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DESCRIÇÃO Organização e funcionamento do mercado de capitais, os agentes, os produtos oferecidos e as formas de negociação. PROPÓSITO Compreender o funcionamento do mercado de capitais, assim como seus atores e sua importância como instrumento de desintermediação financeira e de financiamento de capital das corporações, para uma boa gestão de recursos financeiros. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora científica, ou use a calculadora de seu smartphone ou computador, ou ainda uma planilha eletrônica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever o funcionamento, os atores, os produtos e as formas de negociação no mercado de capitais MÓDULO 2 Reconhecer as principais características e riscos envolvidos no mercado de títulos MÓDULO 3 Reconhecer as principais características dos mercados de ações e de derivativos INTRODUÇÃO O mercado de capitais é um dos quatro principais mercados financeiros, juntamente com os mercados monetário, de câmbio e de crédito. Ele é de vital importância para a economia de um país e, em particular, para viabilizar o financiamento de longo prazo do governo e das empresas. Por meio da emissão de dívida ou de instrumentos de participação, como as ações, os agentes econômicos conseguem levantar os recursos necessários para viabilizar projetos de longo prazo, otimizando sua estrutura de capital. É nesse contexto que cresce a importância de instituições como os bancos de investimento, as bolsas de valores, os mercados de balcão organizados, as corretoras e as distribuidoras de títulos e valores mobiliários. Ao longo do tema, você vai entender como funciona o mercado de capitais, quem são seus principais atores, instrumentos e como são negociados. Também examinaremos características dos mercados de títulos, de ações e de derivativos. MÓDULO 1 Descrever o funcionamento, os atores, os produtos e as formas de negociação no mercado de capitais Neste módulo, vamos analisar o funcionamento do mercado de capitais, o papel das instituições financeiras e da bolsa de valores nesse mercado, instrumentos ofertados e sua forma de negociação. Veremos também o importante papel desempenhado pelos investidores institucionais e pelos veículos de investimento coletivo, como os fundos de investimento. O MERCADO DE CAPITAIS E A DESINTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA O mercado de crédito é aquele no qual as empresas e as pessoas se financiam por meio dos empréstimos oferecidos pelas instituições financeiras, que atuam como intermediários na relação dos agentes deficitários e agentes superavitários, conforme ilustrado na Figura 1. Fonte: EnsineMe Figura 1 – A intermediação financeira no mercado de crédito Já no mercado de capitais, os agentes superavitários e os agentes deficitários se conectam diretamente. Nesse caso, o papel das instituições financeiras é o de facilitador dessa ligação direta entre os agentes poupadores e tomadores, e não mais de intermediários (a figura 2 ilustra essa situação). Fonte: EnsineMe Figura 2 – A desintermediação financeira no mercado de capitais Assim, enquanto no mercado de crédito a remuneração das instituições financeiras se dá pela diferença entre os juros cobrados dos tomadores de recursos e os juros pagos aos poupadores ― o spread de crédito ― no mercado de capitais, a remuneração se dá por meio de taxas cobradas pelos serviços prestados aos agentes. A desintermediação financeira é particularmente importante quando levamos em consideração os prazos das operações em cada um desses dois mercados: o mercado de crédito e o mercado de capitais. Enquanto no mercado de crédito as operações costumam ser de curto ou médio prazos, no mercado de capitais, as operações geralmente são de longo prazo, ou mesmo permanentes. Assim as empresas conseguem financiar seus projetos emitindo títulos de dívida ou de participação (ou propriedade). Os investidores que adquirem títulos de dívida passam a ser credores da empresa emissora e os investidores que adquirem títulos de participação passam a ser sócios das instituições. OS PRODUTOS NEGOCIADOS NO MERCADO DE CAPITAIS Mercado é onde se negocia um determinado produto. Os produtos negociados no mercado de capitais são instrumentos de dívida e de participação no capital das empresas. Essas são justamente as duas formas de financiamento de que as empresas dispõem para seus projetos: capital de terceiros ou capital próprio, respectivamente. COMENTÁRIO Os instrumentos de dívida são títulos que conferem aos seus detentores o direito de recebimento de determinada quantia em determinada data. Quando as empresas emitem esses títulos, elas se obrigam a pagar aos investidores o montante acordado, devidamente corrigido, na data de vencimento. Um exemplo desse tipo de instrumento são as debêntures, cujo nome vem do termo em inglês debt, que significa dívida. Conforme veremos mais à frente, esse instrumento é extremamente flexível, permitindo às empresas adequarem o fluxo e os prazos de pagamento aos fluxos de caixa dos projetos que estão financiando. Fonte: Shutterstock.com Os investidores desses títulos tornam-se credores da empresa que os emitiu e são remunerados pelas taxas de juros pactuadas. O risco a que estão sujeitos é o de a empresa não honrar seu compromisso na data de vencimento, ou seja, correm o risco de crédito. Já os adquirentes de títulos de participação tornam-se sócios da empresa e obtêm o direito de participar nos seus resultados. EXEMPLO O principal exemplo de instrumento de participação são as ações, cuja remuneração depende do desempenho da empresa que as emitiu. Os detentores das ações estão sujeitos aos mesmos riscos da empresa, ou seja, o risco do negócio. Agora, vamos aprofundar um pouco mais o estudo desses instrumentos de dívida e de participação. INSTRUMENTOS DE DÍVIDA Como vimos, o mercado de capitais engloba instrumentos de participação e de dívida, sendo os principais exemplos as debêntures e ações respectivamente. Nesta seção, vamos explorar um pouco mais os instrumentos de dívida. DEBÊNTURES As debêntures são títulos de médio e longo prazos extremamente flexíveis, emitidos pelas empresas para o financiamento de suas operações. Elas podem prever diversas estruturas de pagamento, como juros e amortizações periódicos, além do principal. A Figura 3 ilustra alguns exemplos de estruturas de pagamentos de debêntures. Fonte: EnsineMe Figura 3 – Exemplos de estruturas de pagamento de debêntures Vamos entender melhor cada um dos três casos vistos na figura acima: 1º CASO 2º CASO 3º CASO 1º CASO A debênture prevê o pagamento de juros periódicos, com a amortização integral do principal no seu vencimento. 