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Curso Técnico em Mecânica Elementos de Máquinas Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente da Confederação Nacional da Indústria José Manuel de Aguiar Martins Diretor do Departamento Nacional do SENAI Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI Alcantaro Corrêa Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina Sérgio Roberto Arruda Diretor Regional do SENAI/SC Antônio José Carradore Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC Marco Antônio Dociatti Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC Confederação Nacional das Indústrias Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Curso Técnico em Mecânica Elementos de Máquinas Fernando Carlos Dorte Geovane Bitencourt Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik Robson Albano Ferreira Florianópolis/SC 2010 É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa. Equipe técnica que participou da elaboração desta obra Coordenação de Educação a Distância Beth Schirmer Revisão Ortográfica e Normatização FabriCO Coordenação Projetos EaD Maristela de Lourdes Alves Design Educacional, Ilustração, Projeto Gráfico Editorial, Diagramação Equipe de Recursos Didáticos SENAI/SC em Florianópolis Autores Fernando Carlos Dorte Geovane Bitencourt Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik Robson Albano Ferreira SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC CEP: 88034-001 Fone: (48) 0800 48 12 12 www.sc.senai.br p. : il. color ; 28 cm. Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis. E38 Elementos de máquina / Fernando Carlos Dorte ... [et al.] – Florianópolis : SENAI/SC, 2010. Inclui bibliografias. 1. Elementos de Fixação. 2. Elementos de Transmissão. I. Dorte, Fernando Carlos. II. Bitencourt, Geovane. III. Wittaczik, Jackson Fabiano Alexandre. IV. Ferreira, Robson Albano. V. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. CDU 621.81 96 Prefácio Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado. Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta- das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina. No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de- senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho. Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em oferecer um modelo de educação atual e de qualidade. Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi- mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces- sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional, oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu- cação por Competências, em todos os seus cursos. É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima- ções, tornando a aula mais interativa e atraente. Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria do Conhecimento. Sumário Conteúdo Formativo 9 Apresentação 11 12 Unidade de estudo 1 Elementos de Fixação Seção 1 - Uniões e rebites Seção 2 - Parafusos, porcas e arruelas Seção 3 - Pinos e contrapinos Seção 4 - Anéis elásticos Seção 5 - Chavetas Seção 6 - Cabos de aço Seção 7 - Molas 13 18 29 32 35 39 42 48 Unidade de estudo 2 Elementos de Transmissão Seção 1 - Eixos e árvores Seção 2 - Mancais Seção 3 - Polias e correias Seção 4 - Engrenagens Seção 5 - Correntes Seção 6 - Acoplamentos Seção 7 - Vedação Finalizando 87 Referências 89 Anexo 91 49 52 63 68 74 76 81 8 CURSOS TÉCNICOS SENAI Conteúdo Formativo 9ELEMENTOS DE MÁQUINAS Carga horária da dedicação Carga horária: 60 horas Competências Selecionar, especificar e dimensionar elementos de máquinas nos processos de produção e/ou manutenção mecânica. Conhecimentos ▪ Elementos de fixação, de transmissão, de vedação, de apoio e normas técnicas Habilidades ▪ Ler, interpretar e aplicar manuais, catálogos e tabelas técnicas; ▪ Ler e interpretar desenhos técnicos; ▪ Identificar os diversos tipos de materiais; ▪ Identificar, selecionar e dimensionar elementos de máquinas Atitudes ▪ Assiduidade; ▪ Pró-atividade; ▪ Relacionamento interpessoal; ▪ Trabalho em equipe; ▪ Cumprimento de prazos e zelo com os equipamentos; ▪ Adoção de normas técnicas de saúde e segurança do trabalho; ▪ Responsabilidade ambiental. Apresentação ELEMENTOS DE MÁQUINAS No mundo em que vivemos atu- almente, sabemos que é de fun- damental importância o desen- volvimento pessoal e profissional. A sociedade e os organismos de trabalho almejam indivídu- os capacitados, e, acima de tudo, profissionais éticos e com atitu- des pró-ativas, em busca de seu desenvolvimento e crescimento contínuos. Você está convidado a iniciar uma nova etapa no desenvolvimen- to de sua formação, por meio da busca pelo aprofundamento de seus conhecimentos, utilizando-se uma abordagem integrada entre assuntos tratados nas seções de estudo e suas aplicações práticas. Nesse material, você irá conhecer e estudar os diversos componen- tes que, em conjunto, formam os equipamentos aplicados às in- dústrias modernas, desde os ele- mentos mais simples, bem como os elementos mais complexos. Perceberá que cada componente têm suas funções fundamentais e que, aliados a outros, irão compor e formar todos os equipamentos e acessórios utilizados nos proces- sos produtivos. Serão aprofundados os conheci- mentos técnicos desses elemen- tos, desde suas funções básicas e suas características, até as aplica- ções mais complexas. Fernando Carlos Dorte, Geovane Bitencourt, Jackson Fabiano Alexan- dre Wittaczik e Robson Albano Ferreira. Fernando Carlos Dorte Nascido em 29 de julho de 1965. Graduado em Tecnologia Mecânica, pelo Cefet/Unerj – Jaraguá do Sul (1997), graduado em Pedagógica para atuar em Cursos Técnicos, pela Unisul – Palhoça/SC e pós-graduado em Gestão Industrial, pela Unerj (2007). Desenvolvimento profissional nas áreas de Engenharia Industrial de di- versas empresas, atuando como analista de processos e desenvolvendo de atividades, objetivando a redução dos custos industriais, melhoria da qualidade do produto, processos e também das condições de traba- lho (ergonomia). Atualmente atua como Especialista de Ensino na instituição SENAI – Unidade de Jaraguá do Sul/SC, no núcleo Metalmecânico, onde ministra disciplinas nas áreas exatas e disciplinas relacionadas às áreas de gestão e humanas. Geovane Bitencourt Nascido em 10 de junho de 1973. Graduado em Engenharia Mecânica, pela Udesc – Joinville/SC (2001). Cursando de pós-graduação: Especia- lização em Engenharia de Manutenção Industrial, pelo SENAI – Jaraguá do Sul/SC (Conclusão: 2010). Desenvolvimento de ferramentas para o SolidWorks, para realização de tarefas específicas aos clientes, tais como a integração em sistemas de gerenciamento e novas ferramentaspara o software. Aulas de Soli- dWorks, abrangendo todo o software – curso básico, avançado e PDM (gerenciamento de projetos). Atua nas disciplinas de SolidWorks, Infor- mática Básica, Desenho Técnico e Tecnologia Mecânica, no SENAI – Ja- raguá do Sul/SC. Jackson Fabiano Alexandre Wittaczik Nascido em 26 de novembro de 1971. Graduado em Engenharia Me- cânica pela Udesc – Joinville em 1995 e mestrado em Engenharia de Produção, pela UFSC-Unerj, em 2004. Experiência profissional na área Metalmecânica, em Desenvolvimento de Produtos e Engenharia de Pro- cessos, Projetos Mecânicos, Controle de Qualidade e Sistema de Ges- tão. Atualmente atua como Especialista de Ensino na instituição SENAI – Unidade de Jaraguá do Sul/SC, no núcleo Metalmecânico, onde ministra disciplinas nas áreas exatas. Robson Albano Ferreira Nascido em 25 de junho de 1971, graduado em Bacharelado em Enge- nharia Mecânica pela Udesc – Joinville em 2000 e pós-graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho também pela Udesc em Joinville, em 2007. Experiência profissional na área Metalmecânica, em Enge- nharia de Processos, Desenvolvimento de Produtos, Projetos Mecâni- cos, Metrologia, Melhoria Contínua, Controle da Qualidade, Controle Estatístico de Processo (CEP), Sistemas de Gestão e Ferramentas Esta- tísticas. Unidade de estudo 1 Seções de estudo Seção 1 – Uniões e rebites Seção 2 – Parafusos, porcas e arruelas Seção 3 – Pinos e contrapinos Seção 4 – Anéis elásticos Seção 5 – Chavetas Seção 6 – Cabos de aço Seção 7 – Molas 13ELEMENTOS DE MÁQUINAS Elementos de Fixação SEção 1 Uniões e rebites Na seção 1, você aprenderá que existem tipos de união móvel e perma- nente, conhecerá diversos tipos de rebites, suas aplicações e fabricações. Os elementos de fixação são destinados a unir peças, que, em conjunto com os elementos de transmissão, formarão as máquinas e equipamen- tos aplicados aos mais variados campos de nossa sociedade atual. Em nosso caso, envolvidos no ramo industrial. Tipos de união ▪ Móvel: os elementos permitem a montagem e desmontagem da peça, sem danos. É o caso do parafuso e porca, pinos, contrapinos, anéis elásticos, etc. Figura 1 - União por parafuso, porca e arruela Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 11). ▪ Permanente: é um tipo de união feito para, uma vez montada a peça, não ser possível mais a sua desmontagem sem causar danos às partes unidas. Inclui, nessa união, rebites e partes unidas pelo processo de soldagem. Figura 2 - União por rebite e solda Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 11). 