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PAPER-20PROJETO20DE20CONTAMNACAO20AMBIENTAL-2

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8
PROJETO DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL-NECROCHORUME
Eliane Celeiro Lopes¹ 
Italo Matheus Ferreira de Sousa² 
Jeús Silva ³ 
Thiago Façanha4
 Marcos Galucio5
Tânia Silva²
RESUMO
Os cemitérios podem ser grandes fontes de problemas ambientais caso não estejam devidamente instalados e gerenciados. Nos cemitérios convencionais e cemitérios parques, o necrochorume pode atingir o lençol freático, contaminando o solo e águas subterrâneas, conforme vários relatos históricos e Pesquisas. O objetivo desse trabalho é trazer a tona a importância dos métodos de intervenção antes, durante e depois de instalação de cemitérios tendo como foco principal os cemitérios instalados em zonas urbanas. 
Palavras-chave: 
Necrochorume,Cemitério, Águas Subterrâneas
1. INTRODUÇÃO
Óbitos e sepultamentos são fatos marcantes do dia a dia dos seres vivos, inclusive dos seres humanos. Posteriormente ao óbito, o corpo humano passa por um processo de decomposição de seus tecidos, onde reúnem artrópodes e microrganismos patogênicos que atuarão no processo denominado putrefação, conhecido como decomposição da matéria orgânica, em especial de proteínas, com produções de substâncias de odor desagradável, resultando na transformação dos tecidos em gases, líquidos e sais (PALMA & SILVEIRA, 2011). além do odor, a matéria orgânica encontrada nos cemitérios possui microrganismos, como bactérias, responsáveis pela contaminação do meio ambiente e pela proliferação de inúmeras doenças, estabelecendo dessa forma um grande problema de saúde pública e ambiental. Segundo Cruz et al. (2017), é considerável a quantidade de cemitérios no Brasil que encontram em situações de manutenção precárias, o que se torna um fator de preocupação para a população, tendo em vista a vulnerabilidade e riscos em que estão expostas. O que pode estar relacionado a falta de atenção dos órgãos públicos, que não oferecem às devidas infraestruturas necessárias para um correto armazenamento dos corpos, resultando no aparecimento de impactos que podem afetar tanto a saúde pública quanto ao meio ambiente.
Diante do exposto, o estudo em questão busca identificar e analisar as consequências decorrentes desse tipo de ocupação em áreas urbanas, na cidade de Barcarena com o intuito de evidenciar a importância do assunto, à medida que pode ser bastante prejudicial à natureza e à saúde pública, necessitando da atenção das autoridades competentes do município.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Águas Subterrâneas
As águas subterrâneas, classificadas como classe especial, são destinadas à preservação de ecossistemas em unidades de conservação de proteção integral e as que contribuam diretamente para os corpos de água superficial deverão ter suas condições de qualidade naturais mantidas (MINAS GERAIS, 2008). 
Segundo Silva e Araújo (2003), a água para consumo humano pode ser captada de diversas fontes como poços artesianos e semiartesianos. 
Conforme Souza (2014), os ambientes aquáticos são utilizados em todo o mundo com diversas finalidades, principalmente para o abastecimento doméstico e industrial, além da geração de energia, a navegação, a pesca, a agricultura, a dessedentação de animais, preservação da fauna e da flora, criação de espécies, diluição e transporte de despejos. contaminada ou poluida de natureza química ou biológica causa sérios
Pádua e Heller (2010), afirmam que a água quimicamente pura só é encontrada na natureza em forma de vapor e que, embora a água não tenha valor energético, ela contribui com o aperfeiçoamento do organismo por conter sais e gases dissolvidos, contribuindo para o equilibrio osmótico das células. Por outro lado, a água danos à saúde humana e atividades econômicas.
2.1.1 Importância do solo na qualidade das águas subterrâneas
As pessoas geralmente não conseguem compreender a importância do solo, uma vez que este funciona como ferramenta protetora ou como filtro para garantir a qualidade das águas subterrâneas, servindo também como agente condutor da movimentação inicial da água em direção às zonas insaturadas e saturadas do subsolo até as camadas mais profundas (GOMES, 2015).
