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44 Unidade II Unidade II 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS I As demonstrações contábeis representam um conjunto de peças contábeis obrigatórias, com o objetivo de prover os usuários da contabilidade com informações úteis para a tomada de decisões. A Lei n. 6.404, no art. 176, regulamenta as demonstrações contábeis exigidas pela legislação societária: Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I – balanço patrimonial; II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III – demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei n. 11.638, de 2007) V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei n. 11.638, de 2007) (BRASIL, 1976). Outro instrumento normativo que exige a apresentação das demonstrações é o CPC 26 (R1), em alinhamento às normas internacionais de contabilidade, que têm por base as International Financial Reporting Standards (IFRS). O item 10 determina o conjunto completo das demonstrações contábeis exigidas. 10. O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui: (a) balanço patrimonial ao final do período; (b1) demonstração do resultado do período; (b2) demonstração do resultado abrangente do período; 45 CONTABILIDADE (c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (d) demonstração dos fluxos de caixa do período; (e) notas explicativas, compreendendo as políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas; (ea) informações comparativas com o período anterior, conforme especificado nos itens 38 e 38A; (f) balanço patrimonial do início do período mais antigo, comparativamente apresentado, quando a entidade aplicar uma política contábil retrospectivamente ou proceder à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou quando proceder à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis de acordo com os itens 40A a 40D; e (f1) demonstração do valor adicionado do período, conforme Pronunciamento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente (CPC, 2011). Para melhor visualizar a exigência das demonstrações contábeis, acompanhe o quadro a seguir. Quadro 7 – Demonstrações contábeis exigidas pela Lei n. 6.404/1976 e pelo CPC 26 (R1) Lei n. 6.404/1976 CPC 26 (R1) Balanço patrimonial (BP) X X Demonstração do resultado do exercício (DRE) X X Demonstração do resultado abrangente (DRA) X Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) X Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) X Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) X X Demonstração do valor adicionado (DVA) X X Observação Os pronunciamentos emitidos pelo CPC não têm poder normativo. Após a sua emissão, devem ser aprovados pelo CFC e transformados em Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC TG), que passam a ser de aplicação obrigatória para todos os profissionais da contabilidade. 46 Unidade II 3.1 Balanço patrimonial Uma das peças fundamentais das demonstrações contábeis é o balanço patrimonial. Por meio dele, podemos apurar (atestar) a situação patrimonial e financeira de uma entidade em certo momento. Nessa demonstração são detalhados o ativo, o passivo e o patrimônio líquido da entidade. 3.1.1 Conceito e classificação O balanço patrimonial é uma demonstração contábil cujo objetivo é evidenciar o patrimônio de uma entidade em determinado momento. A estrutura dessa demonstração contábil está estabelecida nos arts. 178, 179, 180 e 182 da Lei n. 6.404/1976, alterada pelas leis n. 11.638/2007 e n. 11.941/2009. Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – Ativo circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) II – Ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – Passivo circulante; (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) II – Passivo não circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) III – Patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: I – no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; II – no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, 47 CONTABILIDADE acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III – em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei n. 11.638, de 2007) VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei n. 11.638, de 2007) Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do Art. 179 desta Lei. (Redação dada pela Lei n. 11.941, de 2009) Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada. § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; § 2º Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado. 48 Unidade II § 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei, ou em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo § 3º do Art. 177. (Redação dada pela Lei n. 11.941, de 2009) § 4º Serão classificados comoreservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia. § 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição (BRASIL, 1976). 3.1.2 Estrutura do balanço patrimonial Com base na legislação atual, o balanço patrimonial apresenta a estrutura a seguir. Quadro 8 – Estrutura do balanço patrimonial Ativo Passivo e patrimônio líquido Ativo circulante - Disponibilidades - Créditos - Estoques - Despesas antecipadas Ativo não circulante - Realizável a longo prazo - Investimentos - Imobilizado - Intangível Passivo circulante Passivo não circulante Patrimônio líquido Capital social Reservas de capital Ajuste de avaliação patrimonial Reservas de lucros Lucros ou prejuízos acumulados Ações em tesouraria Total Total Apresentamos a seguir a função de cada grupo e subgrupo que compõem o balanço patrimonial. 3.1.3 Ativo O ativo é composto pelas contas que representam os bens e direitos que tenham o potencial de produzir benefícios econômicos para a entidade. De acordo com a legislação, elas deverão estar dispostas em ordem decrescente de liquidez. 49 CONTABILIDADE Observação O grau de liquidez deve ser entendido como a capacidade de um bem ou direito se transformar o mais rapidamente possível em dinheiro. O ativo subdivide-se em dois grandes grupos: ativo circulante e ativo não circulante. 3.1.3.1 Ativo circulante (AC) O ativo circulante mostra as disponibilidades imediatas da empresa, os créditos, os estoques e as despesas antecipadas. Observação De acordo com o CPC 26 (R1), item 54, as disponibilidades são representadas pela conta caixa e equivalentes de caixa. A característica do ativo circulante é que os ativos sejam realizáveis no decorrer do exercício social seguinte, ou seja, no prazo de até 365 dias. Esse grupo reunirá as contas representativas dos bens e dos direitos cujo prazo de realização ocorra no curso do exercício social seguinte, isto é, até 12 meses da data do balanço patrimonial. As contas que normalmente se destacam nesse grupo são duplicatas a receber e estoques, pois elas estão diretamente relacionadas ao ciclo operacional e financeiro da empresa. Disponibilidades São os recursos financeiros que se encontram à disposição imediata da empresa, como caixa, bancos e aplicações financeiras. Atualmente o termo disponibilidades pode ser substituído por caixa e equivalentes de caixa. Créditos São os direitos provenientes de vendas a prazo, representados por clientes, duplicatas a receber e contas a receber. Neste item também encontramos contas redutoras do ativo, como perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa. Estoques São compostos por contas decorrentes da atividade da empresa (matérias-primas, produtos acabados, produtos em elaboração, mercadorias para revenda etc.) e por materiais para o consumo (material de limpeza, material de expediente etc.). Devem ser ajustados por uma conta redutora denominada perdas estimadas para redução ao valor realizável líquido, que representa os ajustes a valores de mercado dos estoques. 50 Unidade II Lembrete O valor realizável líquido é a quantia líquida que se espera realizar com a venda dos estoques. Essa conta mostra, normalmente, um volume apreciável de recursos investidos em função das necessidades de produção e comercialização da empresa. Existe relação direta com o prazo médio de renovação de estoques, e quanto menor for o prazo de estocagem, mais favorável será para a empresa. Despesas antecipadas São aplicações de recursos em gastos que serão apropriados no curso do período subsequente à data do balanço. Também são chamadas despesas pagas antecipadamente ou despesas do exercício seguinte. 3.1.3.2 Ativo não circulante (ANC) Segundo o estabelecido pela legislação atual, o ativo não circulante é dividido em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Realizável a longo prazo São classificadas neste grupo as contas que representam bens e direitos cujo prazo de realização ocorre após o término do exercício social subsequente à data de encerramento do balanço patrimonial. Neste grupo, poderemos encontrar todas as contas componentes do ativo circulante, com exceção das disponibilidades. Investimentos São classificadas neste grupo as participações societárias de caráter permanente, além dos bens e direitos que não se destinem à manutenção das atividades-fim da empresa, como participação em sociedades coligadas e controladas, participação em outras sociedades, obras de arte e bens não utilizados nos negócios. Também são classificadas neste grupo as propriedades para investimento, representadas por terrenos e edifícios para futura utilização e imóveis destinados a renda. Observação Os investimentos são deduzidos, quando couber, por perdas estimadas por valor não recuperável, que medem a diferença entre o valor contábil e o valor de recuperação desses ativos. 