14 CURSOS TÉCNICOS SENAI ▪ Rebites: são peças fabricadas em aço, alumínio, cobre ou latão. Unem rigidamente peças ou chapas, principalmente em estruturas metálicas. Exemplo: reservatórios, caldeiras, máquinas, navios, aviões, veículos e treliças. Figura 3 - União rebitada Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 16). A fabricação de rebites é padronizada, ou seja, segue normas técnicas que indicam medidas da cabeça, do corpo e do comprimento útil dos rebites. No quadro a seguir, apresentamos as proporções padronizadas para os rebite. Cabeça redonda larga. Cabeça redonda estreita. Cabeça escareada chata longa. Cabeça escareada chata estreita. Cabeça escareada com calota. Cabeça tipo panela. Cabeça cilíndrica. Quadro 1 - Tipos de rebite Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 18). Exemplo: o que significa 2 x d para um rebite de cabeça redonda larga? Significa que o diâmetro da cabe- ça desse rebite é duas vezes o di- âmetro do seu corpo. Se o rebite tiver um corpo com diâmetro de 5 mm, o diâmetro de sua cabeça será igual a 10 mm, pois 2 x 5 mm = 10 mm. ▪ Rebites especiais Existem também rebites com nomes espe- ciais: explosivo, pop, de tubo, de alojamento etc. ▪ Rebite explosivo: contém uma pequena cavidade cheia de carga explosiva. Ao se aplicar um dispositivo elétrico na cavidade, ocorre uma explosão, formando sua cabeça e fixando assim as partes a serem unidas. ▪ Rebite de repuxo: conhecido por “rebite pop”, é um elemento especial de união, empregado para fixar peças com rapidez, economia e simplicidade. Mui- to utilizado em esquadrias de alumínio. O rebite de repuxo consiste de um rebite de forma tubular, com cabeça, onde é inserido um ara- me com uma cabeça metálica. O processo de rebitagem é realiza- do puxando-se o arame metálico com uma ferramenta tipo alicate especial. O rebite então é amas- sado, formando a cabeça do lado oposto, até que o arame se rompe separando do rebite. Na “Figura 04”, mostramos a nomenclatura de um rebite de re- puxo. 15ELEMENTOS DE MÁQUINAS D= Aba abaulada; K= Aba escareada; Ø= Diâmetro do rebite; H= Diâmetro da aba; h= Altura da aba; f= Altura da aba escareada; L= Comprimento do rebite. Figura 4 - Rebite de repuxo Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 20). Os rebites de repuxo podem ser fabricados com os seguintes materiais metálicos: alumínio, aço-carbono; aço inoxidável, cobre ou monel (liga de níquel e cobre). ▪ Rebites de alojamento, também chamados de porca-rebite, e outros rebites especiais. Figura 5 - Rebite de alojamento Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 20). Figura 6 - Rebites especiais Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 20). Especificação de rebites Para determinar e adquirir os re- bites adequados ao seu trabalho, é necessário que você conheça suas especificações, ou seja: ▪ de que material é feito; ▪ o tipo de sua cabeça; ▪ o diâmetro do seu corpo; ▪ o seu comprimento útil L. Exemplos: ▪ Material do rebite: rebite de aço ABNT 1006 - 1010; ▪ Tipo de cabeça: redonda; ▪ Diâmetro do corpo: 6,35 mm(¼”) ▪ Comprimento útil 19,05mm(¾”) DICA Obs.: Muitos rebites são es- pecificados em polegada fra- cionária. Especificação do rebite - o pedido é feito conforme o exemplo: ▪ Rebite de alumínio, com cabe- ça chata, 3/32” x 1/2”. A figura mostra o acréscimo de material (z), necessário para se formar a segunda cabeça do re- bite em função dos formatos da cabeça, do comprimento útil (L) e do diâmetro do rebite (d). 16 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 7 - Dimensão de um rebite (z) Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 21). Cálculos para o processo de rebitagem Para rebitar, é preciso escolher o rebite adequado em função da espes- sura das chapas a serem fixadas, do diâmetro do furo e do comprimento excedente do rebite, que vai formar a segunda cabeça. Veja, a seguir, como fazer esses cálculos. Cálculo do diâmetro do rebite (d) A escolha do rebite é feita de acordo com a espessura das chapas que se quer rebitar. A prática recomenda que se considere a chapa de menor espessura e multiplique esse valor por 1,5; segundo a fórmula: d = 1,5 x Sm Onde: d = Diâmetro do rebite; Sm = Chapa com menor espessura da união; 1,5 = Constante da fórmula ou valor predeterminado. Cálculo do diâmetro do furo (df) O diâmetro do furo pode ser calculado multiplicando-se o diâmetro do rebite pela constante 1,06 (6% do diâmetro do rebite). Matematicamente, pode-se escrever: df = d x 1,06 Onde: df = Diâmetro do furo; d = Diâmetro do rebite; 1,06 = Constante ou valor predeterminado. Cálculo do comprimento útil do rebite (L) O comprimento útil do rebite de- pende do formato de sua cabeça e pode ser calculado pelas seguintes fórmulas: ▪ Rebites de cabeça redonda e cilíndrica L = 1,5 x d + St Figura 8 - Cabeça redonda e cilíndrica Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 32) Onde: L = Comprimento útil do rebite; d = Diâmetro do rebite; St = Soma das espessuras das cha- pas a serem unidas. ▪ Rebites de cabeça escare- ada L = d + St 17ELEMENTOS DE MÁQUINAS Figura 9 - Cabeça escareada Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 32) Onde: L = Comprimento útil do rebite; d = Diâmetro do rebite; St = Soma das espessuras das cha- pas a serem unidas. As juntas rebitadas podem ser feitas com sobreposição das duas chapas, ou pela utili- zação de uma ou duas chapas de recobrimento, chamados recobrimento simples e du- plo, respectivamente. As distâncias mínimas entre re- bites podem serfeitas utilizando as recomendações de projeto de juntas, que também podem ser parafusadas. Figura 10 - Distanciamento entre rebites (dimensões) Exemplo: projetar uma junta rebitada, tipo sobreposta, para duas cha- pas de aço: uma com espessura de 5mm e outra com espessura de 4mm; com 4 rebites de aço tipo cabeça redonda larga. Figura 11 - Junta rebitada (exemplo “1”) Para o diâmetro do rebite “d”, temos: d = 1,5 · Sm d = 1,5 · 4 d = 6,0 mm Para o diâmetro do furo “df ”, temos: df = d · 1,06 df = 6 · 1,06 df = 6,36 mm Para o comprimento do rebite L, temos: L= 1,5 . d + St L= 1,5 . 6 + ( 5+4) L = 18 mm Especificação: 4 rebites de aço ABNT 1008, cabeça redonda larga, 6 x 18 mm. 18 CURSOS TÉCNICOS SENAI Na próxima seção, você conhece- rá o formato, aplicações e diver- sos tipos de parafusos, porcas e arruelas. SEção 2 Parafusos, porcas e arruelas São peças metálicas de elevada aplicação na união e fixação dos mais diversos elementos de má- quina. Sua elevada importância exige uma especificação adequada e en- globa os mesmos itens cobertos pelo projeto de um elemento de máquina. Ou seja, especificação do material, tratamento térmico, dimensionamento, tolerâncias, afastamentos e acabamento. Definição: Parafusos são elementos de fixação empregados na união não permanente de peças. Isto é, as peças podem ser montadas e desmontadas fa- cilmente, bastando apertar e desapertar os parafusos que as mantêm unidas. Os parafu- sos se diferenciam pela forma da rosca, da cabeça, da haste e do tipo de acionamento. Figura 12 - Partes de um parafuso Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 51) O parafuso é formado por um corpo cilíndrico roscado e por uma cabe- ça que pode ser hexagonal, sextavada, quadrada ou redonda. Figura 13 - Filete de rosca Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 43) Roscas: É um conjunto de filetes que se desenvolvem em torno de uma superfí- cie cilíndrica interna ou externa. As roscas permitem: ▪ União e desmontagem de peças. Figura 14 - Conjunto parafusado Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 44) 19ELEMENTOS DE MÁQUINAS ▪ Movimentar peças, transformando movimento rotativo em linear e/ ou associado com fixação. Exemplo: parafuso que movimenta a mandí- bula móvel da morsa. Figura 15 - Morsa (movimento por rosca) Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 44) Os filetes das roscas apresentam vários perfis. Esses perfis, sempre uni- formes, dão nome às roscas e condicionam sua aplicação. Abaixo temos um quadro citando os distintos tipos de roscas e suas aplicações. Tipos de Roscas (perfis) - tipos de filete Aplicação Triangular Parafusos e porcas de fixação na união de peças. Ex: Fixação da roda do carro. Trapezoidal Parafusos que transmitem movimento suave e uniforme. Ex: Fusos de máquinas. Redondo Parafusos de grandes diâmetros sujeitos a grandes esforços. Ex: Equipamentos ferroviários. Quadrado Parafusos que sofrem grandes esforços e choques. Ex: Prensas e morsas. Rosca dente-de-serra Parafusos que exercem grande esforço num só sentido. Ex: Macacos de catraca. Quadro 2 - Tipos de rosca Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 44). ▪ Sentido de direção da rosca: dependendo da inclinação dos filetes em relação ao eixo do parafuso, as roscas ainda podem ser à direita ou à esquerda. Na rosca direita, o filete sobe da direita para a esquerda, enquanto na rosca esquerda, o filete sobe da esquerda para a direita. 20 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 16 - Roscas direita e esquerda Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 45). ▪ Nomenclatura da rosca: independentemente da sua aplicação, as roscas têm os mesmos elementos, variando apenas os formatos e dimensões. P = Passo (mm); i = Ângulo da hélice; d = Diâmetro externo; c = Crista; d1 = Diâmetro interno; D = Diâmetro do fundo da porca; d2 = Diâmetro do flanco; D1 = Diâmetro do furo da porca; a = Ângulo do filete; h1 = Altura do filete da porca; f = Fundo do filete; h = Altura do filete do parafuso. Figura 17 - Nomenclatura para rosca Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 45). 