Após a precipitação, parte das águas que alcançam o solo percolam para o interior do subsolo, durante estações de tempo muito variáveis, decorrente de fatores como:
 Porosidade do subsolo: a presença de argila no solo diminui sua permeabilidade reduzindo a taxa de infiltração; Cobertura vegetal: um solo coberto por vegetação é mais permeável do que um solo desmatado; Inclinação do terreno: em declividades acentuadas a água corre mais rapidamente, diminuindo a possibilidade de infiltração; Tipo de chuva: chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que chuvas finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem (BRASIL, 2019, p.1, grifo nosso)
Assim sendo, as características básicas essenciais como indicadores físicos, que têm sido utilizadas e recomendadas para verificação da qualidade do solo são: Textura, estrutura, mineralogia, densidade do solo, resistência à penetração, porosidade, capacidade de retenção d’água, condutividade hidráulica, estabilidade de agregados, cultivo e outras práticas que ocasionam a mistura de diferentes camadas (ARAÚJO et al., 2012).
2.2 - A História do Cemitério
O sentido dado à morte é distinto e modifica-se de acordo com a cultura e costumes de cada povo e sofre alterações ao longo da evolução dos valores cultuados por cada sociedade, que sofre influências da cultura de outras civilizações. (AGRA e ALBUQUERQUE, 2008).
Segundo Giacoia Júnior (2005), nas civilizações da Mesopotâmia os mortos eram enterrados meticulosamente e eram acompanhados de seus utensílios, como objetos de uso cotidiano e roupas, que serviam para identificar sua identidade pessoal e familiar. Este ritual servia para representar a personalidade e status social do indivíduo enquanto vivo, já que a morte seria o apagamento desta existência.
Na antiga Grécia, o ritual fúnebre diferenciava os tipos dos mortos. Apesar de haver a incineração em ambos os casos, a cerimônia dos homens comuns era distinta dos grandes heróis. Os primeiros eram cremados coletivamente e suas cinzas enterradas em valas comuns. O grande herói era merecedor de homenagens durante a cremação. Ele teve a vida digna de ser lembrada e acreditava-se que sua morte era a prova de sua virtude.
O conceito de civilização aplicado pelo Barão da Vila da Barra se referia ao desenvolvimento da província. Na metade deste mesmo século “acreditava-se que as doenças eram causadas e disseminadas por aspectos do meio, difundira-se a teoria miasmática que afirmava serem as epidemias oriundas de lugares insalubres onde a circulação do ar ficava prejudicada”. (MASTROMAURO e SALGADO, 2007, p. 2). 
Baseadas nesta teoria, as autoridades tomaram atitudes visando à melhoria da qualidade de vida da população no mesmo momento em que eclodiram diversas epidemias em algumas cidades. Então, em 1850 foi criada a Junta Central de Higiene que se ocupava da coordenação do sistema de saúde. Foi estabelecido que a localização dos cemitérios deveria ser na área externa da cidade para afasta da população as periculosidades que estes lugares implicavam. Contudo, estas medidas demoraram para atingir as regiões mais distantes do Rio de Janeiro.
2.2.1 Cemitério 
Cemitério é o nome dado ao local onde são enterrados os cadáveres. Um hábito que acontece desde a idade média, quando acreditava - se que esta prática contribuía para a aproximação dos mortos. Naquela época, as epidemias de doenças contagiosas eram frequentes e causa comum de muitas mortes — por falta de conhecimento e opção, os mortos eram enterrados em locais abertos de forma imprópria, ocasionando a disseminação de agentes patogênicos. Por ensejos de saúde pública, foram implantados cemitérios para mitigar impactos gerados por sepultamentos inadequados (KEMERICH et al., 2014).
