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D Administrativo primeira parte

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É importante destacar que no Brasil são duas as grandes áreas do direito: Direito Privado e Direito Público. 
· Pessoa de direito privado: pessoa jurídica é a entidade abstrata com existência e com responsabilidade jurídica. 
Exemplos: associações, empresas, companhias, legalmente autorizadas. 
Podem ser de Direito Publico (União, Unidades Federativas, Autarquias etc.) ou de Direito privado (empresas, sociedades simples, associações etc.). 
Para efeitos dos impostos de renda, empresas individuais são equiparadas às pessoas jurídicas. 
· Pessoa física é a pessoa natural, isto é, todo individuo (homem e mulher), desde o nascimento até a morte. 
A personalidade civil da pessoa da pessoa começa do nascimento com vida, para efeito de exercer atividade econômica, a pessoa física pode atuar como autônomo ou como socio de empresa ou de sociedade simples, conforme o caso. 
Fazem parte do Direito Privado: o direito civil, Comercial e Trabalhista. E, no Direito Público, estão o Direito Constitucional, Administrativo, a primeira noção que surge é a do principio da supremacia do interesse publico sobre o privado e a sua indisponibilidade pelo poder público. 
Ou seja, toda ação da Administração Pública é um dever para com o cidadão que é contribuinte, eleitor, jurisdicionado, etc. 
O Estado tem, por exemplo, o poder de policia para lacrar um estabelecimento irregular. Na verdade, se o estabelecimento está nessa condição, o Estado tem o dever de interditá-lo. O poder e se transforma em dever. 
Se a autoridade pública responsável pela Vigilância Sanitária não age em uma situação como essa, ela é responsabilizada por omissão visto que a abertura de um estabelecimento privado irregular – como um cinema ou um restaurante – causa danos e insegurança ao público. 
Com base nesse exemplo, pode se afirmar que o interesse público se sobrepõe ao interesse do particular e o Estado, por sua vez não pode atuar de outra forma que não seja levando em conta esse princípio, pois o interesse publico é indisponível. Ou seja, o Estado, tem o dever de agir. Essa é a noção de D. Administrativo adotada no Brasil. 
Segue o modelo francês, que com a Revolução de 1789 criou as bases do Estado de Direito Democrático a partir dos princípios filosóficos da liberdade, da igualdade e fraternidade. De um lado e da separação entre as funções do Executivo, do Legislativo e Judiciário, de outro. 
Essas regras (normas, leis, atos) fornecem meios para um relacionamento mais equilibrado entre pessoa de direito privado. 
O Estado deve ser o primeiro a respeitar as leis que cria. Logo, é muito importante tanto para ele quanto para o cidadão, que o Estado se submeta às leis. De acordo com o artigo 5° da CF/88, a lei é igual para todos.
As normas de D, administrativo, por sua vez, procuram obrigar o Estado a respeitar esse principio constitucional e quando isso não acontece, o próprio ordenamento jurídico brasileiro estabelece as possibilidades de punição e controle. 
Preliminarmente à conceituação de direito administrativo, deve-se fazer algumas alusões ao Estado.
O Estado é pessoa jurídica de direito público formado por
1. Povo (todos que habitam o território);
2. Território (lugar onde há aplicação do ordenamento jurídico. A base física em que está fixado o elemento humano) e; 
3. Governo soberano (poder que tem uma nação de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território. 
História e princípios do D. Administrativo
O Direito Administrativo é uma área do Direito Público recente, pois nasceu com a Revolução Francesa. Até então, não existiam leis específicas para regulamentar a estrutura e a organização da Administração Pública e para definir as atribuições dos seus responsáveis.
Somente com a Lei de Pluviose é que foi concedida organização jurídica à Administração Pública na França. Essa lei é apontada como o primeiro impulso do Direito Administrativo. 
