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Normas internacionais I

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Autor: Prof. Alexandre Saramelli 
Colaboradoras: Profa. Cristiane Nagai
 Profa. Rachel Niza
Normas Internacionais 
de Contabilidade
Professor conteudista: Alexandre Saramelli
Contador formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, mestre profissional em 
Controladoria pela mesma universidade e doutorando em Epistemologia e História da Ciência pela Universidad 
Nacional Tres de Febrero – Buenos Aires, Argentina. Atuou em empresas nacionais e internacionais de médio e 
grande porte como contador em áreas de Custos e Orçamentos e foi consultor em sistemas de controladoria da 
desenvolvedora alemã SAP. É também autor de livros didáticos.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S243n Saramelli, Alexandre.
Normas Internacionais de Contabilidade. / Alexandre Saramelli. 
– São Paulo: Editora Sol, 2021.
148 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230
1. Políticas contábeis. 2. Normas de contabilidade. 3. Elaboração das 
demonstrações contábeis. I. Título.
CDU 657
U512.07 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Virgínia Bilatto
Sumário
Normas Internacionais de Contabilidade
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO DAS 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...................................................................................................................... 11
1.1 Princípios de contabilidade segundo o CPC 00(R1) e NBC TG 
Estrutura Conceitual ................................................................................................................................... 11
1.2 Princípios Fundamentais de Contabilidade, segundo o CFC nº 1.282/2010 ................. 19
1.3 Ativo, passivo, receitas e despesas ................................................................................................ 23
2 NORMAS DE CONTABILIDADE .................................................................................................................... 26
2.1 Convergência contábil ........................................................................................................................ 26
2.1.1 Órgãos preocupados com a harmonização contábil ................................................................ 30
2.2 Normas Internacionais de Contabilidade: NIAS e IFRS ......................................................... 36
2.3 Normas Brasileiras de Contabilidade: CPC e NBC – TG......................................................... 41
2.4 Quadro comparativo dos CPCs com as IAS/IFRS ..................................................................... 45
3 POLÍTICAS CONTÁBEIS ................................................................................................................................... 48
3.1 Procedimentos de acordo com a IAS 8, CPC 23(R1) e NBC TG 23(R1) ........................... 48
3.2 Políticas contábeis ............................................................................................................................... 64
4 MUDANÇAS NAS ESTIMATIVAS E RETIFICAÇÃO DE ERRO .............................................................. 80
4.1 Mudanças nas estimativas ............................................................................................................... 80
4.2 Retificação de erro ............................................................................................................................... 81
Unidade II
5 AJUSTE A VALOR PRESENTE ........................................................................................................................ 95
5.1 Procedimento de acordo com a IAS 8, CPC 12 e NBC TG 12 ............................................. 95
5.2 Alcance ...................................................................................................................................................101
6 OPERACIONALIZANDO O AJUSTE A VALOR PRESENTE ..................................................................102
6.1 Mensuração ..........................................................................................................................................102
6.2 Passivos não contratuais .................................................................................................................105
Unidade III
7 EFEITOS DAS MUDANÇAS NAS TAXAS DE CÂMBIO E CONVERSÃO DE 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ....................................................................................................................112
7.1 Procedimentos de acordo com IAS 21 (BV2010), CPC02(R2) e NBC TG02(R1) .........112
7.2 Metodologia de conversão das demonstrações contábeis ................................................119
8 APLICAÇÃO DA CONVERSÃO DE DEMONSTRAÇÕES APLICADAS ..............................................123
8.1 Modelos de conversão das demonstrações contábeis ........................................................123
8.2 Conversão das demonstrações contábeis para moeda estrangeira ...............................125
7
APRESENTAÇÃO
É imprescindível ao contador estudar a Contabilidade aplicada aos ambientes internacionais e as 
Normas Internacionais de Contabilidade. Contudo, esse não é um estudo de fácil absorção porque 
requer, além de uma observação dos aspectos técnicos da profissão, um olhar apurado para contornos 
culturais, usos e costumes e história dos povos/nações.
Exige-se do profissional de contabilidade (assim como de qualquer outro profissional que se propõe 
a trabalhar com relações internacionais) desprendimento de sua própria cultura e esforço para lidar com 
problemas que não teria caso estivesse trabalhando exclusivamente em ambiente nacional.
As normas internacionais estão trazendo ao Brasil novos conceitos e mudando hábitos. A depreciação, 
por exemplo. Durante muitos anos, o contador simplesmente seguia e aplicava em seu trabalho o que 
estava descrito em instruções normativas que tratavam sobre a questão. A partir de agora, terá que 
aplicar um julgamento para cada situação em específico. Para isso, entre outras coisas, terá que aprender 
a fazer depreciação! Não aquela que vinha sendo ensinada nas faculdades, uma simples interpretação 
da legislação fiscal, mas o contador deverá entender e acompanhar as teorias envolvidas para que possa 
realizar um trabalho à altura das expectativas.
Conforme Niyama (2005), contabilidade internacional pode ser definida como a linguagem dos 
negócios, mas que enfrenta um grande obstáculo: as diferenças normativas entre os vários países. A 
harmonização surge como um meio para lidar com essa problemática, minimizando asdiferenças e 
deixando a contabilidade compreensível para agentes em todos os países.
Nesta disciplina teremos contato com vários assuntos importantes nas normas contábeis internacionais, 
sendo que muitos deles você já teve contato em outras disciplinas. Então, se nessas outras disciplinas a 
ênfase era o assunto que estava sendo estudado, nesta você irá aumentar seu conhecimento sobre as normas 
internacionais em conjunto. Ou seja, irá conhecer melhor essa “linguagem”, como diz Niyama (2005).
Não é raro observarmos que, ao se depararem com questões internacionais, muitos contadores reduzam 
a complexidade dessas questões, limitando-se apenas a verificar o que está escrito em um pronunciamento 
do CPC. Esse comportamento muitas vezes é influenciado pelo fato de haver cursos de formação rápida 
que privilegiam, como comenta Niyama (2005), o “como fazer” (critérios de reconhecimento, mensuração 
e evidenciação) e não o “por que fazer” (diferenças na forma de apresentação do balanço).
Recomenda-se, então, a você aluno(a), que controle sua ansiedade no “como fazer”, motivando-se a 
analisar as questões do “por que fazer”.
Ao final do estudo, espera-se que você tenha formado habilidades não apenas para interpretar as 
normas contábeis, mas para efetuar julgamentos profissionais de melhor qualidade, contando inclusive 
com eventuais diferenças culturais.
8
INTRODUÇÃO
A disciplina Normas Internacionais de Contabilidade trata das mudanças ocorridas na contabilidade 
brasileira com a convergência contábil perante as exigências impostas pelo processo de globalização. 
Também se pretende capacitar os alunos à compreensão dos aspectos relacionados à estrutura 
conceitual para a elaboração das demonstrações contábeis no âmbito internacional, considerando os 
procedimentos adotados nas políticas contábeis, mudanças nas estimativas e retificação de erro, ajuste 
a valor presente e efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis.
Nesse sentido, temos os seguintes objetivos gerais:
• apresentar uma síntese dos princípios da Teoria Contábil de um ponto de vista doutrinário;
• desenvolver o raciocínio contábil;
• compreender a construção teórica básica das principais demonstrações contábeis;
• apresentar um referencial genérico para avaliar áreas da teoria e da prática contábil em três níveis 
básicos: o nível estrutural, de interpretação semântica e pragmática.
O livro-texto tem como objetivos específicos capacitar os estudantes à compreensão dos aspectos 
relacionados à estrutura conceitual para a elaboração das demonstrações contábeis, seus fundamentos 
técnicos e teóricos; e à necessidade da convergência contábil perante as exigências impostas pelo 
processo de globalização. Ou seja, trata-se de um livro que auxilia os alunos a ter contato, saber usufruir 
e bem utilizar as normas contábeis internacionais.
Na elaboração deste livro-texto também se seguiu orientações da Organização das Nações 
Unidas ! ONU, UNCTAD; do Conselho Federal de Contabilidade e da Fundação Brasileira de 
Contabilidade (Proposta Nacional de Conteúdo para os Cursos de Graduação em Ciências Contábeis), 
do Ministério da Educação (Resolução CNE/CES nº 10/2004 e Parecer CNE/CES nº 269/2004) e 
orientações do Prof. Jorge Katsumi Niyama aos professores do curso de Ciências Contábeis.
Sendo assim, mais do que simplesmente uma introdução às novidades das normas contábeis 
internacionais, é necessário um estudo muito mais amplo, proporcionando aos alunos contato e 
entendimento das normas internacionais.
É importante lembrar que, neste momento, estamos atuando como difusores de novas normas 
contábeis internacionais que trazem uma série de novos conhecimentos, hábitos e conceitos.
Sabemos que nossos alunos não atuarão apenas como aprendizes, mas como agentes de mudança, 
atualizando os contadores que não estão mais nos bancos escolares.
9
Para atingir esses objetivos, escolhemos expor as novas teorias de forma ampla, com comparações 
entre autores. Assim, optamos por uma exposição de exemplos e casos, tanto reais como fictícios, para 
complementar a teoria e possibilitar uma visualização dos problemas na prática.