De acordo com a Resolução CONAMA 335/2003, deverão ser atendidas, entre outras, algumas exigências para os cemitérios horizontais, tais como: 
O nível inferior das sepulturas deverá estar a umadistância de, pelo menos, um metro e meio acima do mais alto nível do lençol freático, medido no fim da estação das cheias; O perímetro e o seu interior devem ser providos de um sistema de drenagem eficiente; Adotar técnicas e práticas que permitam a troca gasosa resultantes da decomposição dos corpos; A área prevista para a implantação do cemitério deverá estar a uma distância segura de corpos de água, superficiais e subterrâneas, de forma a garantir sua qualidade de acordo com estudos apresentados e a critério do órgão; O subsolo da área escolhida para o cemitério deverá ser protegido por materiais com coeficientes de permeabilidade entre 10-5 e 10-7 cm s -1 , na faixa compreendida entre o fundo das sepulturas e o nível do lençol freático, medido no fim do período das chuvas de enchentes (BRASIL, 2003, p. 841)
Jalowitzki (2011), afirma que os cadáveres sepultados deverão estar envoltos por mantas absorventes do necrochorume e as urnas constituídas de materiais biodegradáveis, não sendo recomendado o emprego de plásticos, tintas, vernizes, metais pesados ou qualquer material nocivo ao meio ambiente.
2.2.2 Decomposição do cadáver 
Segundo Costandi (2015), a decomposição do cadáver começa logo após a morte, por um processo chamado autólise ou autodigestão das células. Momentos depois de o coração parar de bater, as células ficam com a condução de oxigênio comprometido e a acidez nos órgãos aumenta à medida que os subprodutos tóxicos das reações químicas começam a se acumular dentro delas. As enzimas presentes começam a digerir as membranas celulares levando à ruptura das mesmas.
De acordo com o autor, este processo comumente inicia-se no fígado, por ser rico em enzimas e no cérebro — parte do corpo com maior quantidade de água. Por último, todos os outros tecidos e órgãos começam a se desmembrar e os glóbulos brancos danificados começam a vazar líquido, descolorindo a pele.
Após morte, o cadáver passa por alguns estágios de decomposição e putrefação. Na decomposição, as bactérias, animais e substâncias produzidas pelo corpo humano dão início a esta fase. Nas outras fases, o cadáver fica inchado, escuro, a pele e os órgãos se rompem e o cérebro se desfaz (derrete), chegando ao estágio final de esqueletização, — afirma o pesquisador, fisiologista e professor de medicina legal, Marco Aurélio Guimarães, da Universidade de São Paulo - USP (MOIÓLI, 2018).
Durante o período de decomposição, Kemerich et al. (2014) descrevem a liberação de tipos variados de metais que compõem o corpo humano e o caixão em que o cadáver é sepultado.
2.3 Gases liberados dos cadáveres
Esses gases ocorrem devido à putrefação — que confere a destruição dos tecidos do corpo por ação de bactérias e enzimas — ocasionando a dissolução gradual dos tecidos, convertidos em gases, líquidos e sais. Os gases gerados são H2S, NH3, CO2, H2O, Enxofre, Fosfina, Cadaverina e a Putrescina. Já o odor exalado é causado por alguns desses gases e em pequena quantidade de mercaptana (substância que contêm sulfeto de hidrogênio ligado a carbono saturado) (KEMERICH et al., 2010)
2.3.1 Necrochorume
O corpo humano depois de morto é decomposto, assim como qualquer outro ser vivo. Passa então a servir de ecossistema para outros organismos como artrópodes, bactérias, micro-organismos patogênicos e destruidores de matéria orgânica e outros, podendo pôr em risco o meio ambiente e a saúde pública. 
Durante o processo de decomposição do corpo é liberado um líquido chamado pelo CONAMA de “produto da coliqüação”, conhecido também como necrochorume. Este líquido é o responsável pela contaminação do solo e aqüíferos subterrâneos.
O necrochorume é composto por aproximadamente 60% de água, 30% de sais minerais e 10 % de substâncias orgânicas degradáveis como mostrado no Gráfico 1 (KEMERICH et al, 2014).
Gráfico 1. Composição média do necrochorume.
Fonte: LOPES [200-] [15].
O necrochorume é viscoso, de cor castanho-acinzentada, forte cheiro e grau variado de patogenicidade. (ALMEIDA e MACÊDO; 2005) [16]. Apresenta densidade média de 1,23 g/cm3(mais denso que a água), e a relação entre o volume de necrochorume produzido e o peso do corpo é igual 0,60 L/Kg (LOPES, [200-]) [15]. 
