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Apostila Filosofia

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FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
1 
 
CAPÍTULO 1 – COTIDIANO, SENSO COMUM E FILOSOFIA 
 
AULA 1 - “COTIDIANO” 
Texto 1: “Cotidiano” – Chico Buarque 
Todo dia ela faz tudo sempre igual 
Me sacode às seis horas da manhã 
Me sorri um sorriso pontual 
E me beija com a boca de hortelã 
 
Todo dia ela diz que é prá eu me cuidar 
E essas coisas que diz toda mulher 
Diz que está me esperando pro jantar 
E me beija com a boca de café 
 
Todo dia eu só penso em poder parar 
Meio-dia eu só penso em dizer não 
Depois penso na vida prá levar 
E me calo com a boca de feijão 
 
Seis da tarde, como era de se esperar 
Ela pega e me espera no portão 
Diz que está muito louca prá beijar 
E me beija com a boca de paixão 
 
Toda noite ela diz pra eu não me afastar 
Meia-noite ela jura eterno amor 
E me aperta pra eu quase sufocar 
E me morde com a boca de pavor 
 
Atividade 1: 
Após a audição da música, comente sobre a compreensão que 
você teve da música, descrevendo suas próprias rotinas 
cotidianas. No seu texto, procure fazer relações com o 
conhecimento do senso comum, com o conjunto de opiniões e 
ideias vigentes na sociedade e que são aceitas como coisas 
naturais e necessárias, sem questionamento e reflexão. 
 
AULA 2 – “A PERGUNTA FILOSÓFICA” 
Texto 2: “A pergunta filosófica” – Martin Heidegger 
A filosofia distingue-se pelo tipo de perguntas que faz. 
Uma pergunta eminentemente filosófica seria, por 
exemplo, a seguinte: 
 
Que é uma coisa? 
A nossa pergunta refere-se às coisas que estão em volta 
de nós no mundo. Trata-se de determinar o que elas são. Ora, tal 
questão parece evidentemente supérflua. De fato, as coisas que 
nos cercam já foram todas estudadas e definidas e, se não, há 
sempre métodos científicos ou processos de produção que 
manifestam o que são as coisas. Se perguntarmos o que é uma 
rosa ou um arbusto, a Botânica responde; um sapo ou um 
mosquito, a Zoologia responde; um relógio, o relojoeiro; uma 
fechadura, o ferreiro. Parece, portanto, que o filósofo já chega 
tarde com sua pergunta: Que é uma coisa? 
Na verdade, porém, a pergunta do filósofo não se 
confunde com as que já foram feitas e respondidas pelas ciências. 
Não se trata de saber o que é granito, mármore ou basalto, mas de 
saber o que é a pedra como coisa. Nem se pergunta como se 
definem e diferenciam mutuamente as várias espécies botânicas e 
zoológicas, mas considera-se a planta e o animal simplesmente 
como coisa. Não interessa saber o que distingue a enxada da 
picareta, ou o motor de explosão do motor de reação, mas sim o 
que constitui estes instrumentos e aparelhos como coisas. 
Portanto, o filósofo pergunta não o que constitui uma coisa como 
pedra, como planta, etc., mas sim o que a constitui simplesmente 
como coisa. Com esta pergunta ele mira algo que engloba não só 
as diversas pedras e espécies de pedra, as diversas plantas e 
animais e as suas espécies, os diversos utensílios e instrumentos, 
mas também toda a região dos vivos e dos não-vivos, dos 
produtos da natureza e da atividade humana. 
Saber o que as coisas são é sem dúvida uma questão 
inteiramente justificada: ela é respondida pelas ciências através 
da observação dos dados experimentais. Mas perguntar “Que é 
uma coisa?” parece ridículo e vão. Que haverá para saber sobre 
um bloco de granito, além de sua constituição físico-química, 
determinada pela ciência? A pergunta “Que é uma coisa?” é tão 
geral que só pode receber uma resposta vazia ou tautológica: 
coisa é tudo o que nós conhecemos no mundo. 
Na verdade, esta pergunta não modificará em nada os 
nossos conhecimentos científicos. Respondendo-a não nos 
tornaremos melhores físicos, biólogos ou historiadores. Não se 
trata nem de substituir as ciências, nem de aperfeiçoá-las. Apesar 
disso, o filósofo pergunta: Que é uma coisa? Entretanto, apesar de 
todo o cuidado que tivemos para circunscrever nossa pergunta, 
ela permanece ainda embaraçosa. De fato, de que coisa se trata na 
nossa investigação: da coisa da experiência cotidiana ou da coisa 
vista pelo cientista? 
O caipira sentado à porta da sua casa vê o Sol como um 
disco de fogo de menos de ½ metro de diâmetro desaparecer no 
poente. Ele o vê e pensa: amanhã quando o Sol despontar no 
nascente eu já devo estar no trabalho. Todavia o Sol real já tinha 
desaparecido alguns minutos antes no horizonte. O que vemos é 
apenas uma aparência provocada por certas propriedades dos 
raios luminosos. Mas também esta aparência é apenas uma 
aparência, pois na realidade o Sol não se põe, ele não se move em 
torno da Terra; é a Terra que gira em torno do Sol. Seu diâmetro é 
milhares de vezes maior do que o da Terra, etc., etc. Qual é o 
verdadeiro Sol: o do caipira ou o do astrofísico? 
Outro exemplo: cada um dos objetos que nos é familiar é 
na verdade um binário. A mesa nº 1 é aquela que conhecemos 
desde criança. A mesa nº 2 é a mesa científica. Esta mesa, segundo 
a Física atômica, não é de madeira: ela é formada em grande parte 
por espaço vazio; neste vazio encontram-se dispersas cargas 
elétricas, que se agitam a grande velocidade. Qual é a mesa 
verdadeira: nº 1 ou nº 2? 
Não adianta dizer que o que os cientistas dizem do Sol ou 
da mesa são apenas construções teóricas, que não correspondem 
à realidade. Pois à base desta Física estão construídas as 
barragens, os aviões e os aparelhos de televisão. Se as equações 
não são aplicadas corretamente, as barragens desmoronam, os 
aviões não voam, os aparelhos não funcionam. Mas quem diria 
que o movimento diurno do Sol no céu, que regula toda a vida do 
homem, e a superfície lisa da mesa, sobre a qual estou escrevendo, 
são apenas uma ilusão? 
Nem o caipira, nem o cientista pode decidir qual é a 
verdadeira coisa. Só a questão “Que é uma coisa?” pode resolver 
esta dificuldade. 
(HEIDEGGER, Martin. Die frage nasch dem ding. Trad. livre de Pe. 
João Mac Dowell, S. J. Tübingen, Max Niemeyer, 1962. – In Piletti, 
Claudino. Filosofia e história da educação – São Paulo : Ática, 
1985) 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
2 
 
Atividade 2: 
a) Faça leitura do texto e sublinhe as palavras que você 
não conhece. 
b) Em grupos de 5 alunos, responda: Em que sentido a 
visão cotidiana, rotineira e familiar do mundo constitui 
um obstáculo à reflexão filosófica? 
c) Cada grupo escolhe um representante, que vai expor a 
resposta ao grupo. As respostas serão debatidas e 
complementadas pelo professor. 
 
O QUE É FILOSOFIA? 
 
