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114 Unidade IV Unidade IV 7 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Alguns autores e profissionais da área substituem o termo análise das demonstrações contábeis por análise de balanços e, às vezes, por análise das demonstrações financeiras. Portanto, sempre que empregarmos essas expressões, estaremos tratando da análise das demonstrações contábeis. Lembrete Podemos dizer que análise de balanços, análise das demonstrações contábeis e análise das demonstrações financeiras são sinônimos. Iudícibus (2017, p. 14) afirma que a análise de balanços se caracteriza como a “arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Das demonstrações contábeis elaboradas pela contabilidade, os analistas extraem informações a respeito da posição econômica e financeira da empresa, convertem-nas em indicadores e chegam a conclusões que permitam avaliar diversos aspectos da saúde financeira e do desempenho da empresa, auxiliando na tomada de decisões. Em geral, o processo de tomada de decisões segue estas etapas: Escolha de indicadores 1 Comparação com padrões 2 Diagnóstico ou conclusões 3 Decisões 4 Figura 2 – Etapas do processo de tomada de decisões Fonte: Matarazzo (2010, p. 7). Observação A análise das demonstrações contábeis é desenvolvida com base nas demonstrações contábeis apresentadas pela empresa. Logo, o trabalho de análise começa quando termina o trabalho da contabilidade. 115 CONTABILIDADE 7.1 Objetivos e usuários das demonstrações contábeis 7.1.1 Objetivos A análise das demonstrações contábeis, por meio da aplicação de técnicas próprias, procura apresentar um panorama geral sobre a situação econômica e financeira da empresa. O objetivo das demonstrações contábeis é calcular indicadores que permitam compreender, entre outros: • a evolução ou o declínio da situação econômica e financeira; • o desempenho das atividades operacionais; • a geração e a utilização de recursos; • os pontos fortes e fracos percebidos na empresa; • a avaliação de tendências futuras; • as causas que determinaram as variações na situação financeira. 7.1.2 Usuários Assaf Neto (2020) aponta que a análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes objetivos de acordo com os interesses de seus vários usuários. Podemos classificar os usuários em: • Internos: pessoas que fazem parte da empresa. Como usuários internos das informações produzidas pela contabilidade, para fins de administração da empresa de modo geral, temos: — o titular da firma individual (empresário) e os sócios ou acionistas da sociedade; — os diretores, os gerentes e os administradores de todos os níveis (inclusive os auditores internos). • Externos: os principais usuários externos das informações produzidas pela contabilidade são: — bancos; — fornecedores; — governo (ou, mais especificamente, a fiscalização); — auditores externos; — investidores do mercado de capital (no caso de sociedades anônimas de capital aberto). 116 Unidade IV A interpretação dos itens contidos nas demonstrações contábeis faz com que essas demonstrações, por meio da análise, deixem de ser uma reunião de dados e passem a ter valor como informação. O valor de uma conta, expresso no balanço patrimonial ou em qualquer outra demonstração contábil, é compreendido, por meio da análise, como parte de uma informação com base na qual o analista, interno ou externo, pode tomar decisões, como investir na empresa, conceder crédito, fornecer mercadoria a prazo, buscar emprego e comparar a empresa analisada com as demais empresas do setor de atividade em que ela atua. Historicamente, a análise das demonstrações contábeis surgiu com o objetivo de conceder crédito, mas hoje ela é realizada para as mais diferentes finalidades, dependendo do objetivo de quem a faz. 7.2 Ajustes das demonstrações contábeis para fins de análise O balanço patrimonial e a DRE têm um padrão rígido de apresentação (imposto pela Lei n. 6.404/1976), que deve ser seguido por todas as empresas. Esse padrão facilita o trabalho do analista, pois evita que ele tenha que reordenar contas para fins de análise. Entretanto, também é verdade que algumas contas ou grupos de contas, sobretudo do balanço patrimonial, na forma como estão dispostas, apresentam-se de maneira inadequada para fins de análise. Não se trata de uma crítica à Lei n. 6.404/1976, mas de uma constatação. Para facilitar a análise das demonstrações contábeis, devemos proceder a algumas verificações e ajustes: • A conta duplicatas descontadas deverá estar sempre classificada no passivo circulante. • A conta despesas antecipadas deverá ser reclassificada para o patrimônio líquido, reduzindo-o. • A DRE pode ser iniciada pelas vendas líquidas ou – como alguns autores preferem – pelas vendas brutas. 7.3 Demonstrações (relatórios) contábeis utilizadas para análise Iudícibus (2017) diz que relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período. A Lei n. 6.404/1976 estabelece que, ao fim de cada exercício social (12 meses), a diretoria fará elaborar, com base na escrituração contábil, as demonstrações financeiras (ou demonstrações contábeis) relacionadas a seguir: • balanço patrimonial; • demonstração do resultado do exercício; 117 CONTABILIDADE • demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; • demonstração dos fluxos de caixa; • demonstração do valor adicionado. Lembrete A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados pode ser substituída pela demonstração das mutações do patrimônio líquido. 