Segundo Almeida e Macedo (2005) [16], a decomposição das substâncias orgânicas do corpo pode produzir diaminas como a cadaverina (C5H14N2) e a putrescina (C4H12N2), que ao ser degradadas geram NH4+, substância que apresenta toxicidade em altas concentrações. 
A cadaverina e putrescina são danosas também por serem responsáveis pela transmissão de doenças infecto-contagiosas como a hepatite e a febre tifóide. Essas substâncias podem se proliferar em um raio superior a 400 metros de distância do cemitério, a depender da geologia da região (LOPES, [200-]) [15].
Em cemitérios com terreno impermeável pela pavimentação, onde o sistema de drenagem é precário, as águas das chuvas podem escoar superficialmente, inundando os túmulos danificados. Após passarem pela área do cemitério, essas águas são geralmente lançadas nas redes pluviais urbanas e canalizadas para os corpos d’água, contaminando-os com substâncias arrastadas do interior do cemitério (FERNANDES, 2014).
2.3.3 Contaminação da água por necrochorume
O necrochorume ao entrar no solo, sofre reações que podem retê-lo, deixá-lo passar livremente ou ser parcialmente abrandado no meio sólido. O comportamento do contaminante depende de suas propriedades físicas, químicas e do solo onde foi derramado. Seu movimento deve ser estudado antes da construção do cemitério (CARNEIRO, 2009).
Desta forma, constatando-se que na construção da maioria dos cemitérios públicos antigos não foram realizados estudos geológicos, hidrogeológicos e de saneamento, constituem os mesmos potenciais ,risco de contaminação do solo e das águas subterrâneas, (BRASIL, 2007).
As águas superficiais ou das chuvas, infiltradas nas sepulturas, entram em contato com os corpos, percolam no solo e alcançam as águas subterrâneas. O necrochorume pode contaminar estas águas, caso as mesmas sejam captadas através de poços escavados por populações que vivem no entorno do cemitério. Consumidores destas águas estarão expostos a sérios riscos de doenças ou patogenias graves como a febre tifoide, hepatite A, tétano, tuberculose e outras (NEIRA et al., 2008). 
Segundo Souza et al. (2017), em alguns tipos de solo, com o passar do tempo e com a ação do clima do local, o necrochorume reduz-se a substâncias inofensivas, deixando de causar a contaminação do ambiente. Nos sepultamentos por tumulação, em condições corretas e bem construídas o necrochorume seca e reduz-se a pó, finalizando o seu processo contaminante. Entretanto, a capacidade de depuração do solo que oferece características argilosas, quando aliado a profundidades consideráveis do lençol freático, é capaz de decompor — por ação microbiológica — o necrochorume em substâncias simples ou inofensivas.
2.3.4 Indicadores de contaminação da água por necrochorume
Os indicadores de contaminação mais utilizados são os coliformes do grupo termotolerantes e os estreptococos. Os coliformes fecais usados como indicadores na avaliação da qualidade da água apresentam curto período de vida, tanto no solo como nas 26 águas subterrâneas, enquanto os coliformes do tipo estreptococos fecais apresentam maior tempo de vida em águas subterrâneas, a temperaturas baixas (ALCÂNTARA et al, 2010).
2.4 – Impactos do Necrochorume ao Meio Ambiente e Saúde Pública
Os cemitérios são considerados fontes poluidoras por serem construídos sem qualquer preocupação de revestimento da camada inferior do solo para que o necrochorume liberado na decomposição dos corpos não atinja o solo e aqüífero subterrâneo. 
A contaminação por necrochorume pode ser pelo aumento da carga orgânica no meio ambiente, que desencadeia uma série de alterações prejudiciais à harmonia do ecossistema, ou pode ser ainda pela disseminação de microrganismos patogênicos como vírus e bactérias. 