A combinação de exposição de um referencial teórico de forma ampla com casos reais e fictícios 
para auxiliar na aprendizagem são um caminho interessante e quiçá muito agradável para o estudo da 
contabilidade internacional.
11
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Unidade I
1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO DAS 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Durante a 23ª Bienal de São Paulo, o artista japonês Yukinori Yanagi instalou um painel de areia 
colorida que representava bandeiras de todos os países interligadas por tubos. Essas bandeiras (feitas 
de areia colorida) se misturavam à medida que formigas saúvas iam levando os grãos de um lado para 
o outro.
A obra intitulada The World Flag, Ant Farm fez muito sucesso e atraiu a curiosidade durante a Bienal. 
O artista declarou aos jornalistas que, enquanto os homens ainda acreditarem em símbolos, haverá a 
necessidade de um formigueiro.
Independentemente dessa interpretação de Yanagi, essa obra nos faz pensar sobre o que significa 
a globalização. Existem bandeiras, nacionalidades e fronteiras controladas, mas as pessoas estão em 
constante trânsito pelo mundo, levando suas coisas e culturas de lá para cá e de cá para lá!
Como formigas, as pessoas deixam suas marcas em diversos locais no planeta. Assim, já era hora de 
termos Normas Internacionais de Contabilidade.
 Saiba mais
Conheça melhor essa obra de arte em:
YANAGI cria com nações e formigas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 4 out. 
1996. Disponível em: https://bit.ly/2U8nxo8. Acesso em: 2 jan. 2015.
Saiba mais sobre o artista em:
Disponível em: http://www.yanagistudio.net/home.html. Acesso em: 
2 jan. 2015.
1.1 Princípios de contabilidade segundo o CPC 00(R1) e NBC TG 
Estrutura Conceitual
Se nós tivermos uma regra que diz que “se ABC acontecer, a contabilidade 
é X”, eu sei que em três minutos os bancos de investimento vão produzir 
um esquema BCD que não vai ser coberto por essa regra. Então, teremos 
12
Unidade I
que criar uma nova regra. Porém, se você disser que “o princípio diz que 
ABC acontece e aqui está a regra contábil X”, quando eles criarem o BCD, 
nós poderemos dizer: Desculpe, isso é apenas uma variação, te pegamos!
Sir David Tweedie
 Saiba mais
A declaração anterior foi concedida ao jornalista Jill Treanor do jornal 
The Guardian e pode ser acessada no seguinte link:
TREANOR, J. Calvinist on a clean-up quest: Sir David Tweedie, chairman, 
International Accounting Standards Board. The Guardian, 29 jun. 2002. 
Disponível em: http://www.guardian.co.uk/business/2002/jun/29/worldcom. 
Acesso em: 14 jul. 2014.
Iniciaremos o nosso estudo de Normas Internacionais de Contabilidade relembrando a importância 
da estrutura conceitual e dos princípios contábeis.
A finalidade das demonstrações financeiras é apresentar a todos a situação econômico-financeira 
da empresa em determinado período. Deve-se ressaltar que tais informações deverão ser prestadas 
pela área contábil, levando-se em conta a necessidade de cada usuário, ou seja, usuários internos como 
proprietários, gestores e empregados terão necessidades diferentes comparadas aos usuários externos 
(bancos, fornecedores, clientes, entre outros).
Para alcançar esse objetivo, os contadores precisam elaborar as demonstrações com base em normas 
e princípios geralmente aceitos, ou seja, em normas que sejam conhecidas e aceitas por todo mundo, 
ou pela maioria das pessoas.
Imagine, por exemplo, um contador que trabalha em uma empresa que produz algo estranho, 
muitas vezes difícil de explicar até mesmo para os profissionais da área. Não raramente, é muito comum 
ouvirmos as pessoas dizerem que não conseguem explicar o que fazem para os seus próprios pais, para a 
família ou para as pessoas. Apesar disso, o contador precisa necessariamente explicar não apenas o que 
é feito, mas como está a situaçãoeconômico-financeira da empresa em moldes que todos entendam.
É evidente que as pessoas têm necessidades diferentes. Ao mesmo tempo em que um usuário 
da contabilidade se contenta em saber que uma empresa “está dando dinheiro” e não tem nenhum 
interesse em saber sequer o produto e/ou serviço que essa empresa oferece ao mercado, outros usuários 
irão querer saber os detalhes da operação, como são valorizados os estoques, qual a composição dos 
empréstimos e financiamentos etc.
13
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Sabe-se que, conforme lembram Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 6), uma boa análise depende de 
dois aspectos importantes, a qualidade e a quantidade de informações disponíveis:
A quantidade de informações disponibilizadas é importante, pois quem 
está de fora da empresa só poderá conhecer determinados aspectos do 
empreendimento se as informações forem divulgadas. Mais importante 
ainda é que as informações constantes nas demonstrações analisadas sejam 
confiáveis e acuradas, caso contrário as conclusões não serão confiáveis.
Para atender a essas expectativas, tanto dos usuários internos como dos externos, os contadores 
(e aqui não estamos nos referindo apenas aos contadores brasileiros, mas de todo o planeta) utilizam 
normas e princípios geralmente aceitos porque, além de uma necessidade técnica contábil, eles facilitam 
as empresas alcançarem um padrão mínimo de qualidade e quantidade de informações e demonstrações 
financeiras que devem ser divulgadas.
Assim, cada país estabelece qual é esse conjunto de informações mínimas, sendo possível instaurar 
uma verdadeira linguagem dos negócios, aceita, compreendida, praticada e incentivada por todos os 
agentes no mercado.
A legislação brasileira básica que traz a estrutura conceitual das demonstrações financeiras é 
a Lei nº 6.404/76, a Lei das Sociedades Anônimas, e que posteriormente foi alterada em diversos 
pontos pela Lei nº 11.638/2007 e pela Lei nº 11.941/2009 (que alterou os grupos do Balanço Patrimonial 
e os respectivos pronunciamentos contábeis – CPCs).
 Saiba mais
O Brasil já teve várias Leis das Sociedades Anônimas. Os pesquisadores 
Schmidt e Santos (2012) fizeram um interessante levantamento de todas 
essas leis, desde 1850 até o CPC 26 de 2009.
SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L. Cronologia da normatização das demonstrações 
contábeis no Brasil: do Código Comercial Brasileiro de 1850 ao pronunciamento 
26 do CPC de 2009. Revista Enfoque, UEM!Paraná, v. 31, n. 1, p. 27-35, 
jan./abr. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.4025/enfoque.v31i1.15233. 
Acesso em: 30 jun. 2014.
O Brasil sempre teve forte tradição em manter normas contábeis próprias, conservando uma autarquia, 
o Conselho Federal de Contabilidade, para legislar sobre matéria contábil. Essas normas contábeis, no 
entanto, sofreram influências e estavam alinhadas a escolas contábeis de outros países que, à época, 
mostravam alta qualidade e inspiravam admiração e confiança. Na figura a seguir é possível observar 
uma linha do tempo com os alinhamentos da contabilidade brasileira.
14
Unidade I
Influência escola 
contábil europeia
IFRS
A partir de 2008
Influência 
escola contábil 
norte-americana a 
partir de 1976
Figura 1 ! Linha do tempo das influências das escolas contábeis no Brasil
No século passado, até as décadas de 1960 e 1970, era muito comum aos contadores brasileiros 
terem enorme admiração pelas escolas contábeis europeias, especialmente a italiana. De Rocchi (1998), 
por exemplo, explica que o contador Francisco D’Auria não se preocupava com contabilidade gerencial, 
mas era fascinado por autores italianos e franceses e, em uma atitude de contínua atualização, 
costumava viajar frequentemente a países da Europa. Em 1932, encontrou-se com Gino Zappa e pôs-se 
a elogiar com entusiasmo a cultura contábil italiana. No entanto, Zappa disse que naquele momento 
a contabilidade italiana não seria o melhor exemplo, haveria muito que aprender com os americanos e 
alemães em matéria de análise.
Os autores brasileiros de Ciências Contábeis normalmente não citam a existência de uma escola 
contábil brasileira. Entende-se que não é possível dizer que o Brasil teria criado uma escola genuína; 
a contabilidade nacional surgiria de uma influência ou mescla de influências de escolas estrangeiras. 
Sá (1997), que afirma que as principais influências de escolas contábeis estrangeiras foram da escola 
patrimonialista italiana, confirma essa “mescla” de influências de escolas estrangeiras, no entanto, ele 
próprio se dedicou exaustivamente durante sua vida para formar uma escola contábil genuinamente 
brasileira, a escola neopatrimonialista.
No entanto, por diversos fatores, a escola contábil norte-americana passou a influenciar 
fortemente os mercados em todo o planeta, principalmente nos mercados de capitais. Isso levou o 
governo brasileiro a optar por um alinhamento com a escola contábil norte-americana, movimento 
que foi acompanhado por professores da Universidade de São Paulo, uma importante doutrinadora 
de Ciências Contábeis no Brasil.