7.4 Técnicas de análise das demonstrações contábeis Em geral, utilizamos três técnicas para analisar as demonstrações contábeis: • análise vertical (AV); • análise horizontal (AH); • análise por indicadores. Para exemplificar as técnicas de análise usadas para aferir o desempenho da empresa, vamos usar as demonstrações contábeis de uma empresa hipotética denominada de Comercial Lambda S.A. Saiba mais Para maior aprofundamento nas técnicas de análise financeira de empresas, recomendamos a consulta a este livro: ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2020. Com relação ao balanço patrimonial e à DRE da empresa Comercial Lambda S.A., os cálculos serão feitos considerando-se duas casas decimais, conservando-se os arredondamentos. A adoção desse critério acarretará, na maioria das vezes, pequenas diferenças, principalmente nas totalizações, o que é perfeitamente aceitável. 118 Unidade IV Observação Produzindo índices e transformando valores das demonstrações financeiras em números relativos ou percentuais, as análises horizontais e verticais são consideradas excelentes instrumentos de avaliação da saúde financeira de empresas. 7.4.1 Análise vertical: balanço patrimonial De acordo com Matarazzo (2010), a análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras. Para isso, calcula-se o percentual de cada conta em relação a um valor-base. Na análise vertical do balanço, calcula-se o percentual de cada conta em relação ao total do ativo ou do passivo e do patrimônio líquido Ao compararmos a relação percentual da nossa empresa com a relação percentual dos concorrentes, poderemos saber, por exemplo, se nossos investimentos em estoque serão maiores do que os investimentos dos concorrentes ou se nossas aplicações no imobilizado estão acompanhando as necessidades de manutenção ou expansão da empresa. Cálculos Para obter os valores da análise vertical do balanço patrimonial, procederemos a uma regra de três simples, em que se considera o total do demonstrativo (ativo ou passivo e patrimônio líquido) igual a 100, sendo o valor do item multiplicado pela base 100 e dividido pelo total, indicando assim a participação relativa da parte (conta ou grupo de contas)em relação ao todo (total do ativo ou do passivo e do patrimônio líquido). Esclarecemos que não vamos demonstrar todos os cálculos. Eles são bastante simples, principalmente com o uso de uma planilha eletrônica, onde basta dividir cada item do balanço patrimonial pelo total do ativo ou do passivo e do patrimônio líquido. Assim, teremos: Caixa e equivalentes de caixa X8 10.000 → 100 1.200 → X X = (1.200 × 100) ÷ 10.000 = 12,00% Caixa e equivalentes de caixa X9 11.700 → 100 1.400 → X X = (1.400 × 100) ÷ 11.700 = 11,97% 119 CONTABILIDADE Clientes X8 10.000 → 100 1.300 → X X = (1.300 × 100) ÷ 10.000 = 13,00% Clientes X9 11.700 → 100 1.800 → X X = (1.800 × 100) ÷ 11.700 = 15,38% Estoques X8 10.000 → 100 1.500 → X X = (1.500 × 100) ÷ 10.000 = 15,00% Estoques X9 11.700 → 100 1.600 → X X = (1.600 × 100) ÷ 11.700 = 13,68% Total circulante X8 10.000 → 100 4.000 → X X = (4.000 × 100) ÷ 10.000 = 40,00% Total circulante X9 11.700 → 100 4.800 → X X = (4.800 × 100) ÷ 11.700 = 41,03% Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas e grupos de contas do ativo e do passivo e do patrimônio líquido, para que possamos completar toda a tabela da análise vertical. A seguir, apresentamos a análise vertical do balanço patrimonial da empresa Comercial Lambda S.A., em milhares de reais. 120 Unidade IV Tabela 23 – Comercial Lambda S.A.: análise vertical (ativo) Ativo X8 AV% X9 AV% Ativo circulante Caixa e equivalentes de caixa 1.200 12,00 1.400 11,97 Clientes 1.300 13,00 1.800 15,38 Estoques 1.500 15,00 1.600 13,68 Total circulante 4.000 40,00 4.800 41,03 Ativo não circulante Realizável a longo prazo 860 8,60 720 6,15 Investimento 770 7,70 620 5,30 Imobilizado 3.200 32,00 4.300 36,75 Intangível 1.170 11,70 1.260 10,77 Total não circulante 6.000 60,00 6.900 58,97 Total do ativo 10.000 100,00 11.700 100,00 Tabela 24 – Comercial Lambda S.A.: análise vertical (passivo e patrimônio líquido) Passivo e patrimônio líquido X8 AV% X9 AV% Passivo circulante Fornecedores 1.800 18,00 2.600 22,22 Empréstimos 1.300 13,00 1.500 12,82 Total circulante 3.100 31,00 4.100 35,04 Passivo não circulante Financiamentos 1.400 14,00 1.200 10,26 Obrigações com controladas 500 5,00 1.500 12,82 Total não circulante 1.900 19,00 2.700 23,08 Patrimônio líquido Capital 3.200 32,00 3.500 29,91 Reservas 1.500 15,00 1.000 8,55 Lucros acumulados 300 3,00 400 3,42 Total do patrimônio líquido 5.000 50,00 4.900 41,88 Total do passivo e do patrimônio líquido 10.000 100,00 11.700 100,00 Observando esses dados, podemos concluir que a empresa Comercial Lambda S.A. está investindo nos dois exercícios, X8 e X9, em proporções maiores no ativo não circulante do que no ativo circulante, com destaque em ambos os exercícios sociais para o ativo imobilizado, o que demonstra uma preferência pela aplicação em itens que venham a contribuir para a manutenção ou expansão das atividades operacionais da empresa. Quanto ao ativo circulante, nos dois exercícios sociais há praticamente um equilíbrio de aplicação nos itens que formam esse grupo. 121 CONTABILIDADE Notamos também que em X9 a empresa tem seus ativos financiados, na maior parte, por capital de terceiros, 58,12% contra 41,88% de participação de capitais próprios. 