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Niterói, RJ 20/10/2020 PARCERIAS DE INVESTIMENTO EM EMPREENDIMENTOS PÚBLICOS: QUAL REFORMA JURÍDICA PODE FAZER A DIFERENÇA? Gabriel Itiro, Gabriela Ferreira e Guilherme Chagas Universidade Federal Fluminense Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Produção TEP00161 - Viabilidade Econômica de Projetos Professor : Paulo Roberto Pfeil A G E N D A Objetivo Introdução Lei Geral das Agências Reguladoras Programa de parcerias de investimento(PPI) Desvios burocráticos das fases iniciais Reformas normativas Conclusões Entender se as reformas jurídicas são capazes de contribuir para a ampliação da infraestrutura no Brasil. Dessa forma, o capítulo entender como enfrentar desvios que afetam a gestão burocrática das parcerias de investimento e analisar aprimoramentos normativos que possam propiciar o aumento da qualidade dos resultados da gestão 1 .0 OBJETIVO Definição: são empreendimentos cuja implantação cabe juridicamente ao Estado Exemplos: rodovias, ferrovias, redes de serviço público, entre outros Implantação pode ocorrer de 2 maneiras: Direta: por meio de órgãos públicos ou empresas estatais Indireta: por meio de outorgas feitas a empresas não estatais Cenário atual: transferir a execução dos empreendimentos públicos a empresas do setor privado, por atos de outorga de natureza contratual, que chamaremos de parcerias de investimento 2.0 INTRODUÇÃO Ponto de atenção: alta dependência dos empreendimentos públicos da atuação burocrática da administração pública Incentivo da participação da iniciativa privada com o objetivo de agilizar e ampliar o volume de investimentosAportam capital, tecnologia, capacidade gerencial, entre outros O estado quem decide realizar os empreendimentos, mas também é ele quem exerce funções de regulação cria dependência em relação a burocracia pública Substituir a implantação direta pela implantação indireta, na qual a iniciativa privada performa a implantação, não tem sido suficiente para combater a ineficiência estatal 2.0 INTRODUÇÃO Foco: Inicialmente, entender como enfrentar desvios que afetam a gestão burocrática das parcerias de investimento nas fases de licitação e da execução contratual Foco em condicionantes jurídicos Posteriormente, analisar aprimoramentos normativos para enfrentar os desvios, lidando com o desafio burocrático e propiciando o aumento da qualidade dos resultados da gestão Divisão dos capítulos: Lei Geral de Agências Reguladoras Desvios burocráticos das fases iniciais Reformas jurídicas para melhoria da gestão 2.0 INTRODUÇÃO Início dos anos 2000: Incorporação das agências reguladoras autônomas como instituições necessárias para lidar com as parcerias de investimento Exemplo: Criação da ANEEL, ANATEL, ANTT, entre outras Debate: como as agências foram criadas “uma a uma” no Brasil, elas possuem diferenças jurídicas entre si Surge a proposta de uma Lei Geral de Agências, que atuaria na falta de uniformidade e de qualidade nas bases do regime jurídico das agências reguladoras O diagnóstico por trás do movimento em favor da Lei Geral era que: O estado ficou enfraquecido, perdendo poderes e recursos; A estrutura organizacional das agências é insuficiente; As regras de escolhas de dirigentes também são insuficientes, entre outras. 03. LEI GERAL DAS AGÊNCIAS REGULADORAS Caminhos em confronto para enfrentar o desafio burocrático na gestão das parcerias de investimento Objetivo desse estudo é se contrapor à visão a favor da Lei Geral das Agências Reguladoras Argumentos: A Lei Geral não seria capaz de fazer a diferença: os aspectos estruturais, por exemplo, deveriam ser tratado caso a caso nas leis setoriais; Existe a necessidade de correção ou atualização das leis setoriais, e isso não seria resolvido por uma lei geral; Uma Lei Geral teria de se limitar a diretrizes bem abertas quanto a regulação, com pouco efeito prático; Boa parte da falta de qualidade na atuação burocrática das agências reguladoras não acontecem só nelas, mas em toda a administração pública; A Lei Geral teria de ficar em um plano intermediário, sem enfrentar questões de regulação setorial nem os defeitos globais do direito público. 03. LEI GERAL DAS AGÊNCIAS REGULADORAS Caminhos em confronto para enfrentar o desafio burocrático na gestão das parcerias de investimento Há um consenso entre o autor e as pessoas favoráveis a Lei Geral. Ambos os lados acreditam que as agências reguladoras brasileiras precisam melhorar, e uma Lei Geral de Agências talvez ajude algo quanto a isso O grande problema brasileiro com as parcerias não são as ineficiências específicas das agências, mas sim um fenômeno mais amplo: excesso de estado Normas legais sobre licitação, formalismos e exigências nas mesmas, autoridade pública, escassez de contratualidade, entre outros Grande problema com as parcerias: um direito público de que excessos de estado brotam sem parar 03. LEI GERAL DAS AGÊNCIAS REGULADORAS Caminhos em confronto para enfrentar o desafio burocrático na gestão das parcerias de investimento 03. LEI GERAL DAS AGÊNCIAS REGULADORAS Caminhos em confronto para enfrentar o desafio