21ELEMENTOS DE MÁQUINAS Classificação das roscas As roscas triangulares classificam-se, segundo o seu perfil, em três tipos: ▪ Rosca métrica; ▪ Rosca polegada whitworth; ▪ Rosca polegada unificada. Rosca métrica (figuras 18 e 19) A rosca métrica ISO normal e fina são normatizadas pela norma NBR 9527 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Figura 18 - Rosca métrica Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 46). As roscas normais, também chamadas de série grossa, são as mais utili- zadas. A rosca métrica fina possui um passo da rosca menor e propor- ciona melhor fixação, evitando que o parafuso se afrouxe com facilidade. Por isso, é muito utilizada em veículos (especialmente em casos, em que há a incidência de vibração excessiva). As principais medidas da rosca do parafuso e porca podem ser calcula- das pelo seguinte formulário: ▪ Ângulo do perfil da rosca: α = 60º ▪ Diâmetro menor do parafuso (núcleo): d1 = d - 1,2268 . P ▪ Diâmetro efetivo do parafuso (médio): d2 = D2 = d - 0,6495 . P ▪ Folga entre raiz do filete da porca e crista do filete do parafuso: f = 0,045 . P ▪ Diâmetro maior da porca: D = d + 2 . f ▪ Diâmetro menor da porca (furo): D1 = d - 1,0825 . P ▪ Diâmetro efetivo da porca (médio): D2 = d2 ▪ Altura do filete do parafuso: he = 0,61343 . P ▪ Raio de arredondamento da raiz do filete do parafuso: rre = 0,14434 . P ▪ Raio de arredondamento da raiz do filete da porca: rri = 0,063 .P Rosca polegada whitworth No sistema whitworth, as medidas são dadas em polegadas. Nesse sistema, o filete tem a forma trian- gular (ângulo de 55º), crista e raiz arredondadas. Figura 19 - Rosca whitworth Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 67). O passo é determinado pelo nú- mero de filetes contidos em uma polegada. Exemplo: passo = 12 fios/ po- legada. No sistema whitworth, a rosca normal é caracterizada pela sigla BSW (British Standard Whitworth - padrão britânico) e a rosca fina caracteriza-se pela sigla BSF (Bri- tish Standard Fine). 22 CURSOS TÉCNICOS SENAI Rosca polegada padrão UNS (Unified National Standard) Este sistema padronizou e unifi- cou as roscas na Inglaterra, Esta- dos Unidos e Canadá. As medidas são expressas em polegadas. Figura 20 - Rosca UNS Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 45). O filete tem a forma triangular (ângulo de 60°), crista plana e raiz arredondada. Nesse sistema, como no whitworth, o passo tam- bém é determinado pelo número de filetes por polegada. A rosca normal é caracterizada pela sigla UNC e a rosca fina, pela sigla UNF. Exemplo rosca UNC 1/4 x 20 UNC (rosca normal, com diâme- tro 1”/4 e 20 fios por polegada). Classificação dos para- fusos quanto à função ▪ Parafusos passantes: estes parafusos atravessam a peça de lado a lado e utilizam arruela e porca. Figura 21 - Parafusos passantes Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 52). ▪ Parafusos não passantes: são parafusos que não utilizam porcas. O papel de porca é desempenhado pelo furo roscado, feito numa das peças a ser unida. Figura 22 - Parafusos não passantes Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 53). Figura 23 - Furação para Parafusos Não Passantes Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 56). As dimensões dos furos broqueados e da rosca para parafusos não pas- santes podem ser realizadas conforme a “Tabela 1”: 23ELEMENTOS DE MÁQUINAS Para uma rosca de diâmetro igual a d: Tabela 1 - Formulário – furos roscados Material Profundidade do furo A Profundidade da rosca B Comprimento do parafusado Diâmetro do furo passante sem rosca Aço 2 x d 1,5 x d 1 x d 1,06 x d Ferro fundido 2,5 x d 2 x d 1,5 x d Alumínio 3 x d 2,5 x d 2 x d Bronze ou latão 3 x d 2 x d 1,5 x d Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 56). ▪ Parafusos de pressão: são parafusos fixados por meio de pressão. Esta é exercida pelas pontas dos parafusos contra a peça a ser fixada. Os parafusos de pressão podem apresentar cabeça ou não. Figura 24 - Parafusos depressão Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 53). ▪ Parafusos prisioneiros: são parafusos sem cabeça, com rosca em ambas as extremidades, recomendados para situações que exigem mon- tagens e desmontagens frequentes. Em tais situações, o uso de outros tipos de parafusos acaba danificando a rosca dos furos. As roscas dos parafusos prisioneiros podem ter passos diferentes ou sentidos opos- tos. Isto é, um horário e o outro anti-horário. Figura 25 - Parafuso prisioneiro - adaptado Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 55). Figura 26 - Desenho da fixação Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 53). Tipos de parafusos Variam conforme as característi- cas da cabeça, do corpo e do tipo de atarraxamento. Segue quadro com os principais tipos de para- fusos: 24 CURSOS TÉCNICOS SENAI TIPOS DE PARAFUSOS Cabeça cilíndrica, com fenda. Cabeça redonda, com fenda. Cabeça cilíndrica abaulada, com fenda. Cabeça escareada, com fenda. Cabeça escareada abaulada, com fenda. Parafuso sem cabeça, com fenda. Parafuso para madeira de cabeça escareada, com fenda. Parafuso sem cabeça, com rosca total e fenda. Parafuso sextavado. Parafuso sextavado, com rosca total. Parafuso sextavado, com porca. Parafuso autoatarraxante, de cabeça sextavada. Parafuso tipo prego, de cabeça escareada. Parafuso de cabeça quadrada. Parafuso de borboleta. Prisioneiro. Parafuso de cabeça cilíndrica, com sextavado interno. Parafuso de cabeça recartilhada. Quadro 3 - Tipos de parafusos Fonte: Gordo; Ferreira (1996, p. 55). Dimensionamento de parafusos As classes de resistência dos parafusos estão normalmente impressas em sua cabeça e são definidas e normatizadas de acordo com a norma NBR 8855 – Propriedades Mecânicas de Elementos de Fixação – Parafusos: 25ELEMENTOS DE MÁQUINAS Tabela 2 - Classe de resistência para parafusos Classe ABNT Diâmetro nominal (mm) Resistência mínima de prova τ (N/mm²) = (MPa) Material 4.6 5 a 36 mm 225 Aço baixo carbono. 4.8 1,6 a 16 mm 310 Aço baixo carbono. 5.8 5 a 24 mm 380 Aço médio carbono. 8.8 1,6 a 36 mm 600 Aço médio carbono, com tratamento térmico. 9.8 1,6 a 16 mm 650 Aço médio carbono, com tratamento térmico. 10.9 5 a 36 mm 830 Aço médio carbono, com tratamento térmico. 12.9 1,6 a 36 mm 970 Aço liga, com tratamento térmico. Fonte: Liber Industrial (2009). A resistência de prova é a resistência máxima do parafuso, sem receber deformação permanente, ou seja, sem sofrer escoamento. Esta resistên- cia é obtida com testes reais em parafusos. Em uma união parafusada, a porca deve ter a mesma classe do parafuso. Parafusos submetidos à tração Tensão admissível (σόadm): para o dimensionamento do parafuso, é necessário utilizar um fator de segurança. Isso é feito calculando a ten- são admissível, que é o valor limite de resistência do parafuso com segu- rança. Para um parafuso submetido à tração: σόprova = Resistência de prova do parafuso; .S.F σ =σ provaadm = Fator de segurança. DICA O fator de segurança depende do tipo de produto, tipo de carga, dos riscos e, muitas vezes, é definido pela norma técnica da ABNT refe- rente ao produto. Parafusos submetidos à tração Figura 27 - Tração Fonte: Adaptado de Gordo e Ferreira (1996, p. 52). A F =σadm 4 d.π =A 2 1 d1 = d - 1,2268 . p 26 CURSOS TÉCNICOS SENAI Onde: σadm = Tensão admissível de tração em N/mm 2; F = Força aplicada (N); A = Área da seção transversal menor do parafuso (mm2); d1 = Diâmetro interno da rosca do parafuso (mm); d = Diâmetro nominal do parafuso (mm); P = Passo da rosca (mm). Parafusos submetidos ao cisalhamento simples Figura 28 - Cisalhamento Fonte: Adaptado de Gordo e Ferreira (1996, p. 52). Tensão admissível de cisalhamento cis_admσ De acordo com a teoria da máxima energia de distorção, a tensão admis- sível de cisalhamento é calculada a partir da tensão admissível de tração, por: 3 σ =σ admcis_adm Que pode ser arredondado para a seguinte fórmula: 4 d.π =A 2 A F =σ cis_adm Onde: cis_admσ = Tensão admissível de cisalhamento em N/mm2; F = Força aplicada (N); A = Área da seção transversal menor do parafuso (mm2); d = Diâmetro do parafuso (mm). Parafusos submetidos ao cisalhamento duplo Neste caso, têm-se duas áreas si- multâneas de cisalhamento do parafuso (seção “AA” e “BB”), portanto, faz-se a área do parafu- so vezes dois, da seguinte forma: Figura 29 - Cisalhamento duplo Fonte: SENAI/PR (2001, p. 88). Nesse caso temos: A.2 F =σ cis_adm Onde: cis_admσ = Tensão admissível de cisalhamento em N/mm2; F = Força aplicada (N); A = Área da seção transversal me- nor do parafuso (mm2); d = Diâmetro do parafuso (mm). Torque de aperto de parafusos Muitas vezes, uma máquina tem os parafusos apertados com o torque controlado (torquímetro), como: motores a combustão, es- truturas e flanges. Nesse caso, a relação entre o torque e a força de aperto do parafuso, segundo Shi- gley é: MT = 0,2 x Fi x d Onde: MT = Torque em N.m; d = Diâmetro nominal do para- fuso (m); Fi = Força de aperto do parafuso (N). σadm_cis = 0,6 . σadm 27ELEMENTOS DE MÁQUINAS A força de aperto, “Fi”,recomendada para parafusos que podem ser des- montados, pode atingir 75% da re- sistência de prova, sem o coeficiente de segurança. Considera-se que, se o parafuso não romper durante o aperto, dificilmente irá romper em trabalho. A força de aperto máxima, “Fi” é calculada por: Fi = 0,75 x σprova x A Onde: σprova = Resistência/tensão de prova do parafuso, tabelado (N/ mm2); A = Área menor da seção do pa- rafuso (mm2); Porcas Porca é uma peça de forma pris- mática ou cilíndrica, geralmente metálica, com um furo roscado, no qual se encaixa um parafuso ou uma barra roscada. Em con- junto com um parafuso, ela é um acessório amplamente utilizado na união de peças. A parte externa tem vários for- matos para atender a diversos ti- pos de aplicação. Assim, existem porcas que servem tanto como elementos de fixação, como de transmissão. Material de fabricação As porcas são fabricadas de diver- sos materiais: aço, bronze, latão, alumínio ou plástico. Há casos especiais em que re- cebem banhos de galvanização, zincagem e bicromatização para protegê-las contra oxidação (fer- rugem). Tipos de rosca O perfil da rosca varia de acordo com o tipo de aplicação que se deseja. Porcas aplicadas para fixação geralmente têm roscas com perfil triangu- lar. Para transmissão de movimentos, podem ter perfis quadrados, tra- pezoidais, redondo e dente de serra, de acordo com o perfil do parafuso ou fuso específico. Tipos de porca Para aperto manual, são mais usados os tipos de porca borboleta, recar- tilhada alta e recartilhada baixa. Figura 30 - Fixação com arruela Fonte: adaptado de Gordo e Ferreira (1996, p. 81). Arruelas A maioria dos conjuntos mecânicos apresenta elementos de fixação. Onde quer que se usem esses elementos, seja em máquinas ou em veícu- los automotivos, existe o perigo de se produzir um afrouxamento impre- visto no aperto do parafuso, em virtude das vibrações. Para evitar esse inconveniente, utilizamos um elemento de máquina chamado arruela. As arruelas também são aplicadas como elemento de proteção para as partes a serem unidas. As arruelas têm a função de distribuir igualmente a força de aperto entre a porca, o parafuso e as partes montadas. Também funcionam como elementos de trava. 