7.4.2 Análise vertical: DRE Na análise vertical da DRE, calcula-se a percentagem do total das vendas (brutas ou líquidas) em relação ao que foi aplicado em cada item. Ao comparar essa relação percentual da nossa empresa com a dos concorrentes, poderemos saber, por exemplo, se nosso custo é mais elevado do que o dos concorrentes, para então projetar uma melhor política em relação a eles – se nossos percentuais de despesas com vendas, despesas administrativas e lucros estão aumentando ou diminuindo em relação aos nossos próprios exercícios e em relação aos concorrentes. Cálculos Para obter os valores da análise vertical da DRE, procederemos a uma regra de três simples, em que se considera o total da receita (bruta ou líquida) igual a 100, sendo o valor do item multiplicado pela base 100 e dividido pelo total da receita (bruta ou líquida), indicando assim a participação relativa de cada item que integra a DRE em relação ao total das receitas. Devoluções X8 12.000 → 100 100 → X X = (100 × 100) ÷ 12.000 = 0,83% Devoluções X9 13.500 → 100 80 → X X = (80 × 100) ÷ 13.500 = 0,59% Imposto sobre vendas X8 12.000 → 100 1.500 → X X = (1.500 × 100) ÷ 12.000 = 12,50% Imposto sobre vendas X9 13.500 → 100 1.220 → X X = (1.220 × 100) ÷ 13.500 = 9,04% 122 Unidade IV Receita líquida X8 12.000 → 100 10.400 → X X = (10.400 × 100) ÷ 12.000 = 86,67% Receita líquida X9 13.500 → 100 12.200 → X X = (12.200 × 100) ÷ 13.500 = 90,37% Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas da DRE, de modo que possamos completar toda a tabela da análise vertical da demonstração. A seguir, apresentamos a análise vertical da DRE da empresa Comercial Lambda S.A., em milhões de reais. Tabela 25 – Comercial Lambda S.A.: análise vertical (DRE) Contas X8 AV% X9 AV% Receita bruta 12.000 100,00 13.500 100,00 Devoluções (100) (0,83) (80) (0,59) Imposto sobre vendas (1.500) (12,50) (1.220) (9,04) = Receita líquida 10.400 86,67 12.200 90,37 CMV (7.200) (60,00) (8.300) (61,48) = Lucro bruto 3.200 26,67 3.900 28,89 Despesas com vendas (1.800) (15,00) (1.600) (11,85) Despesas administrativas (400) (3,33) (350) (2,59) Resultado antes das receitas (despesas) financeiras 1.000 8,34 1.950 14,45 Receitas financeiras 1.300 10,83 900 6,67 Despesas financeiras (1.100) (9,17) (800) (5,93) = Resultado antes dos tributos sobre o lucro 1.200 10,00 2.050 15,19 Imposto de renda e contribuição social (300) (2,50) (450) (3,33) = Resultado do exercício 900 7,50 1.600 11,86 Observando a tabela, podemos destacar que na empresa Comercial Lambda S.A. o lucro líquido nos exercícios de X8 e X9 corresponde a 7,50% e 11,86% da receita bruta. Logo, 92,50% e 88,14% foram, respectivamente, nesses mesmos exercícios sociais, consumidos por custos e despesas. Os lucros brutos correspondem, nos exercícios de X8 e X9, respectivamente a 26,67% e 28,89%, o que mostra elevação percentual. Quanto às despesas operacionais, todas apresentam redução de X8 para X9 em relação à receita bruta. 123 CONTABILIDADE 7.4.3 Análise horizontal: balanço patrimonial A análise horizontal, de evolução ou de tendência, semelhante à análise vertical, apresenta uma sistemática de cálculo bastante simples, consistindo em fixar um período contábil em 100% e dividir os itens do balanço patrimonial dos demais períodos por esse período-base. Observação Para proceder à análise horizontal é necessário ter, no mínimo, demonstrativos contábeis referentes a dois períodos. Cálculos Para obter os valores da análise horizontal do balanço patrimonial, procederemos a uma regra de três simples, em que se considera o ano de X8 como data-base, igualando-se a 100, sendo o valor do item multiplicado pela base 100 e dividido pelo valor do mesmo item em X9. O resultado obtido inclui o percentual da base. Assim, para encontrarmos a variação, devemos diminuir a base 100 do resultado obtido. Observação Para transformarmos o índice em percentual, é necessário diminuir a base 100. Por exemplo: Caixa e equivalentes de caixa X1 100.000 Caixa e equivalentes de caixa X2 150.000 100.000 → 100 150.000 → X X = 150 Diminuindo-se a base 100 = 50%. Isso significa que caixa e equivalentes de caixa, de X1 para X2, apresentaram um aumento de 50%. Lembramos que não vamos demonstrar todos os cálculos, pois eles são bastante simples, principalmente com o uso de uma planilha eletrônica. Caixa e equivalentes de caixa X9 1.200 → 100 1.400 → X X = (1.400 × 100) ÷ 1.200 = 116,67 – 100 = 16,67% 124 Unidade IV Clientes X9 1.300 → 100 1.800 → X X = (1.800 × 100) ÷ 1.300 = 138,46 – 100 = 38,46% Estoques X9 1.500 → 100 1.600 → X X = (1.600 × 100) ÷ 1.500 = 106,67 – 100 = 6,67% Total circulante X9 4.000→ 100 4.800 → X X = (4.800 × 100) ÷ 4.000 = 120,00 – 100 = 20,00% Total realizável LP X9 860 → 100 720 → X X = (720 × 100) ÷ 860 = 83,72 – 100 = – 16,28% Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas e grupos de contas do ativo e do passivo e do patrimônio líquido, para que possamos completar toda a tabela da análise horizontal. A seguir, apresentamos a análise horizontal do balanço patrimonial da empresa Comercial Lambda S.A., em milhares de reais. Tabela 26 – Comercial Lambda S.A.: análise horizontal (ativo) Ativo X8 AH X9 AH Ativo circulante Caixa e equivalentes de caixa 1.200 100 1.400 116,67 Clientes 1.300 100 1.800 138,46 Estoques 1.500 100 1.600 106,67 Total circulante 4.000 100 4.800 120,00 Ativo não circulante Realizável a longo prazo 860 100 720 83,72 Investimento 770 100 620 80,52 Imobilizado 3.200 100 4.300 134,38 Intangível 