Estatuiu (Estatuir – estabelecer por meio de estatuto, decreto, lei etc.; decretar, pôr em vigor instituir, estabelecer, determinar) os conseils de préfecture – conselhos de prefeitura, ou conselhos de governo civil presididos pelos prefeitos, que atuavam circunscritos aos litígios previamente definidos.
Outro importante fato na existência do Direito Administrativo tem cerne na criação do Conselho de Estado Francês, o Conseil d’État, pela Constituição de maio de 1872. Entre as construções jurisprudenciais que emergiram com a Carta constitucional francesa, e hoje incorporadas ao regime jurídico de inúmeros países, estão:
· Flexibilização das condições de recursos por exceção de poder; 
· A distinção da responsabilidade do Estado e de seus funcionários; e 
· A teorização dos contratos administrativos e dos demais princípios, hoje incorporados ao regime jurídico de inúmeros países. 
A formação do Direito Administrativo não aconteceu de forma linear em todos os países nem como efeito residual da Revolução Francesa de 1789. Nos sistemas anglo-americanos, por exemplo, esta disciplina (Direito Administrativo) apresenta um desenvolvimento distinto, no qual podem prevalecer as regras emanadas do direito privado, conforme o tipo de Estado adotado. 
O D. Administrativo no Brasil
No Brasil, no Período Colonial – quando os donatários das capitanias (Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal, D. João III, dividiu o território brasileiro em faixas de terras conhecidas como Capitanias Hereditárias, que foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei, os donatários. Eles tinham a função de administrar, colonizar, proteger e desenvolver as regiões. Em troca desses serviços, os donatários ti nham a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da capitania) eram contemplados com o poder absoluto pelo monarca português –, mesmo com a criação do governo-geral, subsistiu o exercício dissociado de poder e de funções (administrativas, judiciais e legislativas). Essa situação fora interrompida pela instauração do Império, quando já se afigurava a separação dos poderes. Ainda assim, o Direito 
Administrativo não foi objeto de criação de uma justiça especializada ou independente, uma vez que o Conselho de Estado previsto pela Constituição Brasileira de 1824 – regulado pela Lei n. 234, de 23 de novembro de 1841 e extinto em 1889 – figurava, apenas, como órgão consultivo superior do imperador.
Princípios da Administração Pública
Os princípios que regem a Administração Pública estão contidos na Constituição brasileira, em especial no seu artigo 37.
Artigo 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade publicidade e eficiência [...]
LIMPE. 
· Legalidade: para o direito comum, o princípio da legalidade significa que o cidadão pode fazer tudo aquilo que a lei não o proíba. Para o Direito Administrativo, a legalidade impõe ao administrador a obrigação de fazer, ou deixar de fazer, exatamente aquilo que a lei estabelece de forma determinada, como a obrigatoriedade de realizar concurso público para ingresso em cargo de provimento efetivo. 
· Impessoalidade: por esse princípio cabe ao administrador público agir no sentido de atender a todos, sem preferência ou favorecimento em função de ligações políticas ou partidárias. Por isso o ato de um funcionário público representa uma vontade da administração. O administrador não age em seu próprio nome, mas em nome do Estado, quando atesta a validade de um documento, por exemplo.
· Moralidade: o princípio da moralidade impõe ao administrador agir de maneira ética, com probidade (Probidade – qualidade do que é probo; integridade, honestidade, retidão), considerando que o interesse público se sobrepõe ao interesse particular. A acumulação ilícita de dois cargos públicos é um bom exemplo de afronta ao princípio da moralidade. 
· Publicidade: todas as pessoas têm direito de saber o que a administração faz, por isso os seus atos são públicos e devem ser publicados nos órgãos oficiais de divulgação para que tenhamvalidade. A divulgação, por exemplo, dos atos oficiais não deve servir para a promoção pessoal das autoridades públicas.
· Eficiência: o princípio da eficiência não constava da redação original da Constituição de 1888. Ele foi introduzido em 1998, quando da chamada Reforma do Estado, que incorporou noções adotadas na iniciativa privada, como eficiência, eficácia, resultados, controle, avaliação e cumprimento de metas. Exemplo de eficiência oferece o prefeito que cria, em sua estrutura administrativa, o quadro de auditores internos. 
