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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA A UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE SOCIAL NA PRÁTICA AVA 2 Aluno: Lais do Prado Gomes Matrícula: 20211302395 Curso: Ciências Econômicas Disciplina: Contabilidade Social RIO DE JANEIRO 2021 2 1. SITUAÇÃO PROBLEMA Esse trabalho integralizador visa desenvolver seu conhecimento no que tange aos princípios básicos da Contabilidade Social e qual sua aplicação no entendimento dos fatores econômicos que afetam as economias dos países e as consequências dessas influências. Para entender o que ocorre no dia a dia da economia e as consequências dessa dinâmica é imprescindível o entendimento dos pilares da Contabilidade Social. Dessa forma, liste quais os principais pilares desse entendimento em sua visão, e justifique. • Contextualize o significado de contabilidade social. • Descreva, em sua opinião, quais os principais pilares. • Descreva as possíveis relações com eventos econômicos. • Conclua, apresentando a sua opinião baseada nos fatos descritos. 3 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Significado de Contabilidade Social O professor Francisco Freire Duarte afirma que “A Contabilidade Social estuda a classificação e a mensuração sistemática de todas as transações que compõe a vida econômica de uma nação”. J. Malinvaud define “A Contabilidade Social é a apresentação, de acordo com um rigoroso quadro contábil, de um conjunto de informações quantitativas, relacionadas com a atividade econômica de um país”. Para o IBRE-FGV, “A Contabilidade Social, em seu sentido mais amplo, é concebida como um sistema de contas que abrange, de forma articulada, todas as ramificações mensuráveis de uma economia, distinguindo-se as formas de atividade econômica (produção, apropriação e acumulação de riqueza), os setores institucionais e os tipos de transação da economia. Essa sistematização revela a estrutura do sistema econômico.” Por fim, o IBGE-DCN definiu, em 1990: “A contabilidade nacional é uma técnica que tem como objetivo representar e quantificar a economia de um país. O esquema descritivo visa reproduzir os fenômenos essenciais do circuito econômico: produção, geração de renda, consumo, financiamento, acumulação e relações com o resto do mundo. Como todo sistema descritivo, é também uma simplificação da realidade; seu potencial analítico e sua estruturação se dão por sua referência à teoria econômica e a um quadro contábil coerente. A base teórica está essencialmente centrada na teoria keynesiana.” Todas as definições acima concordam que a Contabilidade Social tem o objetivo de mensurar toda a atividade econômica de um país, estudando classificação e mensuração sistemática de todas as transações que compõem a vida econômica de uma nação, distinguindo as formas de atividade (produção, apropriação e acumulação de riqueza) e os diferentes setores institucionais de uma sociedade. Tem o objetivo de mostrar a situação econômica de um país em termos quantitativos. 2.2. Principais Pilares da Contabilidade Social • Técnica e não ciência: A Contabilidade Social é uma técnica de registro e mensuração de um conjunto interligado de grandezas e de variáveis definidas pela ciência econômica. Portanto, não constitui uma ciência, mas sim uma forma especial de estatística econômica, de natureza contábil, que se propõe a apresentar valores que expressam montantes das transações econômicas verificadas em determinada economia nacional. • Similar aos sistemas convencionais de contabilidade: A Contabilidade Social também se fundamenta em um sistema de registro de dupla entrada, similar ao das partidas dobradas. Os valores apresentados se referem, por exemplo, aos totais de gastos (dispêndios, usos) de determinada categoria de agente que opera na economia de uma nação; necessariamente, por outro lado, esses valores têm a contrapartida de totais de renda (recebimentos, fontes de recursos). Ou seja, os créditos atribuídos aos vários grupos de agentes sempre têm a contrapartida de débitos correspondentes. 