A partir das décadas de 1990 e 2000, com as discussões sobre a necessidade de criação de uma 
convergência internacional, professores da Universidade de São Paulo e, em especial, o prof. Dr. Eliseu 
Martins, influenciam a adoção da Lei nº 11.638, iniciando oficialmente o processo de convergência 
contábil internacional no Brasil.
15
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
 Observação
Alguns países não mantêm normas contábeis próprias ou um comitê de 
pronunciamentos contábeis como no Brasil e nos EUA. A China, por exemplo, 
decidiu incorporar as Normas Internacionais da IASC integralmente em sua 
legislação.
As Normas Internacionais de Contabilidade, como você vai estudar nas próximas unidades, discutiu 
intensamente os graves problemas que vinham assolando os mercados quanto a problemas de 
informação contábil. A seguir, apresento um texto para reflexão, inspirado no caso Mercedes Benz, que 
ficou muito famoso.
Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação
A decepção de Gerhard Mannsieht
Gerhard Mannsieht devora um apetitoso pacote de batatas fritas e toma um refrigerante gelado 
enquanto espera pacientemente o seu voo no frio e movimentado saguão do aeroporto John F. Kennedy, 
em Nova York. O ano é 1999, é inverno e seu avião atrasou por motivos que não se interessava em saber. 
O fato é que Mannsieht precisaria esperar muitas horas pelo voo. Com certeza não iria viajar aquela 
noite, mas não estava disposto a ir a um hotel e descansar.
A última coisa que queria era dormir.
Estava particularmente furioso e, nessas horas, preferia sentar-se e ver o movimento das pessoas 
caminhando. Apesar de estar ansioso para voltar para casa e rever sua mulher, Mannsieht não estava 
particularmente furioso por conta do atraso do avião. Ao contrário, de certa forma, ainda bem que esse 
avião havia atrasado! Como diretor financeiro de uma grande indústria alemã, foi obrigado a viajar para 
Nova York poucos dias após voltar de sua lua de mel, onde teve a oportunidade rara de conhecer as 
paradisíacas ilhas da Polinésia Francesa.
A empresa que representava, com sede em Hannover, produzia lentes para câmeras fotográficas e 
era uma das melhores marcas desse mercado. Após muitos anos de trabalho, decidiu finalmente fazer 
um lançamento de ações na NYSE, a bolsa de valores nova-iorquina. Entre os diversos trabalhos que 
foram necessários para a abertura das ações das empresas na NYSE, foram obrigados a “traduzir” toda a 
contabilidade dos últimos cinco anos para o FASB, as normas contábeis norte-americanas.
O problema é que na Alemanha a empresa nunca relatou prejuízo em seus balanços. Estava 
acostumado a ser tratado pela imprensa local como um vencedor, um profissional muito competente. 
Em Nova York, no entanto, pelas regras norte-americanas, a empresa relatava prejuízo. As mesmas 
operações, as mesmas coisas que em um país eram um sucesso, em outro eram um fracasso.
16
Unidade I
Mannsieht sabia que seria difícilcaptar dinheiro nos Estados Unidos para financiar a expansão da 
empresa. Convencer os investidores americanos até que não seria muito difícil. Mas ele não contava 
era com os jornalistas. Chamaram sua empresa de insolvente sem o menor pudor. Isso o deixou 
absolutamente possesso. Ele não admitia ser tratado como um fracassado. Era um vencedor! Não só ele, 
mas mil e tantos funcionários que trabalhavam duro nas oficinas de sua empresa!
Felizmente soube se controlar e não provocou um vexame. Porém, esse incidente foi muito ruim para 
o humor de Mannsieht. Melhor ver o movimento das pessoas para se acalmar.
Nova York não o recebeu bem!
Pergunta-se: como explicar o fato de a empresa do Sr. Gehard Mannsieht ter ótimos resultados em 
um país e em outro ter resultados ruins? É necessário “traduzir” as demonstrações contábeis?
Um caso emblemático, que ajudou a acelerar a convergência contábil internacional foi descrito na 
revista Chartered Accounting, em janeiro de 2003, quando então a empresa alemã Mercedes Benz AG 
obteve em 1993 um lucro de DM$ 612 milhões de acordo com as normas contábeis alemãs (German 
GAAP) e, quando as demonstrações financeiras foram traduzidas e ajustadas para as normas contábeis 
norte-americanas (US GAAP), apurou-se um prejuízo de DM$ 1,839 bilhões.
Veja que se trata de uma diferença absurda, inacreditável e que demonstrava claramente que normas 
contábeis internacionais eram absolutamente necessárias em uma economia globalizada.
Lucro alemão GAAP – DM$612 milhões.
Prejuízo USGAAP – DM$1,839 bilhões.
DM$ = Marco alemão, a antiga moeda da Alemanha e que hoje utiliza o euro.
Um dos graves problemas envolvendo contabilidade que assolavam os mercados é que muitos 
usuários solicitavam, seja para as pequenas e médias empresas, seja para as grandes empresas, 
demonstrações financeiras ad hoc, ou seja, demonstrações preparadas sob medida para fins específicos 
e muitas vezes uma única vez, para uso esporádico. Isso é muito prejudicial porque, ao mesmo tempo 
em que o contador se desdobrava para ter tempo disponível para atender pedidos especiais de usuários, 
trazia cada vez menos confiança. Percebeu-se uma mania de “sempre pedir mais do que está nas 
demonstrações contábeis”, que nunca satisfazem!
Assim, para evitar essa mania e valorizar o trabalho do contador, formou-se o conceito de relatório 
contábil-financeiro de propósito geral, que como o nome já insinua é um relatório de uso geral ou 
multiuso, já desenvolvido para todas as necessidades em potencial dos usuários externos, sem que estes 
peçam informações adicionais ou ad hoc. Esse conceito foi definido da seguinte forma no CPC 00 (R1) 
Conceitual Básico (CPC, 2011a):
17
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
OB2. O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é 
fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta 
essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes 
e, em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando 
da tomada decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. 
Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em 
instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a oferecer ou 
disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito.
Nesse sentido, para que os relatórios realmente tenham essa característica de “propósito geral”, 
elegeram-se três grupos de usuário externos que necessitam de uma sensibilidade especial:
• investidores existentes e em potencial;
• credores por empréstimos;
• outros credores.
Muito importante que o contador não dê a esse grupo “preferência”, porque todos os usuários são 
importantes. Entretanto, de fato, a IASB reconhece que esses usuários têm uma relevância muito grande 
e é importante que o contador seja sensível às necessidades deles.
 Observação
A escolha de um grupo de usuários como um grupo que deve receber 
mais atenção do contador, sem prejuízo de outros grupos de usuários, 
é uma ideia muito polêmica. Qualquer pessoa que tenha a necessidade 
de conhecer algum assunto sobre uma empresa e, por isso, recorra às 
demonstrações contábeis é digna de atenção! No entanto, a orientação 
da IASB é de bom senso dentro da necessidade profissional de aumentar a 
relevância do trabalho. Os investidores, e credores, têm um especial interesse 
pela empresa e o que for feito para satisfazer esses grupos é válido e será 
útil aos outros grupos de usuários também!
A IASB, por meio do pronunciamento conceitual básico, reconheceu que os contadores já vinham 
publicando informações quantitativas de excelente qualidade, contudo, havia deficiências quanto a 
informações qualitativas.
É nesse sentido que se torna imprescindível que os contadores melhorem as informações qualitativas, 
sendo que a IASB relacionou essas características, conforme podemos verificar na figura preparada por 
Martins, Miranda e Diniz (2014, p. 16):
18
Unidade I
Características 
qualitativas
Fundamentais
De melhorias
Representação 
fidedigna
Valor preditivo
Completa
Valor confirmatório
Neutra
Livre de erro material
Compatibilidade
Verificabilidade
Tempestividade
Compreensibilidade
Relevância
Figura 2 ! Características qualitativas da informação contábil
Em complemento, o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Financeiras define o conjunto 
completo de demonstrações e informações que o contador deve disponibilizar para o público, sendo 
que o texto é apresentado na íntegra, a seguir:
10. O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui:
(a) balanço patrimonial ao final do período;
(b1) demonstração do resultado do período;
(b2) demonstração do resultado abrangente do período;
(c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período;
(d) demonstração dos fluxos de caixa do período;
(e) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis 
significativas e outras informações elucidativas;
(ea) informações comparativas com o período anterior, conforme especificado 
nos itens 38 e 38A; (incluída pela Revisão CPC 03) (f) balanço patrimonial 
do início do período mais antigo, comparativamente apresentado, quando 
a entidade aplicar uma política contábil retrospectivamente ou proceder 
à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou 
quando proceder à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis 
de acordo com os itens 40A a 40D; e (Alterada pela Revisão CPC 03)
19
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
(f1) demonstração do valor adicionado do período, conforme 
Pronunciamento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum 
órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente. (Alterada 
pela Revisão CPC 03)
A entidade pode usar outros títulos nas demonstrações em vez daqueles 
usados neste Pronunciamento Técnico, desde que não contrarie a legislação 
societária brasileira vigente.
