01/01/2010 e 31¹11/2010, o qual findará no dia 
28 
 
31/12/2011. Concomitantemente a este período concessivo terá início um novo 
período aquisitivo, de 01/01/2011 a 31/12/2011. AS férias adquiridas nesse 
ínterim serão concedidas nos 12 meses seguintes e assim sucessivamente. 
5.4.2. Período concessivo - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só 
período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver 
adquirido o direito. (art. 134 Caput). É o empregador, portanto, quem estabelece 
o instante das férias em conformidade com suas conveniências operacionais. O 
artigo 136 da CLT é bem claro: “a época da concessão das férias será a que 
melhor consulte os interesses do empregador”, cabendo-lhe, porém, observar a 
regra constante do novo §3º do artigo 134 da CLT, segundo a qual “é vedado o 
início das férias no período de dois (02) dias que antecede feriado ou dia de 
repouso semanal remunerado.” A novidade normativa revelou-se salutar e 
benéfica na medida em que os empregadores não mais poderão, por exemplo, 
iniciar as férias de nenhum empregado numa sexta-feira para que ele já as inicie 
com o desfavorável cômputo do sábado e do domingo. 
É bom registrar também que o período das férias, por motivos de 
incompatibilidade, jamais poderá coincidir, no todo ou em parte, com o período 
de concessão do aviso prévio trabalhado. 
Ressalve-se que membros de uma família que trabalharem no mesmo 
estabelecimento ou empresa terão direito a gozar férias no mesmo período, se 
assim desejarem e se disso não resultar prejuízo para o serviço. Para exemplificar 
essa situação, imagine-se uma loja de armarinho onde trabalham unicamente mãe 
e filha. Embora elas tenham o direito de gozar as férias no mesmo período, este 
poderá ser objeto pelo empregador, na medida em que o atendimento de suas 
pretensões implicará o fechamento do estabelecimento ou o prejuízo da 
contratação de empregado substituto. 
O empregado estudante menos de 18 anos também tem o direito, se assim 
desejar, de fazer coincidir suas férias com um período específico, qual seja, o 
recesso escolar. Observe-se que, em relação ao estudante menor de 18 anos, não 
há a ressalva quanto à inaplicabilidade desse direito se dele resultar prejuízo para 
o serviço. A inexistência da ressalva faz presumir que o referido destinatário não 
deixará de ser atendido, ainda que isso possa turbar o serviço na empresa. 
Acrescente-se aqui a situação referente às férias do aprendiz, uma vez que, nos 
moldes do artigo 25 do Decreto nº 5.598/2005, elas também devem coincidir, 
preferencialmente, com os recessos escolares, sendo vedado ao empregador fixar 
período diverso daquele definido no programa de aprendizagem. 
5.4.3. Fracionamento das férias individuais – em regra as férias são concedidas “em um 
só período” (CLT art. 134 – caput). O fracionamento das férias desde que haja 
concordância do empregado, poderá ser outorgado em, no máximo três (03) 
29 
 
períodos30, um dos quais não poderá ser inferior a 14 (quatorze) dias corridos e os 
demais não poderão ser inferiores a 05 (cinco) dias corridos, cada um. (artigo 134, 
§1º). 
5.4.4. Abono pecuniário – O artigo 143 da CLT, faculta ao empregado contratado para 
prestação de trabalho em regime de tempo integral a conversão de um terço do 
período de férias a que tiver direito em abono pecuniário31, no valor da 
remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. 
Veja o texto de lei: Art. 143 – É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) 
do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da 
remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes (redação dada ao 
caput pelo Decreto-Lei nº 1.535, de 13-4-1977). 
Assim, se um empregado que teria 30 dias de férias quiser converte um terço do 
período em abono pecuniário, fruirá 20 dias de descanso e retornará ao serviço no 
21º dia de afastamento. 
É bom anotar que, embora o texto legal não seja expresso, não há nenhum 
obstáculo jurídico oposto à conversão de menos de 1/3 (um terço) do período de 
férias em abono pecuniário. Cabe observar que o “1/3 (um terço)” do período de 
férias aparece no artigo 143 da CLT como um limite. Os ajustes feitos “aquém” 
desse limite não violam a regra disposta no artigo 444 da CLT32, pois dão mais 
proteção ao trabalhador na medida em que ele poderá efetivamente descansar 
mais tempo. 
5.4.5. Forma e prazo de postulação – note-se que, conforme supradestacado, o abono é 
uma faculdade do empregado. É ele (o empregado) que decide se deseja ou não 
negociar um terço de suas férias. O empregador não poderá interferir para obriga-
lo a tanto. 
Por outro lado, pode-se afirmar que o empregado terá “direito de vender” um 
terço de suas férias, e o empregador não poderá recusar essa sua proposta se o 
requerimento para o alcance de tal vantagem for apresentado até 15 (quinze) dias 
antes do término do período aquisitivo correspondente. Perceba-se o conteúdo do 
§1º do artigo 143 da CLT: 
 
30 Somente pode haver tripartição. Não pode haver multipartições. 
31 Popularmente se intitula esse negócio jurídico “venda das férias”, embora, a rigor, não seja uma 
“venda”. Perceba-se que o empregador não estará ganhando as férias do empregado para, em lugar 
dele, fruí-las. Por isso, o acertado é dizer existente um abono atribuído em virtude

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