2º CASO Não há pagamentos intermediários de juros. Tanto o principal quanto os juros são pagos no vencimento da debênture. 3º CASO Há previsão de duas amortizações intermediárias do principal, uma no terceiro período e outra no sexto período. Como dissemos, as debêntures são instrumentos bastante flexíveis e essas estruturas podem ser ajustadas livremente pelo emissor, em função de seus objetivos de captação de recursos. A remuneração dos investidores pode ocorrer por meio de taxas de juros fixas, flutuantes ou reais, junto com o correspondente fator de atualização monetária. EXEMPLO Como exemplo, podemos imaginar debêntures que paguem: (i) 120% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário); ou (ii) IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) + 3% a.a., ou ainda (iii) 8% a.a. No primeiro caso, temos um exemplo de taxas de juros flutuantes, expressas como um percentual do CDI. No segundo caso, temos um exemplo de taxas de juros reais, com fator de atualização monetária igual ao IPCA. Já no terceiro caso, temos um exemplo de taxas de juros prefixadas. As debêntures podem ainda ser formatadas com diversas outras características como a existência de garantias, cláusulas de resgate antecipado ou conversibilidade em ações. Vamosentendê-las. GARANTIAS Funcionam como uma espécie de caução. Os emissores das debêntures podem apresentar ativos de sua propriedade que, em caso de inadimplência, são repassados aos investidores das debêntures. Esse é um mecanismo que gera benefícios tanto para o investidor quanto para o emissor. Para os investidores, as garantias mitigam o risco de crédito a que estão expostos. E como o risco de crédito é mitigado, o emissor também se beneficia, pois pode captar recursos a taxas mais vantajosas. CLÁUSULAS DE RESGATE ANTECIPADO Permite ao emissor resgatar antecipadamente os papéis em condições predeterminadas. Ela é prevista principalmente para permitir ao emissor reestruturar suas dívidas caso as condições de mercado lhe sejam favoráveis. Como ela é um benefício dado ao emissor, o investidor acaba exigindo um prêmio por dar essa opção ao emissor. CONVERSIBILIDADE EM AÇÕES É uma opção dada ao investidor, que pode trocar a debênture, um instrumento de dívida, por ações da empresa emissora, um instrumento de participação. Novamente, as condições para essa conversão são todas pactuadas previamente na escritura de emissão. Apesar de ser um dos mais conhecidos, as debêntures não são os únicos instrumentos de dívida que podem ser emitidos pelas empresas. NOTAS PROMISSÓRIAS OU COMMERCIAL PAPERS As debêntures são instrumentos bastante adequados para financiamentos de longo prazo e grandes volumes. Para financiamentos de curto prazo, as empresas contam também com a possibilidade de emitir as notas promissórias ou commercial papers. Esses instrumentos normalmente são utilizados para cobrir despesas eventuais, como folha de pagamento ou pagamento de fornecedores. Fonte: Shutterstock.com O PROCESSO DE EMISSÃO DE INSTRUMENTOS DE DÍVIDA Como vimos, no mercado de capitais, os agentes tomadores transacionam diretamente com os agentes poupadores. Para a operacionalização dessas transações, eles contam com o apoio de instituições financeiras como os bancos de investimento, as corretoras e as distribuidoras de títulos e valores mobiliários (DTVM). Uma vez que os acionistas ou o conselho de administração decidem emitir debêntures, eles devem escolher entre realizar uma colocação pública ou privada. A colocação pública é uma emissão destinada a um público amplo e possui regulamentação mais rígida da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para ser realizada. Já a colocação privada, é destinada a um grupo pequeno de investidores profissionais. CVM javascript:void(0) A CVM é o órgão regulador e supervisor dos mercados de capitais, estabelecendo regras e condições para as emissões públicas e privadas de ações e debêntures (e valores mobiliários em geral), de forma a proteger os investidores e garantir isonomia no tratamento dos acionistas minoritários, como veremos mais à frente. Além das emissões, a CVM também regula as plataformas de negociação desses instrumentos, como as bolsas de valores e os mercados de balcão organizado. Para realizar uma colocação pública de debêntures, a empresa deve escolher um banco de investimento, uma corretora ou uma DTVM, que vai planejar todo o processo de emissão, prospectando o mercado, contatando potenciais investidores (road show), apresentando a estrutura da emissão e elaborando o bookbuilding, que é o processo pelo qual se estabelece o preço justo para a emissão. Esse processo de colocação inicial das debêntures ocorre no chamado mercado primário, pois é nesse momento que a empresa está efetivamente se capitalizando. COMENTÁRIO Uma vez colocadas as debêntures, elas podem ser negociadas no mercado secundário. Um mercado secundário ativo é muito importante para a liquidez dos papéis e uma boa formação de preços. Como o processo de emissão no mercado primário é bastante custoso para a empresa, ele tende a compensar somente emissões de valores bastante elevados. É bastante comum emissões de valores na casa dos bilhões de reais. O PROCESSO DE DESINTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA Neste vídeo, você entenderá o que é a desintermediação financeira e o papel dos bancos de investimento, corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários no processo de colocação dos instrumentos de dívida. INSTRUMENTOS DE PARTICIPAÇÃO O principal instrumento de participação no mercado de capitais são as ações. As ações são um título de propriedade de parte da empresa que as emitiu. O nome é inglês ― shares ― significa justamente isso: partes ou frações. Quando um investidor adquire ações, sua rentabilidade será função de dois fatores: a variação do preço dessas ações e os dividendos (participação nos lucros da empresa) que ela pagará ao longo de sua vida. Onde: r – rentabilidade da ação entre t e t+1 Pt – Preço na ação no instante t P(t+1) – Preço na ação no instante t+1 div – dividendos pagos entre t e t+1 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Assim, dizemos que é um instrumento de renda variável, pois não se conhece a priori qual será essa rentabilidade. Elas podem ser de dois tipos: ações ordinárias ou ações preferenciais. Vamos entender o que difere uma da outra: AÇÕES ORDINÁRIAS São aquelas que dão direito a voto nas decisões da companhia emissora. AÇÕES PREFERENCIAIS Não dão direito a voto, mas possuem preferência na distribuição de dividendos e nos bens da empresa em caso de quebra. Agora, vamos ver um exemplo de como isso funciona. r = ( Pt+1−Pt ) + div Pt EXEMPLO As ações da Petrobras negociadas em bolsa são a PETR3 e a PETR4. A PETR3 é a ação ordinária da empresa, dando direito a voto. Já a PETR4 é a ação preferencial da empresa. Quando a Petrobras apresenta lucro líquido, os acionistas preferenciais recebem uma remuneração mínima garantida. Após pagar esse mínimo, caso ainda haja lucro a ser distribuído, ele é destinado às ações ordinárias até que se iguale o valor pago às preferenciais. Qualquer excedente adicional de lucro é distribuído igualmente entre os dois tipos de ação. Em 2018, após o pagamento do mínimo aos acionistas preferenciais, a companhia não tinha recursos suficientes para pagar o mesmo valor aos acionistas ordinários. Assim, cada ação PETR3 pagou R$ 0,92, contra R$ 0,25 pagos para cada ação PETR4. DEPOSITARY RECEIPTS Os depositary receipts são instrumentos que permitem a uma ação listada na bolsa brasileira ser negociada em outras bolsas. Os American Depositary Receipts (ADR) são usados, por exemplo, para que companhias brasileiras tenham suas ações negociadas na bolsa de Nova Iorque. Fonte: Shutterstock.com O mercado de ações também pode ser dividido entre mercado primário e secundário. No caso das ações, é no mercado primário que é realizado o processo chamado IPO (do inglês, Initial Public Offer) ou Oferta Pública de Ações (OPA). Uma vez executada essa etapa, a empresa emissora passa a ser “listada” na bolsa de valores e as suas ações possam ser negociadas no mercado secundário de bolsa. No Brasil, a principal bolsa de valores é a Brasil Bolsa Balcão – B3. BOLSA DE VALORES E MERCADO DE BALCÃO ORGANIZADO As negociações no mercado de capitais podem ocorrer de duas formas: em bolsas de valores ou em mercados de balcão. BOLSA DE VALORES Na bolsa de valores, a negociação dos papéis é feita de forma multilateral, em pregões, com vários compradores e vendedores apresentando suas ordens de compra e venda. Sempre que os preços convergem, o negócio é celebrado. Fonte: Bart Sadowski/Shutterstock.com Os pregões possuem horário de abertura e fechamento bem determinados e fases específicas, como: PRÉ-ABERTURA CALL DE FECHAMENTO AFTER MARKET LEILÕES PRÉ-ABERTURA A pré-abertura funciona como um leilão para determinar o preço de abertura dos ativos. Durante alguns instantes antes da abertura do pregão, podem ser registradas ofertas antecipadamente. Os negócios, no entanto, são gerados apenas na abertura do pregão. CALL DE FECHAMENTO Cinco minutos antes do encerramento do pregão, as ofertas de compra e vendasão recebidas para formar o preço de fechamento das ações. AFTER MARKET É uma extensão do horário do pregão para permitir alguns ajustes e negociações de casos muito específicos. LEILÕES Em algumas situações bem específicas, pode haver a chamada de leilões durante o funcionamento do pregão. Além de ações, são negociados na bolsa títulos de renda fixa e contratos derivativos. MERCADO DE BALCÃO No mercado de balcão, o detentor de um título negocia livremente com um comprador interessado e, após a negociação, registram a concretização da operação. Fonte: Shutterstock.com Os mercados de balcão organizados são aqueles que dispõem de sistemas eletrônicos específicos para negociação e registro das transações. A Figura 4 mostra os ativos negociados na B3 Brasil Bolsa Balcão. Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2019). Figura 4 – Exemplos de produtos admitidos na B3 INVESTIDORES INSTITUCIONAIS Vimos como os tomadores de recursos utilizam o mercado de capitais, ou seja, o lado da oferta. Mas para que o mercado funcione bem, também precisamos que haja demanda para os produtos distribuídos. É aí que ganha relevância o papel dos investidores institucionais. VEÍCULOS DE INVESTIMENTO COLETIVO Muitas vezes, um investidor pessoa física não tem capacidade financeira, nem conhecimento, para investir em alguns produtos diretamente. No entanto, podem fazê-lo utilizando-se de veículos de investimento coletivos, como os fundos de investimento ou os planos de previdência. FUNDOS DE INVESTIMENTO Os fundos de investimento são veículos de investimento coletivo regulados pela CVM que permitem aos seus cotistas investirem em produtos financeiros mais sofisticados. Eles podem ser abertos ou fechados. Fonte: Shutterstock.com Vamos entender suas diferenças: Fundos abertos São aqueles em que os participantes aportam ou resgatam recursos emitindo novas cotas. Ou seja, a quantidade de cotas varia conforme os aportes e resgates. Fundos fechados São aqueles em que há uma emissão inicial de cotas e não são mais feitos aportes ou resgates até o vencimento do fundo. Suas cotas podem ser negociadas no mercado secundário. PLANOS DE PREVIDÊNCIA Outro veículo de investimento bastante utilizado pelos investidores são os planos de previdência complementar aberta ou os seguros de vida com cobertura de sobrevivência. Os mais conhecidos são o Plano Gerador de Benefícios Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefícios Livre (VGBL). A principal diferença entre eles é no tratamento tributário. O PGBL é um plano de previdência e o VGBL é um seguro com cobertura de sobrevivência. Assim, as contribuições ao PGBL podem ser abatidas da base de cálculo do Imposto de Renda como contribuição previdenciária. O mesmo não ocorre com o VGBL. Por outro lado, quando dos recebimentos gerados pelos planos PGBL, resgates ou pagamentos de renda de aposentadoria, há incidência de imposto de renda. Isso não ocorre com o VGBL, pois apenas sua rentabilidade é tributada. Os fundos de pensão, ou entidades de previdência fechadas, são outro tipo muito relevante de investidor institucional. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA SOBRE O MERCADO DE CAPITAIS: A) Os instrumentos de dívida remuneram os investidores de acordo com os resultados obtidos pela empresa emissora. B) Os instrumentos de participação são negociados somente em mercados de balcão organizados. C) No mercado de capitais, ocorre a desintermediação financeira, com os agentes poupadores e tomadores se conectando diretamente. D) No mercado de capitais ocorre a intermediação financeira, com as instituições financeiras funcionando como elo entre os agentes poupadores e tomadores. E) Os investidores institucionais não desempenham papel relevante no mercado de capitais. 2. QUAL DAS OPÇÕES ABAIXO APRESENTA UM INSTRUMENTO DE PARTICIPAÇÃO? A) Debênture B) Commercial paper. C) Ação D) CDB E) Títulos públicos GABARITO 1. Assinale a afirmativa correta sobre o mercado de capitais: A alternativa "C " está correta. Trata-se do mercado da desintermediação financeira, em que os agentes poupadores e tomadores negociam diretamente entre si, sem a intermediação de uma instituição financeira. 2. Qual das opções abaixo apresenta um instrumento de participação? A alternativa "C " está correta. A única alternativa cuja remuneração varia de acordo com os resultados da empresa emissora e que confere aos seus detentores um título de propriedade sobre essa empresa é a ação. MÓDULO 2 Reconhecer as principais características e riscos envolvidos no mercado de títulos Neste módulo, vamos analisar mais a fundo o mercado de títulos públicos e privados. Também veremos o funcionamento do Tesouro Direto e do processo de securitização de ativos. Por fim, abordaremos o risco de taxas de juros. MERCADO DE TÍTULOS O mercado de títulos de dívida, também chamado de mercado de renda fixa, é um dos mais volumosos no Brasil. Vamos analisar algumas características dos instrumentos de dívida que são transacionados nesse mercado, começando por um exemplo. Imagine que você receba uma oferta para comprar por R$930,23 um título que promete pagar R$1.000,00 em 1 ano. Podemos representar essa operação conforme o fluxo da Figura 5. Fonte: EnsineMe Figura 5 – Exemplo Podemos, então, concluir que a taxa de juros anual oferecida nessa operação é de: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Observando as taxas de juros do mercado, você conclui que esse é um preço justo para esse título e decide comprá-lo. Após a compra, você recebe a informação de que as taxas de juros devem subir. O QUE ACONTECE COM O VALOR DO SEU TÍTULO SE A TAXA DE JUROS SUBIR PARA 10%? Bom, para descobrir isso, você deve trazer os R$1.000,00 a valor presente por essa nova taxa. Assim, terá o seguinte resultado: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal r = = 8% 1.000−930,23 1.000 P = = 909,091.000 1+10% Ou seja, o seu título, que valia R$930,23 reais, passou a valer R$909,09. Você teve uma perda de mais de R$20,00. Por outro lado, se a taxa de juros tivesse caído para 6%, seu título passaria a valer: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Vale, então, notar duas coisas: Primeiro, quando você possui um título de renda fixa, está sujeito ao risco de movimentos indesejáveis na taxa de juros. Sempre que a taxa de juros sobe, o valor presente do seu título cai, e sempre que a taxa de juros cai, o valor presente do seu título sobe. Segundo, apesar dessas alterações no valor presente do seu título, se você não o negociar até o vencimento, mantendo-o em sua carteira, a taxa de juros que você contratou será entregue. No nosso exemplo, se você levar o título que comprou por R$930,23 até o vencimento, receberá os R$1.000,00 reais e terá auferido um rendimento de 8%, independentemente das variações nas taxas de juros que ocorrerem no período. Essa é uma característica que gerou ― e ainda gera ― muita discussão com relação à forma de contabilização desse tipo de ativo. A contabilização pode ocorrer de duas formas: MARCAÇÃO A MERCADO Na marcação a mercado, os títulos de renda fixa devem ser contabilizados por seu valor de mercado, ou seja, por quanto valeriam se fossem negociados no momento da contabilização. Dessa forma, esses títulos ficam sujeitos às flutuações decorrentes de movimentos nas taxas de juros. MARCAÇÃO NA CURVA Quando a contabilização se dá pela curva, os títulos de renda fixa são avaliados pela taxa de juros contratada no início da operação, com os juros sendo acumulados conforme o transcurso do tempo. As regras da CVM obrigam os fundos de investimento a contabilizar os títulos de renda fixa por seu valor de mercado. P = = 943,401.000 1+6% Vejamos um outro exemplo: Seja um título de renda fixa que promete pagar juros anuais de 10% e o principal de R$1.000,00 mais a última parcela de juros no vencimento,conforme a Figura 6: Fonte: EnsineMe Figura 6 – Exemplo Se esse título estiver sendo negociado por R$1.000,00, dizemos que ele está sendo negociado “ao par”. Isso significa que o valor do principal é igual ao valor de mercado do título. Como consequência, a taxa de juros de 10% será a taxa de mercado. Aqui vale uma consideração. Os pagamentos periódicos de juros, como no exemplo anterior, são chamados de “cupons”. COMENTÁRIO Eles recebem esse nome pela forma como eram estruturados no passado. Antes dos sistemas eletrônicos, os títulos de dívida eram cartulares, ou seja, emitidos em papel. Cada título possuía uma série de cupons que eram destacados para o recebimento desses pagamentos intermediários de juros. Por isso, o nome é utilizado até hoje para se referir a esses pagamentos. Voltando ao exemplo, vemos, então, que a taxa de juros de um título negociado ao par é igual ao seu cupom. Como vimos que um aumento na taxa de juros reduz o valor presente de um título, se ele estiver sendo negociado abaixo do par, sabemos que a taxa de juros é maior do que o cupom. Caso contrário, a taxa de juros é menor do que o cupom. Exemplo: o título está sendo negociado a R$ 1.050 reais. A taxa de juros é maior ou menor do que 5%? Fonte: EnsineMe Figura 7 – Exemplo Vemos que o cupom é igual a Assim, como o título está sendo negociado a um valor maior do que o principal (1.050>1.000), concluímos que a taxa de juros é menor do que o cupom, sendo, portanto, menor do que 5%. PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS DE DÍVIDA Neste vídeo, resolveremos