4 • Síntese das informações: Tem a característica de não se preocupar com o excessivo detalhamento das transações econômicas verificadas em determinado país. Está focada nos grandes agregados e em medições globalizadas, contabilizados a níveis nacionais e sociais, e não locais e individuais. • Expresso em Unidades monetárias: A única unidade de medida que ela aplica sobre seus dados é a monetária. • Transações Econômicas, e não situações: Não revela a situação econômica ou patrimonial dos diferentes tipos de agentes que transacionam em determinado país em dado momento, o objetivo é focado sobre as próprias transações. A conta de formação bruta de capital fixo, por exemplo, diz respeito a elementos patrimoniais, mas a Contabilidade Social não apresenta seus valores acumulados e, por isso, não é útil para atender a propósitos de avaliação da situação econômica, mas sim de apresentar o comportamento e o montante das transações de seus agentes principais durante o período considerado. As informações fornecidas pela Contabilidade Social atendem a finalidades relacionadas com o estudo da estrutura econômica nacional, de seu estágio de desenvolvimento e de sua evolução. • Identidade das Contas Nacionais: A atividade econômica pode ser mensurada por três óticas diferentes, e todas elas equivalem e chegam ao mesmo resultado. As três óticas são: Produto Nacional (soma de todos os bens e serviços produzidos em um período); Despesa Nacional (soma das despesas com compras de bens e serviços finais em um período); Renda Nacional (soma dos rendimentos pagos aos trabalhadores, empresários e proprietários de fatores de produção pela utilização de seus serviços em um período). • Modelo de Fluxo Circular de Renda: Modelo que explica a interação entre os agentes da economia de forma agregada, através da macroeconomia. Os agentes da economia são: Empresas, Famílias, Setor Financeiro, Governo e Resto do Mundo. Todos interagem entre si. Exemplificando: as Empresas (Setor Produtivo) oferecem bens e serviços que podem ser consumidos pelas Família, pelo Governo ou Exportados. Por sua vez, remuneram os fatores de produção ofertados pelas famílias com salários, aluguéis, juros e dividendos. O governo recolhe impostos e gasta com subsídios, salários, obras públicas, entre outros. E o “resto do mundo” transaciona com os demais agentes a partir de exportações, importações e envio/recebimento de renda. O Setor Financeiro pode ser fonte de recurso para investimento e também destino de usos de renda (poupança pessoal ou empresarial). A figura abaixo ilustra um modelo de Fluxo Circular de Renda: 5 Figura 1 - Fluxo Circular de Renda 2.3. Relações entre Contabilidade Social e Eventos Econômicos Para ilustrar as relações entre a Contabilidade Social e Eventos Econômicos, foi analisado o Relatório do IBGE de “Sistema de Contas Nacionais: Brasil 2018” (Contas Nacionais n. 76 – ISSN 1415-9813), o último divulgado pelo IBGE. No referido ano, o PIB teve variação em volume de 1,8%; o PIB per capita foi de R$ 33.593,82; a Taxa de Investimento foi 15,1%; o Consumo das Família foi de 2,3% (variação em volume) e o PIB do país foi de R$ 7.004 bilhões, conforme figura abaixo: 6 Figura 2 - SNC: Brasil 2018 O relatório afirma que, pela ótica da produção, o PIB cresceu 1,8% em variação de volume, sendo que 1,5 ponto percentual se deveu ao crescimento de 2,1% do setor de Serviços. A Agropecuária registrou crescimento de 1,3% (contribuindo com 0,1 ponto percentual para o crescimento do valor adicionado bruto) e a Indústria apresentou variação positiva de 0,7% (contribuindo com 0,2 ponto percentual). O Comércio foi uma das atividades com maior contribuição para o crescimento desse agregado, mas Atividades Imobiliárias e Outras Atividades e Serviços (Serviços de Alimentação, Saúde Privada,e outras) também se destacaram. Além da contribuição de cada atividade econômica, o PIB também pode ser calculado pela soma dos componentes da demanda final (consumo final, investimentos e saldo líquido entre exportações e importações de bens e serviços), ou seja, pela ótica da demanda. Segundo o relatório, em 2018, as exportações cresceram 4,1% e as importações aumentaram 7,7% (resultando em contribuição negativa do saldo externo para variação do PIB - -4%). As despesas em consumo final registraram crescimento em volume de 2,0%, houve crescimento do consumo das famílias e do governo. A formação bruta de capital fixo somou R$1.057,4 bilhões, representando variação em volume de 5,2%. A taxa de investimento, que consiste na razão entre formação bruta de capital fixo e o PIB foi de 15,1% (aumento com relação a 2017). Outra maneira de calcular o PIB é a soma das remunerações dos fatores de produção utilizados nos processos produtivos, disponibilizada sob a forma de parcela destinada aos empregados (salários e contribuições sociais), excedente operacional bruto e rendimento misto das famílias, além de impostos líquidos de subsídios sobre a produção e a importação referentes à participação do governo. Essa forma de cálculo é chama de cálculo pela ótica da renda. 