1.170 100 1.260 107,69 Total não circulante 6.000 100 6.900 115,00 Total do ativo 10.000 100 11.700 117,00 125 CONTABILIDADE Tabela 27 – Comercial Lambda S.A.: análise horizontal (passivo e patrimônio líquido) Passivo e patrimônio líquido X8 AH X9 AH Passivo circulante Fornecedores 1.800 100 2.600 144,44 Empréstimos 1.300 100 1.500 115,38 Total circulante 3.100 100 4.100 132,26 Passivo não circulante Financiamentos 1.400 100 1.200 85,71 Obrigações com controladas 500 100 1.500 300,00 Total não circulante 1.900 100 2.700 142,11 Patrimônio líquido Capital 3.200 100 3.500 109,38 Reservas 1.500 100 1.000 66,67 Lucros acumulados 300 100 400 133,33 Total do patrimônio líquido 5.000 100 4.900 98,00 Total do passivo e do patrimônio líquido 10.000 100 11.700 117,00 O total do ativo apresentou um crescimento de 17% de X9 em relação a X8. No ativo, o item que teve maior crescimento foi o de estoques, que apresentou, de X8 para X9, um crescimento de 38,46%, e o item que teve o maior decréscimo foi o de investimento, com redução de 19,48%. No passivo e no patrimônio líquido, o passivo não circulante foi o grupo que apresentou o maior crescimento, com aumento de 42,11%. Já o patrimônio líquido apresentou redução de 2%. 7.4.4 Análise horizontal: DRE A análise horizontal da DRE apresenta, tal qual a análise horizontal no balanço patrimonial, uma sistemática bem simples, que consiste em fixar um período contábil em 100% e dividir os itens da DRE dos demais períodos por esse período-base. Assim, a análise horizontal da DRE requer, no mínimo, demonstrativos contábeis referentes a dois períodos. Cálculos Para obter os valores da análise horizontal da DRE, procederemos a uma regra de três simples, em que se considera o ano de X8 como data-base, igualando-se a 100, sendo o valor do item multiplicado pela base 100 e dividido pelo valor do mesmo item em X9. 126 Unidade IV O resultado obtido inclui o percentual da base. Assim, para encontrarmos a variação, devemos diminuir a base 100 do resultado obtido. Ressaltamos mais uma vez que não vamos demonstrar todos os cálculos, pois eles são bastante simples, principalmente com o uso de uma planilha eletrônica. Receita bruta X9 12.000 → 100 13.500 → X X = (13.500 × 100) ÷ 12.000 = 112,50 – 100 = 12,50% Devoluções X9 100 → 100 80 → X X = (80 × 100) ÷ 100 = 80 – 100 = – 20% Imposto sobre venda X9 1.500 → 100 1.220 → X X = (1.220 × 100) ÷ 1.500 = 81,33 – 100 = – 18,67% Receita líquida X9 10.400 → 100 12.200 → X X = (12.200 × 100) ÷ 10.400 = 117,31 – 100 = 17,31% Essa sistemática de cálculo deve ser repetida para todas as contas da DRE, para que possamos completar toda a tabela da análise horizontal. A seguir, apresentamos a análise horizontal da DRE da empresa Comercial Lambda S.A., em milhões de reais. 127 CONTABILIDADE Tabela 28 – Comercial Lambda S.A.: análise horizontal (DRE) Contas X8 AH X9 AH Receita bruta 12.000 100 13.500 112,50 Devoluções (100) 100 (80) 80,00 Imposto sobre vendas (1.500) 100 (1.220) 81,33 = Receita líquida 10.400 100 12.200 117,31 CMV (7.200) 100 (8.300) 115,28 = Lucro bruto 3.200 100 3.900 121,88 Despesas com vendas (1.800) 100 (1.600) 88,89 Despesas administrativas (400) 100 (350) 87,50 Resultado antes das receitas (despesas) financeiras 1.000 100 1.950 195,00 Receitas financeiras 1.300 100 900 69,23 Despesas financeiras (1.100) 100 (800) 72,73 = Resultado antes dos tributos sobre o lucro 1.200 100 2.050 170,83 Imposto de renda e contribuição social (300) 100 (450) 150,00 = Resultado do exercício 900 100 1.600 177,78 A receita líquida apresentou um crescimento, de X8 para X9, de 17,31%, percentual esse que quase foi acompanhado pelo CMV, que apresentou um crescimento de 15,28%. O lucro bruto apresentou um crescimento, no período, de 21,88%, e o resultado antes dos tributos sobre o lucro (operacional) e o resultado do exercício apresentaram, respectivamente, um crescimento de 70,83% e 77,78% de X8 para X9, o que é bastante expressivo. A causa desse resultado, certamente, é a queda das devoluções dos impostos sobre vendas e das despesas operacionais. Saiba mais Para aprimorar seus conhecimentos acerca da análise de balanços, notadamente da análise horizontal das demonstrações financeiras, seguida da análise vertical, consulte o livro de Dante Carmine Matarazzo indicado a seguir. Nele, você encontrará diversos exemplos de uso de tais análises. MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. São Paulo: Atlas, 2010. 8 ANÁLISE POR INDICADORES Segundo Iudícibus (2017), a técnica de análise financeira por quocientes é um dos mais importantes desenvolvimentos da contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o ativo circulante com o passivo circulante do que apenas analisar cada um dos elementos individualmente. 128 Unidade IV A análise por quocientes também é denominada de análise por indicadores ou índices. Por muito tempo, foi denominada de análise por índices, mas atualmente indicadores é o termo preferido pelos analistas de mercado. Os indicadores são divididos em quatro grupos: • indicadores de endividamento ou de estrutura de capitais; • indicadores de liquidez; • indicadores de atividade ou rotatividade; • indicadores de rentabilidade ou lucratividade. Para demonstrar o cálculo e a interpretação desses indicadores, vamos utilizar o balanço patrimonial e a DRE da empresa Comercial Lambda S.A., do tópico anterior. Observação Estabelecer indicadores de situações específicas referentes aos aspectos econômicos e financeiros de uma empresa é o propósito principal da análise por indicadores. 