28 CURSOS TÉCNICOS SENAI DICA Os materiais mais utilizados na fabricação das arruelas são aço-car- bono, cobre e latão. Tipos de arruela Existem vários tipos de arruela: lisa, de pressão, dentada, serrilhada, on- dulada, de travamento com orelha e arruela para perfilados; uma para cada tipo de trabalho. ▪ Arruela lisa Além de distribuir igualmente o aperto, tem a função de melhorar os aspectos do conjunto. A arruela lisa, por não ter elemento de trava, é utilizada em órgãos de máquinas que sofrem pequenas vibrações. ▪ Arruela de pressão Utilizada na montagem de conjuntos mecânicos submetidos há grandesesforços e grandes vibrações. A arruela de pressão funciona, também, como elemento de trava, evitando o afrouxamento do parafuso e da porca. É, ainda, muito empregada em equipamentos que sofrem varia- ção de temperatura (automóveis, prensas etc.). Existem outros tipos de arruelas, menos utilizados: Figura 31 - Tipos de arruela Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 84). Nessa seção, você verá o elemento de fixação que permite uma união mecânica: o pino. Conhecerá as vantegens de sua aplicação e estudará também os contrapinos, cuja função principal é travar outros elementos de máquinas como porcas. 29ELEMENTOS DE MÁQUINAS SEção 3 Pinos e contrapinos Os pinos e cavilhas “Figura 32” têm a finalidade de alinhar ou fixar os elementos de máquinas, permitindo uniões mecânicas, ou seja, em que se juntam duas ou mais peças, estabelecendo assim conexão entre elas. Figura 32 - Pino e contrapino Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82). As cavilhas, também são chamadas: pinos estriados, pinos entalhados, pinos ranhurados ou ainda rebite entalhado. No entanto, a diferenciação entre pinos e cavilhas leva em conta o formato dos elementos e suas aplicações. Por exemplo, pinos são usados para junções de peças que se articulam entre si e cavilhas são utilizadas em conjuntos sem articu- lações, indicando pinos com entalhes externos na sua superfície. Esses entalhes é que fazem com que o conjunto não se movimente. A forma e o comprimento dos entalhes determinam os tipos de cavilha. Pinos e cavilhas se diferenciam pelos seguintes fatores: ▪ utilização; ▪ forma; ▪ tolerâncias de medidas; ▪ acabamento superficial; ▪ material; ▪ tratamento térmico. 30 CURSOS TÉCNICOS SENAI Pinos Os pinos são aplicados em junções resistentes a vibrações. Há vários tipos de pino, segundo sua função. Figura 33 - Tipos de pino Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 39). O “Quadro 4” relaciona os tipos de pinos com suas respectivas fun- ções: Tipo Função Pino cônico Serve para centragem. Pino cônico com haste roscada A ação de retirada do pino de furos cegos é facilitada por um simples aperto da porca. Pino cilíndrico Requer um furo com tolerâncias rigorosas e é usado quando se aplica esforço cortante. Pino elástico ou pino tubular partido Apresenta alta resistência ao corte e pode ser assentado em furos cuja variação de diâmetros é considerável. Pino de guia Serve para alinhar elementos de máquinas. A distância entre pinos requer cálculo preciso, para evitar ruptura. Quadro 4 - Classificação de pinos e funções Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40). Para especificar pinos e cavilhas, deve-se levar em conta seu diâmetro nominal, seu comprimento e função do pino (indicada pela respectiva norma). Exemplo: pino cônico 10 x 60 DIN 1. 31ELEMENTOS DE MÁQUINAS Cavilha (pino ranhurado) A cavilha é uma peça cilíndrica, fabricada em aço, cuja superfície externa recebe três entalhes que formam ressaltos. A forma e o comprimento dos entalhes determinam os tipos de cavilha. Figura 34 - Exemplo de aplicação (cavilha) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 40). ▪ Vantagem da cavilha Permite fixação diretamente no furo aberto por broca, dispensando-se o acabamento e a precisão do furo alargado. ▪ Classificação das cavilhas, tipos, normas e utilização Figura 35 - Classificação de cavilhas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). 32 CURSOS TÉCNICOS SENAI Tipo Norma Utilização KS 1 DIN 1471 Fixação de junção. KS 2 DIN 1472 Ajustagem e articulação. KS 3 DIN 1473 Fixação e junção em casos de aplicação de forças variáveis e simétricas; bordas de peças de ferro fundido. KS 4 DIN 1474 Encosto de ajustagem. KS 6 e 7 - Ajustagem e fixação de molas e correntes. KS 9 - Utilizado nos casos em que se tem necessidade de puxar a cavilha do furo. KS 10 - Fixação bilateral de molas de tração ou de eixos de roletes. KS 8 DIN 1475 Articulação de peças. KS 11 e 12 - Fixação de eixos de roletes e manivelas. KN 4 DIN 1476 Fixação de blindagens, chapas e dobradiças sobre metal. KN 5 DIN 1477 KN 7 - Eixo de articulação de barras de estruturas, tramelas, ganchos, roletes e polias. Quadro 5 - Classificação de cavilhas e funções Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). Contrapino ou cupilha Contrapino é um arame de secção semicircular, dobrado de modo a for- mar um corpo cilíndrico e uma cabeça. Sua função principal é travar outros elementos de máquinas como porcas. Figura 36 - Contra pino ou cupilha Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). Figura 37 - Exemplo de aplicação (contrapino) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 41). SEção 4 Anéis elásticos Também conhecido como anel de retenção, é um elemento utiliza- do em eixos e furos, tendo como principais funções: ▪ Evitar o deslocamento axial de peças ou componentes. ▪ Posicionar ou limitar o curso de uma peça ou conjunto desli- zante sobre o eixo. ▪ Podem ser utilizados para fixar engrenagens, rodas, polias, rola- mentos, evitando o deslocamento axial sob o eixo. DICA Deslocamento axial é o des- locamento no sentido longi- tudinal (do comprimento) do eixo. Os anéis são fabricados em aço mola e têm a forma de um anel incompleto que se aloja em um canal circular construído confor- me normalização. 33ELEMENTOS DE MÁQUINAS As grandes vantagens no uso dos anéis são a sua simplicidade, o custo reduzido, a facilidade de montagem e desmontagem. Figura 38 - Exemplo de aplicação (anel elástico) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 86). Na “Figura 39”, apresentamos alguns anéis e sua respectivas aplicações. Alguns tipos de anéis Figura 39 - Dimensionamento “n” (anel elástico tipo Dae) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 87). ▪ Anel elástico para eixos tipo “Dae” (tabela técnica 15): são apli- cados em eixos com diâmetro de 4 mm a 1000 mm e são padronizados pela norma DIN 471. 34 CURSOS TÉCNICOS SENAI ▪ Anel elástico para furos tipo “Daí” (tabela técnica 16): são aplicados para furos com diâmetro entre 9,5 e 1000 mm e são padroni- zados pela norma DIN 472. Figura 40 - Dimensionamento “n” (anel elástico tipo Dai) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 82). Figura 41 - Anel elástico tipo RS Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 87). ▪ Anel elástico tipo RS: trabalha em eixos de diâmetro entre 8 a 24 mm, conforme norma DIN 6799. O canal de alojamento do eixo e do furo deverá ser feito conforme me- didas tabeladas (tabela técnica 15 / 16). O tipo de anel utilizado é definido pelo diâmetro do eixo, ou do furo. Veja os exemplos a seguir: Exemplo 1 - Especificar o anel a ser utilizado em um eixo de diâ- metro 30 mm. Resposta: o anel utilizado será o tipo DAe 30 (conforme tabela técnica 15). Exemplo 2 - Especificar o anel para um furo de diâmetro 60 mm. Resposta: o anel será o tipo DAi 60 (tabela técnica 16). Na utilização dos anéis, alguns pontos importantes devem ser observados: ▪ Cuidado com o dimensio- namento correto do anel e do alojamento. ▪ As condições de operação são caracterizadas por meio de vibrações, impacto, flexão, alta temperatura ou atrito excessivo. ▪ Um projeto pode estar errado: prevê, por exemplo, esforços estáticos, mas as condições de trabalho geraram esforços dinâ- micos, fazendo com que o anel apresente problemas que dificul- tam seu alojamento. ▪ A igualdade de pressão em volta da canaleta assegura aderên- cia e resistência. ▪ O anel nunca deve estar solto, mas alojado no fundo da canale- ta, com certa pressão. ▪ A superfície do anel deve estar livre de rebarbas, fissuras e oxidações. ▪ Em aplicações sujeitas à corrosão, os anéis devem receber tratamento anticorrosivo adequa- do. ▪ Em casos de anéis de secção circular, utilizá-los apenas uma vez. ▪ Utilizar ferramentas adequadas para evitar que o anel fique torto ou receba esforços exagerados. 