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FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA •Mestre Amanda de Avila Bicca Martins •Biomédica – Tutora externa •4º PERÍODO UNIDADE 1 DISCIPLINA DE FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DE FARMACOLOGIA » TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA » TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA » TÓPICO 3 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E CLASSES DE MEDICAMENTOS » UNIDADE 2 – TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE » TÓPICO 1 – HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA » TÓPICO 2 – ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA TOXICOLOGIA » TÓPICO 3 – CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA » UNIDADE 3 – TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL » TÓPICO 1 – TOXICOLOGIA SOCIAL » TÓPICO 2 – TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS » TÓPICO 3 – TOXICOLOGIA OCUPACIONAL »UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DE FARMACOLOGIA »TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA »TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA »TÓPICO 3 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E CLASSES DE MEDICAMENTOS TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA DIVISÃO DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA INVESTIGAÇÃO FARMACOLÓGICA Todo medicamento que vai ser lançado no mercado passa por diversas etapas de pesquisa, desenvolvimento e testes até ser aprovado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão que fiscaliza a regulamentação de fabricação e produção de medicamentos. O processo de regulamentação de um medicamento é longo, rigoroso e caríssimo para as indústrias farmacêuticas, pois todo esse processo dura, em média, 15 anos. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA O caminho que uma nova molécula deve percorrer para tornar-se um medicamento depende da origem do material da pesquisa. Produtos naturais são ótimos exemplos de base para criação de novas moléculas. Se hoje, por exemplo, um centro de pesquisa acredita que a planta X produz um composto com capacidade analgésica, e começa a testar o mesmo, o caminho mais provável é que os primeiros testes sejam realizados in silico. Testes in silico são aqueles que utilizam softwares para simular resultados de sistemas biológicos. As vantagens destes testes computacionais são a velocidade e o baixo custo para triagem do efeito biológico de uma larga série de moléculas. Mas claro, caro acadêmico, que um software infelizmente não possui a capacidade de simular todas as variáveis pertencentes a um sistema biológico. Desta forma, o próximo passo na pesquisa de um novo fármaco é a realização de metodologias in vitro, com enzimas isoladas ou cultura de células e, na sequência, in vivo, com animais de laboratório. Esta série de testes, in silico, in vitro e in vivo são conhecidos como ensaios pré-clínicos, ou seja, aqueles que ainda não são aplicados estudos em humanos. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA Se tudo ocorrer bem, e os resultados obtidos nos ensaios pré-clínicos forem promissores, o próximo passo na jornada seria a realização de testes em seres humanos, os ensaios clínicos. Estes ensaios clínicos são divididos em três fases distintas: TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA Se todos os resultados nos ensaios clínicos forem satisfatórios, a ANVISA aprova a produção e liberação do medicamento para posterior comercialização. Mesmo depois de lançado no mercado, o medicamento deve ser acompanhando de perto através das ferramentas da farmacovigilância, para avaliação de seus efeitos em larga escala, ou seja, na população. Esta fase é chamada de Fase IV. Devido a grande quantidade de etapas e rigorosidade nestas, é compreensível então que um novo fármaco demore cerca de uma década para que seja disponibilizado para população. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA Após o medicamento estar no mercado, ocorre a pesquisa de pós comercialização. Essa pesquisa ocorre num período de 10 anos de comercialização do medicamento, avaliando os efeitos crônicos e acumulação de dose em pacientes usuários do medicamento. É a farmacovigilância, que acompanha esse processo, para verificar o surgimento de novas reações adversas e/ou confirmação da frequência de surgimento das já conhecidas e as estratégias de tratamento. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA CONCEITOS DE FARMACOLOGIA Os medicamentos são substâncias químicas que influenciam em processos fisiológicos ou psicológicos, esses processos ocorrem devido à presença do princípio ativo, substância responsável pela ação terapêutica, com composição química e ação farmacológica conhecidas, é o principal agente do medicamento. Quando o medicamento não possui o princípio ativo, são denominados de medicamento placebo ou apenas placebo, utilizados quando há necessidade de suprir fatores psicológicos. Alguns conceitos aplicados ao estudo dos medicamentos podem causar confusão. Isso acontece pois, para o leigo, os termos parecem todos ter o mesmo sentido. Veja, caro acadêmico, qual a diferença entre remédio e medicamento? Em um primeiro momento, a aplicação dos termos parece redundante, porém, não é! Para complicar um pouco mais, diferentes áreas acadêmicas descrevem termos iguais de forma diferentes. Por exemplo, o conceito de droga para a farmacologia difere do conceito do mesmo termo para o direito penal! Vamos ver então os conceitos de droga, fármaco, remédio e medicamento TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA A palavra remédio é muito utilizada pelos leigos como sinônimo de medicamento, mas como vimos anteriormente, as duas palavras possuem significados diferentes. Assim, concluímos que todo medicamento é um remédio, mas nem todo remédio é um medicamento. Falando especificamente do termo medicamento, este ainda pode ser classificado em medicamento de referência, medicamento similar e medicamento genérico. ✔ O medicamento referência é o primeiro a ser lançado no mercado. Ou seja, a indústria ao lançar um medicamento inovador no mercado, é detentora da patente daquele medicamento, que lhe confere exclusividade da produção do mesmo, podendo durar esta patente de 10 a 20 anos. ✔ O medicamento similar é aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência. O similar pode diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA ✔ O medicamento genérico apresenta similaridade ao medicamento referência, e foi criado com intuito de ser intercambiável com ele, desde que comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua ausência, pela Denominação Comum Internacional (DCI). TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA Outros termos são aplicados a farmacologia para indicar características inerentes ao medicamento/fármaco em questão. Um destes termos é a concentração terapêutica. Como o termo já deixa claro, este se refere a concentração necessária do medicamento no plasma do paciente para que o efeito terapêutico seja alcançado. Concentrações acima da terapêutica podem ser tóxicas, e abaixo, ineficazes. A esta faixa de concentração entre chamamos de janela terapêutica. Para doses que causam efeitos tóxicos chamamos de dose tóxica. Para que o medicamento promova a cura da doença em questão, o paciente deve seguir um regime de doses administradas em intervalos específicos, para que no plasma a concentração terapêutica mantenha-se estável. A este regime chamamos de posologia,e às doses que serão administradas a fim de manter a concentração plasmática do fármaco constante são doses de manutenção. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA A partir disso são determinadas as doses: - A dose terapêutica é a dose administrada com a intenção de obter seus efeitos terapêuticos. - A dose de manutenção está relacionada às doses que serão administradas a fim de manter a concentração plasmática do fármaco constante para uma melhor eficiência no tratamento. - A dose de ataque corresponde a uma única dose com concentração superior ao que é normalmente administrado com a finalidade de obter uma resposta mais rápida, seguida posteriormente de doses com concentrações inferiores à de ataque. - A dose tóxica está relacionada a uma dose que será administrada numa concentração superior à terapêutica, podendo levar a um quadro de intoxicação ou à morte. - Existe ainda o efeito dose dependente, que é o atingimento de efeitos farmacológicos decorrentes do aumento da dose utilizada. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA A eficácia farmacológica se refere à resposta máxima que um fármaco pode gerar no organismo. Já potência farmacológica de um fármaco diz respeito à concentração deste em que é produzida 50% da sua resposta máxima, ou seja, está diretamente relacionada a dose necessária para causar o efeito desejado. Em alguns casos, com o uso contínuo e prolongado de medicamentos, pode ocorrer diminuição da resposta farmacológica. A este fenômeno denomina-se tolerância farmacológica. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA Como nem tudo são flores, os medicamentos podem causar efeitos indesejáveis no organismo. Uma série de fatores pode contribuir para estes efeitos. Efeitos colaterais são reações esperadas e explicáveis relacionadas ao uso dos medicamentos. Podem ocorrer devido a não seletividade do fármaco aos sítios ativos. Já reações adversas a medicamentos (RAM) são quaisquer repostas aos medicamentos que sejam nocivas, não intencionais e que ocorrem em doses terapêuticas. Ainda, efeitos idiossincrásicos são reações adversas raras, inesperadas e inexplicáveis, relacionadas ao uso do medicamento. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA É comum em pacientes que fazem uso de vários medicamentos de forma contínua, a interação medicamentosa. Em alguns casos, o uso concomitante de diversos fármacos pode levar a interações causando respostas tóxicas, ou, em outras casos, a diminuição da potência de algum dos medicamentos envolvidos. É importante ressaltar que estas interações podem ocorrer também com alimentos, por exemplo, a tetraciclina sofre quelação por alimentos lácteos, sendo excretada nas fezes, sem produzir o efeito antimicrobiano desejado. A interação medicamentosa pode reduzir a eficácia de um fármaco, por exemplo, o uso de antibiótico com anticoncepcional oral, que provoca alterações na absorção intestinal dos anticoncepcionais orais, diminuindo a eficácia contraceptiva. Há interações que podem ser benéficas, por exemplo, o uso de anti-hipertensivos e diuréticos, visto que o uso de diuréticos potencializa o efeito do anti-hipertensivo. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA FORMAS FARMACÊUTICAS Para que um medicamento exerça suas funções terapêuticas, este deve interagir a nível molecular com os seus alvos. Ora, para que esta interação ocorra, é necessário que o fármaco em si seja “entregue” ao local de ação. Esta entrega ao local de ação do fármaco depende de alguns fatores e, entre estes fatores, a forma farmacêutica pode ser determinante. Definimos como forma farmacêutica o estado final que as substâncias ativas apresentam depois de serem processadas, a fim de tornar mais fácil a sua administração, sem perder a o efeito terapêutico. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA Por exemplo, um medicamento anti-inflamatório a base de diclofenaco pode ter diferentes formas farmacêuticas. Pode apresentar-se na forma de comprimido, pomada, creme e até mesmo suspensão. A escolha da forma farmacêutica dependerá da finalidade terapêutica. No quadro abaixo estão algumas formas farmacêuticas em diferentes estados (sólido, semissólido e líquido). TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA As formas farmacêuticas sólidas são as mais usualmente conhecidas. Os comprimidos são uma mistura de pós e/ou grânulos, contendo o fármaco e seus adjuvantes, que passam por um processo de compressão. Apresentam inúmeras vantagens, como estabilidade físico-química; economia na preparação; boa apresentação; precisão na dosagem, fácil administração e fácil manuseio. As desvantagens são a perda do fármaco pela ação do suco gástrico; a não desintegração do comprimido; e a irritação do trato gastrointestinal. As cápsulas são preparações farmacêuticas constituídas por um invólucro de formato cilíndrico ou ovoide, contendo substâncias ativas. O envoltório que forma a cápsula pode ser tanto duro quanto mole, as cápsulas duras são feitas de gelatina e as moles de glicerina. Elas têm como objetivo eliminar o sabor e/ ou odor desagradável, bem como facilitar a deglutição e a liberação do fármaco; As drágeas são comprimidos com revestimento açucarado. É o uso desse revestimento em que se dá a nomenclatura a esse tipo de forma farmacêutica. Para um entendimento melhor, podemos exemplificar as drágeas com confetes de chocolate. Um exemplo de medicamento com essa forma farmacêutica é a Neosaldina®. A drágea geralmente é utilizada para administração oral de medicamentos irritantes da mucosa gástrica. TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA As formas farmacêuticas sólidas são as mais usualmente conhecidas. Os supositórios são formas farmacêuticas sólidas destinadas à inserção nos orifícios corporais, onde se fundem, amolecem ou dissolvem, exercendo efeito local ou sistêmico. A vantagem dessa forma está relacionada a crianças que não conseguem ou possuem dificuldade para engolir formas orais. Os óvulos são muito parecidos com os supositórios, apresentam formato ovoide, difundem-se ou se dispersam e são utilizados na aplicação vaginal. supositórios óvulos TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA Já as formas farmacêuticas semissólidas normalmente são utilizadas para aplicação na pele ou em mucosas, possuindo ação local ou penetração percutânea dos medicamentos, podem ainda exercer ação emoliente ou protetora. Dentre essas formas existem os cremes, géis, pastas, pomadas e emplastros. Os cremes são emulsões do tipo óleo/água ou água/óleo, contendo o princípio ativo imerso neles. As pomadas são preparações oleosas de consistência semissólida destinadas a serem aplicadas sobre a pele ou sobre determinadas mucosas, possuem características adesivas ou oclusivas a fim de exercer uma ação local. Os géis são dispersões de pequenas ou grandes moléculas em um veículo aquoso que adquire consistência semelhante de geleia, após ajustar o pH. A pasta é uma preparação que possui 20% de sólido, em que o pó é disperso em um ou mais excipientes, possuindo efeito secante. Devido a essa característica é utilizado rigorosamente na pele, já que a penetração do fármaco é dificultada. Os