51 CONTABILIDADE Imobilizado O ativo imobilizado, tratado no art. 179, item IV, da Lei n. 6.404/1976, também é tratado no CPC 27, com correlação às normas internacionais de contabilidade (CPC, 2009). Indica as aplicações de recursos ativos que tenham por objeto bens corpóreos, destinados à manutenção das atividades da empresa, como terrenos, edifícios, máquinas, móveis e veículos. Ao analisar o volume de tais investimentos efetuados pela empresa, é importante conhecer as características do setor em que ela atua, pois o nível dos investimentos varia de setor para setor. Em uma empresa do setor industrial, por exemplo, o nível desses investimentos é normalmente superior se comparado ao de uma empresa de prestação de serviços. Pode ser subdividido em: • Tangível: veículos, máquinas, imóveis, móveis e utensílios. Sua conta redutora é a depreciação acumulada. • Recursos naturais: elementos explorados pela empresa, que podem ser minerais ou florestais, como pedreiras, portos de areia e minas de carvão. Sua conta redutora é a exaustão acumulada. • Objeto de arrendamentos: bens utilizados pela empresa, mas que não são de sua propriedade. São bens arrendados de terceiros, que poderão ser comprados pela empresa ao término do contrato de arrendamento. • Imobilização em andamento: obras em andamento, máquinas em construção. Assim como os investimentos, o imobilizado também está sujeito à aplicação de perdas estimadas por valor não recuperável (impairment test), conforme determina o § 3º do art. 183 da Lei n. 6.404: “A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível” (BRASIL, 1976). Corrobora com esse entendimento o item 8 do CPC 27, ao esclarecer que “um ativo está desvalorizado quando o seu valor contábil excede seu valor recuperável” (CPC, 2009). Saiba mais Para conhecer o tratamento contábil do ativo imobilizado em correlação com as normas internacionais de contabilidade, leia o CPC 27. CPC. Pronunciamento Técnico CPC 27: ativo imobilizado. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3Jhw1gO. Acesso em: 4 abr. 2022. 52 Unidade II Intangível São classificados no ativo intangível os bens incorpóreos destinados à manutenção da atividade da empresa. São recursos aplicados em itens imateriais. Sua conta redutora é a amortização acumulada. Em relação às normas internacionais de contabilidade, o assunto é tratado no CPC 04 (R1) (CPC, 2010b). Para o reconhecimento do ativo intangível, são fundamentais duas características: • a probabilidade de que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo sejam gerados em favor da entidade; • a segurança na mensuração do custo do ativo. São exemplos de ativos intangíveis: • marcas e patentes; • licenças e franquias; • gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos; • direitos autorais. Observação Assim como o imobilizado, o intangível também está sujeito à aplicaçãode perdas estimadas por valor não recuperável. 3.1.4 Passivo São classificadas no passivo as contas que representam as obrigações da empresa para com terceiros (bancos, fornecedores, funcionários etc.). Aqui as contas são dispostas de acordo com o grau decrescente de exigibilidade. O grau de exigibilidade significa que os passivos devem ser classificados segundo o seu vencimento, do mais exigível para o menos exigível. O passivo subdivide-se em dois grandes grupos: passivo circulante e passivo não circulante. 3.1.4.1 Passivo circulante (PC) O passivo circulante indica as obrigações da empresa para com terceiros a serem cumpridas no decorrer do exercício seguinte, ou seja, aquelas com prazo de vencimento de até 365 dias. 53 CONTABILIDADE Este grupo reúne as contas representativas das obrigações cujo prazo de vencimento aconteça no curso do exercício social seguinte, isto é, até 12 meses da data do balanço patrimonial. Neste grupo, encontramos contas como fornecedores, duplicatas a pagar, empréstimos, impostos a pagar, impostos a recolher, salários a pagar, dividendos a pagar e financiamentos. 3.1.4.2 Passivo não circulante (PNC) No passivo não circulante são classificadas as contas que representam obrigações cujo prazo de vencimento se situa após o término do exercício social subsequente à data do balanço patrimonial. Podemos encontrar aqui todas as contas do passivo circulante vencíveis após o exercício social seguinte. 3.1.5 Patrimônio líquido De acordo com Santos et al. (2018), o patrimônio líquido representa a diferença entre o valor dos ativos e o dos passivos, que é o valor contábil pertencente aos acionistas ou sócios. Esse conceito deriva da aplicação da equação fundamental do patrimônio e constitui o capital próprio da entidade, que são os recursos investidos pelos proprietários, assim como suas variações decorrentes dos resultados obtidos pela entidade. Observação Segundo o CPC 00 (R2), o patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos (CPC, 2019). O patrimônio líquido compreende os subgrupos de contas listados a seguir. 3.1.5.1 Capital social O capital social é o elemento principal na formação do patrimônio líquido, pois representa o investimento feito pelos proprietários na empresa com o objetivo de alcançar lucros maiores do que obteriam se aplicassem em outras alternativas de investimento. Pode ser diminuído pela conta capital a integralizar – que corresponde ao capital social subscrito pelos proprietários, mas ainda não integralizado –, classificada como conta redutora da conta capital social. 3.1.5.2 Reservas de capital São contas representativas de ganhos obtidos pela empresa que não transitam pelo resultado, como ágio recebido na emissão de ações, alienação de partes beneficiárias e alienação de bônus de subscrição. 54 Unidade II 3.1.5.3 Ajuste de avaliação patrimonial São classificadas como ajuste de avaliação patrimonial (AAP), enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua avaliação a valor justo. É caso de aplicações em instrumentos financeiros que, quando forem destinados à venda, serão avaliados a valor justo, podendo resultar em diferenças positivas ou negativas que não transitam por contas de resultado. Os valores contabilizados na conta de AAP devem ser transferidos para resultado quando o ativo ou passivo que deu origem a essa variação for vendido. Em decorrência da variação, a natureza dessa conta pode ser credora ou devedora – portanto, pode aumentar ou diminuir o patrimônio líquido. Cabe lembrar que o AAP é uma conta que pertence ao grupo outros resultados abrangentes no patrimônio líquido, como estabelece o CPC 26 (R1) (CPC, 2011). 3.1.5.4 Reservas de lucros As reservas de lucros representam a parte dos lucros acumulados não distribuída aos sócios ou acionistas. Após o cálculo da parte destinada ao pagamento de dividendos obrigatórios, a entidade poderá constituir as reservas de lucros de modo que a parcela do lucro líquido correspondente a essas reservas permaneça no patrimônio líquido, evitando a sua distribuição aos sócios ou acionistas em forma de dividendos. A apropriação dos lucros da companhia pode ser em função da lei, como a reserva legal, em função do estatuto, como as reservas estatutárias, ou em função da vontade dos sócios, como a reserva para contingências, a reserva de lucros a realizar e a reserva de lucros para expansão. 3.1.5.5 Lucros ou prejuízos acumulados Os lucros ou prejuízos demonstrados no patrimônio líquido representam os resultados acumulados para os quais ainda não foi dada uma finalidade específica. Os lucros acumulados representam a parcela do lucro líquido que ainda não foi distribuída ou capitalizada, ou ainda não foi destinada à constituição das reservas de lucros. Os prejuízos acumulados representam o resultado negativo que ainda não foi totalmente absorvido pelo lucro. De acordo com o art. 189, parágrafo único, da Lei n. 6.404/1976, o prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal – nessa ordem. 