35ELEMENTOS DE MÁQUINAS ▪ Nunca substituir um anel normalizado por um “equivalente”, feito de chapa ou arame sem critérios. ▪ Para que esses anéis não sejam montados de forma incorreta,é ne- cessário o uso de ferramentas adequadas, no caso, alicates. Ainda estudando os elementos de fixação, você verá, nessa 5ª seção, as chavetas, que ligam dois elementos mecânicos. SEção 5 Chavetas A chaveta é um elemento de fixação mecânico fabricado em aço. Sua forma, em geral, é retangular ou semicircular. A chaveta se interpõe numa cavidade de um eixo e de uma peça que ligam dois elementos mecânicos. Figura 42 - Aplicação de chavetas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 93). Classificação: as chavetas se classificam em chavetas de cunha, chave- tas paralelas e chavetas de disco. Chavetas de cunha As chavetas têm esse nome porque são parecidas com uma cunha. Uma de suas faces é inclinada, para facilitar a união de peças. As chavetas de cunha classificam-se em dois grupos: chavetas longitudinais e chavetas transversais. Figura 43 - Chaveta de cunha sem cabeça Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 94). Chavetas longitudinais São colocadas na extensão do eixo para unir roldanas, rodas, vo- lantes etc. 36 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 44 - Chavetas de cunha longitudinal Fonte: Elementos... (2000, p. 94). Podem ser com ou sem cabeça e são de montagem e desmontagem fá- cil. Figura 45 - Aplicação de chavetas (tipo tangencial) Fonte: Elementos... (2000, p. 95). As chavetas longitudinais também podem ser do tipo tangencial, for- madas por um par de cunhas posicionadas a 120°, e são utilizadas para transmitir altas cargas, nos dois sentidos. Chavetas transversais São aplicadas em união de peças que transmitem movimentos rotativos e retilíneos alternativos. Quando as chavetas transversais são empregadas em uniões permanen- tes, a inclinação varia entre 1:25 e 1:50. Se a união se submeter a mon- tagens e desmontagens frequentes, a inclinação pode ser de 1:6 a 1:15. Figura 46 - Chaveta transversal Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 95). Chavetas paralelas ou planas É o tipo mais comum de chave- ta, indicado para cargas pequenas e médias. Estas chavetas têm as faces paralelas, portanto, sem in- clinação. A transmissão do movi- mento é feita pelo ajuste de suas faces laterais às laterais do rasgo da chaveta. Fica uma pequena folga entre o ponto mais alto da chaveta e o fundo do rasgo do elemento conduzido. As chavetas paralelas não possuem cabeça. Suas extremidades podem ser re- tas ou arredondadas. Também po- dem ter parafusos para fixarem a chaveta ao eixo. 37ELEMENTOS DE MÁQUINAS Figura 47 - Chaveta paralela ou plana Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 96). Chaveta de disco ou meia-lua (tipo woodruff) É uma variante da chaveta paralela. Recebe esse nome porque sua forma corresponde a um segmento circular. Figura 48 - Chaveta woodruff Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 96). É comumente empregada em eixos cônicos por facilitar a montagem e se adaptar à conicidade do fundo do rasgo do elemento externo. Dimensionamento do canal (alojamento) da cha- veta O ajuste da chaveta no eixo e no cubo deve ser feito de acordo com as características do trabalho. Os tipos de ajustes são: ▪ Ajuste forçado, com interfe- rência no eixo, no cubo e tole- rância tipo P9, utilizado onde há cargas elevadas e inversão no sentido de rotação. É um ajuste de difícil montagem e desmon- tagem. ▪ Ajuste normal, tipo deslizante justo, utilizado na maioria das aplicações, no eixo tolerância N9 e no cubo J9. ▪ Ajuste com folga, tipo livre, utilizado onde há baixas cargas e peças deslizantes. 38 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 49 - Tipos de ajustes para chavetas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 97). Tabela 3 - Tolerância para chaveta Tolerância para largura da chaveta – h9 Acima 1 3 6 10 18 30 50 90 Até 3 6 10 18 30 50 90 120 h9 0 0 0 0 0 0 0 0 - 25 - 30 -36 - 43 - 52 - 62 - 74 - 87 Fonte: adaptado de Acionac... (2010). DICA Para dimensionar o canal de alojamento do eixo e do cubo, deve-se utilizar a “tabela técnica 23”. Cálculo do comprimento da chaveta “L” A chaveta sofre um esforço de cisalhamento, quando transmite movi- mento de rotação. O esforço na chaveta, quando excessivo, faz com que ela sofra ruptura cujo plano de corte encontra-se localizado ao longo do seu comprimento L. Calculando o cisalhamento, podemos determinar o comprimento da chaveta. Nesse caso, deve-se calcular de acordo com os seguintes passos: .S.F σ =σ escadm Figura 50 - Distribuição da força A força na chaveta, expressa pela “figura 51”, pode ser calculada pelo momento torçor (torque) Mt no eixo e pelo raio do eixo “r” , da seguinte forma: σadm_cis = 0,6 . σadm 39ELEMENTOS DE MÁQUINAS E o comprimento necessário da chaveta “L” pode ser calculado pelas seguintes fórmulas: L×b=A A F =σ Figura 51 - Chaveta Na próxima seção, serão mostra- das as funções, os componentes e os tipos de cabos de aço. Também apresentaremos como calcular a força máxima do cabo. SEção 6 Cabos de aço Cabos são elementos de transmis- são que suportam cargas (força de tração), deslocando-as nas posi- ções horizontal, vertical ou incli- nada. Figura 52 - Cabo de aço Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 43). Os cabos são muito empregados em equipamentos de transporte e na elevação de cargas, como em elevadores, escavadeiras, guindas- tes e pontes rolantes. Componentes O cabo de aço se constitui de alma e perna. A perna se compõe de vários ara- mes em torno de um arame cen- tral, conforme a figura: Construção de cabos Um cabo pode ser construído em uma ou mais operações, depen- dendo da quantidade de fios e es- pecificamente do número de fios da perna. Figura 53 - Constituição de um cabo de aço Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). Exemplo: um cabo de aço 6x19 (lê-se 6 por 19) significa que con- tém 6 pernas com 19 fios cada. Tipos de distribuição dos fios nas pernas ▪ Distribuição normal: os fios dos arames e das pernas são de um só diâmetro. ▪ Distribuição seale: as camadas são alternadas em fios grossos e finos. ▪ Distribuição filler: as per- nas contêm fios de diâmetro pequeno,utilizados como enchi- mento dos vãos dos fios grossos. ▪ Distribuição warrington: os fios das pernas têm diâmetros diferentes numa mesma camada. Tipos de alma de cabos de aço As almas de cabos de aço podem ser feitas de vários materiais, de acordo com a aplicação desejada. Existem, portanto, diversos tipos de alma. Veremos os mais co- muns: alma de fibra e alma de aço. Figura 54 - Cabo de aço (alma) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 44). 40 CURSOS TÉCNICOS SENAI Alma de fibra É o tipo mais utilizado para car- gas não muito pesadas. As fibras podem ser naturais (AF) ou artifi- ciais (AFA). As fibras naturais utilizadas nor- malmente são: o sisal ou o rami. Já a fibra artificial mais usada é o polipropileno (plástico). Alma de aço A alma de aço pode ser formada por uma perna de cabo (AA) ou por um cabo de aço independen- te (AACI), sendo que este último oferece maior flexibilidade soma- da à alta resistência à tração. Tipos de torção Os cabos de aço, quando tracio- nados, apresentam torção das per- nas ao redor da alma. Nas pernas, também há torção dos fios ao re- dor do fio central. O sentido des- sas torções pode variar, obtendo- se uma das situações: Torção regular ou em cruz Os fios de cada perna são torci- dos no sentido oposto ao das per- nas ao redor da alma. As torções podem ser à esquerda ou à direita. Esse tipo de torção confere mais estabilidade ao cabo. Figura 55 - Cabo de aço (torção regu- lar) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 46). Torção lang ou em pa- ralelo Os fios de cada perna são torci- dos no mesmo sentido das pernas que ficam ao redor da alma. As torções podem ser à esquerda ou à direita. Esse tipo de torção au- menta a resistência ao atrito (abra- são) e dá mais flexibilidade. Figura 56 - Cabo de aço (torção lang) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 47). Pré-formação dos ca- bos de aço Os cabos de aço são fabricados por um processo especial, de modo que os arames e as pernaspossam ser curvados de forma helicoidal, sem formar tensões internas. As principais vantagens dos cabos pré-formados são: ▪ Manuseio mais fácil e mais seguro; ▪ No caso da quebra de um ara- me, ele continuará curvado; ▪ Não há necessidade de amar- rar as pontas. Cargas de trabalho do cabo Como regra geral, a carga de tra- balho não deverá ser maior que 1/5 da carga de ruptura, tabelada do cabo (tabela écnica 18). Po- rém, o cálculo mais preciso é feito pelo fator de segurança. Figura 57 - Cabo de aço (deterioração) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 47). 41ELEMENTOS DE MÁQUINAS O fator de segurança utilizado no cabo de aço depende do tipo de apli- cação e do regime de trabalho. Os fatores normalmente utilizados são: Tabela 4 - Fator de segurança - cabo de aço Aplicações Fator de segurança FS Cabos e cordoalhas estáticas 3 a 4 Cabo para tração horizontal 4 a 5 Guinchos 5 Pás, guindastes e escavadeiras 5 Pontes rolantes 6 a 8 Talhas elétricas 7 Elevadores de obras 8 a 10 Fonte: adaptado de Maxicabos. (2010). A carga de trabalho é definida pela força máxima no cabo Fcabo e calcu- lada pela fórmula: .S.F rupturadeaargC =Fcabo Fcabo = Força máxima a ser aplicada no Cabo, com segurança [ N ]. Carga de ruptura = Carga mínima de ruptura do cabo. Tabelada, con- forme modelo e diâmetro do cabo [N]. F.S. = Fator de segurança. Escolha do tipo de cabo Recomenda-se utilizar um cabo com arames externos finos, quando es- tiver submetido a muito esforço de fadiga de dobramento, e arames ex- ternos grossos, quando submetido a desgaste por abrasão. Por exemplo, temos que o cabo tipo 6x 41 possui flexibilidade máxima e resistência à abrasão mínima, ao passo que o cabo tipo 6x7 possui flexibilidade míni- ma e resistência à abrasão máxima. Aplicações Cabo ideal Pontes rolantes 6x41 Warrington Seale AF (cargas frias) ou AACI (cargas quentes), torção regular, pré-formado, IPS, polido. Guincho de obra 6x25 Filler + AACI, torção regular, EIPS, polido. Elevador de passageiros 8x19 Seale, AF, torção regular traction steel, polido. Guindastes e gruas 6x25 Filler, AACI ou 19x7, torção regular, EIPS, polido. Laços para uso geral 6x25 Filler, AF ou AACI, ou 6x41 Warrington Seale AF ou AACi, polido. Bate estaca 6x25 Filler, AACI, torção regular, EIPS, polido. Quadro 6 - Aplicação cabo de aço Fonte: adaptado de Liftec (2009). 