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História do Direito II
 
SST
Fernandes, Raquel
História do Direito II / Raquel Fernandes 
Ano: 2020
nº de p.: 10
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
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História do Direito II
Apresentação 
Nesta unidade, compreenderemos os elementos básicos que compõem e 
distinguem o sistema jurídico de outros campos do saber. Verificaremos que as 
fontes do direito correspondem às origens históricas, materiais e formais que dão 
origem ao processo de produção das normas jurídicas. Analisaremos que elementos 
como as leis, os costumes e a analogia foram, historicamente, considerados como 
fontes constitutivas das normas jurídicas. Por fim, analisaremos a importância dos 
princípios enquanto normas jurídicas e a estruturação do direito enquanto sistema.
Fontes do Direito
As fontes do Direito é que dão vida a ele. Essas fontes guardam profunda relação 
com as sociedades, ou seja, as sociedades determinam de onde provêm as regras 
que disciplinarão os seus contextos. Como exemplo, podemos citar a Inglaterra, 
país em que a principal fonte do Direito é o costume. Assim, nesse país, não há 
necessidade de que todas as leis sejam escritas, uma vez que os costumes daquela 
sociedade irão disciplinar as pessoas a ela pertencentes.
O chamado direito consuetudinário é aquele no qual as normas advêm 
de costumes e regras morais de uma determinada sociedade.
Saiba mais
No Brasil, os costumes também são fontes do Direito. Entretanto, temos mais fontes, 
sendo elas: os costumes, a lei, a doutrina, a jurisprudência, a analogia e os princípios 
gerais do Direito. 
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O ordenamento jurídico pátrio reconhece outras fontes do direito 
que não sejam a norma jurídica. Conheça a Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro 
de 1942, acessando: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del4657compilado.htm.
Saiba mais
Quando estudamos a história do Direito, percebemos que os costumes ditam as 
regras de uma sociedade, pois são comportamentos rotineiros e comuns a ela que, 
por serem bem aceitos, tornam-se leis, razão pela qual se afirma que os costumes 
são fontes do Direito.
Caso um juiz necessite julgar um caso sobre o qual ainda não exista lei pertinente, ele 
poderá fundamentar sua decisão com base nos costumes da sociedade em questão.
Todavia, parcela da doutrina considera que a Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro, Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, criou uma gradação que 
vincula a escolha do instrumento de decisão em casos de normas omissas.
A figura a seguir traz a gradação que deriva de técnica a ser utilizada pelo 
magistrado.
Gradação das fontes do direito conforme a doutrina
Analogia
Princípios gerais 
do direito
Fontes do Direito
Costumes
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Neste sentido, é preciso o entendimento de que o Estado, em seu caráter legislativo, 
não é o único criador e reformulador da matéria normativa, ou seja, este conteúdo 
provém de várias outras fontes (inclusive paraestatais), mas que necessitam ser 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657compilado.htm
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ratificadas por essa autoridade competente para ter validade. Logo, não se pode 
confundir fonte originária com competência legislativa.
Espécies de fontes do direito
A lei é norma de conduta posta por autoridade competente. A maior parte dessas 
espécies normativas é oriunda das atividades do poder legislativo. No Brasil, esse 
poder é composto pelos representantes do povo que são: vereadores, que elaboram 
leis municipais; deputados estaduais, que elaboram leis estaduais; e deputados 
federais, que elaboram leis federais.
Em território nacional, a lei é tida como a fonte do Direito maior. O chamado princípio 
da legalidade é estabelecido na Constituição Federal da República Brasileira de 1988 
(CFRB/88), em seu art. 5º, II, que estabelece que ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
Assim, as regras ditarão a forma pela qual devemos proceder em nossas relações 
sociais, visto que elas têm características generalistas, ou seja, são iguais para 
todos e aplicadas a todos. Todavia, nem sempre as normas jurídicas conseguem 
acompanhar as mutações socais. Logo, é natural que uma matéria sofra 
modificação, ao longo do tempo, de acordo com a mudanças dos valores sociais. 
Até 2006, o Código Penal de 1940 (CP/40), em seu art. 240, 
tipificava como crime a prática de adultério. 
Saiba mais
A doutrina é justamente a opinião dos juristas sobre determinada lei ou costume, 
que podem estar em formas de livros e artigos acadêmicos, sendo registradas como 
fontes do Direito porque podem influenciar decisões judiciais. A Jurisprudência, por 
sua vez, é a interpretação que os tribunais trazem em relação ao direito e às leis.
Nesse contexto, pode acontecer de a jurisprudência ir contra o que determinada lei 
aduz, pois, como dito anteriormente, nem sempre as leis conseguem acompanhar 
as modificações dos costumes. Assim, nesses casos, os tribunais irão levar em 
consideração os comportamentos atuais, por motivo de decidir um caso com 
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uma lei ultrapassada. As decisões decorrentes desses contextos poderão ser 
utilizadas por juízes e outros tribunais.
A decisão de repercussão geral é um instituto que reserva ao 
Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento de matérias em 
recursos extraordinários e que apresentam questões relevantes. Uma 
vez julgada a matéria, a doutrina entende que a decisão vincula os 
tribunais inferiores a decidirem de forma semelhante ao Supremo, 
como uma questão de manutenção da segurança jurídica.
Saiba mais
A analogia é um recurso utilizado quando não há lei específica para determinado caso. 
Como exemplo, podemos pensar no Direito Processual do Trabalho, pois não existe um 
código especial para reger o processo judicial de Direito Trabalhista. Sendo assim, os 
operadores técnicos do Direito (juízes, advogados, defensores, promotores, procuradores, 
desembargadores e ministros) utilizam o Código de Processo Civil, ou seja, as leis que regem 
o processo civil são utilizadas analogamente ao processo do trabalho.