um exercício para que você entenda melhor o conteúdo. = 5%50 1000 TÍTULOS PÚBLICOS Além das instituições financeiras e não financeiras, o governo também capta recursos no mercado financeiro por meio da emissão de títulos. Esses títulos representam o principal ativo financeiro em circulação no país e podem ser adquiridos inclusive diretamente por pessoas físicas através do sistema Tesouro Direto. Esses títulos são emitidos pelo Tesouro Nacional e os principais tipos disponíveis atualmente são: LETRA DO TESOURO NACIONAL (LTN) São de mais curto prazo e comercializadas com deságio sobre seu valor de face. Sua estrutura de pagamentos prevê apenas um fluxo, com o pagamento no principal (R$1.000,00) no vencimento. No Tesouro Direto, esses títulos são denominados de “Tesouro prefixado”. Suponha que um investidor adquira uma LTN por R$800,00 um ano antes de seu vencimento. Fonte: EnsineMe Figura 8 – LTN A rentabilidade da operação será de: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal LETRA FINANCEIRA DO TESOURO (LFT) Esse é um título pós-fixado, que acumula a taxa Selic diária. Ao vencimento do título, será pago ao investidor o valor investido corrigido pela taxa Selic acumulada no período de investimento. No Tesouro Direto, esses títulos são denominados de “Tesouro Selic”. Suponha que um investidor adquire uma LFT por R$10.500,00 um ano antes de seu vencimento, e que a taxa Selic acumulada nesse período foi de 2,5%. Fonte: EnsineMe Figura 9 – LFT No vencimento, o investidor recebe os R$10.500,00 investidos corrigidos pela Selic acumulada no período (2,5%). Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal NOTA DO TESOURO NACIONAL – SÉRIE B (NTN-B) rentabilidade = = 25%1.000−800 800 10.500,00 × (1 + 2,5%) = 10.762,50 A rentabilidade desses títulos é dada pela variação da inflação, medida pelo IPCA. Diferentemente da LTN e da LFT, esse título prevê pagamentos semestrais de cupons. Fonte: EnsineMe Figura 10 – NTN-B No Tesouro Direto, esses títulos são denominados de “Tesouro IPCA+ com pagamentos semestrais”. Há uma modalidade específica de NTN-B no Tesouro Direto que não possui pagamento de cupons, denominada de “Tesouro IPCA+”, também chamada de NTN-B Principal. NOTA DO TESOURO NACIONAL – SÉRIE F (NTN-F) A rentabilidade desses títulos é prefixada, mas, à diferença da LTN, esse título prevê pagamentos de cupons semestrais, sendo denominado “Tesouro Prefixado com Juros Semestrais” no Tesouro Direto. Fonte: EnsineMe Figura 11 – NTN-F SECURITIZAÇÃO Nem todos os ativos podem ser negociados no mercado de capitais. No entanto, por meio da securitização, é possível transformar créditos a receber em ativos negociáveis no mercado de capitais. EXEMPLO As companhias securitizadoras podem converter créditos a receber (recebíveis) em títulos negociáveis no mercado. Dois dos títulos mais conhecidos sãos os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). CERTIFICADOS DE RECEBÍVEIS DO AGRONEGÓCIO (CRA) Lastreado em créditos a receber de financiamentos do agronegócio. CERTIFICADOS DE RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS (CRI) Lastreado em créditos a receber originados de financiamentos imobiliários. A securitização funciona da seguinte maneira: suponha que uma empresa que possui créditos a receber em seu balanço deseja antecipar o recebimento deles para se financiar e investir em novos projetos. Para isso, ela cede esses créditos a uma companhia securitizadora, que os utiliza como lastro na emissão de títulos no mercado de capitais. javascript:void(0) javascript:void(0) A remuneração desses títulos é feita conforme o desempenho dos recebíveis. Dessa forma, a emissão pode ser feita em camadas, de acordo com um grau crescente de risco de crédito e de remuneração. EXEMPLO Digamos que a emissão contemple duas camadas, sendo a segunda subordinada à primeira, ou seja, antes de pagar a remuneração da camada subordinada, primeiro se paga a remuneração devida à camada principal. Dessa forma, o risco de inadimplência na carteira de recebíveis recai primeiramente sobre a camada subordinada. Os títulos de crédito securitizado chamados de CDO (Collateral Debt Obligation) funcionavam dessa forma, tendo papel relevante na crise de 2008. FUNDOS DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS – FIDC Uma outra forma de securitizar recebíveis é por meio de fundos de investimentos em direitos creditórios. Os FIDCs captam recursos mediante emissão de cotas de participação e investem na aquisição de direitos creditórios (créditos a receber) diversos e são regulados pela Instrução CVM nº 356 de 2001. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UM TÍTULO COM O FLUXO DE PAGAMENTOS DADO PELA FIGURA ABAIXO ESTÁ SENDO NEGOCIADO AO PAR. QUAL É O VALOR QUE PRECISA SER DESEMBOLSADO PARA COMPRÁ-LO? FONTE: ENSINEME. A) 1.000 B) 1.070 C) 1.100 D) 930 E) 970 2. ASSINALE A AFIRMATIVA QUE APRESENTA O TÍTULO PÚBLICO PREFIXADO QUE PAGA CUPONS SEMESTRAIS: A) LTNA B) LFT C) NTN-F D) NTN-B E) NTN-C GABARITO 1. Um título com o fluxo de pagamentos dado pela figura abaixo está sendo negociado ao par. Qual é o valor que precisa ser desembolsado para comprá-lo? Fonte: EnsineMe. A alternativa "A " está correta. Dizer que um título está sendo negociado ao par significa dizer que o valor presente do título é igual ao valor do principal. O último fluxo da figura apresenta o principal mais o último cupom de juros. Como o cupom é de R$70,00, o principal será dado por: PRINCIPAL = 1.070 - 70 = 1.000 2. Assinale a afirmativa que apresenta o título público prefixado que paga cupons semestrais: A alternativa "C " está correta. As NTN-F pagam cupons semestrais prefixados. Esses títulos são denominados “Tesouro Prefixado com Juros Semestrais” no Tesouro Direto. MÓDULO 3 Reconhecer as principais características dos mercados de ações e de derivativos Neste módulo, analisaremos mais a fundo o mercado de ações e de derivativos, abordando as análises técnica e fundamentalista, e explorando os direitos dos acionistas minoritários. MERCADO DE AÇÕES Como vimos, as ações são instrumentos de participação nos resultados das empresas. Assim, sua rentabilidade depende das expectativas de geração de lucros futuros. Os analistas de mercado utilizam diversas técnicas para tentar estimar esses lucros futurose estabelecer o valor justo de negociação