Legalidade: fazer somente o que a lei autoriza.
Impessoalidade: sempre agir em prol do interesse coletivo.
Moralidade: respeito aos padrões éticos da Administração Pública.
Publicidade: divulgação de todos os atos administrativos.
Eficiência: serviços satisfatórios e em tempo razoável.
Além desses princípios encontrados no artigo 37, em outros momentos a Constituição brasileira faz referência a princípios como o, já citado, da supremacia do interesse público sobre o privado, o da igualdade, assim como o da finalidade pública de suas ações, da indisponibilidade do interesse público, da continuidade, da motivação e fundamentação dos Atos Administrativos, da razoabilidade e da proporcionalidade, da hierarquia, do controle judicial e da especialidade.
Resumindo
O Direito Administrativo, como ramo do Direito Público, pauta-se pelo paradigma da supremacia do interesse público sobre o privado. Essa supremacia é entendida como dever, antes que poder. É o dever que obriga o Estado a cumprir políticas públicas efi cientes. Destacamos também, nesta Unidade, a influência que teve a jurisprudência francesa na construção do Direito Administrativo brasileiro e os principais doutrinadores que contribuíram para a formação de uma teoria administrativo vista nacional. Na atualidade, os princípios da Administração Pública estão inseridos no art. 37 da Constituição Federal de 1988.
Questão
1 - Os princípios constitucionais da Administração Pública, previstos no art. 37 da Constituição Federal de 1988, são os da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da eficiência e da publicidade. Cite e comente exemplos que demonstrem ofensa a esses princípios.
(responder no caderno). 
Conceito de Estado
Sociologicamente, Estado é corporação territorial dotada de um poder de mando originário, conforme nos ensina Jellinek.
Politicamente, Estado é a comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção, conforme ensinamentos de Malberg.
Do ponto de vista constitucional, Estado é pessoa jurídica territorial soberana, conforme ensinamentos do constitucionalista italiano Paolo Biscaretti di Ruffia.
O nosso Código Civil define Estado como pessoa jurídica de Direito Público Interno. O Estado de Direito é o Estado juridicamente organizado e obediente às suas próprias leis. Já o Estado Democrático de Direito é uma evolução do próprio conceito de Estado de Direito: é o regido pelas próprias leis, com a participação do povo na condução e consecução dos objetivos em elevar à coletividade a um patamar de excelência.
O Estado é composto por um povo, possuindo ou não a mesma língua – no caso do Brasil, o idioma português –, calcado em um determinado território, sob o mando e direção de um Governo.
Governo
Governo é o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do povo, conforme lição de Hely Lopes. Será o povo que escolherá o Governo – nos regimes democráticos, obviamente – e este dará os rumos e regramentos da sociedade, esta composta pelo próprio povo.
A vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos denominados PODERES DE ESTADO, que dividimos, conforme Aristóteles e Montesquieu, em Executivo, Legislativo e Judiciário (tripartição do poder, desenvolvido por Aristóteles e aperfeiçoado por Montesquieu).
O Governo resulta da interação entre os três poderes de Estado. Em sentido formal, o governo é o conjunto de poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é o complexo de funções estatais básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos.
Administração Pública 
Em sentido formal, a Administração Pública é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do Governo. Em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral.
É a Administração Pública o desempenho perene, sistemático e constante, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. É todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas.
A Administração somente pratica atos de execução, não atos de Governo, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes, conforme leciona Hely Lopes. O Governo é político e discricionário. A Administração é neutra e normalmente vinculada à lei ou à norma técnica.
Pode se definir Administração Pública como o conjunto de órgãos e agentes governamentais que executam as decisões do Governo. Não é sinônimo de Governo.