8.1 Indicadores de endividamento ou de estrutura de capitais Em linhas gerais, este grupo de indicadores procura relacionar a posição de capital próprio com a posição de capital de terceiros. 8.1.1 Participação de capital de terceiros O indicador de participação de capital de terceiros mostra a relação do capital de terceiros com o patrimônio líquido, evidenciando a dependência da empresa quanto aos recursos externos (capital de terceiros). Fórmula: (capital de terceiros ÷ patrimônio líquido) × 100 Capital de terceiros = passivo circulante (PC) + passivo não circulante (PNC) Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: X8 = ((3.100 + 1.900) ÷ 5.000) × 100 X8 = 5.000 ÷ 5.000 × 100 = 100 X9 = ((4.100 + 2.700) ÷ 4.900) × 100 X9 = (6.800 ÷ 4.900) × 100 = 138,78 129 CONTABILIDADE Em X8, para cada R$ 100,00 de capital próprio, a empresa tomou R$ 100,00 de capital de terceiros. Já em X9, para cada R$ 100,00 de capital próprio, a empresa tomou R$ 138,78 de capital de terceiros, evidenciando maior dependência de capital de terceiros. 8.1.2 Composição do endividamento Este indicador mostra o quanto da dívida total da empresa deverá ser paga a curto prazo, isto é, as obrigações a curto prazo comparadas com as obrigações totais. Fórmula: (passivo circulante ÷ capital de terceiros) × 100 Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: X8 = 3.100 ÷ (3.100 + 1.900) × 100 X8 = (3.100 ÷ 5.000) × 100 = 62,00 X9 = 4.100 ÷ (4.100 + 2.700) × 100 X9= (4.100 ÷ 6.800) × 100 = 60,29 Para cada R$ 100,00 de dívidas totais com terceiros, a empresa deve pagar R$ 62,00 e R$ 60,29, respectivamente, em X8 e X9, a curto prazo, e R$ 38,00 e R$ 39,71, respectivamente, em X8 e X9, a longo prazo. Verifica-se que a maioria das dívidas estão concentradas no curto prazo. 8.1.3 Imobilização do patrimônio líquido O indicador imobilização do patrimônio líquido mostra quanto do patrimônio líquido da empresa está aplicado em investimentos, imobilizado e intangível. Fórmula: (investimentos + imobilizado + intangível ÷ patrimônio líquido) × 100 Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: X8 = (5.140 ÷ 5.000) × 100 = 102,80 X9 = (6.180 ÷ 4.900) × 100 = 126,12 Esse indicador mostra que, em X8, para cada R$ 100,00 de patrimônio líquido, a empresa aplicou R$ 102,80 em investimentos, imobilizado e intangível, e em X9, o valor subiu para R$ 126,12. 130 Unidade IV 8.1.4 Imobilização de recursos não correntes O indicador revela o grau de imobilização dos capitais de longo prazo (inclusive PL). Por meio dele, é possível identificar os recursos próprios e de terceiros, a longo prazo, que estão financiando os investimentos, o imobilizado e o intangível. Fórmula: (investimentos + imobilizado + intangível ÷ (patrimônio líquido + passivo não circulante)) × 100 Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: X8 = (5.140 ÷ (5.000 + 1.900)) × 100 X8 = (5.140 ÷ 6.900) × 100 = 74,49 X9 = (6.180 ÷ (4.900 + 2.700)) × 100 X9 = (6.180 ÷ 7.600) × 100 = 81,32 Este indicador mostra que a empresa destinou ao financiamento de investimentos, imobilizado e intangível, respectivamente, em X8 e X9, R$ 74,49 e R$ 81,32 dos recursos não correntes. 8.1.5 Dependência financeira Este indicador mostra a dependência financeira da empresa em relação ao capital de terceiros – evidencia o quanto dos ativos estão sendo financiados por capital de terceiros. Fórmula: (capital de terceiros ÷ ativo total) × 100 Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: X8 = (5.000 ÷ 10.000) × 100 = 50,00% X9 = (6.800 ÷ 11.700) × 100 = 58,12% Esses indicadores mostram que, em X8, para cada R$ 100,00 de ativos, R$ 50,00 estão sendo financiados por capital de terceiros, ou seja, 50%. Em X9, esse percentual sobe para 58,12%. 8.1.6 Independência financeira Inversamente ao indicador anterior, o indicador de independência financeira revela o quanto a empresa depende de seus próprios recursos, comparativamente com o capital de terceiros. 131 CONTABILIDADE Fórmula: (patrimônio líquido ÷ ativo total) × 100 Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: X8 = (5.000 ÷ 10.000) × 100 = 50,00% X9 = (4.900 ÷ 11.700) × 100 = 41,88% Esses indicadores mostram que, em X8, a independência financeira corresponde a 50% – para cada R$ 100,00 de ativos, R$ 50,00 estão sendo financiados por capital próprio. Em X9, esse percentual diminuiu para 41,88% – para cada R$ 100,00 de ativos, R$ 41,88 estão sendo financiados por capital próprio. 8.2 Indicadores de liquidez Os indicadores de liquidez visam medir a capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os ativos e os passivos. O objetivo deste indicador é avaliar se a empresa tem condições de pagar suas dívidas. 8.2.1 Liquidez geral O indicador de liquidez geral mostra quanto a empresa tem em dinheiro, bens e direitos realizáveis, a curto e a longo prazo, para fazer frente às suas dívidas totais. Fórmula: (ativo circulante + ativo realizável a longo prazo) ÷ (passivo circulante + passivo não circulante) Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: X8 = (4.000 + 860) ÷ (3.100 + 1.900) = 4.860 ÷ 5.000 = 0,97 X9 = (4.800 + 720) ÷ (4.100 + 2.700) = 5.520 ÷ 6.800 = 0,81 Para cada R$ 1,00 do total das obrigações para com terceiros, a empresa Comercial Lambda S.A. apresenta, nos anos de X8 e X9 respectivamente, R$ 0,97 e R$ 0,81 de bens e direitos a curto e longo prazo para cobri-las. 8.2.2 Liquidez corrente O indicador de liquidez corrente mostra quanto a empresa tem em dinheiro mais bens e direitos realizáveis a curto prazo, em comparação com suas dívidas a serem pagas no mesmo período. 