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Renata Moreira Lopes Fundamentos de Economia RENATA MOREIRA LOPES FUNDAMENTOS DE ECONOMIA Belo Horizonte novembro de 2015 COPYRIGHT © 2015 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Vice Presidência Arthur Sperandeo de Macedo Coordenação de Produção Gislene Garcia Nora de Oliveira Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Leonardo Antonio Aguiar Equipe EaD Conheça a Autora Renata Moreira Lopes é graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerias, graduada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Mestre em Administração pela FEAD- MG. Atualmente, é professora do Centro Universitário UNA. Tem experiência como professora em graduação, pós-graduação e EAD. Atua nas áreas de Economia (Economia e Mercado, Microeconomia, Macroeconomia), onde ministrou aulas presenciais e em EAD. Prezado (a) aluno (a): O objetivo desse curso é introduzirmos o estudo da Economia. Você aprenderá conceitos econômicos básicos, mas ao mesmo tempo essenciais para o entendimento da Economia. O estudo e entendimento da Economia são de grande importância para todo cidadão, pois tratam de uma ciência muito abrangente e que impacta diretamente a vida de toda uma sociedade. Compreender a Economia é fundamental para que você possa entender o mundo em que vive, além de ajudá-lo no processo de tomada de decisão na vida pessoal e profissional. Um outro fato importante é que, quando você aprende Economia, seu conhecimento de país e de mundo amplia-se, e é possível compreender as decisões dos governantes quanto às mudanças de estratégias adotadas e seus resultados na vida de cada cidadão. A Ciência Econômica vai estudar formas de melhor distribuir os recursos que são escassos para todos os indivíduos. Esse estudo é dividido em dois ramos: Microeconomia e Macroeconomia. A Microeconomia vai se dedicar ao estudo do comportamento dos consumidores e produtores dentro do mercado de bens e serviços. Já a Macroeconomia vai tratar do estudo da Economia de forma global, como um todo. Nesse material você entenderá as forças de oferta e demanda no mercado e como elas afetam os preços e as decisões de consumo. Aprenderá também como as empresas tomam decisões a partir do levantamento dos custos dos fatores produtivos, importantes na formação de preço de um produto. Apresentação da disciplina Compreenderá também o funcionamento dos mercados competitivos e das outras formas de mercado que contam somente com um único vendedor ou poucos vendedores, afetando o bem-estar econômico. Espero que aproveite o curso e utilize seus conhecimentos a partir de agora, tanto no seu dia a dia, ao decidir sobre consumo e investimento, quanto no seu trabalho, a partir das forças que regem a Economia. UNIDADE 1 002 Oferta, Demanda e Mercado 003 Demanda X Oferta 004 Revisão 021 UNIDADE 2 023 A empresa: produção, custos e lucros 024 Empresas 025 O que são custos? 026 A função de produção: curto e longo prazo 026 Custos contábeis e custos explícitos 032 Revisão 033 UNIDADE 3 034 Estrutura de Mercado 035 Mercado perfeito 036 Mercados não-competitivos 038 Falhas de mercado 043 Revisão 044 UNIDADE 4 046 Economia brasileira contemporânea 047 Introdução à macroeconomia 048 Regime de metas inflacionárias 048 Política fiscal 050 O Banco Central e a política monetária 053 Relações internacionais: o setor externo 058 Políticas macroeconômicas adotadas na economia brasileira 070 Revisão 072 REFERÊNCIAS 074 Oferta, Demanda e Mercado • Demanda X Oferta • Revisão Introdução Nessa unidade, vamos estudar alguns conceitos econômicos essenciais para o entendimento de todo o restante do material. Será abordado inicialmente o conceito de Economia e a sua utilização na vida diária e profissional de todos os cidadãos. Você também entenderá que na economia sempre se deparará com escolhas, devido às diversas opções possíveis existentes em sua vida. E toda escolha implica em uma renúncia. Um exemplo na sua vida prática: para poder se dedicar ao estudo e tirar boas notas, você terá que renunciar a muitos convites de festas e baladas. Nessa unidade você também terá oportunidade de estudar o conceito de oferta e demanda e a sua relação com a variação nos preços dos produtos. Ao final da unidade será estudado o conceito de equilíbrio entre oferta e demanda e como esse equilíbrio afeta os preços dos produtos no mercado econômico. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 004 A Economia é uma importante ciência que vai estudar os recursos escassos e procurar melhores formas de distribuição desses recursos. Segundo Troster e Mochón (2006, p.5), “a Economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade”. Demanda X Oferta A Economia é uma importante ciência que vai estudar os recursos escassos FIGURA 1 - Recursos escassos na Economia Fonte: Site “Humortadela”. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 005 A escassez e o custo de oportunidade FIGURA 2 – Trabalho x Educação Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Ănima, 2014. Essa charge ilustra a escassez dos bens e como o indivíduo se adapta a esse fato. Quando os preços dos produtos se elevam e não há renda suficiente para arcar com os novos preços, é necessário fazer alterações no estilo de vida para se adaptar à nova realidade. Os recursos existentes no mundo são escassos e as necessidades e desejos humanos são ilimitados. Dessa forma, o indivíduo irá sempre se deparar com escolhas para atender as suas necessidades da melhor maneira. Para adquirir os bens e serviços necessários para atender aos seus desejos, as pessoas se ocupam de atividades produtivas, são remuneradas e essa renda limitará o seu consumo. Dessa forma, as escolhas devem ser bem feitas para que o indivíduo alcance o nível de bem-estar material mais alto possível a partir dos recursos disponíveis. Todo ser humano se depara com escolhas no seu dia a dia. Ao entrar para a faculdade você deve ter se deparado com dúvidas relacionadas ao curso escolhido. Será que estou fazendo uma boa escolha? Vou gostar desse curso? Vou conseguir um bom emprego e ser bem remunerado ao final desse curso? FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 006 Esses são exemplos de dúvidas que devem ter passado pela sua cabeça e você deve estar se perguntando: qual a relação com o estudo da Economia? Um problema econômico é a escassez, que pode ser de renda, de tempo ou de recursos produtivos. Essa escassez pode ser cada vez maior se o indivíduo tem o desejo de adquirir uma quantidade de bens e serviços bem maior que a disponibilidade. Ao fazer uma escolha, uma renúncia necessariamente acontecerá. Voltando ao exemplo da faculdade. Os benefícios que você obterá com essa escolha são inquestionáveis, como o enriquecimento intelectual e melhores oportunidades de emprego. Mas quais são os custos relacionados a essa escolha? Você vai pensar no custo dos livros, transporte, alimentação, mensalidade. Mas não estou falando somente desses custos. E o tempo que você passa em sala de aula e estudando em casa? Você poderia estar, por exemplo, trabalhando ou descansando nesse período. Caso houvesse a possibilidade de trabalhar no horário da aula, o salário que você deixa de ganhar pode ser considerado como um custo da sua educação. Na Economia, este custo é chamado de custo de oportunidade, que é definido como a quantidade de bens ou serviços que devem ser renunciadospara a obtenção daquele escolhido. E não somente o indivíduo, mas também as empresas se deparam com escolhas no dia a dia que geram custo de oportunidade. Uma empresa, por exemplo, ao dedicar o seu investimento em um determinado produto, está abrindo mão de investir em outros produtos que poderiam ser produzidos. Os Fatores de produção Para atender as necessidades humanas, as empresas produzem bens e serviços, e, ao fazê-los, precisam dos chamados recursos ou fatores produtivos que serão combinados ao longo do processo produtivo. O que é isso? As empresas se deparam com escolhas no dia a dia que geram custo de oportunidade. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 007 Segundo Viceconti e Neves (2005), os fatores de produção vão ser classificados como: 1. Terra ou Recursos Naturais: o que for fornecido pela natureza e é utilizado na produção. 2. Trabalho: o tempo e a capacidade intelectual de um indivíduo dedicado à atividade produtiva. 