Atividade administrativa é a função típica do Executivo e atípica do Legislativo e do Judiciário. Estes dois últimos administram seus bens e servidores. O Poder é sempre uno, mas se triparte em Executivo, Legislativo e Judiciário.
· Poder Executivo: aplica as leis, cabe ao poder executivo conceber e implantar programas e projetos de governo. 
· Poder Legislativo: formula as leis, responsável por estabelecer as leis do Estado e fiscalizar o poder Executivo. 
· Poder Judiciário: tem competência para processar e julgar os crimes políticos e as infrações penais praticadas contra a União e causas relativas a direitos humanos. 
Os poderes são sempre interdependentes de forma recíproca entre si, conforme o artigo 2º da Constituição Federal de 1988. É o sistema de freios e contrapesos, desenvolvido pelo Direito anglo-saxão, do qual nosso Direito Administrativo se filiou.
A Administração Pública pode ser dividida em Direta e Indireta. A direta, na esfera federal, é composta pela Presidência da República e pelos Ministérios. Na esfera estadual pelo Governador e Secretários Estaduais. Na esfera municipal, pelo Prefeito e Secretários municipais.
A Administração Pública Indireta é composta pelas Autarquias, Fundações Governamentais, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista, criadas pelo Decreto-Lei n. 200/67, mas que vale somente para o Governo Federal. Os Governos Estaduais e municipais copiam este Decreto-Lei, pois ele, por si só, não é válido para Estados e Municípios.
Objeto
a) Objeto imediato: são os princípios e as normas que regulam a função administrativa. 
b) Objeto mediato: por sua vez, os princípios e a normas regulam as atividades, agentes, pessoas e os órgãos da A. Pública.
Autonomia do D. Administrativo
A autonomia do Direito Administrativo é associada, na doutrina francesa - à qual se filia, historicamente o direito brasileiro - à instauração do liberalismo político que passa a subordinara ação do Estado à afirmação de direitos e liberdades individuais. Na medida em que o poder absoluto sujeita-se ao império da lei, a consequente limitação de poderes administrativos permite conceber o controle de legalidade sobre a autoridade do Estado em benefício do administrado.
Na lição de ZANOBINI, o direito de polícia constitui o precedente histórico do Direito Administrativo. Todavia, é a acolhida do princípio da separação de poderes e a submissão do poder executivo às normas emitidas pelo poder legislativo que levam a existência autônoma do Direito Administrativo: 
"O ato de nascimento do direito administrativo é geralmente encontrado na lei de 28 do pluviose do ano VIII (1800) que, pela primeira vez, deu à administração pública uma organização juridicamente garantida e exteriormente obrigatória".
A terminologia de "ato administrativo”, conforme o depoimento de D' ALESSIO, coincide com o período revolucionário francês, tendo sido adotado na Lei de 16do fructidor do ano III (1796), que exclui a competência dos tribunais judiciários, atribuindo-a ao contencioso administrativo. O termo ingressa, pioneiramente, no Repertório de MERLIN, em 1814.
Codificação do D. Administrativo
Essa codificação nada mais é que a junção das leis, princípios, costumes e jurisprudências do ordenamento jurídico brasileiro referente a um determinado ramo do Direito Positivado, formando um único corpo. E é através dessa formação que trará uma melhor eficiência para o Direito Administrativo e rapidez para a resolução dos problemas que essa área tutela.
Importância da codificação do D. Administrativo Brasileiro 
Guillermo Cabanellas, no seu “Dicionário de Derecho Usual”, tomo I, Ediciones Aragu, Buenos Ayres, Argentina, ensina que codificar é: “fazer um código, formas um corpo metódico e sistemático de leis”. 
“Código, para ele, é a “lei única que com plano, sistema e método, regula algum ramo do direito positivo”. E define a codificação como “a reunião das leis de um Estado, relativas a um ramo jurídico determinado, em um corpo orgânico, sistemático e com unidade cientifica”. 