7 Figura 3 - Componentes do PIB pela ótica da renda O relatório mostra ainda a evolução do valor adicionado bruto e das ocupações por grupos de atividades, apresenta uma análise dos setores institucionais (e sobre a necessidade de financiamento da economia brasileira), do setor de empresas financeiras e não financeiras, do setor governo, do setor famílias. A figura abaixo mostra parte da Visão sintética do panorama econômico nacional, segundo os principais indicadores: Figura 4 - Visão sintética do panorama econômico nacional, segundo os principais indicadores A análise do relatório acima permite a vivência de uma experiência prática da Contabilidade Social relacionada a eventos econômicos. No ano de referência do relatório (2018), o PIB 8 apresentou crescimento (em volume) de 1,8%. Pela ótica da produção, o relatório apontou aumento, principalmente, da produção de serviços (especialmente do comércio) e da agropecuária. Se aumentou a produção, pelo princípio da identidade das Contas Nacionais, houve, naturalmente, aumento da renda. Comparado com os valores de 2017, houve aumento da Remuneração, do Rendimento misto bruto, do Excedente operacional bruto, e de Impostos (líquidos de subsídios), sendo o crescimento do Excedente Operacional Bruto o que mais contribuiu para crescimento do PIB. Por sua vez, se houve aumento da produção e, consequentemente, da renda, certamente houve aumento do consumo também (modelo do Fluxo Circular de Renda e princípio da identidade das contas – toda fonte deve ter um uso). E o relatório confirma essa hipótese, o consumo final e a formação bruta de capital fixo registram crescimento em volume, de 2,0% e 5,2%, respectivamente. 9 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do relatório do Sistema de Contas Nacionais do Brasil de 2018, elaborada pelo IBGE confirmou as definições e pilares da Contabilidade Nacional e apresentou a aplicação prática da teoria fundamentada. Pela análise dos indicadores de Contabilidade Social do país, foi possível representar e quantificar a economia do Brasil (que ainda fortemente centrada no agronegócio e no setor de serviços, como pode-se concluir a partir da leitura do relatório do IBGE). Também foi vista a classificação e a mensuração sistemática de todas as transações que compõe a vida econômica do país. A interpretação dos dados de 2018 permitiu a percepção da Contabilidade Social como técnica (como uma forma especial de estatística econômica) de contabilização a nível nacional e social, e não local e individual; a verificação prática de que os totais de gastos/usos têm, necessariamente, uma contrapartida de totais de renda/fontes de recurso (houve crescimento da renda acompanhado de crescimento do consumo); e a confirmação de que todos os dados são expressos em unidades monetárias e de que eles não revelam a situação econômica ou patrimonial do país, mas sim o comportamento e montante das transações de seus agentes durante o ano. O princípio da Identidade das Contas Nacionais e o Modelo de Fluxo Circular também puderam ser vistos em aplicações práticas, conforme discutido no final do capítulo anterior. Por fim, pôde-se confirmar a importância da Contabilidade Social para a avaliação da atividade econômica de uma nação, através da identificação de suas principais fontes e usos na economia. 10 REFERÊNCIAS DUARTE, F, CONTABILIDADE SOCIAL FEIJÓ, RAMOS ET AL. CURSO CONTABILIDADE SOCIAL, Ed. Campos, 2003 IBGE, Contas Nacionais n. 76 – ISSN 1415 – 9813, disponível em liv101766_informativo.pdf (ibge.gov.br) https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101766_informativo.pdf
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