132 Unidade IV Fórmula: ativo circulante ÷ passivo circulante Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: X8 = 4.000 ÷ 3.100 = 1,29 X9 = 4.800 ÷ 4.100 = 1,17 Para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo, a empresa Comercial Lambda S.A. tem, nos anos de X8 e X9 respectivamente, R$ 1,29 e R$ 1,17 de bens e direitos, também a curto prazo. 8.2.3 Liquidez seca Este indicador diferencia-se do quociente de liquidez corrente por excluir, do ativo circulante, os valores referentes aos estoques. Mostra quanto a empresa tem de ativo circulante, desconsiderando os estoques, para pagar o passivo circulante. Fórmula: (ativo circulante – estoques) ÷ passivo circulante Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: X8 = (4.000 – 1.500) ÷ 3.100 = 2.500 ÷ 3.100 = 0,81 X9 = (4.800 – 1.600) ÷ 4.100 = 3.200 ÷ 4.100 = 0,78 Os indicadores obtidos mostram que, se não forem considerados os estoques, a empresa Comercial Lambda S.A. terá R$ 0,81 e R$ 0,78 de bens e direitos a curto prazo para fazer frente a cada R$ 1,00 de obrigações, também a curto prazo. 8.2.4 Liquidez imediata O indicador de liquidez imediata mede o volume de valores disponíveis (caixas, bancos, aplicações de curto prazo, ou seja, caixa e equivalentes de caixa) mantido pela empresa para pagar o passivo circulante. Fórmula: (caixa e equivalentes de caixa ) ÷ passivo circulante Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: X8 = 1.200 ÷ 3.100 = 0,39 X9 = 1.400 ÷ 4.100 = 0,34 133 CONTABILIDADE Analisando os quocientes obtidos da empresa Comercial Lambda S.A., observamos um declínio, ou seja, o indicador que era de R$ 0,39 em X8 passou para R$ 0,34 em X9. Isso significa que, em X8, a empresa apresentou R$ 0,39 para cada R$ 1,00 de passivo circulante e, em X9, o indicador caiu para R$ 0,34 para cada R$ 1,00. 8.3 Indicadores de atividade ou indicadores de prazos médios Em linhas gerais, este grupo de indicadores procura demonstrar a velocidade, em número de vezes, de renovação do item patrimonial. Matarazzo (2010, p. 260) destaca: Os índices de prazos médios não devem ser analisados individualmente, mas sempre em conjunto. Também não é recomendável misturar a análise dos índices de prazos médios com a dos índices econômicos e financeiros. A conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos operacional e de caixa, elementos fundamentais para a determinação de estratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras, geralmente vitais para a determinação do fracasso ou sucesso de uma empresa. Basicamente, existem três índices de prazos médios que podem ser encontrados a partir das demonstrações financeiras. 8.3.1 Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) Matarazzo (2010) observa que o volume de investimentos em duplicatas a receber é determinado pelo prazo médio de recebimento de vendas. Fórmula: PMRV = (duplicatas a receber médias × 360 dias) ÷ vendas líquidas Interpretação: quanto menor, melhor. O primeiro passo é o cálculo das duplicatas a receber médias: DR médias = (duplicatas a receber X8 + duplicatas a receber X9) ÷ 2 DR médias = (1.300 + 1.800 ) ÷ 2 = 3.100 ÷ 2 = 1.550 Vemos que, neste e em qualquer indicador cuja fórmula trabalha com valores médios, não podemos calcular o indicador ou quociente do primeiro ano, pois não temos o valor do ano anterior. PMRV X9 = (1.550 × 360 dias) ÷ 12.200 = 45,74 dias 134 Unidade IV O indicador obtido mostra que a empresa Comercial Lambda S.A. levou, em média, 45 dias para receber suas vendas a prazo no ano de X9. 8.3.2 Prazo médio de renovação de estoques (PMRE) O prazo médio de renovação dos estoques indica quantos dias, em média, os produtos ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos e está diretamente ligado ao giro dos estoques. Fórmula: (estoques médios × 360 dias) ÷ custo das vendas (CMV) Interpretação: quanto menor, melhor.Exemplo: Estoque médio = (estoque X8 + estoque X9) ÷ 2 Estoque médio = (1.500 + 1.600) ÷ 2 = 3.100 ÷ 2 = 1.550 PMRE X9 = (1.550 × 360 dias) ÷ 8.300 = 67,23 dias O indicador obtido mostra que a empresa Comercial Lambda S.A. levou, em média, 67 dias para renovar seus estoques de mercadorias no ano de X9. 8.3.3 Prazo médio de pagamento de compras (PMPC) O prazo médio de pagamento de compras indica quantos dias, em média, a empresa demora para pagar seus fornecedores, ou seja, para pagar as compras. Fórmula: (fornecedores médios × 360 dias) ÷ compras Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: Cálculo das compras CMV = EI + C – EF Onde: • CMV: custo das mercadorias vendidas • EI: estoque inicial 135 CONTABILIDADE • C: compras • EF: estoque final 8.300 = 1.500 + C – 1.600 C = 8.300 + 1.600 – 1.500 C = 8.400 Cálculo dos fornecedores médios (1.800 + 2.600) ÷ 2 = 2.200 PMPC X9 = (2.200 × 360 dias) ÷ 8.400 = 94,29 dias O indicador obtido revela que a empresa Comercial Lambda S.A. paga seus fornecedores, em média, 94 dias após a realização das compras. 