Baseado no dicionário estrangeiro da Argentina o significado de codificar é a união das leis de um determinado ramo do Direito que é feita pelo Estado através de seus órgãos Executivo e Legislativo. E por meio dessa união vai formar um só corpo que se define em Código para a coordenação e regularização de tais leis.
A definição de codificar vislumbra a sua finalidade que é de facilitar, organizar e coordenar o funcionamento e a estrutura da aplicabilidade de cada ramo do Direito Positivado, como já é concretizado e vem sendo eficaz nos campos do Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual, Direito do Trabalho, enfim, dos ramos que a Constituição de 1988 apresenta. 
A codificação é um meio que auxilia na aplicabilidade de cada ramo, evidência, então, ser um meio para melhorar a sua efetividade, por meio de uma resolução dos problemas mais célere, impossibilidade de que haja descumprimento com as suas leis, com os seus princípios, com os seus costumes e com as suas jurisprudências, fazendo então cumprir com o princípio da legalidade, que é um dos princípios administrativos, estabelecido pela Norma Suprema, e por este meio impedir os atos abusivos ou os excessos de poder dos servidores públicos, onde a estes são atribuído e confiado funções para manter a sociedade em ordem e organizada, resultando com o bem comum.
Pode se concluir que ter o Direito Administrativo codificado é de grande importância, pois haverá um melhoramento das funções dos órgãos, dos servidores públicos, enfim, de toda a Administração Pública, devido à facilidade ao acesso as suas leis e, também, haverá melhoria para a sociedade que depositará mais credibilidade a mesma.
De acordo com o tema, o Direito Administrativo é o que organiza e disciplina a estrutura de um governo para a existência de uma ordem jurídica e o bem comum da sociedade, onde o Estado é o encarregado de exercer isso através do interesse público. Como um ramo de suma importância é primordial a reunião das suas normas para a sua melhor aplicação, rapidez e comodidade no caso concreto.
Conclui-se que, tendo consideração à junção das normas do Direito Administrativo ao Poder Executivo, onde tem que executar a codificação em prol das vantagens e dos benefícios que acarretará com esse procedimento, no qual se resultará em uma Administração eficiente, seguindo com as suas regras, princípios e ética dificultando com o abuso de poder dos servidores públicos, o desvio de sua finalidade, omissão em sua atividade e a sua inércia o que propiciará um governo em busca dos interesses da coletividade. 
Fontes
a) Fonte primária: LEI 
b) Fonte secundária: doutrina, jurisprudência e os costumes.
Diz-se fonte à origem, lugar de onde provém algo. No caso, de onde emanam as regras do Direito Administrativo. São quatro as principais fontes, lei, jurisprudência, doutrina e costumes.
Como fonte primária, principal, tem-se a lei, em seu sentido genérico (latu sensu), que inclui, além da Constituição Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias, atos normativos com força de lei, e alguns decretos-lei ainda vigente no país, entre outros. Em geral, é ela abstrata e impessoal.
As demais fontes são secundárias. Chama-se jurisprudência, o conjunto de decisões do Poder Judiciário na mesma linha, julgamentos no mesmo sentido. Então, pode-se tomar como parâmetro para decisões futuras, ainda que, em geral, essas decisões não obriguem a Administração quando não é parte na ação. Diz-se em geral, pois, na CF/88, há previsão de vinculação do Judiciário e do Executivo à decisão definitiva de mérito em Ação Declaratória de Constitucionalidade (art. 102, § 2º).
A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direitos, doutrinadores, materializada em livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim, como a jurisprudência, a doutrina também é fonte secundária e influencia no surgimento das novas leis na solução de dúvidas no cotidiano administrativo, além de complementar a legislação existente, que muitas vezes é falha e de difícil interpretação.
Por fim, os costumes, que hoje e dia têm pouca utilidade prática, face do citado princípio da legalidade, que exige obediência dos administradores aos comandos legais. No entanto, em algumas situações concretas, os costumes da repartição podem influir de alguma forma nas ações estatais, inclusive ajudando a produção de novas normas. Diz-se costume à reiteração uniforme de determinado comportamento, que é visto como exigência legal.