Immanuel Kant, filósofo 
alemão que viveu no século XVIII, 
certa vez afirmou que “não se aprende 
filosofia, mas sim a filosofar”. Desse 
modo, o mais importante é aprender a 
filosofar, e não decorar uma série de 
definições e teorias. 
Dentre as disciplinas que você 
entrará em contato a partir deste ano, 
a Filosofia será a mais diferente. Isso porque, para a Filosofia, não 
importa muito a “resposta certa”. Importa muito mais o modo 
como você chegou a esta resposta. Você vai perceber isto com 
mais clareza assim que entrarmos em contato com as diversas 
teorias enunciadas pelos filósofos que iremos estudar. 
A Filosofia não é uma “ciência”, no sentido em que 
estamos acostumados a lidar. A própria etimologia da palavra 
“filosofia” nos mostra isso. Originária do grego  (filos = 
amizade, amor) e   sofía = sabedoria), a palavra “filosofia” 
significa, portanto, amizade ou amor ao saber. O filósofo é, por 
definição, um amante, um grande amigo da sabedoria. 
Mas você já deve ter 
passado pela situação de gostar e 
admirar muito alguém e não ser 
correspondido. E é exatamente 
esta a situação em que 
normalmente o filósofo se 
encontra: buscando sempre a 
sabedoria, mesmo que a cada 
novo estudo ela se distancie mais 
ainda. “Amar a sabedoria” não 
significa “possuir a sabedoria”. 
Segundo o filósofo grego Pitágoras, que viveu no século V a.C., só 
os deuses possuem a sabedoria. O homem pode, no máximo, ser 
um “filósofo”, um “amante do saber”. Pitágoras explicava que a 
vida era como as competições olímpicas: muitas pessoasiam para 
os jogos para competir, em busca de honras, fama e glória; outras, 
iam para fazer comércio e ganhar dinheiro; e há também aquelas 
que vão apenas para sentar nas arquibancadas e apreciar os jogos. 
Este terceiro tipo é como o filósofo: não busca honras, nem fama, 
nem dinheiro: seu interesse está em contemplar a vida e apreciar 
seus detalhes e vicissitudes. 
Esta passagem é interessante por revelar aspectos da 
atitude filosófica. Em primeiro lugar, mostra que o filósofo não é a 
pessoa que detém uma grande sabedoria. Ao contrário, filósofo é 
quem reconhece que sabe pouco (ou nada), e está em contínua 
busca pelo saber. Sócrates, outro filósofo grego, que viveu no 
século IV a.C., afirmava: “só sei que nada sei”. Com isso, Sócrates 
quer dizer que todo conhecimento que os homens tem sobre o 
mundo ainda é ínfimo perto de tudo aquilo que desconhecemos. 
 
1 TRANSCENDENTE: o que está além do conhecimento sensível, dos sentidos. 
2 DOGMATISMO: pensamento, ideia ou opinião inquestionável. Característica das religiões em geral. 
Quer dizer também que 
cotidianamente as pessoas 
dão como certas coisas que 
não sabemos com certeza. De 
certo modo, filósofos como 
Pitágoras e Sócrates, parecem 
sempre desconfiados, como se 
perguntassem: “será que não 
estamos sendo enganados?” 
ou ainda: “quem está a nos 
enganar?”. O surpreendente é 
que, na maioria das vezes, 
somos nós mesmos que nos enganamos, ao confiar cegamente no 
que a tradição, os outros, os amigos, os vizinhos nos dizem. 
Outro aspecto interessante dessa anedota é o caráter 
divino do conhecimento. Para Pitágoras, “a sabedoria pertence 
aos deuses”. Que poderia isto significar? De certo modo, que a 
consciência humana não é capaz de conhecer ou de saber tudo. 
Somos limitados. Parece que há algo de transcendente1 no 
conhecimento, algo que supera nossa capacidade de conhecer a 
verdade. Ora, uma das grandes perguntas filosóficas de todos os 
tempos é “O que é a verdade?”. E, afinal, este não seria apenas 
outro aspecto da “desconfiança” do filósofo com relação ao 
mundo? 
Essa desconfiança do filósofo com tudo o que o cerca 
pode ser chamada também de “atitude filosófica”. E no fim das 
contas, nosso objetivo principal aqui é que você, ao terminar o 
Ensino Médio, adquira pelo menos um pouco dessa atitude 
questionadora e desconfiada que caracteriza o filosofar. 
Dizemos que a atitude filosófica tem duas características 
principais. Uma delas, a primeira, é a “atitude negativa”. A atitude 
negativa da filosofia consiste em negar, em dizer um “não” aos 
pré-conceitos, as ideias mal-formadas, às posições arbitrárias e 
autoritárias, ao dogmatismo2. Assim, o filósofo deixa em suspenso 
as certezas cotidianas, e vai em busca de uma resposta mais 
completa para as questões que o interessam. Esta interrogação 
sobre o que são de fato as coisas, o mundo, a realidade em si 
constitui a “atitude positiva” da filosofia. 
Ao se perguntar o que é a realidade que o cerca, o filósofo 
deve se ater principalmente a três perguntas: 
1) “O que é?” 
2) “Como é?” 
3) “Por que é?” 
As respostas a estas perguntas não serão as mesmas para 
todos os filósofos. Cada um vai encontrar, na realidade, motivos 
para sustentar uma ou outra visão. Estes motivos que levam o 
filósofo a defender sua teoria sobre o mundo são chamados de 
“fundamentos”. Assim, para compreender bem o que um 
determinado filósofo está enunciando, precisamos entender os 
fundamentos dos quais ele parte para construir sua teoria. A 
relação que o filósofo faz entre os fundamentos de suas teorias e 
as conclusões as quais ele chega sobre o mundo é o que 
chamamos de “argumento” ou “raciocínio”. O raciocínio filosófico 
em geral deve se basear numa “lógica”, que pode estar explícita, 
aparente, ou escondida no texto do filósofo. Para interpretar 
corretamente uma teoria filosófica é preciso dissecar a lógica que 
permeia o pensamento do filósofo. E se você quer saber, é aí que 
se encontra toda a graça do estudo da filosofia: sem perceber, nos 
deparamos com um grande quebra-cabeças de ideias, que pode 
parecer embaralhado e confuso, mas que tem uma resolução. 
3 
 
Uma das principais atividades do filósofo é a reflexão. A 
palavra “reflexão” vem do verbo latino reflectere, que significa 
“voltar atrás”. Filosofar então seria um retomar, reconsiderar os 
dados disponíveis, revisar, examinar detidamente, prestar 
atenção e analisar com cuidado3. 
Segundo Demerval 
Saviani, para que uma 
reflexão possa ser chamada 
filosófica é necessário: 
a) A radicalidade: a 
filosofia procura se dirigir à 
raiz do problema estudado. 
Enquanto as diversas 
ciências estudam os 
fenômenos do mundo a partir de uma perspectiva 
objetivista, a Filosofia pretende ser uma reflexão 
profunda sobre o mundo e suas relações. 
b) O rigor: se a Filosofia pretende chegar à raiz dos 
problemas, ela deve proceder rigorosamente a partir 
de um método devidamente esclarecido, para garantir 
confiança no resultado alcançado. 
c) A globalidade: o problema Filosófico deve ser 
encarado na totalidade das suas relações, e não 
parcialmente. Ao contrário da ciência, que estuda 
detalhadamente cada fenômeno, a Filosofia procura 
relacionar o problema investigado com os demais 
aspectos do contexto em que está inserido. 
Outra diferença entre a Filosofia e as demais ciências é 
que a Filosofia procura saber o que é o conhecimento, como 
funciona o processo de conhecer. As ciências partem do 
pressuposto de que o conhecimento é possível e confiável, e busca 
somente estabelecer leis, a partir das quais podemos explicar 
como ocorrem os fenômenos da natureza. 
A partir disso, podemos concluir que a Filosofia é reflexão 
(radical, rigorosa e de conjunto) sobre os problemas que a 
realidade apresenta. 
Atividade 3: 
a) No estudo da Filosofia, o que é mais importante? 
b) Qual é a essência da Filosofia? 
c) Que significado Pitágoras atribui ao termo “filósofo”? 
d) Quais os dois momentos que caracterizam a atitude 
filosófica? 
e) Quais as exigências da reflexão filosófica? 
f) Caracterize cada uma das exigências da reflexão 
filosófica. 
g) Como a Filosofia se distingue das outras ciências? 
 
Discussão final: 
Qual a importância da reflexão filosófica para a vida cotidiana? 
 