8.3.4 Ciclos de atividade: ciclo operacional (CO) e ciclo financeiro (CF) O ciclo operacional (CO) mostra quantos dias a empresa espera entre a aquisição da matéria-prima e o recebimento das vendas. Fórmula: CO = PMRE + PMRV Exemplo: PMRE X9 = 67,23 dias PMRV X9 = 45,74 dias Portanto: PMRE + PMRV = 112,97 dias O ciclo financeiro (CF) mostra quantos dias a empresa financia sozinha o ciclo operacional (CO). Fórmula: CF = CO – PMPC Exemplo: CF = 112,97 dias – PMPC Portanto: 112,97 dias – 94,29 dias = 18,68 dias 136 Unidade IV Conclui-se que a empresa Comercial Lambda S.A. esperou 112 dias entre a compra da matéria-prima e o recebimento da venda da mercadoria, e o período de tempo em que os recursos da empresa se encontraram comprometidos entre o pagamento da mercadoria e o recebimento pela venda de seus produtos foi de 18 dias. 8.4 Indicadores de rentabilidade (retorno sobre o investimento) Este grupo de indicadores procura, em linhas gerais, mostrar a margem de lucro (rentabilidade), o retorno do capital investido e a velocidade das operações realizadas. Segundo Matarazzo (2010), esses indicadores apontam a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa. 8.4.1 Giro do ativo (GA) O giro do ativo é um dos principais indicadores da atividade da empresa. Estabelece relação entre as vendas do período e os investimentos totais. Indica quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total. Revela quanto os ativos estão contribuindo para gerar vendas. Fórmula: vendas líquidas ÷ ativo médio Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: Ativo médio = (10.000 + 11.700) ÷ 2 = 10.850 GA X9 = 12.200 ÷ 10.850 = 1,12 Esse indicador mostra que a empresa Comercial Lambda S.A. girou 1,12 vez no ano de X9 seus ativos médios em relação a suas vendas. Isso significa que a empresa vendeu R$ 1,12 para cada R$ 1,00 de ativo total. 8.4.2 Margem líquida (ML) O indicador de margem líquida mostra o retorno sobre as vendas ao comparar o lucro líquido com as vendas líquidas do período, e fornece o percentual de lucro que a empresa obtém em relação ao seu faturamento. Determina quanto a empresa gera de lucro para cada R$ 100,00 de vendas líquidas. Fórmula: (lucro líquido ÷ vendas líquidas) × 100 Interpretação: quanto maior, melhor. 137 CONTABILIDADE Exemplo: ML X8 = (900 ÷ 10.400) × 100 = 8,65% ML X9 = (1.600 ÷ 12.200) × 100 = 13,11% Os indicadores obtidos mostram o quanto “sobrou” da receita gerada pela empresa Comercial Lambda S.A. nos anos de X8 e X9, após a dedução dos custos e despesas incorridos. Temos então que, para cada R$ 1,00 vendido em X8 e X9, respectivamente, há R$ 0,09 e R$ 0,13 convertidos em lucro para a empresa. 8.4.3 Rentabilidade do ativo total (RAT) Este indicador mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao ativo (MATARAZZO, 2010). Fórmula: (lucro líquido ÷ ativo total médio) × 100 Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: Ativo total médio = (10.000 + 11.700) ÷ 2 = 10.850 RAT X9 = (1.600 ÷ 10.850) × 100 = 14,75% Este indicador mostra que a empresa Comercial Lambda S.A., no ano de X9, ao confrontar o lucro líquido com o ativo total médio, obteve um percentual de 14,75% do lucro gerado, em relação à movimentação dos recursos materiais e financeiros aplicados nos seus ativos. 8.4.4 Rentabilidade do patrimônio líquido (RPL) Este indicador mostra os resultados globais auferidos pela gerência na gestão de recursos próprios e de terceiros, em benefício dos acionistas. Fórmula: (lucro líquido ÷ patrimônio líquido médio) × 100 Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: Patrimônio líquido médio = (5.000 + 4.900) ÷ 2 = 4.950 RPL X9 = (1.600 ÷ 4.950) × 100 = 32,32% 138 Unidade IV Este indicador mostra que a empresa Comercial Lambda S.A. gerou, para seus acionistas, um rendimento de 32,32% de lucro no ano de X9. Essa taxa pode ser comparada, por exemplo, com as taxas de juros pagas pelo mercado financeiro em aplicações de renda fixa no mesmo período. Observação As análises que tenham como base a aplicação individual das técnicas apresentadas (AV, AH e análise por indicadores) podem apresentar resultados pouco satisfatórios. Por isso, essas técnicas devem ser aplicadas de forma conjunta. Tendo em mãos as demonstrações contábeis padronizadas a serem analisadas, cabe ao administrador financeiro, em seguida, determinar as técnicas de análise e os principais indicadores que serão utilizados. As análises vertical e horizontal são técnicas que facilitam a compreensão da situação da empresa e de suas variações. A análise por indicadores é feita com base na divisão de um grupo de contas específico (ou conta) por outro grupo de contas (ou conta) do balanço patrimonial ou da demonstração do resultado do exercício. O quociente que resulta dessa divisão é utilizado como indicador da tendência da situação econômica ou financeira da empresa. 139 CONTABILIDADE Resumo Nesta unidade, vimos como analisar as demonstrações contábeis, sua importância para os usuários e seus propósitos gerenciais. Apresentamos a análise horizontal, vertical e por meio de indicadores, incluindo sua finalidade, forma de cálculo e amplitude gerencial. A análise vertical permite à empresa avaliar a estrutura dos itens que compõem as demonstrações contábeis e a sua evolução no período de tempo considerado. Apresentada em valores percentuais, ela demonstra o percentual de cada conta ou grupo de contas em relação ao valor determinado como base. A análise horizontal permite avaliar o crescimento ou o declínio de cada conta ou grupo de contas entre dois ou mais períodos. O cálculo é feito em relação à demonstração contábil do ano anterior ou em relação à demonstração contábil básica, geralmente a mais antiga da série em análise. Essa demonstração será fixada como o índice 100, e os valores dos períodos seguintes serão calculados em relação a esse índice. Já a análise por indicadores, de certa forma, complementa as análises anteriores, fornecendo elementos mais completos, que permitam, pelo cálculo e interpretação de indicadores, identificar tendências que contribuam para a tomada de decisões. Esse tipo de análise, por indicadores, procura estabelecer uma relação entre os diversos grupos de contas que compõem o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício, a fim de possibilitar melhor visão da situação econômica e financeira de uma empresa. A análise por indicadores abrange quatro grandes grupos: indicadores de endividamento ou de estrutura de capitais, indicadores de liquidez, indicadores de atividade ou rotatividade, e indicadores de rentabilidade ou lucratividade. 