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Parasitoses transmitidas pela ingestão do pescado Parasito Profº Dimitri · É muito pouco trabalhada dentro da medicina e da medicina veterinária. · São parasitoses recentes na história brasileira, por conta da culinária com pescado. · As toxinas de peixes, levam a intoxicação severa, mas que não envolve parasitose. · Entre os pescados temos peixes, moluscos e crustáceos. · No ambiente marinho, temos um cadeia alimentar rica, o que leva a oportunidade de parasitismo nos animais. · Nos infectamos quando ingerimos sua carne cru ou mal cozida. · Os hospedeiros intermediários são moluscos, minhocas, que acabam morrendo com a poluição (rio poluído = carne contaminada = menos casos de peixes parasitados). · Poucos biólogos da parte clínica conhecem os parasitas, dificultando o diagnóstico. · O número de casos está em nítida ascensão por conta da importação de hábitos alimentares de outros países (Chile, Peru, Japão, Europa, Sudeste asiático). · Existem parasitoses que não são endêmicas do Brasil. · Em nosso país, há o manual de classificação de risco dos agentes biológicos, que classifica todos os microrganismos e vermes registrados no Brasil (MS) · A classificação das parasitoses a seguir é 2 (para todas) de 4. Fagicolose · Zoonose emergente, causada por Ascocotyle (Phagicola) longa. · Parasito gastrointestinal de aves. · Ser humana se contamina ao buscar o pescado no ambiente natural, não fazendo parte do ciclo biológico natural. · Associada a ingestão da carne crua de tainhas e paratis (grupo específico de peixes). · São peixes de valor acessível, com os parasitos tendo predileção por carne e vísceras · Patogenia: Por se tratar de um parasito intestinal, ele provoca sintomas relacionados ao TGI, como: · Cólicas, flatulência, diarreias, emagrecimento, dores abdominais. · Classificação de risco: 2 (causa poucos danos ao hospedeiro, transmissão limitada, não leva ao óbito). · Aqui, temos o parasita em sua forma adulta e forma de metacercária (fica presa na carne do peixe). · Os casos estão registrados, principalmente, em São Paulo. · Ciclo biológico: Aves liberam fezes contendo ovos → Quando as fezes caem na água, eclodem, dos ovos, miracídios → Penetração no caramujo na forma de miracídeo → Liberação de cercarias → Penetração no tecido/carne do peixe (hospedeiro que faz o transporte, paratênico) → Fica preso na forma de metacercária na carne → Ave se alimenta o peixe, contaminando-se e repedindo o ciclo. · Não se relaciona com o ambiente. · O ciclo continua, no homem, se a ingestão for de carne mal cozida ou crua. · O ser humano entra no ciclo quando pescamos o peixe e ingerimos sua carne. · Ficam no intestino e realizam fecundação cruzada (não se autofecundam, precisando de 2 parasitas). · É infectado por metacercárias. · No peixe, não ocorre multiplicação e nem diferenciação da larva. · Diagnóstico: Quadro clínico + História de hábitos alimentares + Exame de fezes. · Tratamento: Feito com Praziquantel, 75mg/kg/dia durante 3 dias. · Critério de cura: Realização de exames de fezes aos dias 15, 30, 45, 60 a partir do início do tratamento. · Serve para ver se não tem ovos (tratamento correto). Difilobotríase · · Causada por um cestoda (tipo de tênia) do gênero Diphyllobothridae, com o mais comum sendo o Diphyllobothrium latum. · Espécies desse gênero estão espalhadas por todo o globo. · Já foram encontrados parasitando ursos americanos, que consomem salmão. · Concluímos que se trata de uma cadeia alimentar que funciona sem o urso/homem. · Patogenia consiste em espoliação (retirada de nutrientes), obstrução intestinal, junto com anemia. · Consegue sequestrar ferro, hemoglobina, levando a complicações hematológicas. · Essas parasitoses, de médio a longo prazo, podem levar a quadros de anemia e hipovitaminose.Característica dos ovos é que eles são operculados, isso é, possuem uma tampa que libera a larva para o meio ambiente. · · Tem como hospedeiros definitivos → mamíferos e aves, enquanto tem como hospedeiros intermediários → peixes. · São hermafroditas, logo, apenas um parasita é capaz de dar seguimento com a doença. · Ciclo biológico: Liberação de ovos da tênia nas fezes → Caída em coleção hídrica → Eclosão em coracídeos (larva de tênias que envolvem hospedeiros aquáticos) → Ingestão da larva por um plâncton → Transformação em procercoide dentro do crustáceo → Crustáceo é comido por um peixe → Transformação em Plerocercoide no peixe, ficando na musculatura dele → Ingestão do peixe por um mamífero → Infecção pela Plerocercoide → Desenvolvimento em adultos no homem ou nos mamíferos aquáticos.. · Qualquer mamífero pode acabar liberando os ovos · Originalmente, o ser humano não faz parte do ciclo. · Diagnóstico: Exame de fezes. · Por se desenvolver no intestino do ser humano, produz segmentos e ovos, por isso o exame de fezes e a narrativa (liberação de segmentos nas fezes) são muito importantes para o diagnóstico. · Tratamento: Remoção e/ou morte do parasito; Endoscopia intraduodenal (possibilita a retirada do parasita inteiro). · Pode ser feito com medicamentos também, Praziquantel (5-10mg/kg, primeira escolha) ou Niclosamida (2g/dose única, apenas para adultos). · Após 7 dias de tratamento, recomenda-se um novo exame de fezes para ver a eficácia (critério de cura). · Interessante a remoção de todo o parasita, para que ele não possa voltar a crescer. Anisaquíase · Tem como agente etiológico os nematodas do gênero Anisakidae, com o mais comum no Brasil, sendo o Anisakis simplex. · Patogenia: Dor abdominal, cólicas, vômito, diarreia, peritonite, perfuração da parede do estômago. · O parasita vive pouco tempo no ser humano (5-10 dias). · A diferença para as outras parasitoses é que o parasita não se reproduz e nem se desenvolve dentro do corpo do ser humano. · Dentro do corpo, ele se comporta como uma larva migrans visceral, apenas andando pelo corpo (é aqui que podem desenvolver patologias). · Não adianta pedir exame de fezes, já que não produzem ovos. · Nessa parasitose, o ser humano se trata de um hospedeiro paratênico. · Associados com quadros alérgicos, em decorrência da ingestão de larvas mortas. · Podem estar encistados na parede do intestino/estômago. · Paciente pode chegar se queixando de dor estomacal e, na endoscopia, só encontramos a lesão, já que a larva já morreu. · Dessa forma, o diagnóstico pode ser úlcera gástrica com origem desconhecida. · Hospedeiro definitivos: Baleias, lesões marinhos, focas, golfinhos. · Hospedeiros intermediários: Moluscos e peixes. · O ciclo biológico gira em torno da cadeia alimentar marinha. · As larvas ficam na musculatura do peixe, é muito natural que ele seja parasitado e, assim, passe os parasitas para frente na cadeia alimentar. · Ciclo biológico: Aves liberam, nas fezes, ovos → Microcustáceos ingerem os ovos → A larva sai dos ovos, indo parar na cavidade celomática → Transformação em L3 → Peixes e moluscos (hospedeiros paratênicos) comem os crustáceos → Mamíferos se alimentam desses animais, infectando-se através de sua carne crua ou mal cozida → Pode virar L4 ou não, morrendo dias depois. · Clínica: Tem 3 formas principais. · Não invasiva: Paciente fica assintomático. · A larva não invade o tecido, podendo até ser eliminada pelas fezes. · Invasiva: Penetração da larva no TGI e extra-digestório. · As larvas podem atravessar a parede intestinal e cair na cavidade celomática. · Alérgica: Desencadeia reações de hipersensibilidade, variando de uma leve urticária até choque anafilático, após a ingestão do peixe cru ou mal cozido. · Se dá pelo encistamento no TGI, mas, depois que ela morrem, o problema persiste (por exemplo um úlcera). · O quadro varia do leve ao intenso. · Podemos ter alergia mesmo com a ingesta do parasito morto. · Diagnóstico: Feito durante a laparoscopia, exame endoscópico. · Intervenções cirúrgicas podem ser necessárias para retirada dos nematoides. · Como as larvas vivem durante pouco tempo, podemos nem encontrar as larvas no corpo do paciente. · Os distúrbios gastrointestinais consistem em diarreia, náuseas, vômito, dores abdominaise estomacais. · Tratamento: Remoção e/ou morte do parasito. · O grau de dificuldade varia de acordo com o número de larvas e da sua localização. · Na anisaquíase gástrica, temos a extração dos parasitos por fórceps mediante gastroscopia. · Na anisaquíase intestinal, fazemos cirurgia. · A medicação antiparasitária, feita com albendazol e ivermectina, é pouco eficaz. · Profilaxia: Evitar consumo de alimentos derivados de peixe que sejam servidos de forma crua; Descartar o pescado infectado ou remover os nematoides; Congelar o pescado a uma temperatura de -35°C, durante pelo menos 15h ou durante 7 dias a -20°C.
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