dessas ações. Imagine que um analista espere que uma determinada empresa vá pagar dividendos de R$2,00 por ação todos os anos indefinidamente. Assim, o fluxo de recebimentos esperados pelo analista será dado conforme ilustrado na Figura 12: Fonte: EnsineMe Figura 12 – Fluxo de pagamento de dividendos Esse fluxo corresponde a uma perpetuidade, pois prevê pagamentos perpétuos. Suponhamos ainda que a taxa de juros anual é de 8%. Assim, o valor presente desse fluxo será dado pela seguinte expressão: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde d é o valor de cada dividendo pago e r é a taxa de juros, logo: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Logo, o preço justo dessa ação seria de R$ 25 reais. VP = d r VP = = R$ 25,002 8% ANÁLISE TÉCNICA A análise técnica é uma ferramenta usada por investidores que busca prever o movimento dos preços das ações com base nos gráficos dos movimentos passados. Os analistas técnicos tentam prever o melhor momento para entrar ou sair de uma determinada posição no mercado de capitais observando as tendências de movimento dos preços, os volumes de negociações e outras variáveis. Alguns conceitos importantes usados nas análises técnicas são os de suporte e resistência. Fonte: Shutterstock.com SUPORTE É definido como um volume de compra suficiente para reverter uma tendência de baixa. Fonte: Shutterstock.com RESISTÊNCIA É um volume de venda suficiente para reverter uma tendência de alta. Esses conceitos tentam, portanto, replicar movimentos de entusiasmo relativo entre compradores e vendedores. Graficamente, podemos ver o suporte e a resistência como linhas horizontais que mostram as inflexões nas cotações, sendo o suporte um piso e a resistência um teto, conforme a Figura 14. Nesta figura, também é possível notar que o suporte e a resistência variam ao longo do tempo, veja a seguir: Fonte: EnsineMe Figura 13 – Suporte e resistência Um gráfico bastante utilizado pelos analistas técnicos é o gráfico de candlestick, que recebe esse nome pelo formato, que se assemelha ao de uma vela. Nesse gráfico, para cada dia, são representados os valores das cotações de abertura, fechamento, máximo e mínimo. Quando o valor da cotação de abertura é inferior ao do fechamento, o retângulo recebe a cor verde (mercado em alta). Quando o valor da cotação de abertura é superior ao de fechamento, ele recebe a cor vermelha (mercado em baixa). Observe a figura a seguir: Fonte: EnsineMe Figura 14 – Gráfico de Candlestick Os defensores desse tipo de análise argumentam que há diversos fatores a serem explorados nesses gráficos, de origem psicológica, técnica, econômica e monetária. Os críticos defendem que os movimentos passados nos preços não têm poder preditivo sobre os movimentos futuros. ANÁLISE FUNDAMENTALISTA A análise fundamentalista busca avaliar o valor justo de uma ação a partir do exame dos fundamentos econômico-financeiros da empresa. Ela pode ser do tipo top-down (de cima para baixo) ou bottom-up (de baixo para cima). Veja a seguir as características de cada uma: ANÁLISE TOP-DOWN Na análise do tipo top-down, o analista inicia sua avaliação a partir de elementos "macro", ou seja, os fundamentos macroeconômicos e setoriais nos quais a empresa está inserida, como o risco país, a inflação, as taxas de juros etc. Somente depois, a análise passa a observar aspectos "micro", relacionados com a empresa propriamente dita. ANÁLISE BOTTOM-UP Já na análise bottom-up, o analista inicia sua avaliação pelos aspectos "micro", como números do balanço da empresa, passando por sua governança, sua estrutura, seus controles internos e capacidade dos administradores para determinar o potencial de geração de valor da empresa. DIREITOS DOS ACIONISTAS Um dos principais objetivos da regulamentação da CVM é garantir um tratamento justo dos investidores do mercado de capitais e, para isso, os acionistas minoritários são providos de alguns direitos como forma de manter o equilíbrio de seus interesses e os dos acionistas majoritários. O primeiro direito sobre o qual já discorremos é o direito a voto nas assembleias gerais de acionistas. Os detentores de ações ordinárias possuem tal direito, o que não ocorre com os acionistas preferenciais. Fonte: Shutterstock.com Outro direito que também já abordamos é o de participar dos resultados com a distribuição de dividendos. Vimos que os acionistas preferenciais têm prioridade nesse pagamento. Além desses dois direitos, há uma série de outros que os acionistas minoritários de companhias de capital aberto possuem e que vamos abordar aqui. Quando há mudança no controle da empresa, com um novo controlador comprando a maior parte do capital, os acionistas minoritários com ações ordinárias têm o direito de vender suas ações pelo preço pago pelo novo controlador na aquisição do controle. Esse direito é chamado de tag along (ir junto, em inglês) e pode ser estendido aos acionistas preferenciais, caso essa previsão conste do estatuto da empresa. Fonte: Shutterstock.com Ao contrário do tag along, que é um direito de venda das ações, os acionistas minoritários também têm o direito de subscrever novas ações quando a empresa decide aumentar seu capital. Esse é o direito de preferência na subscrição. Subscrevendo novas ações, o acionista minoritário pode manter sua participação percentual na empresa. O direito de tag along, no entanto, pode não ser o de venda das ações pelo preço cheio pago pelo novo controlador, possivelmente sendo um percentual deste. No entanto, ele não pode ser inferior a 80% do valor cheio. Por fim, os acionistas também podem receber bonificações em ações, como forma de manter sua participação percentual no capital da empresa quando esta reinveste seus lucros. NÍVEIS DE GOVERNANÇA No mercado de capitais brasileiro, as empresas de capital aberto podem aderir a segmentos de governança especiais, caso atendam a alguns critérios bastante rigorosos. Esses critérios de governança são estabelecidos pela B3 e classificados em três níveis: nível 1, nível 2 e novo mercado. A tabela abaixo resume alguns pontos de distinção entre os três níveis de governança. Veja a seguir: Novo mercado Nível 1 Nível 2 Tipos de ação Apenas ordinárias Ordinárias e preferenciais (com mais direitos) Ordinárias e preferenciais Ações em circulação (free float) 25% do total 25% do total 