TAREFA PARA CASA 
Pitágoras, que viveu na Grécia há mais de 2500 anos, possuía um 
espírito inquieto e uma inteligência brilhante. Sempre preocupaco 
em compreender o mundo e visando ampliar seus conhecimento, 
ele empreendeu viagens por diversos países, como a Síria, a 
Arábia, a Pérsia, a Índia e oEgito. Durante estas viagens, todas as 
pessoas que o conheciam ficavam admiradas do seu saber. Conta-
se inclusive, que um príncipe, recebendo notícias da fama de sua 
cultura, mandou chamá-lo a sua presença e perguntou-lhe em que 
 
3 PILETTI, Claudino. Filosofia e história da educação. São Paulo : Ática, 1985, pg 16. 
arte ele era especialista. Foi então que Pitágoras respondeu: “Sou 
apenas um filósofo.” 
Mas o que é um filósofo? Filósofo é aquele que cultiva a Filosofia. 
A palavra tem sua origem etimológica em dois termos gregos: 
filos = amigo e sofia = sabedoria. 
1. Pelo que você leu acima, pode concluir que Pitágoras se 
autodenominou 
__________________________________________________________ (um sábio; 
um amigo da sabedoria). 
Pitágoras, homem modesto e sensato, não tinha pretensão de 
deter plenamente a sabedoria, isto é, o conhecimento de todas as 
coisas. Segundo ele, Deus é o único ser do universo possuidor de 
tamanha capacidade. Entretanto, afirmava que o homem deveria 
ter como sublime missão a procura incansável da sabedoria. 
2. Você pode concluir, por sua experiência diária, que as coisas 
que você admira e procura 
( ) sempre são encontradas com facilidade. 
( ) nem sempre são encontradas com facilidade. 
( ) nunca são encontradas. 
Assim como em nossa experiênciadiária nem sempre 
encontramos com facilidade aquilo que admiramos e procuramos, 
também o filósofo nem sempre atinge com facilidade a sabedoria 
que tanto procura. 
observe a ilustração abaixo: 
 
3. Conforme você percebe, o alpinista 
____________________________________ (procura; não procura) 
chegar ao pico da montanha. 
4. Para chegar ao pico da montanha, o alpinita 
___________________________ (se utiliza; não se utiliza) de 
equipamentos. 
Todos nós, a exemplo do alpinista, quando procuramos atingir um 
determinado objetivo, utilizamos os mais diversos equipamentos. 
O objetivo de um filósofo é atingir a sabedoria e para isso ele se 
utiliza de um único “equipamento”, a reflexão. 
Chamamos de reflexão a concentação que o indivíduo faz 
sobre os seus próprios conhecimentos para atingir a verdade 
das coisas. 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
4 
 
Observe agora as ilustrações seguintes: 
 
5. Conforme você observou, as pessoas em geral 
_______________________________________ (procuram; não procuram) 
atingir o conhecimento e a sabedoria das coisas. 
6. Para atingir esse conhecimento 
________________________________________ (utilizam-se; não se 
utilizam) necessariamente da reflexão. 
O ser humano, independente de sua origem e grau de cultura, 
sempre procurou conquistas a sabedoria das coisas. O progresso 
científico e o contínuo aperfeiçoamento da técnica revelam, 
através da história, esta eterna procura do homem pelo saber. Por 
isso podemos dizer, respeitando as devidas proporções, que são 
por si só filósofos todos os que usam o seu poder de reflexão em 
busca de conhecimento. 
No princípio dos tempos, quando o homem começou a refletir, 
surgiu-lhe, automaticamente, a necessidade de explicar o mundo. 
Entretanto o seu poder de raciocínio e o seu conhecimento dos 
fatos eram bastante primitivos. 
7. Então, as explicações que o homem primitivo dava aos fatos 
( ) não eram totalmente corretas. 
( ) eram absolutamente corretas. 
As explicações que o homem primitivo dava aos fatos eram 
repletas de fantasias e erros. E foram estas explicações fantásticas 
da realidade que deram origem aos mitos. Os mitos explicavam o 
desconhecido com base na experiência particular de cada 
comunidade. 
8. Como existiam diversas comunidades separadas umas das 
outras, você pode deduzir que um mesmmo fato poderia ser 
explicado por diversos _______________________________________. 
Mito: explicação do mundo por princípio simbólicos, muito 
próxima da religião. (Lévi-Strauss) 
Com o passar dos tempos desenvolveu-se a comunicação entre as 
comunidades e os homens começaram a perceber a contradição 
que havia entre os mitos. Foi então que surgiram as explicações 
que utilizavam a capacidade de reflexão do homem e visavam o 
conhecimento objetivo da verdade. Assim as explicações míticas 
foram cedendo lugar às explicações filosóficas. 
9. Você pode dier que as explicações filosóficas, ao contrário das 
míticas, eram 
( ) mais objetivas e reais. 
( ) de caráter fantástico. 
A filosofia surgiu, quase que simultaneamente, na Grécia, Índia e 
China, por volta do século VII ou VI a.C. Contrastando com os 
mitos, ela tem por objetico dar aos fatos uma explicação lógica e 
racional. 
A princípio, o termo filosofia servia para determinar todas as 
áreas do conhecimento humano: Matemática, Física, Biologia, 
Química, Geometria, etc. Mas com o passar dos séculos, o seu 
objetivo de estudo foi se restringindo até adquirir forma própria e 
específica, o que a levou a separar-se das ciências. 
Você compreenderá quais os problemas básicos da Ciência e da 
Filosofia no decorrer da sequência a seguir. 
 
10. Observando a ilustração acima, você percebe que o escultor e 
o carpinteiro __________________________________________ (utilizam; 
não utilizam) um pedaço de madeira. 
11. Tanto o escultor como o carpinteiro se utilizam da madeira, 
porém cada um o faz tendo em vista objetivos 
_________________________________ (iguais; diferentes). 
12. Pela ilustração você percebe que o objetivo do carpinteiro é 
construir uma ______________________, enquanto o objetivo do 
escultor é fazer uma ___________________________. 
A natureza do trabalho do escultor difere da natureza do trabalho 
do carpinteiro. Em consequência cada um deles se interessa pelo 
objeto madeira de forma diferente. 
13. Por isso, você pode dizer que certos aspectos da madeira que 
interessam ao escultor 
( ) obrigatoriamente interessam ao carpinteiro. 
( ) podem não interessar ao carpinteiro. 
Chamamos de objeto formal a visão de certos aspectos de um 
objeto material qualquer. 
14. Então você pode afirmar que tanto o escultor como o 
carpinteiro trabalham com um mesmo objeto, a 
________________________________________________________. Porém o 
objeto formal (o modo de apreciar) do escultor 
____________________________________________ (difere; não difere) do 
objeto formal do carpinteiro. 
Tal como ocorre com o carpinteiro e o escultor que trabalham 
com um mesmo objeto, a madeira, a Ciência e a Filosofia também 
trabalham com um mesmo objeto de estudo: o universo de todas 
as coisas, e, do medmo modo, o objeto formal da Ciência não 
coincide com o objeto formal da Filosofia. 
Ao estudar o mundo, a Ciência se preocupa em compreender os 
fenômenos observando-os sistematicamente, enquanto a Filosofia 
procura investigar a raiz do problema – o que é um fenômeno? 
Por que ele existe? - , pois o filósofo não se contenta com uma 
resposta imediatista: o porquê deste fenômeno é este fenômeno. 
O filósofo quer investigar as causas primeiras. Por isso, 
enquanto o cientista estuda as coisas que existem no universo, o 
filósofo investiga o porquê das coisas estarem no universo e 
serem o que são. A natural vontade do homem de conhecer a 
essência profunda das coisas e descobrir o sentido da vida não 
preocupa a Ciência, mas tão-somente a Filosofia. 
15. Complete: 
a) A palavra filosofia tem sua origem etimológica em dois 
termos gregos: ______________________, que quer dizer 
___________________________ e __________________________________ que 
quer dizer _________________________________________. 
5 
 
b) A concentração que o indivíduo faz sobre seus próprios 
conhecimentos para atingir a verdade das coisas, chamamos 
de ______________________________________________. 
c) O homem primitivo explicava o desconhecido com base na 
experiência particular de cada comunidade, através dos 
______________________________________. 
d) A filosofia surgiu, quase que simultaneamente, na 
______________________________________, ______________________________ e 
_____________________________, por volta do século 
________________________. 
e) A visão de certos aspectos de um objeto material qualquer, 
chamamos de 
_________________________________________________________________. 
f) A Ciência e a Filosofia trabalham com um mesmo objeto de 
estudo: o universo de todas as coisas. Entretanto, o objeto 
formal de ambas __________________________________________. 
CRUZADAS 
Preencha os espaços em branco conforme as indicações a seguir: 
 2 
 1 
 