Os princípios gerais do Direito possuem a essência do jusnaturalismo, já que são 
decorrentes da consciência humana sobre o que é justo. São elementos de constituição 
do Direito, dizem respeito à relação entre as normas e o sistema em que elas são 
aplicadas, fazem parte da sua base. Assim, não são fonte do Direito no mesmo sentido 
que o costume ou a lei, mas atuam sobre as demais fontes, moldando-as.
Não se pode confundir os princípios gerais do direito com os 
princípios normativos. Esses últimos, junto com as regras, 
compõem as normas jurídicas.
Atenção
Inúmeros são os princípios gerais, pois, como dito anteriormente, eles são frutos 
de pensamentos e conclusões sobre o que pode ser justo ou não dentro de uma 
sociedade e de acordo com os seus costumes, os quais também não podem ser 
enumerados, já que vão variar de sociedade para sociedade.
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Dessa forma, para a sociedade brasileira, podemos trazer para discussão alguns 
princípios, sendo eles: ninguém pode causar dano a outrem e, se causar, deve 
indenizar; ninguém está obrigado ao impossível; não há crime sem lei anterior que o 
descreva; ninguém pode alienar direitos; quem informa um fato deve prová-lo; a boa-
fé deve imperar nas relações contratuais; no Direito Penal, na dúvida sobre a prática 
do delito, absolve-se o réu; o contrato é lei entre as partes e muitos outros.
O conceito clássico de equidade está ligado à justiça no caso concreto. Nesse 
sentido, a equidade acontece quando há ajuste da norma à especificidade de uma 
situação, a fim de que esta seja justa. Para parcela da doutrina, a equidade não 
constitui uma fonte propriamente dita, pois ela influencia as outras fontes, sendo 
essa corrente considerada mais um princípio geral do direito.
Não há quese confundir a equidade da fonte normativa com 
o princípio da equidade estabelecido na CFRB/88 – também 
chamado de isonomia e igualdade. 
Atenção
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS 
JURÍDICAS 
Pode-se entender lei como um dos sinônimos de norma, ou seja, como uma 
pretensão de conduta em um espaço temporal e espacial que emana da 
vontade de uma autoridade superior e que requer, no mínimo, um autor e um 
coautor (visto que não se pode legislar para si mesmo – sendo esse até um dos 
princípios do Direito Administrativo).
A lei seria, portanto, parte do direito responsável por conter a matéria e sua 
normatização, o que não se confunde com a própria essência da norma, visto que se 
apoia no princípio da moldura e conteúdo. Logo, a composição de uma lei poderá ser 
alterada, revogada e ampliada, todavia, sua estrutura essencial – em bases padrões 
do ordenamento – permanecerá.
As normas são produtos do ordenamento jurídico, que em sua totalidade seria o 
Direito (enquanto ciência e disposição normativa). Merece ainda destaque o fato de 
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que a lei é uma das fontes primárias do Direito e sua criação está vinculada a um 
poder constituinte competente. 
Algumas são as possibilidades de classificar as normas jurídicas. Tradicionalmente, 
elas eram classificadas em direito privado e direito internacional, quando postas 
como referências no âmbito estatal em que eram produzidas. 
Quanto à autoridade competente, ela pode ser classificada por normas jurídicas 
internas que são estabelecidas por um Estado Nacional, cuja vigência é o seu próprio 
território. Quanto às normas jurídicas internacionais, elas podem ser derivadas de 
inúmeros documentos normativos em que um determinado Estado é signatário.
Como Estado, compreende-se o conjunto de instituições sociais que constituem a 
organização política de um povo que vive em determinado território, representando uma 
nação com governo e regida por leis emanadas de um poder pertencente ao Estado. 
Importante sempre lembrar que o Estado está atrelado à ideia de bem comum, ou seja, 
as ações do Estado devem estar sempre direcionadas ao bem comum.
Assim, no Brasil, o Estado é quem elabora, edita e aprova as leis por meio do Poder 
Legislativo e, às vezes, do Poder Executivo. Além disso, o Estado é o responsável por 
aplicar sanções em caso de descumprimento de leis.
No âmbito do ordenamento internacional, existe um conjunto 
normativo desprovido de caráter jurídico e, portanto, de leis 
facultativas. As chamadas normas soft law, em regra, são princípios 
e diretrizes direcionados aos Estados.
Saiba mais
No âmbito do ordenamento jurídico, podem ser classificadas como normas de 
direito público que são aquelas que têm como objeto da relação o poder público e as 
normas jurídicas de direito privado, cujos sujeitos da relação são os particulares. 
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Fechamento
Nesta unidade, aprendemos que as fontes do Direito são as origens que as normas 
jurídicas possuem, ou seja, o locus constitutivo normativo. Verificamos que são 
consideradas fontes os costumes, a analogia, os princípios gerais do direito, a 
doutrina, a jurisprudência e a equidade.
Percebemos que, apesar de cada uma das fontes, o legislador pátrio, de forma 
expressa, elege como fontes a analogia, os costumes e os princípios gerais do 
direito. Verificamos ainda que a jurisprudência é um recurso utilizado pelo sistema 
jurídico interno.
Por fim, compreendemos que é possível classificar o direito conforme a autoridade 
competente que o consagrou e vimos que, atualmente, a doutrina prefere classificar 
as normas de direito interno e as de direito internacional como superação à 
classificação pública e privada.
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Referências
BRASIL. Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas 
do Direito Brasileiro. In: VADE Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020.
______. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
In: VADE Mecum. São Paulo: Saraiva, 2020.

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