25% do total Conselho de administração > 5 membros com 20% independentes > 5 membros com 20% independentes > 3 membros Novo mercado Nível 1 Nível 2 Tag along 100% 100% 80% Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal MERCADO DE DERIVATIVOS Os derivativos são instrumentos financeiros cujo valor depende de outro ativo de referência. Por exemplo, um derivativo de dólar é um instrumento cujo valor depende da cotação da moeda norte-americana. Podemos ter os mais variados tipos de ativos subjacentes, como o preço de commodities agrícolas, como o milho ou a soja, ações ou taxas de juros. Há quatro principais instrumentos derivativos: os contratos a termo, os contratos futuros, os swaps e as opções. Vejamos cada um deles com mais detalhes. CONTRATOS A TERMO Os contratos a termo são acordos de compra e venda futura de ativos com volumes, prazos e preços predefinidos. Fonte: Shutterstock.com Por exemplo, poderíamos ter um contrato a termo que prevê a compra/venda futura de U$50.000.00, em 1 ano, ao preço de 5,30 BRL/USD. Nesse contrato, uma parte se obriga a comprar 50 mil dólares daqui a um ano, pagando 265 mil reais (50.000 x 5,30), enquanto a outra parte se obriga a vender aquela quantidade no mesmo prazo e preço. No momento da entrada no contrato, não há troca de fluxos financeiros. Caso a cotação do dólar no vencimento do contrato seja de 6,00 BRL/USD, a parte compradora irá comprar por 265 mil reaisalgo que vale 300 mil reais (6,00 x 50.000), auferindo um lucro de 35 mil reais. A parte vendedora terá um prejuízo de igual valor. Por outro lado, caso a cotação do dólar no vencimento seja de 4,50 BRL/USD, a parte compradora irá pagar 265 mil reais por algo que vale 225 mil reais (4,50 x 50.000), auferindo um prejuízo de 40 mil reais. A parte vendedora terá um lucro de igual valor. Vejamos, então, como um contrato a termo pode ser utilizado: Imagine que um exportador tenha uma dívida de U$50.000.00 a ser paga em 1 ano. Para se proteger de uma eventual subida do dólar, ele decide entrar em um contrato a termo com as características que vimos nos parágrafos anteriores. Dessa forma, sem nenhum desembolso inicial, ele se protege de subidas na cotação do dólar que fariam sua dívida aumentar. Entrando no contrato como parte compradora, ele garantirá que desembolsará exatamente 265 mil reais ao final de um ano para pagar sua dívida. Fonte: Shutterstock.com É importante notar que, ao mesmo tempo em que se protege de um aumento do dólar, o exportador abre mão de ganhos financeiros caso o dólar se desvalorize. Ele fica, portanto, "travado" em dólar. Os contratos a termo também são conhecidos como Non Deliverable Forward (NDF), uma vez que boa parte desses contratos não prevê a entrega física do ativo subjacente (ou ativo objeto), ou seja, não prevê a entrega dos 50 mil dólares do nosso exemplo. O encerramento do contrato ocorre com a transferência do saldo (lucro/prejuízo) de uma parte a outra. No nosso exemplo, caso a cotação do dólar no vencimento fosse de 6,00 BRL/USD, a parte vendedora pagaria 35 mil reais à parte compradora. Caso a cotação no vencimento fosse de 4,50 BRL/USD, a parte compradora pagaria 40 mil reais à parte vendedora. CONTRATOS FUTUROS Os contratos futuros são muito parecidos com os contratos a termo. Eles também preveem a compra/venda futura de um ativo objeto no volume, prazo e preço predefinidos. A diferença encontra-se na contraparte da negociação e na presença de ajustes diários, como vamos detalhar agora. Como vimos, nos contratos a termo, uma parte se obriga com a outra a comprar/vender um ativo em data futura. No exemplo que estudamos, uma das partes deveria pagar a outra uma determinada quantia no vencimento do contrato. E o que acontece se essa parte não honrar seu compromisso? Esse é o chamado risco de crédito, ou risco de contraparte. Assim, quanto maiores os volumes e os prazos envolvidos, maior o risco de contraparte em um desses contratos. Fonte: Shutterstock.com Os contratos futuros tentam reduzir esse risco de duas formas: utilizando uma contraparte comum a todos os contratos, a contraparte central, e realizando ajustes diários nas posições dos contratos. COMENTÁRIO Quando você entra em um contrato futuro, a sua contraparte é a B3, a contraparte central. Ela, por sua vez, exige de todos os participantes de contratos futuros uma conta margem, que deve ser constituída com ativos suficientes para fazer face aos riscos a que cada participante está exposto. Ao final do dia, ela atualiza as posições e retira dessa conta margem os ajustes diários. Esses ajustes variam em função das variações no preço do ativo objeto. Caso o dólar suba de preço, a parte vendedora paga o ajuste referente a esse aumento. Caso o dólar se desvalorize, é a parte compradora que paga o ajuste. Após esses ajustes, pode ser necessário que uma das partes recomponha sua conta margem. Esse procedimento faz com que todas as posições nos contratos futuros sejam zeradas diariamente, reduzindo bastante o risco de crédito. SWAPS Os swaps são derivativos que envolvem a troca de fluxos de caixa, sem envolver a troca do principal. Por meio desses contratos, dois agentes acordam trocar índices. Um dos swaps mais comuns no mercado brasileiro é o swap DI x Pré. Esse contrato prevê que umas das partes pague a rentabilidade do CDI sobre um determinado valor e a outra pague uma taxa prefixada. Fonte: Shutterstock.com OPÇÕES Existem dois tipos de opções: de compra e de venda. Vejamos: OPÇÕES DE COMPRA Quem adquire uma opção de compra passa a ter o direito de comprar o ativo objeto por um preço predeterminado (preço de exercício ou strike). O vendedor dessa opção se obriga a vendê-la por esse preço. Vejamos um exemplo: Digamos que você possui uma opção de compra de ação com preço de exercício de R$50,00. Assim, a opção concede o direito de comprar a ação por esse valor. Caso o valor da ação seja de R$52,00 na data de vencimento da opção, você pode exercer seu direito e comprar a ação por R$50,00 e revendê-la no mercado por R$52,00, auferindo um resultado de dois reais. O resultado para o vendedor da opção é negativo, pois ele teve que vender por R$50,00 algo que valia R$52,00. OPÇÕES DE VENDA Quem adquire uma opção de venda passa a ter o direito de vender o ativo objeto por um preço predeterminado (preço de exercício). O