 
1 
 
 
 
2 
 
 
 
Verticais 
1. Concentração que o indivíduo faz para atingir a sabedoria. 
2. Aquele que cultiva a filosofia. 
Horizontais 
1. Visão de certos aspectos de um objeto material. 
2. Explicação fantástica da realidade, feita por princípio 
simbólicos. 
(Retirado de COTRIM, Gilberto. Trabalho dirigido de filosofia). 
 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
6 
 
AULA 3 – “TEMAS E PROBLEMAS FILOSÓFICOS” 
Texto 3: “Temas, disciplinas e campos filosóficos” – Marilena 
Chauí 
A filosofia existe há 26 séculos. Durante uma história tão longa e 
de tantos períodos diferentes, surgiram temas, disciplinas e 
campos de investigação filosóficos, enquanto outros 
desapareceram. Desapareceu também a ideia de que a filosofia 
era a totalidade dos conhecimentosteóricos e práticos da 
humanidade. 
Também desapareceu a imagem da filosofia como uma grande 
árvore frondosa: suas raízes eram a metafísica e a teologia; o 
tronco era a lógica; os ramos principais eram a filosofia da 
natureza, a ética e a política; e os galhos extremos eram as 
técnicas, as artes e as invenções. A filosofia, vista como uma 
totalidade orgânica ou viva, era chamada “rainha das ciências”. 
Pouco a pouco, as várias ciências particulares foram definindo 
seus objetivos, seus métodos e seus resultados próprios e se 
desligaram da grande árvore. Cada ciência, ao se desligar, levou 
consigo os conhecimentos práticos ou aplicados de seu campo de 
investigação, isto é, as artes e as técnicas a ela ligadas. 
As últimas ciências a aparecer e a se desligar da árvore da filosofia 
foram as ciências humanas (psicologia, sociologia, antropologia, 
história, linguística, geografia, etc.). Outros campos de 
conhecimento e de ação abriram-se para a filosofia, mas a ideia de 
uma totalidade que conteria em si todos os conhecimentos nunca 
mais reapareceu. 
No século XX, a filosofia passou por uma grande limitação 
quanto à esfera de seus conhecimentos. 
Isso pode ser atribuído a dois motivos principais: 
1. Desde o fim do século XVIII, com o filósofo Immanuel 
Kant, passou-se a considerar que a filosofia, durante os 
séculos anteriores, tivera uma pretensão irrealizável. Que 
pretensão fora essa? A de que nossa razão pode conhecer as 
coisas tais como são em si mesmas. Esse conhecimento da 
realidade em si chama-se metafísica. 
Kant negou que a razão humana tivesse tal capacidade. Para 
ele, conhecemos as coisas tais como são organizadas pela 
estrutura interna e universal de nossa razão, mas nunca 
saberemos se isso corresponde ou não à organização da 
própria realidade. Deixando de ser metafísica, a filosofia 
tornou-se uma teoria do conhecimento, ou uma teoria sobre 
a capacidade e a possibilidade humana de conhecer, e uma 
ética, ou estudo das condições de possibilidade da ação 
moral, realizada por liberdade e por dever. Com isso, a 
filosofia deixava de ser conhecimento do mundo em si e 
tornava-se apenas conhecimento do homem como ser 
racional e moral. 
2. Desde meados do século XIX, como consequência do 
positivismo, a filosofia foi separada das ciências positivas 
(matemática, física, química, biologia, astronomia, sociologia). 
As ciências, diziam os positivistas, estudam a realidade 
natural, social, psicológica e moral, e são propriamente o 
conhecimento. Para eles, a filosofia seria apenas uma reflexão 
sobre o significado do trabalho científico. A filosofia tornou-
se, assim, uma teoria das ciências ou epistemologia. 
Com isso, os filósofos passaram a ter um interesse 
primordial pelo conhecimento das estruturas e formas da 
consciência e também pelo seu modo de expressão, isto é, a 
linguagem. O interesse pela consciência reflexiva ou pelo 
 
4 SOUSA, Antônio Bonifácio R. Filosofia Prática e a Prática da Filosofia. 
JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário Básico de Filosofia. 
sujeito do conhecimento originou uma corrente filosófica 
conhecida como fenomenologia, iniciada por Edmund 
Husserl. Já o interesse pelas formas e pelos modos de 
funcionamento da linguagem corresponde a uma corrente 
filosófica conhecida como filosofia analítica, cujo início é 
atribuído ao filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein. A 
atividade filosófica, porém, não se restringiu à teoria do 
conhecimento, à lógica, à epistemologia e à ética. Desde o 
início do século, a história da filosofia tornou-se uma 
disciplina de grande prestígio e, com ela, a história das ideias 
e história das ciências. 
Diversos acontecimentos ocorridos desde a Segunda Guerra 
Mundial fizeram ressurgir o interesse pela filosofia política: o 
fenômeno do totalitarismo, as guerras de libertação “nacional” 
contra os impérios coloniais, as revoluções socialistas em vários 
países e as lutas, desde os anos 1960, contra ditaduras e pelos 
direitos de negros, índios, mulheres, idosos, homossexuais, 
crianças e outros excluídos econômica e politicamente. Com isso, 
ressurgiram também as críticas de ideolo gias e as discussões 
sobre as relações entre a ética e a política. 
Finalmente, desde o fim do século XX, o pós-modernismo vem 
ganhando preponderância. Seu alvo principal, como vimos, é a 
crítica de todos os conceitos e valores que, até hoje, sustentaram a 
filosofia e o pensamento dito ocidental: razão, saber, sujeito, 
objeto, história, espaço, tempo, liberdade, necessidade, acaso, 
natureza, homem, entre outros. 
(CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia : ensino médio, volume 
único. 2ª ed., São Paulo : Ática, 2013) 
QUADRO SINÓTICO: ÁREAS DA FILOSOFIA4 
ONTOLOGIA ou 
METAFÍSICA 
Estudo do ser enquanto ser; Estuda 
problemas inevitáveis, mas que a razão 
não pode solucionar, pelo menos não de 
modo científico. 
TEORIA DO 
CONHECIMENTO, 
GNOSIOLOGIA ou 
EPISTEMOLOGIA 
Estudo dos problemas levantados pela 
relação entre sujeito e o objeto; busca a 
origem, a natureza, o valor e os limites do 
conhecer. 
LÓGICA Estudo da estrutura e dos princípios 
relativos à argumentação válida, 
sobretudo da inferência dedutiva e dos 
métodos de prova e demonstração. 
ÉTICA Reflexão sobre problemas fundamentais da 
moral (finalidade e sentido da vida, 
fundamentos da obrigação e do dever, 
natureza do bem e do mal, etc.), mas 
fundada num estudo metafísico do 
conjunto de regras de conduta 
consideradas como universalmente 
válidas. 
FILOSOFIA 
POLÍTICA 
Análise filosófica da relação entre os 
cidadãos e a sociedade, as formas de poder 
e as condições em que este se exerce, os 
sistemas de governo, e a natureza, a 
validade e a justificação das decisões 
políticas. 
ESTÉTICA Estudo da sensação e da sensibilidade; 
Classificação e hierarquia das artes e dos 
tipos de senações que elas podem 
provocar. 
HISTÓRIA DA 
FILOSOFIA 
Estudo dos grandes sistemas filosóficos, 
relacionados com o contexto histórico e 
biográfico de cada filósofo. 
 