3. Capital: é o chamado estoque de capital e contempla os investimentos realizados em edificações, maquinários e instalações necessárias à produção dos bens. As empresas ao tentarem otimizar sua produção e maximizarem os lucros, terão que fazer escolhas e considerar três problemas fundamentais: - O que produzir? Dentro das possibilidades de produção, a escolha deverá ser feita almejando sempre o melhor resultado. - Como produzir? A partir da definição do que produzir, deverão ser escolhidos quais os recursos produtivos que serão utilizados para a fabricação, objetivando o menor custo possível. - Para quem produzir? A definição da destinação de tudo o que será produzido. O sistema econômico funcionará de acordo com a resolução dos problemas acima descritos. A curva ou fronteira de possibilidade de produção Como falamos anteriormente, a sociedade se depara com diversas escolhas ao determinar uma produção. A curva ou fronteira de possibilidade de produção, vai demonstrar as opções que são oferecidas à sociedade e a necessidade de escolha. As empresas ao tentarem otimizar sua produção e maximizarem os lucros, terão que fazer escolhas e considerar três problemas fundamentais: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 008 Ao optar por produzir um determinado bem, uma renúncia será feita (custo de oportunidade). No exemplo abaixo, temos uma empresa que é produtora de trigo e algodão. Essa empresa já possui uma capacidade produtiva instalada e ela tem que escolher a quantidade a ser produzida de trigo ou algodão, pois ela não consegue produzir toda a quantidade dos dois bens ao mesmo tempo. Conforme será demonstrado na tabela, para cada unidade de algodão produzida, ela terá que deixar de produzir 0,5 unidade de trigo. FIGURA 3 – Trigo x Algodão Fontes: Revista Globo Rural e Site “Iguatu.net” TABELA 1 - Custo de oportunidade *Unidades de trigo que não devem ser produzidas para obter-se uma unidade adicional de algodão Fonte: TROSTER e MOCHON, 2002, p.15. OPÇÃO ALGODÃO TRIGO CUSTO DE OPORTUNIDADE* A 0 7,5 B 1 7,0 0,5 C 2 6,0 1,0 D 3 4,5 1,5 E 4 2,5 2,0 F 5 0,0 2,5 FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 009 GRÁFICO 1 - Curva ou fronteira de possibilidade de produção A B C D E F 1 2 3 4 5 7,5 7,0 6,0 4,5 2,5 Trigo Fonte: TROSTER e MÓCHON, 2002, p.15. Algodão A curva reflete as opções oferecidas à sociedade e as possíveis escolhas, lembrando que a maior produção de um bem implica na menor produção do segundo bem, devido a existência de uma limitação na capacidade produtiva instalada. Nesse exemplo, o custo de oportunidade de uma unidade de algodão é o número de unidades de trigo que é preciso deixar de se produzir para obtê-la. Fluxos econômicos numa Economia de Mercado Ao verificarmos a versão simplificada do funcionamento de Economia de Mercado, é necessário fazer a distinção de dois agentes econômicos fundamentais: as unidades produtivas ou empresas e as unidades consumidoras ou famílias. As famílias, proprietárias do fator de produção Trabalho, utilizam os salários, renda originária da cessão de seu uso para empresas, para comprar os bens e serviços que essas produzem e que satisfaçam às suas necessidades. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 010 FIGURA 4 – Pagamento pela compra de bens e serviços = Dispêndio Fonte: VICECONTI e NEVES, 2005, p.8. UNIDADES DE PRODUÇÃO: EMPRESAS UNIDADES CONSUMIDORAS: FAMÍLIAS PAGAMENTO PELA COMPRA DE BENS E SERVIÇOS = DISPÊNDIO BENS E SERVIÇOS FATORES DE PRODUÇÃO PAGAMENTO PELO USO DOS FATORES DE PRODUÇÃO = RENDA Somente através do funcionamento desse fluxo que o mercado econômico funcionará. Mercados e competição Agora vamos entender o funcionamento do mercado econômico de acordo com a oferta e demanda, que acontece apenas no mercado competitivo. Juntas, a oferta e a demanda fazem funcionar a economia e através dessa interação será determinada a quantidade a ser produzida e o preço dos produtos. O mercado competitivo, como será estudado mais adiante, é aquele onde existe um grande número de vendedores e compradores e nenhum deles, individualmente, consegue exercer alguma influência sobre os preços. Demanda Para iniciar esse estudo, vamos verificar o comportamento dos compradores ou demandantes. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 011 “A quantidade demandada de um bem qualquer é a quantidade desse bem que os compradores desejam e podem comprar”. (MANKIW, 2009, p.67). A quantidade demandada irá variar de acordo com o seu preço de venda. Quanto menor o preço de um produto, maior será a quantidade demandada e vice-versa. Essa é a chamada Lei da Demanda. A Lei da Demanda apresenta essa relação inversa entre preço e quantidade, porque quando o preço de um bem aumenta, alguns consumidores deixarão de adquiri-lo e outros irão trocá-lo por bens que podem substituí- lo. Ex.: Se o preço do tomate subir, os consumidores podem simplesmente deixar de consumi-lo ou trocá-lo por outro legume. A curva da demanda Conforme demonstrado na tabela abaixo, quanto maior for o preço de um produto, menor será a quantidade demandada. Através do gráfico, pode ser verificado que a curva de demanda é decrescente, pois demonstra essa relação inversa entre preço e quantidade. Para exemplificar a relação existente entre preço e demanda, na tabela abaixo serão demonstradas as alterações existentes nas quantidades demandadas mediante as alterações nos preços. Quanto maior o preço do CD, menor será a quantidade demandada desse bem. A quantidade demandada irá variar de acordo com o seu preço de venda. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 012 PREÇO DE UM CD (R$) QUANTIDADE DEMANDADA (UNID.) 10 13 15 10 20 7 25 4 30 1 TABELA 2 - Tabela de demanda Fonte: MOCHON, 2007, p.18. GRÁFICO 2 - Curva de demanda Fonte: MOCHON, 2007, p.18. A curva de demanda é a relação entre o preço de um bem e a quantidade demandada. Deslocamentos da curva de demanda O deslocamento da curva de demanda acontecerá quando houver uma alteração em qualquer um dos fatores que podem influenciar a demanda, com exceção do preço. Os fatores que fazem uma curva de demanda se deslocar são: • A renda dos consumidores: uma renda menor diminui o consumo e uma renda maior aumenta o consumo. Se a 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 30 25 20 15 10 5 Curva de demanda de CDs Preço de um CD (R$) Quantidade de CDs FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 013 demanda por um bem aumenta quando há um aumento na renda, esse bem é chamado bem normal. Se a demanda por um bem cai quando a renda aumenta, esse bem é chamado de bem inferior. Um exemplo de bem inferiorpode ser a passagem de ônibus. Se sua renda aumenta, você vai querer comprar um carro e deixar de andar de ônibus. • Preço dos bens relacionados: quando há um aumento do preço de um bem, você pode deixar de comprá-lo e adquirir o seu substituto que pode ser mais barato. Por exemplo, se houve um aumento na carne bovina eu posso adquirir a carne suína, mais barata, no seu lugar. Quando o aumento no preço de um bem, eleva a demanda de outro bem, esses bens podem ser classificados como bens substitutos. Quando o aumento do preço de um bem reduz a demanda de outro bem, podemos dizer que esses bens são complementares. Os bens complementares são, frequentemente, pares de bens usados em conjunto, como por exemplo sanduíche e maionese. • Preferência dos consumidores: essas alterações podem ocorrer ao longo do tempo, devido à inovações tecnológicas ou campanhas publicitárias que levam à alterações nas demandas dos consumidores. Se há um aumento na demanda de um produto, a curva se deslocará para direita. Se há uma redução na demanda do produto, a curva se deslocará para a esquerda. • Tamanho do mercado e outros fatores: o tamanho do mercado está relacionado com a quantidade de pessoas que demandam aquele tipo de produto e, um outro fator que pode influenciar a demanda, é a expectativa relacionada à atividade econômica futura. Se há um aumento na demanda de um produto, a curva se deslocará para direita. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 014 GRÁFICO 3 - Deslocamentos da curva de demanda Fonte: MANKIW, 2009, p.70. Uma das grandes inovações nos últimos anos no mercado automotivo brasileiro foi a introdução dos veículos flex fuel, que permitem tanto o uso de gasolina quanto de álcool como combustível no mesmo carro. Antes dessa inovação, o consumidor brasileiro tinha de optar entre um veículo movido a gasolina ou a etanol, ficando restrito à utilização de apenas um tipo de combustível. Nesse sentido, a introdução dos veículos flex fuel no mercado brasileiro aumentou o grau de substituibilidade entre os dois combustíveis para o consumidor que adquirir um carro desse tipo. Em outras palavras, caso o preço da gasolina suba, o consumidor que possui um carro flex fuel pode optar por colocar etanol no seu tanque (configurando um movimento de mercado típico de bens substitutos entre si). Oferta A oferta demonstra a quantidade de produtos que os produtores ou ofertantes irão disponibilizar para o mercado. Na oferta, quanto maior for o preço de um produto, maior será a quantidade de produtores que irão ofertar aquele produto no mercado, porque os produtores querem aumentar os seus lucros. Quanto menor o preço de um produto, menor a quantidade de produtos que serão Preço do sorvete de casquinha Quantidade de sorvete de casquinha 0 Curva de demanda, D3 Diminuição da demanda Aumento da demanda Curva de demanda, D1 Curva de demanda, D2 FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 015 PREÇO DO SORVETE DE CASQUINHA (R$) QUANTIDADE OFERTADA DO SORVETE DE CASQUINHA 0,00 0 0,50 0 1,00 1 1,50 2 2,00 3 2,50 4 3,00 5 ofertados naquele mercado. TABELA 3 - Quantidade ofertada de sorvete Fonte: MANKIW, 2009, p.73. Na TABELA 3 você pôde observar que quanto maior o preço da casquinha de sorvete, mais produtores irão participar desse mercado e oferecer mais produtos, pois o que eles querem é aumentar seus lucros. Quando o preço está baixo, vários ofertantes saem daquele mercado porque não querem obter um baixo lucro pela venda do produto, pois os custos de produção não serão cobertos por aquele preço. A curva de oferta é crescente, porque mostra uma relação direta entre preço e quantidade, ou seja, quanto maior o preço de um produto, maior será a quantidade ofertada. Essa é a Lei da Oferta. GRÁFICO 4 - Curva de oferta Fonte: MANKIW, 2009, p.74. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 $ 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 Preço do sorvete de casquinha Quantidade de sorvete de casquinha 1. Um aumento no preço 2. Aumenta a quantidade ofertada de sorvetes de casquinhas FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 016 Deslocamentos da curva de oferta E quais são os fatores que podem causar o deslocamento da curva de oferta, aumentando ou diminuindo a quantidade ofertada de um determinado produto? • Preço dos fatores produtivos ou insumos: quando há uma alteração no preço dos insumos utilizados na produção de um bem, os custos serão modificados. Dessa forma o produtor poderá produzir mais ou menos de um determinado bem. Quando aumenta o preço de um insumo, o produtor irá ofertar menos daquele bem e o contrário irá ocorrer na redução do preço desse insumo. • Tecnologia existente: inovações tecnológicas podem aumentar a produção de um determinado bem sem aumentar o custo de produção, o que levará o produtor a ofertar mais produtos. • Expectativas: a quantidade de produto produzido dependerá das expectativas em relação ao futuro da atividade econômica de um país. No ano da Copa, os brasileiros compram mais televisores, sendo assim, será percebido um aumento na oferta de televisores no mercado. GRÁFICO 5 - Deslocamento da curva de oferta Fonte: MANKIW, 2009, p.76. Preço do sorvete de casquinha Quantidade de sorvete de casquinha Curva da oferta, O3 Redução da oferta Aumento da oferta Curva da oferta, O1 Curva da oferta, O2 Quando aumenta o preço de um insumo, o produtor irá ofertar menos daquele bem. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 017 Oferta e demanda reunidas – equilíbrio de mercado Após a análise em separado das curvas de oferta e demanda, vamos analisá-las em conjunto e verificar o que acontece com essa interação. GRÁFICO 6 - Deslocamento da curva de oferta Fonte: MANKIW, 2009, p.76. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 $ 2,00 Preço do sorvete de casquinha Preço do Equilíbrio Quantidade de sorvete de casquinha Demanda Oferta Equilibrio Quantidade de Equilibrio No ponto de interseção das curvas de oferta e demanda teremos o chamado Ponto de Equilíbrio. Nesse ponto, temos o preço de equilíbrio onde os preços dos ofertantes e demandantes coincidem. O preço de equilíbrio também pode ser chamado de preço de ajustamento do mercado, porque, a esse preço, o mercado está satisfeito: os compradores compraram tudo que desejavam comprar e os vendedores venderam tudo que desejavam vender. A quantidade de equilíbrio é o ponto onde a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada. Entretanto, esse mercado de equilíbrio nem sempre acontece. Quando há uma mercadoria excedente, que não foi vendida, a concorrência entre os vendedores fará o preço descer. Isso ocorre quando há um excesso de oferta, situação onde a quantidade A quantidade de equilíbrio é o ponto onde a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 018 ofertada é maior do que a quantidade demandada. Ao contrário, quando há mais demandantes do que mercadorias oferecidas no mercado, haverá uma pressão dos ofertantes para elevar os preços. Isso acontecerá quando há um excesso de demanda, situação onde a quantidade demandada é maior do que a quantidade ofertada. GRÁFICO 7 - Mercados em desequilíbrio Fonte: Mankiw, 2009, p.78. 0 4 7 10 0 4 7 10 $ 2,50 $ 2,00 $ 2,00 $ 1,50 Preço do sorvete de casquinha Preço do sorvete de casquinha Quantidade de sorvete de casquinha Quantidade de sorvete de casquinha Demanda Demanda Excesso de oferta Excesso de oferta Excesso de demanda Oferta Oferta Quantidade demandada Quantidade ofertada Quantidade ofertada Quantidade demandada (a) Excesso de oferta (b) Excesso de demanda No painel (a), temos um excesso de oferta. Como o preço de mercadode R$ 2,50 está acima do preço de equilíbrio, a quantidade ofertada (10 sorvetes) excede a quantidade demandada (4). Os fornecedores tentam aumentar suas vendas reduzindo o preço do sorvete, e isso conduz o preço ao seu nível de equilíbrio. No painel (b), temos um excesso de demanda. Como o preço de mercado de R$ 1,50 está abaixo do equilíbrio, a quantidade demandada (10 sorvetes) supera a quantidade ofertada (4). Com muitos compradores indo atrás de poucos bens, os fornecedores podem tirar vantagem da escassez elevando os preços. Assim, em ambos os casos, o ajustamento dos preços conduz o mercado em direção ao equilíbrio entre oferta e demanda. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 019 Fonte: Acervo institucional FIGURA 5 - Hospedagem Se a disputa para conseguir ingressos para os shows do Rock in Rio 2013 foi grande, a luta para garantir uma hospedagem no Rio de Janeiro em setembro, que não comprometa o orçamento dos fãs, pode ser ainda maior. Um levantamento feito pelo HostelBookers mostrou que a procura por estadia em hostels nos fins de semana de 13 a 15 e 19 a 22 de setembro cresceu quase 200%. Como consequência, o preço médio das diárias também registrou um aumento na casa dos três dígitos – média de 138% nos quartos compartilhados. Fator turismo prevalece Se alguns preferem a comodidade de instalar-se próximo à Cidade do Rock (na Barra da Tijuca), há quem prefira evitar o valor inflacionado dos hotéis da região e optar por outras áreas. “Além de pagarem bem menos que em hotéis tradicionais, os jovens preferem ficar em um hostel pelo fator social. Especialmente em grandes eventos como o Rock in Rio, onde aproveitam para fazer amigos, organizar passeios, dividir o táxi até o local do show etc.”, avalia Juan Perez, gerente de marketing para o mercado de língua portuguesa do HostelBookers. Para ele, os viajantes preferem ficar em áreas propícias para o turismo, onde podem aproveitar a praia e fazer passeios antes do shows. Por isso Copacabana, Ipanema e Santa Teresa estão entre os bairros mais procurados. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 020 Fonte: Revista Hotéis. Aumento da procura duplica preço de hostels para o Rock in Rio 2013. Ed. 122. Imagine na Copa Um hostel localizado em Copacabana, por exemplo, cobra R$ 45 pela diária de uma cama em quarto para 6 pessoas durante o ano. Em setembro, durante os finais de semana do Rock in Rio, a mesma cama passa para R$ 110. O fenômeno se repete mesmo em áreas menos turísticas, como a Favela do Vidigal. Um dos hostels mais populares da região passou o valor da diária em dormitório de 4 camas de R$ 60 para R$ 220, e já não tem mais disponibilidade de vagas para setembro. “Assim como já acontece em períodos como o Carnaval e o Réveillon, esta relação entre procura e alta dos preços é um bom indicador do que acontecerá durante a Copa do Mundo de 2014”, diz Perez, prevendo que muitos torcedores já devem começar a reservar a hospedagem nas próximas semanas, um ano antes do início do campeonato. Comparativo de preços Usando como base de comparação a procura para 2 noites no mês de junho/2013 e 2 noites durante os fins de semana de setembro quando acontece o Rock in Rio, o levantamento mostrou o seguinte: Quartos compartilhados: • Aumento de 195% nas pesquisas para as datas do Rock in Rio • Aumento de 138% nos preços das diárias • Preço médio por noite/pessoa: de R$ 40 para R$ 95 Quartos privativos: • Aumento de 193% nas pesquisas para as datas do Rock in Rio • Aumento de 94% no preço das diárias • Preço médio por noite/pessoa: de R$ 85 para R$ 165 FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 021 Revisão A Economia estuda como administrar os recursos disponíveis, com o objetivo de produzir bens diversos e distribuí-los para consumo entre os membros da sociedade. A escassez não é um problema tecnológico, mas de disparidade entre desejos humanos e meios disponíveis. Uma vez satisfeitas as necessidades, surgem novos desejos. O custo de oportunidade que ocorre ao se fabricar um produto, é o que se deve renunciar em termos de outros bens que deixam de ser produzidos com os mesmos recursos. Os recursos ou fatores produtivos são insumos utilizados na produção de um bem e são divididos em três grandes grupos: terra, trabalho e capital. A fronteira de possibilidades de produção é côncava em relação à origem. Isso porque o custo de oportunidade aumenta conforme continua o processo de substituição da produção de um bem ou serviço pela produção de outro. Por mercado se entende a instituição social, onde bens e serviços são trocados de maneira livre e voluntária. A demanda de determinado consumidor por um bem específico demonstra a relação existente entre o preço de um bem e sua quantidade demandada. Essa relação pode ser visualizada através da representação gráfica da curva decrescente de demanda, que apresenta a relação inversa entre preço e quantidade, comprovando assim, a chamada Lei da Demanda. A oferta reflete o desejo da quantidade de bens que o empresário irá ofertar no mercado mediante os preços relacionados. Essa Por mercado se entende a instituição social, onde bens e serviços são trocados de maneira livre e voluntária. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 1 022 interação pode ser visualizada através da representação gráfica da curva crescente da oferta, que demonstra a relação direta entre preço e quantidade, ou seja, quanto maior o preço maior a quantidade de produtos ofertada pelos produtores. O deslocamento da curva de demanda acontece devido a alguns fatores: renda dos consumidores, preço dos bens relacionados, preferências dos consumidores e tamanho do mercado. As variáveis que podem levar a um deslocamento da curva de oferta são: preço dos fatores produtivos, tecnologias existentes e expectativas. Na situação de equilíbrio, as quantidades ofertadas e demandadas se igualam. Um preço superior ao de equilíbrio produzirá um excesso de oferta, isto é, uma situação em que a quantidade ofertada é superior à demandada. Por outro lado, se o preço for menor que o de equilíbrio, haverá um excesso de demanda, ou seja, uma situação em que a quantidade demandada é superior à ofertada. A empresa: produção, custos e lucros • Empresas • O que são custos? • A função de produção: curto e longo prazo • Custos contábeis e custos explícitos • Revisão Introdução A economia é composta por milhares de empresas que produzem bens e serviços que usufruímos todos os dias. Temos micro, pequenas, médias e grandes empresas, que juntas empregam milhões de pessoas, que constituem a força de trabalho ativa do nosso país. Independente da empresa ser pública ou privada, será empregado o uso dos fatores produtivos: terra, trabalho e capital. As empresas, como ofertantes desse mercado, observam os custos dos fatores produtivos envolvidos na produção de um bem, com o objetivo de maximizar seus lucros, otimizando assim a sua sobrevivência no mercado. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 025 Nas sociedades modernas, as empresas são responsáveis por oferecer os bens e serviços diversos. Segundo Tróster e Móchon (2002, p.20), “a empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços.” Os gestores responsáveis pelo funcionamento das empresas, organizam a produção, incorporam novas ideias, processos ou atividades, tomam decisões e, para tanto, munem-se das informações necessárias. Qualquer que seja o produto ou serviço realizado pela empresa, o empresário diariamente precisa tomar múltiplas decisões sobre sua atividade produtiva. De todas essas decisões, as duas mais relevantes são: • Qual quantidade produzir e; • Como produzir determinado bem, objetivando a maximização dos lucros. Empresas A empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazere vender bens e serviços. Tipos de empresa conforme sua natureza jurídica As empresas possuem diferentes classificações, de acordo com a sua natureza jurídica: • Fundações: Trata-se de um patrimônio personalizado, destinado ao desenvolvimento de certas atividades (religiosas, morais, culturais, de assistência) conforme previsto no ato de sua instituição. • Associações: Apresentam quadro de associados e não têm finalidade lucrativa; suas atividades (recreativas, FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 026 esportivas, caritativas, assistenciais, culturais, religiosas) visam atender seus associados ou terceiros. • Sociedades: Apresentam quadro de sócios e possuem finalidade lucrativa. O que são custos? Praticamente toda decisão implica um custo, já que ao escolher uma opção estamos deixando de lado muitas outras (custo de oportunidade). Além do chamado custo de oportunidade, temos o custo contábil, que refere-se aos gastos relacionados à produção. Os custos ocupam um lugar muito importante, pois ajudam a selecionar as melhores decisões para se ajustar aos objetivos das empresas, como a maximização dos lucros. Mas, o que é lucro? O montante que a empresa recebe pela venda da sua produção é chamado de receita total. O que a empresa gasta com os insumos utilizados na produção é chamado de custo total. O lucro é a receita total menos o custo total (MANKIW, 2009). L = RT – CT A Função de Produção: curto e longo prazo O que é Função de Produção? Trata-se da relação entre a quantidade de insumos, que são os bens utilizados na produção de outro bem, usada para produzir um bem e a quantidade produzida desse bem. Os custos ocupam um lugar muito importante. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 027 Os custos de produção no curto prazo O curto prazo é um período ao longo do qual as empresas conseguem ajustar a produção, mudando os fatores variáveis, tais como trabalho e as matérias-primas. No curto prazo, os fatores fixos, como as instalações e os equipamentos, não podem ser plenamente ajustados. A produção no curto prazo apresenta dois tipos de custos: os custos variáveis, que dependem do volume da produção, (por exemplo a matéria-prima utilizada) e, os custos fixos, que não dependem do volume de produção, pois incorre-se neles ainda que nada se produza (exemplo: o aluguel do imóvel onde a empresa está instalada). O custo total de uma empresa é a soma dos custos fixos mais os custos variáveis. CT= CF + CV O custo médio de uma empresa vai ser encontrado através da divisão do custo total pela quantidade produzida. Custo marginal é o custo adicional ou extra, vinculado à produção de uma unidade adicional do produto (Ex.: a cada unidade produzida de um lápis de escrever, a empresa vai precisar de mais madeira.) Cmg=delta(variação) CT/delta(variação) Q Para analisar a Função Produção, vamos considerar o quadro abaixo, verificando a quantidade de bens produzidos, aumentando o fator variável trabalho e mantendo fixos os demais fatores produtivos. Cme= CT Q A produção no curto prazo apresenta dois tipos de custos: os custos variáveis e os custos fixos. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 028 QUADRO 1 - Produto total e Produto Marginal do Trabalho – Produção de biscoitos Quantidade de trabalhadores Produto total Produto Marginal Custo da Fábrica Custo dos trabalhadores Custo Total 0 0 0 30 0 30 1 50 50-0 = 50 30 10 40 2 90 90-50= 40 30 20 50 3 120 120-90= 30 30 30 60 4 140 140-120= 20 30 40 70 5 150 150-140 = 10 30 50 80 6 155 155-150= 5 30 60 90 O produto marginal de qualquer insumo no processo de produção é o aumento da quantidade produzida que se obtém a partir de uma unidade adicional do insumo em questão. Quando o número de trabalhadores sobe de 1 para 2, a produção sobe de 50 para 90, de modo que o produto marginal do segundo trabalhador são 40 biscoitos. E, quando o número de trabalhadores sobe de 2 para 3, a produção de biscoitos aumenta para 120, de modo que o produto marginal do terceiro trabalhador são 30 biscoitos. Fonte: MANKIW, 2009, p.261. Observe que, à medida que o número de trabalhadores aumenta, o produto marginal diminui. O segundo trabalhador tem um produto marginal de 40 biscoitos, o terceiro, de 30, e o quarto, de 20. Essa propriedade é chamada produto marginal decrescente. O que pode explicar a redução na produção é que, com o aumento do número de trabalhadores, eles passam a ter que compartilhar equipamentos e trabalhar com uma lotação cada vez maior. Portanto, ao contratar mais trabalhadores, cada trabalhador adicional contribui menos para a produção total de biscoitos. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 029 GRÁFICO 8 - Função de Produção GRÁFICO 9 - Curva de Custo Total Fonte: MANKIW, 2009, p.263. Fonte: MANKIW, 2009, p.263. Quantidade produzida (biscoitos por hora) Número de trabalhadores contratados Função de produção Custo total 0 1 2 3 4 5 6 160 140 120 100 80 60 40 20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 $ 90 80 70 60 50 40 30 20 10 Quantidade produzida (biscoitos por hora) Número de trabalhadores contratados Curva de custo total FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 030 A Função de Produção no gráfico mostra a relação entre o número de trabalhadores empregados e a quantidade total de produtos. A Função de Produção torna-se menos inclinada à medida que o número de trabalhadores aumenta, o que reflete a diminuição do produto marginal. A curva de custo total ilustra a relação entre a quantidade produzida e o custo total de produção. A inclinação da curva de custo total aumenta com a quantidade produzida por causa do produto marginal decrescente. A Lei dos Rendimentos Decrescentes, confirma o que foi verificado no gráfico anterior. Em uma produção com pelo menos um fator fixo, à medida que são acrescentadas mais unidades de fatores variáveis, os incrementos na produção serão cada vez menores. Os custos de produção no longo prazo No longo prazo, diferentemente do curto prazo, todos os fatores produtivos podem ser alterados de acordo com a quantidade de produção que for necessária. Um exemplo para explicar a diferença é se analisarmos uma fábrica de carros após um incentivo de redução de IPI. No curto prazo, o aumento de demanda pelos carros pode ser atendido através de contratação de horas-extras. No longo prazo, se a expectativa de aumento na demanda permanecer, a fábrica pode ampliar a sua planta e dessa forma produzir mais carros. No longo prazo, a produção vai acontecer em torno das alterações nos fatores produtivos e são estabelecidas em torno do conceito de rendimentos de escala. Escala significa o tamanho da empresa medido por sua produção. Ao verificar a quantidade de produtos produzidos através dos fatores produtivos instalados a empresa pode apresentar: Escala significa o tamanho da empresa medido por sua produção. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 031 • Rendimentos de escala crescente: à medida que a quantidade utilizada de todos os fatores varia em determinada proporção, a quantidade obtida do produto varia em uma proporção maior. • Rendimentos constantes de escala: quando a quantidade dos fatores utilizados e a quantidade obtida de produtos variam na mesma proporção. • Rendimentos decrescentes de escala: à medida que a quantidade dos fatores utilizados varia em determinada proporção, a quantidade obtida de produtos varia em uma proporção menor. Lições de uma fábrica de alfinetes “Quem tudo faz, nada sabe”. Essa frase ajuda a explicar por que as empresas às vezes usufruem de economias de escala. Alguém que tenta fazer de tudo geralmente acaba fazendo tudo mal. Se uma empresa quer que seus trabalhadores sejam o mais produtivo que puderem, muitas vezes é melhor confiar a cada um uma tarefa limitada que possa ser dominada. Entretanto, isso só é possível se a empresa tem muitostrabalhadores e gera uma grande quantidade de produto. Em seu famoso livro “A Riqueza das Nações”, Adam Smith descreveu uma visita que fez a uma fábrica de alfinetes. Smith ficou impressionado com a especialização entre os trabalhadores e com as economias de escala resultantes. Ele escreveu: “Um homem estende o arame, o outro estica, um terceiro o corta, um quarto lhe deixa com a ponta, um quinto lixa o topo para receber a cabeça; a feitura da cabeça requer duas ou três