Sistemas Administrativos
O sistema administrativo é o regime empregado pelo Estado para que seja exercida a gestão dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público em qualquer dos seus departamentos de governo.
São dois os sistemas existentes: o do contencioso administrativo, também chamado de sistema francês, e o sistema judiciário ou de jurisdição única, conhecido por sistema inglês. Sendo ambas bastantes distintas, serão relatadas e especificadas de forma exaustiva nos tópicos subsequentes.
· Sistema do Contencioso Administrativo 
Também chamado de modelo francês, o contencioso administrativo caracteriza-se pela repartição da função jurisdicional entre o Poder Judiciário e tribunais administrativos.
Nos países que adotam tal sistema, o Poder Judiciário decide as causas comuns, enquanto as demandas que envolvam interesse da Administração Pública são julgadas por um conjunto de órgãos administrativos. As decisões proferidas pelos tribunais administrativos não podem ser submetidas à apreciação pelo Poder Judiciário.
· Sistema Judiciário 
O sistema judiciário, modernamente chamado de sistema de controle judicial é aquele em que todos os litígios – de natureza administrativa ou de interesses exclusivamente privados – são resolvidos judicialmente pela Justiça Comum, ou seja, pelos juízes e tribunais do Poder Judiciário. Esse sistema surgiu na Inglaterra sendo posteriormente transplantado para outros países e entre eles está o Brasil. O avanço desse sistema está visceralmente ligado com as conquistas da população contra os privilégios da Corte inglesa, onde todo o poder de administrar e julgar concentrava-se na Coroa. Vale salientar que a adoção do sistema de jurisdição única não implica a vedação à existência de solução de litígios em âmbito administrativo. O que se assegura nesse sistema é qualquer litígio, de qualquer natureza, ainda que já tenha sido iniciado ou até mesmo concluído na esfera administrativa, pode, sem restrições, ser levado à apreciação do Poder Judiciário. 
· O sistema Administrativo Brasileiro 
O Brasil adotou, desde a instauração de sua primeira República em 1891, o sistema da jurisdição única, ou seja, o do controle administrativo pela Justiça Comum. O princípio da inafastabilidade de jurisdição ou da unicidade de jurisdição como já citado anteriormente encontra-se expresso no art. 5º, inciso XXXV da Carta Magna. In Verbis:
“XXXV – a lei não excluiráda apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
No Brasil, temos órgãos de cunho administrativo, com competência específica, que decidem demandas de idêntica natureza. A dessemelhança ocorre, pois no sistema de jurisdição única, como é o caso do nosso, as decisões dos órgãos administrativos não são munidas de força definitiva que é a característica própria dos julgamentos do Poder Judiciário. Os órgãos administrativos decidem, porém não são atribuídas às suas decisões um caráter conclusivo, ou seja, definitivo. A ausência dessa atribuição não permite a concepção de coisa julgada, deixando-as, portanto, sempre suscetíveis à revisão pelo Poder Judiciário, caso seja provocado. Assim, no Brasil, o administrado tem a alternativa de ver os seus conflitos resolvidos pela Administração, através da instauração de processos em face dela. Ainda é dada ao administrado a faculdade de mesmo após instaurado um processo administrativo, poder abandoná-lo em qualquer fase e recorrer ao Poder Judiciário para que este possa então resolver o seu litígio. O administrado, pode, ainda, em qualquer circunstância, recorrer diretamente ao Poder Judiciário quando considerar que se perpetrou alguma lesão ou ameaça a direito seu.
Em virtude dos fatos mencionados, percebe-se que para a correção judicial dos atos administrativos ou para repelir a relutância dos particulares às atividades públicas, ainda que no Brasil sejam comuns processos, procedimentos, e mesmo litígios, infundidos e resolvidos no âmbito administrativo, toda vez que o administrado perceber que existe uma lesão ao seu direito, terá a alternativa de recorrer ao Poder Judiciário uno e único, antes ou depois de exaurida a via administrativa.