Por ser mais denso que a água, o necrochorume quando atinge o aqüífero subterrâneo migra para sua parte inferioraté atingir a camada impermeável. A partir daí, parte dele pode seguir o fluxo da água ou pode escoar por gravidade sobre o substrato impermeável do aqüífero. Esta contaminação do aqüífero é mais problemática de ser remediada já que geralmente encontra-se a grandes profundidades. Além disto, para descontaminar o aqüífero é necessária a construção de barreiras hidráulicas para retirar a água contaminada, de forma que o tratamento da mesma ocorra ex situ, reduzindo a carga hidráulica do aqüífero. 
Quando o necrochorume atinge o aqüífero subterrâneo é carreado para locais mais distantes. Se o necrochorume ao chegar no aqüífero, ainda contiver contaminante, o manancial estará comprometido. Vírus e bactérias mais resistentes contaminam a água e a tornam imprópria para consumo humano. Para isto é imprescindível o conhecimento profundo dos mesmos (WHO, 1998)
A pesquisa de maior impacto sobre contaminação de águas subterrâneas por cemitério no Brasil é de PACHECO et al. (1991), que estudou três cemitérios dos municípios de São Paulo e de Santos e constatou a contaminação do lençol freático por microrganismos – coliformes totais, coliformesfecais, estreptococos fecais, clostrídios sulfito redutores e outros oriundos da decomposição dos corpos sepultados por inumação no solo.
De todas as contaminações provocadas pelos cemitérios, os maiores problemas estão relacionados ao vírus, devido sua grande capacidade de sobrevivência, mobilidade, adaptação ao meio adverso, mutação e permeação através até de meios semipermeáveis. Foram encontrados vetores de contaminantes de vírus em lençol freático há quilômetros de distância dos cemitérios. Os vetores ainda poderiam causar problemas à saúde da população desavisada que ingerisse a água contaminada (LOPES, [200-]).
2.5 – Legislação Vigente
A Legislação mais atual que discorre sobre os aspectos construtivos de cemitérios é recente no Brasil. Somente em 3 de abril de 2003 foi divulgada a Resolução nº 335 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) que dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios (BRASIL, 2003) [10]. 
Três anos mais tarde, em 28 de março de 2006, foi publicada a Resolução CONAMA nº 368 que altera a Resolução anterior e dispõe sobre pontos considerados equivocados ou ineficientes para o controle da contaminação. 
Em outros países como Inglaterra, França e Holanda as legislações sobre as distâncias de cemitérios e poços para abastecimentos de água potável existem desde a década de 50 do século passado. 
Mesmo com a existência das Resoluções CONAMA, não existe o controle do estado nas construções e as obrigações são passadas da federação para o estado, e deste para o município, que geralmente não possui corpo técnico capaz de acompanhar o processo (PACHECO, 2006)
A Resolução CONAMA 368/06 repete o mesmo valor da distância das sepulturas ao nível máximo do aqüífero, mas complementa que este nível máximo deve ser medido na época de cheia. A distância de 1,5 metros será aplicada para solos com coeficientes de permeabilidade entre 10-5 e 10-7 cm/s. Em solos mais permeáveis é necessário que a distância seja, no mínimo, de 10 metros.
Ainda segundo o CONAMA: “É proibida a instalação de cemitérios em Áreas de Preservação Permanente ou em outras que exijam desmatamento de Mata Atlântica primária ou secundária, em estágio médio ou avançado de regeneração, em terrenos predominantemente cársticos, que apresentam cavernas, sumidouros o rios subterrâneos, bem como naquelas que tenham seu uso restrito pela legislação vigente, ressalvadas as exceções legais previstas” (BRASIL, 2006, p. 2)
Todas as obrigações e recomendações da Resolução CONAMA 335/0 deveriam ser aplicadas até setembro de 2003 e as da Resolução CONAMA 368/06 até março de 2008. Estas servem para o licenciamento de novos cemitérios mas obriga os já existentes a se adequarem nas Resoluções. 
Contudo, poucos cemitérios atenderam à solicitação do CONAMA. O não cumprimento da Resolução CONAMA 368/06 implica em sanções penais e administrativas. (PACHECO, 2006)
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O Cemitério Municipal Jardim da Saudade localizado em Barcarena – PA, foi fundado aproximadamente em 1960. Ele fica situado na Av. Jeronimo Pimentel, Bairro Betânia. 