55 CONTABILIDADE Quanto à existência da conta lucros acumulados, cabe aqui uma observação. Após a publicação da Lei n. 11.638/2007 e da Lei n. 11.941/2009, que trouxeram profundas alterações à Lei n. 6.404/1976, a conta lucros ou prejuízos acumulados foi objeto de muita divergência de interpretação entre os profissionais da contabilidade. A Lei n. 11.941/2009 incluiu o item III no art. 178: “patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados” (BRASIL, 1976). O fato de a lei mencionar prejuízos acumulados, mas não lucros acumulados, levou à interpretação da extinção da conta lucros acumulados, ao prever que, após a destinação para o pagamento de dividendos obrigatórios e para as reservas de lucros, se permanecer saldo, este também deverá ser distribuído a título de dividendos. Entretanto, o CFC se manifestou a respeito por meio da Resolução n. 1.157, no item 115: Lucros acumulados 115. A obrigação de essa conta não conter saldo positivo aplica-se unicamente às sociedades por ações, e não às demais, e para os balanços do exercício social terminado a partir de 31 de dezembro de 2008 (CFC, 2009). Admitindo-se que o CFC é o principal órgão regulador da profissão contábil, entende-se que nas demais sociedades, exceto as sociedades por ações e as empresas de grande porte (para as quais se estende a Lei n. 11.638/2007), a conta lucros acumulados continua existindo. Observação Consideram-se de grande porte empresas com ativo total superior a R$ 240.000.000,00 ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (BRASIL, 2007). 3.1.5.6 Ações em tesouraria Surgem quando a empresa adquire suas próprias ações, objetivando reduzir o capital social. As ações em tesouraria devem ser destacadas no balanço patrimonial como dedução da conta do patrimônio líquido, que registra a origem de recursos aplicados na sua aquisição. Essa é uma conta redutora do patrimônio líquido. 56 Unidade II 3.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) A DRE surge em função da dinâmica das atividades desenvolvidas pelas empresas entre a data de um balanço patrimonial e a de outro. Durante esse período, a empresa realiza diversas operações que alteram o seu patrimônio (compras, vendas, pagamentos e recebimentos). Essas operações praticadas pelas empresas, sejam elas operacionais ou não operacionais, alteram para mais ou para menos o patrimônio líquido da empresa e contêm os elementos indispensáveis para a elaboração da DRE – as receitas, que aumentam o patrimônio líquido, e as despesas, que diminuem o patrimônio líquido. A DRE é elaboradarespeitando-se o regime de competência, observando-se que as receitas e as despesas devem ser reconhecidas no período em que ocorrem, independentemente do seu recebimento ou pagamento. A seguir, trataremos da estrutura da DRE conforme a legislação atual. 3.2.1 Conceito da DRE A DRE é uma demonstração contábil apresentada de forma dedutiva, ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e obtém-se o resultado do exercício, que pode ser positivo, denominado de lucro caso as receitas superem as despesas, ou negativo, denominado de prejuízo caso as despesas superem as receitas. Observação A DRE, ao contrário do balanço patrimonial, é uma demonstração contábil dinâmica, que se destina a evidenciar a formação do resultado líquido durante determinado período. De forma simplificada, a DRE apresenta o confronto de receitas e despesas, evidenciando o resultado do período. DRE Receitas 100 Despesas (80) = Resultado do exercício 20 57 CONTABILIDADE 3.2.2 Dispositivo legal da DRE A seção V da Lei n. 6.404, no art. 187, determina a estrutura da DRE. Seção V Demonstração do resultado do exercício Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei n. 11.941, de 2009) V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei n. 11.941, de 2009) VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos (BRASIL, 1976). 3.2.3 Estrutura da DRE Em complemento às determinações da Lei n. 6.404/1976, o CPC 26 (R1) diz que a DRE deve incluir no mínimo a seguinte estrutura. 58 Unidade II Quadro 9 Estrutura da DRE Receita bruta de vendas e serviços (–) Devolução de vendas (vendas canceladas) (–) Abatimentos sobre vendas (–) Descontos comerciais sobre vendas (descontos incondicionais) (–) Impostos sobre vendas (=) Receita líquida de vendas e serviços (–) Custo das mercadorias, produtos e serviços vendidos (CMV/CPV/CSV) (=) Lucro bruto (–) Despesas operacionais Despesas com vendas Despesas gerais e administrativas Outras receitas (despesas) operacionais (=) Resultado antes das receitas e despesas financeiras (+) Receitas financeiras (–) Despesas financeiras (=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro (–) Imposto de renda (–) Contribuição social sobre o lucro líquido (=) Resultado líquido das operações continuadas (+ ou –) Resultado líquido das operações descontinuadas (=) Resultado líquido antes das participações (–) Participações Empregados Administradores Partes beneficiárias Debêntures Instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados (=) Resultado líquido do exercício Lucro por ação 3.2.4 Contas da DRE Para melhor compreensão da DRE, passaremos a discorrer sobre o significado de cada conta que participa dela. Receita bruta de vendas e serviços É o valor das vendas originadas pelo desenvolvimento das atividades previstas no estatuto ou no contrato social da empresa. Na empresa comercial, essa receita é composta pela venda de mercadorias; 59 CONTABILIDADE na empresa industrial, pela venda de produtos; e nas empresas prestadoras de serviços, pela venda de prestação de serviços. Observação A receita bruta engloba as vendas à vista e a prazo, vendas realizadas nos mercados interno e externo. Partindo-se da receita bruta, dela subtraímos as chamadas deduções de vendas para chegarmos à receita líquida. As deduções de vendas são compostas por: • Devolução: surge quando a empresa vende uma mercadoria ou um produto, e o cliente não aceita a mercadoria entregue, por ela estar em desacordo com o pedido – por exemplo, no que diz respeito à qualidade ou à quantidade. Nesse momento, o cliente pode devolver a mercadoria no todo ou em parte, ou ficar com a mercadoria entregue em desacordo com o pedido e negociar um abatimento. • Abatimento: surge quando o cliente, em vez de devolver a mercadoria ou o produto que está em desacordo com o pedido, decide ficar com a mercadoria ou o produto e negociar uma redução de preço. • Desconto comercial: é aquele oferecido diretamente no preço da mercadoria ou do produto, objetivando aumentar o volume das vendas. É também conhecido como desconto incondicional. • Impostos incidentes sobre as vendas: as empresas funcionam como arrecadadoras de impostos dos governos, pois no preço de suas mercadorias, produtos ou serviços estão embutidos os impostos, que devem ser repassados aos cofres públicos. Assim, os impostos e contribuições que incidem sobre as vendas fazem parte das deduções da receita bruta, sendo os mais comuns o ICMS, o IPI, o ISS, o PIS e a Cofins. Receita líquida de vendas e serviços É a denominação da conta que demonstra o valor da receita bruta, deduzido das deduções de vendas. Constitui-se das vendas efetuadas pela empresa depois de deduzidos os impostos, as devoluções, os descontos e os abatimentos. Permite avaliar o nível de atividade de uma empresa, pois o desempenho vai se refletir diretamente nos resultados obtidos. Custo das mercadorias vendidas, custo dos produtos vendidos e custo dos serviços vendidos O custo das mercadorias vendidas (CMV), o custo dos produtos vendidos (CPV) e o custo dos serviços vendidos (CSV) correspondem ao custo das vendas e mostram o quanto custou para a empresa tudo o que foi entregue ao cliente sob a forma de mercadoria, produto ou prestação de serviço. 60 Unidade II Lucro bruto O lucro bruto é obtido pela diferença entre a receita líquida e o custo das vendas. No caso de uma empresa industrial, mostra a eficiência em suas atividades de venda e produção, ou de venda e compra, no caso de uma empresa comercial. Despesas com vendas São as despesas incorridas para que a empresa possa vender suas mercadorias, produtos ou serviços, como frete sobre vendas, salários e encargos sociais de vendedores, manutenção de sites na internet e propaganda. Despesas gerais e administrativas Compreendem as despesas incorridas, por exemplo, com contabilidade, auditoria, energia elétrica, telefone, água, segurança e assistência médica a funcionários. Outras receitas e despesas Compreendem as receitas e as despesas que não se classificam nos grupos de receitas e despesas anteriores. Por exemplo, o resultado de equivalência patrimonial, que pode ser positivo (receita) ou negativo (despesa), e as receitas e despesas não ligadas à atividade principal da empresa, como o resultado na venda de ativo imobilizado. Receitas financeiras Juros e correção monetária obtidos nas aplicações financeiras, juros no recebimento de duplicatas em atraso. Despesas financeiras Juros pagos ou incorridos por atraso de pagamento a fornecedores, ou em empréstimos e financiamentos. Lucro antes do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido Obtido partindo-se do lucro bruto, somando-se as receitas e subtraindo-se as despesas. Esse resultado pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). É o ponto de partidapara apurar o lucro que será tributado pelo imposto de renda e pela contribuição social sobre o lucro líquido. Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido Depois da apuração do lucro tributável e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, aplicam-se os percentuais de acordo com a legislação tributária e obtém-se o valor do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. 