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PROJETO ARQUITETÔNICO I - PARTE B PROF.A MA. CARLA MARTINS OLIVO PROF. ME. RENAN AVANCI Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta Paião Márcio Alexandre Júnior Lara Marcus Vinicius Pellegrini Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 CASA DE VIDRO – PHILIP JOHNSON PROF.A MA. CARLA MARTINS OLIVO PROF. ME. RENAN AVANCI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROJETO ARQUITETÔNICO I - PARTE B 4WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO No caderno “Projeto arquitetônico 1: Parte B” estudaremos a concepção de projeto. Estaremos interessados em enfatizar a prática de projeto, e para tanto, este caderno elenca quatro obras que serão referência para entender o pensamento arquitetônico e servem como embasamento para análise crítica. Em cada caso serão apresentadas as condições que suscitaram o projeto apontando partido e estratégia projetual. Além disso, visa-se entender as decisões projetuais – alternativas e desenvolvimentos – considerando-se materialização do edifício. Será importante interpretar as relações de contexto, forma, função, tecnologia, simbologia presentes nos projetos e as proposições para a prática de vida. A temática escolhida para este caderno é a do edifício residencial de pequeno porte, entendo uma introdução à re� exão sobre a vida doméstica e a proposição espacial. Nesse sentido, os exemplos de projeto escolhidos amparam-se na produção de arquitetos notáveis, nacionais e estrangeiros e em obras marcantes modernistas e contemporâneas. O material a seguir se estrutura em quatro capítulos, que serão a base para o estudo de caso: • Unidade 01: Casa de Vidro – Philip Johnson • Unidade 02: Casas do arquiteto – Vilanova Artigas • Unidade 03: Casa de Canoas – Oscar Niemeyer • Unidade 04: Casa Ex of In – Steven Holl Ainda, o caderno didático de “Projeto Arquitetônico I - parte B” continua o reconhecimento do universo arquitetônico já apresentado na parte A, pontuando os fundamentos do processo de interpretação e produção projetual. Os exemplos de arquitetura apontados aqui são convites para a pesquisa e o estudo de autores e obras mais profundamente. 5WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 1 – Casa de Vidro – Philip Johnson. Fonte: Inexhibit (2019). Edi� cação: Casa do arquiteto ou Casa de Vidro (Figura 1) Tipo: Residência unifamiliar Autor: Philip Johnson Ano: 1949 Localização: New Canaan, Connectcut Metragem: 49 he (terreno) 167 m² (edi� cação) O arquiteto norte americano, ganhador do prêmio Pritzker em 1979, projetou sua própria residência em 1949, na cidade de New Canaan, Conectcut. A casa envidraçada foi um ícone na produção deste autor traduzindo princípios do modernismo internacional na produção residencial, para além de re� etir sobre conceitos de síntese, privacidade e organização espacial. Philip Johnson (1906-2005) foi um arquiteto tardio, projetando seu primeiro edifício dos 36 anos de idade. Antes disso, Johnson tinha sido cliente, crítico, escritor, historiador, diretor de museu, mas não arquiteto (THE HYATT FOUNDATION, 2019, tradução nossa). Mesmo assim, esse autor foi uma � gura icônica e esteve no cerne do pensamento moderno em arquitetura, participando da circulação de ideias pertencentes a essa corrente e divulgando-as ao organizar as visitas de importantes arquitetos modernistas à América, como Le Corbusier e Mies Van der Rohe. O arquiteto foi diretor do Departamento de Arquitetura do Museu de Arte Moderna (MoMa), e criou o termo “Escola Internacional de arquitetura” para uma de suas exposições emblemáticas. Philip Johnson trabalhou em projetos grande porte e produziu arranha-céus icônicos nas décadas de 60, 70 e 80, com um apelo de empreendedorismo, tecnologia e racionalismo. Convivendo com ideias modernas e posteriormente pós-modernas produziu (juntamente com seu sócio John Burgee) edifícios como: a Catedral de Cristal (Los Angeles, EUA, 1980 - Figura 2) , o edifício AT&T, (em Nova Iorque, EUA, 1984 – Figura 3), o edifício porta de Europa (em Madrid, de 1996) e o Edifício PPG (em Pittsburgh, EUA, 1984). 6WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 – A catedral de cristal. Fonte: Archdaily (2019). Figura 3 – Edifício AT&T (atual edifício Sony). Fonte: Archdaily (2019). 7WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A casa de vidro foi um trabalho seminal na carreira de Philip Johnson. Considerada uma das construções mais importantes do século XX, sua construção data de 1949. Situa-se em um terreno de 47 acres na cidade de New Canaan, Conectcut, e é patrimônio nacional americano funcionando hoje como um museu. De fato, o lote original possuía 5 acres, mas as vizinhanças foram sendo incorporadas posteriormente (THEGLASSHOUSE, 2019). De con� guração pavilhonar, a casa apresenta uma planta retangular de 10 x 16,7m, numa área de 168m². Com uma altura de aproximadamente 5,5 metros a edi� cação con� gura-se por um sólido simples – o cubo – que foi distorcido, gerando um volume simétrico que recebeu um desenho geométrico claro, forte e preciso (Figura 4). Produzida em materiais inovadores, o aço pintado (nos 8 pilares e vigas H), concreto (para piso e teto) e vidro (para as paredes) a casa introduziu o estilo internacional na arquitetura residencial americana (PEREZ, 2010), valendo-se de conceitos como a racionalidade, sistematicidade, objetividade e tecnologia. Figura 4 – A estrutura formal: Pavilhão geométrico em metal. Fonte: Acasadosoutros (2019). Para conhecer outros projetos de Philip Johnson, leia a reportagem de Arch- daily (2019): Stott, Rory. Em foco: Philip Johnson. 08 jul 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acesso em: 5 Mar 2019. <https://www.archdaily.com.br/ br/623572/feliz-aniversario-philip-johnson> ISSN 0719-8906 Mais detalhes sobre a geometria precisa da casa, baseada nas proporções áure- as pode ser visto em: <https://www.behance.net/gallery/1018 4449/Philip-John- sons-Glass-House-Golden-Section-Analysis>. 8WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Mesmoassim, é interessante notar que o partido do projeto é bastante simples: a forma pura, forte e centroide serve como um invólucro para a função de habitar, e internamente não há paredes divisórias. Murtinho (2015, p. 23) aponta que: Devido à transparência da casa de Johnson, para além das linhas escuras que, constituindo uma espécie de estrutura de arames, de� nem conceptualmente o contorno exterior da forma arquitetônica, aquilo que mais se salienta na construção é o pavimento em cor de tijolo que se projeta cromaticamente para o corpo cilíndrico que se eleva sobre a cobertura e alberga a instalação sanitária e a lareira. A estratégia estava na interação com a paisagem do entorno – de alto ativo natural – seu interior sendo visto de fora pela transparência, e o exterior participando da vida interna panoramicamente, considerando-se as possibilidades de luz, atmosfera e estações do ano (Figura 5 e 6). Há uma vontade romântica presente na relação direta com o espaço adjacente, e a noção de funcionar como “um acampamento” (nas palavras do próprio arquiteto) (MURTINHO, 2015). As condições exteriores provenientes da paisagem como sons, luzes, re� exos animam e dão movimento ao espaço (Figura 7). É interessante notar ainda que a casa possui piso aquecido – que é de tijolos vermelhos – mas não ar refrigerado (BROWNELL, 2016). Figura 5 – O interior visto de fora. Fonte: CasaVogue (2014). 9WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 6 – A presença da paisagem no interior da casa: a vista panorâmica. Fonte: Inexhibit (2019). Figura 7 – Os re� exos e a percepção do espaço – Philip Johnson. Fonte: Archdaily (2019) 10WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A casa está num platô elevado e domina o terreno, porém a casa posiciona-se estrategicamente, invisível da rua. Além disso ela se estabelece como uma narrativa, uma construção imposta, determinada a habitar. É enclausurada pela natureza, a envolve e restringe e ressalta seu aspecto de vitrine (MURTINHO, 2015). Longe de se dissolver na paisagem a edi� cação se estabelece como um mirante independente (Figura 8). O desenho dos caixilhos de aço preto nas paredes, de caráter altamente geométrico, propõe um barramento horizontal que faz notar um claro limite entre exterior e interior. Construída sobre uma pequena plataforma há um acesso principal, porém, cada um dos quatro planos de vidro que formam o espaço interior apresenta uma porta central, que comunica com a paisagem e colaboram com a ventilação. Figura 8 – A implantação e o entorno. Fonte: Archdaily (2019). Certamente, a concepção do projeto desa� a as noções de público e privado e de domesticidade costumeiramente impressas nesse tipo de edi� cação residencial (HAWTORNE, 2012). Mesmo assim, a intenção estava em ressoar em uma prática de vida mais movimentada – antes de se aposentar a casa de Johnson funcionava como um retiro para o � m de semana, local de inspiração e encontro (MURTINHO, 2015). Para além disso, proposição de implantação tem a ver com um terreno não tradicional, com um sítio e com outras edi� cações de caráter privado. 11WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA De fato, o arquiteto viu a casa de vidro como metade de uma composição (THEGLASSHOUSE, 2019). A outra metade da casa é uma casa de tijolos, que contrasta em termos de partido apesar de ter as mesmas proporções volumétricas (aproximadamente 16,7 x 5,5m) como vemos na implantação abaixo (Figuras 9 e 10). A casa de tijolos (marcada em azul) estabelece-se como uma ancora formal e funcional para a casa de vidro (marcada em amarelo). A implantação faz notar também a piscina (em verde) e o acesso com a rua à leste. Figura 9 – Implantação das casas de vidro e de tijolo. Fonte: Autora (2019) com base em: Inexhibit (2019). Figura 10 – A relação entre as casas e a paisagem. Fonte: Archdaily (2019). 12WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A casa de vidro funciona como uma casa tradicional, porém não há paredes. Há entradas, cozinha, sala de jantar e sala de estar, quarto, área de lareira, banheiro numa reunião e revisão das necessidades básicas do habitar. Essas áreas são organizadas cirurgicamente pela mobília – tanto móvel como � xa – que criam as zonas espaciais e conduzem ao uso a partir da sala de estar – como se vê na Figura 11. Os móveis em sua maioria foram desenhados por Mies van der Rohe. Figura 11– Plantas e cortes. Fonte: Autora (2019) com base em: Inexhibit (2019). Apesar da casa ser envidraçada há degraus de privacidade e um zoneamento marcado (Figura 12) - e esses conceitos são explicados por Hertzberger (2015) em Lições de Arquitetura, uma das leituras sugeridas para essa unidade. A maior privacidade está no dormitório e na porção do banheiro: que é o único ambiente com paredes (Figura 13). É interessante notar que o banheiro se conforma em um cilindro (feito de tijolos) e posiciona-se na região central do pavilhão de maneira livre, dotando o espaço interno de tensão e contrastando com a simetria externa, com a noção de repouso. 13WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 12 – O interior e o mobiliário que organiza o espaço – móvel e � xo. Fonte: Inexhibit (2019). Figura 13 – O dormitório se con� gura como área mais privada em função do guarda-roupas. Fonte: Archdaily (2019). 14WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A casa de tijolos comunica-se com a casa de vidro através de um pátio. Construída como um monolito possui poucas aberturas - apenas aberturas verticais circulares nos fundos e claraboias (Figura 14). Funciona complementando o programa de necessidades da casa de vidro – originalmente eram três dormitórios e banheiros con� gurando uma casa de hóspedes, mas uma reforma em 1953, reorganizou o espaço como um dormitório e sala de leitura propiciando os espaços íntimos que a casa de vidro não permite (THE GLASS HOUSE, 2019). Enquanto a casa de vidro se volta para a vida externa e para a paisagem, a casa de tijolo apresenta uma dinâmica interior plena. Figura 14 – Casa de tijolos. Fonte: Achitectmagazine (2019). Casa de vidro de Philip Johnson teve como referência a obra do mestre moderno Mies Van der Rohe – isso nota-se na arquitetura horizontal de concepção estrutural lógica e de essencialidade e verdade de materiais, a na riqueza nos detalhes. Contemporânea a esse projeto está a Casa Farnsworth (de 1951), vista na Figura 15 – a casa de vidro de Mies. Também é desse ano a casa de vidro ou residência da arquiteta de Lina Bo Bardi – num cenário Brasileiro (Figura 16). Apesar de serem envidraçadas, cada uma encontrou sua concepção e mensagens próprias. Nas palavras do próprio arquiteto: No caso da Glass House, a abordagem estilística é perfeitamente clara. Mies van der Rohe e eu discutimos como você poderia construir uma casa de vidro e cada um de nós construiu uma. Mies foi, obviamente, primária e a minha foi uma adoção do mestre, embora seja uma abordagem bem diferente. No meu caso, havia muitas in� uências históricas no trabalho. A Casa de Vidro estilisticamente é uma mistura de Mies van der Rohe, Malevich, o Partenon, o jardim inglês, todo o Movimento Romântico, a assimetria do século XIX. Em outras palavras, todas essas coisas estão misturadas, mas basicamente é a última do moderno, no sentido da maneira histórica como tratamos a arquitetura moderna hoje, o cubo simples. (DEVENS, et al., 1991, tradução nossa) 15WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 13 – Casa Farnsworth, Mies Van der Rohe. Fonte: CasaVogue (2017). Figura 14 – Casa de Vidro, Lina Bo Bardi. Fonte: Archdaily (2019). 16WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Para conhecer mais sobre esses projetos e refl etir sobre outras estratégias proje- tuais que consideraram a paisagem do entorno e a possível ideia de vitrine leia as reportagens: • Igor Fracalossi. Clássicos da Arquitetura: Casa Farnsworth / Mies van der Rohe. 27 Mar 2012. ArchDaily Brasil. Acessado 6 Mar 2019. Disponível em: <https:// www.archdaily.com.br/40344/classicos-da-arquitetura-casa-farnsworth-mies- -van-der-rohe> ISSN 0719-8906 • Igor Fracalossi. Clássicos da Arquitetura: Casa de Vidro / Lina Bo Bardi. 14 dez. 2011. ArchDaily Brasil. Acesso em: 6 mar. 2019. Disponível em: <https://www.ar- chdaily.com.br/12802/classicos-da-arquitetura-casa-de-vidro-lina-bo-bardi> ISSN 0719-8906. Além disso, a edi� cação de tipo pavilhonar envidraçada não é isolada. Na verdade, essa edi� cação se relaciona com outros prédios (para além da casa de tijolos que é o anexo mais próximo à casa de vidro) em diferentes escalas constituindo-se por uma parte da espacialidade proposta para a vida de Johnson. O projeto do habitar não estava apenas no projeto de uma edi� cação. A vegetação presente no terreno, que apesenta grande potencial, foi sendo moldada para receber todos 14 prédios e esculturas em eventos arquitetônicos e artísticos ao longo do tempo. As principais edi� cações podem ser vistas no esquema abaixo (Figura 15). Algumas possuem funções claras, como a casa de tijolos o estúdio/biblioteca, a galeria de e escultura e a de pintura. Além disso, há três edi� cações vernaculares que sofreram intervenção para servir ao conjunto. Murtinho (2015, p. 25) aponta que a implantação geral do conjunto lembra as proposições de vanguarda europeias, in� uenciadas por Mondrian e � eo van Doesburg. O programa e os edifícios têm seu valor, mas também: “os espaços de ligação, quer os percursos, quer os en� amentos visuais, são absolutamente importantes para a imagem de conjunto”. Figura 15 – Implantação do conjunto. Fonte: adaptado de Arcdose (2011). 17WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Cada edi� cação tem um caráter experimental e uma estratégia de projeto diferente – tratando de arquitetura, arte, paisagem, construção/desconstrução e preservando o legado intelectual de Philip Johnson e David Whitney (1939-2005). Essas edi� cações certamente acompanharam as ideias de arquitetura que in� uenciaram o mundo posteriormente – sendo vistas neste contexto como episódios de interesse em um jardim romântico. Entre essas edi� cações podemos notar brevemente a estúdio/biblioteca (1980), pavilhão do lago (1962), a galeria de pintura (1965) e a galeria de escultura (1970). O estúdio/biblioteca (Figura 16) foi concebido como um espaço privado e fechado para a re� exão interior, sem conexões com natureza (THE GLASSHOUSE, 2019). Há estantes, espaço de trabalho, lareira que recebem iluminação zenital e cuja forma foi tratada como colisão de massas – para ser vista de fora como um evento na vista panorâmica da casa de vidro. Figura 16 – Estúdio/ biblioteca. Fonte: CommonsWikimedia (2019). Já o pavilhão do lago foi construído em arcos de concreto pré-fabricado, em uma ilha num lago arti� cial. A intenção estava em estudar a esquina nesse tipo de estrutura, além de experimentar uma relação de escala inusitada – serve para uma criança contemplar estando dentro, mas para o homem é passagem, ou para ser vista de fora (Figura 17). A galeria de pintura – para guardar a coleção de arte moderna do arquiteto – foi semienterrada, numa vontade de não competir com a casa de vidro e também para proteger seu conteúdo da luz (THEGLASSHOUSE, 2019). Figura 17 – Pavilhão do Lago. Fonte: Pinterest (2019). 18WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Em sua vizinhança está situada a galeria de escultura (Figuras 18 e 19). Esse edifício, construído nos anos de 1970, tem um apelo interno marcante. Para que pudesse permitir a apreciação de esculturas, o arquiteto concebe um espaço voltado para a ideia de trajeto, amplitude visual e luz (STEVENS, 2016). É uma composição aditiva em planta, que trabalha com uma forma matriz (quadrados) que é revolvida para determinar os limites do espaço e criar “baias” para abrigar as esculturas que estão sequencialmente dispostas. Há um percurso interno em espiral e tridimensionalmente há mudanças de nível para enriquecer o trajeto - formando um percurso escadaria com patamares em cinco níveis. O teto é composto por aberturas zenitais metálicas e de vidro que formam um padrão geométrico regular – e que enriquecem o espaço com luz e sombra, fazendo notar o céu. Figura 18 – Galeria de Esculturas: exterior. Fonte: Pinterest (2019). Figura 19 – Galeria de Esculturas: interior. Fonte: Designboom (2019). 19WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Tendo em mente as imagens apresentadas e pesquisando sobre esses outros projetos, quais foram os partidos de projeto utilizados por Philip Johnson? São princípios e estruturas formais semelhantes? Seguramente, a casa de vidro de Philip Johnson colabora para o entendimento da proposição do projeto residencial. Johnson, bem como Mies Van der Rohe mudam a ideia de que a habitação tem que contemplar “proteção e con� namento, abrigo e opacidade, espaço íntimo como espaço inescrutável, para, em contrapartida, apresentá-la como matéria evanescente, dissolvida no mundo” (FARIAS, 2017, p. 58). E o mesmo faz Lina Bo Bardi. Esse autor tratou de produzir uma casa que carregou novidade e inovação, tendo em mente seu contexto e tempo. A casa de vidro certamente questionou noções de privacidade e tecnologia, respondendo-as através de uma alternativa formal mínima e geometricamente re� nada, para além de uma alternativa espacial rica que envolveu a utilização de potenciais do entorno. Além disso, é importante salientar as relações propostas pelo conjunto – re� etindo sobre os signi� cados das edi� cações que foram construídas posteriormente, que revelam pluralidade. 2020WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 CASAS DO ARQUITETO – VILANOVA ARTIGAS – SÃO PAULO, ANOS 40 PROF.A MA. CARLA MARTINS OLIVO PROF. ME. RENAN AVANCI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROJETO ARQUITETÔNICO I - PARTE B 21WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 20 – Primeira re sidência do arquiteto Vilanova Artigas. Fonte: Piniweb17 (2019). Edi� cação: Primeira Residência do Arquiteto ou “Casinha” (Figura 20). Tipo: Residência unifamiliar Autor: João Batista Vilanova Artigas Ano: 1942-1943 Localização: São Paulo, Rua Barão de Jaceguay, nº1149, Campo Belo. Metragem: 1000m² (terreno) 111 m² (edi� cação) Maiores informações para os projetos estão podem ser encontrados no vídeo: Marco Artigas – Casinha (1942) e Casa Vilanova Artigas (1949) – Ocupação Vila- nova Artigas. Direção: Laura Artigas e Pedro Gorski Olé Produções/Itaú Cultural. São Paulo, 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=b6k8bHr- sAls. Acesso em: 10 mar. 2019. Ainda, o projeto 15 Casas brasileiras disponibili- za imagens, peças gráfi cas e dados sobre os projetos. Disponível em: http://www. casasbrasileiras.arq.br/csaartigas2.html. Acesso em: 10 mar. 2019. 22WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 21– Segunda residência do arquiteto. Fonte: Archdaily (2019). Edi� cação: Segunda Residência do Arquiteto (Figura 21) Tipo: Residência unifamiliar Autor: João Batista Vilanova Artigas Ano: 1948-1950 Localização: São Paulo, Rua Barão de Jaceguay, nº1149, Campo Belo. Metragem: 1000m² (terreno) 213,13 m² (edi� cação)João Batista Vilanova Artigas construiu para si duas casas que durante a década de 1940. O projetar para si envolve um processo de re� exão já que o projetista é o cliente, mas também garante a liberdade de ação, permitindo inovação em termos de forma e função. Artigas, como já mencionamos na Apostila de Projeto Arquitetônico parte A foi um notável arquiteto brasileiro, com uma produção emblemática que discutia o contexto brasileiro, sociedade, técnica, função e empregava uma espacialidade rica e verdadeira. As duas casas que projetou para si foram in� uenciadas por referenciais nacionais/internacionais diferentes. De fato, produção de Artigas pode ser dividida em três fases (KAMITA, 2000) – as duas primeiras fases em que se situam esses projetos foram de ensaio e embasamento para a expressão madura da trajetória do autor – de característica brutalista. Mais informações sobre este projeto podem ser vistas em: Igor Fracalossi. Clás- sicos da Arquitetura: Segunda residência do arquiteto / Vilanova Artigas 19 fev. 2014. ArchDaily Brasil. Acesso em: 10 mar. 2019. Disponível em: <https://www. archdaily.com.br/172411/classicos-da-arquitetura-segunda-residencia-do-arqui- teto-slash-vilanova-artigas> ISSN 0719-8906. Acesso em: 10 mar. 2019. 23WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Considerando a produção da fase madura do arquiteto são interessantes os proje- tos das residências em São Paulo: Casa Olga Baeta de 1956 (disponível em http:// www.spbr.arq.br/portfolio-items/reforma-casa-olga-baeta-2/. Acesso em: 10 mar. 2019) e casa José Mário Tacques Bittencourt II, 1959 (disponível em https://www. arquivo.arq.br/residencia-taques-bittencourt-ii. Acesso em: 10 mar. 2019). Essas casas em concreto, com uma estrutura marcante e sintética carregam explora- ções do espaço como mínimo e abrigo. A primeira residência foi produzida em 1942-43 num período recém-formado de Artigas em que produziu uma quantia considerável de projetos deste tipo. Os princípios para a primeira residência do arquiteto estavam casa norte americana reinventada pelo arquiteto de origem americana Frank Lloyd por Wright, de gosto mais suscetível ao da sociedade paulistana da década de 1930 e 1940 (BRUAND, 2005). Já a segunda residência do arquiteto, de 1948-50, apresenta a aproximação as ideias, espaços e forma do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. As duas casas estão situadas no mesmo terreno plano de esquina, lado a lado, e não são casas tradicionais (Figura 22 e 23). Ambas partem de uma inquietação sobre a modernidade, pensando sobre o modo de habitar e sobre as atividades e as características do espaço doméstico. Ainda são entendimentos sobre a casa urbana (ARTIGAS, 2015). Há uma mudança composição familiar que subsidia os projetos – a primeira casa se estabelece como casa de � m de semana para o casal e a segunda casa como casa para o casal e seus � lhos – mas sobretudo há pensamentos, estratégias e materialidades muito distintas. A primeiro projeto tem um grande valor simbólico e discute o arquétipo de casa, em quanto o segundo entende a ideia de casa objeto (REGO, 2008). Figura 22 – As duas casas do arquiteto pertencentes ao mesmo terreno. Fonte: Casas Brasileiras (2019). Figura 23 – Mesmo terreno e propostas distintas. Fonte: Casas Brasileiras (2019). 24WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A Casinha parte de um sólido simples, um cubo de 10 metros de lado que foi fragmentado, “destruindo a caixa”, e recomposto de modo a criar interesse espacial e formal (como se vê na Figura 24). Tendo em mente os conhecimentos vistos na parte A da disciplina de projeto arquitetônico 1 pode-se notar que é uma experiencia aditiva de planos de piso, parede e teto que resultam numa volumetria � uida e horizontal (Figura 25). As posições das paredes e das águas do telhado são muito particulares gerando reentrâncias e saliências e apontando para a não existência de uniformidade, regularidade ou constância (REGO, 2008). Essas combinações dinamizam a forma e parecem aumentar a escala da casa – que de fato tem 102m² (CUNHA, 2005). Figura 24 – Volumetria da Casinha. Fonte: Casas Brasileiras (2019). Figura 25 – Volumetria da casinha e espacialidade horizontal. Fonte: Casas Brasileiras (2019). 25WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A estrutura formal da casinha interpenetra interior e exterior. Com o auxílio das aberturas – que em alguns momentos são janelas de esquina – nota-se vistas e perspectivas externas, em efeitos pitorescos. A edi� cação rompe a ortogonalidade imposta pelo terreno justapondo outra de 45 graus e segundo Cunha (2005, n.p.) serve para “desfazer qualquer tipo de hierarquia entre fachada principal, frente e fundo, desaparecendo com isso uma relação já caduca, herdada do período colonial, entre lote urbano e edifício” (o que se percebe a esquerda da � gura 26). Figura 26 – Esquema de implantação. Fonte: adaptado de Casas Brasileiras (2019). A ideia estava em conhecer a edi� cação externamente por um passeio obliquo, indireto e subjetivo. Esse movimento, orienta a circulação interna da casa como uma continuidade. A disposição interna conduz a um passeio em espiral, onde todas as partes estão unidas entre si, e tem uma conexão com o exterior. As Figuras 27 e 28 fazem notar essa continuidade: nos ambientes de estar e jantar (e em que se vê ao fundo o bloco de lareira/banho), no dormitório (acima) e atelier (abaixo) desnivelados. Figura 27 – Os espaços adjacentes e a integração espacial. Fonte: Refúgios urbanos (2019). 26WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 28 – O espaço � uído e as atividades domésticas: a esquerda acesso ao dormitório, à direita sala de estar e jantar. Fonte: Vitruvius (2019). É uma casa com poucas portas (apenas a de acesso principal, banheiro e de serviço) e com poucas paredes divisórias, em que os ambientes aparecem adjacentes e se organizam a partir de um ponto central que é a lareira (acoplada ao volume do banheiro). Na Figura 29 abaixo podemos ver a sequência de ambientes desde o acesso, que é menos rígida permitindo zonas espaciais mais vivas e apropriações informais, mas que, mas não deixa de ser lógica e econômica, pois há segmentação das funções e setorização da área molhada. Figura 29 – Plantas e seus usos. Fonte: adaptado de Itaú Cultural (2019). 27WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Há uma equivalência entre a metragem dos ambientes, entendendo-se o papel integrado de cozinha e sala e desaparece a ideia de “área nobre e não nobre”, ou área social e de serviço, tradicionalmente aplicada a edi� cações de tipo residencial, ressoando numa rotina familiar mais informal e modesta (PEREIRA; FUJIOKA, 2015). Cunha (2005, n.p.) conta que: Essas mudanças na morfologia da casa determinam uma planta praticamente sem divisões internas, ainda que as paredes estivessem vinculadas diretamente à estrutura. Os outros elementos do programa, como dormitório e estúdio, são de� nidos por dois meio níveis, integrando tanto um ao outro – por meio de um pé-direito duplo – quanto à sala. Ainda, pode haver uma proposição para a noção de privacidade anteriormente empregada. Nesse caso, se destaca a ideia de que o dormitório não é um ambiente estanque e con� nado, mas parte da integração espacial da casa - e que se comunica com estando um nível acima dos demais ambientes, o que se nota nas Figuras 30 e 31. Figura 30– Corte que mostra a volumetria e a posição do dormitório. Fonte: adaptado de Casas Brasileiras (2019). 28WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 31 – A espacialidade do repousarna casinha. Fonte: Casas Brasileiras (2019). O pensamento empregado para a composição dos planos limites e para a disposição dos ambientes certamente rompe com as convenções tradicionais de fachada e volume. Há a ideia de formar um espaço aberto, � uido e ancorado pelo volume da lareira, e que se associa ao exterior pelas aberturas, uso de beirais a até mesmo pela textura dos materiais. A casa é feita em grossas paredes de tijolos aparentes pintados de branco que sustentam um telhado em águas de telhas cerâmica, há madeira e piso de pedra (Figura 32 e 33). Figura 32 – Os materiais e a con� guração dos planos. Fonte: Refúgios urbanos (2019). 29WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 33 – Os materiais tradicionais e verdadeiros na fachada leste. Fonte: Casas Brasileiras (2019). De um modo geral os princípios de projeto utilizados têm referência a arquitetura orgânica de Wright no esquema utilizado para as Prairie Houses (1900-1912). Bruand (2005) aponta que dessa referência vem princípios de projeto: • a ideia de “modéstia aparente” no aspecto externo do edifício e na maneira de situá-lo, diluindo-o na paisagem; • “preferência por materiais tradicionais” que revelam uma moral construtiva intrínseca. • “a rejeição do tipo standard e da estrutura modulada como base da composição arquitetônica” em favor da criação livre e de uma ideia de romantismo; • na importância do espaço interior que dita o resultado do aspecto externo; Por sua vez, a segunda residência do arquiteto revela uma vontade diferente e princípios de projeto de caráter racionalista e que em certos aspectos lembram o movimento arquitetônico brasileiro conhecido como Escola Carioca. Nesse caso, o edifício se destaca por sua con� guração formal mais rigorosa e de caráter objetivo. O espaço tridimensional prismático revela uma precisão geométrica de referência às normas puristas. É uma composição esculpida que se utiliza de regularidade e de uma conformação em telhado borboleta (de duas águas invertidas) para formar um prisma trapezoidal e para propor um espaço doméstico racional e claro, como se percebe na Figura 34. 30WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 34 – Segunda residência do arquiteto – vista externa. Fonte: Spcity (2019). Construída de 1948-50, a casa possui o dobro de metragem da casinha, cerca de 213,13m² e uma planta retangular que abriga setores organizados com as funções do habitar. O acesso acontece pela porção central do volume, num hall aberto, após se passar por um primeiro plano que contempla garagem (que é posterior, de 1953) e a lavanderia (Figura 35). Figura 35 – Volumetria da segunda residência do arquiteto. Fonte: Spcity (2019). 31WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O acesso acontece por um vestíbulo que é delimitado pela lareira. Nessa porção há a zona de serviços. Nesse caso, a cozinha não se abre para a sala (como na casinha). Aqui, entre o local do comer e o do preparo há os banheiros. De fato, Rego (2008, p. 83) aponta que “temos mais um bloco equipamento delimitando áreas: atrás da parede hidráulica do banheiro temos as instalações da cozinha- pia, geladeira, fogão”. No pensamento de Artigas, o serviço não é indigno devendo estar escondido no espaço da casa, pelo contrário, está no seu cerne e serve para de� nir: de um lado áreas intimas e do outro as áreas socias, trabalho e lazer (ARTIGAS, 2015) (Figura 36). Figura 36 – Esquemas de planta e corte. Fonte: adaptado de Spcity (2018). Um pormenor: nessa casa a lareira não é um ponto de partida de concepção, mas um objeto autônomo implantado no estar que colabora para marcar um vestíbulo de entrada, como se apresenta na Figura 37. 32WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 37 – Estar e Jantar com a lareira ao fundo. Fonte: Archdaily (2019). O texto de Rego (2008, p. 84:) mostra o caráter do espaço da casa e sua interpretação da ideia de habitar: Um ar displicente permeia a sala, os quadros desalinhados pendurados aqui e acolá, contradizendo a arrumação dos móveis. Nessa nota de desalinho � ca registrada a vida cotidiana da casa, comprovada na lareira escurecida pelo uso, no globo quebrado não reposto, nas folhas secas do chão do terraço. Na extensão da sala que se abre ao terraço, uma mesa de alvenaria, instalada posteriormente, passa indicar o uso mais frequente nessa área coberta junto ao jardim. A circulação interna se distende por uma das periferias do prisma, ligando as áreas de atividades distintas, de maneira funcional (como se marcou na � gura 38, com a seta vermelha e se mostra na Figura 39). A planta linear alongada juntamente com o teto inclinado promove no setor social áreas em níveis distintos – aparece numa das extremidades do prisma a possibilidade de um escritório num segundo pavimento e sob ele um terraço coberto, revelando um jogo de pés direitos duplos e simples. A circulação se rea� rma e interpenetra e comunica esses espaços, revelando a ideia de passeio arquitetônico (ARTIGAS, 2015) – uma das possibilidades da própria arquitetura de Le Corbusier. 33WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 38 – A circulação funcional e a disposição das partes. Fonte: Archdaily (2019). Figura 39 – Arranjo espacial entre estar, terraço e escritório. Fonte: Archdaily (2019). 34WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A casa tem sua implantação paralela aos limites do terreno (e a rua) faz notar um desligamento do entorno. Diferentemente da casinha, a segunda residência do arquiteto se volta para dentro – e o entorno serve como fonte de luz e vento (Figura 40). Figura 40 – Relação exterior e interior e os materiais. Fonte: Archdaily (2019). O espaço é materializado por uma estrutura racional e modulada – a casa é de concreto armado (pintado de branco) e sustentada por seis colunas. Há separação entre estrutura e vedação – desaparecem as janelas que se transformam em planos de vidro com caixilhos metálicos. Há justaposições entre materiais industrializados (sobretudo o concreto) e tradicionais (o tijolo pintado) e transparências e cores (CUNHA, 2005; REGO, 2008). A análise de condicionantes do sítio (ou forças do lugar) e estrutura formal já apontadas na apostila de projeto arquitetônico 1: parte A (notadas em CHING, 2008 e BAKER, 1998) se soma ao interesse por entender a função e os materiais/tecnologia empregados nas casas de Artigas. O estudo destas duas experiencias de espaço revela a importância da continuidade espacial para este autor. Na casinha, de 1942, ela se con� gura em uma proposta de qualidade fragmentária, centrípeta e pitoresca que se vincula ao terreno e na segunda casa do arquiteto, de 1948, aparece em meio a uma proposição geométrica pura e direcional que permite imponência e independência do sitio. São utilizações de linguagens diferentes para um modo de viver não tradicional, moderno que remetem a racionalidade e a uma procura pela verdade nas estruturas e uso dos materiais. Os projetos revelam o caminho dos pensamentos do arquiteto em direção à sua maturidade e seguramente a� rmam que importam as relações, a apropriação, o concílio, as práticas e o espaço sendo a forma é resultado dessas necessidades. 3535WWW.UNINGA.BR UNIDADE 03 CASA DAS CANOAS – OSCAR NIEMEYER – RIO DE JANEIRO, ANOS 50 PROF.A MA. CARLA MARTINS OLIVO PROF. ME. RENAN AVANCI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROJETO ARQUITETÔNICO I - PARTE B 36WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 41 – Casa das Canoas – Oscar Niemeyer. Fonte:Revista AU (2012). Edi� cação: Casa do arquiteto ou Casa das Canoas (Figura 41) Tipo: Residência unifamiliar Autor: Oscar Niemeyer Ano: 1951-1953 Localização: São Conrado – Estrada das Canoas, Rio de Janeiro Metragem: 95.8m² (pavimento inferior) 112.5 m² (pavimento superior) O arquiteto carioca Oscar Niemeyer é um dos maiores representantes da arquitetura nacional. Exercitou e � rmou suas habilidades arquitetônicas ao projetar no século XX um grande número de obras públicas como museus, auditórios, edifícios administrativos, prédios governamentais, habitacionais, universidades, edifícios religiosos, bibliotecas, pavilhões e teatros tanto no Brasil, quanto no exterior. Contudo, dentro dessa vasta composição de obras, as residências unifamiliares não são muito volumosas. Embora, a primeira instância, os projetos residenciais do arquiteto parecem ser uma parcela trivial do seu trabalho, esta avaliação para o crítico Marc Dubois (2000) não é correta. Segundo ele, pode-se dizer que a Casa das Canoas é uma das habitações unifamiliares mais fascinantes do século XX. A Casa das Canoas foi a segunda e última residência projetada pelo arquiteto para o seu uso. A primeira se deu pela concepção da Casa da Lagoa em 1942 (Figura 42) na cidade do Rio de Janeiro, capital onde o arquiteto nasceu em 1907. Esta primogênita moradia corresponde a uma arquitetura de proposta moderna. Niemeyer optou pela concepção de um morar alinhado com os princípios modernistas de utilização da forma pura, regular e funcional. Optou também por grandes aberturas lineares, por pilottis e pelo conceito de planta livre, ou seja, de uma organização espacial interna da residência cujas paredes não são mais elementos estruturais podendo ser deslocadas ou removidas sem prejuízo à estrutura da edi� cação. 37WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 42 – Casa da Lagoa – Oscar Niemeyer. Fonte: Fundação Oscar Niemeyer (2019). Algum tempo depois, em 1951, Niemeyer projetou sua segunda residência – a Casa das Canoas. Uma moradia formalmente avessa à proposta arquitetônica da Casa do Lago e também longe das concepções formais das duas casas modernistas referenciais daquela época: a Farnsworth (1946-1950) do arquiteto Mies van der Rohe e da Glass House (1949) do arquiteto Philip Jhonson, ambas mencionadas anteriormente. Essa segunda proposta residencial da casa do arquiteto se deu pela concepção de uma residência formalmente orgânica, de linhas curvas e distantes dos cubos propostos por Mies, Philip Jhonson e demais arquitetos que apostam nessa composição formal como síntese das questões arquitetônicas. Niemeyer dilata esse formalismo e concebe uma residência sem forma de� nida. A habitação é um desenho livre de linhas curvas que se apoiam em poucas paredes e pilares que recebem funcionalmente uma cobertura plana. Eduardo Pizzato (2007) aponta que o uso ousado e habilidoso de curvas nos projetos de arquitetura é uma característica básica da obra de Oscar Niemeyer, contribuindo inclusive, para o seu reconhecimento como arquiteto criador de formas. Do mesmo modo, pesquisadores que se debruçam ao entendimento do vocabulário formal deste arquiteto, aferem para a existência de um conjunto de formas facilmente identi� cáveis em suas obras, como: abóbadas, lâminas curvas, cilindros, calotas, primas, lajes e marquises sinuosas (QUEIROZ, 2012). Todas elas, constituintes de uma composição propositiva mais orgânica, do que reta. Na Casa das Canoas, a organicidade do seu desenho se dá tanto pela proposição do seu teto, a cobertura, quanto pela organização dos espaços, a planta. 38WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Niemeyer utiliza nessa proposta residencial uma laje de concreto contínua com bordos curvilíneos. Estes bordos avançam as paredes externas con� gurando pequenas e grandes áreas sombreadas que intermediam a parte externa e a interna da residência, ao mesmo tempo que � xa visualmente o desenho curvo da moradia. Ao compor esse desenho de cobertura, o arquiteto resolve as questões de incidência direta dos raios solares em seu interior além de articular espaços internos mais iluminados e ambientes privados que necessitam de pouca iluminação. A cobertura transcende a necessidade básica da proteção das intempéries e compõem uma estratégia projetual única de resolução do conforto térmico e lumínico do projeto residencial. Para além disso, torna- se o elemento formal de vivacidade da casa. Figura 43 –Cobertura plana - Casa das Canoas. Fonte: AU (2012). Figura 44 – Cobertura plana - Casa das Canoas. Fonte: Flickr Pablo Avincetto (2019). 39WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Em relação à composição e organização da planta, a organicidade dos espaços também é evidente. As paredes curvas, embora realcem o espírito dinâmico da laje de cobertura, não acompanham o mesmo desenho da mesma, criando um descompasso proposital entre a demarcação do piso e a laje de cobertura. Um aspecto intrigante que irá alimentar a composição dos espaços internos da residência que está composta em dois pavimentos. O primeiro, apresenta o pavimento social – salas de estar, jantar, lavabo, cozinha e área da piscina e o segundo, con� gura o espaço íntimo – 4 dormitórios e uma saleta. Este último, apresenta-se semienterrado no terreno (Figura 45). Figura 45 – Planta pavimento inferior e social - Casa das Canoas. Fonte: Casas brasileiras (2010). 40WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA No pavimento social e de acesso principal a residência o espaço interno é livre, apenas demarcado com poucas paredes curvas e os esbeltos pilares metálicos estruturais da cobertura. O amplo espaço social sem divisão física, livre de barreiras visuais, abre possibilidades de diversos arranjos do mobiliário, possibilitando que a residência se dinamize em diferentes layouts. A casa é um grande salão. De todo modo, Niemeyer não negligencia o funcionamento das áreas de serviços, pelo contrário, a cozinha, embora não esteja integrada com a sala de estar – integração não muito frequente nas con� gurações das casas da época – está implantada em local facilitado para sua função, próxima ao ambiente de refeições e com acesso a área externa de serviços. A cozinha da Casa das Canoas também se adequa as linhas orgânicas do arquiteto (Figura 46 e 47). Figura 46 – Área social interna - Casa das Canoas. Fonte: AU (2012). Niemeyer introduziu algumas estratégias projetuais que fortalecem a fl uidez e organização dos espaços. Segundo o autor, o arquiteto, ao projetar uma parede curva em um local de refeições, exigiu automaticamente o ingresso de uma mesa redonda. Nesse processo, você considera que o desenho das paredes parece or- ganizar espacialmente o layout da casa? Pesquise novas imagens da residência e faça essa observação. 41WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 47 – Sala social interna - Casa das Canoas. Fonte: WAN (2019). No pavimento inferior ao setor social, encontra-se as áreas íntimas. Niemeyer utilizou- se de uma estratégia de inversão da organização das vigentes casas da época, nas quais, estruturavam-se em dois andares, onde predominantemente a parte íntima da residência se implantava no pavimento superior. Contudo, a estratégia de Niemeyer para Canoas não foi essa. Segundo Santos (2003, s.p), as curvas propostas pelo arquiteto são “organicamente submissas ao terreno, acomodando-se entre a vegetação e as pedras, contornando obstáculos naturais a � m de confundir o observador sobre o que está dentro e o que está fora, sobre rupturas e continuidades”. A residência se moldou pelos desníveis do terreno – a � oresta da Tijuca – adaptando o funcionamentodos setores básicos de uma habitação de acordo com as possibilidades de locação no terreno. Neste contexto, aproveitar o desnível do solo para acomodar os dormitórios tornou- se uma possibilidade vantajosa (Figura 48). Figura 48 – Corte transversal mostrando o desnível do terreno e a adaptação dos pavimentos - Casa das Canoas. Fonte: Cavalcanti (2012). 42WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA O acesso para o pavimento inferior se dá por uma escada de um lance só. Esta circulação vertical está locada entre a cozinha e a grande pedra natural que compõe a con� guração plástica da casa, a qual trataremos adiante. A escada, por sua vez, não � ca completamente exposta no setor social. Parece haver uma gradação do espaço de convívio, para o espaço íntimo da residência. Esta gradação é provocada justamente pela con� guração de chegada do usuário até a escada que liga os dois pavimentos. É como se percebêssemos pelo arranjo dos ambientes do piso superior a ideia de que nem todos estão convidados a descer na área íntima. Ao avançar a escada, o usuário se depara com uma pequena saleta. A partir deste espaço é que os quatros quartos estão distribuídos (Figura 49 e 50). Figura 49 – Acesso da escada ao pavimento inferior (saleta) - Casa das Canoas. Fonte: Casas brasileiras (2010). 43WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 50 – Saleta pavimento inferior - Casa das Canoas. Fonte: Cavalcanti (2012). Como visto, as relações de composição dos espaços internos da residência das Canoas adequam-se em dois pavimentos, um deles de convívio e, portanto, aberto às possibilidades de encontro e vivência, o outro, voltado a área íntima, de repouso, de descanso e, assim, mais isolado, abaixo da terra, protegido de circulações indesejadas. Esta setorização dos ambientes é comum em projetos residenciais que manipulam um possível funcionamento de uma casa disposta a ser aberta à luz do dia e recolher-se quando a noite chega. Embora essas articulações pareçam um tanto racionais internamente, as relações da Casa das Canoas com o espaço externo atenuam essa racionalidade. É possível entender que este projeto de Niemeyer é resultado da grande natureza que à cerca e, principalmente da monumental rocha permanente no terreno que não é desviada da composição do projeto, pelo contrário, a pedra é elemento estruturador da estética que resultou a habitação. De acordo com Dubois (2000), a força da Casa das Canoas está, em primeiro lugar, em sua relação com o entorno natural privilegiado. Segundo ele, a vista do mar, a presença do horizonte e o gabarito quase plano da Pedra da Gávea do Rio de Janeiro, de� niram o formato da residência. A relação exterior e interior da residência é percebida justamente pela ligação que a rocha faz com a piscina e a casa. Reparem na planta (Figura 45), observem que este elemento natural é participante tanto da composição externa do desenho da piscina, quanto da parte interna. Dubois (2000,s.p) aponta que, “a piscina ganha mais um signi� cado funcional, por causa da rocha que se estende até o interior da casa”. De acordo com o autor, o volume da rocha une de forma sólida a casa ao chão e a parte do seu exterior com o seu interior. Para além dessa conexão estrutural por meio da pedra, as relações externas e internas são evidenciadas pela transparência que Niemeyer pensou para a residência. Embora a transparência fosse um desejo do arquiteto, alguns espaços não receberam aberturas. Esse jogo de janelas � uente, como diz Dubois (2000), possibilitou o controle da paisagem a ser vista e da paisagem que de certo modo não seria contemplada. 44WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Minha preocupação foi projetar minha residência com inteira liberdade, adaptando-as aos desníveis do terreno, sem o modi� car, fazendo-a em curvas, de forma a permitir que a vegetação nela penetrasse, sem a separação ostensiva da linha reta. E criei para sala de estar uma zona de sombra, para que a parte envidraçada evitasse cortinas e casa � casse transparente como preferia” (NIEMEYER apud SANTOS, 2003). Figura 51 – Integração interior e exterior - Casa das Canoas. Fonte: Cavalcanti (2012). 45WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 52 – Integração interior e exterior - Casa das Canoas. Fonte: Cavalcanti (2012). Assim, a Casa das Canoas é um projeto fundamental de análise e debruço sobre as possibilidades e estratégias de partido na concepção de um projeto residencial que priorize as relações com o seu entorno físico, com o seu espaço vizinho. Ao mesmo tempo, sugere possibilidades de composição sinuosa, menos regular, atenta à administração do desenho das curvas que possibilitam a construção de espaços em movimento e menos estáticos. Canoas, é uma casa para ser vista e estudada. Assista o vídeo de passeio a Casa das Canoas. https://www.youtube.com/watch?v=ASZ9nPqnbrw 4646WWW.UNINGA.BR UNIDADE 04 CASA EX OF IN – STEVEN HOLL – ESTADOS UNIDOS, ANOS 2010 PROF.A MA. CARLA MARTINS OLIVO PROF. ME. RENAN AVANCI ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: PROJETO ARQUITETÔNICO I - PARTE B 47WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 53 – Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Archidaily (2017). Edi� cação: Casa Ex of In (Figura 53) Tipo: Residência unifamiliar Autor: Steven Holl Ano: 2016 Localização: Rhinebeck, Estados Unidos Metragem: 85.5m² 48WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA A última casa a ser apresentada nesse compêndio de obras correlatas residenciais é a Casa Ex of In do arquiteto estadunidense Steven Holl. A escolha dessa, assim como das demais casas, estão voltadas ao entendimento do espaço do morar, ou melhor dizendo, da desconstrução do espaço de morar vigente e reconhecido na arquitetura da maior parte das moradias na quais habitamos, visitamos e vemos. Entendemos que a percepção e análise dos projetos dessas residências suscitam o debate sobre o espaço e a plástica arquitetônica que ele resulta. Atenta-se ao entendimento da função do edifício por meio dos seus ambientes e relações, bem como, da exploração sobre sua arquitetura e intenções plásticas. A ideia da apresentação da casa contemporânea de Steven Holl, a Casa Ex of In, abarca as possibilidades de re� exão sobre a função, a plástica e as sensações in� uenciadas pela arquitetura. Mesmo porque, Steven Holl busca transcender a experiência humana através de projetos dedicados ao lugar e as especi� cidades programáticas que lhe são exigidas (MACLEOD, 2016). Para Steven Holl, os fenômenos das espacialidades dos ambientes, a luz do sol que penetra dentro do edifício e até mesmo a cor dos re� exos dos materiais, tanto na parede, quanto no chão estão, todos em uma relação integral, ou seja, todas as questões como, luz, programa, função, conforto térmicos, plástica e demais condicionantes que abrange o projeto con� guram parte de uma unidade. O edifício passa a ser resultado integral dessas condicionantes (MACLEOD, 2016). Para Guardado (2013, p. 43), o escritório de Steven Holl “pretende ancorar cada obra ao lugar e às circunstâncias do sítio sempre aliado aos princípios base do tempo, do espaço, da luz e dos materiais”. A Casa Ex of In, projetada recentemente pelo arquiteto, pode ser síntese de todo esse pensamento introdutório e geral sobre a arquitetura defendida pelo arquiteto. Segundo eles, esta casa é uma manifestação construída e materializada de um projeto de pesquisa e desenvolvimento desde 2014 chamado Explorations of In (Exploração do Interior). Resumidamente, esta pesquisa formata sete pontos que contribuem para a exploração do interiorna arquitetura, dos clichês das linguagens arquitetônicas e da prática comercial (HOLL, 2019). Todos esses pontos reunidos pela expressão “In”: Os sete pontos são: 1. Estudar a arquitetura livre do puramente objetivo. 2. É a partir das origens da arquitetura que se explora seu interior. 3. “In”: todo espaço, é espaço sagrado. 4. A arquitetura do “In” domina espaço através de outro espaço. 5. O Intrínseco “In” é uma força elementar da beleza sensual. 6. “In” é inútil, mas será utilizado no futuro. O propósito, encontra o “in”. 7. O que contém não é o que está contido. Como visto, Holl estabelece sete pontos que procuram explorar as dinâmicas de entendimento e concepção do espaço interior. Essa exploração, fruto do projeto de pesquisa em desenvolvimento pelo próprio arquiteto, torna-se complexa nesta inicial fase de aprendizado sobre os processos que envolvem o método e o entendimento da ação de projetar e conceber um edifício. Trataremos esses pontos em um outro momento com maior maturidade arquitetônica. Todavia, a apresentação deste item em conformidade com a residência Ex of In a qual nos dispomos estudar, é de fundamental importância para a compreensão de que o projeto de uma residência e de sua concepção não é assim tão arbitrário, tão preso ao gosto do arquiteto. O que este estudo demonstra é o espaço do morar, do interior do edifício residencial que está em constante estudo e observação. 49WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 54 – Croqui da Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Archidaily (2017). A Casa Ex of In é uma casa experimental, criada para con� gurar-se como uma casa de hóspede (cinco pessoas) e também pensada como alternativa para as casas suburbanas contemporâneas que se espalham na cidade. Compacta em 85 m², a casa possui uma geometria irregular e multifacetada por excêntricas aberturas que dinamiza o alto e o baixo por meio de inclinações de paredes, cobertura e manipulações do piso em sua parte interior (HOLL, 2019). Todo o espaço interno acaba sendo uma grande brincadeira para atender aos usuários. Nas palavras do arquiteto, um edifício deve oferecer mais quando você entra nele do que quando você o vê de fora (ARCHIDAILY, 2019). Pelo lado externo, a casa tem uma proposta escultural, ainda mais que se encontra implantada isolada em um grande espaço gramado. Dentre as fachadas da residência, pode- se a� rmar que nenhuma é igual entre si. Cada elevação possui um tratamento em relação ao posicionamento das vedações e dos seus sistemas de aberturas - janelas. Em expressão didática, podemos dizer que a residência se con� gura com um grande cubo de madeira escavada e talhada em especí� cos lugares. Esses recortes criam espaços que re� etem uma arquitetura voltada tanto para o seu lado externo, quanto para o seu interior. 50WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 55 – Aberturas da Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Sustentarqui (2017). Figura 56 – Aberturas da Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Sustentarqui (2017). 51WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Como já pode ser observado, a residência de Steven Holl apresenta uma geometria mais complexa em relação às casas que vínhamos estudando nas outras unidades. Mesmo a Casa de Canoas, que se con� gura por meio de uma arquitetura mais orgânica, ainda assim, torna-se mais legível e de claro entendimento que esta residência. Conforme a � gura anterior, Holl, utiliza cada espaço, cada aresta e cada ângulo para propor um espaço mínimo que possa abrigar uma função ou várias delas. Cada “canto”, também é pensado para receber uma determinada luz natural, por meio de uma especí� ca abertura com um particular desenho. A casa ganha particularidades que são de� nidas pontualmente, re� etindo na composição de uma arquitetura resultante mais da concepção dos seus espaços internos, do que o contrário, ou seja, da ideia de que um projeto precise começar por fora. Steven Holl articula e concebe o interior da residência e suas aberturas, adições e subtrações, o que irá compondo a sua parte externa por meio das aberturas das janelas, inclinações e propostas dos materiais. O acesso à residência se dá por meio de um hall con� gurado por um vazio em formato de esfera, conforme mostra o esquema representado na Figura 57. A própria porta de acesso principal já re� ete essa volumetria circular no desenho de sua esquadria. O acesso pelo hall também não está no mesmo nível de todo o pavimento superior. É possível, a partir dele, tanto descer para a sala comum, quanto subir para os demais ambientes. Figura 57 – Hall esférico de acesso a Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Archidaily (2017). Em relação às quatro pequenas residências apresentadas entre as unidades. De quais delas você poderia ser o arquiteto? Quais as características delas que se aproximam com seu ideal de espaço de moradia? Qual delas você considera a mais excêntrica e porquê? Pare um instante e pense, refl ita sobre, talvez, essas quebras de paradigmas que estamos buscando mostrar para vocês. 52WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Portanto, a partir do hall de entrada é possível descer para a sala de estar e da sala de estar têm-se o acesso à cozinha e ao banheiro social. Da abertura da sala de estar é possível contemplar um espelho d’água que passa a compor tanto a parte externa da residência, quanto a parte interna. O formato desses ambientes no nível abaixo do hall possui uma volumetria mais regular, contudo, a dinamicidade da geometria está justamente no jogo dos vários desenhos proporcionados pelas esquadrias, bem como a percepção do usuário com as escalas das alturas destes espaços (Figura 58). Figura 58 – Planta baixa pavimento inferior Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Archidaily (2017). No piso superior, encontra-se uma espécie de mezanino que ainda passa a abrigar as diversas funções que uma pequena residência pode ter. A grande questão é que embora a casa seja uma residência para hóspede, ela não mantém exclusivamente nenhum quarto nos moldes de espaço fechado e recluso. É como se ela atendesse as funções do dormir de cada usuário de maneira aberta. Possivelmente, uma grande desconstrução do planejamento físico das casas habituais. 53WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 59 – Planta baixa pavimento superior - mezanino Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Archidaily (2017). Figura 60 – Maquete física monocromática Casa Ex of In – Steven Holl. Fonte: Archidaily (2017). 54WWW.UNINGA.BR PR OJ ET O AR QU IT ET ÔN IC O I - P AR TE B | U NI DA DE 4 ENSINO A DISTÂNCIA Para conhecer melhor o projeto da Casa Ex of In é possível assistir um docu- mentário produzido pelo Spirit of Space, explicam os conceitos fundamentais e o objetivo que norteou a construção deste projeto. Segue o link: https://vimeo. com/199345992?utm_medium=website&utm_source=archdaily.com.br Portanto, a Casa Ex of In demonstra como a arquitetura pode ser dinâmica sem exatamente ser orgânica. Demonstra o fato que pode ser pensar em todos os cantos e faces do edifício e buscar uma identidade singular e elementar para essas faces e espaços. Ressalta a importância dos desenhos das aberturas como parte de composição estética da forma, bem como, das adições e subtrações que moldam e estruturam a arquitetura a qual se pretende mostrar. CONCLUSÃO O objetivo com a apresentação desses quatro projetos foi demonstrar algumas possibilidades da concepção de projetos residenciais unifamiliares. A partir deles é possível compreender algumas estratégias básicas que podem auxiliar na construção do projeto nessa fase inicial do curso como: • Entendimentosobre a forma e mais variadas possibilidades de composição do espaço que ela possa oferecer. • Compreensão das relações do projeto com as áreas externas e internas. • Sistemas de aberturas e importância diante as possibilidades de proteção solar e transparência da paisagem. • Separação das funções domiciliares por meio de pavimentos e por ambientes, sejam eles integrados ou compartimentados em vários espaços. • A materialidades e diversidade de composições estéticas nas escolhas dos revestimentos que irão vestir os edifícios. • Escalas de apropriação residencial. Percepção física das escalas e das áreas dos ambientes. Dimensionamento. • Relação do projeto com o partido e conceito buscado pelo arquiteto para a materialização das residências. Assim, conseguimos apreender estes e demais pontos que começarão a fazer parte do repertório de projeto e de processo projetual que se inicia agora. 55WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS A CASA DOS OUTROS. A estrutura formal: Pavilhão geométrico em metal. 2019. Disponível em: http://www.casadosoutros.com.br/semana-the-glass-house/. Acesso em: 06 mar. 2019. ARCHDAILY. A catedral de cristal. 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com/445618/ ad-classics-the-crystal-cathedral-philip-johnson/52783ccee8e44e82b0000031-ad-classics-the- crystal-cathedral-philip-johnson-photo. Acesso em: 05 mar. 2019. ARCHDAILY. A implantação e o entorno. 2019. Disponível em: https://www.archdaily. com/60259/ad-classics-the-glass-house-philip-johnson/5037de9528ba0d599b0000d3-ad- classics-the-glass-house-philip-johnson-image. Acesso em: 06 mar. 2019. ARCHDAILY. 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