De acordo com dados adquiridos no cemitério, o número de corpos enterrados no mesmo é de aproximadamente 2.0000 mil corpos (no limite), porém não são só moradores de Barcarena que são enterrados no cemitério, mas também oriundos de outras cidades. 
Na concepção de GIL (2006), o método significa o caminho para se chegar a um determinado fim. O método empregado na construção e realização deste trabalho foi revisão bibliográfica baseados na avaliação de impacto ambiental que o necrochorume: substância produzida por corpos em decomposição causam no cemitério e em seu entorno, visitas a moradores e questionário, Busca de Informações diretamente na Secretaria de Meio Ambiente do Municipio_(SEMADE) e Vigilância Sanitária.
 
3.1 Área de Estudo
O cemitério (Figura 1,2) Jardim da Saudade no município de Barcarena – PA, fica localizado na Avenida Jerônimo Pimentel no bairro da Betânia e foi instalado no município aproximadamente no ano de 1911.
Encontra-se aos arredores do mesmo um bairro com inúmeros moradores, a em sua maioria tendo em sua residência poços artesianos, que são 90% da fonte de água potável dos mesmos, tendo serviços também de agua encanada, porem de má qualidade.
Figura 01: Localização Georreferenciada Cemitério municipal Jardim da Saudade;
Fonte: Google Maps;2022.
Figura 02: Registro Fotográfico da área interna do Cemitério municipal Jardim da Saudade; 
Fonte: Acervo Pessoal; 2022.
Figura 03: Registro Fotográfico da área interna do Cemitério municipal Jardim da Saudade;
Fonte: Acervo Pessoal; 2022.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em pesquisas de Campo com a Secretaria de Meio Ambiente, Vigilância Sanitária e também moradores Antigos redores do Cemitério Jardim da Saudade bairro Betânia em Barcarena Sede, foi identificado a precariedade de medidas de intervenção tanto para saúde e bem-estar dos moradores próximos a área.
	Sabendo que na época de instauração do cemitério em questão, pouco se sabia sobre licenciamento ambiental, sabendo que existia a lei, mas não existiam recursos para pôr em prática tais medidas de prevenção, foi construído o cemitério, que para época, e para área em que foi implantado aos olhos do poder público não poderiam acarretar impactos maiores. Com tudo o número de moradores do pequeno município se multiplicou de cerca de 30 anos, trazendo a urbanização para cada vez mais perto do cemitério. 
Visando que ele teria sido construído fora dos padrões ou até mesmo de forma irregular, pouco se sabia sobre os perigos de se morar próximo, tendo em vista que até a pouco tempo atras água encanada era coisa de outro mundo, tendo como principal fonte de água potável para a comunidade que se instalou nas redondezas do cemitério, as famosas cacimbas ou poços artesianos. Mas pouca ou nenhuma informação foi passada para a comunidade até a data desta pesquisa de campo desconhecia sobre tal contaminação de sua água.
Em entrevista com o engenheiro florestal do município de Barcarena Eduardo Santos, tomamos conhecimento de que não existe nenhum plano de ação, análises ou até mesmo coleta de dados de moradores próximos para certificar que a água consumida por eles é adequada para o consumo, tendo em vista o histórico de construção do cemitério, é quase absoluta a contaminação do lençol freático, tornado aquela água impropria para o consumo. Concluímos através desta pesquisa que a falta de informação e de medidas de prevenção traz grandes impactos não só ambientais, mas principalmente a saúde pública.
Quando o necrochorume atinge o aqüífero subterrâneo é carreado para locais mais distantes. Se o necrochorume ao chegar no aqüífero,ainda contiver contaminante, o manancial estará comprometido. Vírus e bactérias mais resistentes contaminam a água e a tornam imprópria para consumo humano. Para isto é imprescindívelo conhecimento profundo dos mesmos (WHO, 1998) [1].
5. CONCLUSÃO
 Tendo em vista o exposto neste trabalho em questão, podemos observar que é considerável o número elevado de cemitérios que se encontram em condições precárias de manutenções e sendo fator de preocupação da população, tendo em vista da vulnerabilidade e risco que estão exposto, além do mais o surgimento de impacto que podem afetar tanto a saúde pública e ao meio ambiente, sendo assim necessitando da atenção das autoridades competentes.