10A. A entidade pode, se permitido legalmente, apresentar uma única 
demonstração do resultado do período e outros resultados abrangentes, com 
a demonstração do resultado e outros resultados abrangentes apresentados 
em duas seções. As seções devem ser apresentadas juntas, com o resultado 
do período apresentado em primeiro lugar seguido pela seção de outros 
resultados abrangentes. A entidade pode apresentar a demonstração do 
resultado como uma demonstração separada. Nesse caso, a demonstração 
separada do resultado do período precederá imediatamente a demonstração 
que apresenta o resultado abrangente, que se inicia com o resultado do 
período. (Incluído pela Revisão CPC 03)
10B. Quando da aprovação deste Pronunciamento Técnico, deve atentar-se 
para o fato importante de que a legislação societária brasileira requer que 
seja apresentada a demonstração do resultado do período como uma seção 
separada (Incluído pela Revisão CPC 03) (CPC, 2011c).
 Saiba mais
Recomenda-se que você leia na íntegra os pronunciamentos CPC 00 e 
CPC 26, visitando o seguinte site:
Disponível em: http://www.cpc.org.br. Acessoem: 30 jun. 2014.
É sempre interessante ver também a versão em inglês da IASB em:
Disponível em: www.iasb.org. Acesso em: 30 jun. 2014..
1.2 Princípios Fundamentais de Contabilidade, segundo o CFC nº 1.282/2010
Iremos estudar e/ou relembrar alguns aspectos sobre os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade e das normas brasileiras, que são imprescindíveis como base para o estudo da 
contabilidade internacional.
20
Unidade I
No Brasil, adota-se o chamado “direito romano” e, por consequência, há uma forte orientação 
legalista-formalista, na qual as ações e procedimentos contábeis e fiscais são expressos em instrumentos 
jurídicos, ao contrário do chamado “direito consuetudinário” dos países anglo-saxões, que adotam a 
commom law, na qual as ações e procedimentos contábeis emanam dos usos e costumes.
Assim, os princípios fundamentais de contabilidade são integrados ao arcabouço jurídico brasileiro e 
não são apenas orientações utilizadas pela profissão de forma responsável.
 Observação
O aspecto da adoção no Brasil de uma orientação jurídica 
legalista-formalista é particularmente um desafio em se tratando da 
necessidade de adoção do fair value ! valor justo, que tem origem na 
orientação jurídica de commom law.
Os princípios fundamentais de contabilidade são dispostos na Legislação brasileira, na Resolução 
nº 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade, que, no esforço para a harmonização contábil 
internacional, foi alterada pela Resolução CFC nº 1.282/10 NBC TI 1 – Estrutura Conceitual para a 
Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis.
Conforme Iudícibus et al. (1990), princípios contábeis são premissas básicas sobre os fenômenos e eventos 
contemplados pela contabilidade. Muitos profissionais no mercado e/ou estudantes costumam chamar os 
princípios contábeis norte-americanos de USGAAP e por analogia, os princípios brasileiros de BRGAAP.
 Observação
O GAAP abrevia a expressão Generally Accepted Accounting Principles, 
ou princípios contábeis geralmente aceitos.
Segundo Iudícibus et al. (1990), para um princípio ser incorporado à doutrina contábil, é necessário 
que atenda a duas condições básicas:
1 ! o objetivo deve ser considerado praticável pelo consenso profissional;
2 ! deve ser considerado útil.
A ordem de classificação é importante porque, para muitos profissionais da contabilidade, é de 
fundamental importância que um princípio seja praticável antes de ser relevante. Não basta que um 
princípio seja aderente a uma realidade econômica, é necessário que tenha como ser colocado em prática 
com facilidade, em uma relação de custo-benefício. Isso não quer dizer que um potencial princípio 
contábil que hoje é considerado impraticável não venha a ser considerado praticável no futuro, mas 
quer dizer que a tecnologia e a cultura podem favorecer sua aceitabilidade.
21
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
 Observação
O fair value ! valor justo – é um exemplo de praticabilidade. Por muito 
tempo não foi adotado porque se julgava que não poderia ser praticável.
Nesse sentido, atualmente são aceitos os seguintes princípios contábeis:
Art. 5º. O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará 
em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos 
componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.
Art. 6º. O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração 
e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações 
íntegras e tempestivas (CFC, 2010).
Não houve novidades, comparando-se o período anterior à convergência internacional.
Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção 
e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua 
relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e 
a confiabilidade da informação (CFC, 2010).
Não houve novidades, comparando-se o período anterior à convergência internacional.
Art. 7º. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os 
componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos 
valores originais das transações, expressos em moeda nacional.
§ 1º. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus 
distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:
I – custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem 
pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos 
que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos 
são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca 
da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou 
equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no 
curso normal das operações; e
II – variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os 
componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações 
decorrentes dos seguintes fatores:
22
Unidade I
a) custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou 
equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou 
ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações 
contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes 
de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação 
na data ou no período das demonstrações contábeis;
b) valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou 
equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em 
uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e 
equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para 
liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações 
da Entidade;
c) valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do 
fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item 
no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo 
valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se 
espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações 
da Entidade;
d) valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo 
liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação 
sem favorecimentos; e
e) atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da 
moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o 
ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.
§ 2º. São resultantes da adoção da atualização monetária:
I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não 
representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das 
transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda 
nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos 
componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e
III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente 
o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a 
aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação 
do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período (CFC, 2010).
23
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
No artigo 7º, incorpora-se o conceito de valor justo que estudaremos neste livro-texto.
[...] Art. 9º. O Princípio da Competência determina que os efeitos das 
transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se 
referem, independentemente do recebimento ou pagamento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da 
confrontação de receitas e de despesas correlatas (CFC, 2010).
Não houve novidades, comparando-se o período anterior à convergência internacional.
Art. 10. [...]
Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo 
grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativasem certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não 
sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, 
atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação 
dos componentes patrimoniais (CFC, 2010).
Não houve novidades, comparando-se o período anterior à convergência internacional.
A condição de praticabilidade e/ou relação custo-benefício no caso da incorporação do valor justo 
não está sendo levada em conta, ou está sendo abafada. A necessidade de convergência contábil é o 
argumento mais forte, mesmo que o contador enfrente dificuldades na aplicação prática do valor justo 
a um ponto que impeça este de ser utilizado. Então, as recomendações são a de que o contador tome 
providências para usar o valor-justo mesmo que enfrente resistências na empresa e descentralize essa 
responsabilidade para outros profissionais da empresa, como os engenheiros. O engenheiro, com base 
em laudos e opiniões de corretores imobiliários, pode apresentar ao contador qual seria o valor justo de 
um imóvel.
Entende-se que o contador deve formar um sistema de informações e manter uma rede de 
relacionamentos internos. Sendo assim, os impactos da convergência não ficam restritos apenas aos 
contadores, mas afetam vários outros profissionais.
1.3 Ativo, passivo, receitas e despesas
Segundo o CPC 00 (2011a), o balanço patrimonial de uma empresa é composto de seu ativo, passivo 
e patrimônio líquido. Na demonstração de resultados do exercício realiza-se um confronto entre as 
receitas e as despesas.
O ativo é composto por bens e direitos necessários para o desenvolvimento da atividade operacional 
de quaisquer empresas e representa os recursos aplicados por ela para a sobrevivência. É dividido entre 
o ativo circulante e o ativo não circulante, mostrados no quadro a seguir:
24
Unidade I
Quadro 1 ! Componentes do Ativo
O Ativo Circulante (AC) é composto por bens e direitos que 
serão recebidos em dinheiro num prazo de até 360 dias. O Ativo 
circulante, também conhecido por ativo a curto prazo, compõe 
geralmente as seguintes contas: caixa e equivalente de caixa 
(contas correntes bancárias e aplicações financeiras), clientes, 
estoques, entre outras, mas sempre apresentadas em ordem 
de liquidez.
O Ativo Não Circulante (ANC), além de compor os bens direitos 
que serão recebidos em dinheiro num prazo superior de 360 dias, 
os chamados “realizáveis em longo prazo”, também comporta 
os investimentos, e os mais comuns são as aquisições de 
participações em outras empresas, o imobilizado, representado 
pelos bens corpóreos, como máquinas, móveis, equipamentos de 
informática, entre outros.
Ainda temos o intangível, bens e direitos não corpóreos, mas 
que também contribuem para o desenvolvimento da atividade 
empresarial, como as marcas e o capital intelectual.
O subgrupo do balanço patrimonial, chamado passivo, representa todas as dívidas contraídas pelas 
empresas. Pode-se afirmar que as dívidas registradas são contraídas com terceiros, ou seja, com pessoas 
físicas e/ou jurídicas. Além de possuírem um vencimento predeterminado, essas dívidas levam a 
empresa a sanções (juros e multas) no caso de não saldá-las na data prevista, o que já não ocorre 
no patrimônio líquido.