7 
 
Atividade 4: 
Em grupos, elabore um cartaz explicativo sobre as diversas áreas 
do filosofar. 
CAPÍTULO 2 – ORIGEM DA FILOSOFIA 
 
AULA 5: CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA FILOSOFIA 
Texto 4: “O Nascimento da Filosofia” – Marilena Chauí 
Os historiadores da filosofia dizem que ela tem data e local de 
nascimento: fim do século VII a.C. e início do século VI a.C., na 
cidade de Mileto, uma das colônias gregas da Ásia Menor 
(território da atual Turquia). E o primeiro filósofo foi Tales 
de Mileto. 
Além de ter data e local de nascimento e seu primeiro autor, a 
filosofia apresenta um conteúd o preciso ao nascer: é uma 
cosmologia. 
Viagens colocaram os gregos em contato com os conhecimentos 
de povos orientais (egípcios, persas, babilônios, assírios e 
caldeus). Os dois maiores formadores da cultura grega antiga, os 
poetas Homero e Hesíodo, encontraram nos mitos e nas religiões 
desses povos e nas culturas que existiram na Grécia em tempos 
anteriores os elementos para elaborar a mitologia grega, que, 
depois, seria transformada pelos filósofos. 
Os gregos, porém, imprimiram mudanças profundas ao que 
receberam do Oriente e das culturas precedentes. Dessas 
mudanças, vale mencionar quatro: 
1. Com relação aos mitos: quando comparamos os mitos orientais, 
cretenses, micênicos e os que aparecem nos relatos de Homero e 
Hesíodo, vemos que os poetas gregos retiraram os aspectos 
apavorantes e monstruosos dos deuses e do início do mundo; 
humanizaram os deuses, divinizaram os homens; deram 
racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas, dos 
homens, das instituições humanas (como o trabalho, as leis, a 
moral). 
2. Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em 
ciência (isto é, em conhecimento racional, abstrato e universal) 
aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática. Assim, 
transformaram em matemática o que os egípcios praticavam 
como agrimensura para medir, contar e calcular;transformaram 
em astronomia (em estudo da origem e da posição dos astros) a 
astrologia praticada por caldeus e babilônios como adivinhação e 
previsão do futuro; transformaram em medicina aquilo que, nas 
culturas precedentes, eram práticas de grupos religiosos secretos 
para a cura misteriosa das doenças. 
3. Com relação à organização social e política: os gregos 
inventaram não apenas a ciência ou a filosofia, mas também a 
política. Todas as sociedades anteriores a eles conheciam e 
praticavam a autoridade e o governo, mas não a política 
propriamente dita, porque não separavam o poder político de 
duas outras formas de autoridade: o poder privado do chefe de 
família e o poder religioso do sacerdote ou mago. De fato, nas 
sociedades orientais e não gregas, o poder e o governo eram 
exercidos como autoridade absoluta da vontade pessoal e 
arbitrária de um só homem ou de um pequeno grupo de homens. 
Eles possuíam o poder militar, religioso e econômico e decidiam 
sobre tudo, sem consultar ninguém e sem dar justificativas de 
suas decisões a ninguém. Pode-se dizer que os gregos inventaram 
a política porque tomavam as decisões com base em discussões e 
debates públicos e as adotavam ou revogavam por voto em 
assembleias públicas; porque estabeleceram instituições públicas 
(tribunais, assembleias, separação entre autoridade do chefe de 
família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e 
autoridade religiosa); e, sobretudo, porque criaram a ideia da lei e 
da justiça como expressões da vontade coletiva pública, e não 
como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome 
de divindades. 
4. Com relação ao pensamento: diante da herança recebida, os 
gregos inventaram a ideia ocidental da razão como um 
pensamento sistemático que segue regras, normas e leis 
universais. 
 
Texto 5: “Condições históricas para o surgimento da filosofia” 
- Marilena Chauí 
Podemos apontar como principais condições históricas para o 
surgimento da filosofia na Grécia: 
 as viagens marítimas, que permitiram aos gregos descobrir 
que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs 
e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres 
humanos, e que nas regiões dos mares que os mitos diziam 
ser habitadas por monstros e seres fabulosos não havia 
nenhum dos dois. As viagens produziram o desencantamento 
ou a desmistificação do mundo, que passou, assim, a exigir 
uma nova explicação sobre sua origem; 
 a invenção do calendário, que é uma forma de calcular o 
tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos 
importantes que se repetem, revelando, com isso, uma 
capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo 
como algo natural, e não como uma força divina 
incompreensível; 
 a invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que 
não se realiza como escambo ou em espécie (isto é, coisas 
trocadas por outras). Esse cálculo do valor semelhante de 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
8 
 
coisas diferentes revela uma nova capacidade de abstração e 
de generalização; 
 o desenvolvimento da vida urbana, com predomínio do 
comércio e do artesanato, que levou ao aprimoramento de 
técnicas de fabricação e de troca e diminuiu o prestígio das 
famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e 
para quem os mitos foram criados. Além disso, como a classe 
de comerciantes ricos que se consolidava precisava encontrar 
pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio 
da aristocracia de terras e de sangue, muitos procuraram o 
prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos 
conhecimentos. Consequentemente, criou-se um ambiente 
favorável ao desenvolvimento da filosofia; 
 a invenção da escrita alfabética, que, como a do calendário e a 
da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e 
de generalização. Isso porque as escritas fonéticas, como a 
alfabética, em vez de representar uma imagem da coisa que 
está sendo dita – como, por exemplo, os hieróglifos dos 
egípcios ou os ideogramas dos chineses – oferecem um sinal 
ou signo abstrato (uma palavra) dela; 
 a invenção da política, que introduz três aspectos novos e 
decisivos para o nascimento da filosofia: 
1. A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade 
humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como 
ela definirá suas relações internas. Essa característica da pólis 
grega – um espaço legislado e regulado – servirá de modelo para a 
filosofia propor que também o mundo é racionalmente legislado, 
regulado e ordenado. 
2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo 
tipo de discurso, diferente daquele que era preferido pelo mito. 
Neste, um poeta-vidente recebia das deusas ligadas à memória (a 
deusa Mnemosyne, mãe das musas, entidades que guiavam o 
poeta) uma iluminação ou uma revelação sobrenatural e, então, 
dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles 
deveriam obedecer. Agora, com a pólis, isto é, a cidade política, a 
palavra constitui-se como direito de cada cidadão emitir em 
público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar 
uma decisão proposta por ele. Desse modo, surge o discurso 
político como palavra humana compartilhada, como diálogo, 
discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e 
exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer 
alguma coisa. Com a política, valorizou-se o pensamento racional, 
criando condições para que surgisse o discurso ou a palavra 
filosófica. 
3. A noção de discussão pública das opiniões e ideias, pois a 
política estimula um pensamento e um discurso públicos, 
ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos, que não sejam 
formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios 
sagrados. A ideia de um pensamento que todos podem 
compreender, discutir e transmitir é fundamental para a filosofia. 
Atividades 
1. Qual é a origem do termo philosophía e por que Pitágoras 
utilizou-o para designar essa área do pensamento? 
2. O que levou alguns gregos a se aproximarem da filosofia? 
3. Um dos principais traços da filosofia nascente é a tendência 
à racionalidade. O que isso significa? 
4. O que é o mito? Por que ele merecia confiança e era 
inquestionável? 
5. Quais as principais diferenças entre filosofia e mito? Dê um 
exemplo de mito que não tenha sido citado. 
 