61 CONTABILIDADE Lucro antes das participações nos lucros Corresponde ao lucro antes do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, deduzido do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. Participação de empregados/participação de administradores São, na realidade, despesas, pois representam uma espécie de complemento de remuneração calculada com base no lucro obtido pela empresa. Participação de partes beneficiárias Representa também uma despesa, pois significa uma participação paga aos proprietários desses títulos negociáveis e nominativos emitidos por sociedades anônimas, que não integram o capital social. Participação de debenturistas Corresponde à participação nos lucros conferida aos detentores das debêntures. Lucro líquido do exercício Mostra o resultado final alcançado pela empresa em suas atividades, que será distribuído aos acionistas e/ou incorporado ao patrimônio líquido. O lucro líquido é a meta principal a ser alcançada pela empresa em suas atividades. A sua geração visa remunerar seus sócios pelos investimentos efetuados, além de constituir importante fonte de recursos, com a qual a empresa poderá financiar seus ativos e cumprir as obrigações assumidas para com terceiros. Resultado do exercício Pode ser lucro ou prejuízo, e representa o resultado de todas as operações que a empresa realizou em determinado período. Representa o quanto o patrimônio da empresa cresceu, no caso de lucro, ou o quanto diminuiu, no caso de prejuízo. Lucro por ação Representa o quociente da divisão do lucro da empresa pelo número de ações que compõem o capital social. Por exemplo: uma empresa apresenta um capital social de R$ 5.000.000,00, composto por 10.000.000 de ações (ordinárias e preferenciais), com valor nominal de R$ 0,50 cada; caso essa empresa apresente, ao final do período, um lucro líquido de R$ 50.000.000,00, seu lucro por ação será de R$ 5,00 (50.000.000 ÷ 10.000.000). 62 Unidade II 3.3 Demonstração do resultado abrangente (DRA) 3.3.1 Características da DRA A DRA é uma sequência da DRE: a DRE termina com o resultado líquido do exercício, e a DRA começa com o resultado líquido do exercício. Está prevista no item 81A do CPC 26 (R1), convertida na NBC TG 26 (R4) pelo CFC. Lembrete Os pronunciamentos contábeis (CPC) são aprovados pelo CFC e convertidos em Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC TG), quando passam a ser de aplicação compulsória por todos os profissionais da contabilidade. Na prática contábil existem operações que representam ganhos e perdas e que são contabilizadas diretamente em contas de patrimônio líquido, sem transitar por contas de resultado, ou seja, que não são reconhecidas na DRE. A DRA mostra o resultado do exercício final se todas essas operações fossem contabilizadas na DRE. Segundo o item 10A do CPC 26 (R1), a entidade pode apresentar uma única demonstração do resultado, incluindo a DRE e a DRA, em duas seções. Entretanto, a legislação societária brasileira requer que a DRA seja apresentada em uma demonstração separada, iniciando-se com o resultado do exercício. Também é permitido que essa demonstração seja apresentada dentro da demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL), que será vista adiante. O item 7 do CPC 26 (R1) determina que os componentes dos outros resultados abrangentes devem incluir: (a) variações na reserva de reavaliação, quando permitidas legalmente (ver Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intangível); (b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme item 93A do Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados; 63 CONTABILIDADE (c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior (ver Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis); (d) ganhos e perdas resultantes de investimentos em instrumentos patrimoniais designados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes, de acordo com o item 5.7.5 do CPC 48 – Instrumentos Financeiros; (Alterada pela Revisão CPC 12) (da) ganhos e perdas em ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes, de acordo com o item 4.1.2A do CPC 48; (Incluída pela Revisão CPC 12) (e) parcela efetiva de ganhos e perdas de instrumentos de hedge em operação de hedge de fluxo de caixa e os ganhos e perdas em instrumentos de hedge que protegem investimentos em instrumentos patrimoniais mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes, de acordo com o item 5.7.5 do CPC 48 (ver capítulo 6 do CPC 48); (Alterada pela Revisão CPC 12) (f) para passivos específicos designados como ao valor justo por meio do resultado, o valor da alteração no valor justo que for atribuível a alterações no risco de crédito do passivo (ver item 5.7.7 do CPC 48); (Incluída pela Revisão CPC 12) (g) alteração no valor temporal de opções quando separar o valor intrínseco e o valor temporal do contrato de opção e designar como instrumento de hedge somente as alterações no valor intrínseco (ver capítulo 6 do CPC 48); e (Incluída pela Revisão CPC 12) (h) alteração no valor dos elementos a termo de contratos a termo ao separar o elemento a termo e o elemento à vista de contrato a termo e designar, como instrumento de hedge, somente as alterações no elemento à vista, e alterações no valor do spread com base na moeda estrangeira de instrumento financeiro ao excluí-lo da designação desse instrumento financeiro como instrumento de hedge (ver capítulo 6 do CPC 48). (Incluída pela Revisão CPC 12) (CPC, 2011). 3.3.2 Estrutura da DRA Os componentes da DRA devem ser apresentados de acordo com a estrutura mostrada no quadro a seguir. 64 Unidade II Quadro 10 – Estrutura da DRA Resultado do exercício Outros resultados abrangentes: - Variações na reserva de reavaliação (quando permitida legalmente) - Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido - Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operação no exterior - Ganhos e perdas resultantes de investimentos em instrumentos patrimoniais designados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes - Ganhos e perdas em ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes - Parcela efetiva de ganhos e perdas de instrumentos de hedge em operação de hedge de fluxo de cais, e ganhos e perdas em instrumentos de hedge que protegem investimentos em instrumentos patrimoniais mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes - Participação em outros resultados abrangentes de coligadas e empreendimentos controlados em conjunto contabilizados pelo método da equivalência patrimonial - Reclassificações de outros resultados abrangentes para o resultado do exercício Total do resultado abrangente do exercício 4 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS II Continuando a apresentação das demonstrações contábeis, passamos a abordar as demais demonstrações exigidas pela Lei n. 6.404/1976 e pelo CPC 26 (R1). 4.1 Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) 4.1.1 Obrigatoriedade A DMPL, muito embora não seja exigida pela Lei n. 6.404/1976, passa a ser obrigatória pelo CPC 26 (R1), que foi aprovado pelo CFC e transformado na NBC TG 26. Com isso, tornou-se compulsória para todos os profissionais da contabilidade. Ao elaborar a DMPL, obrigatoriamente se inclui a demonstração dos lucrosou prejuízos acumulados (DLPA), que informa a movimentação da conta lucros ou prejuízos acumulados. A DLPA é uma demonstração exigida pela Lei n. 6.404/1976. Entretanto, quando as empresas apresentam a DMPL, ficam isentas da apresentação dessa demonstração, pois a DMPL, ao incluir uma coluna específica para lucros ou prejuízos acumulados, mostra todas as informações relativas às movimentações ocorridas nessa conta. Como a DMPL passou a ser de apresentação obrigatória praticamente para todas as empresas, ela substitui de forma definitiva a DLPA. 4.1.2 Conceito e utilidade da DMPL Segundo Montoto (2021), a DMPL demonstra as mutações, ou seja, as modificações ocorridas em todas as contas que compõem o patrimônio líquido de uma entidade durante um exercício. 65 CONTABILIDADE Santos et al. (2018) explicam que a utilidade dessa demonstração reside no fato de fornecer a movimentação do fluxo de uma conta para outra, assinalando a origem e o valor de cada acréscimo e diminuição no patrimônio líquido durante o exercício. A técnica de elaboração da DMPL consiste na representação gráfica da movimentação das contas do patrimônio líquido, já estudadas neste livro-texto. Ao saldo inicial de cada conta do patrimônio líquido de determinado período, acrescentam-se ou diminuem-se as movimentações ocorridas durante o período e obtém-se o saldo final das contas, que necessariamente deve coincidir com os valores do patrimônio líquido demonstrado no balanço patrimonial. A movimentação de cada conta é facilmente extraída do livro-razão. É, portanto, uma demonstração que amplia as informações do grupo patrimônio líquido demonstrado no balanço patrimonial ao indicar as operações que provocaram o aumento ou a diminuição em cada conta desse grupo. 