Regime Jurídico Administrativo: definições e fundamentos
São as leis, com autorização constitucional, que indicam o regime jurídico a que estará submetida a Administração Pública: o de direito privado ou o de direito público.
Exemplifica-se com o art. 173, § 1º, da CF, que determina à lei que estabeleça o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre “a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários” (inc. II).
Contudo, nunca é integral a submissão da Administração Pública ao direito privado: sempre há uma derrogação (parcial) do direito comum pelo direito público, com a manutenção de algumas prerrogativas e restrições (DI PIETRO, 2019, p. 86). 
Conceito 
Regime jurídico administrativo: é expressão que designa o conjunto de regras e princípios que instituem prerrogativas (privilégios) e sujeições (restrições) à Administração Pública, elevando-a a uma posição vertical nas relações entabuladas com particulares.
Não se confunde com a expressão regime jurídico da Administração, que, como vimos, pode ser o de direito público (regime jurídico administrativo) ou o de direito privado (sempre derrogado por normas publicísticas).
Em outras palavras, regime Jurídico da Administração é o gênero, que possui como espécies: o Regime de Direito Privado (o Poder Público está nas mesmas condições dos particulares. 
Exemplo: exploração de atividade econômica pelo Estado) e o Regime Jurídico Administrativo, este último composto por princípios e regras que norteiam o Direito público, com prerrogativas e restrições. 
Conteúdo do Regime Jurídico Administrativo
· Interesse público primário: diz respeito às necessidades da coletividade, vale dizer, à intenção dos indivíduos que integram determinada sociedade, não se confundindo com a vontade da máquina estatal (CARVALHO, 2019, p. 61);
· Interesse público secundário: composto pelos interesses do Estado enquanto pessoa jurídica. O poder público também tem interesses próprios, como a busca pela arrecadação de tributos e a desapropriação de propriedades particulares. Ao fim, essas atividades acabam por beneficiar o interesse de toda a sociedade, mas, havendo conflito entre o interesse público primário e o secundário, deve prevalecer o primeiro, sob pena de configuração de desvio de finalidade (CARVALHO, 2019, p. 62).[2]
Princípio da Supremacia do Interesse Público
 O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é um princípio implícito, que tem suas aplicações explicitamente previstas em norma jurídica. Trata-se, pois, das prerrogativas administrativas. 
A essência desse princípio está na própria razão de existir da Administração, ou seja, a Administração atua voltada aos interesses da coletividade. Assim, em uma situação de conflito entre interesse de um particular e o interesse público, este último deve predominar. É por isso que a doutrina considera esse um princípio fundamental do regime jurídico administrativo.
Para Maria Silvia Zanella Di Pietro, o princípio da supremacia do interesse público está presente tanto no momento de elaboração da lei como no momento de execução em concreto pela Administração Pública. Dessa forma, o princípio serve para inspirar o legislador, que deve considerar a predominância do interesse público sobre o privado na hora de editar normas de caráter geral e abstrato.
É possível ver a sua aplicação em diversas ocasiões como exemplo:
a) nos atributos dos atos administrativos, como a presunção de veracidade, legitimidade e imperatividade;
b) na existência das chamadas cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, que permitem, por exemplo, a alteração ou rescisão unilateral do contrato;
c) no exercício do poder de polícia administrativa, que impõe condicionamentos e limitações ao exercício da atividade privada, buscando preservar o interesse geral;
d) nas diversas formas de intervenção do Estado na propriedade na propriedade privada, como a desapropriação (assegurada a indenização), a servidão administrativa, o tombamento de imóvel de valor histórico, a ocupação temporária, etc.