burocrático na gestão das parcerias de investimento Visão alternativa: combater as causas desses excessos Atuação em 3 frentes: Edição de novas normas básicas de direito, que tratem dos processos e critérios gerais de criação e de aplicação do direito público; Criação de uma nova instituição que uniformize regulamentos e interpretações sobre licitações e contratações; Criação de uma lei que modernize o regime das parcerias de investimento nos pontos que tem propiciado excessos 4.0 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS Dispersão e improviso dos processos decisórios estatais para a escolha dos empreendimentos a serem concedidos; Dispersão entre autoridades políticas e reguladoras, das competências para a estruturação do empreendimento, da licitação e do contrato; PRINCIPAIS DESVIOS JURÍDICO-BUROCRÁTICOS NA FASE DE ESTRUTURAÇÃO 4.0 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS Dificuldade na contratação, pela administração publica de consultorias especializadas independentes adequadas para assessoria na estruturação; Utilização de empresas com interesses diretos no empreendimento como verdadeiras assessoras da administração publica. PRINCIPAIS DESVIOS JURÍDICO-BUROCRÁTICOS NA FASE DE ESTRUTURAÇÃO 4.0 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS Órgãos, entidades e autoridades estatais precisam liberar ; Salvo casos especiais não necessariamente esses atos devem preceder a licitação; COMPLEXA CADEIA DE PROVIDÊNCIAS DE LIBERAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 4.0 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS Insegurança jurídica quanto aos critérios e exigências das autoridades; Dispersão entre as autoridades sobre as competências administrativas para a liberação; Demora ou oneração excessiva na liberação; Risco de judicialização, por longo prazo, dos processos ou decisões; PRINCIPAIS DESVIOS JURÍDICO-BUROCRÁTICOS NA FASE DE LIBERAÇÃO 4.0 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS Dificuldade na contratação, pela administração publica de consultorias especializadas independentes adequadas para assessoria na estruturação; Utilização de empresas com interesses diretos no empreendimento como verdadeiras assessoras da administração publica. PRINCIPAIS DESVIOS JURÍDICO-BUROCRÁTICOS NA FASE DE LIBERAÇÃO 4.0 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS Desde 1990, os problemas das fases de estruturação e liberacao dos empreendimentos vem se repetindo e mesmo se agravando.Michel Temer em 2016 cria o PPI - Programa de Parcerias de Investimentos; Destinado à ampliação e fortalecimento da interação entre o Estado e a iniciativa privada por meio da celebração de contratos de parceria para a execução de empreendimentos públicos de infraestrutura e de outras medidas de desestatização. 4.1 PPI- OBJETIVOS I - ampliar as oportunidades de investimento e emprego e estimular o desenvolvimento tecnológico e industrial, em harmonia com as metas de desenvolvimento social e econômico do País; II - garantir a expansão com qualidade da infraestrutura pública, com tarifas adequadas; III - promover ampla e justa competição na celebração das parcerias e na prestação dos serviços; 4.1 PPI- OBJETIVOS IV - assegurar a estabilidade e a segurança jurídica, com a garantia da mínima intervenção nos negócios e investimentos; (Redação dada pela Lei nº 13.901, de 2019) V - fortalecer o papel regulador do Estado e a autonomia das entidades estatais de regulação; (Redação dada pela Lei nº 13.901, de 2019) VI - fortalecer políticas nacionais de integração dos diferentes modais de transporte de pessoas e bens, em conformidade com as políticas de desenvolvimento nacional, regional e urbano, de defesa nacional, de meio ambiente e de segurança das populações, formuladas pelas diversas esferas de governo. 4.1 PPI- PRINCÍPIOS I - estabilidade das políticas públicas de infraestrutura; II - legalidade, qualidade, eficiência e transparência da atuação estatal; III - garantia de segurança jurídica aos agentes públicos, às entidades estatais e aos particulares envolvidos. 4.2 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS 03 problemas imediatos: 1) Ausência de políticas estáveis e de planejamento de longo prazo para os setores de infraestrutura, gerando confusão e insegurança; 2)Desorganização estatal, impedindo que os diferentes órgãos unam esforços e agilizem tanto a estruturação e a licitação de parcerias como a posterior liberação dos empreendimentos; 3)Má qualidade das estruturações: parcerias licitadas com projetos incompletos. estudos econômicos duvidosos, contratos improvisados; 4.2 O PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTO - PPI E AS FASES DE ESTRUTURAÇÃO E LIBERAÇÃO DOS EMPREENDIMENTOS Formalização das politicas e planos setoriais de longo prazo; Instaurou um comando central do governo federal para o programa de parcerias; Novo órgão: secretaria executiva do PPI; BNDES poderá ser contratado para, com consultores privados, prestar serviços técnicos de estruturação; CADE atuando na função de advocacia da concorrência. MARCOS: O que é uma Licitação? 