4.1.3 Estrutura da DMPL Vamos apresentar a estrutura da DMPL por meio de um exercício. A empresa Brinquedos & Companhia S.A. é uma indústria que se dedica à fabricação de brinquedos. Em 31/12/20X1, publicou suas demonstrações contábeis apresentando, no balanço patrimonial, a seguinte composição do patrimônio líquido: Capital social Reserva de ágio na emissão de ações Reserva de alienação de bônus de subscrição Reserva legal Reservas estatutárias Reserva para contingências Outros resultados abrangentes 500.000,00 20.000,00 25.000,00 80.000,00 40.000,00 30.000,00 105.000,00 Total 800.000,00 Durante o exercício de 20X2 ocorreram as seguintes movimentações nas contas do patrimônio líquido: 1) Aumento de capital: 1.1) pela emissão de 2.000 ações ao valor nominal de R$ 40,00 e integralizadas pelos sócios ao valor de R$ 50,00 cada ação; 1.2) pela incorporação de reserva de ágio na emissão de ações no valor de R$ 10.000,00; 1.3) pela incorporação de reserva de alienação de bônus de subscrição no valor de R$ 15.000,00; 1.4) pela incorporação de reserva legal no valor de R$ 30.000,00. 66 Unidade II 2) Reversão de reserva para contingências no valor de R$ 20.000,00, por deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição. 3) Lucro líquido do exercício no valor de R$ 300.000,00. 4) Constituição de reserva legal (5% do lucro líquido do exercício). 5) Constituição de reserva estatutária (10% do lucro líquido do exercício). 6) Constituição de reserva de lucros para expansão a fim de atender a projeto de investimentos no valor de R$ 206.250,00. 7) Distribuição de dividendos obrigatórios no valor de R$ 68.750,00. 8) Ganhos em ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes (disponíveis para venda) no valor de R$ 50.000,00 e tributos sobre esses ganhos no valor de R$ 15.000,00. 9) Equivalência patrimonial sobre ganhos abrangentes de coligadas no valor de R$ 27.000,00. Com base nesses dados, vamos elaborar a DMPL referente ao exercício de 20X2. Antes da elaboração da DMPL, precisamos analisar as operações ocorridas durante o exercício de 20X2. 1.1) Aumento de capital pela emissão de novas ações Capital social (2.000 ações ao valor nominal de R$ 40,00 cada) 80.000,00 Integralização pelos sócios (2.000 ações a R$ 50,00 cada) 100.000,00 Ágio na emissão de ações (valor pago a maior que o valor patrimonial das ações) 20.000,00 O valor de R$ 80.000,00 aumentará o capital social, e o valor de R$ 20.000,00 aumentará a reserva de ágio na emissão de ações. A contrapartida de R$ 100.000,00 será em caixa ou equivalentes de caixa. 1.2) Aumento de capital social com a reserva de ágio na emissão de ações Provocará uma transferência da reserva de ágio na emissão de ações para capital social. Ocorre uma diminuição em reserva de ágio na emissão de ações e um aumento em capital social. 1.3) Aumento de capital com a reserva de alienação de bônus de subscrição Provocará uma transferência da reserva de alienação de bônus de subscrição para capital social. Ocorre uma diminuição em reserva de alienação de bônus de subscrição e um aumento em capital social. 67 CONTABILIDADE 1.4) Aumento de capital com reserva legal Provocará uma transferência de reserva legal para capital social. Ocorre uma diminuição em reserva legal e um aumento em capital social. 2) Reversão de reserva para contingências Quando as razões que justificaram a constituição da reserva para contingências deixam de existir, a Lei n. 6.404/1976 determina que essa reserva deve ser revertida para lucros acumulados. Ocorre uma diminuição em reserva legal e um aumento em lucros acumulados. 3) Lucro líquido do exercício Deve ser transferido para a conta lucros acumulados, o que provocará um aumento no patrimônio líquido. 4) Constituição de reserva legal Será constituída em 5% do lucro líquido do exercício: 300.000,00 × 5% = 15.000,00 Ocorre uma diminuição em lucros acumulados e um aumento em reserva legal. 5) Constituição de reserva estatutária Será constituída, por determinação no estatuto social da empresa, em 10% do lucro líquido do exercício: 300.000,00 × 10% = 30.000,00 Ocorre uma diminuição em lucros acumulados e um aumento em reserva estatutária. 6) Constituição de reserva de lucros para expansão A Lei n. 6.404/1976 prevê, no art. 196, a retenção de lucro para atender a projetos de investimento, justificada pelo orçamento de capital da empresa. Ocorre uma diminuição em lucros acumulados e um aumento em reserva de lucros para expansão. 7) Distribuição de dividendos obrigatórios Parte do lucro é distribuído aos acionistas a título de dividendos obrigatórios. Provoca uma diminuição em lucros acumulados – portanto, uma diminuição no patrimônio líquido. A contrapartida será em dividendos a pagar no passivo circulante. 68 Unidade II 8) Ganhos em ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes (disponíveis para venda) e tributos sobre esses ganhos De acordo com o CPC 26 (R1), os ganhos e perdas em ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes não devem transitar por contas de resultados, e sim ser contabilizados diretamente no patrimônio líquido como outros resultados abrangentes, inclusive os efeitos tributários sobre esses ganhos e perdas, como já explicado no item sobre a DRA. Os ganhos provocam um aumento em outros resultados abrangentes e, em consequência, os efeitos tributários provocam uma diminuição. As perdas causam uma diminuição em outros resultados abrangentes e, em consequência, os efeitos tributários causam um aumento. A contrapartida será no ativo, na conta aplicações em instrumentos financeiros. 9) Equivalência patrimonial sobre ganhos abrangentes de coligadas A controladora, ao reconhecer a equivalência patrimonial em coligadas, quando essas coligadas apresentam outros resultados abrangentes, deve contabilizar a sua participação também em outros resultados abrangentes diretamente no patrimônio líquido. Os ganhos provocam aumentos, e as perdas provocam diminuições em outros resultados abrangentes. A contrapartida será em investimentos avaliados pela equivalênciapatrimonial, no ativo não circulante. Observação Os valores lançados em outros resultados abrangentes, no patrimônio líquido, representam o espelho dos valores apresentados na DRA. Agora, sim, podemos elaborar a DMPL. 69 CONTABILIDADE Ta be la 5 – E st ru tu ra d a DM PL : B rin qu ed os & C om pa nh ia S .A . Ca pi ta l so ci al Re se rv as d e ca pi ta l Re se rv as d e lu cr o Lu cr os o u pr ej uí zo s ac um ul ad os Ou tr os re su lta do s ab ra ng en te s To ta l Ág io n a em iss ão de a çõ es Bô nu s de su bs cr iç ão Le ga l Es ta tu tá ria Co nt in gê nc ia s Lu cr os p ar a ex pa ns ão Sa ld os in ic ia is 50 0. 00 0 20 .0 00 25 .0 00 80 .0 00 40 .0 00 30 .0 00 - - 10 5. 00 0 80 0. 00 0 Au m en to d o ca pi ta l s oc ia l ef et ua do p el os s óc io s 80 .0 00 20 .0 00 10 0. 00 0 Au m en to d e ca pi ta l c om in co rp or aç ão d e re se rv as 55 .0 00 (1 0. 00 0) (1 5. 00 0) (3 0. 00 0) - Re ve rs ão d e re se rv as d e lu cr os (2 0. 00 0) 20 .0 00 - Ga nh os e m a tiv os fi na nc ei ro s 50 .0 00 50 .0 00 Tr ib ut os so br e ga nh os e m at iv os fi na nc ei ro s (1 5. 00 0) (1 5. 00 0) Eq ui va lê nc ia pa tr im on ia l s ob re g an ho s ab ra ng en te s d e co lig ad as 27 .0 00 27 .0 00 Lu cr o líq ui do d o ex er cí ci o 30 0. 00 0 30 0. 00 0 Pr op os ta p ar a de st in aç ão d o lu cr o líq ui do Re se rv a le ga l Re se rv a es ta tu tá ria Re se rv a de lu cr os p ar a ex pa ns ão Di st rib ui çã o de d iv id en do s 15 .0 00 30 .0 00 20 6. 25 0 (1 5. 00 0) (3 0. 00 0) (2 06 .2 50 ) (6 8. 75 0) - - - (6 8. 75 0) Sa ld os fi na is 63 5. 00 0 30 .0 00 10 .0 00 65 .0 00 70 .0 00 10 .0 00 20 6. 25 0 - 16 7. 00 0 1. 19 3. 25 0 70 Unidade II 4.2 Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) A DFC, a partir de 1/1/2008, passou a ser uma demonstração obrigatória, conforme estabelece a Lei n. 11.638/2007, que alterou a Lei n. 6.404/1976. Ao se tornar uma demonstração contábil obrigatória, a DFC passou a seguir a orientação do Iasb, órgão que estabelece as normas internacionais de contabilidade, e do Financial Accounting Standards Board (Fasb), órgão normatizador das práticas contábeis americanas, engajando-se nas práticas dos principais mercados financeiros internacionais. Para adequar a elaboração e a apresentação da DFC aos requisitos do Iasb, o CPC (2010a) publicou o CPC 03 (R2), com o objetivo de fornecer informações sobre como a entidade gera caixa e equivalentes de caixa e como utiliza esses fluxos de caixa. Saiba mais O intuito da DFC é prover os usuários com informações relevantes sobre as entradas e saídas de recursos de uma entidade ocorridos durante determinado período. Para mais informações, consulte o CPC 03 (R2). CPC. Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2): demonstração dos fluxos de caixa. 2010a. Disponível em: https://bit.ly/3jAb32e. Acesso em: 4 abr. 2022. 4.2.1 Conceito da DFC A DFC é uma demonstração contábil que explica as modificações ocorridas no saldo de caixa e equivalentes de caixa da empresa em determinado período, por meio da exposição dos fluxos de recebimento, registrados a débito (aumentos), e de pagamento, registrados a crédito (reduções), da conta caixa. O CPC 03 (R2) alterou o conceito de caixa para caixa e equivalentes de caixa. Com essa mudança, passaram a ser compreendidos: • os recursos disponíveis em caixa; • os recursos disponíveis nas contas-correntes bancárias; • as aplicações financeiras conversíveis imediatamente em moeda. 