É dividido entre o passivo circulante e o passivo não circulante, mostrados no quadro a seguir:
Quadro 2 ! Componentes do Ativo
As dívidas com vencimento em curto prazo, ou seja, que vencerão 
em até um ano após o exercício social atual, serão classificadas como 
passivo circulante, ficando as demais, aquelas com vencimento superior 
a um ano, registradas como passivo não circulante.
No passivo circulante são registradas dívidas como salários a pagar, 
impostos a pagar, fornecedores, entre outras. Enquanto no passivo não 
circulante, as dívidas mais comuns são os financiamentos bancários e 
outras com vencimento em longo prazo.
No patrimônio líquido são registradas as dívidas contraídas pela empresa, porém, junto aos seus 
proprietários, como o capital social. Caso a empresa venha a pagar o capital social para os proprietários, 
haverá o encerramento das atividades.
A seguir, uma rápida comparação sobre a estrutura do balanço patrimonial antes e após a 
convergência internacional:
25
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Conteúdo do Balanço
Ativo Passivo
Ativo circulante
Ativo realizável em longo prazo
Ativo permanente, dividido em:
– Investimentos
– Ativo imobilizado
– Ativo diferido
Passivo circulante
Passivo exigível em longo prazo
Resultados de exercícios futuros
Patrimônio líquido, dividido em:
– Capital social
– Reservas de capital
– Reservas de reavaliação
– Reservas de lucro
– Lucros (ou prejuízos) acumulados
Obrigações
Patrimônio
líquido
Bens e 
direitos
Figura 3 ! Conteúdo do Balanço de acordo com a Lei 6.404/76, antes das Normas Internacionais de Contabilidade
A estrutura anterior a 2007 continha, por exemplo, o ativo diferido e, no esforço de convergência, os 
contadores brasileiros resolveram abandonar a amortização dos gastos pré-operacionais.
Conteúdo do Balanço
Ativo Passivo
Ativo circulante
Ativo não circulante, dividido em:
– Realizável em longo prazo
– Investimentos
– Ativo imobilizado
– Ativo intangível
Passivo circulante
Passivo não circulante
Patrimônio líquido, dividido em:
– Capital social
– Reservas de capital
– Reservas de avaliação patrimonial
– Reservas de lucro
– Lucros (ou prejuízos) acumulados
Obrigações
Patrimônio
líquido
Bens e 
direitos
Figura 4 ! Conteúdo do Balanço de acordo com as Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09, após as Normas Internacionais de Contabilidade
Observe que, se já não há o ativo diferido, agora há espaço para o tão necessário ativo intangível!
As receitas são os ganhos que a empresa pode ter no momento (receitas à vista) ou em data 
predeterminada (receitas a prazo) ao revender suas mercadorias (atividade comercial) e/ou vender seus 
produtos (atividade industrial), ou ainda prestar serviços (atividade prestadora de serviços). Para obter 
essas receitas, a empresa precisa dispor de alguns gastos, o que chamamos de despesas. Em outras 
palavras, as despesas representam o sacrifício para buscar uma receita.
Ou seja, as despesas não são um gasto sem propósito, sem sentido. Representam uma intenção de 
trazer recursos para a empresa. Ou como definem Iudícibus et al. (1990, p. 66):
O consumo de bens ou serviços, que, direta ou indiretamente, ajuda a 
produzir uma receita. Diminuindo o Ativo ou aumentando o Passivo, uma 
despesa é realizada com a finalidade de se obter uma receita.
26
Unidade I
Antes da convergência, era comum no Brasil separar as despesas e receitas “operacionais” das “não 
operacionais”, ou seja, as despesas mais corriqueiras ou que estão ligadas ao negócio das despesas 
esporádicas, que não estão ligadas com as operações normais da empresa. No entanto, entendeu-se 
que mesmo as despesas mais esporádicas também são realizadas com o intuito de gerar receitas. Não 
se admite que uma empresa esteja gastando dinheiro em algo que não irá trazer retorno. Assim, não há 
mais separação entre despesas “operacionais” e “não operacionais”.
Outra importante mudança no patrimônio líquido e em despesas e receitas é a obrigação do lucro 
acumulado receber uma destinação. Entende-se que não se devem acumular lucros de um período para 
o outro, o que não ocorre com o prejuízo, que pode ser acumulado. Não há mais “lucros acumulados”.
2 NORMAS DE CONTABILIDADE
2.1 Convergência contábil
Relacionam-se três conceitos para entender o que significa harmonização contábil:
• convergência;
• harmonização;
• padronização.
Quando existem várias pessoas ou, como no caso da contabilidade, a mesma prática sendo realizada 
em diferentes países e lugares, pelos mais diferentes profissionais que fazem “mais ou menos a mesma 
coisa”, surge uma intenção ou necessidade de harmonizar, fazer com que todos sigam os mesmos 
códigos e significados. Em outras palavras, que todos “falem a mesma língua”.
Entretanto, oque acontece quando esses profissionais empreendem regras e/ou normas diferentes? Logo 
surge uma vontade de “padronizar” o trabalho, fazer com que todos façam exatamente do mesmo jeito.
Quando vemos, por exemplo, uma bola de futebol, é de interesse de todos que essa bola tenha os 
mesmos elementos em qualquer lugar. Não é interessante que o Brasil utilize uma bola mais pesada, a 
Itália uma bola mais leve e rápida ou a África do Sul uma bola mais achatada. Todos, então, devem ter 
a mesma bola e, independente do lugar onde ela seja fabricada, com as mesmas características finais.
 Observação
Por exemplo, em outros países é comum máquinas de autoatendimento 
nos bancos serem conhecidas como ATM (Automatic Teller Machine), mas 
no Brasil essa sigla não é conhecida, todos chamam esse equipamento de 
caixa eletrônico.
27
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
A padronização nem sempre é fácil, mas é possível em muitos casos. Por exemplo, a organização ISO 
(International Standardization Organization– Organização Internacional para a Padronização) realiza 
um excelente trabalho nesse sentido.
Temos como exemplo a produção de cabos telefônicos: independentemente de uma fábrica estar no 
Paquistão ou na Argentina, deve-se aplicar as mesmas regras de qualidade. Não deve haver influência 
do país e/ou da cultura do país. No entanto, em matéria contábil não é possível dar esse tratamento. Há 
diversas influências na contabilidade, portanto, o uso da palavra harmonizar no sentido de padronizar, 
tornar as coisas rigorosamente iguais, não é razoável.
Nesse sentido, Ikuno et al. (2010) analisaram o trabalho de Nobes (1993), que propôs 17 fatores que 
causam diferenças contábeis internacionais:
• herança colonial;
• invasões;
• tributações;
• inflação;
• nível de educação;
• duração e tamanho da profissão contábil;
• estágio do desenvolvimento econômico;
• sistema legal;
• cultura;
• história;
• geografia;
• linguagem;
• influência da Teoria Contábil;
• sistema político;
• clima social;
• religião;
• acidentes de percurso.
28
Unidade I
Por outro lado, Ikuno et al. (2010) comentam também que Choi e Meek (apud SHIMA, 2007, p. 6) 
apontam oito fatores que causam diferenças nas demonstrações contábeis, porque influenciam o 
sistema financeiro:
• principal fonte de financiamento;
• sistema legal;
• sistema de tributos;
• relações políticas e econômicas;
• inflação;
• nível de desenvolvimento econômico;
• educação;
• cultura.
Há, no entanto, conforme relatam Ikuno et al. (2010), pesquisadores como Zarzeski (1996 apud 
IKUNO et al., 2010) e Jaggi e Low (2000 apud IKUNO et al., 2010) que contestam se os aspectos culturais 
são de fato tão importantes para as diferenças na contabilidade entre os diversos países. Eles lembram 
que muitas empresas atualmente são multinacionais, e com isso os aspectos culturais tendem a não 
ter muita importância. Aspectos como as forças de mercado e fatores institucionais seriam atualmente 
mais importantes.
Sobre esse aspecto das influências culturais e do ambiente, Weffort (2005, p. 19) confirma que a 
contabilidade acaba por receber de fato essas influências:
A contabilidade é moldada pelo ambiente no qual opera. Da mesma forma que 
as nações têm diferentes histórias, valores e sistemas políticos, elas também 
têm diferentes padrões de desenvolvimento da contabilidade financeira. 
[…] Esta diversidade é resultante da variação dos ambientes de negócios ao 
redor do mundo e do fato de a contabilidade ser ambientalmente sensível.
Sob o conceito de convergência, as regras e/ou procedimentos podem ser diferentes, respeitando 
a cultura, língua, usos e costumes e/ou legislação local, desde que o resultado final leve ao mesmo 
entendimento, ao mesmo objetivo. Essa é uma costura complexa de ser realizada. Como, por exemplo, 
fazer com que um contador árabe relate a sua contabilidade de forma que um contador asiático ou 
da América Central possa entender essa contabilidade, mesmo sabendo que as diferenças culturais 
influenciam nos negócios?
29
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
 Lembrete
As características qualitativas da informação contábil também são 
muito importantes nesse conceito de convergência contábil internacional.
A seguir, te convido para uma interessante comparação visual para contribuir no entendimento da 
diferença entre padronização e convergência.