42 CURSOS TÉCNICOS SENAI Diâmetros Indicados para polias e tambores Cada tipo de cabo possui uma flexibilidade própria, e consequentemente um diâmetro mínimo que permite ser dobrado, por este motivo existe um diâmetro da polia e do tambor ideal para cada tipo de cabo (valores mínimos que devem ser respeitados). A “Tabela 5” mostra os diâmetros para alguns tipos de cabo: Tabela 5 - Diâmetros para cabos de aço Tipos de Cabo Diâmetro da polia e tambor recomendado Diâmetro da polia e tambor mínimo 6x7 72 x diam. Cabo 42 x diam. cabo 6x19 Seale 51 x diam. Cabo 34 x diam. cabo 6x21 Filler 45 x diam. Cabo 30 x diam. cabo 6x25 Filler 39 x diam. Cabo 26 x diam. cabo 6x36 Filler 34 x diam. Cabo 23 x diam. cabo 6x41 Filler ou Warrington 21 x diam. Cabo 21 x diam. cabo Fonte: adaptado de Liftec (2009). Exemplo: calcular a força máxima que pode ser utilizada em um cabo tipo 6x19 AF, com diâmetro de 1/2”. O cabo será utilizado como cor- doalha para içamento de carga. De acordo com a tabela do fabricante (tabela técnica 18), a carga de ruptura para o cabo com material tipo Improved Plow Stell é de: Carga de ruptura = 97100 N O fator de segurança, de acordo com a aplicação, é: F.S. = 4 Calculando a força no cabo: N24275= 4 97100 =Fcabo .S.F rupturadeaargC =Fcabo Assim: Fcabo = 24275 N (força máxima de trabalho no cabo) Na seção 7, você estudará os diversos tipos de molas, suas aplicações em objetos e aprenderá a calcular a constante da mola, a força aplicada nela e a deflexão causada na mola. SEção 7 Molas Molas helicoidais A mola helicoidal é a mais usada em mecânica. Em geral, é feita de barra de aço enrolada em forma de hélice cilíndrica ou cônica. A barra de aço pode ter seção retangular, circular, quadrada etc. Normalmente a mola helicoidal é enrolada à direita. Quando a mola helicoidal for enrolada à esquerda, o sentido da hélice deve ser indi- cado no desenho. 43ELEMENTOS DE MÁQUINAS Figura 58 - Mola helicoidal (exemplo de aplicação) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145). A mola helicoidal de compressão é formada por espiras. Quando esta mola é comprimida por al- guma força, o espaço entre as es- piras diminui, tornando menor o comprimento da mola. Figura 59 - Mola helicoidal de tração Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 146). A mola helicoidal de tração pos- sui ganchos nas extremidades, além das espiras. Os ganchos são também chamados de olhais. Para a mola helicoidal de tração de- sempenhar sua função, deve ser esticada, aumentando seu com- primento. Em estado de repou- so, ela volta ao seu comprimento normal. A mola helicoidal de torção tem dois braços de alavancas, além das espiras. Na “Figura 60” apresen- tamos um exemplo de mola de torção e a aplicação da mola num pregador de roupas. Figura 60 - Mola helicoidal de torção Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 147). As molas helicoidais também po- dem ser do tipo cônico. Veja suas aplicações em utensílios diversos. Algumas molas padronizadas são produzidas por fabricantes espe- cíficos e encontram-se nos almo- xarifados, outras são executadas de acordo com as especificações do projeto, segundo medidas pro- porcionais padronizadas. A se- leção de uma mola depende das respectivas formas e solicitações mecânicas. Características das mo- las helicoidais As principais dimensões da mola helicoidal de compressão cilíndri- ca são: Figura 61 - Características dimensio- nais (mola helicoidal) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 149). De: Diâmetro externo; Di: Diâmetro interno; H: Comprimento da mola; d: Diâmetro da seção do arame; p: Passo da mola; n: Número de espiras da mola. Molas planas As molas planas são feitas de ma- terial plano ou em fita. Podem ser do tipo simples, prato, feixe de molas e espiral. Figura 62 - Mola plana simples Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 155). 44 CURSOS TÉCNICOS SENAI Mola plana simples Esse tipo de mola é empregado somente para algumas cargas. Em geral, essa mola é fixa numa extremidade e livre na outra. Quando sofre a ação de uma força, a mola é flexionada em direção oposta. Mola prato Essa mola tem a forma de um tronco de cone com paredes de seção retangula. Em geral, as molas prato funcionam associadas entre si, em- pilhadas, formando colunas. Figura 63 - Mola prato Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 156). As características das molas prato são: Figura 64 - Características (mola prato) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 156). De: Diâmetro externo da mola; Di: Diâmetro interno da mola; H: Comprimento da mola; h: Comprimento do tronco interno da mola; e: Espessura da mola. Feixe de molas O feixe de molas é feito de diver- sas peças planas de comprimento variável, moldadas de maneira que fiquem retas sob a ação de uma força. Esse tipo de mola é muito utili- zado em suspensão de veículos, principalmente veículos de carga. Figura 65 - Feixe de molas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 157). Mola espiral A mola espiral tem a forma de espiral ou caracol. Em geral, ela é feita de barra ou de lâmina com seção retangular. A mola espiral é enrolada de tal forma que todas as espiras ficam concêntricas e coplanares. Esse tipo de mola é muito usado em relógios e brinquedos. Para interpretar a cotagem da mola espiral, você precisa conhe- cer suas características. 45ELEMENTOS DE MÁQUINAS As características da mola espiral são: Figura 66 - Mola espiral Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 157). De: Diâmetro externo da mola; L: Largura da seção da lâmina; e: Espessura da seção da lâmina; n: Número de espiras. Molas de borracha e plastiprene As molasde borracha são utilizadas em amortecedores de vibrações, ruídos, suspensão de veículos e a mola de plastiprene é utilizada princi- palmente em ferramentas de estampo. Figura 67 - Mola de borracha Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 145). 46 CURSOS TÉCNICOS SENAI Material para molas Material Especificação Descrição Aço ABNT 1065 Temperado em óleo Material muito comum e bastante utilizado em aplicações gerais, com bom custo. Não deve ser utilizado em aplicações severas, choque. Não pode ser utilizado em temperaturas superiores a 180°C. Aço ABNT 1085 Corda de piano Melhor e mais comum material para pequenos diâmetros. Normalmente encontrado em diâmetros de 0,3 a 3 mm. Aço ABNT 6150 Aço liga cromo vanádio Utilizado onde requer condições de trabalho mais severas, possui boa resistência à fadiga e é recomendado para aplicações com choques. Utilizado em válvulas de motores, suporta até 220°C. Quadro 7 - Molas – material aplicado Dimensionamento de molas helicoidais Figura 68 - Deflexão Constante k da mola A constante k da mola é definida como a força necessária para pro- duzir uma deflexão (deformação) de 1mm na mola. Então temos as seguintes equa- ções: x F =K Portanto k = Constante da mola [Kgf/mm] ou [N/mm] F = Força aplicada na mola [Kgf] ou [N] x = Deflexão causada na mola [mm] Exemplo: uma mola deverá deformar 25 mm quando for aplicada uma força de 500 N. a. Calcular a constante k da mola. mm/N20=K 25 500 =K x F =K b. Qual deverá ser a força aplicada para a mola deformar 15 mm. N300=F15×20=Fx×K=F F = K . x 47ELEMENTOS DE MÁQUINAS Dados o diâmetro médio da mola, o diâmetro do arame, o número de espiras e o material da mola, é possível calcular a constante k pela fór- mula: a 3 m 4 a n.d.8 G.d k = G = Módulo de elasticidade = 80000[N/mm2] da= Diâmetro do arame [mm] dm = Diâmetro médio da mola [mm] na = Número de espiras ativas. Na unidade que se finda, você pôde estudar os elementos de fixação, que são usados para unir peças, como parafusos, porcas, arruelas, pinos e contrapinos, anéis elásticos, chavetas, cabo de aço e molas. Você apren- deu o formato e a aplicação desses elementos. Na próxima unidade, irá conhecer e estudar os elementos mecânicos aplicados a sistemas de transmissão, suas características e especificações. Poderá entender o funcionamento de cada elemento, a influência das ações e esforços, aos quais cada um é submetido, permitindo o seu di- mensionamento, bem como, compreender o comportamento desses ele- mentos de acordo com sua aplicação específica. Unidade de estudo 2 Seções de estudo Seção 1 – Eixos e árvores Seção 2 – Mancais Seção 3 – Polias e correias Seção 4 – Engrenagens Seção 5 – Correntes Seção 6 – Acoplamentos 49ELEMENTOS DE MÁQUINAS Elementos de Transmissão SEção 1 Eixos e árvores Os conjuntos de elementos são conhecidos como sistemas de transmissão e têm por objetivo transferir e transformar potência e movimento a outro sistema. Isto é, os sistemas de transmissão po- dem variar as potências e rotações entre dois eixos. Nesse caso, o sis- tema é chamado variador. As maneiras de variar a rotação de um eixo podem ser: por engrena- gens, por correntes, por correias ou por atrito. Seja qual for o tipo de variador, sua função está liga- da a eixos. Na “figura 69”, po- demos verificar um sistema de transmissão aplicado em um tor- no convencional. Figura 69 - Sistema de transmissão Modos de transmissão A transmissão de potência e mo- vimento pode ser realizada por diversas maneiras: ▪ Por forma: a transmissão pela forma é assim chamada porque a forma dos elementos transmissores é adequada para encaixamento desses elementos entre si. Nesse sistema, podemos transmitir grandes potências e rotação, principalmente sem perda de rotação e velocidade. Exemplo: conjunto de engrenagens. ▪ Por atrito: nesse sistema, a transmissão se dá pelo contato entre su- perfícies, que ocorre por pressão, permitindo assim, transmitir potên- cias e rotações em níveis consideráveis. Porém, em alguns casos, poderá existir a redução de rendimentos, devido ao desgaste dessas superfícies ou mesmo pressão e ajustes inadequados. Exemplo: polias e correias, embreagens etc. Os eixos são componentes importantes em um equipamento já que permitem a