4.2.2 Estrutura da DFC Considerando-se a estrutura como forma de apresentação, a DFC deve ser estruturada por grupos de atividades, relacionando os pagamentos e recebimentos de caixa com a natureza das operações. Os fluxos de caixa estão separados em três grupos de atividades: 71 CONTABILIDADE • atividades operacionais; • atividades de investimento; • atividades de financiamento. Atividades operacionais As atividades operacionais estão diretamente relacionadas com a DRE e devem corresponder às entradas e saídas de caixa e equivalentes referentes às principais operações da empresa. Por exemplo: • Entradas — recebimentos de vendas (à vista e a prazo); — recebimentos de outras receitas (aluguéis, juros); — recebimentos de indenização por sinistros e sentenças judiciais; — outros recebimentos decorrentes das atividades operacionais da empresa. • Saídas — pagamentos de compras (fornecedores em geral); — pagamentos de despesas (salários, aluguéis, impostos, juros); — outros pagamentos relacionados às atividades operacionais da empresa. Atividades de investimento As atividades de investimento estão diretamente relacionadas às operações que provocam aumentos e diminuições aos ativos de vida útil longa, utilizados na produção de bens e serviços, bem como à aquisição de títulos e valores de outras sociedades, classificados no ativo não circulante. Por exemplo: • Entradas — recebimentos do principal de empréstimos e financiamentos concedidos; — recebimentos de alienação e participação societárias; — recebimentos de alienação de títulos de investimentos; — recebimentos da venda de imobilizado e outros ativos utilizados na produção de bens e serviços. 72 Unidade II • Saídas — desembolsos dos empréstimos concedidos pela empresa a coligadas, controladas e acionistas; — pagamentos na compra de títulos de investimento de outras entidades; — pagamentos na compra de títulos patrimoniais de outras sociedades; — pagamentos à vista referentes à compra de imóveis, máquinas etc. Atividades de financiamento As atividades de financiamento estão diretamente relacionadas às operações de captação de recursos próprios e de recursos de terceiros, assim como ao pagamento e à remuneração desses recursos. Por exemplo: • Entradas — integralização do capital em dinheiro; — recebimentos em dinheiro de reservas de capital; — recebimentos de empréstimos e financiamentos. • Saídas — pagamentos de empréstimos e financiamentos contraídos; — pagamentos de dividendos; — pagamento do principal de imobilizado adquirido a prazo e pagamento do principal de arrendamento financeiro. Saiba mais Para outra visão do assunto, consulte o livro indicado a seguir. O autor argumenta que a intitulação DFC não é a mais correta, uma vez que engloba as contas de caixa e bancos. Dessa forma, seria mais adequado usar o termo demonstração do fluxo disponível. MARION, J. C. Contabilidade empresarial: instrumento de análise, gerência e decisão. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 73 CONTABILIDADE Transações que não afetam o caixa Observemos, agora, algumas transações que não afetam o caixa da empresa, em virtude de não haver pagamento nem recebimento: • depreciação, amortização e exaustão (reduções do ativo que não afetam o caixa); • perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa (eventuais perdas com clientes que não representam desembolso para a empresa); • reavaliação (não é algo permitido pela atual legislação); • ganhos ou perdas com investimentos (participações) com base na aplicação do método da equivalência patrimonial. 4.2.3 Métodos de elaboração da DFC Existem dois métodos para a elaboração da DFC: direto e indireto. As diferenças entre ambos estão exatamente no fluxo das atividades operacionais. O fluxo das atividades de investimento e financiamento é demonstrado de forma idêntica nos dois métodos. 4.2.3.1 Método direto A elaboração da DFC pelo método direto mostra todos os recebimentos e pagamentos que contribuíram para a variação do caixa e equivalentes de caixa no período. Observação Segundo Marion (2018b), a DFC pelo método direto é também denominada fluxo de caixa no sentido restrito. Muitos sereferem a ele como o verdadeiro fluxo de caixa. Essa metodologia divulga informações mais complexas para o usuário da contabilidade. A estrutura da DFC pelo método direto pode ser exemplificada da seguinte forma (quadro a seguir): 74 Unidade II Quadro 11 Estrutura da DFC – método direto Fluxo das atividades operacionais (+) Recebimentos de clientes (ajuste 1) (+) Recebimentos de dividendos e juros (+) Outros recebimentos provenientes das operações (–) Pagamentos a fornecedores (ajuste 2) (–) Pagamentos de despesas operacionais (ajuste 3) (–) Pagamentos de despesas antecipadas (ajuste 4) (–) Pagamentos de impostos e contribuições (–) Outros pagamentos decorrentes das operações Fluxo das atividades de investimento (+) Recebimentos do principal de empréstimos e financiamentos concedidos (+) Recebimentos provenientes do resgate de investimentos temporários (+) Recebimentos provenientes da alienação de bens do imobilizado (+) Recebimentos provenientes da alienação de investimentos permanentes (–) Desembolsos de empréstimos e financiamentos concedidos (–) Pagamentos na aquisição à vista de investimentos permanentes (–) Pagamentos na aquisição à vista de bens do imobilizado (–) Pagamentos na aquisição à vista de itens do intangível (–) Pagamentos na aquisição de investimentos temporários Fluxo das atividades de financiamento (+) Recebimentos provenientes da realização de capital em moeda (+) Recebimentos provenientes de empréstimos e financiamentos obtidos (+) Outros recebimentos provenientes de financiamentos (–) Pagamentos do principal de empréstimos e financiamentos obtidos (–) Outros pagamentos decorrentes das atividades de financiamento (=) Variação de caixa e equivalentes de caixa no período Saldo final de caixa e equivalentes de caixa (–) Saldo inicial de caixa e equivalentes de caixa (=) Variação de caixa e equivalentes de caixa no período Vejamos agora os ajustes mencionados na estrutura da DFC como meio de mensurar alguns itens das atividades operacionais e de investimento. Recebimentos de clientes (ajuste 1) O valor dessa atividade operacional pode ser obtido pela seguinte soma algébrica: Vendas do exercício (+) Saldo inicial de duplicatas a receber (–) Saldo final de duplicatas a receber = Total dos recebimentos de clientes no exercício 75 CONTABILIDADE Exemplo de aplicação Suponhamos que determinada empresa tenha os seguintes saldos: Duplicatas a receber Saldo inicial 30 Duplicatas descontadas Saldo inicial 20 Duplicatas a receber Saldo final 22 Duplicatas descontadas Saldo final 17 Vendas 100 As duplicatas descontadas são classificadas no passivo circulante. Para efeitos de elaboração de DFC, a variação ocorrida nessa conta deve ser classificada nas atividades operacionais em item próprio, separado de recebimentos de clientes. 1) Recebimentos de clientes Vendas do exercício 100 (+) Saldo inicial de duplicatas a receber 30 (–) Saldo final de duplicatas a receber (22) = Recebimentos de clientes 108 2) Duplicatas descontadas Saldo final de duplicatas descontadas 17 (–) Saldo inicial de duplicatas descontadas (20) Variação em duplicatas descontadas (3) Recebimentos de clientes (ajuste 1) com perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa (PECLD) Se os clientes da empresa não pagaram seus compromissos, a perda com esses clientes deve ser deduzida da soma algébrica indicada no item anterior para que se obtenha o valor correto recebido pelas vendas, uma vez que esse recurso não ingressou no caixa da empresa. Assim, teremos: 76 Unidade II Vendas do exercício (+) Saldo inicial de duplicatas a receber (–) Saldo final de duplicatas a receber (–) Baixa de incobráveis = Total de recebimentos de clientes do exercício Exemplo de aplicação Vendas do exercício 1.000 Saldo inicial de duplicatas a receber 600 Saldo final de duplicatas a receber 1.080 Saldo inicial de PECLD 30 Saldo final de PECLD 54 Despesas com PECLD 44 Quando existe saldo em PECLD, inicialmente precisamos calcular as perdas com duplicatas incobráveis. 