Entretanto, averiguamos que a maioria das construções de cemitérios públicos antigos não foram realizados os devidos estudos pertinentes, tais como; geológicos, hidrogeológico e de saneamento conforme previsto nas legislação, constituindo assim os mesmo risco de contaminação do solo e das águas subterrâneas através dos necrochorume e além do mais os cemitério são considerado uma fonte de poluição em virtude das construções serem realizadas sem os devidos cuidados ou sem qualquer preocupação com a proteção do subsolo para evitar a contaminação por necrochorume.
Neste sentido, observamos e concluímos que as legislações pertinentes e vigentes ao tema abordado neste trabalho referente ao aspecto construtivos e bem como de licenciamento ambiental de cemitérios é recente no Brasil, no entanto, mesmo com a existência de resoluções do CONAMA, observar-se que não existe um controle do estado mais eficiente para a escolha das localizações e construções dos cemitérios ambientalmente adequado seguindo rigorosamente às legislações pertinentes, com isso a população continua em situação vulnerável e exposta processo de contaminação provocadas pelos os cemitérios.
.
REFERÊNCIAS
AGRA, L. M. C.; ALBUQUERQUE, L. H. M.; Tanatologia: uma reflexão sobre a morte e o morrer. Maceió, ano 1, n. 2, 2008. Disponível em: <http://www.pesquisapsicologica.pro.br>. Acesso em: 25 jun. 2022.
ALCÂNTARA L. A, SANTOS S. A, KEMERICH . C. D. P.; SILVA F. R. Contaminação de recursos naturais por necrópoles. Revista Disciplinarum Scientia, Santa Maria, v. 11, n. 1, p. 17-28, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumNT/article/view/1263/1195. Acesso em: 26 jun. 2022.
ALMEIDA, A. M; MACEDO, J. A. B. Parâmetros físico-químicos de caracterização da contaminação do lençol freático por necrochorume. Seminário de Gestão ambiental – um convite a interdisciplinaridade/Instituto Vianna Junior – 31/05 a 04/06/2005 – Juiz de Fora/MG.
ARAÚJO, E. A.; KER, C. J.; NEVES C. L.; LANI J. L. Qualidade do solo: conceitos, indicadores e avaliação. Revista Brasileira de Tecnologia Aplicada nas Ciências Agrárias, Guarapuava, Paraná, v. 5, n. 1, p. 187-206, jan./ abr. 2012. Disponível em: file:///C:/Users/26206/Downloads/1658-8972-1-PB.pdf. Acesso em: 26 jun. 2022.
BRASIL. Associação Brasileira de águas subterrâneas [ABAS]. Águas Subterrâneas: O que são? São Paulo, SP, 24 set. 2019. Disponível em: https://www.abas.org/aguas-subterraneas-oque-sao/. Acesso em: 25 jun. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente [CONAMA]. Licenciamento Ambiental. Resolução CONAMA nº 335, de 3 de abril de 2003. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/cao_urbanismo_e_meio_ambiente/legislacao/leg_f ederal/leg_fed_resolucoes/leg_fed_res_conama/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CONAMA-335- 03-cemit%C3%A9rios.pdf. Acesso em: 28 jun. 2022.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos e Urbanos. Águas Subterrâneas um recurso a ser conhecido e protegido. Brasília, 2007. Disponível em:http://www.mma.gov.br/estruturas/167/_publicacao/167_publicacao28012009044356.pdf. Acesso em: 28 jun. 2022.
BRASIL; Resolução CONAMA nº 335 de 3 de abril de 2003. Dispõe sobre o licenciamento de cemitérios. Brasília, 2003.
BRASIL; Resolução CONAMA nº 368 de 28 de março de 2006. Dispõe sobre o licenciamento de cemitérios. Brasília, 2006.
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1 Eliane Celeiro, Italo Matheus, Jeús Silva, Thiago Façanha, Marcos Galucio
2 Tânia Silva
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Engenharia Ambiental e sanit, Turma Flex) – Projeto de Contaminação Ambiental - 14/07/22

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