Por fim, deve-se destacar que nas situações em que a Administração não atuar diretamente para a consecução do interesse público, como nos contratos de locação, de seguro ou quando agir como Estado-empresário, não lhe cabe invocar o princípio da supremacia. Contudo, Alexandrino e Paulo destacam que, mesmo que indiretamente, ainda nessas situações – quando não são impostas obrigações ou restrições aos administrados -, os atos da Administração Pública revestem-se de aspectos próprios do direito público, a exemplo da presunção de legitimidade.
           Indisponibilidade do interesse público
A indisponibilidade do interesse público apresenta-se como a medida do princípio da supremacia do interesse público. Explica-se. Sendo a supremacia do interesse público a consagração de que os interesses coletivos devem prevalecer sobre o interesse do administrador ou da Administração Pública, o princípio da indisponibilidade do interesse público vem firmar a ideia de que o interesse público não se encontra à disposição do administrador ou de quem quer que seja.
Exemplificando: a necessidade de procedimento licitatório para contratações é exigência que atende não apenas a legalidade, mas também o interesse público. Se o administrador desobedece a esta imposição, agride o interesse público que, sendo indisponível, não pode ser desrespeitado.
Questão 
Prova: VUNESP – 2019 – Prefeitura de Poá – SP – Procurador Jurídico.
O interesse público pode ser classificado em primário e secundário, sendo correto afirmar que o interesse público primário é o verdadeiro interesse a que se destina a Administração Pública, pois este alcança o interesse da coletividade e possui supremacia sobre o particular.
Gabarito: certo.
Importância dos princípios administrativos: dupla funcionalidade
O Direito Administrativo brasileiro não é codificado.  Por isso, as funções sistematizadora e unificadora de leis, em outros ramos desempenhadas por códigos, no Direito Administrativo cabem aos princípios.
Princípios são regras gerais que a doutrina identificacomo condensadoras dos valores fundamentais de um sistema. Por meio de um processo lógico denominado abstração indutiva, os estudiosos extraem da totalidade de normas específicas as ideias-chaves que animam todo o complexo de regras. Assim, os princípios informam e enformam o sistema normativo.  Informam porque armazenam e comunicam o núcleo valorativo essencial da ordem jurídica.  Enformam porque dão forma, definem a feição de determinado ramo.
É bastante comum em concursos fazer-se referência à concepção de Celso Antônio Bandeira de Mello, segundo o qual: "princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servido de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tônica que lhe dá sentido harmônico". E completa: "violar um princípio é muito mais grave do que violar uma norma.  A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos.  É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais".
Dupla funcionalidade dos princípios
Os princípios do Direito Administrativo cumprem duas funções principais:
a) função hermenêutica: se o aplicador do direito tiver dúvida sobre qual o verdadeiro significado de determinada norma, pode utilizar o princípio como ferramenta de esclarecimento sobre o conteúdo do dispositivo analisado.
b) função integrativa: além de facilitar a interpretação de normas, o princípio atende também à finalidade de suprir lacunas, funcionando como instrumento para preenchimento de vazios normativos em caso de ausência de expresso regramento sobre determinada matéria.
Referências: 
https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/3-poderes-no-brasil?utm_source=search&utm_medium=ads&utm_campaign=trafego_portal&utm_term=00+-+%5BKW%5D+Din%C3%A2mico&utm_content=dinamico&gclid=CjwKCAjwpqCZBhAbEiwAa7pXeY67nr_AvnO0vSPKQ-aLg-tJC3EsDA7p9J5GKcRDfk6cuyH4cw2KsRoC8LwQAvD_BwE
https://jus.com.br/artigos/28641/a-importancia-da-codificacao-do-direito-administrativo-brasileiro
https://douglascr.jusbrasil.com.br/artigos/134537408/fontes-do-direito-administrativo#:~:text=S%C3%A3o%20quatro%20as%20principais%20fontes,%2C%20jurisprud%C3%AAncia%2C%20doutrina%20e%20costumes.
https://jus.com.br/artigos/53077/o-sistema-administrativo-brasileiro
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Introdução ao D. Administrativo

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