1) Baixa de duplicatas incobráveis Saldo inicial de PECLD 30 (+) Despesas com PECLD 44 (–) Saldo final de PECLD 54 Baixa de duplicatas incobráveis 20 2) Recebimentos de clientes Vendas do exercício 1.000 (+) Saldo inicial de duplicatas a receber 600 (–) Baixa de duplicatas incobráveis (20) (–) Saldo final de duplicatas a receber (1.080) Recebimentos de clientes 500 77 CONTABILIDADE Pagamentos a fornecedores (ajuste 2) Os pagamentos feitos a fornecedores são obtidos de maneira análoga à dos recebimentos de clientes, ou seja, toma-se o valor das compras no exercício e ajusta-se pela variação dos saldos da conta fornecedores. Para empresas comerciais O valor das compras em empresas comerciais pode ser obtido pela fórmula: C = CMV – EI + EF Onde: • C: compras • CMV: custo das mercadorias vendidas • EI: estoque inicial • EF: estoque final Exemplo de aplicação A empresa X apresenta os seguintes dados, extraídos de seus demonstrativos contábeis (BP e DRE): Saldo inicial da conta fornecedores 100 Saldo final da conta fornecedores 130 Saldo inicial da conta mercadorias 200 Saldo final da conta mercadorias 190 Custo das mercadorias vendidas 500 O valor das compras efetuadas no exercício (C) é: 1) Cálculo das compras (utiliza-se o saldo da conta de estoque de mercadorias) C = CMV – EI + EF C = 500 – 200 + 190 = 490 O valor pago a fornecedores no exercício é: Compras do exercício 490 78 Unidade II 2) Cálculo do pagamento a fornecedores (+) Saldo inicial de fornecedores 100 (+) Compras 490 (–) Saldo final de fornecedores (130) = Pagamentos a fornecedores 460 Para empresas industriais O valor das compras em empresas industriais pode ser obtido utilizando-se a fórmula seguinte para descobrir o custo dos produtos vendidos (CPV): Estoque inicial de materiais (+) Compras de materiais (–) Estoque final de materiais = Materiais consumidos (MAT) (+) Mão de obra direta (MOD) (+) Custos indiretos de fabricação (CIF) = Custo de produção do período (CPP) (+) Estoque inicial de produtos em elaboração (Eipe) (–) Estoque final de produtos em elaboração (Efpe) = Custo da produção acabada (CPA) (+) Estoque inicial de produtos acabados (Eipa) (–) Estoque final de produtos acabados (Efpa) = Custo dos produtos vendidos (CPV) 79 CONTABILIDADE Observação Uma vez obtido o valor da compra de materiais, utiliza-se de maneira semelhante a fórmula empregada para as empresas comerciais e obtém-se o valor pago a fornecedores no exercício. Pagamentos de despesas operacionais (ajuste 3) e de despesas antecipadas (ajuste 4) Os pagamentos de despesas no exercício englobam: • as despesas operacionais incorridas em exercícios anteriores e pagas no exercício corrente; • as despesas operacionais incorridas e pagas no próprio exercício; • as despesas operacionais pagas no exercício corrente e ainda não incorridas (antecipadas). Por outro lado, esses pagamentos não englobam: • os valores de despesas incorridas no presente exercício a serem pagas no exercício seguinte; • as despesas pagas em exercícios anteriores que foram transferidas para o resultado do exercício atual; • os valores de despesas que foram incorridas no período, mas que não representam saídas de caixa (depreciação, exaustão, amortização, saldo devedor de equivalência patrimonial). Supondo-se que todas as despesas operacionais transitaram pelas contas a pagar, o pagamento de despesas do exercício pode ser obtido da seguinte forma: Despesas operacionais incorridas no exercício (+) Saldo inicial de contas a pagar (–) Saldo final de contas a pagar (–) Despesas que não implicam desembolso (–) Transferência de despesas antecipadas para o resultado do exercício= Desembolso com despesas operacionais já incorridas (+) Valor transferido de despesas antecipadas para o resultado do exercício 80 Unidade II (–) Saldo inicial de despesas antecipadas (+) Saldo final de despesas antecipadas = Pagamentos de despesas operacionais e de despesas antecipadas no exercício Exemplo de aplicação A empresa Beta S.A. apresentou os seguintes dados referentes a despesas operacionais e despesas antecipadas: Tabela 6 – Despesas operacionais Saldo inicial de contas a pagar 300 Saldo final de contas a pagar 280 Saldo inicial de despesas antecipadas 60 Saldo final de despesas antecipadas 70 Despesas operacionais incorridas 850 Transferência de despesas antecipadas para despesas operacionais 40 Despesas que não implicaram desembolso 120 (depreciação 90 e equivalência patrimonial 30 A movimentação do caixa e das contas correlatas pode ser decomposta assim: a) A empresa pagou o saldo de contas a pagar no início do exercício. b) O saldo inicial de despesas antecipadas era de 60, e o final, de 70. Como houve no exercício uma transferência de 40 de despesas antecipadas para o resultado (o que não afetou o saldo de caixa), concluiu-se que a empresa pagou 50 de despesas antecipadas. c) As despesas de depreciação e equivalência patrimonial não afetam o caixa e tiveram um valor de 120. As despesas do exercício que teriam implicado desembolso equivalem a 690 (850 – (120 + 40)). d) Como havia um saldo final de 280 em contas a pagar, e as despesas operacionais incorridas e pagas no exercício somam 410 (690 – 280), no razonete os desembolsos de caixa para o pagamento das despesas operacionais seriam: Caixa e equivalentes de caixa 300 (a) 50 (b) 410 (d) 760 81 CONTABILIDADE O mesmo valor de 760 poderia ser encontrado aplicando-se a fórmula mostrada na tabela a seguir. Tabela 7 – Demonstração do pagamento de despesas operacionais e antecipadas Despesas operacionais incorridas 850 (+) Saldo inicial de contas a pagar 300 (–) Saldo final de contas a pagar (280) (–) Despesas efetuadas sem desembolso (120) (–) Transferência de despesas antecipadas para o resultado (40) = Desembolso com despesas operacionais 710 (+) Transferência de despesas antecipadas para o resultado 40 (–) Saldo inicial de despesas antecipadas (60) (+) Saldo final de despesas antecipadas 70 = Desembolso total com despesas 760 Resumidamente, temos: Pagamento de despesas antecipadas 50 Pagamento de despesas operacionais 710 Total 760 4.2.3.2 Método indireto Marion (2018b, p. 466) define o método indireto da seguinte forma: O fluxo obtido sob essa concepção é denominado fluxo de caixa pelo método indireto ou fluxo de caixa no sentido amplo. Isso se explica pela análise dos fundamentos de sua elaboração. Consiste em estender à análise dos itens não circulantes – própria daquele relatório – as alterações ocorridas nos itens circulantes (passivo e ativo circulante), excluindo, logicamente, as disponibilidades, cuja variação estamos buscando demonstrar. Assim, são efetuados ajustes ao lucro líquido pelo valor das operações consideradas como receitas ou despesas, mas que, então, não afetaram as disponibilidades, de forma que se possa demonstrar sua variação no período. Enfocando o caixa, consideramos como aplicações (saídas) do caixa o aumento nas contas do ativo circulante e a diminuição no passivo 82 Unidade II circulante. Por outro lado, a diminuição do ativo circulante e o aumento nas contas do passivo circulante correspondem às origens (entradas) de caixa. Apesar de evidenciar a variação ocorrida nas disponibilidades, o fluxo estruturado dessa maneira não demonstra as diversas entradas e saídas de dinheiro do caixa por seus valores efetivos, mas fornece uma simplificação com base em uma diferença de saldos ou inclusão de alguns itens que não afetam as disponibilidades, como despesas antecipadas, provisão para imposto de renda etc. Esse modelo é muitas vezes preferido por aqueles que elaboram o fluxo de caixa, justamente pelas semelhanças existentes em relação ao método de montagem da demonstração de origens e aplicações de recursos, com o qual estão mais habituados. Entretanto, deixa lacunas importantes na evidenciação das informações. Nesse método, também conhecido como método da reconciliação, a DFC é elaborada a partir do resultado do exercício, efetuando-se ajustes para: • somar ao resultado todas as despesas que não representam desembolso de caixa e equivalentes de caixa (depreciação, amortização, exaustão, gastos em constituição de provisão, perda com a venda de itens do imobilizado, perda com a aplicação do método da equivalência patrimonial) e diminuir todas as receitas que não impliquem entrada de caixa e equivalentes de caixa (reversão de provisões, ganhos na venda de itens do imobilizado, ganhos com a aplicação do método da equivalência patrimonial) – dessa forma, apura-se o resultado ajustado; • excluir do resultado ajustado a parcela que foi aplicada no aumento de outros bens e direitos do AC (exceto caixa e equivalentes de caixa ) ou na diminuição das obrigações do PC e somar os recursos advindos da diminuição do AC (exceto caixa e equivalentes de caixa ) e do aumento do PC. O fluxo de caixa das atividades de investimento e financiamento é igual ao do método direto. A estrutura da DFC pelo método indireto é (quadro a seguir): 83 CONTABILIDADE Quadro 12 Estrutura da DFC – método indireto 1. Fluxo de caixa das atividades operacionais Lucro líquido do exercício (+) Despesas de depreciação, amortização e exaustão (+) Despesas financeiras de longo prazo (+) Despesas com constituição de provisões (–) Reversão de provisões (+/–) Resultado na venda de ativos não circulantes (+/–) Resultado de equivalência patrimonial (=) Resultado ajustado (+) Reduções nos saldos das contas do ativo circulante (incluir clientes de longo prazo) (–) Acréscimos nos saldos das contas do ativo circulante (incluir clientes de longo prazo) (+) Acréscimos nos saldos das contas do passivo circulante (–) Reduções nos saldos das contas do passivo circulante (=) Caixa líquido gerado (consumido) nas atividades operacionais 2. Fluxo de caixa das atividades de investimento Igual ao do método direto 3. Fluxo de caixa das atividades de financiamento Igual ao do método direto 4. Aumento (redução) no caixa e equivalentes de caixa (1+/–2+/–3) 5. Saldo inicial de caixa e equivalentes de caixa 6. Saldo final de caixa e equivalentes de caixa 7. Aumento (redução) de caixa e equivalentes de caixa Observação O valor do aumento ou redução no caixa e equivalentes de caixa deve ser exatamente igual à diferença entre o saldo inicial e o saldo final de caixa e equivalentes de caixa. Portanto, o valor do item 4 da estrutura da DFC deve ser igual ao do item 7. 