operações distintas; encaixá-la é uma atividade peculiar; branqueá-la é outra; até mesmo embalá-los é um negócio por si só”. Smith relatou que, graças à especialização, a fábrica de alfinetes produzia milhares de alfinetes por trabalhador, por dia. Ele conjeturou que, se os trabalhadores tivessem optado por trabalhar separadamente e não como FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 032 uma equipe de especialistas, “eles certamente não poderiam, cada um por si só, fazer sequer vinte alfinetes por dia”. Em outras palavras, por causa da especialização, uma grande fábrica de alfinetes pode atingir uma maior produção por trabalhador e um menor custo por alfinete do que uma fábrica de alfinetes menor. A especialização que Smith observou na fábrica de alfinetes prevalece na economia moderna. Se você quiser construir uma casa por exemplo, pode tentar fazer tudo sozinho, mas muitas pessoas recorrem a um construtor, que, por sua vez, contrata carpinteiros, encanadores, eletricistas, pintores e muitos outros tipos de trabalhadores. Esses trabalhadores especializam-se em atividades específicas, e isso lhes permite fazer melhor o seu trabalho do que se fossem generalistas. Na verdade, o uso da especialização para alcançar economias de escala é um dos motivos pelos quais as sociedades modernas são tão prósperas. (MANKIW, 2009, p.271). Custos Contábeis e Custos Explícitos O conceito de custo em economia é mais amplo que o empregado na Contabilidade. Nas Ciências Contábeis, o custo corresponde ao gasto monetário no qual se incorre pela utilização dos fatores produtivos. Em economia, o conceito de custo relevante é o custo de oportunidade, que inclui os custos dos fatores que não exigem desembolso em dinheiro. Ao fazer um determinado investimento, o indivíduo tem que analisar as oportunidades existentes para aplicar aquele recurso financeiro e verificar qual a mais viável. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 2 033 Revisão A empresa se encarrega de produzir e distribuir a maior parte dos bens e serviços que circulam na economia. O objetivo de qualquer empresa é a maximização dos lucros. A Função de Produção é a relação técnica que nos diz qual quantidade máxima de produto é possível obter com cada combinação de fatores produtivos, durante determinado período. Os custos de uma empresa refletem seu processo de produção. A propriedade do produto marginal decrescente mostra que a inclinação da Função de Produção diminui à medida que a quantidade de um insumo aumenta. Ao se analisar o comportamento de uma empresa, é importante incluir todos os custos de oportunidade da produção. No curto prazo, os fatores fixos não podem sofrer alterações. No longo prazo todos os fatores podem ser alterados de acordo com expectativa de demanda existente. Os custos totais de uma empresa podem ser divididos em custos fixos e custos variáveis. Custos fixos são aqueles que não mudam quando a empresa altera a quantidade produzida. Custos variáveis são aqueles que mudam quando a empresa altera a quantidade produzida. No longo prazo, de acordo com a produtividade obtida pela empresa através do uso dos fatores produtivos, ela pode apresentar rendimentos de escala crescente, rendimentos de escala decrescente e rendimentos de escala constante. Ao se analisar o comportamento de uma empresa, é importante incluir todos os custos de oportunidade da produção. Estrutura de Mercado • Mercado perfeito • Mercados não- competitivos • Falhas de mercado • Revisão Introdução Há dois extremos nos mercados. Num deles, está o monopólio, no qual apenas uma firma vende um bem, que não possui substitutos similares. No outro extremo está o mercado de concorrência perfeita, no qual muitas firmas vendem bens que são substitutos entre si. Os outros mercados existentes ficam entre esses dois extremos. Podemos começar mostrando um exemplo prático desses dois mercados para que você possa entender o que será abordado nessa unidade. Numa fábrica de gelatina, o comprador ao adquirir mais açúcar, foi informado que seu fornecedor está praticando um preço dez por cento acima do valor do açúcar adquirido na última compra. Para evitar que esse aumento impacte no custo de produção desse produto, o comprador buscará outros concorrentes no mercado na tentativa de comprar açúcar por um preço mais baixo. Esse mercado apresenta as características de um mercado competitivo, onde há muitos vendedores, muitos demandantes, e nenhum deles tem capacidade para afetar o preço de mercado. Entretanto, se a empresa fornecedora de energia da sua cidade decide reajustar o preço da tarifa em dez por cento, você teria que aceitar o aumento, pois dificilmente encontraria um fornecedor alternativo, já que se trata de um mercado não competitivo. Portanto, esses dois mercados afetam diferentemente os ofertantes e demandantes, de acordo com as características de cada um. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 036 Mercado Perfeito Fonte: Acervo Institucional. Como se diferenciam os mercados ou concorrência? A concorrência entre um grande número de vendedores que vende um produto ou serviço homogêneo (concorrência perfeita) será diferente daquela observada em um mercado em que os concorrentes são numerosos, mas conseguem diferenciar o produto ou serviço que oferecem (concorrência monopolística), e daquela em que existe apenas um número reduzido de vendedores (oligopólio). Como caso extremo, em que a concorrência inexiste, destaca-se o mercado controlado por um único produtor (monopólio). Quanto maior o número de participantes, mais competitivo será o mercado (MÓCHON, 2006). FIGURA 6 - Concorrência FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 037 FIGURA 7 - Tipos de Estrutura de mercado Fonte: MÓCHON, 2006, p.67 [Esquema 5.1]. NÚMERO DE VENDEDORES Muitos Poucos Um Concorrência perfeita (produtos idênticos) OligopólioConcorrência monopolística (diferenciados) Monopólio Características dos mercados competitivos Os mercados competitivos ou de concorrência perfeita apresentam as seguintes características: 1. Existência de elevado números de ofertantes e demandantes: isso implica que a decisão individual de cada um deles exercerá pouca influência sobre o mercado global. 2. Os bens oferecidos pelos diferentes vendedores são praticamente idênticos ou homogêneos: supõe que não existe diferença entre o produto que vende um ofertante e o que vendem os demais. 3. As empresas podem entrar ou sair livremente do mercado: todas as empresas participantes poderão entrar e sair do mercado de forma imediata. Assim, por exemplo, se uma empresa está produzindo calçados esportivos e não obtém lucros, abandonará esta atividade e começará a produzir outros bens mais lucrativos. 4. As empresas individualmente não são capazes de fixar o preço: como não há barreiras de entrada e o produto é homogêneo, nenhuma empresa sozinha consegue afetar o preço de venda. Cada empresa vende seu produto ao preço fixado pelo mercado, consciente de que se cobrar mais, verá sua produção encalhada, já que os produtores sabem FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 038 que há muitas outras empresas vendendo um produto idêntico a um preço menor. 5. Existe informação perfeita: pois todos os participantes têm pleno conhecimento das condições gerais em que o mercado opera. Nos mercados de concorrência perfeita, as empresas que buscam os maiores lucrosdevem recorrer ao máximo à tecnologia, ou seja, incorporar os últimos avanços em técnicas produtivas, atingindo uma maior eficiência e melhor aproveitamento dos fatores produtivos. Mercados não-competitivos FIGURA 8 - Monopólio Fonte: Acervo Institucional. As empresas participantes desse cenário têm poder de mercado, isto é, capacidade de influir sobre os preços. Um extremo desse mercado é o monopólio, onde existe apenas uma empresa ofertante daquele tipo de produto no mercado e As empresas participantes desse cenário têm poder de mercado, isto é, capacidade de influir sobre os preços. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 039 com plena capacidade de determinar o preço. Apesar de existirem poucas empresas monopolistas no mercado, existem fatores que favorecem o seu aparecimento: 1. Barreiras legais: o governo tem interesse em explorar determinados bens ou serviços e limita a entrada de outros participantes nesses setores. 2. Patentes e direitos autorais: as patentes protegem os inventores e os direitos autorais protegem os escritores e artistas, evitando que outros copiem as suas ideias livremente durante um certo número de anos. 3. Controle de recursos estratégicos: uma empresa controla a produção de um determinado fator produtivo, por ser a única detentora de um fator produtivo essencial na produção de um bem. 4. Grandes economias de escala: economias de escala existem quando uma firma amplia a produção e encontra um custo médio menor. Resposta dos Governos aos Monopólios Em reação à perda de eficiência gerada pelos monopólios, os poderes públicos podem tomar as seguintes providências: 1. Regular o funcionamento dos monopólios: a regulação é a solução habitual no caso dos monopólios naturais, como as companhias de gás ou água. Essas companhias não podem fixar as tarifas que desejam, e sim um preço regulado pelos organismos públicos. 