5 Adaptado de: ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia: vol. 1. 
6. Liste, resumidamente, as condições históricas que 
propiciaram o surgimento da filosofia na Grécia e explique a 
importância da capacidade de abstração nesse processo. 
7. Por que a invenção da política foi decisiva para o 
nascimento da filosofia? 
LEITURA COMPLEMENTAR: 
FILOSOFIA: oriental ou ocidental?5 
Há uma tradição antiga que defende que a Filosofia grega 
derivou-se do Oriente (Egito, Índia, Judéia, Babilônia). Entretanto, 
não há nenhuma comprovação escrita. Fala-se que alguns 
filósofos, como Pitágoras, Demócrito e Platão, tenham viajado ao 
Egito, mas o próprio Platão contrapõe o espírito científico dos 
gregos ao senso prático dos orientais. 
Parece verdade que a Filosofia derivou-se do Oriente. 
Segundo Heródoto, a geometria e a aritmética teriam surgido no 
Egito, para medir as terras. A astronomia, na Babilônia, com vistas 
às suas crenças religiosas. Estas ciência, guardavam, entretanto, 
um interesse prático, muito diferente do pensamento abstrato 
grego. 
Na verdade, esta tradição orientalista surgiu procurando 
vincular o pensamento filosóficos grego com as tradições 
religiosas orientais. 
Ainda que alguns filósofos tenham se inspirado no 
Oriente, isto não é suficiente para concluir que a Filosofia grega 
tenha uma origem oriental: 
“A sabedoria oriental é essencialmente religiosa. É ela o 
patrimônio de uma casta sacerdotal cuja única preocupação é a de 
defende-la e transmiti-la na sua pureza. O único fundamento da 
sabedoria oriental é a tradição. A Filosofia gregaao invés, é 
pesquisa. Esta nasce de um ato fundamental de liberdade frente à 
tradição, ao costume e a toda crença aceita como tal. O seu 
fundamento é que os homens não possuem a sabedoria, mas 
devem procura-la: não é sofia, mas filosofia, amor da sabedoria, 
perseguição direta no encalço da verdade para lá dos costumes, 
das tradições e das aparências. Com isso, o próprio problema da 
relação entre a Filosofia grega e a cultura oriental perde muito da 
sua importância.” 
Pode ser que os gregos tenham se aproveitado de noções 
orientais baseadas nas suas tradições religiosas, ou necessidades 
cotidianas; mas isso não impede que a Filosofia se manifeste entre 
os gregos com características originais, que fazem dela um 
fenômeno único no mundo antigo e o antecedente da civilização 
ocidental, de que constitui um componente fundamental. Em 
primeiro lugar, a filosofia não é patrimônio de uma classe: todo 
homem pode filosofar, pois é um “animal racional”. Sua 
racionalidade significa a possibilidade de procurar a verdade. 
Em segundo, a Filosofia é investigação racional: é 
autônoma, não se baseia numa verdade revelada, mas somente na 
força da razão. O seu limite é a opinião, a tradição e o mito. Além 
disso, a filosofia significava uma sagacidade de espírito, que 
guiava as ações. Heródoto e Tucídides usavam a palavra neste 
sentido quando afirmavam “nós amamos o belo com simplicidade 
e filosofamos sem receio”, o que exprime a autonomia da pesquisa 
racional que é a Filosofia. 
Nestes exemplos aparece um duplo significado da palavra 
“filosofia”. O primeiro é mais geral, de pesquisa autônoma, 
racional; o segundo, mais específico, de pesquisa particular e 
fundamental para as outras ciências. Estes dois significados estão 
presentes no pensamento de Heráclito de Éfeso: “É necessário que 
9 
 
os homens filósofos sejam bons indagadores de muitas coisas”; de 
Platão, que emprega o termo para indicar a geometria, música e 
outras disciplinas e quando a contrapõe à sofia, à sabedoria que 
pertence aos deuses, e à doxa, à opinião vulgar; de Aristóteles, que 
chama de filosofia primeira o estudo do “ser enquanto ser”, mas 
que abrange também as ciências, a matemática e a ética. 
Esta bivalência de significado leva ao sentido original do 
termo, que é o de pesquisa. Toda pesquisa autônoma é filosofia 
num sentido geral, e num sentido próprio, é uma pesquisa que 
põe para si mesma o problema pesquisado. 
 
ATIVIDADES: 
1. Sobre o surgimento da filosofia na Grécia, duas teses 
muito comuns entre os historiadores estão hoje 
ultrapassadas. Identifique e descreva-as sucintamente. 
2. A explicação atual mais aceita sobre o surgimento da 
filosofia identifica, num processo histórico específico, o 
surgimento do pensamento racional entre os gregos. 
Desse processo, comente os três elementos apontados: 
a) Vida urbana; 
b) Desenvolvimento do comércio e uso da moeda; 
c) Características do mito grego. 
3. É consenso entre os historiadores que a filosofia surgiu 
em primeiro lugar na Jônia e na Magna Grécia. 
Identifique essas regiões. 
 
TAREFA PARA CASA: 
A MENTE HUMANA 
No mundo moderno, multiplicam-se, dia a dia, os mais variados 
tipos de máquina. No entanto, poucas delas foram capazes de 
despertar tanto debate como o computador. Isto porque o 
homem, de repente, viu-se diante de uma máquina que realixava 
tarefas antes consideradas absoluto privilégio da mente humana. 
Então começaram a surgir algumas perguntas: seria possível 
criar-se inteligência em uma máquina? Seria possível o 
computador fugir ao controle do homem? 
Antes de propormos quaisquer respostas a estas perguntas, você 
deverá aprender, algo sobre a mente humana para que possa 
avaliar os seus mecanismos e funções e depois tecer um paralelo 
com os computadores. 
A razão e a inteligência 
A realidade do universo é imensa. O homem é apenas um dos 
elementos integrantes de um conjunto infinito de seres que 
compõe esta realidade. 
Podemos sentir a realidade que nos cerca através dos órgãos dos 
sentidos. Estes órgãos fazem parte de um maravilhoso e 
complexo mecanismo que nos permite ter sensações. 
 
Para que se produza uma sensação, é necessário que nossos 
sentidos sejam excitados por algo proveniente do mundo 
exterior e esse excitação precisa ter tal intensidade e duração que 
possa provocar uma modificação orgânica chamada impressão. 
Finalmente, esta impressão deverá ser conduzida através dos 
nervos até o cérebro. 
1. Conforme você verificou, para que se produza uma sensação, 
é necessário que 
( ) nossos sentidos sejam excitados, não impressionando o 
organismo. 
( ) nossos sentidos sejam excitados de tal forma que 
impressionem o organismo e que esta impressão seja 
conduzida até o cérebro. 
A sensação é o resultado de uma transformação realizada 
pelo sistema nervoso, que “traduz” a impressão originada 
pela excitação de nossos sentidos. 
De que adiantaria o anzol que aprisiona o peixe, se o pescador não 
percebesse que o peixe foi fisgado? 
Assim também acontece com o ser humano: de que valeria 
sentirmos determinada sensação, se não pudéssemos perceber o 
que a provocou? 
Através da razão, uma das faculdades mais importantes de nossa 
mente, tomamos conhecimento da realidade percebendo o fato 
que provocou nossa sensação. 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
10 
 
 
 
Observando a ilustração acima você tem a sensação visual do 
preto. Depois dessa sensação você tem a percepção do desenho de 
um guarda-chuva. 
2. Agora voce já pode dizer que: 
a. A sensação é _____________________________________________ 
(anterior; posterior) à percepção. 
b. A faculdade responsável por nossas percepções 
_________________ (é; não é) a razão. 
A razão tem não só a função de perceber os fatos que 
provocam as sensações, como também de avaliá-los, julgá-los 
e organizá-los. 
3. Certamente, através de sua própria experiência, você já 
observou que ____________________________________ (tudo; nem 
tudo) o que existe no universo é totalmente compreendido 
pela razão 
A realidade assume diversas facetas que tornam determinados 
fatos incompreensíveis pela razão, pois esta possui um 
conhecimento limitado do universo. Mas a razão, minuto a 
minuto, procura romper estes limites e compreender cada vez 
mais. É nestes momentos que ela se socorre de outra faculdade de 
nossa mente, a inteligência. 
A inteligência é especializada em resolver problemas e 
ampliar o poder de entendimento da razão. 
A inteligência, entretanto, não possui “vontade”. Ela é como a 
lâmpada que ilumina somente quando acionada. A faculdade que 
aciona a nossa inteligência é a razão. 
4. Vimos então que a razão quando não consegue compreender 
determinados fatos, apela para a 
_____________________________________________________. 
A inteligência, para auxiliar a razão, recorre aos seus próprios 
mecanismos. No entando, a nossa mente possui determinadas 
funções que nos livram de utilizarmos, a toda hora, a inteligência. 
Agora vamos estudas estas funções e depois os mecanismos da 
inteligência. 
 