4.3 Demonstração do valor adicionado (DVA) 4.3.1 Obrigatoriedade A DVA passou a ser obrigatória, para as companhias abertas, pela Lei n. 11.638/2007, que alterou o art. 176 da Lei n. 6.404/1976. Para orientar a elaboração e apresentação da DVA, o CPC emitiu o CPC 09, transformado na NBC TG 09 pelo CFC. Portanto, passou a ser exigida para os profissionais de contabilidade que atuam em entidades não sujeitas a regulamentação contábil específica. 84 Unidade II 4.3.2 Conceito e objetivo da DVA O conceito da DVA é apresentado no item 9 do CPC 09: Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferidos à entidade (CPC, 2008). O objetivo da DVA é evidenciar a riqueza gerada pela empresa, ou seja, quanto ela adicionou de valor aos seus fatores de produção e como essa riqueza foi distribuída entre os setores que, direta ou indiretamente, contribuíram para a formação dela. A DVA contribuiu de forma significativa para o avanço da ciência contábilno seu propósito de gerar informações de natureza social, evidenciando a riqueza gerada pela entidade e para quem essa riqueza foi distribuída. Por divulgar informações ligadas à responsabilidade social das empresas, ela representa um dos componentes do balanço social, por meio do qual as empresas prestam contas de sua gestão social, ambiental e econômica, centrada principalmente em seu relacionamento com a comunidade. Fundamenta-se em conceitos macroeconômicos, buscando informar a parcela de contribuição de cada empresa para a formação do produto interno bruto (PIB). Entretanto, existem diferenças entre o modelo econômico e o contábil na forma de calcular o valor adicionado. Ao calcular o PIB, o modelo econômico baseia-se na produção, enquanto o contábil utiliza o conceito de realização da receita, de acordo com o regime de competência. Logo, verifica-se a existência de uma diferença temporal entre os dois modelos. O conceito de valor adicionado não deve ser confundido com os conceitos de receita ou lucro. Representa a riqueza gerada pela empresa e é calculado por esta fórmula: Valor adicionado = receitas geradas pela entidade – insumos utilizados na obtenção dessas receitas O item 5 do CPC 09 exige que a DVA proporcione aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e à maneira como tais riquezas foram distribuídas. A distribuição da riqueza deve ser feita, minimamente, entre: • pessoal e encargos (empregados); • impostos, taxas e contribuições (governo); • juros e aluguéis (remuneração de capital de terceiros); 85 CONTABILIDADE • juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos (remuneração de capitais próprios); • lucros retidos/prejuízos do exercício. 4.3.3 Estrutura da DVA A DVA é apresentada em duas partes: a primeira evidencia a riqueza gerada pela entidade, e a segunda, a distribuição dessa riqueza. O CPC indica três modelos de apresentação da DVA: • Modelo 1: empresas em geral. • Modelo 2: instituições financeiras bancárias. • Modelo 3: seguradoras. Seguindo a orientação de apresentação da DVA constante no CPC 09, apresentamos o modelo aplicado às empresas em geral. Quadro 13 – DVA: modelo 1: empresas em geral Descrição Em milhares de reais 20X1 Em milhares de reais 20X0 1 – Receitas 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços 1.2) Outras receitas 1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios 1.4) Perdas estimadas para créditos de liquidação duvidosa – reversão/(constituição) 2 – Insumos adquiridos de terceiros (inclui os valores dos impostos: ICMS, IPI, PIS e Cofins) 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.3) Perda/recuperação de valores ativos 2.4) Outras (especificar) 3 – Valor adicionado bruto (1 – 2) 4 – Depreciação, amortização e exaustão 5 – Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3 – 4) 6 – Valor adicionado recebido em transferência 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 86 Unidade II Descrição Em milhares de reais 20X1 Em milhares de reais 20X0 7 – Valor adicionado total a distribuir (5 + 6) 8 – Distribuição do valor adicionado* 8.1) Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2 – Benefícios 8.1.3 – FGTS 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4) Remuneração de capitais próprios 8.4.1 – Juros sobre o capital próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos/prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros retidos (só para consolidação) * O total do item 8 deve ser exatamente igual ao do item 7. Fonte: CPC (2008). Saiba mais O detalhamento de cada item que compõe a DVA pode ser acompanhado no CPC 09, itens 14 e 15. Ali você encontra a explicação da composição de cada item, tanto para a formação como para a distribuição da riqueza. Acesse: CPC. Pronunciamento Técnico CPC 09: demonstração do valor adicionado. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3uT35GD. Acesso em: 4 abr. 2022. 4.4 Notas explicativas De acordo com Ribeiro (2018a), as notas explicativas são esclarecimentos adicionais, que integram as demonstrações contábeis e visam complementar essas demonstrações com informações sobre os controles utilizados pela empresa, a composição dos dados de determinadas contas e os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais. 87 CONTABILIDADE Padoveze (2017) afirma que a finalidade das notas explicativas é proporcionar aos usuários um melhor entendimento das demonstrações contábeis já apresentadas, com informações de caráter descritivo, indicando os principais critérios e eventuais modificações nas políticas e práticas contábeis utilizadas no período. Também o CPC 26 (R1) se manifesta sobre o assunto, no item 7: Notas explicativas contêm informação adicional em relação à apresentada nas demonstrações contábeis. As notas explicativas oferecem descrições narrativas ou segregações e aberturas de itens divulgados nessas demonstrações e informação acerca de itens que não se enquadram nos critérios de reconhecimento nas demonstrações contábeis (CPC, 2011). Saiba mais A Lei n. 11.941/2009 acrescenta ao § 5º do art. 176 da Lei n. 6.404/1976 uma lista com as principais notas explicativas a serem apresentadas como parte das demonstrações contábeis ao fim do exercício. Recomendamos a leitura. BRASIL. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília, 2009. Disponível em: https://bit.ly/3rW1LST. Acesso em: 4 abr. 2022. 88 Unidade II Resumo Nesta unidade, estudamos o conjunto completo das demonstrações contábeis exigidas pela legislação societária em convergência com as normas internacionais de contabilidade. A primeira demonstração que a prática contábil recomenda que seja encerrada é o balanço patrimonial, dada a sua importância no auxílio da preparação das demais demonstrações. Examinamos sua representação gráfica, sua classificação em grupos e as contas que o compõem. Verificamos a importância da nomenclatura contábil ao utilizar as contas representativas do ativo, do passivo e do patrimônio líquido. Avançamos para a segunda demonstração contábil, a demonstração do resultado do exercício (DRE), que também serve de base para a elaboração de outras peças contábeis. Apresentamos seus conceitos, suas funções e sua importância para a gestão financeira de uma empresa. Por meio dela, ao confrontar as receitas e as despesas, o gestor poderá avaliar o comportamento dos resultados, se a empresa está operando com lucro ou com prejuízo. Desse modo, ela se torna uma grande aliada na tomada de decisões. Na sequência verificamos a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) e a sua substituição pela demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL). A análise da DMPL é bastante significativa para os usuários da contabilidade porque ela demonstra as alterações ocorridas no patrimônio líquido da empresa durante um período. O patrimônio líquido é um dos grupos do balanço patrimonial de grande interesse para os acionistas, o mercado e a gerência. Conhecê-lo é vital para acompanhar o crescimento da empresa. Prosseguimos com a apresentação da demonstração dos fluxos de caixa (DFC), que registra todas as entradas e saídas de recursos financeiros, permitindo, ao fim de um período, uma amostragem das origens e aplicações de caixa e equivalentes de caixa. Exploramos a segregação dos fluxos de caixa em atividades operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento. Também examinamos os dois métodos para a divulgação da DFC, direto e indireto, e os contrastes entre eles. Por último, vimos a demonstração do valor adicionado (DVA). Abordamos a importância dessa demonstração na divulgação de informações de natureza social, revelando como
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