fixação dos elementos de máquinas. Normalmente tem o objetivo de transmitir movimento giratório a outros elementos fi- xados a ele, ou girar livremente. Tipos de eixos Os eixos e as árvores podem ser fixos ou giratórios. No caso dos eixos fixos, os elementos (engrenagens com buchas, polias sobre rolamentos e volantes) que giram. Eixos fixos atuam como suporte para o elemento giratório girar. Como exemplo, temos o eixo de bicicleta, que é fixo e a roda gira. Na figura abaixo, temos alguns exemplos de eixos fixos. Figura 70 - Tipos de eixo – fixo Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18). Quando se trata de eixo-árvore giratório, o eixo se movimenta junta- mente com seus elementos ou independentemente deles como, por exemplo, eixos de afiadores (esmeris), rodas de trole (trilhos), eixos de máquinas-ferramentas, eixos sobre mancais etc. 50 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 71 - Tipos de eixos (giratório) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 18). Quanto ao tipo, os eixos podem ser: roscados, ranhurados, estriados, maciços, vazados, Flexíveis e cônicos, cujas características estão descritas a seguir. Eixos maciços A maioria dos eixos maciços tem secção transversal circular maciça, com degraus ou apoios para ajuste das peças montadas sobre eles. A extremidade do eixo é chanfrada para evitar rebarbas. As arestas são arredondadas para aliviar a concentração de tensão. Também podem ser ranhurados, utlizados para fixar elementos de transmissão, em que devem ser empregadas grandes forças. Figura 72 - Eixo (exemplo) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Eixos vazados Normalmente as máquinas-ferramentas possuem o eixo-árvore vazado, para facilitar a fixação de peças mais longas para a usinagem. Temos ainda os eixos vazados empregados nos motores de avião, por serem mais leves. 51ELEMENTOS DE MÁQUINAS Figura 73 - Eixo vazado (exemplo) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Eixos cônicos Os eixos cônicos são utilizados para fixar elementos que possuam fura- ção cônica. Geralmente são presos por parafuso e possuem uma chaveta para evitar a rotação do elemento mecânico. Figura 74 - Eixo cônico (exemplo) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 20). Dimensionamento de eixos fixos Todo elemento de máquina está submetido a diversas forças que atuam sobre este, exigindo que tenha capacidade de absorver esses esforços, sem sofrer deformações. Assim, estes devem ser dimensionados levan- do-se em consideração várias aspectos e características importantes. Dentre as características a serem consideradas, as principais são: A matéria-prima aplicada na fabricação desse eixo, esforços aos quais esse eixo é submetido, detalhes e perfil desse eixo etc. Vimos que os eixos podem ser fixos ou giratórios, o que influencia di- retamente em seu dimensionamento. No caso do eixo fixo (estático), ele está submetido ao efeito da flexão, sendo dimensionado de acordo com o tipo de material, carregamento, quantidade de forças aplicadas e vínculos, isto é, semelhante a uma viga. f f f W M =σ σf: Tensão devido à flexão [N/ mm2]; Mf: Momento fletor máximo (obtido geralmente do gráfico de momento fletor e esforço cortante) [N.mm]; Wf: Módulo de resistência à flexão [mm3]. Em alguns casos, pode ser neces- sário calcular também o cisalha- mento do eixo, especialmente em eixos curtos, ou com força aplica- da próxima à fixação do eixo. O cálculo do cisalhamento é feito pela seguinte fórmula: A F =τ τ : Tensão devido ao cisalha- mento [N/mm2]; F : Força aplicada no local (gráfico de esforço cortante) [N]; A : Área da seção transversal [mm2]. Para mais detalhes sobre cálculo de flexão e cisalhamento em eixos fixos, deve-se pesquisar:materiais, livros e apostilas sobre resistência dos materiais. Dimensionamento de eixos giratórios Eixos giratórios são comumente submetidos ao efeito da torção, ou torção mais flexão, com exce- ção de eixos que girem livremen- te, como por exemplo, um carri- nho transportador manual. Neste caso, tem-se flexão. 52 CURSOS TÉCNICOS SENAI Eixo submetido à torção p t adm W M =σ σf: Tensão devido à torção [N/mm 2]; Mf: Momento torçor máximo [N.mm]; Wp: Módulo de resistência à torção (ou polar) [mm 3]. E para eixos redondos maciços, o módulo de resistência polar é: Substituindo a fómula “Wp “ na fórmula de “σadm”; temos:16 d W 3 p × = π 16 d M 3 t adm × = π σ Isolando “d”, temos a fórmula para o cálculo do diâmetro de eixos maciços circulares, submetidos à torção. 3 adm tM16d σπ × × = d : Diâmetro do eixo [mm]; σadm : Tensão admissível à torção [N/mm 2]; Mt : Momento torçor [N.mm]. Para eixos submetidos ao efeito da torção e flexão, temos: 3 admt 2 f 2 t MM16d σπ × +× = d : Diâmetro do eixo [mm]; σadmt : Tensão admissível à torção [Kgf/mm 2] [N/mm2]; Mt : Momento torçor [Kgf.mm] [N.mm];Mf: Momento fletor máximo, obtido geralmente do gráfico de momento fletor e esforço cortante [Kgf.mm] [ N.mm]. Exemplo: um eixo redondo maciço, fabricado em aço ABNT 1040 la- minado, deverá transmitir um torque de Mt = 300 N x m. Calcular o diâmetro do eixo, considerando o efeito da torção. Dado: σadmt = 45 N/mm 2 3 adm tM16d σπ × × = Substituindo temos: 3 45 300016 d × × = π Assim: d = 32,4mm Obs: os cálculos de eixos apresen- tados não consideram o efeito da fadiga, nem da concentração de tensões devido a arestas e canais no eixo. Portanto, para um cálculo mais preciso, estes efeitos deverão ser levados em consideração. Para compensar essa simplifica- ção, foram utilizados valores de coeficiente de segurança elevados. Esses coeficientes estão “embu- tidos” no valor da tensão admis- sível para um carregamento tipo III, apresentado na tabela de re- sistência dos materiais, em anexo. Na seção 2, você estudará a fina- lidade dos mancais, os materiais que são utilizados e os tipos de mancais em relação à aplicação e esforços. SEção 2 Mancais O mancal pode ser definido como suporte ou guia em que se apóia o eixo, permitindo que ele gire e transmita torque. Dependendo da aplicação e dos esforços, os man- cais podem ser de deslizamento ou de rolamento. 53ELEMENTOS DE MÁQUINAS Figura 75 - Mancal bipartido (exemplo) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 119). Mancais de deslizamento Geralmente os mancais de deslizamento são constituídos de uma bucha fixada num suporte. Esses mancais são usados em máquinas pesadas ou em equipamentos de baixa rotação, porque a baixa velocidade evita su- peraquecimento dos componentes expostos ao atrito. Normalmente as buchas são fabricadas de material com baixo coeficiente de atrito (bron- zes, ligas de metais leves etc.) com aplicação de lubrificantes, permitindo reduzir o atrito, reduzir a temperatura e melhorar a rotação do eixo. O uso de mancais de deslizamento tem algumas vantagens: ▪ É fácil montar e desmontar o mancal e o eixo. ▪ Permite trabalhar com altas cargas. ▪ É fácil adaptar ao projeto da máquina, ocupando pouco espaço radial. ▪ Possui um custo acessível na maioria das aplicações. Figura 76 - Montagem (mancal de deslizamento) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 119). Materiais utilizados Diversos materiais podem ser uti- lizados na bucha do mancal de deslizamento. Muitos destes são ligas contendo chumbo e estanho. Dentre os principais materiais uti- lizados, temos: ▪ Bronze ao chumbo: que é uma liga metálica contendo co- bre, chumbo, níquel e zinco. ▪ Bronze ao estanho: é uma liga contendo cobre e estanho. ▪ Bronze vermelho: é uma liga de cobre e estanho, com altos teores de estanho. ▪ Metal sinterizado: são metais fabricados por metalurgia do pó, em que o pó de metal é prensa- do em alta pressão e recebe um aquecimento para aumentar sua resistência. Através desta técnica, é possível adicionar pó de grafite ao bronze e produzir o bronze grafitado. ▪ Ligas de alumínio: são utili- zadas em mancais de motores à explosão, alguns compressores e equipamentos aeronáuticos. ▪ Ferro fundido: material de baixa capacidade que deve ser utilizado para poucas cargas e baixas velocidades (rotações). ▪ Polímeros (plásticos): alguns polímeros, como o nylon, podem ser utilizados quando não se tem lubrificação e as cargas são bai- xas. São muito usados na indús- tria têxtil e alimentícia. Dimensionamento de man- cais de deslizamento O dimensionamento de mancais de deslizamento depende do tipo de lubrificação utilizado, que pode ser do tipo filme completo ou lu- brificação limite. 54 CURSOS TÉCNICOS SENAI Lubrificação completa ou forçada Neste caso, temos duas situações: ▪ Mancal hidrodinâmico: nesse tipo de lubrificação, o eixo flutua acima do óleo, sob pressão, mesmo sendo alimen- tado simplesmente pelo efeito da gravidade, não entrando em contato com a bucha, durante o funcionamento. DICA Exemplo: eixo virabrequim e de comando de válvulas de motores à combustão. ▪ Mancal hidrostático: o óleo é bombeado sob pressão para dentro do mancal, flutua no óleo e não ocorre contato de metal com metal. O dimensionamen- to desses tipos de mancais é complexo e utiliza cálculos de mecânica dos fluidos, hidrostática e hidrodinâmica. ▪ Lubrificação limite: nes- se caso, devido à lubrificação insuficiente, ou a altas cargas, existe o contato do eixo com a bucha, portanto gerando atrito de metal com metal. Estes mancais são encontrados em aplicações simples, buchas de nylon, locais com lubrificação por graxa, com pouca ou nenhuma vedação. O dimensionamento destes tipos de mancais depende das proprie- dades de desgaste dos metais utili- zados, da pressão e da velocidade de trabalho. Para dimensionar estes mancais, utiliza-se o valor da pressão média admissível, da seguinte forma: Pm: Pressão média no mancal [N/mm2]; F : Força no mancal[N]; A : Área de apoio [mm2]; Assim: d: Diâmetro do mancal [mm]; b: Largura do mancal [mm]. A F Pm = bd F Pm × = Outro parâmetro utilizado no dimensionamento é a velocidade perifé- rica do eixo. V : Velocidade do eixo [m/s]; d : diâmetro do eixo [mm]; n : rotação do eixo [rpm]. 