Fatos que a inteligência não precisa explicar 
 
5. É certo que as ações que praticamos repetidas vezes 
____________________________________ (tornam-se; não se tornam) 
automáticas. 
Chamamos de hábito o costume ou disposição automática 
que adquirimos pela repetição frequente de um ato. 
6. Andar, por exemplo, é um ________________________________________. 
Determinadas ações que realizamos por hábito (andar, por 
exemplo) dispensam a presença atuante da inteligência. 
7. Então você pode dizer que, quando realizamos determinadas 
ações por hábito, ___________________________________________________ 
(necessitamos, não necessitamos) apelar para a nossa 
inteligência. 
As ações que realizamos por hábito são automáticas e dispensam 
a presença da inteligência, que só é colocada em atividade quando 
temos de enfrentar circunstâncias novas, circunstâncias que nos 
ofereçam algum problema. 
O hábito é uma disposição adquiridaatravés da aprendizagem e 
implica a constante repetição de uma atividade. 
8. Portanto você pode concluir que o hábito __________________ (é; 
não é) inato. 
 
Atendendo as necessidades específicas de sua espécie, este 
passarinho já nasce com disposição automática para construir seu 
ninho. 
9. Então ______________________________ (podemos, não podemos) 
explicar esta disposição inata do passarinho através do 
hábito. 
Seria impossível explicar esta disposição do passarinho para 
construir seu ninho pelo hábito, uma vez que este é uma 
disposição adquirida pela aprendizagem. O passarinho constrói o 
ninho através de um instinto inato. 
10. Então, você pode dizer que os instintos são 
___________________________________ (inatos; adquiridos) e os 
hábitos _______________________________ (inatos; adquiridos). 
Os instintos, por serem inatos, são comuns a todos os exemplares 
de uma espécie. Por outro lado, os hábitos, por serem adquiridos, 
podem variar entre os exemplares de uma mesma espécie. 
Os instintos funcionam como fatores que nos predispõe a 
garantir a propagação e a preservação da nossa espécie. 
Como o hábito, também as atividades que realizamos por instinto 
dispensam a presença atuante da inteligência. 
 
Os mecanismos da inteligência 
 
Você vai ao colégio ou ao trabalho e, na volta, sabe qual o caminho 
a seguir em direção a sua casa. Este percurso tornou-se uma 
rotina e consequentemente um hábito. Você não precisa recorrer 
a sua inteligência a fim de determinar o caminho de sua casa. 
11. Entretanto, se num determinado dia ao voltar para casa 
alguém encontrar uma árvore tombada em seu caminho, este 
alguém estará diante de uma ___________________________ 
(situação nova; rotina). 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
11 
 
Uma árvore tombada na rua, impedindo a livre passagem das 
pessoas, seguramente representa uma situação nova. 
12. Supondo-se que tal rua, com a árvore tombada, seja a única 
que conduza determinada pessoa a seu destino, neste caso 
esta situação ____________________________ (se constitui; não se 
constitui) num problema. 
13. Se nos surge um problema, ______________________________ 
(recorremos; não recorremos) a nossa inteligência a fim de 
resolvê-lo. 
Existe uma árvore caída na rua e determinada pessoa deve passar 
por ali. O fato não é costumeiro. Então a inteligência é acionada 
para resolver a questão. 
O primeiro passo da inteligência é, justamente, captar aquele 
algo novo. Chamamos este passo de simples apreensão. 
14. Portanto, você pode dizer que o primeiro passo da 
inteligência é a __________________________________________. 
Durante a simples apreensão, não tiramos nenhuma conclusão a 
respeito do problema. É o momento em que ficamos estáticos e 
percebemos o problema como tal. 
Passado este momento de simples apreensão, o nosso poder de 
inteligência continuará em ação e surgirão mentalmente algumas 
conclusões a respeito do problema. 
 
Pela ilustração acima, você nota que o rapaz chegou a conclusões 
a respeito do problema. 
15. Na conclusão “A árvore não é grande”, você percebe uma 
comparação entre duas ideias: a ideia de árvore e a ideia de 
_______________________________________. 
Entre a ideia de árvore e a ideia de grande, existem as palavras 
não é que indicam uma negação. 
16. Então você pode dizer que o rapaz _________________________ 
(negou; afirmou) à árvore a ideia de grande. 
Chamamos de juízo a afirmação ou negação que se faz entre 
duas ideias. 
17. Portanto a conclusão “A árvore não é grande” é um 
_____________________________________________. 
Veja que, logo após a simples apreensão, a inteligência, 
comparando duas ideias, começou a formular juízos a respeito do 
problema, ora afirmando, ora negando algo entre elas. 
18. Então você pode dizer que o segundo passo da inteligência é a 
formulação de _________________________________. 
Formulando os juízos, isto é, comparando ideias, a nossa 
inteligência começa a ordená-los procurando chegar a uma 
conclusão final para solucionar o problema em questão. 
Chamamos de raciocínio a operação mental que de dois ou 
mais juízos conclui um outro juízo. 
19. Então voce ppode dizer que a operação mental que permitiu 
ao rapaz chegar à conclusão “Eu consigo pular a árvore” foi o 
____________________________________________. 
A conclusão “Eu consigo pular a árvore” apresentou ao rapaz a 
solução de um problema que o preocupava. 
Utilizando-se dos juízos intermediários “seu tronco não é tão 
grosso” e “não vou me machucar se cair”, o rapaz conseguiu 
encontrar a solução do problema. Se ele não fosse capaz de 
formular tais juízos, não poderia chegar à conclusão “Eu consigo 
pular a árvore”. 
20. Então você conclui que o raciocínio __________________________ (se 
processa; não se processa) através de juízos intermediários 
para chegar a um juízo final. 
O raciocínio é a operação mental que, por intermédio de juízos 
conhecidos, chega a um juízo final, antes desconhecido. 
Entretanto, a inteligência também consegue, mesmo dispensando 
juízos intermediários, chegar ao conhecimento dos fatos. 
Este tipo de conhecimento que dispensa juízos 
intermediários, chamamos de intuição. 
21. Então você conclui que através da intuição chegamos ao 
conhecimento dos fatos 
( ) utilizando juízos intermediários. 
( ) de maneira direta e imediata. 
Através da intuição que nos permite apreender de maneira direta 
e imediata a estrutura dos fatos, podemos atingir a compreensão 
da realidade. 
O conhecimento intuitivo se processa com base em pequenas 
indicações fornecidas pelos sentidos. 
 
Recordando 
 
1. Para que se produza uma ____________________________, é 
necessário que os nossos sentidos sejamexcitados de 
tal forma que impressionem o organismo e que esta 
impressão seja conduzida até o _________________________. 
2. Uma das faculdades mais importantes da nossa mente é 
a ___________________, que nos permite conhecer a 
realidade percebendo o fato que provocou nossa 
sensação. 
3. Quando a razão não consegue compreender 
determinados fatos, ela apela para a _____________________. 
4. O costume ou disposição automática que adquirimos 
pela repetição frequente de um ato, chamamos de 
_____________________________________________. 
5. Os intintos funcionam como fatores que nos predispõe 
a garantir a _____________________________ e a 
_____________________________ de nossa espécie. 
6. São considerados mecanismos da inteligência: 
_______________________________________________________________, 
_____________________________ e ________________________________. 
7. Quando a inteligência consegue chegar ao 
conhecimento dos fatos sem utilizar juízos 
intermediários, dizemos que este conhecimento se deu 
por _____________________________________. 
 