emplastros, por fim, consistem em um suporte com função adesiva à pele, contendo uma base com um ou mais princípios ativos TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA POMADAS CREMES GÉIS PASTA EMPLASTRO TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA As formas farmacêuticas líquidas são mais utilizadas em crianças e idosos, devido à fácil administração quando comparadas às formas farmacêuticas sólidas tradicionais. Por serem líquidas, aceitam uma variação de dosagem pela mudança do volume a ser administrado. As soluções são preparações farmacêuticaslíquidas, sendo sistemas monofásicos e termodinamicamente estáveis. Os elixires são soluções hidroalcoólicas edulcoradas com açúcar, apresentado graduações alcoólicas na faixa de 20 a 30%. Os xaropes são preparações farmacêuticas aquosas, límpidas, altamente viscosas que contêm alta concentração próxima à saturação de açúcar. A suspensão é um sistema heterogêneo de dispersão mecânica em que a fase externa é liquida e a fase interna ou dispersa é constituída por sólidos insolúveis TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA ELIXIR XAROPE SUSPENSÃO TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Na farmacologia, podemos dividir os estudos das interações substâncias x organismo em duas perspectivas diferentes. São elas a Farmacocinética e a Farmacodinâmica. Esta divisão ocorre para que os fenômenos de interação sejam mais bem compreendidos, e vale ressaltar que as duas áreas estão em constante evolução científica, sendo necessário que o acadêmico se mantenha atualizado sobre seus conceitos. Farmacocinética: estudo do destino dos fármacos no organismo após sua administração e abrange os processos de absorção, distribuição, metabolização e excreção (ADME). Em resumo, o que o organismo faz com o fármaco Farmacodinâmica: estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação. Em resumo, o que o fármaco faz com o organismo. Assim, a abordagem da farmacocinética pode-se resumir a “o que o organismo faz com o fármaco”, o que a distingue da farmacodinâmica, que aborda “o que o fármaco faz com o organismo”. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA FARMACOCINÉTICA A farmacocinética estuda a maneira como os processos de absorção, distribuição, metabolismo (ou biotransformação) e excreção determinam o destino das moléculas das drogas dentro dos organismos vivos. Descreve, ainda, os efeitos dos processos (ADME) corporais nas moléculas das drogas, como uma função do tempo (isto é, medidos com o passar do tempo) TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA O clínico necessita reconhecer que a velocidade do início da ação, a intensidade do efeito e a duração da ação do fármaco são controladas pelos quatro processos fundamentais do movimento e da modificação do fármaco no organismo. - Primeiro a absorção do fármaco a partir do local de administração (entrada) permite o acesso do agente terapêutico (seja direta ou indiretamente) no plasma. - Segundo, o fármaco pode, então, reversivelmente sair da circulação sanguínea e distribuir-se nos líquido intersticial e intracelular (distribuição). - Terceiro, o fármaco pode ser metabolizado no fígado ou em outros tecidos. - Finalmente, o fármaco e seus metabólitos são eliminados do organismo (saída) na urina, na bile ou nas fezes, completando assim os processos ADME TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Vias de administração dos fármacos A absorção é o primeiro dos processos cinéticos. Para que a absorção das moléculas dos fármacos ocorra, primeiramente o fármaco necessita ser introduzido ou administrado ao organismo. A determinação de qual via de administração será utilizada se dá primariamente: - pelas propriedades do fármaco (ex.: hidro ou lipossolubilidade, ionização etc.); - pelos objetivos terapêuticos (ex.: a necessidade de um início rápido da ação ou a necessidade de administração por longo tempo ou restrição de acesso a um local especifico). Há duas vias principais de administração de fármacos, enteral e parenteral TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Via Enteral A administração enteral é a via mais segura, comum, conveniente e econômica de administrar os medicamentos. Veremos que o medicamento poderá ser deglutido, por via oral, ou poderá ser colocado sob a língua (sublingual), entre a bochecha e a gengiva (bucal) ou no ânus (retal), facilitando a absorção direta na circulação sanguínea. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA A administração do fármaco oralmente é a via mais comum, mas também é a mais variável e envolve o caminho mais complicado até os tecidos. Alguns fármacos são absorvidos no estômago; no entanto, o duodeno é o principal local de entrada na circulação sistêmica devido a sua maior superfície absortiva. A partir do estômago e do intestino delgado, as moléculas das drogas precisam, então, atravessar uma série de membranas biológicas e barreiras para alcançar a circulação porta hepática. A maioria dos fármacos absorvidos no trato gastrintestinal (TGI) entram na circulação portal e encontra o fígado antes de ser distribuída na circulação geral. A biotransformação de primeira passagem ou metabolismo de primeira passagem, no intestino ou no fígado, limita a eficácia de vários fármacos quando administrados por via oral. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA As membranas da mucosa oral possuem um grande suprimento sanguíneo, proporcionando, portanto, uma superfície de absorção altamente vascularizada. Fármacos lipossolúveis podem ser rapidamente absorvidos diretamente para a circulação sistêmica, pois o retorno venoso para o coração se dá por meio da veia cava superior, evitando, assim, a circulação porta hepática. A administração bucal consiste em borrifar ou colocar o fármaco entre a mucosa jugal (bochecha) e a mucosa mastigatória (gengiva). Para a administração sublingual, o fármaco é colocado embaixo da língua. Os fármacos que são administrados por essa via precisam ser solúveis na saliva e devem ser ativos em concentrações muito baixas. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA VIA RETAL - O uso dessa via de administração relativamente impopular, desconfortável e pouco ortodoxa, é indicado nos casos de estado de inconsciência, náuseas e vômitos, estados febris e convulsivos, e outras situações em que há o perigo de aspiração ou quando a administração via oral necessita ser evitada por causa de irritação gástrica, disfagia e outros problemas clínicos. A droga ativa é formulada dentro de um supositório retal ou pode estar disponível na forma de enema retal. Cinquenta por cento (50%) da drenagem da região retal não passa pela circulação portal; assim, a biotransformação dos fármacos pelo fígado é minimizada. Tanto a via de administração sublingual quanto a retal têm a vantagem adicional de evitar a destruição do fármaco pelas enzimas intestinais ou pelo pH no estômago. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Via Parenteral A administração parenteral assegura o melhor controle sobre a dose real de fármaco administrada ao organismo. É utilizada para administrar fármacos que são pouco absorvidos no TGI e para aqueles que são instáveis no TGI, como a insulina. As três principais vias parenterais são a intravascular (intravenosa ou intra-arterial), a intramuscular e a subcutânea. Cada via apresenta suas vantagens e desvantagens. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA A injeção intravenosa (I.V) é a via parenteral mais comum. Para fármacos que não são absorvidos por via oral, em geral, não há outra escolha. O fato de o fármaco ser injetado nas veias periféricas das extremidades superiores, ou por meio de cateteres venosos centrais, que fornecem uma entrada direta na circulação pulmonar e sistêmica pela veia cava superior, sem passagem pelo TGI, evita completamente a necessidade de absorção da droga e, por conseguinte, a biotransformação de primeira passagem pelo fígado. Essa via permite um efeito rápido e um grau de controle máximo sobre os níveis circulantes do fármaco, portanto, muito útil para drogas que têm uma curta meia-vida de eliminação e para aquelas que requerem uma titulação muito cuidadosa de suas doses, necessitando, portanto, de infusões intravenosas contínuas.TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Injeção intra-arterial Nos casos em que se deseja o efeito localizado de um fármaco em apenas um órgão específico, pode-se optar por injetar o fármaco na corrente sanguínea arterial. Os carcinomas são, às vezes, tratados dessa maneira, pela injeção do fármaco oncostático no suprimento de sangue arterial apropriado. Injeção intramuscular (I.M) e subcutânea (S.C) Essas duas vias fazem uso do suprimento de sangue do tecido adiposo subcutâneo e do tecido muscular esquelético para a absorção das moléculas dos fármacos, e são amplamente indicadas. A absorção pela via intramuscular é mais rápida do que a absorção de uma injeção subcutânea, isso ocorre em virtude do tecido muscular esquelético receber um suprimento maior de sangue do que a gordura subcutânea. Fármacos de depósito podem ser injetados no músculo para estender a duração de sua atividade por horas, dias ou semanas. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Injeção intradérmica ou intracutânea (I.D) Indicada para processos que envolvem reações imunológicas (exemplo: testes de sensibilidade, alergia e tuberculose), aplicação de vacinas e anestésico local. Locais mais comuns para injeção I.D são: parte ventral do antebraço e ventral superior do tórax; parte superior das costas; parte superior dorsal dos braços. O volume injetado deve ser muito pequeno (menos de 0,2 ml) e é administrado dentro da pele. TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
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