601000 nd V × ×× = π Deve-se verificar: Se a pressão calculada no mancal “Pm” está abaixo do valor tabelado “Pmax“ do material. O produto Pm . V (pressão x velocidade) calculado também deve estar abaixo do valor PV tabelado do material. Os valores “Pm”, “V” e “PV” do material devem ser fornecidos pelo fabricante. A seguir, apresentamos a tabela orientativa de alguns valores admissíveis normalmente encontrados. Tabela 6 - Parâmetros de referência Material Pmax [N/mm²] V [m/s] PV [N/mm²][m/s] Bronze 31 7,65 1,75 Ferro fundido - - - 4 1,75 Nylon 6,8 5 0,1 Fonte: adaptado de Melcanian (2001, p. 309). Mancais de rolamento Como você já sabe, os mancais são elementos de máquinas que têm sua aplicação em quase todas as máquinas e mecanismos com partes giratórias. O mancal de rolamento é um tipo em que a carga principal é transferida por meio de elementos de contato rolantes (normalmente esferas e rolos), em vez de deslizamento. bdA ×= 55ELEMENTOS DE MÁQUINAS Quando se necessitar de mancal com maior velocidade e menor atrito, o mancal de rolamento é o mais adequado. Os rolamentos oferecem algumas vantagens. Uma delas é a padroni- zação, ou seja, o rolamento possui um padrão internacional. É possí- vel adquirir ou substituir o mesmo rolamento, independente do país em que ele foi produzido. Esta intercambiabilidade facilita muito as atividades de manutenção. Os mancais de rolamento, também conhecidos simplesmente por “rola- mentos”, são classificação em função dos seus elementos rolantes. Po- dem ser do tipo esfera, rolo ou agulha. Veja a “figura 77”. Figura 77 - Rolamentos(tipos) Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120). Classificação de acordo com a força Os rolamentos podem ser classificados de acordo com as forças que suportam. Podem ser radiais, axiais e mistas ou combinadas. ▪ Radiais: suportam somente forças radiais, que são aquelas aponta- das para o centro (raio) do rolamento. ▪ Axiais: suportam somente forças axiais, que são aquelas apontadas no sentido do eixo. Não suportam cargas radiais. Impedem o deslo- camento no sentido axial, isto é, longitudinal ao eixo. Exemplos de utilização: ganchos de talhas e guinchos ▪ Mistas ou combinadas: suportam tanto força radial como axial, impedindo o deslocamento no sentido transversal e no axial. Exemplos de utilização: rodas de caminhões, automóveis e árvores de tornos. 56 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 78 - Classificação de cargas (mancal) Fonte: adaptado de SKF (1982). Principais tipos de rolamentos a. Rolamento fixo de uma carreira de esferas É o mais comum dos rolamentos, suporta cargas radiais, pequenas car- gas axiais e é apropriado para rotações mais elevadas. Sua capacidade de ajuste angular é limitada. É necessário o perfeito alinhamento entre o eixo e os furos da caixa. Isto os tornam ideais para serem montados em uma peça única (caixa), usinada com precisão. Figura 79 - Rolamento fixo de esferas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 122). b. Rolamento autocompensador de esferas É um rolamento de duas carreiras de esferas, com pista esférica no anel externo, que lhe confere a propriedade de ajustagem angular, ou seja, de compensar possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo. Ideal para montagens em caixas separadas, em que o alinhamento é difícil. 57ELEMENTOS DE MÁQUINAS Figura 80 - Rolamento autocompensador de esferas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 126). c. Rolamento de esferas de contato angular Admite cargas axiais somente em um sentido e deve sempre ser monta- do contra outro Rolamento, que possa receber a carga axial no sentido contrário. O formato da pista de rolamento inclinado possibilita que recebam car- gas mistas, radial e axial. É muito utilizado em máquinas-ferramentas e rodas de automóveis. Na figura a seguir, temos um exemplo de montagem do rolamento de esferas de contato angular. Observe que, na montagem, um está inverti- do em relação ao outro, permitindo que o eixo receba cargas axiais nos dois sentidos. Figura 81 - Rolamento de esferas/contato angular Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 126). d. Rolamento axial de esfera Ambos os tipos de rolamento axial de esfera (escora simples e escora dupla) admitem elevadas cargas axiais, porém, não podem ser submeti- dos a cargas radiais. Para que as esferas sejam guiadas firmemente em suas pistas, é necessá- ria a atuação permanente de uma carga axial. 58 CURSOS TÉCNICOS SENAI Observe, na figura, que a montagem do rolamento axial, junto com ro- lamentos radiais, permite que o eixo receba cargas mistas radiais e axiais. Figura 82 - Rolamento axial de esferas Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 128). f. Rolamento autocompensador de duas carreiras de rolos É um rolamento adequado a ser- viços pesados e cargas com im- pactos. Possui alta capacidade de carga radial e suporta cargas axiais médias nos dois sentidos. Devido à oscilação entre rolos e pistas, permite um ajuste angular, corrigindo os problemas de desa- linhamento. Podem ter o furo cônico ou cilín- drico, possibilitando a instalação em eixo cônico ou eixo cilíndri- co, utilizando buchas de fixação e desmontagem. e. Rolamento de rolo cilíndrico É apropriado para cargas radiais elevadas. Seus componentes po- dem ser separáveis, o que facilita a montagem e desmontagem. Nor- malmente esse tipo de rolamento não suporta cargas axiais. Em função da existência de rebor- dos nos anéis, existem os tipos: NU, NJ, NUP, N e NF, influen- ciando na forma como eles são montados e desmontados. Mais detalhes deverão ser observados em catálogos de fabricantes. Figura 83 - Rolamento de rolo/tipos Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 120). 59ELEMENTOS DE MÁQUINAS Figura 84 - Rolamento autocompensador de duas carreiras de rolos Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127). g. Rolamento de rolos cônicos Além de cargas radiais, os rolamentos de rolos cônicos também supor- tam cargas axiais em um sentido, tornando-se necessário montar os anéis aos pares, um contra o outro. São indicados qunado se tem a combinação com grandes cargas radiais e axiais, como eixo da roda de caminhões e eixos de árvores de máquinas- ferramentas. Os anéis são separáveis. O anel interno e o externo podem ser montados separadamente no eixo e no furo, facilitando a montagem. Figura 85 - Rolamento de rolos cônicos Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127). h. Rolamento de agulha Possui uma seção transversal muito fina em comparação com os rola- mentos de rolos comuns. É utilizado especialmente quando o espaço radial é limitado e podem ser fornecidos com ou sem anel interno. 60 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 86 - Rolamento de agulha Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127). Figura 87 - Contra ponta Fonte: Gordo e Ferreira (1996, p. 127). Projeto de eixo e alojamento O projeto do eixo e do alojamen- to deve ter o ajuste e a tolerância correta para o perfeito funciona- mento do rolamento. O tipo de ajuste ideal depende do tipo de esforço no rolamento, da tempe- ratura de trabalho e de como o rolamento vai ser montado e des- montado. Normalmente o eixo é montado com pequena interferência e o alojamento (anel externo) pode ser montado com pequena folga (ajuste incerto) ou com pequena interferência, dependendo do tipo de carga. Um ajuste muito usado é o obtido com tolerância H7 para o furo e j6 ou m6 para o eixo. Mais detalhes quanto a tolerâncias e ajustes para rolamentos devem ser verificados em catálogos de fabricantes. Caso o rolamento seja montado com interferência maior que a usual, deve-se utilizar rolamentos com folga radial, para evitar seu travamento. Os rolamentos uti- lizados nesse caso são com folga do tipo C3 e C4. Dimensões do eixo e do furo do alojamento As dimensões do eixo, do furo, encosto e raio devem obedecer aos padrões especificados pelos fabricantes e as alturas do encosto do rolamento no eixo e no furo devem ser suficientes para ter um correto apoio lateral do rolamen- to. Em tabelas de catálogos temos as dimensões do rolamento, do aloja- mento do cubo e do eixo, para cada rolamento, incluindo os encostos do eixo ( da ), da bucha (Da) e do raio de arredondamento do encos- to (ra). 61ELEMENTOS DE MÁQUINAS A seguir, apresentamos um exemplo das principais medidas que deverão ser observadas no catálogo de rolamentos, para o correto dimensiona- mento. Observe, na figura 118, as dimensões para rolamentos rígido de esferas com diâmetro do eixo de 25mm. Tabela 7 - Dimensão padrão (exemplo) Dimensões (mm) Dimensões de Encosto (mm) d D B r min. da Da ra Dx Cy min. máx. máx. máx. min. máx. 25 37 7 0,3 27 27 35 0,3 40,5 1,8 42 9 0,3 27 28,5 40 0,3 45,5 2,3 47 8 0,3 27 - 45 0,3 - - Fonte: adaptado de NSK (2006, p. B10 e B11). Vida nominal do rolamento A vida do rolamento “L10h” é calculada de acordo com a carga de traba- lho, a rotação e a capacidade de carga do rolamento “Cr”, tabelada da seguinte forma: Para rolamentos de esfera: Para rolamentos de rolo: 3 r h10 P C n60 1000000 L × × = 33,3 r h10 P C n60 1000000 L × × = Onde: L10h : Vida nominal do rolamento [h]; n : Rotação [rpm]; Cr : Capacidade de cargo do rolamento (tabelada) [N]; P : Carga equivalente sobre o rolamento [N]. Para calcular a carga equivalente “P” sobre o rolamento, faz-se: Para carga radial: P = Fr Para carga radial mais axial: P = X.Fr + Y. Fa 62 CURSOS TÉCNICOS SENAI Onde: Fr = Força radial no rolamento [N]; Fa = Força axial no rolamento [N]; X = Coeficiente de carga radial (tabela de dimensões);Y = Coeficiente de carga axial (tabela de dimensões). Na “tabela 8”
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