Figura 5 ! Processo de padronização
Figura 6 ! Processo de harmonização
Esse trabalho de convergência é exaustivo, no entanto, é válido porque consegue efetivamente 
trazer benefícios claros para os mercados e para o trabalho do próprio contador. É o que comentam 
Carvalho, Lemes e Costa (2006, p. 15):
Balanços de empresas […] em diversos países tinham que ser comparados 
quanto a margens, retornos, custos de oportunidade, estruturas patrimoniais 
e desempenhos, e havia (ainda há) enorme desperdício de tempo e dinheiro 
para entender as distintas normas contábeis nacionais e reconciliá-las para 
um padrão único. Isso deixará de ser obstáculo e deixará de ser um custo 
a partir das IFRS – as normas das empresas de países que as adotarem já 
sairão, na origem, em IFRS e eventualmente o máximo que se exigirá será a 
tradução do idioma, e não mais das práticas contábeis.
30
Unidade I
A seguir, uma dificuldade de convergência que foi enfrentada no Brasil.
Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação
A convergência no Brasil
Houve uma preocupação acentuada em não aumentar os custos tributários, o que criaria resistências 
para que as normas internacionais fossem adotadas no Brasil.
Segundo Plöger ([s.d.]), coordenador de relações institucionais do Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis – CPC, destinado a buscar soluções para as questões que se apresentarem, com ampla e 
indiscriminada consulta a quem possa ser afetado, o comitê inova no trato de questões regulamentares 
porque reúne representantes de entidades da área privada, do mundo acadêmico e do setor governamental, 
sentados à mesma mesa e imbuídos de um único critério, que é a busca da modernidade.
Na verdade, estamos diante de uma dupla convergência: de um lado, a necessidade universal de 
integrar regras contábeis aos padrões internacionais; de outro, a participação, no debate interno, 
de representantes de todos os atores do mercado brasileiro – governo, iniciativa privada e órgãos 
acadêmicos – dialogando livre e democraticamente no CPC.
Nós sabemos, por nossa própria experiência de vida, que nada será fácil na trajetória do CPC. O mundo 
da contabilidade é complexo e sutil; as soluções buscadas devem responder às questões levantadas e aos 
ambientes nos quais proliferam, mas nem sempre isso é muito fácil de identificar. Para citar um exemplo 
já muito discutido, será necessário muito cuidado para verificar se alguma norma ou procedimento 
adotado produzirá elevação dos custos tributários, de modo a minimizar as possíveis resistências à 
adoção de procedimentos modernizantes.
São cuidados que deveremos ter, para tocar a difícil tarefa, que será gratificante, de colocar o CPC 
em pleno funcionamento.
2.1.1 Órgãos preocupados com a harmonização contábil
Analisam-se a seguir os principais organismos internacionais que influenciam a formação das 
normas contábeis internacionais.
União Europeia
A formação de uma comunidade europeia foi uma mudança inimaginável em se tratando 
de países que há séculos viviam em estado de guerra. Esses países formavam um ambiente de 
hostilidade tão forte que foram capazes de gerar os horrores como as duas guerras mundiais e 
o holocausto. Por influência de políticos e figuras políticas importantes da época, como Winston 
Churchil, Jean Monnet, Robert Schuman, Paul-Henri Spaak e Alcide de Gasperi, alcançou-se o 
31
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
entendimento de que não era inteligente continuar a manter um ambiente de hostilidade entre as 
nações europeias.
O ideal era que esses países se unissem, passassem a empreender um esforço comum em prol da 
melhoria de vida desuas populações. Mas como fazer isso? A solução encontrada foi a criação de um 
modelo político jamais visto na história da humanidade, em que os países abriram mão de parte de suas 
soberanias nacionais em prol de uma comunidade.
O resultado foi um sucesso. Por mais que se critique a União Europeia, fortemente questionada 
durante a crise de 2008 a 2010 e crises de governança pública e financeira pipocando em países como 
Irlanda, Portugal, Grécia, Espanha e Itália, a qualidade de vida nesses países é invejável.
Essa experiência da formação da União Europeia também teve seus reflexos na contabilidade e mais 
do que isso, mostrou a possibilidade de adoção de normas comuns não só entre países europeus, mas 
em todo o planeta.
A União Europeia foi um dos organismos internacionais que ajudaram a tornar a intenção das 
Normas Internacionais de Contabilidade uma realidade por conta de sua missão natural, que é a de 
tomar decisões para seus países membros. A União Europeia publicou a 4ª Diretiva, na qual tratava 
de contabilidade e do conceito de fair value – valor justo.
Evidentemente que a União Europeia não é um órgão contábil, como é, por exemplo, a IASB, que 
é mais ampla. Contudo, foi e está sendo atualmente uma das maiores incentivadoras da adoção das 
normas internacionais.
Associação Interamericana de Contabilidade ! AIC
A Associação Interamericana de Contabilidade é uma entidade que congrega os contadores 
do continente americano. Sua missão, de acordo com Niyama (2010, p. 52), é a de “alcançar 
uma profissão forte e coerente, no âmbito dos contadores das Américas (Norte, Central e Sul), 
que cumpra com sua responsabilidade perante a sociedade dentro de um sincero intercâmbio e 
convivência fraternal”.
 Observação
A AIC conta com 23 países-membros, sendo que entre eles está Cuba, 
com o curioso nome de “Cuba em exílio”.
Iosco
A Iosco é uma entidade internacional que reúne comissões de valores mobiliários, como a brasileira 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e/ou a americana Securities and Exchange Commission (SEC).
32
Unidade I
Sua missão envolve regulação internacional para o bom funcionamento dos valores mobiliários 
(operações em bolsas de valores).
FASB
A FASB é uma entidade norte-americana que desde 1973 é a responsável pela publicação das normas 
contábeis americanas. Não é um organismo internacional propriamente dito, mas, por causa da pujança 
da economia americana e da obrigação de empresas de outros países que têm ações nas bolsas de 
valores americanas de seguir as normas emitidas pela FASB, acabou por atuar como um verdadeiro e 
influente organismo internacional.
Após anos de divergências, a FASB finalmente concordou em trabalhar em conjunto com a IASB, 
firmando em 2002 um histórico entendimento chamado de Acordo de Norwalk.
 Saiba mais
Você pode consultar o Acordo de Norwalk no seguinte link:
FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD (FASB). Convergence 
with The International Accounting Standards Board (IASB). [s.d]. Disponível em: 
http://www.fasb.org/intl/convergence_iasb.shtml. Acesso em: 27 maio 2014.
IFAC
A Federação Internacional dos Contadores, The International Federation of Accountants – IFAC, foi 
criada em 1977 durante o 11º Congresso Mundial dos Contadores e desde então vem desenvolvendo 
pronunciamentos sobre normas internacionais, facilitando a colaboração e a cooperação entre 
suas associações-membro e servindo como porta-voz da profissão contábil. A IFAC, por meio da 
International Accounting Standards Comittee ! IASC, publicou as primeiras normas internacionais, 
denominadas pela sigla IAS.
 Observação
Você já notou que nas normas do CPC Brasil há sempre uma correlação 
a uma norma internacional, sendo que algumas fazem menção à uma 
norma IAS e outras a uma norma IFRS? Pois bem, as normas IAS são as 
normas que a IFAC havia preparado já nas décadas de 1970 e 1980. Já as IFRS 
são as normas mais recentes, preparadas pela IASB.
33
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
The International Accounting Standards Board – IASB (Comitê ou Colegiado de Padrões 
Contábeis Internacionais)
Segundo Mourad e Paraskevopoulos (2010), a IASB foi criada em 2001, aproveitando e/ou continuando 
o trabalho da IASC. As novas normas criadas pela IASC passaram a usar a sigla IFRS e, posteriormente, 
IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee). É o atual organismo internacional 
responsável pelas publicações das normas internacionais.
 Saiba mais
Consulte o documento “Quem somos e o que fazemos” da IASB:
IFRS. Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB). Quem 
somos e o que fazemos. Londres, jan. 2014. 
Disponível em: https://bit.ly/3gp1P89. Acesso em: 30 jun. 2014.
Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 11) dizem que o principal objetivo da IASB é: “promover 
a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas Internacionais de Contabilidade para 
soluções de alta qualidade e transparência”.
Niyama (2010, p. 40) mostra que na constituição da IASB há os seguintes objetivos:
a) Desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas contábeis 
globais de alta qualidade, inteligíveis, exequíveis, que exijam informações de 
alta qualidade, transparentes e comparáveis nas demonstrações contábeis e 
em outros relatórios financeiros, para ajudar os participantes do mercado de 
capital e outros usuários em todo o mundo a tomar decisões econômicas;
b) promover o uso e a aplicação rigorosa dessas normas; e
c) promover a convergência entre as normas contábeis locais e as Normas 
Internacionais de Contabilidade de alta qualidade.
É muito recomendável pesquisar na internet e conhecer um pouco sobre a impressionante biografia 
do Prof. Sir David Tweedie, um homem que assumiu a presidência do IASB em 2001 e desde então 
conseguiu que mais de cem países aderissem aos esforços de harmonização contábil. Embora seja raro 
encontrar informações sobre o Prof. Sir David Tweedie em língua portuguesa, vale o esforço de ler em 
inglês ou usar um tradutor automático.