A árvore não é 
grande. 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
12 
 
ENCONTRE AS PALAVRAS 
V X A M Z K B L I N O B 
I N T E L I G E N C I A 
S D N O I H B L S M E C 
E R C J Q C G K T J D F 
T U F P F H A B I T O I 
E L D J E K Z A N R G H 
Y W I F A N Q P T U P Q 
G A M C B D O X O V S T 
 
1. A ________________________________________ é a faculdade 
especializada em resolver problemas. 
2. O ________________________________________ é a disposição 
automática que adquirimos através da repetição 
frequente de um ato. 
3. O ________________________________________ é um fator que 
nos predispõe a prolongar e preservar nossa espécie. 
COMPLETANDO O SENTIDO 
Você deve completar o sentido das frases um, dois e três usando 
primeiramente um conjunto de palavras do grupo A e depois um 
conjunto de palavras do grupo B. 
1. ATRAVÉS DA RAZÃO 
2. A RAZÃO DEPOIS DE PERCEBER 
3. A RAZÃO, PARA AMPLIAR A EXTENSÃO DO 
CONHECIMENTO 
 
GRUPO A: OS FATOS QUE PROVOCAM AS SENSAÇÕES 
 TOMAMOS CONHECIMENTO DA REALIDADE 
 E COMPREENDER CADA VEZ MAIS, 
 
GRUPO B: SE SOCORRE DA INTELIGÊNCIA. 
 TAMBÉM OS AVALIA, JULGA E ORGANIZA. 
 PERCEBENDO OS FATOS QUE PROVOCAM 
NOSSAS SENSAÇÕES 
 
Agoraescreva as frases completas: 
1. ________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
2. ________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
3. ________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
HABITO, INSTINTO OU INTELIGÊNCIA 
Das atividades relacionadas abaixo, assinale as que realizamos 
por hábito, as que realizamos por instinto e as que realizamos 
com auxílio da inteligência. 
 
 HÁBITO INSTINTO INTELIGÊNCIA 
Andar de bicicleta 
Jogar xadrez 
Saciar a fome 
Compor uma 
música 
 
Pentear o cabelo 
Sentir medo 
Falar 
Resolver um 
problema 
matemático 
 
Saciar a sede 
Construir algo 
novo 
 
Ler 
Satisfação sexual 
Tomar banho 
 
CONFIRME SEUS CONHECIMENTOS 
Leia atentamente as sentenção abaixo e assinale com V as 
verdadeiras e com F as falsas. 
( ) O primeiro passo da inteligência é a simples apreensão. 
( ) A intuição não dispensa juízos intermediários. 
( ) Os atos que realizamos por hábito ou por instinto necessitam 
da presença marcante da inteligência. 
( ) Durante a simples apreensão não tiramos nenhuma conclusão 
a respeito do problema. 
( ) Através da intuição, atingimos a realidade de forma imediata. 
( ) Os instintos, por serem inatos, são extremamente variáveis 
entre os diferentes exemplares de uma mesma espécie. 
( ) O raciocínio é uma operação mental que através de juízos 
desconhecidos chega a um juízo final, anteriormente conhecido. 
( ) Impressão é uma modificação orgânica provocada pela 
excitação de nossos sentidos, que conduzida ao cérebro nos 
produz sensações. 
 
 
FILOSOFIA – 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO 
13 
 
AULA 6: MITO, POESIA E TEATRO 
 
Os homens primitivos não sabiam explicar os fenômenos 
naturais que ocorriam à sua volta. Um temporal, um terremoto, 
um eclipse, eram fatos perturbadores para as pessoas da pré-
história. 
Com o passar do tempo, os primitivos desenvolveram 
histórias baseadas na imaginação para explicar esses fenômenos. 
Imaginavam então forças extraordinárias que agiam a seu bel 
prazer, atribuído a estas forças a explicação para tudo o que 
acontecia na vida das pessoas. Esse tipo de explicação, baseado na 
imaginação e na crença, é chamado de mito, e o conjunto de mitos 
de um povo é chamado de mitologia. 
Inicialmente, os mitos eram passados oralmente de pai 
para filho, até que alguns poetas da antiguidade resolveram 
organizar essas histórias e registrá-las em forma escrita, como 
fizeram os gregos Homero (Ὅμηρος)) e Hesíodo (Ἡσίοδος)). 
Não sabemos muito 
sobre Homero (séc. IX a.C.). 
Alguns estudiosos inclusive 
duvidam de sua real existência. A 
ele são atribuídos dois poemas 
épicos: a Ilíada e a Odisseia. A 
Ilíada narra o final da guerra de 
Troia, e seu principal personagem 
é o herói Aquiles. A Odisseia 
conta a história do herói Odisseu 
(ou Ulisses) no seu retorno para 
casa depois da guerra de Troia. O 
que chama a atenção nessas 
histórias relatadas por Homero em seus poemas é o caráter 
determinista do pensamento grego: todos os fatos narrados nos 
poemas são premeditados pelos deuses, e os humanos não 
passam de marionetes nas mãos das divindades. 
Hesíodo (séc. VIII a.C.) 
escreveu dois importantes poemas: a 
Teogonia e Os Trabalhos e os Dias. A 
Teogonia conta as origens dos deuses 
(teogonia) e do mundo (cosmogonia). 
Na mentalidade mitológica grega, os 
deuses representavam as forças da 
natureza. Assim, ao mesmo tempo em 
que essas forças começam a surgir e 
interagir, o próprio mundo vai 
emergindo do caos e se organizando. 
No poema Os Trabalhos e os Dias, 
Hesíodo explica como é a vida do 
trabalhador e dá conselhos aos homens sobre a vida cotidiana. 
No período clássico da cultura grega (séc. V a.C.), outro 
grupo de poetas reorganizou as história mitológicas na forma de 
teatro. As peças teatrais eram eventos realizados em homenagem 
ao deus Dionísio, o deus do vinho, e se classificavam em dois 
tipos: as comédias, que retratavam situações cotidianas, 
geralmente com tom irônico e sarcástico; e as tragédias, dramas 
de heróis e heroínas das histórias mitológicas. Entre os poetas 
escritores de tragédias, destacamos Ésquilo, Sófocles e 
Eurípedes. 
Ésquilo (+- 525 – 455 a.C.) revolucionou o estilo da 
tragédia, acrescentando mais personagens às histórias, 
conferindo mais ação e conflito entre eles. Escreveu várias 
trilogias (séries de três peças teatrais com temática interligada), 
nas quais o tema das leis da pólis (cidade) era constantemente 
retomado. Apenas sete de suas peças chegaram a nós: Os Persas, 
Sete Contra Tebas, As Suplicantes, Agamenon, As Coéforas, As 
Eumênides e Prometeu Acorrentado. 
Sófocles (+- 497 – 405 a.C.) mostra em suas tragédias 
dois tipos de sofrimento: o que decorre do excesso de paixão e o 
que é consequência do destino. Chegaram até nós as peças: Ájax, 
Antígona, As Traquínias, Édipo Rei, Electra, Filoctetes, Édipo em 
Colono. 
Eurípedes (480 – 406 a.C.) ressaltou em suas obras as 
agitações da alma humana e em especial a feminina. Tratou de 
problemas triviais da sociedade grega de seu tempo, com o intuito 
de moderar o homem em suas ações. Deixou de lado as cenas 
mitológicas e procurou desenvolver situações cotidianas em suas 
obras. Suas principais peças são: Alceste, Medeia, As Troianas, 
Orestes. 
 
ATIVIDADES 
1. Identifique os temas relativos às narrativas de Ilíada e 
Odisseia. 
2. Identifique os temas relativos aos dois livros escritos 
por Hesíodo. 
3. Qual a relação entre o surgimento do teatro grego e o 
culto ao deus Dioniso? 
4. Pesquise a narrativa contida em uma das grandes 
tragédias do teatro grego. Registre as ideias principais 
e elabore com seus colegas cartazes ou tirinhas sobre 
os principais personagens e eventos a que ela remete. 
 
 
 
 
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