vendedor dessa opção se obriga a comprá-la por esse preço. Digamos que você possua uma opção de venda de uma ação com preço de exercício de R$ 50,00. Assim, a opção te dá o direito de vender a ação por esse valor. Caso o valor da ação seja de R$52,00 na data de vencimento da opção, você não terá interesse em exercer seu direito, pois pode vender a mesma ação no mercado por R$52,00. Assim, a opção expira sem ser exercida. Usando o jargão do mercado, ela "virá pó". Note que o detentor de uma opção não é obrigado a exercê-la. Ele tem o direito de exercê-la e só o fará caso seja vantajoso para ele. Por outro lado, o vendedor da opção é obrigado a comprar/vender a ação, caso ela seja exercida pelo comprador. Como o vendedor certamente perderá, caso a opção seja exercida, ele exige uma remuneração no início do contrato para assumir tal risco. Essa remuneração é chamada de prêmio da opção. Ou seja, à diferença dos derivativos anteriores, que não envolviam fluxos de recursos no instante inicial, isso não acontece nas opções. Quando um investidor compra uma opção, deve pagar um prêmio ao vendedor. Assim, o comprador tem um fluxo inicial negativo e o vendedor tem um fluxo inicial positivo. Resumindo, temos os seguintes elementos definidores de uma opção: Ativo objeto ou ativo subjacente ― ativo ao qual a opção se refere; Data de vencimento da opção ― data de expiração do direito adquirido; Preço de exercício ― preço predeterminado de compra/venda do ativo objeto; Tipo: compra ou venda; Prêmio ― valor pago pelo comprador ao vendedor no início da operação. Uma última classificação importante sobre as opções é que elas podem ser do tipo europeia ou americana. javascript:void(0) javascript:void(0) EUROPEIA Nas opções europeias, o exercício da opção ocorre somente em sua data de vencimento. AMERICANA Já nas opções americanas, o exercício pode ocorrer a qualquer momento, até o vencimento da opção. PARTICIPANTES DO MERCADO DE DERIVATIVOS Os principais agentes que operam no mercado de derivativos são os hedgers, os especuladores e os arbitradores. HEDGERS Os hedgers são agentes que buscam o mercado de derivativos para reduzir riscos, assumindo posições contrárias às exposições de suas carteiras. Por exemplo, um importador que teme uma apreciação do dólar pode usar o mercado de derivativos para se proteger contra esse aumento. ESPECULADORES Os especuladores são investidores que buscam auferir lucros no mercado de derivativos. Por exemplo, um investidor que acredita que o preço de uma ação irá cair pode utilizar o mercado de derivativos para auferir ganhos. Uma das maneiras de fazer isso seria comprando opções de venda dessa ação. Caso o preço realmente caia, ele poderá comprar ações mais baratas no mercado à vista e exercer seu direito de venda por um preço maior. ARBITRADORES Os arbitradores são agentes que observam os diferentes mercados para tentar explorar possibilidades de ganhos sem riscos. Assim, ele consegue montar operações envolvendo os mercados de crédito, de capitais e dederivativos para explorar distorções de precificação entre esses mercados. Por exemplo, imagine que as taxas de juros estão em 10% a.a., o valor de uma ação à vista está em R$20,00 e o seu valor no mercado a termo para 1 ano está em R$23,00. O arbitrador pode tomar R$20,00 emprestados, comprar a ação e vendê-la no mercado a termo. Ao final do ano, ele entrega a ação, recebendo R$23,00 e paga o empréstimo de R$22,00 (R$20,00 mais os juros de 10%). Seu lucro total terá sido de R$1,00, sem correr riscos e sem nenhum desembolso inicial. Hoje Recebe R$20,00 do banco; Paga R$20,00 pela ação; Vende no mercado a termo por R$23,00. Não há saldo financeiro neste momento. Em 1 ano Encerra o termo e recebe R$23,00. Paga a dívida de 20x(1+10%) = R$22,00. Lucro = R$1,00 ATUAÇÃO DO ARBITRADOR Neste vídeo, vamos resolver um exercício para que você entenda melhor o conteúdo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE O TIPO DE AGENTE NO MERCADO DE DERIVATIVOS QUE BUSCA PROTEÇÃO CONTRA OS RISCOS A QUE ESTÁ EXPOSTO: A) Arbitrador B) Corretor C) Especulador D) Distribuidor E) hedgers 2. QUAL DAS OPÇÕES ABAIXO NÃO REPRESENTA UM DIREITO DOS ACIONISTAS ORDINÁRIOS? A) Tag along. B) Preferência na subscrição. C) Negociação preferencial no after Market. D) Recebimento de dividendos. E) Voto nas assembleias. GABARITO 1. Assinale o tipo de agente no mercado de derivativos que busca proteção contra os riscos a que está exposto: A alternativa "E " está correta. Os agentes que estão expostos a riscos diversos podem utilizar o mercado de derivativos para se proteger contra esses riscos, que podem ser cambiais, de taxas de juros ou outros fatores. Os investidores que buscam essa proteção são chamados de hedgers. 2. Qual das opções abaixo não representa um direito dos acionistas ordinários? A alternativa "C " está correta. A única alternativa que não representa um direito dos acionistas ordinários é a C. As regras do after market não preveem esse direito. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, vimos o funcionamento do mercado de capitais e como as empresas conseguem captar recursos para financiar seus projetos de longo prazo utilizando os instrumentos de dívida e de participação. Exploramos também os mercados de títulos, de ações e de derivativos, suas aplicações e técnicas de análise. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. Mercado de derivativos no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. BM&FBOVESPA, CVM. Comitê Consultivo de Educação. TOP: Mercado de derivativos no Brasil: conceitos, produtos e operações. 1. ed. Rio de Janeiro: BM&FBOVESPA, 2015. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Comitê Consultivo de Educação. TOP: Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2019. FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro ― produtos e serviços. 18. ed. Rio de Janeiro: Qualymark, 2011. PRING, M. J. Technical analysis explained: the successful investor’s guide to spotting investment trends and turning points. 3. ed. Nova York: Mc-Graw Hill, 1991. EXPLORE+ Explore mais informações sobre emissões de debêntures por meio dos materiais divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). CONTEUDISTA Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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