05. REFORMAS NORMATIVAS Reformas Normativas Relevantes no Combate aos Excessos de Estado nas Fases de Licitação e Regulação da Execução das Parcerias de Investimento 05. REFORMAS NORMATIVAS Reformas Normativas Relevantes no Combate aos Excessos de Estado nas Fases de Licitação e Regulação da Execução das Parcerias de Investimento Principais desvios na etapa de Licitação: Previsão de exigências que reduzem a disputa pela concessão; Falta de incentivo para autoridades reagirem contra práticas anticompetitivas entre licitantes; Excesso de formalidades; Amplo poder de bloqueio da licitação por órgão de controle externo. 05. REFORMAS NORMATIVAS Reformas Normativas Relevantes no Combate aos Excessos de Estado nas Fases de Licitação e Regulação da Execução das Parcerias de Investimento Com o contratado escolhido, segue-se para a fase de Regulação da Execução Contratual Principais desvios: Incentivos para mudanças significativas na execução, sem prévia do contrato;Incentivos para autoridades públicas interferirem na execução do contrato; Demora/resistência das autoridades administrativas de regulação nas decisões; Risco de judicialização contra o exercício de direitos do contratado; Riscos de responsabilização do contratado por passivos anteriores à concessão ou por uso de empresas terceirizadas. 05. REFORMAS NORMATIVAS Reformas Normativas Relevantes no Combate aos Excessos de Estado nas Fases de Licitação e Regulação da Execução das Parcerias de Investimento Como combater esses desvios? Propostas: Modernizar a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; Criar o Conselho Nacional de Estado Editar a Lei de Modernização das Parcerias de Investimento 05.1 . MODERNIZAR A LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO Propõe homogeneizar e atualizar as normas básicas sobre criação e aplicação do direito público brasileiro, enfrentando os principais fatores jurídicos que causam insegurança e ineficiência na atuação burocrática em geral. O objetivo seria neutralizar importantes fatores de distorção da atividade jurídico- decisória pública, tais como: Alto grau de indeterminação de normas públicas; Os riscos atrelados às incertezas; Superficialidade na formação dos juízos quanto à complexidade de questões jurídico-públicas; Dificuldade de poder público obter cumprimento de normas por terceiros. 05.1 . MODERNIZAR A LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO No projeto de lei, há a inclusão de 10 artigos na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (artigos 20 a 29) Esses artigos seriam uma ampliação/adaptação do que ocorre no campo do Direito Privado para o Direito Público. 05.2. CRIAR O CONSELHO NACIONAL DE ESTADO Propõe, por emenda constitucional, criar o Conselho Nacional de Estado, cuja função exclusiva seria aprovar normatização administrativa nacional sobre gestão pública, inclusive licitações e regimes de contratos estatais. Hoje a atividade está muito centralizada no Congresso Nacional, que é político demais e lento demais. 05.2. CRIAR O CONSELHO NACIONAL DE ESTADO Segundo o Art 47-A, o Conselho Nacional de Estado atuaria exclusivamente nas seguintes matérias: Prevenção da corrupção; Transparência e publicidade; Desburocratização; Política fiscal; Concurso público e outros processos de admissão de empregados e servidores; Licitação e outros processos de contratação; Regime de contratos estatais; 05.3. EDITAR LEI DE MODERNIZAÇÃO DAS PARCERIAS DE INVESTIMENTO Propõe editar uma Lei de Modernização das Parcerias de Investimento com normas pontuais sobre licitação, contratos, estabilização contratual e limites de responsabilidade. Qual o objetivo disso? Fortalecer a competição e transparência, além de diminuir os elevados riscos hoje existentes, tanto para parceiros privados como públicos. Corrigir os desvios burocráticos mencionados anteriormente. 05.3. EDITAR LEI DE MODERNIZAÇÃO DAS PARCERIAS DE INVESTIMENTO Proposta da edição: Ampliar os prazos de publicidades e atenuar as exigências burocrático-formais para seleção dos contratados, com garantias financeiras e de execução de contrato; Abertura para investidores estrangeiros; Interação com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) caso haja indícios de condutas anticoncorrenciais; Limitações e restrições à celebração de aditivos; Preservar e reorientar a ação do controle público; Instituição de um órgão nacional que edite normas administrativas uniformizadoras. 06. CONCLUSÕES No Brasil, além de ineficiente, a parceria de investimento entre o setor público e o privado é muito burocrática. Há uma dependência alta da administração pública e o Estado é capaz de intervir de maneira excessiva. O autor acredita que seja necessário modernizar a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, criar um Conselho Nacional do Estado e editar a Lei da Modernização das Parcerias de Investimento com o intuito de: atenuar o excesso de Estado, neutralizar os desvios nas fases de Licitação e Execução Contratual, agilizar e desburocratizar os processos da Administração Pública. DÚVIDAS? OBRIGADO
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