140 Unidade IV Exercícios Questão 1. Vimos, no livro-texto, que as três técnicas mais usuais de análise de demonstrações contábeis são: • análise vertical(AV); • análise horizontal (AH); • análise por indicadores. Em relação às técnicas citadas, avalie as afirmativas. I – Na análise vertical, tomamos como base os valores absolutos das demonstrações financeiras. II – Na análise horizontal, fixamos um período contábil em 100% e dividimos os itens do balanço patrimonial dos demais períodos por esse período-base. III – Na análise por indicadores, avaliamos individualmente o ativo circulante e o passivo circulante, sem compará-los. É correto o que se afirma em: A) I e II, apenas. B) II e III, apenas. C) I e III, apenas. D) II, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: segundo Matarazzo (2010, p. 170), a análise vertical toma como base os valores percentuais das demonstrações financeiras. Nesse tipo de análise, calculamos o percentual de cada conta em relação a um valor-base. 141 CONTABILIDADE II – Afirmativa correta. Justificativa: a análise horizontal (ou análise de evolução ou, ainda, análise de tendência) fixa um período contábil em 100% e divide os itens do balanço patrimonial dos demais períodos por esse período-base. Para fazermos esse tipo de análise, precisamos ter, no mínimo, os demonstrativos contábeis referentes a dois períodos. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: de acordo com Iudícibus (2017, p. 103), a análise por indicadores (ou técnica de análise financeira por quocientes) é um dos mais relevantes desenvolvimentos da contabilidade. Trata-se de uma técnica indicada para comparar, por exemplo, o ativo circulante e o passivo circulante, em vez de simplesmente analisar cada um dos elementos individuais. Questão 2. (Enade 2012, adaptada) Determinada empresa, em 31/12/2011, apresentou o balanço patrimonial a seguir. Tabela 29 Balanço patrimonial (valores em R$) 2010 2011 Ativo circulante 165.000 108.000 Caixa 45.000 33.000 Duplicatas a receber 120.000 75.000 Ativo não circulante 100.000 200.000 Imóveis 100.000 200.000 Total do ativo 265.000 308.000 Passivo circulante 81.000 195.000 Títulos a pagar 45.000 180.000 Salários a pagar 36.000 15.000 Passivo não circulante 100.000 29.000 Duplicatas a pagar 100.000 29.000 Patrimônio líquido 84.000 84.000 Capital 84.000 84.000 Total do passivo 265.000 308.000 Com base nos dados apresentados, avalie as afirmativas a seguir. I – Pela análise horizontal, o passivo exigível no balanço do ano de 2011 diminuiu em mais do que 50% em relação ao balanço do ano de 2010. II – Em ambos os exercícios, a empresa foi financiada em mais de 50% por recursos de terceiros. III – No ano de 2011, a empresa apresentou aumento no ativo imobilizado em decorrência de uma integralização de capital por parte dos sócios. 142 Unidade IV É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa B. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: por meio da análise horizontal, o passivo exigível de 2011, no valor de R$ 224.000,00, aumentou 23,76% em relação ao balanço do ano de 2010, que apresentava o valor de R$ 181.000,00, conforme calculado a seguir. An lise horizontal %á � � � � � � � � � � � � � �� � 224 000 181 000 1 100 23 76 . . , II – Afirmativa correta. Justificativa: a empresa foi financiada em 68,3%, em 2010, e em 72,7%, em 2011, por recursos de terceiros, conforme calculado a seguir. Endividamento total %2010 181 000 265 000 68 3= =. . , Endividamento total %2011 224 000 308 000 72 7= =. . , III – Afirmativa incorreta. Justificativa: quando há integralização de capital, o saldo da conta aumenta. Analisando o balanço patrimonial apresentado, vemos que o saldo permaneceu inalterado de um ano para o outro. Desse modo, o aumento do imobilizado foi realizado por outra origem de recursos que não o aumento do capital por parte dos sócios. 143 REFERÊNCIAS Textuais ADRIANO, S. Contabilidade geral 3D: básica, intermediária, avançada. Rio de Janeiro: Forense, 2012. ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos comentados. São Paulo: Atlas, 2018. ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC: facilitada e sistematizada. São Paulo: Atlas, 2019. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2020. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2021. ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Fundamentos de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017. BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras e contábeis. São Paulo: Pearson, 2001. BRAGA, H. R.; ALMEIDA, M. C. Mudanças contábeis na lei societária. São Paulo: Atlas, 2008. BRASIL. 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