2. Aumentar a concorrência mediante leis antitruste: a questão da defesa da concorrência sempre constituiu uma preocupação crescente dos governos de vários países ao longo das últimas décadas. No caso do Brasil, o Sistema Brasileiro de Defesa da FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 040 Concorrência (SBDC) é, em última instância, o responsável pela aprovação de mudanças nas estruturas de mercado no país por meio de fusões ou outros atos de concentração e, excluindo-se alguns setores regulados, pela coibição de práticas e condutas anticompetitivas. A legislação brasileira estabelece que a defesa da concorrência é uma atribuição do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), autarquia vinculada à Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça e à Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda. 3. Converter alguns monopólios privados em empresas públicas: no passado, para resolver o problema dos monopólios administrados por empresas privadas, era frequente que os Estados optassem por tomar a propriedade dessas empresas e geri-las eles próprios. Em muitos países europeus, é comum que o Estado possua e administre boa parte dos serviços públicos, como telecomunicações, energia elétrica, água, gás ou correios. O grande problema dessa conduta, é que em empresas públicas, dificilmente os gestores são demitidos, e, quando a gestão é ruim, quem perde são os consumidores. Por isso, durante as últimas décadas temos presenciado um importante processo de privatização de empresas públicas e liberalização dos setores regulados. Para tanto, a concorrência tem sido estimulada em todas as atividades que tradicionalmente funcionavam em regime monopolista. Oligopólio O oligopólio é uma estrutura de mercado em que atuam poucos ofertantes em um grande mercado de demandantes. Um exemplo de oligopólio é o mercado das empresas de telefonia celular. Atualmente no Brasil temos quatro empresas para um universo de aproximadamente 200 milhões de celulares habilitados. Um exemplo de oligopólio é o mercado das empresas de telefonia celular. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 041 O caso extremo do oligopólio, denominado duopólio, é aquele em que existem apenas dois produtores. Quando um mercado é composto de um número reduzido de empresas, estas tomam consciência de sua interdependência. Característica específica do oligopólio, a chamada interação ou interdependência estratégica, surge quando os planos de cada empresa dependem da conduta de seus concorrentes. A partir dessa interação foi que surgiu a Teoria dos Jogos1 , que estuda como as pessoas se comportam em situações estratégicas. Por essa razão, é lógico que as empresas oligopolistas, na hora de tomar qualquer decisão, levem em conta a reação previsível da concorrência, o que ocasiona os comportamentos estratégicos. Por exemplo, ao inovar com o lançamento de um novo produto, a empresa adota a estratégia de sair à frente do seu concorrente e assim aumentar sua participação no mercado. As empresas participantes do mercado de oligopólio, podem realizar acordos sobre produção e preço. Esse tipo de acordo é conhecido como colusão, e o grupo de empresas que atua desse modo, como cartel. Essa prática, apesar de apresentar restrições legais, infelizmente ainda é adotada com o objetivo de alcançar uma maximização conjunta dos lucros. Muitas empresas optam por praticar a colusão tácita, isto é, não fazem acordos explícitos, mas também não concorrem entre si. Nesses casos, as empresas acordam preços muito similares, conseguindo assim elevar os lucros e reduzir o risco da atividade. As empresas, ao optarem por cooperar, podem atingir assim o chamado Equilíbrio de Nash (em homenagem ao economista John 1 Teoria dos Jogos – foi empregada para analisar a interação entre duopolistas. Quando em um setor há apenas dois concorrentes, e cada um começa a se perguntar como o outro reagirá as suas decisões. O caso extremo do oligopólio, denominado duopólio, é aquele em que existem apenas dois produtores. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 042 Nash, cuja vida foi retratada no livro e no filme chamados Uma Mente Brilhante). O Equilíbrio de Nash é aquela situação em que os agentes econômicos interagem entre si e cada um escolhe sua melhor estratégia, dadas as estratégias escolhidas pelos demais. Concorrência monopolística No mercado de concorrência monopolística, temos a participação de várias empresas, que vendem produtos similares mas não idênticos. Oferecem produtos diferenciados que acabam interferindo na escolha do consumidor. Podemos exemplificar utilizando as empresas que produzem refrigerante. Existem atualmente várias empresas participantes desse mercado, mas aquele consumidor de Coca-Cola, sempre vai comprar esse refrigerante, por causa do sabor, independente do seu preço. A escolha do produto é determinada pela preferência do consumidor. Além das diferenças físicas dos bens, os ofertantes, por meio da publicidade ou de um atendimento personalizado, tentam criar diferenças subjetivas, capazes de ampliar ou intensificar a heterogeneidade dos produtos. Mercado Monopsônico Um mercado monopsônico é aquele em que há apenas um único comprador. Ex.: Vários produtores de leite com apenas um laticínio comprando essa produção. Mercado Oligopsônico Um mercado oligopsônico é aquele caracterizado pela existência de um pequeno número de compradores responsável por uma parcela significativa das compras ocorridas no mercado. Ex.: A indústria automobilística (poucas empresas) é a responsável pela maioria das vendas na indústria de autopeças. O caso extremo do oligopólio, denominado duopólio, é aquele em que existem apenas dois produtores. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 043 Falhas de mercado As falhas de mercado ocorrem quando os mercados não são eficientes, ou seja, quando em certas ocasiões de produção ou de consumo de um bem ou serviço, ocorremefeitos colaterais, positivos ou negativos. Esses efeitos colaterais são conhecidos como externalidades ou economias externas. Veja um exemplo de externalidade na produção: Uma mineradora, ao extrair o minério de ferro, gera um efeito ambiental negativo, que toda a sociedade terá como custo social. Ao compor o preço do minério de ferro, a mineradora apenas considera o custo privado da produção, ignorando o custo social. Nesses casos, o governo precisa intervir, cobrando impostos ou concedendo subsídios que forcem o sistema de preços a igualar os custos e os benefícios privados e sociais associados ao consumo e à produção de determinado bem ou serviço. Ou seja, o sistema de preços deve internalizar o custo social, mediante a aplicação de um imposto, à produção ou ao consumo, que reduza a quantidade transacionada. Os impostos utilizados na correção de externalidades são chamados de impostos pigouvianos ou impostos de Pigou, em homenagem ao economista Alfred Pigou, um dos primeiros a abordar esse tema. Esses efeitos colaterais são conhecidos como externalidades ou economias externas. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 044 Revisão Há dois extremos nos mercados. Num deles, está o monopólio, no qual apenas uma firma vende um bem, que não possui substitutos similares. No outro extremo está o mercado de concorrência perfeita, no qual muitas firmas vendem bens que são substitutos entre si. Os outros mercados existentes ficam entre esses dois extremos. Sob um sistema de concorrência imperfeita, as empresas têm poder para influenciar o preço. Na concorrência imperfeita temos o monopólio, oligopólio, concorrência monopolística, oligopsônio e monopsônio. As causas para a aparição do monopólio são: acesso exclusivo a certos recursos, patentes, concessões públicas e existência de economias de escala. A legislação em defesa da concorrência tenta evitar que, uma vez instituídas regras que permitam a concorrência, esta se veja fraudada pelo comportamento dos agentes econômicos. A política de concorrência serve para aprimorar e fiscalizar o funcionamento dos mercados. Temos oligopólio quando a demanda é atendida por alguns poucos ofertantes. O caso extremo do oligopólio, em que existem apenas dois produtores, é denominado duopólio. Dizemos que um oligopólio encontrou uma solução colusiva quando todos os concorrentes, de forma explícita, estabelecem acordos que lhes permitam ter informações sobre o comportamento ou reação dos demais diante de uma decisão tomada no mercado. Dentro desse tipo de solução a mais característica é o cartel (combinação de empresas que tentam limitar as forças da concorrência para Sob um sistema de concorrência imperfeita, as empresas têm poder para influenciar o preço. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 3 045 acordar um preço comum e alcançar a maximização conjunta dos lucros). Quando falamos em soluções não colusivas, entendemos que os concorrentes não dispõem de informações sobre o comportamento e a reação de seus concorrentes diante de qualquer solução que se tome. Nesse caso, a Teoria dos Jogos pode ser usada como referência para estudar o comportamento oligopolístico. Ela analisa o comportamento dos indivíduos em situações estratégicas, isto é, considerando como os outros poderiam responder às suas decisões. A concorrência monopolística surge quando existem muitos vendedores, mas cada um é capaz de diferenciar seu produto e, assim, acaba atuando como monopolista de sua marca. Um mercado monopsônico é aquele em que há apenas um único comprador. Um mercado oligopsônico é aquele caracterizado pela existência de um pequeno número de compradores responsável por uma parcela significativa das compras ocorridas no mercado. As falhas de mercado ocorrem quando os mercados não são eficientes, ou seja, quando em certas ocasiões de produção ou de consumo de um bem ou serviço, ocorrem efeitos colaterais, positivos ou negativos. Economia Brasileira Contemporânea • Introdução à macroeconomia • Regime de metas inflacionárias • Política fiscal • O Banco Central e a política monetária • Relações internacionais: o setor externo • Políticas macroeconômicas adotadas na economia brasileira • Revisão Introdução Quando você concluir os estudos e começar a procurar por um emprego, sua experiência será moldada pelas condições econômicas do momento. O cenário poderá ser de uma economia onde todas as empresas estão expandindo sua produção de bens e serviços, o nível de emprego está aumentando e é fácil encontrar trabalho. Ou poderá ser um momento onde as empresas estão reduzindo a produção, o nível de emprego está em queda e leva muito tempo para encontrar um bom trabalho. Como a saúde geral da economia afeta profundamente a todos nós, as mudanças nas condições econômicas são muito noticiadas pela mídia. Os jornais, a internet e a TV apresentam frequentemente alguma nova estatística sobre a economia. A estatística pode medir o crescimento econômico (PIB), a taxa que os preços estão aumentando (a inflação), a porcentagem da força de trabalho que está sem trabalhar (taxa de desemprego), a despesa total nas lojas (vendas no varejo) ou o desequilíbrio do comércio entre o Brasil e o resto do mundo (o déficit comercial). Todas essas estatísticas são macroeconômicas e trata-se do que vamos estudar nessa unidade. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 048 Introdução à Macroeconomia Regime de metas inflacionárias Um dos mais importantes indicadores mensurados na economia é o Produto Interno Bruto (PIB), que é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país (dentro de suas fronteiras) em dado período de tempo. O PIB é constituído pela soma do consumo, investimento, compras de bens e serviços pelo governo e exportações líquidas. O PIB é a medida mais abrangente da atividade econômica de uma nação. As autoridades que elaboram as políticas utilizam as informações sobre o PIB para monitorar flutuações econômicas de curto prazo e tendências de crescimento a longo prazo para a economia. FIGURA 9 – Inflação Fonte: Acervo Institucional. A inflação acontece quando os preços se elevam. Ela se torna muito danosa para uma economia, quando sai do controle do governo e O PIB é a medida mais abrangente da atividade econômica de uma nação. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 049 principalmente se acelera demais, se tornando uma hiperinflação. Num cenário de inflação, o poder aquisitivo dos indivíduos é corroído pelo aumento de preço dos produtos e há perda do valor da moeda. Para evitar que a inflação alcance patamares muito altos e fora de controle, o governo brasileiro passou a adotar a partir de 1999, o Regime de Metas Inflacionárias. Na atualidade, diversos países adotam a prática de “Regime de Metas para a Inflação”. Esse regime é caracterizado por três elementos: 1. O gestor: o Banco Central (Bacen), principal agente do sistema financeiro, é o responsável pela gestão do regime. A ele cabe manter a inflação sob controle (isto é, dentro das metas estabelecidas). 2. A meta: o Bacen estabelece com antecedência as metas de inflação para os anos à frente. Em geral, são fixadas faixas de tolerância para a inflação, um intervalo com valores máximos e mínimos entre os quais está o “alvo” ou centro da meta. No Brasil, as metas são definidas pelo CMN – Conselho Monetário Nacional, composto pelo presidente do Banco Central, o Ministro do Planejamento e o Ministro da Fazenda. 3. O instrumento: o Bacen utiliza a taxa de juros básica que no Brasil é a Selic (Sistema de Liquidação e Custódia) com o objetivo de manter a inflação nos limites das metas estabelecidas. O Copom (Comitê de Política Monetária), composto dos diretores e presidente do Bacen, se reúne periodicamente e examina a tendência da inflação. O que acontece se a inflaçãocomeça a ultrapassar o limite das metas estabelecidas? A lógica é simples: havendo ameaça de descumprimento da meta inflacionária, o Bacen eleva as taxas de Na atualidade, diversos países adotam a prática de “Regime de Metas para a Inflação”. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 050 juros. Com isso, visa reduzir a demanda por bens e serviços e criar um ambiente desfavorável à alta de preços. Se a meta está para ser cumprida com certa folga, o Bacen pode reduzir as taxas de juros. Isso contribui para a retomada do consumo e pode provocar nova pressão inflacionária. Desde que isso não leve novamente ao descumprimento da meta, as taxas de juros podem ser mantidas em baixa. A inflação é um fenômeno complexo que pode estar associado a diversos fatores, nem todos muito sensíveis aos juros fixados pelo Bacen. De todo o modo, desde a Grande Depressão, os países desenvolvidos perceberam que é melhor conviver com uma taxa de inflação baixa e constante do que com uma deflação (queda contínua nos preços). Atualmente, todos os países desenvolvidos têm metas de inflação (explícitas ou implícitas). Quanto mais estáveis as taxas de juros, mais longos se tornam os horizontes de planejamento das empresas. Política fiscal FIGURA 10 - Política fiscal Fonte: Acervo Institucional. A inflação é um fenômeno complexo que pode estar associado a diversos fatores. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 051 Para controlar a atividade econômica de um país, evitando oscilações bruscas nos preços dos produtos e procurando minimizar os problemas de uma inflação descontrolada, o governo pode adotar políticas macroeconômicas. Nessa unidade você estudará a política fiscal, monetária e cambial que podem ser utilizadas em conjunto ou separadamente, objetivando um maior crescimento econômico, controle dos preços e maiores índices de empregos. Política fiscal: as decisões do governo que se referem ao nível de gasto público e aos impostos. Incide sobre a renda e o consumo dos indivíduos e oferece incentivos aos investimentos e outras decisões econômicas. As medidas expansionistas (aumento do gasto público ou redução de impostos) tenderão a criar déficit no orçamento e são utilizadas para impulsionar a demanda agregada (investimento e consumo), enquanto as medidas restritivas (redução do gasto público e aumento de impostos) atuarão no sentido contrário. Como exemplo de uso da política fiscal, podemos falar da redução do IPI dos veículos automotivos. O governo brasileiro adotou essa estratégia em 2010 e tornou a repetir em 2012 com o objetivo de aumentar o consumo de carros novos, evitando assim maiores taxas de desemprego devido a uma queda na produção da indústria. A condução da política fiscal envolve tanto a administração dos gastos públicos (G) quanto o gerenciamento das receitas tributárias (T). Através dos gastos públicos, o governo pode interferir na demanda agregada por bens e serviços, intensificando ou desacelerando o nível de atividade. Nesse sentido, o excesso de gastos públicos pode ser um fator gerador de inflação de demanda. Ao mesmo tempo, os gastos públicos podem servir como um freio à recessão gerada em movimentos de desaquecimento. Por fim, a arrecadação tributária afeta indiretamente o gasto privado. Elevações de impostos podem reduzir tanto o consumo privado quanto o investimento privado. A condução da política fiscal envolve tanto a administração dos gastos públicos (G) quanto o gerenciamento das receitas tributárias (T). FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 052 Orçamento Público Orçamento do setor público: é uma descrição de seus planos de gasto e financiamento. Na esfera federal, o governo brasileiro, anualmente, faz um planejamento dos seus gastos e das fontes de receita que serão utilizados no ano seguinte. As receitas públicas são as receitas do Estado obtidas basicamente por meio dos impostos. Os impostos são as receitas públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório para os sujeitos contemplados por ela. Orçamento do setor público = Receitas públicas – Gastos públicos Se as receitas públicas superam os gastos públicos, haverá um superávit orçamentário. Pelo contrário, haverá um déficit orçamentário quando as receitas públicas forem menores que os gastos públicos. O orçamento estará equilibrado quando a receita pública for igual ao gasto público. O setor público tem diferentes modos de financiar o déficit público, veja quais são: 1. Emissão de moeda: isto equivale a mera fabricação de dinheiro. Este fato fará com que haja mais dinheiro em circulação e, portanto, a demanda agregada tende a ficar aquecida, causando um aumento do nível de preços. Ao perceberem o aquecimento da demanda, os produtores logo aumentarão seus preços, o que pode fazer com que o resultado seja apenas inflação, sem nenhuma consequência sobre o nível da atividade. 2. Emissão de títulos da dívida pública: o Estado coloca à venda títulos de renda fixa (Letras do Tesouro Nacional). 3. Aumento dos impostos: serve como aumento da arrecadação da receita do governo. Entretanto, a carga O orçamento estará equilibrado quando a receita pública for igual ao gasto público. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 053 O Banco Central e a Política Monetária A “Lei da Oferta e da Demanda” tem uma forma simples de analisar a formação dos preços na economia. A escassez eleva o preço, seja por causa de uma demanda elevada, seja por causa de uma oferta reduzida. No sentido contrário, preços em baixa são causados por uma abundância relativa, seja esta devido à falta de demanda ou a excesso de oferta. Com a moeda ocorre algo semelhante. Basta que seja feita pequena adaptação para melhor compreender a taxa de juros como um preço e o Banco Central como um grande agente no mercado monetário, capaz de gerar escassez ou abundância de moeda no sistema financeiro. Em última instância, o Banco Central é o guardião da moeda. Para analisar com mais detalhes os mecanismos por meio dos quais o Bacen atua, deve-se lembrar que ele é um agente privilegiado no tratamento com o sistema bancário. Quando o Bacen estabelece a taxa de juros com a qual opera, essa taxa passa a ser um parâmetro para as demais operações do sistema financeiro. FIGURA 11 – Banco Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Ănima, 2014. Funções do Banco Central: tributária no Brasil é tão elevada, que o brasileiro não consegue mais aceitar uma elevação nos impostos. A “Lei da Oferta e da Demanda” tem uma forma simples de analisar a formação dos preços na economia. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 054 O Banco Central do Brasil (Bacen) é o responsável pelo controle e funcionamento do sistema financeiro. Uma de suas tarefas fundamentais consiste em manter sob controle a quantidade de dinheiro ajustado aos objetivos pré-estabelecidos. Ao fazer esse controle, simultaneamente condiciona-se a taxa de juros. Quais são as funções do Banco Central? 1. Banco dos bancos: é responsabilidade do Banco Central zelar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, e como tal possuir um papel regulador e fiscalizador sobre os agentes que compõem o sistema, além de funcionar como emprestador em última instância, em momentos em que as instituições passem por problemas de liquidez. Define o depósito compulsório2 ou taxa de reserva compulsória. 2. Depositário das reservas internacionais: o Banco Central mantém em seu ativo um estoque de moedas estrangeiras que viabilizam sua intervenção no mercado cambial. O Bacen lança mão dessas reservas quando o valor do dólar está muito valorizado ou desvalorizado. Em caso de alta do dólar, o governo vende dólares no mercado, aumentando a oferta de moeda e consequentemente reduzindo o valor do dólar no mercado. Em caso de queda, é feito o movimento contrário. 3. Banco do governo: o Bacen éresponsável pelo controle das contas do governo, fazendo pagamentos e recebimentos para este. 4. Banco emissor: responsável pela emissão e controle do volume de moeda em circulação, garantindo que a taxa de juros de mercado esteja no nível adequado para o controle da inflação. 2 - Depósito compulsório - O depósito compulsório é geralmente feito através de determinação legal, obrigando os bancos comerciais e outras instituições financeiras a depositarem, junto ao Banco Central, parte de suas captações em depósitos à vista ou outros títulos contábeis. O Banco Central do Brasil (Bacen) é o responsável pelo controle e funcionamento do sistema financeiro. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 055 A Política Monetária Política monetária são decisões do governo a fim de modificar a quantidade de moeda ou a taxa de juros (MÓCHON, 2007, p.206). A política monetária pretende influir na atividade econômica, atuando sobre o gasto total da economia e, em particular, sobre o gasto das famílias e sobre o investimento das empresas. Dado que o gasto está relacionado com a quantidade de dinheiro existente na economia e com as condições de crédito, principalmente com a taxa de juros, o BACEN procura controlar ambas as variáveis. A política monetária posta em prática O governo, e em particular o Ministério da Fazenda, normalmente no começo do ano, encarregam-se de estimar e calcular qual evolução deve seguir as principais variáveis da economia: preços e desempregos. A partir dessas previsões, o Bacen estima qual quantidade de dinheiro deve existir na economia para que os objetivos pretendidos sejam alcançados. FIGURA 12 - Política monetária Fonte: Elaborado pela autora. Conselho Monetário Nacional BACEN Sistema Bancário Oferta monetária Taxa de juros Condições Creditícias Demanda agregada • Consumo • Investimento Produção real Emprego Inflação Política monetária são decisões do governo a fim de modificar a quantidade de moeda ou a taxa de juros. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 056 Política monetária restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de dinheiro e a encarecer os empréstimos (elevar a taxa de juros). Política monetária expansiva: é formada por aquelas medidas que tendem a acelerar o crescimento da quantidade de dinheiro e a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Os instrumentos da Política Monetária 1. O coeficiente de reservas ou depósito compulsório: O coeficiente de caixas define-se como a porcentagem sobre o total dos depósitos que as entidades financeiras têm de cobrir em efetivo ou na forma de depósito no Bacen. Esta porcentagem é decidida pelo Bacen e é obrigatoriamente cumprida por todas as entidades financeiras. Ao se elevar o coeficiente de caixa, a quantidade de dinheiro de que essas entidades dispõem para emprestar a seus clientes diminuirá, e será de se esperar que ocorra uma elevação na taxa de juros. Sucederá o contrário se o Bacen reduzir o coeficiente. 2. Operações de open-market: Este é o principal instrumento utilizado no Brasil. O Bacen possui um estoque de títulos públicos. Quando o objetivo é reduzir a base monetária, vende parcela dos títulos públicos de sua carteira retirando moeda de circulação. Se o objetivo for a expansão monetária, o Bacen compra títulos no mercado, ampliando sua carteira e monetizando a economia. 3. Operações de redesconto: Essas operações ocorrem quando os bancos comerciais solicitam empréstimo ao Bacen. A variável importante é a taxa de juros cobrada pelo Banco Central em seus empréstimos aos bancos comerciais, ou seja, a taxa de juros de redesconto. Essa taxa pode ser usada para sinalizar as taxas de juros a serem praticadas pelo mercado. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 057 Os Efeitos da Política Monetária • Efeitos sobre a demanda agregada: A elevação das taxas de juros por parte do Bacen induz o sistema financeiro a reduzir o volume de empréstimo ao setor privado, o que encarece a oferta de crédito, desestimulando o gasto dos agentes econômicos, tanto em investimentos produtivos quanto em consumo. O inverso ocorre quando há redução da taxa de juros. • Efeitos sobre a inflação: Os economistas, chamados monetaristas, defendem que a inflação é causada por um aumento excessivo da oferta monetária. Por isso, o controle do crescimento da oferta monetária é um fator chave para conter o aumento dos preços. • Efeitos sobre a entrada de capitais estrangeiros: Uma taxa de juros elevada incentiva a entrada de capital estrangeiro no país e desincentiva a fuga de capitais. O Brasil é um país que tem um das taxas de juros mais elevada do mundo e está com a economia relativamente estabilizada. Sendo assim, os investidores estrangeiros que conseguem capital pagando juros muito baixos, aplicam esse dinheiro no país obtendo uma maior rentabilidade. Isso é o que chamamos de transações especulativas, cujo fim é a obtenção de lucros através de ganhos em relação às taxas de juros. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 058 Relações Internacionais: o Setor Externo FIGURA 13 - Relações internacionais Fonte: Acervo Institucional. Fluxos de comércio, renda e capitais As influências econômicas externas às vezes têm um efeito poderoso sobre a economia. Uma economia está ligada ao resto do mundo através de dois canais externos: o comércio (exportação e importação) e o financiamento (transação de ativos financeiros). As relações econômicas de um país com o resto do mundo são complexas, pois envolvem um conjunto muito grande de transações. O estudo dessas relações exige um tratamento sistemático e deve ser feito por meio de uma das mais importantes ferramentas contábeis utilizadas na economia: o balanço de pagamentos. O balanço de pagamentos é o registro das transações dos residentes de um país com o resto do mundo. Existem duas contas principais no balanço de pagamentos: a conta corrente e a conta capital. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA unidade 4 059 A conta corrente registra o comércio de bens e serviços, assim como os pagamentos de transferências. São registrados os pagamentos e recebimentos relativos a todas as transações realizadas com bens e serviços entre um país e o exterior. Os serviços incluem fretes, pagamento de royalties3 e de juros. Os pagamentos de transferências consistem em remessas, doações e concessões. A balança comercial registra o comércio de bens. Existe um superávit em conta corrente se as exportações excedem as importações somadas às transferências líquidas aos estrangeiros, isto é, se as receitas provenientes do comércio de bens e serviços e transferências A conta capital registra a compra e venda de ativo, como, por exemplo, estoques, títulos e terra. Ocorre um superávit da conta capital, quando as receitas provenientes da venda de estoques, títulos, terra, depósitos bancários e outros ativos excederem os pagamentos sobre a compra de ativos estrangeiros. No caso do contrário ocorrer, haverá um déficit. Quando o balanço de pagamentos como um todo se encontra em déficit, o país tem que pagar mais moeda estrangeira aos estrangeiros do que recebe. Entendida a lógica básica da organização do balanço de pagamentos, deve se detalhar um pouco mais os itens a serem registrados em cada bloco. Balança Comercial – Nessa conta é registrado, período a período, os valores em moeda estrangeira relativos às exportações e importações de bens ocorridas em um determinado país. Somente o valor dos bens importados e exportados deve ser contabilizado na balança comercial. Nenhum tipo de serviço (tais como fretes) deve ser colocado lado a lado com a transação de bens. 3 Royalty é uma palavra de origem inglesa que se refere a uma importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre outros, ou pelo autor de uma obra,
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