Sir David Tweedie permaneceu à frente da IASB até junho de 2011, sendo substituído pelo holandês 
Hans Hoogervorst.
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Unidade I
 Saiba mais
O Sr. Hans Hoogervorst assumiu a presidência do IASB em primeiro de 
julho de 2011 e nessa data emitiu uma carta que pode ser lida (requer 
conhecimentos de inglês) no seguinte link:
A WELCOME from the incoming chairman of the IASB. 1 jul. 2011. 
Disponível em: https://bit.ly/3iRgB9j. Acesso em: 30 jun. 2014.
Nessa carta, Hoogervorst comenta sobre o legado que recebeu de Sir David Tweedie e que apesar 
de não ser um técnico na área contábil, foi Ministro das Finanças do governo holandês e líder da 
Autoridade do Mercado Financeiro desse país. Com isso, aprendeu também com a crise financeira de 
2007-2010 a importância de se manter um alto nível de transparência nas empresas, para uma efetiva 
proteção ao investidor.
Hoogervorst comentou ainda que há muitas oportunidades de mudanças e que suas prioridades são 
a de completar o projeto de convergência contábil internacional e preparar uma agenda para assuntos 
e desenvolvimentos pós-convergência. Em especial, trabalhar para que os Estados Unidos adotem as 
normas internacionais em sua plenitude.
Por fim, Hoogervorst enfatiza o caráter internacional da IASB, que apesar de ser uma entidade 
jovem, reúne uma verdadeira diversidade cultural contábil.
G20
O grupo dos vinte ministros da fazenda e presidentes de banco central (G20) das 19 maiores 
economias do mundo (incluindo a brasileira) mais a União Europeia, é um órgão internacional criado como 
resposta para a crise financeira mundial em 2007-2010 e vem influenciando a contabilidade internacional.
 Saiba mais
Leia o comunicado do CFC sobre as recomendações do Ifac ao G20.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Federação Internacional de 
Contadores emite recomendações ao G20. Disponível em: https://bit.ly/2U8mlkE. 
Acesso em: 26 maio 2015.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Tem sido frequente a IASBe a FASB norte-americana informarem ao líder político de um país 
anfitrião de uma reunião do G20 como está o processo de convergência internacional.
 Saiba mais
No site da IASB é possível encontrar uma página exclusiva dedicada só 
para os documentos emitidos ao G20, relatando as ações da IASB/IFAC.
IFRS. Correspondence with the G20. Disponível em: https://bit.ly/35DrR18. 
Acesso em: 27 maio 2015.
Organismos ligados à Organização das Nações Unidas – ONU
Os seguintes órgãos ligados à ONU também se preocupam com a convergência internacional:
• Fundo Monetário Internacional (FMI);
• Banco Mundial;
• United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD (Conferência das Nações Unidas 
para o Comércio e Desenvolvimento);
• International Standard of Accounting and Reporting – ISAR.
É muito relevante a atuação da UNCTAD/ONU/ISAR que, entre outras coisas, editou recomendações 
para o currículo dos cursos de Ciências Contábeis e documentos sobre as IFRS e governança corporativa.
Entretanto, há uma polêmica sobre a participação da ONU nesse processo, que segundo alguns 
autores seria muito tímida em relação às necessidades de mercado.
Segundo Niyama (2005), a ISAR acabou por “não decolar”. Entre as causas, Niyama (2005) lista 
três fatores:
• um boicote das nações desenvolvidas em revelar dados das subsidiárias;
• um questionamento se as Nações Unidas deveriam definir padrões contábeis;
• a ausência dos Estados Unidos desde 1986.
Essa ausência dos Estados Unidos é a mesma que também dificultou o processo de convergência, 
sendo que a IFAC e IASB tomaram a dianteira nesse processo.
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Unidade I
Niyama (2010, p. 40-53) cita como importantes organismos internacionais envolvidos com a convergência:
• Organization for Economic and Devolopment ! OECD (Organização para Desenvolvimento e 
Cooperação Econômica);
• Banking Supervision Committee (Comitê de Supervisão Bancária do Banco de Compensações 
Internacionais);
• The Confederation of Asian and Pacific Accountants – CAPA (Confederação de Contadores da Ásia 
e do Pacífico).
2.2 Normas Internacionais de Contabilidade: NIAS e IFRS
Figura 7 ! Representação do edifício sede da IASB – Londres
A seguir, iremos estudar o processo para a formação e publicação de uma norma internacional, 
sendo que após esse processo tal norma ainda não será de uso regulamentar nos países, passando por 
um segundo processo para convergência às condições locais.
Segundo a IFRS (2014), o IASB é formado por 14 membros e exige-se que pelo menos 9 deles 
aprovem a publicação de uma norma. O IASB é assessorado pelo SAC, Conselho Consultivo de Normas, 
composto por quarenta membros. O processo é formal e requer ampla consulta internacional e segue os 
passos a seguir, conforme IFRS (2014):
a) A equipe do IASB é solicitada a identificar, revisar, e levantar questões que possam justificar a 
atenção do conselho. A discussão do IASB sobre projetos potenciais e suas decisões em adotar 
novos projetos ocorre nas reuniões públicas do conselho. Antes de chegar a essas decisões, o IASB 
consulta o SAC sobre os itens da agenda proposta e a definição de prioridades.
b) Ao incluir um item em sua agenda ativa, o IASB decide se conduz o projeto sozinho ou em 
conjunto com outro normatizador.
c) Após considerar a natureza das questões e o nível de interesse entre os constituintes, o IASB pode 
estabelecer um grupo de trabalho.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
d) Embora um documento de discussão não seja um passo obrigatório em seu processo, o IASB 
normalmente publica um documento de discussão como sua primeira publicação sobre qualquer 
novo tópico importante.
Normalmente, um documento de discussão inclui uma visão abrangente da questão, possíveis 
abordagens no tratamento da questão, pontos de vista preliminares de seus autores ou do IASB 
e um convite para comentários. Se o IASB decidir omitir esse passo, ele declarará seus motivos.
e) A publicação de uma minuta de exposição é um passo obrigatório no processo requerido. O 
desenvolvimento de uma minuta de exposição é realizado durante as reuniões públicas conduzidas 
pelo IASB. Isso envolve a consideração e decisões do IASB sobre questões com base na pesquisa 
e recomendações da equipe, bem como em comentários de qualquer documento de discussão, 
sugestões feitas pela SAC, grupos de trabalho e normatizadores nacionais e resultantes de sessões 
públicas de instrução conduzidas para o IASB.
Uma minuta de exposição será acompanhada de uma base para conclusões e incluirá quaisquer 
pontos de vista alternativos de membros divergentes do IASB.
f) O IASB revisa as cartas-comentário recebidas e os resultados de outras consultas. Como uma forma 
de explorar mais as questões e solicitar outros comentários e sugestões, o IASB pode conduzir 
visitas em campo ou providenciar audiências públicas e reuniões de mesa-redonda.
g) O desenvolvimento de uma IFRS é realizado durante as reuniões públicas conduzidas pelo IASB. 
Após resolver as questões que surgem da minuta de exposição, o IASB considera se deve expor 
quaisquer propostas revisadas para comentários públicos. Quando o IASB estiver satisfeito de ter 
chegado a uma conclusão sobre as questões que surgem da minuta de exposição, ele instrui a 
equipe a preparar a IFRS. Uma IFRS deve ser aprovada por pelo menos nove membros do IASB. Uma 
IFRS será acompanhada de uma base para conclusões e incluirá quaisquer opiniões divergentes de 
membros do IASB que votem contra a norma.
Ao adotar a abordagem “cumprir ou explicar” – comply or explain, que é usada por vários órgãos 
reguladores, o IASB explica seus motivos de decidir omitir qualquer passo não obrigatório de seu 
processo de consulta.
Após a apreciação do IASB, o pronunciamento segue para o IFRIC, onde são desenvolvidas as 
interpretações das IFRSs.
O IFRIC também segue um processo de análise, aprovação e publicação, semelhante ao que é adotado 
pelo IASB.
Todas as reuniões do IASB e do IFRIC são abertas para observação pública, embora algumas discussões 
possam ser realizadas de forma privada.
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Unidade I
A cada minuta de discussão e de exposição de norma, é oferecida a possibilidade de comentários 
durante o período de 120 dias, quando interessados poderão se expressar. A imagem a seguir resume o 
processo de elaboração de uma norma internacional na IASB: 
Atividades 
extensivas de 
interação com 
partes externas
Contribuição para 
o processo de 
elaboração dos 
proncunciamentos 
contábeis
Definição da agenda
Revisão pelo IASB, dois anos após a 
implantação
Us
uá
rio
s 
in
te
re
ss
ad
os
Processo de adoção jurisdictional
PropostasPropostas
Consulta pública
Pesquisa
Consulta Consulta 
públicapública
Publicação 
do IFRS
Minuta de 
exposição de 
pronuncia- 
mento IRFS
Relatório de 
sugestões
Documento 
de discussão 
(opcional)
Figura 8 ! Desenvolvimento de Normas Internacionais pela IASB
A estrutura conceitual do IASB (framework)
É muito importante estudarmos a interessante estrutura conceitual do IASB.
A IASB mantém uma estrutura conceitual, que auxilia o desenvolvimento de IFRSs futuras e suas revisões 
e a promoção da harmonização de regulamentos, normas e procedimentos relacionados à apresentação das 
demonstrações financeiras, conforme International Accounting Standards Committee Foundation (2008):
a) Os preparadores de demonstrações financeiras, na aplicação de IFRSs e no tratamento de tópicos 
que ainda devem formar o objeto de uma norma ou uma interpretação.
b) Os auditores na formação de uma opinião sobre se as demonstrações financeiras estão de acordo 
com as IFRSs.
c) Os usuários de demonstrações financeiras, na interpretação das informações contidas nas 
demonstrações financeiras preparadas de acordo com as IFRSs.
d) Aqueles que estiverem interessados no trabalho do IASB, fornecendo-lhes as informações sobre a 
abordagem à formulação de normas contábeis.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Quando uma entidade desenvolve uma norma contábil e há ausênciade uma norma ou uma 
interpretação que se aplique especificamente a um item, a administração dessa entidade é obrigada 
a se referir e considerar a aplicabilidade dos conceitos dessa estrutura conceitual, de acordo com o 
CPC 23 (CPC, 2009c).
É possível que surja conflito entre a estrutura conceitual e um requisito dentro uma norma ou uma 
interpretação. Nesses casos, os requisitos da norma ou interpretação prevalecem sobre os da estrutura 
comercial.
 Lembrete
A IASB é atualmente um dos órgãos internacionais mais envolvidos 
com a convergência.
Após estudar a estrutura, o framework da IASB, você deve estar se perguntando: afinal de contas, 
o que é tão diferente nas normas contábeis internacionais? Por que tanta discussão? A seguir, há dois 
exemplos de aplicação que vão te auxiliar a entender o que é tão diferente nas contabilidades entre os 
diversos países. Um dos exemplos de aplicação é sobre usos e costumes comerciais chineses aplicados à 
contabilidade. Depois, teremos a oportunidade de conhecer um dos casos mais famosos de aplicação de 
normas contábeis, a chamada Hollywood Accounting.
Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação
A China vem despontando como uma das maiores economias do planeta e já é um dos grandes 
parceiros comerciais do Brasil. Um verdadeiro gigante econômico!
Pesquise algumas práticas, usos costumes comerciais chineses, tentando relacioná-los com os 
17 fatores que causam diferenças contábeis de Nobes (1998), que você estudou nesta unidade.
 Saiba mais
Um interessante artigo que pode auxiliar nessa proposta de estudo:
MELLO, M. C. B.; SANTOS, M. J. O.; NIYAMA, J. K. A contabilidade e o meio 
ambiente legal e regulamentar na China. Revista Universo Contábil, Blumenau, 
v. 2, n. 2, p. 9-23, maio/ago. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3iDybxu. 
Acesso em: 15 jul. 2014.
40
Unidade I
Na Hollywood Accounting você poderá ver como é a contabilidade aplicada ao cinema nos Estados 
Unidos, ou seja, a aplicação de uma norma específica para esse segmento da economia.
Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação
Segundo Cardoso e Szuster (2003), a The American Institute of Certified Public Accountants 
(Instituto Americano de Contadores Públicos Cerficados – AICPA) lançou uma nova norma contábil para 
a indústria cinematográfica, a FASB 139, em substituição a FASB 53, que tinha o nome de Relatório 
Financeiro para Produtores e Distribuidores de Filmes.
Desde o lançamento, promoveu-se uma grande mudança na indústria cinematográfica com o 
surgimento de novas mídias como vídeos, TV a cabo, laser discs, a televisão em pay-per-view e, com 
isso, foram necessárias mudanças nas normas contábeis.
Embora fosse do conhecimento que a FASB 53 estava desatualizada e novos procedimentos eram 
necessários, a FASB não poderia lançar uma nova norma porque estava com a agenda lotada. Sendo 
assim, repassou-se excepcionalmente a tarefa de atualizar a FASB 53 para a AICPAs AcSEC, que já tinha 
um histórico de serviços para normatização em ramos específicos de negócios.
As principais mudanças instituídas foram:
1 ! as despesas com propaganda e promoção de filmes não podem ser capitalizadas (antes permitia-se 
a capitalização desses gastos);
2 ! os estúdios têm no máximo 10 anos para amortizar filmes;
3 ! projetos abandonados ou custos excessivos para a produção de filmes precisam ser demonstrados 
como despesas.
Definiu-se “filme” como recurso cinematográfico que inclui cenas de ação e argumentos animados, 
especiais de televisão, séries de televisão e outros produtos que são vendidos, licenciados ou exibidos 
caso sejam produzidos no formato de fitas (películas), videotapes, tecnologias digitais ou qualquer outra 
forma de formato de gravação.
Especialistas previam que, com a entrada da FASB 139, os grandes estúdios iriam ser severamente 
impactados, porque os gastos com promoção seriam considerados como despesas, antes mesmo de um 
filme ser lançado.
Perguntas para estudo:
Por que a norma FASB 53 teve que ser revogada e substituída pela norma FASB 139?
É correto um filme ser amortizado em dez anos, como determina a norma FASB 139? Por quê?
41
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Filmes clássicos como E o Vento Levou, Tempos Modernos de Charles Chaplin, E.T., Guerra nas Estrelas 
ou Titanic também devem receber esse mesmo tratamento, mesmo se tratando de filmes que continuam 
a gerar faturamento para os estúdios vários anos após o seu lançamento?
Está correto que os gastos excessivos com produção de filmes sejam considerados despesas e não 
amortizados junto com os filmes?
Deveria haver uma norma deste tipo no Brasil?
Tente estabelecer diferenças entre a forma como o profissional da contabilidade é orientado a agir 
de acordo com a norma norte-americana FASB 153 e com o Pronunciamento Conceitual Básico do CPC.
 Observação
A FAS 153 é de uso específico nos Estados Unidos e não tem validade 
no Brasil. Ainda não há uma norma específica para o audiovisual no Brasil e 
também não há nas normas internacionais. A normatização contábil nos EUA 
e no Brasil, como característica, é extensa. Já a Normatização Internacional 
de Contabilidade e Auditoria, ao contrário, é muito menos extensa.
2.3 Normas Brasileiras de Contabilidade: CPC e NBC – TG
As Normas Brasileiras de Contabilidade, NBC, de responsabilidade do Conselho Federal de 
Contabilidade – CFC, são regras e condutas para o exercício da profissão contábil, além dos conceitos 
doutrinários, princípios, estrutura técnica e procedimentos para a realização de trabalhos na área 
contábil. Elas abrangem o Código de Ética Profissional do Contabilista, Normas de Contabilidade, 
Normas de Auditoria Independente e de Asseguração, Normas de Auditoria Interna e Normas de 
Perícia. Além disso, são convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade.
As NBC classificam-se em profissionais (NBC P) e técnicas (NBC T), sendo enumeradas sequencialmente.
 Saiba mais
As Normas Brasileiras de Contabilidade estão em constante atualização. 
Acompanhe-as:
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resoluções, ementas e normas 
do CFC. Brasília, [s.d.]a. Disponível em: https://bit.ly/2Txh31R. Acesso em: 
14 jul. 2014.
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Unidade I
Uma norma internacional não entra em vigor no Brasil a partir da sua publicação pela IASB. O 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis realiza um trabalho de análise e aprovação e, posteriormente, a 
norma internacional é publicada em uma Norma Brasileira de Contabilidade, uma NBC.
Assim como a IASC, o CPC mantém um processo de análise, discussão e aprovação, no qual se prevê, 
entre outras coisas, audiências públicas.
Foi organizado o Comitê Gestor da Convergência, formalizado por meio da Resolução CFC nº 1.103, 
de 28 de setembro de 2007, art. 2º. As entidades que compõem o Comitê Gestor da Convergência no 
Brasil são:
• Conselho Federal de Contabilidade (CFC);
• Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON);
• Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
• Banco Central do Brasil (BCB);
• Superintendência de Seguros Privados (Susep);
• Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
• Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
ORG 1
ORG 2
ORG 3
CFC
Figura 9 – Situação anterior à criação do CPC: o CFC é o responsável pelas NBCs, 
mas outras organizações também costumavam emitir normas com consequência contábil 
de forma autônoma. Não raramente essas normas eram discordantes ou geravam dúvidas
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
ORG 1
ORG 2
ORG 3
CFC
CPC IASB
Figura 10 – Situação posterior à criação do CPC: a IASB, com sede em Londres, emite as 
normas internacionais que, por sua vez, passam por uma análise no CPC, que depois distribui o 
mesmo conteúdo para todas as organizações interessadas. Não há mais risco de conflitos e dúvidas 
entre diferentes organizações. O CPC também colabora continuamente com a IASB
O processo adotado pelo CPC, de acordo com o regimento interno, para a aprovação de uma norma 
internacional é demonstrado a seguir:
• o CPC reúne-se

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